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METODOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA, REALISMO CRÍTICO E TEORIA PÓS ...

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suas sugestões a respeito da importância do realismo dos “pressupostos” em teorias<br />

científicas.<br />

Para expor seu pensamento, o autor inicialmente parte da distinção entre ciência<br />

positiva e ciência normativa, sendo a primeira definida como “um corpo de conhecimentos<br />

sistematizados sobre o que é”, enquanto a segunda refere-se a “um corpo de conhecimentos<br />

sistematizados discutindo critérios sobre o que deveria ser”. A economia estaria sujeita a uma<br />

constante “confusão” entre esses dois caracteres, o que expõe a necessidade de<br />

reconhecimento de uma ciência positiva distinta da economia política. Diante dessa confusão,<br />

a análise empreendida por Friedman (1953) preocupa-se principalmente com alguns<br />

problemas metodológicos que surgem na construção da "ciência positiva distinta" ou, mais<br />

precisamente, em reconhecer a possibilidade da economia enquanto ciência positiva autônoma<br />

e discutir as questões metodológicas envolvendo tanto a sua construção, como a avaliação de<br />

teorias e hipóteses científicas em termos de sua “objetividade”.<br />

Nesse contexto, para cumprir com suas pretensões, o autor enfatiza os objetivos da<br />

economia positiva destacando que, em principio, esta é independente de qualquer posição<br />

ética ou de julgamentos normativos. Para o autor, a missão da economia positiva é fornecer<br />

um sistema de generalizações que podem ser usados para fazer previsões corretas sobre as<br />

consequências de qualquer alteração das circunstâncias. Nesse caso, seu desempenho deve ser<br />

julgado pela precisão, alcance e pela conformidade com a experiência das previsões que ele<br />

produz. Sendo assim, “positive economics is, or can be, an "objective" science, in precisely<br />

the same sense as any of the physical sciences” (FRIEDMAN, 1953, p. 04).<br />

Aqui ressalta-se a ideia implícita de que o objetivo único e último da teoria consiste na<br />

sua capacidade preditiva e a de que o próprio julgamento de uma teoria, como pertencente à<br />

“ciência positiva”, deve ocorrer pela precisão e pelo alcance de suas previsões. É justamente<br />

este critério que permite a Friedman sugerir que o método das ciências econômicas deve ser o<br />

mesmo daquele utilizado pelas ciências naturais. Ainda nesse contexto, o autor chama atenção<br />

para o fato de que a Economia normativa não pode ser independente da economia positiva.<br />

Assim, qualquer conclusão política necessariamente repousa em uma previsão sobre as<br />

consequências de se fazer uma coisa melhor do que outra, uma previsão que deve basear-se –<br />

implícita ou explicitamente - na economia positiva. Nesse caso, discordâncias seriam<br />

perfeitamente aceitáveis e cabíveis no âmbito da adoção de políticas econômicas, ou seja, na<br />

esfera da economia “normativa”; mas não seriam no caso da economia positiva, já que<br />

poderiam e deveriam ser “resolvidas” por sua objetividade. Assim, no desenvolvimento da<br />

teoria econômica, o consenso sobre a "política" econômica correta depende muito menos do<br />

progresso da economia normativa que do progresso da economia positiva, a qual gera<br />

conclusões que são e merecem ser amplamente aceitas.<br />

O objetivo último da economia positiva é, então, “the development of a "theory" or,<br />

"hypothesis" that yields valid and meaningful (i.e., not truistic) predictions about phenomena<br />

not yet observed” (FRIEDMAN, 1953, p. 07). Não obstante, a teoria é em geral uma mescla<br />

complexa de dois elementos: uma “linguagem”, designada a promover um método sistemático<br />

e organizado de raciocínio, e um corpo de “hipóteses substantivas” designada a abstrair<br />

características essenciais da realidade complexa. Visto como linguagem, uma teoria não tem<br />

nenhum conteúdo substantivo, na medida em que é apenas um conjunto de tautologias<br />

utilizadas para organizar o material empírico e simplificar sua compreensão. Nesse caso, seu<br />

julgamento depende parcialmente da lógica e parcialmente da evidência empírica: a lógica<br />

garante certa coerência e completude; e os fatos, a contrapartida empírica. Vista como um<br />

corpo de “hipóteses substantivas”, a teoria deve ser julgada a partir de seu poder preditivo em<br />

relação à classe de fenômenos que pretende explicar. Sendo assim, seu julgamento depende da<br />

evidência empírica coletada apenas a partir da comparação de previsões com a realidade e a<br />

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