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Departamento de História

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<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong><br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong>


Reitor<br />

José Geraldo <strong>de</strong> Sousa Junior<br />

Vice-Reitor<br />

João Batista <strong>de</strong> Souza<br />

Decana <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

Denise Bomtempo Birche <strong>de</strong> Carvalho<br />

Diretor do Instituto <strong>de</strong> Ciências Humanas<br />

Estevão Chaves <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> Martins<br />

Chefe do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong><br />

José Otávio Nogueira Guimarães<br />

Vice-chefe<br />

Daniel Barbosa Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Faria<br />

Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Pós-Graduação/PPGHIS<br />

Albene Míriam Ferreira Menezes<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural<br />

Brasília 50 anos: Ler e Ver – Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Cléria Botelho da Costa


COMISSÃO ORGANIZADORA<br />

COORDENAÇÃO GERAL – ANPUH<br />

Rosangela Patriota Ramos (UFU)<br />

GT <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural/ANPUH Nacional<br />

COMISSÃO CIENTÍFICA<br />

Alci<strong>de</strong>s Freire Ramos (UFU)<br />

Antônio Herculano Lopes (FCRB)<br />

Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP)<br />

Mônica Pimenta Velloso (FCRB)<br />

Nádia Maria Weber dos Santos (GTHC/RS)<br />

Rosangela Patriota Ramos (UFU)<br />

COMISSÃO EXECUTIVA<br />

Alci<strong>de</strong>s Freire Ramos (UFU)<br />

An<strong>de</strong>rson Oliva (UnB)<br />

Antônio Herculano Lopes (FCRB)<br />

Cléria Botelho Costa (UnB)<br />

Daniel Faria (UnB)<br />

Diva do Couto Muniz (UnB)<br />

Jaime <strong>de</strong> Almeida (UnB)<br />

Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP)<br />

Merce<strong>de</strong>s Kothe (UPIS)<br />

Mônica Pimenta Velloso (FCRB)<br />

Nádia Maria Weber dos Santos (GTHC/RS)<br />

Rosangela Patriota Ramos (UFU)<br />

COMISSÃO EXECUTIVA LOCAL<br />

Cléria Botelho da Costa (UnB)<br />

Eloísa Pereira Barroso (SEEDF/UnB)<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL<br />

Aldanei Menegaz <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (UnB)<br />

Alexandre <strong>de</strong> Carvalho (UnB)<br />

An<strong>de</strong>rson Oliva (UnB)<br />

Cléria Botelho da Costa (UnB)<br />

Clerismar Aparecido Longo (UnB)<br />

Daniel Faria (UnB)<br />

Diva do Couto Muniz (UnB)<br />

Eloísa Pereira Barroso (SEEDF/UnB)<br />

Edriane Madureira Daher (UnB)<br />

Hélio Men<strong>de</strong>s da Silva (UnB)<br />

Ivany Camara Neiva (CET/UnB)<br />

Jaime <strong>de</strong> Almeida (UnB)<br />

Maria Eva <strong>de</strong> Oliveira Holanda (UnB)<br />

Maria Helena Oliveira Freire De Me<strong>de</strong>iros<br />

(UnB)<br />

Maria Helenice Barroso (UnB)<br />

Maria Veralice Barroso (UnB)<br />

Mariangeles Guerin (UnB)<br />

Robson Nunes da Silva (UnB)<br />

Sainy Coelho Borges Veloso (FA/UFG)<br />

Tiago Luis Gil (UnB)<br />

PROMOTORES<br />

GT Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural - ANPUH/<br />

nacional<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UNB<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia - UFU<br />

AGÊNCIAS DE FOMENTO<br />

CAPES/CNPq<br />

COLABORADORES<br />

ANPUH/DF<br />

FAP/DF<br />

EAPE/DF<br />

Media Lab – UFG<br />

Comissão Brasília 50 anos (UnB)


APRESENTAÇÃO<br />

O V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler<br />

e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais integra as comemorações do<br />

cinquentenário <strong>de</strong> Brasília, cida<strong>de</strong> que serviu <strong>de</strong> berço à UnB. Nesta quinta<br />

edição o referido simpósio busca divulgar pesquisas e suscitar <strong>de</strong>bates tanto<br />

em torno <strong>de</strong> temas já consagrados no âmbito da <strong>História</strong> Cultural, quanto <strong>de</strong><br />

perspectivas teóricas e metodológicas que visam a ampliar os campos <strong>de</strong> interlocução<br />

do historiador da cultura.<br />

A proposta do V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural é particularmente, pensar<br />

como as subjetivida<strong>de</strong>s afetaram e foram historicamente afetadas pelas mudanças<br />

ocorridas nos comportamentos e nas visões <strong>de</strong> mundo, nas formas <strong>de</strong> conhecimento<br />

do real e na concepção <strong>de</strong> valores e verda<strong>de</strong>s, nas experiências estéticas e nas<br />

expressões artísticas, nas crenças e mitos, na moral e na norma, nas formas <strong>de</strong> agregação<br />

dos indivíduos e dos grupos, no sentido do público e do privado. Que razões<br />

e sentimentos estão contidos nessas transformações que ocorrem na história?<br />

Por<br />

Dra. Rosangela Patriota Ramos - (UFU)<br />

Dra. Cléria Botelho da Costa – (UnB)


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 1<br />

Paisagens e Viajantes - óticas e linguagens várias na<br />

leitura múltipla <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s e lugares<br />

A paisagem cartográfica <strong>de</strong> uma fronteira:<br />

breve exercício <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> um mapa colonial<br />

Benone da Silva Lopes Moraes (UFMT)<br />

benonelopes@gmail.com<br />

A “Carta Geográfica dos Extensos Territórios e Principais Rios do Governo da Capitania Geral<br />

do Mato Grosso (...)” foi um documento confeccionado em 1781 pelo então governador da<br />

capitania <strong>de</strong> Mato Grosso, Luís <strong>de</strong> Albuquerque <strong>de</strong> M. Pereira e Cáceres a partir <strong>de</strong> viagens<br />

fluviais que empreen<strong>de</strong>u para reconhecer a região. Nesta peça cartográfica, se representou<br />

a área que se transformava na fronteira, que <strong>de</strong>marcava os domínios ibéricos na América<br />

do Sul; e, <strong>de</strong> fato, há no seu <strong>de</strong>senho uma linha divisória que separa os dois territórios. Este<br />

mapa, elaborado após a assinatura do Tratado <strong>de</strong> Santo Il<strong>de</strong>fonso (1777), traz uma cartela<br />

explicativa na qual se explicita que o mesmo faz parte da “I<strong>de</strong>ia Geral”, ou seja, que se trata<br />

<strong>de</strong> um documento pertencente ao conjunto <strong>de</strong> cartas e textos que Pereira e Cáceres fez construir,<br />

visando alterar os termos daquele tratado <strong>de</strong> limites. O governador pretendia manter<br />

o domínio português sobre os territórios espanhóis que os lusos haviam ocupado no interior<br />

da América Meridional. Nesta comunicação tem-se como proposta fazer uma leitura<br />

analítica <strong>de</strong>sta carta geográfica olhando-a como uma paisagem <strong>de</strong> fronteira; o objetivo é o <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>ntrar na sua simbologia e interpretá-la a partir do contexto no qual foi criado.<br />

Palavras-chave: Cartografia, Fronteira Oeste, capitania <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

Carta aos Kraiuá: Koch-Grünberg e as leituras<br />

do legado humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o território Pemon<br />

Bruno Martins Morais - (UFMT)<br />

brmmorais@gmail.com<br />

Quem é o viajante? Quem é o observado? Este artigo é uma reflexão a respeito do legado humano<br />

e sua consolidação numa história <strong>de</strong> tempos <strong>de</strong>siguais: os índios macuxi do circunroraima reconhecem<br />

em Makunaimî o primeiro a cruzar <strong>de</strong> ponta a ponta o território Pemon, organizando e<br />

transformando o mundo como legado às gerações seguintes; Theodor Koch-Grünberg, por sua<br />

vez, corta a Guiana Oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> 1911 a 1913 e relata seus feitos nos três volumes do monumental<br />

“Vom Roraima zum Orinoco” como primeiro kraiuá (i. e., “aquele que vem <strong>de</strong> fora”) a oferecer sua<br />

leitura dos feitos <strong>de</strong>ste herói mitológico, e consolidá-las também às gerações futuras. Na forma<br />

escrita, Makunaimî pô<strong>de</strong> ganhar ares alheio aos seus, e ser alvo <strong>de</strong> um novo conjunto <strong>de</strong> transformações:<br />

lhe trocam o nome, Macunaíma, lhe trocam a cor, enfim, lhe dão uma significância que<br />

já é uma terceira coisa, e que po<strong>de</strong> vir a ser uma quarta, leitura das <strong>de</strong>mais.<br />

A partir <strong>de</strong>sse mito heróico, colhido em fonte histórica e em trabalho etnográfico <strong>de</strong> campo,<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

a investigação <strong>de</strong>ste artigo percorre o itinerário <strong>de</strong> transformações a que se sujeita este registro<br />

<strong>de</strong> Koch-Grünberg, legado <strong>de</strong> um viajante do circunroraima. Sob diferentes olhares no<br />

tempo, recebe ele agora uma leitura inédita a partir das comunida<strong>de</strong>s: com o advento do letramento<br />

e com o auxílio das recentes traduções, os povos do circunroraima po<strong>de</strong>m hoje opinar<br />

a respeito, e produzir sua própria versão <strong>de</strong>ssas obras. Se, conforme Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> São Paulo o Imperador do Mato Virgem escreve uma carta empolada às Icamiabas, veremos<br />

como <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o território macuxi seus súditos, no momento em que alcançam a escrita,<br />

produzem uma próxima leitura dos viajantes, misturando tradição e mudança, letramento e<br />

oralida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vorando as versões passadas e subvertendo o próprio conceito <strong>de</strong> hist ória.<br />

Impresiones <strong>de</strong> la Francia Antártica en el<br />

pensamiento francés <strong>de</strong> la mo<strong>de</strong>rnidad temprana<br />

Carolina Martínez<br />

Doutoranda pela Universidad <strong>de</strong> Buenos Aires, Argentina.<br />

cmartinez79@gmail.com<br />

Son dos los relatos <strong>de</strong> viaje que sobrevivieron a la frustrada fundación <strong>de</strong> la primera colonia<br />

francesa que hacia 1556 intentó establecerse en la Bahia <strong>de</strong> Guanabara bajo el nombre <strong>de</strong><br />

la Francia Antártica: Les singularitez <strong>de</strong> la France Antartique <strong>de</strong>l padre capuccino André<br />

Thevet, publicada en 1558, y L´Histoire d´un voyage fait en la terre du Brésil, obra <strong>de</strong>l pastor<br />

hugonote Jean De Léry publicada a su vez en 1576.<br />

En una enconada disputa por la representación <strong>de</strong> la realidad, ambos relatos darán cuenta <strong>de</strong><br />

sus experiencias en tierras lejanas como así <strong>de</strong> aquello que vieron y sobre todo, <strong>de</strong> aquellos<br />

con los que compartieron, aunque más no haya sido brevemente, un período <strong>de</strong> su existencia.<br />

Si es el testimonio involuntario encerrado en el texto el que realmente hecha luz acerca<br />

<strong>de</strong> la mentalidad <strong>de</strong> quien lo escribió (Bloch, 1949), <strong>de</strong>vienen estas fuentes <strong>de</strong> capital importancia<br />

para compren<strong>de</strong>r no solamente las primeras impresiones francesas acerca <strong>de</strong>l Nuevo<br />

Mundo y <strong>de</strong> los habitantes allí encontrados sino también los complejos <strong>de</strong>bates y entramados<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que en una Francia signada por las guerras <strong>de</strong> religión, se tejían a mediados <strong>de</strong>l<br />

siglo XVI. Son estos algunos <strong>de</strong> los aspectos que el presente trabajo se propone analizar.<br />

Palabras clave: expansión ultramarina – Francia – Siglo XVI<br />

Paisagens do Brasil <strong>de</strong>sconhecido: às margens do<br />

Araguaia no fim do século XIX através dos testemunhos<br />

missionários<br />

Claire Pic<br />

Doutorante pela Université Toulouse 2 (França) em co-tutela com o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Historia<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Recife<br />

picclaire2000@yahoo.fr<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Nesta comunicação examinaremos a dimensão histórica da paisagem através da análise do<br />

olhar dos missionários dominicanos sobre as paisagens do Brasil Central no final do século<br />

XIX. Em 1881, os Dominicanos <strong>de</strong> Toulouse se engajam numa missão no Brasil e se estabelecem<br />

na Diocese <strong>de</strong> Goiás. Ao estudar as cartas, relatórios e livros <strong>de</strong>les, se encontra numerosas<br />

<strong>de</strong>scrições e fotografias da região e das suas paisagens. Estas <strong>de</strong>scrições nos falam<br />

da geografia e dos povos do Goiás e nos permite estudar o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>sses missionários<br />

franceses e <strong>de</strong> situar seus testemunhos nas correntes <strong>de</strong> pensamento da Europa do século<br />

XIX. De fato existe na <strong>de</strong>scrição duma paisagem uma projeção intelectual, uma interpretação<br />

que permite <strong>de</strong>stacar os pensamentos e preconceitos do autor. Procuraremos aqui, mostrar<br />

como as <strong>de</strong>scrições dos missionários reforçam a imagem <strong>de</strong> uma região “selvagem”, on<strong>de</strong> a<br />

“civilização” ainda não chegou e participam da justificação da obra civilizadora <strong>de</strong>les.<br />

Palavras-chaves: Paisagem - Missão religiosa - Olhar europeu<br />

Fernando Pessoa, viajante<br />

Daniel Faria<br />

krmazov@hotmail.com<br />

Segundo Hans Ulrich Gumbrecht, uma das marcas da experiência da viagem no século XX,<br />

foi a restrição, ao mínimo possível, do tempo e da sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento durante o trajeto.<br />

Se os relatos <strong>de</strong> viagem tradicionais tematizam o ato <strong>de</strong> viajar em si, o trânsito, os meios<br />

<strong>de</strong> transporte e comunicação contemporâneos ten<strong>de</strong>m a reduzir o trânsito a um ponto quase<br />

vazio entre a partida e a chegada. Assim, por exemplo, espera-se que um bom avião transmita,<br />

aos passageiros, a sensação <strong>de</strong> que eles estão parados. Além disso, os aeroportos são extremamente<br />

parecidos entre si. Tudo isso conflui para a lógica do turismo (termo inventado<br />

no século XIX, indicando um tipo <strong>de</strong> viagem leve e superficial). Neste contexto, Pessoa e seus<br />

heterônimos propuseram outra experiência <strong>de</strong> viagem: viajar como “sentir <strong>de</strong> tudo <strong>de</strong> todas<br />

as maneiras”, sem sair do lugar. Estaríamos então diante <strong>de</strong> um novo limiar para o conceito<br />

e a prática da viagem?<br />

Paisagens cartográficas <strong>de</strong> um<br />

con<strong>de</strong> revolucionário<br />

Daniela Marzola Fialho<br />

Professora Adjunta - UFRGS<br />

dfialho.voy@terra.com.br<br />

O trabalho analisa a trajetória e a obra cartográfica <strong>de</strong> um viajante especial – o con<strong>de</strong> italiano<br />

e revolucionário Lívio Zambeccari – durante o período em que viveu no Brasil. Nascido em<br />

Bologna em 1802, teve <strong>de</strong> fugir da Itália, em 1821, por sua participação nos ‘motins napolitanos’.<br />

Aportou na América do Sul por volta <strong>de</strong> 1826, chegando ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul em 1832.<br />

Envolveu-se na Revolução Farroupilha ao lado <strong>de</strong> Bento Gonçalves, tendo sido preso junto<br />

com ele em 1836. É libertado em 1839 e obrigado a sair do Brasil. De volta à Itália, participa<br />

da unificação italiana. O acervo <strong>de</strong> imagens realizadas por ele no Brasil, especialmente sua<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

planta da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, <strong>de</strong> 1833, é o foco <strong>de</strong>sse estudo. Feita às vésperas da Revolução<br />

Farroupilha (1835-1845), constitui-se numa leitura muito particular da paisagem da<br />

cida<strong>de</strong>, ao localizar, na planta, as casas dos amigos revolucionários. O legado <strong>de</strong> Zambeccari<br />

inclui, além <strong>de</strong>ssa planta, trabalhos gráficos e cartográficos sobre o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Através <strong>de</strong> uma ótica que expressa o seu engajamento político, apreen<strong>de</strong> e<br />

fixa o momento histórico daquela época em uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens gráficas.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> Cultural; Cartografia Urbana; Revolução Farroupilha.<br />

Guia bibliográfico Hercule Florence: projeto<br />

Dirceu Franco Ferreira<br />

Mestrando pela FFLCH-USP<br />

dirceu.ferreira@usp.br<br />

Nesta comunicação apresentarei o projeto para confecção <strong>de</strong> um guia biobibliográfico<strong>de</strong>dicado<br />

a Hercule Florence (1804-1879). Viajante <strong>de</strong> origem franco-monegasca, aportou no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro em 1824. Com <strong>de</strong>stino incerto, trabalhou nas empresas <strong>de</strong> P. Dillon e P. Plancher<br />

até seu ingresso, como “geógrafo”, na Expedição Langsdorff. Pintor etnográfico, produziu<br />

importante conjunto <strong>de</strong> retratos das tribos visitadas durante a Expedição Langsdorff. Desta<br />

produziu também o mais completo, porque continuo, diário <strong>de</strong> viagem. Radicado em Campinas,<br />

antiga São Carlos, on<strong>de</strong> se casou por duas vezes, Florence é personagem <strong>de</strong> trajetória<br />

plural e, por assim dizer, singular. Consi<strong>de</strong>rado um dos inventores do processo fotográfico,<br />

<strong>de</strong>dicou-se também a outros inventos, como a “poligrafia”, a “zoophonia”, “estereopintura”,<br />

“pulvografia”, “papel inimitável” e “noria hidrostática”. Além <strong>de</strong> inventor, Florence foi proprietário<br />

da tipografia que fez a impressão <strong>de</strong> “O Paulista”, consi<strong>de</strong>rado o primeiro jornal impresso<br />

no interior da Provincia <strong>de</strong> São Paulo. Nas muitas viagens que fez pela Provincia,produziu<br />

importante iconografia: retratou fazendas, festas, escravos, negociantes, paisagens e os céus.<br />

Registrou mais <strong>de</strong> 200 obras pictóricas, feito que inspirou Affons <strong>de</strong> Taunay a atribuir-lhe<br />

o título <strong>de</strong> “pai da iconografia paulista”. Classificar, <strong>de</strong>screver e comentar esta vasta e heterogênea<br />

produção é o propósito <strong>de</strong>ste projeto.<br />

Paisagem e Cotidiano no “Livro das Fortalezas”<br />

do viajante Duarte <strong>de</strong> Armas (Portugal, 1509)<br />

Edison Bisso Cruxen<br />

Doutorando em Arqueologia Coimbra, Portugal<br />

edisoncruxen@yahoo.com.br<br />

O “Livro das Fortalezas”, <strong>de</strong> Duarte <strong>de</strong> Armas, produzido em 1509, por or<strong>de</strong>m do rei <strong>de</strong> Portugal<br />

D. Manuel I, representa um valioso documento iconográfico. A obra contém minuciosos <strong>de</strong>senhos<br />

<strong>de</strong> cinqüenta e sete fortificações construídas ao longo da fronteira luso-castelhana. Durante<br />

o período <strong>de</strong> um ano, o autor percorreu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o extremo Sul ao extremo Norte do território português,<br />

<strong>de</strong>talhando não apenas as características da arquitetura militar fronteiriça, mas também<br />

todo seu entorno. As impressões <strong>de</strong>sse viajante sobre os lugares percorridos abrem um leque<br />

<strong>de</strong> percepções sobre as diferentes apropriações e usos dos ambientes on<strong>de</strong> as fortalezas estavam<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

inseridas. Dessa forma, foram registradas as utilizações dos rios, áreas <strong>de</strong> cultivo, vestuários dos<br />

habitantes, características da organização espacial dos povoados e a configuração geográfica das<br />

regiões. Essa obra se <strong>de</strong>staca como uma das mais importantes fontes iconográficas para estudo<br />

da paisagem e cotidiano do início do século XVI, em Portugal.<br />

Palavras-Chave: Livro das Fortalezas, Paisagem, Portugal no Séc. XVI.<br />

“À margem da história” e “Amazonas Amazonas”:<br />

as ruínas amazônicas na literatura <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da<br />

Cunha e no cinema <strong>de</strong> Glauber Rocha<br />

Glauber Brito Matos Lacerda (UESB)<br />

Mestrando em “Memória: Linguagem e Socieda<strong>de</strong>”pela Universida<strong>de</strong><br />

Estadual do Sudoeste da Bahia.<br />

glaubml@gmail.com<br />

Eucli<strong>de</strong>s da Cunha e Glauber Rocha tiveram a Amazônia como cenário <strong>de</strong> suas respectivas obras.<br />

O primeiro escreveu o livro À margem da história (1909), que seria a primeira parte <strong>de</strong> uma<br />

obra maior que ele não concluiu. Já o segundo realizou o documentário em curta-metragem<br />

Amazonas Amazonas. Ambas são marcadas pela <strong>de</strong>scontrução <strong>de</strong> uma Amazônia imaginária,<br />

criada pelo relato <strong>de</strong> antigos viajantes que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI, escreveram sobre a região, e pelo<br />

<strong>de</strong>staque dado às ruínas. Sendo Glauber Rocha um assumido admirador do sentido trágico da<br />

literatura euclidiana, a presente comunicação traça um paralelo na maneira como as ruínas<br />

amazônicas são mostradas no filme glauberiano e na obra <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha.<br />

Maximiliano <strong>de</strong> Wied-Neuwied e a<br />

paisagem étnico-social<br />

Igor <strong>de</strong> Lima e Silva<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

rogilima@hotmail.com<br />

Dentro do acervo iconográfico <strong>de</strong>dicado à temática indígena legado por viajantes oitocentistas<br />

que jorna<strong>de</strong>aram o Brasil; as aquarelas feitas pelo príncipe-naturalista Maximiliano <strong>de</strong><br />

Wied-Neuwied ainda carecem <strong>de</strong> maiores estudos. Tendo explorado cientificamente a costa<br />

oriental brasileira, entre os anos <strong>de</strong> 1815 e 1817, elaborou imagens que retrataram diferentes<br />

etnias: Puri, Pataxó, Botocudo e Maxakali registrando tanto as suas paisagens sociais como<br />

o universo natural no qual viviam. Ao circular entres estas socieda<strong>de</strong>s o viajante buscou<br />

<strong>de</strong>monstrá-las nos mais variados aspectos e ressaltar também os distintivos culturais <strong>de</strong><br />

cada uma <strong>de</strong>las. Entretanto, ao conferir as composições publicadas nas diferentes edições<br />

e idiomas do relato <strong>de</strong> sua viagem ao Brasil observa-se que houve sérias interferências que<br />

alteraram o conteúdo proposto pelo cientista. Neste estudo – tendo como suporte imagens<br />

realizadas in loco por Wied-Neuwied e os trabalhos dos artistas-gravadores que realizaram<br />

as pranchas publicadas na sua narrativa– analisa-se a paisagem étnico-social exposta na<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

aquarela, Puris em sua cabana. Fevereiro <strong>de</strong> 1816. Intenta-se revelar, a partir <strong>de</strong>ssa imagem,<br />

como se <strong>de</strong>u toda a reelaboração do quadro e como ela foi publicada na versão alemã (1820-<br />

1821) e na tradução italiana (1821-1823).<br />

Palavras-chave: Viajantes, Representações Indígenas, Paisagem.<br />

A viagem como narrativa da natureza:<br />

o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro<br />

e a invenção da paisagem nacional<br />

Janaina Zito Losada (UFU)<br />

Doutora em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<br />

janainalosada@pontal.ufu.br<br />

O século XIX no Brasil foi marcado pelo cientificismo romântico e pelo aca<strong>de</strong>micismo institucionalizado,<br />

tornando a história, a geografia e a etnografia o tema <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> instituições<br />

como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Interessam as muitas compreensões<br />

que os homens tiveram sobre a natureza e as instituições que as abrigaram. A leitura dos<br />

documentos <strong>de</strong> viagens como a memória <strong>de</strong> Martim Francisco Ribeiro <strong>de</strong> Andrada por São<br />

Paulo ou o itinerário da viagem à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Palma <strong>de</strong> Vicente Ferreira Gomes, <strong>de</strong>ixam ver a<br />

importância do mundo natural como obstáculo ou como fonte <strong>de</strong> riquezas, como paisagem<br />

e arrebatamento. Também analisaremos a viagem à Colônia Holan<strong>de</strong>sa do Suriname escrito<br />

por José Francisco Ribeiro Barata <strong>de</strong> 1799. Na mescla <strong>de</strong> viagens filosóficas e românticas e dos<br />

processos <strong>de</strong> reapropriação discursiva, as Revistas do IHGB marcaram a construção <strong>de</strong> um<br />

imaginário nacional que entrelaçou a natureza, a nação e a história.<br />

Palavras chaves: Viajantes oitocentistas; idéia <strong>de</strong> natureza; discursos do IHGB.<br />

Duas Áfricas: As Construções Histórico-Retóricas da<br />

África e dos Africanos na Crônica da Guiné (1453)<br />

Jerry Santos Guimarães (UESB).<br />

Mestrando do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em “Memória: Linguagem e Socieda<strong>de</strong>”, da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)<br />

jerryguima@gmail.comjerryguima@gmail.com<br />

Aquilo que tomamos hoje por África era composto, conforme Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara (1410?-<br />

1474?), segundo cronista-mor da Dinastia <strong>de</strong> Avis, em Portugal, em sua Crônica da Guiné,<br />

<strong>de</strong> 1453, por duas terras distintas. Enquanto no norte africano viviam os mouros, inimigos<br />

históricos dos portugueses, mais para o sul haveria outra terra, a Guiné, habitada exclusivamente<br />

por negros, nomeados <strong>de</strong> forma indistinta como um só povo – os “guinéus”. Busca-se<br />

investigar as especificida<strong>de</strong>s das diferentes representações feitas na Crônica da Guiné <strong>de</strong>ssas<br />

duas terras africanas (“terra dos Mouros” / “terra dos negros que são chamados Guinéus”), ao<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

que parece variáveis e hierarquizáveis segundo os povos que as habitavam. Objetiva-se ainda<br />

<strong>de</strong>monstrar como Zurara, no seu labor historiográfico, fez uso <strong>de</strong> preceptivas retóricas para<br />

<strong>de</strong>screver e caracterizar tanto as terras africanas quanto os seus habitantes, segundo convenções<br />

bebidas diretamente em obras retóricas <strong>de</strong> origem latina e, indiretamente, grega. Preten<strong>de</strong>-se,<br />

pois, evi<strong>de</strong>nciar tais convenções retóricas para enten<strong>de</strong>r como as mesmas foram<br />

utilizadas pela historiografia lusitana do Quatrocentos na construção <strong>de</strong> uma memória oficial<br />

sobre a África e os africanos segundo os interesses da Coroa Portuguesa.<br />

Palavras-Chave: África, Memória, Retórica.<br />

Bartolomé Bossi e as paisagens<br />

urbanas sul-americanas<br />

Kátia Eliana Lodi Hartmann (UFMT)<br />

katiaeliana@hotmail.com<br />

O genovês Bartolomé Bossi (1819-1890) mudou-se em 1837 para a América do Sul e aqui<br />

<strong>de</strong>senvolveu várias ativida<strong>de</strong>s, foi marinheiro, comerciante, escritor e empresário; dono da<br />

Companhia <strong>de</strong> Navegação Rioplatense, em socieda<strong>de</strong> com seu compatriota Camuirano, na<br />

década <strong>de</strong> 1840 passou a manter uma rota comercial entre Montevidéu e Buenos Aires transportando<br />

produtos portenhos. Em 1862, também se tornou viajante-explorador, tendo realizado<br />

seu primeiro trajeto no Brasil, percorrendo a então província <strong>de</strong> Mato Grosso. No ano<br />

seguinte publicou, em Paris, as aventuras <strong>de</strong>ste périplo. Posteriormente, Bossi empreen<strong>de</strong>u<br />

outras viagens, <strong>de</strong>sta feita ao Chile e à Terra do Fogo, andanças que também foram levadas<br />

ao público em três diferentes narrativas. Ao ler estes livros chama atenção a maneira com a<br />

qual o nosso personagem <strong>de</strong>screveu as paisagens urbanas que encontrou em seu caminho.<br />

Nesta comunicação temos como objetivo analisar as viagens empreendidas por Bartolomé<br />

Bossi na América Meridional, dando especial atenção ao modo como o mesmo <strong>de</strong>screveu as<br />

cida<strong>de</strong>s e seus habitantes.<br />

Palavras-chave: Bartolomé Bossi, narrativas, paisagens urbanas.<br />

Henri Coudreau e o futuro da Amazônia<br />

Kelerson Semerene Costa<br />

Professor Adjunto do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

ksemerene@gmail.com<br />

No artigo “L’Avenir <strong>de</strong> la Capitale du Pará”, escrito entre 1897-99, Henri Coudreau (1859-1899)<br />

afirma o papel que Belém (PA) po<strong>de</strong>ria representar na ligação da América do Sul com a Europa<br />

e a América do Norte, não apenas por ser o ponto <strong>de</strong> união <strong>de</strong> toda a malha hidrográfica<br />

amazônica; mas, sobretudo, por po<strong>de</strong>r vir a ser o ponto terminal <strong>de</strong> uma ferrovia que ligaria<br />

o Pacífico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Chile e o Peru, ao Atlântico, atravessando o planalto Brasileiro, e que seria<br />

o vetor da colonização das terras inexploradas entre o Pará e o Mato Grosso. À diferença dos<br />

inúmeros viajantes que o prece<strong>de</strong>ram, atentos às várzeas amazônicas e ao Gran<strong>de</strong> Rio que orientou<br />

a ocupação histórica da região, Coudreau <strong>de</strong>sloca o olhar para as terras altas do planalto<br />

e a <strong>de</strong>nsa floresta que o recobre, ricos territórios ainda por conquistar. Neste trabalho, são<br />

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discutidos os motivos e as implicações <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>slocamento que, entre outros fatores, está associado<br />

ao crescimento da economia da borracha (que impulsionava a ocupação <strong>de</strong> territórios<br />

para além dos limites aos quais, historicamente, a socieda<strong>de</strong> regional esteve confinada) e às<br />

possibilida<strong>de</strong>s abertas pelas inovações tecnológicas, em particular as ferrovias, vetores do<br />

progresso e da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, para a superação dos obstáculos da natureza.<br />

Palavras-chave: Henri Coudreau; Amazônia; Viajantes.<br />

O historiador viajante em “Como se <strong>de</strong>ve<br />

escrever a <strong>História</strong> do Brasil?” <strong>de</strong> von Martius<br />

Luís César Castrillon Men<strong>de</strong>s<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

lcesar69@yahoo.com.br<br />

O texto <strong>de</strong> Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868), publicado na Revista do Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 1844, torna-se emblemático para se perceber<br />

as intenções do Instituto num momento <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma <strong>História</strong> para a Monarquia<br />

brasileira. Objetiva-se, com a presente comunicação, trazer alguns resultados, ainda que iniciais,<br />

<strong>de</strong> uma pesquisa que utiliza como fonte a Revista do IHGB durante o Segundo Reinado<br />

(1840-1889). Preten<strong>de</strong>-se situar a monografia <strong>de</strong> Martius no contexto <strong>de</strong> sua produção e observar<br />

o modo como este viajante selecionou e tratou <strong>de</strong> temas que estavam em evidência à<br />

época. A análise do IHGB, por meio <strong>de</strong> seu periódico, po<strong>de</strong> contribuir para o entendimento<br />

<strong>de</strong> um dos momentos cruciais <strong>de</strong> nossa história; aquele em que se tentou forjar uma idéia <strong>de</strong><br />

nação “civilizada” nos trópicos.<br />

Palavras-chave: Von Martius – IHGB – <strong>História</strong> do Brasil<br />

Los ecos visuales <strong>de</strong> la incipiente colonización<br />

<strong>de</strong> Virginia: John White y Theodoro<br />

De Bry (1585-1590)<br />

Malena López Palmero<br />

Universidad <strong>de</strong> Buenos Aires, Argentina.<br />

Doctorado sobre la temprana colonización <strong>de</strong> Virginia.<br />

malelp@yahoo.com.ar<br />

El siguiente trabajo se propone analizar el impacto <strong>de</strong> la primera experiencia colonial inglesa<br />

en Virginia, en el precario asentamiento <strong>de</strong> Roanoke, entre 1585 y 1586, privilegiando<br />

el análisis <strong>de</strong> fuentes iconográficas. Estas consisten en las acuarelas elaboradas por uno<br />

<strong>de</strong> los viajeros <strong>de</strong> la expedición, John White y en los grabados que, siguiendo los mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> White, confeccionó Theodoro De Bry pocos años más tar<strong>de</strong>. White ofreció las primeras<br />

imágenes <strong>de</strong>l indígena norteamericano que, con algunas interesantes distorsiones, fueron<br />

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ampliamente difundidas por De Bry, a partir <strong>de</strong> su publicación en los libros <strong>de</strong> viajeros <strong>de</strong><br />

Richard Hakluyt.<br />

El trabajo se sostiene sobre dos pilares <strong>de</strong> análisis: por un lado, el problema <strong>de</strong> la percepción<br />

visual y la representación, cuestiones que intentan explicar <strong>de</strong> qué manera White y De Bry<br />

representaron a los nativos <strong>de</strong> Virginia. Por otra parte, se ofrece un análisis propiamente<br />

histórico, que se nutre <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> viajeros y <strong>de</strong> otras producciones <strong>de</strong> los artistas, para dar<br />

cuenta <strong>de</strong> la compleja trama <strong>de</strong> significados que encerraban las imágenes <strong>de</strong> White y <strong>de</strong> De<br />

Bry: las disputas monárquicas, la necesidad <strong>de</strong> propaganda y la creciente importancia <strong>de</strong>l<br />

mercado editorial, entre otros.<br />

Palabras clave: Virginia - De Bry - Siglo XVI<br />

Carl F. P. von Martius e a Paisagem Jurídica<br />

do Século XIX: “O Estado <strong>de</strong> Direito entre os<br />

Autóctones do Brasil” (1867)<br />

Marcele Garcia Guerra<br />

Mestre em Direito - USP<br />

marcele@globo.com<br />

Figura central no rol dos “olhares estrangeiros do séc. XIX” – cunhou a célebre metáfora do<br />

Brasil como um rio caudaloso on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ságuam dois afluentes que misturados faziam o país<br />

branco, negro e indígena –, o viajante botânico Von Martius representa o processo <strong>de</strong> como<br />

o Brasil foi <strong>de</strong>finido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o imaginário europeu. Inserida em um contexto das primeiras investidas<br />

e preocupações do governo central imperial em consolidar a “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional”<br />

e da consolidação do i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> Estado Mo<strong>de</strong>rno e <strong>de</strong> Direito, a obra O Estado <strong>de</strong> Direito<br />

entre os Autóctones do Brasil vem contribuir para a análise da imagem do indígena impressa<br />

na legislação do séc. XIX. Isso porque o projeto da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional pressupõe homogeneização<br />

cultural e eliminação da diversida<strong>de</strong> sujeitando, <strong>de</strong>sta forma, as populações indígenas<br />

a políticas <strong>de</strong> invisibilização segundo a idéia <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> indígena e necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> “civilização”.O artigo propõe – a partir da análise da obra - atentar à gênese <strong>de</strong> elementos<br />

que irão, no séc. XIX, se cristalizar na mentalida<strong>de</strong> jurídica e no tratamento do indígena pela<br />

legislação. Reserva-se a pretensão <strong>de</strong> contribuir para – através da relativização histórica –<br />

alterar o legado <strong>de</strong> discursos preconceituosos, evolucionistas e <strong>de</strong> exclusão com relação aos<br />

povos indígenas.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> do Direito e do Indigenismo, Séc. XIX e Estado Mo<strong>de</strong>rno,<br />

Direito dos Povos Indígenas.<br />

Comida Como Cultura: Práticas De Alimentação<br />

e Educação Na Socieda<strong>de</strong> Tupinambá<br />

Maria Betânia B. Albuquerque (UEPA)<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

mbetaniaalbuquerque@uol.com.br<br />

O texto investiga o consumo indígena <strong>de</strong> bebidas fermentadas entre os Tupinambá do Brasil<br />

colonial. Analisa <strong>de</strong> que modo as beberagens configuravam-se como instâncias <strong>de</strong> socialização<br />

fundamentais na estruturação do cotidiano; situa as beberagens no contexto <strong>de</strong> uma<br />

história cultural das práticas alimentares; i<strong>de</strong>ntificar as diversas ocasiões em que elas ocorriam<br />

e <strong>de</strong>screver a sua cultura material. Pesquisa histórica baseada em crônicas <strong>de</strong> viagens<br />

e cartas <strong>de</strong> missionários, além <strong>de</strong> estudos arqueológicos sobre as culturas indígenas do passado.<br />

Apóia-se nas análises sobre educação como uma prática sociocultural cotidiana e nas<br />

contribuições do campo da história cultural. Como lugares <strong>de</strong> encontros e relações sociais, as<br />

beberagens funcionavam como mediadores culturais da transmissão dos saberes da coletivida<strong>de</strong><br />

indígena, configurando-as como uma prática educativa que possibilitava a sobrevivência<br />

do universo <strong>de</strong> significados produzidos pelos grupos.<br />

Palavras-chave: história cultural; alimentação; educação<br />

A paisagem do Brasil nas “Vistas e<br />

Cenas” <strong>de</strong> Francis Castelnau<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima Costa (UFMT)<br />

costa.mf@terra.com.br<br />

Entre 1843 e 1847 o naturalista Francis <strong>de</strong> Castelnau visitou a América Meridional chefiando<br />

uma caravana científica. Projetada e financiada pelo governo francês, esta expedição - que<br />

contou com um engenheiro <strong>de</strong> minas, um médico e botânico, e um preparador <strong>de</strong> historia<br />

natural – percorreu o interior do Brasil, da Bolívia e do Peru. Pretendia estudar os gran<strong>de</strong>s<br />

rios, conhecer os produtos da Amazônia e as facilida<strong>de</strong>s para sua circulação comercial, e ainda<br />

esten<strong>de</strong>r a influência francesa sobre as jovens nações sul-americanas. Os resultados <strong>de</strong>sta<br />

viagem foram publicados em Paris entre 1850-1859, na monumental Expedição as partes<br />

centrais da América do Sul, que totalizou quinze volumes, entre textos, imagens e cartografia.<br />

Nesta apresentação tem-se como foco a segunda parte <strong>de</strong>sta obra, o livro intitulado “Vistas<br />

e Cenas”, publicado em 1852. Trata-se <strong>de</strong> um pequeno Atlas, no qual figuram paisagens<br />

naturais e sociais, que oferecem uma síntese visual dos lugares visitados. Interessam-nos,<br />

particularmente, perceber e discutir as representações do Brasil que a expedição Castelnau<br />

criou e divulgou através <strong>de</strong>sta obra.<br />

Palavras chave: Expedição Castelnau; América Meridional; Iconografia.<br />

Entre Sertões e Igarapés: Duplo Sentido<br />

da Viagem em Taunay e Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Olga Maria Castrillon-Men<strong>de</strong>s<br />

Doutorado em Teoria e <strong>História</strong> Literária (UNICAMP)<br />

olgmar007@hotmail.com<br />

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O tema da viagem oferece à literatura uma <strong>de</strong> suas mais fecundas matérias-primas. No caso<br />

da literatura brasileira é recorrente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros cronistas responsáveis pela construção<br />

<strong>de</strong> imagens carregadas <strong>de</strong> olhares “<strong>de</strong> fora” que, nos séculos XIX e XX, reaparecem sob distintas<br />

formas <strong>de</strong> construção narrativa, confirmando-as ou negando-as. Como gênero polêmico<br />

(<strong>de</strong> fronteira), a literatura <strong>de</strong> viagem tem construído arquétipos temáticos e simbólicos, cujos<br />

discursos <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correntes interpõem a subjetivida<strong>de</strong> na objetivida<strong>de</strong> do real e carrega<br />

consigo discussões sobre o sócio-histórico e o político-cultural nas discussões <strong>de</strong>/sobre as<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nacionais <strong>de</strong> “trânsito”. Nesta comunicação proponho discutir o diálogo que se<br />

estabelece entre as anotações da viagem e a transformação <strong>de</strong>las em textos <strong>de</strong> ficção a partir<br />

do resultado narrativo <strong>de</strong> duas obras singulares: Inocência, <strong>de</strong> Alfredo Taunay e O turista<br />

aprendiz, <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, representantes <strong>de</strong> dois momentos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> consciência<br />

<strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>, numa espécie <strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e atualização do Brasil. Busco, com<br />

isso, re-configurar os complexos entrelugares <strong>de</strong> produção discursiva, observando a forma<br />

como os discursos são transpostos na dialética entre o testemunho e a invenção.<br />

Palavras-chave: Literatura – Viagem - I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

“Quadro Físico da Corrente do Amazonas”:<br />

Ciência e Estética em Martius<br />

Pablo Diener<br />

Professor Adjunto da UFMT<br />

fadiener@terra.com.br<br />

O botânico alemão C. F. Ph von Martius em companhia do zoólogo J. B. von Spix realizou<br />

uma expedição científica ao Brasil entre os anos <strong>de</strong> 1817 e 1820. Esta viagem será uma fonte<br />

inesgotável <strong>de</strong> projetos que o naturalista <strong>de</strong>senvolverá com persistência, durante quase meio<br />

século, até a sua morte em 1868. Além da narrativa <strong>de</strong> viagem, entre as suas publicações se<br />

encontram obras tão monumentais como a Historia Naturalis Palmarum e a Flora Brasiliensis,<br />

porém há também estudos sobre a população e as perspectivas históricas do Brasil.<br />

Nesta apresentação se discutirá um opúsculo datado em 1843, que tem o evocativo título <strong>de</strong><br />

“Quadro físico da corrente do Amazonas”. Neste escrito, Martius se propôs a caracterizar a<br />

paisagem tropical sul-americana, tomando a re<strong>de</strong> hidrográfica como foco <strong>de</strong> atenção, emulando<br />

a proposta <strong>de</strong> Humboldt, que havia organizado a compreensão da paisagem em função<br />

da cordilheira andina.<br />

Palavras-chave: Martius, Amazonas, Ciência e Arte<br />

Brancos, Pardos, Vermelhos e Negros...:<br />

a fisionomia do Brasil no olhar do médico<br />

Alphonse Rendu (1844-1845)<br />

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Rosa Helena <strong>de</strong> Santana Girão <strong>de</strong> Morais<br />

Doutora em <strong>História</strong> das Ciências e das Técnicas pela Ecole <strong>de</strong>s Hautes Etu<strong>de</strong>s en Sciences<br />

Sociales-França.<br />

rhsg.morais@gmail.com<br />

O presente trabalho tem como objetivo <strong>de</strong>screver e analisar a viagem do médico francês Alphonse<br />

Rendu, encarregado, entre os anos <strong>de</strong> 1844 e 1845, pelo ministro da instrução pública,<br />

da França, « <strong>de</strong> estudar as doenças do Brasil que acometiam mais freqüentemente os<br />

indígenas e os europeus estabelecidos no país ». Figura emblemática <strong>de</strong> sua época, A. Rendu<br />

veio para o Brasil num momento em as autorida<strong>de</strong>s médicas tinham gran<strong>de</strong> interesse pelos<br />

tratamentos e diagnóstico <strong>de</strong> doenças, ditas tropicais, as quais acometiam as colônias e possessões<br />

européias. O olhar dos médicos franceses sob as cida<strong>de</strong>s brasileiras correspondia a<br />

uma imagem ‘criada’ a partir do que eles esperavam da Europa e <strong>de</strong> Paris, espaço familiar dos<br />

viajantes franceses e mo<strong>de</strong>lo, por excelência, <strong>de</strong> urbanida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong>.<br />

Alphonse Rendu procurou ‘<strong>de</strong>scortinar’ as paisagens brasileiras, sob o ponto <strong>de</strong> vista estético<br />

e econômico, e também <strong>de</strong>screveu o aspecto físico, as doenças e os costumes da população<br />

brasileira. Sob o olhar atento do médico, imbuído da idéia <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> da ‘raça’, termo<br />

comumente empregado naquele momento específico, e da medicina européia, po<strong>de</strong>mos<br />

perceber como se constituía o espaço urbano brasileiro e os elementos essenciais da salubrida<strong>de</strong>,<br />

ou seja, os hospitais, residências, ruas e também o corpo.<br />

O álbum ilustrado <strong>de</strong> Jean-Baptiste Debret<br />

Thiago Costa (UFMT)<br />

aniquilamento@hotmail.com<br />

Jean Baptiste Debret é provavelmente o mais conhecido dos europeus que visitaram o Brasil<br />

na primeira meta<strong>de</strong> do século XIX, integrando a “missão francesa <strong>de</strong> 1816” - grupo que ficou<br />

célebre, entre outras realizações, pela fundação da Aca<strong>de</strong>mia Imperial <strong>de</strong> Belas-Artes. Retorna<br />

a França em 1831, on<strong>de</strong> organiza o material iconográfico produzido nos pouco mais <strong>de</strong><br />

15 anos em que permaneceu no país, atuando como pintor da corte e professor <strong>de</strong> pintura<br />

histórica. Publica em Paris em 1834, 1835 e finalmente em 1839, o primeiro, o segundo, e o<br />

terceiro volume, respectivamente, do monumental ‘Viagem pitoresca e histórica ao Brasil’,<br />

uma obra que lhe confere, ainda nos dias atuais, um espaço privilegiado na construção do<br />

imaginário do passado brasileiro.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 2<br />

<strong>História</strong>, Cinema e Transdisciplinarida<strong>de</strong><br />

Imagens do passado nos filmes <strong>de</strong> autoria feminina<br />

do período <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização (Brasil e<br />

Argentina, década <strong>de</strong> 1980)<br />

Alcilene Cavalcante<br />

Doutora em Literatura pela UFMG<br />

alcilenecavalcante@gmail.com<br />

Ao consi<strong>de</strong>rar que os filmes são capazes <strong>de</strong> plasmar o passado em imagens, <strong>de</strong> acordo com<br />

Robert Rosenstone (1997), e <strong>de</strong> apresentarem elementos do tempo em que foram realizados,<br />

conforme Miriam Rossini (2008:128), tratar-se-á, nessa comunicação, as representações do<br />

passado e do presente nos filmes Camila, <strong>de</strong> Maria Luisa Bemberg, e Paraíba, mulher macho,<br />

<strong>de</strong> Tizuka Yamazaki – filmes realizados e estreados no período <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>mocrática e <strong>de</strong><br />

engendramento <strong>de</strong> cultura política feminista, no Brasil e na Argentina.<br />

Palavras-chave: re<strong>de</strong>mocratização, representação, cinematografia feminina<br />

Bandidos <strong>de</strong> um cinema-história: os fora da lei<br />

no faroeste hollywoodiano (1939-1959)<br />

Alexandre Maccari Ferreira<br />

Professor do Curso <strong>de</strong> <strong>História</strong> do Centro Universitário Franciscano<br />

alexandrus1@hotmail.com<br />

Os bandidos do velho oeste possuem diversas representações no cinema hollywoodiano.<br />

Des<strong>de</strong> o cinema mudo há uma gran<strong>de</strong> aura construída sobre os foras da lei, elemento esse<br />

que se acentuou entre as décadas <strong>de</strong> 1930 e 1950 e que, após esses períodos, foi revista <strong>de</strong><br />

diversas formas pelo cinema norte-americano. Neste trabalho preten<strong>de</strong>mos estudar as construções<br />

heroicas dos foras da lei, em especial a imagem dos irmãos James, nos filmes Jesse<br />

James (1939), A Volta <strong>de</strong> Frank James (1940), Matei Jesse James (1949) e A verda<strong>de</strong>ira <strong>História</strong><br />

<strong>de</strong> Jesse James (1957). Esses filmes têm em comum a construção <strong>de</strong> heróis-bandidos mitificados,<br />

que fornecem uma interpretação social dos Estados Unidos <strong>de</strong> acordo com o período<br />

<strong>de</strong> produção dos filmes, a partir <strong>de</strong> um posicionamento i<strong>de</strong>ológico das obras. Assim, as construções<br />

político-sociais <strong>de</strong> mitos do oeste lendário histórico norte-americano permitem um<br />

estudo do cinema-história, tratando o cinema como ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> questões<br />

do imaginário e do banditismo social apresentado no cerne das obras cinematográficas.<br />

Imagens baianas – memória e história no<br />

documentário <strong>de</strong> Alexandre Robatto<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Ana Luisa <strong>de</strong> Castro Coimbra<br />

Mestranda do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em “Memória: linguagem e socieda<strong>de</strong>” da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB<br />

luisacoimbra@hotmail.com<br />

Lívia Diana Rocha Magalhães<br />

Doutora em Educação, docente e vice-coor<strong>de</strong>nadora do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Memória: Linguagem e Socieda<strong>de</strong> da Universida<strong>de</strong> Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB<br />

lrochamagalhaes@gmail.com<br />

Enten<strong>de</strong>mos o filme como um dispositivo <strong>de</strong> valor cultural e histórico capaz <strong>de</strong> registrar<br />

referências a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grupos e aspectos <strong>de</strong> uma época. Sendo assim, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

como um testemunho importante <strong>de</strong> aspectos sócio-culturais que po<strong>de</strong> contribuir<br />

para o registro <strong>de</strong> memórias para a educação e a formação <strong>de</strong> gerações que se suce<strong>de</strong>m. Nesta<br />

comunicação estamos apresentando a pesquisa que vem sendo <strong>de</strong>senvolvida sobre as obras<br />

do documentarista Alexandre Robatto, consi<strong>de</strong>rado o pioneiro do cinema baiano, que <strong>de</strong>ixou<br />

um importante legado <strong>de</strong> filmes com registros dos aspectos sociais da Bahia. O cotidiano da<br />

capital em choque com seu <strong>de</strong>senvolvimento, manifestações culturais, paisagens geográficas<br />

e humanas, aspectos da vida no interior são alguns dos registros que compõem a obra <strong>de</strong><br />

Robatto e está propiciando uma leitura sobre a memória e a história social da capital e do Estado.<br />

Não só imagens são registradas, mas os costumes, as idéias e as ações ficam retidas em<br />

um suporte tangível po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rados documentos passíveis <strong>de</strong> serem analisados e<br />

capazes <strong>de</strong> ajudar na compreensão <strong>de</strong> uma Bahia que parece resistir, mesmo a<strong>de</strong>rindo, aos<br />

impulsos <strong>de</strong> um “i<strong>de</strong>al” <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> homogêneo nacionalmente.<br />

Palavras-chave: documentário, memória, história.<br />

Autoria no cinema dos gran<strong>de</strong>s estúdios:<br />

o caso <strong>de</strong> Bla<strong>de</strong> Runner<br />

Ana Paula Spini<br />

Professora do Instituto <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />

anapaula.spini@gmail.com<br />

Esta comunicação tem como objetivo analisar comparativamente duas versões existentes<br />

do filme Bla<strong>de</strong> Runner do diretor Ridley Scott: a <strong>de</strong> 1982, versão do lançamento mundial<br />

do filme, caracterizada pela interferência da Warner Brothers na edição e montagem, e a<br />

<strong>de</strong> 2007, versão do diretor. Com isto procura-se investigar em que sentido as modificações<br />

na narrativa operada pela indústria à época do lançamento do filme inci<strong>de</strong> sobre a visão <strong>de</strong><br />

mundo expressa no mesmo. Assim, além <strong>de</strong> possibilitar a reflexão sobre os limites e possibilida<strong>de</strong>s<br />

da autoria no cinema dos gran<strong>de</strong>s estúdios, esta análise permite ainda discutir<br />

a relação do cinema <strong>de</strong> Hollywood com a construção <strong>de</strong> uma narrativa melodramática da<br />

America intergalática no século XXI.<br />

Palavras-chave: cinema; Hollywood; autoria.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Um chorinho universalizado – tico-tico no fubá<br />

Cláudio Galvão (UFRN)<br />

claudioapintogalvao@gmail.com<br />

Se os filmes biográficos abordassem as vidas que focalizam seguindo apenas os critérios da<br />

<strong>História</strong> acadêmica, <strong>de</strong>certo po<strong>de</strong>riam parecer mais verda<strong>de</strong>iros, porém dificilmente alcançariam<br />

o gosto popular.<br />

É o caso do filme Tico-Tico no Fubá, apresentado como uma biografia do compositor Zequinha<br />

<strong>de</strong> Abreu. O roteiro foi montado seguindo um percurso biográfico correto, respeitando-se<br />

os marcos essenciais da sua história. Somente isto, entretanto, levaria a<br />

uma <strong>de</strong>scrição linear, carente dos lances emocionais que pren<strong>de</strong>m as atenções e marcam<br />

as lembranças. É o momento em que entra a fantasia, quando a livre criação ornamenta<br />

e amplia um fato antes banal, conferindo-lhe nova visualização e enredo mais agradável.<br />

O filme “Tico-Tico no Fubá” é assim; não foi a primeira nem será a última obra <strong>de</strong> arte a receber<br />

a ajuda da ficção. É, portanto, uma biografia romanceada.<br />

Representações e construção da realida<strong>de</strong> do<br />

conflito árabe-israelense através das comédias<br />

Denise <strong>de</strong> Oliveira De Rocchi<br />

Mestranda em Relações Internacionais pela UFRGS<br />

<strong>de</strong>rocchi@gmail.com<br />

O humor é uma das formas <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> dispõe para lidar com temas difíceis, como o<br />

preconceito e a violência. Zohan e Brüno, produções recentes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s estúdios cinematográficos,<br />

utilizam-se <strong>de</strong>sta linguagem em sua forma mais exacerbada para tratar do<br />

conflito árabe-israelense, questão histórica que se mantém entre os gran<strong>de</strong>s problemas contemporâneos<br />

mundiais. Consi<strong>de</strong>rando relações cada vez mais midiatizadas, o Cinema é uma<br />

das artes com maior po<strong>de</strong>r para influenciar opiniões e visões <strong>de</strong> indivíduos a respeito <strong>de</strong><br />

outros povos, permitindo que qualquer um tome posição sobre um tema, mesmo que não o<br />

tenha vivenciado diretamente. Através <strong>de</strong> uma abordagem multidisciplinar, com elementos<br />

da Psicologia, Comunicação e Relações Internacionais, este estudo propõe a análise do discurso<br />

<strong>de</strong>stes filmes e da representação que fazem do conflito e seus participantes.<br />

Cinema e Moral Sexual no Brasil (1950-1970)<br />

Dennison <strong>de</strong> Oliveira (UFPR)<br />

kursk@matrix.com.br<br />

O tema <strong>de</strong>sta pesquisa é a mudança cultural observada na moral sexual brasileira no período<br />

compreendido entre 1950 e 1970. Este é um período chave para se enten<strong>de</strong>r a gradual substituição<br />

<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> normas e práticas sexuais marcadas pelo patriarcalismo, tanto em<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

direção a uma maior liberalização dos costumes, quanto a um relativo nivelamento da moral<br />

que rege os papéis sexuais e sociais masculinos e femininos. As fontes privilegiadas no estudo<br />

são alguns filmes <strong>de</strong> ficção <strong>de</strong> longa metragem produzidos no período que enfocavam<br />

estas questões. Busca-se, através do exame das condições sociais <strong>de</strong> produção, distribuição<br />

e recepção <strong>de</strong>stes filmes, interpretar <strong>de</strong> que forma as transformações na moral sexual vigente<br />

eram tematizadas, quais os conflitos e contradições implícitos, como eram percebidas<br />

e valorizadas as novas formas que assumiam os papéis sociais e os arranjos familiares, bem<br />

como as implicações políticas, sociais e culturais daí <strong>de</strong>correntes. Para tanto foi selecionado<br />

um número limitado <strong>de</strong> filmes brasileiros, consi<strong>de</strong>rados relevantes para o entendimento<br />

das transformações culturais associadas à moral sexual, através do estudo da relação entre<br />

este ramo da indústria cultural e a socieda<strong>de</strong>. Através do cinema se percebe <strong>de</strong> que forma<br />

representações fílmicas sobre a moral sexual foram afetadas pelas transformações históricas<br />

vividas no período, e vice-versa.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> e Cinema; Moral Sexual; Indústria Cultural<br />

O Realismo Socialista e a Revolução Cultural<br />

na URSS: o caso do cinema<br />

Diogo Carvalho<br />

Mestrando do Programa Multidisciplinar em Cultura e Socieda<strong>de</strong> / UFBA<br />

diogocarvalho_71@hotmail.com<br />

Este trabalho visa problematizar os impactos do uso do realismo socialista para construção<br />

do culto a personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stalin através do cinema. Serão abordadas as conseqüências da<br />

utilização do aporte teórico oriundo do realismo socialista e da revolução cultural soviética,<br />

na indústria e na estética fílmica. Também será objeto <strong>de</strong>ste trabalho a análise da sacralização<br />

do espaço realizada pelo cinema soviético <strong>de</strong>ste período, pois a cinematografia <strong>de</strong>sta<br />

época contém elementos simbólicos nucelares da narrativa do realismo socialista, elaborada<br />

ao longo dos anos 1930’s. Portanto, esta relação espaço-sujeito, baseada na reconstrução<br />

espacial, a partir <strong>de</strong> uma iconografia marxista-leninista foi um dos pilares da justificativa <strong>de</strong><br />

criação do herói positivo, consi<strong>de</strong>rado elemento chave para uma compreensão mais aprofundada<br />

da cultura soviética.<br />

Palavras chave: cultura, soviética, cinema, realismo, socialista.<br />

Cinema e Ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong>: a Ida<strong>de</strong> Média<br />

em O Nome da Rosa <strong>de</strong> Jean-Jacques Annaud<br />

Edlene Oliveira Silva<br />

Doutora em <strong>História</strong> e professora adjunta do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da UnB<br />

edlene@unb.br<br />

Este artigo discute como a Ida<strong>de</strong> Média representada no filme O Nome da Rosa (Der Name<br />

Der Rose, Jean-Jacques Annaud, 1986) constitui um importante meio para o ensino <strong>de</strong><br />

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<strong>História</strong> Medieval nas escolas. Ao mesmo tempo em que constrói e reforça estereótipos e<br />

preconceitos sobre a Ida<strong>de</strong> Média, o cinema po<strong>de</strong> ser fonte privilegiada <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução<br />

<strong>de</strong>sses estigmas, <strong>de</strong> aprendizagem e conhecimento na área <strong>de</strong> <strong>História</strong>, consi<strong>de</strong>rando as especificida<strong>de</strong>s<br />

da linguagem cinematográfica e as possibilida<strong>de</strong>s interpretativas e poéticas<br />

próprias da liberda<strong>de</strong> inerente à sétima arte.<br />

Santiago: a escrita da história em documentário<br />

Eric <strong>de</strong> Sales<br />

Mestre em <strong>História</strong> Social pela UnB<br />

malkerik@yahoo.com.br<br />

Pensar um documentário <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um documentário é ousado. Refletir como este oferece possibilida<strong>de</strong>s<br />

para a discussão da história da história, ou seja, a análise historiográfica a partir <strong>de</strong><br />

uma fonte audiovisual é proposta <strong>de</strong>safiadora. Esta comunicação visa apresentar a relação entre o<br />

cinema documentário e a história a apartir do filme <strong>de</strong> João Moreira Salles, Santiago. A proposta é<br />

<strong>de</strong> analisar a película através <strong>de</strong> um olhar crítica, compreen<strong>de</strong>ndo que há subjetivida<strong>de</strong>s na abordagem<br />

do diretor, assim como na abordagem <strong>de</strong> um historiador. Através <strong>de</strong>ste ponto, apresentar<br />

trabalho que vem sendo realizado nos estudos sobre documentários e historiografia.<br />

De Rocha a Hamburgo: a análise da<br />

representação da classe média na ditadura<br />

militar vista a partir do cinema nacional<br />

Felipe Lima da Silva<br />

Graduado em <strong>História</strong> pela UFRRJ<br />

arqfelipe.lima@yahoo.com.br<br />

Durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964-85), a socieda<strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong> classe<br />

média tem sido apresentada por diversas correntes históricas como um conjunto <strong>de</strong> indivíduos<br />

controlados pelos militares que se encontravam no po<strong>de</strong>r. Esta mesma parcela da socieda<strong>de</strong><br />

é caracterizada como um grupo que se manteve a certa distancia dos eventos políticos<br />

dos 21 anos da ditadura, assistindo inerte a todas as medidas <strong>de</strong> repressão política que<br />

eram implantadas no país que cerceavam os direitos e liberda<strong>de</strong>s mais comuns dos cidadãos<br />

brasileiros.<br />

Tomando como base os filmes “Terra em transe” (<strong>de</strong> Glaber Rocha – 1969) e “O ano em que<br />

meus pais saíram <strong>de</strong> férias” (Cao Hamburgo – 2006) para elucidar questões presentes em<br />

outros filmes analisados, preten<strong>de</strong>-se neste trabalho fazer um estudo <strong>de</strong> história comparada<br />

sobre como a participação da classe média frente às tensões político-sociais existentes nos<br />

anos do regime ditatorial no Brasil é retratada pelos filmes produzidos na época da ditadura<br />

e pelos filmes mais atuais (pós-década <strong>de</strong> 90). Para dar base a esse estudo foi utilizado uma<br />

bibliografia que abrange da temática do período da ditadura e <strong>de</strong> autores que utilizam a interseção<br />

entre o Cinema e a <strong>História</strong> para ressaltar a importância do uso do filme como uma<br />

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fonte histórica.<br />

Palavras-chave: Cinema; Ditadura; socieda<strong>de</strong><br />

Orson Welles no Brasil: a trilogia <strong>de</strong> Sganzerla<br />

Flávia <strong>de</strong> Sá Pedreira<br />

Professora do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da UFRN<br />

flasaped@uol.com.br<br />

No auge da Política da Boa Vizinhança, a imagem <strong>de</strong> Brasil para exportação i<strong>de</strong>alizada pelo<br />

regime Vargas, com o apoio da RKO <strong>de</strong> Nelson Rockefeller, <strong>de</strong>veria ser divulgada a partir <strong>de</strong><br />

um gran<strong>de</strong> filme dirigido e roteirizado pelo cineasta e ator norteamericano Orson Welles.<br />

Convidado pelo governo brasileiro a fazer as malas e aterrissar no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no mês <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1942, em pleno Carnaval, o realizador <strong>de</strong> Cidadão Kane iniciou as filmagens do<br />

seu It´s All True. Os <strong>de</strong>scaminhos do grandioso projeto, que esbarrou na incompreensão das<br />

autorida<strong>de</strong>s envolvidas e <strong>de</strong> seus financiadores quanto à visão revolucionária para a época<br />

que Welles estaria imprimindo às cenas das favelas cariocas, ganharam uma criativa percepção<br />

através da trilogia <strong>de</strong> Rogério Sganzerla, quarenta anos <strong>de</strong>pois: Tudo é Brasil; Nem tudo<br />

é verda<strong>de</strong>; O signo do caos. Nossa comunicação preten<strong>de</strong> explorar as cenas mais significativas<br />

sobre a trajetória do filme que ficaria inacabado, refletindo sobre os tênues limites entre<br />

ficção e realida<strong>de</strong> na pesquisa histórica.<br />

Palavras-chave: política da boa vizinhança; cinema; ficção/realida<strong>de</strong>.<br />

Airá - O cinema documental como método<br />

e técnica <strong>de</strong> observação na pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

Fre<strong>de</strong>rico Mael Silva Marques Bueno<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

fre<strong>de</strong>ricomael@hotmail.com<br />

O cinema documental aborda a imagética do culto <strong>de</strong> Xangô com base na ritualização do sincretismo<br />

religioso brasileiro que incorpora em seu conteúdo histórico, a resistência da cultura<br />

africana no Brasil, submersa ao mo<strong>de</strong>lo escravista como forma proibida <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. Discutiremos as relações do cinema documental como método e técnica <strong>de</strong><br />

observação na pesquisa <strong>de</strong> campo e sua função heurística na representação da história. A partir<br />

do método etnográfico, construímos a imagem do Babalorixá Joaquim <strong>de</strong> Xangô e seu imaginário<br />

na expressão do cinema documental, como forma <strong>de</strong> produção do conhecimento.<br />

O olhar cinematografico <strong>de</strong> Jean Manzon: <strong>de</strong> uma<br />

memória otimista ao pessimismo<br />

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Gabriel F. Marinho / (UFF)<br />

gabriel.f.marinho@gmail.com<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos anos JK como um período <strong>de</strong>senvolvimentista tem sua icnografia cinematográfica.<br />

Da mesma forma, a memória <strong>de</strong> um conturbado período <strong>de</strong> adversida<strong>de</strong>s sóciopolíticas,<br />

vinculada ao governo Jango, também possui uma visualida<strong>de</strong> audiovisual. A<br />

construção <strong>de</strong>ssas e outras memórias ocorrem através inúmeras ferramentas <strong>de</strong> natureza<br />

simbólica. E o cinema é instrumento singular nesse processo uma vez que ganhou <strong>de</strong>staque<br />

<strong>de</strong>ntre um conjunto <strong>de</strong> novas manifestações <strong>de</strong> representação, potencializadas em um século<br />

marcado pela reprodutibilida<strong>de</strong> técnica dos bens culturais.<br />

Nessa perspectiva, esse trabalho propõe uma analise comparativa da produção <strong>de</strong> documentários<br />

do cineasta Jean Manzon, realizados em dois períodos quase consecutivos: os anos JK<br />

(1956-1961) e o governo João Goulart (1961-1964). Utilizando-se dos conceitos <strong>de</strong> “otimismo”<br />

e “pessimismo”, trabalhados pelo historiador Carlos Fico, questionamo-nos sobre as diferenças<br />

<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> memória presentes nesses dois períodos <strong>de</strong> realização.<br />

Perceber a construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s através do enquadramento <strong>de</strong> um cineasta abre espaço<br />

para o <strong>de</strong>bate a respeito do papel do cinema como lugar <strong>de</strong> memória. Questão que ultrapassa<br />

classificações como “verda<strong>de</strong>” e “inverda<strong>de</strong>”, ainda comuns nos <strong>de</strong>bates a respeito <strong>de</strong> filmes<br />

documentários. A analise <strong>de</strong> peças filmicas é uma forma <strong>de</strong> questionar a naturalização das<br />

construções <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. E <strong>de</strong> apontar como elementos <strong>de</strong> natureza audiovisual colaboraram<br />

para a construção <strong>de</strong> memórias distintas.<br />

Leituras do cotidiano: a transformação do<br />

“mito do gaúcho” através do cinema regional<br />

Humberto Ivan Keske<br />

Professor Titular da UniversidaFEEVALE<br />

humberto@feevale.br<br />

O presente texto visa refletir sobre o processo <strong>de</strong> construção do imaginário coletivo gaúcho<br />

em relação ao cinema regional. Utiliza como referencial teórico Cornelius Castoriadis, Michel<br />

Maffesoli e Castor Ruiz. Adota o estudo <strong>de</strong> caso como metodologia <strong>de</strong> análise. Procura<br />

<strong>de</strong>linear o atual panorama da cinematografia regional que abandona a égi<strong>de</strong> do filme “campeiro”<br />

para assumir um percurso notadamente contemporâneo. Tal mudança, entretanto,<br />

reforça posicionamentos i<strong>de</strong>ológicos e valores conservadores <strong>de</strong> uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional,<br />

exaltando e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo hábitos bairristas e familiares provincianos.<br />

Palavras-chave: audiovisual, cinema gaúcho; imaginário, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional.<br />

Um cinema “sem regras”: um olhar para a experiência<br />

superoitista baiana nos anos 1970<br />

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Izabel <strong>de</strong> Fátima Cruz Melo<br />

Professora <strong>de</strong> <strong>História</strong> na Universida<strong>de</strong> da Bahia<br />

izabelc.melo@gmail.com<br />

Dialogando com as possíveis relações entre <strong>História</strong> e Cinema, neste artigo <strong>de</strong>stacamos algumas<br />

das reflexões encetadas na pesquisa e elaboração da dissertação “Cinema é mais do que<br />

filme: uma história do cinema baiano através das Jornadas <strong>de</strong> Cinema da Bahia (1972-1978)”,<br />

buscamos compreen<strong>de</strong>r as Jornadas como um espaço em que se entreteceram relações, polarizações,<br />

disputas e tensionamentos que tornaram possível o florescimento <strong>de</strong> uma geração<br />

<strong>de</strong> cineastas superoitistas baianos inseridos no contexto sócio-cultural dos anos 1970.<br />

Construir Cida<strong>de</strong>s em Imagens: Walter Hugo<br />

Khouri e Luís Sérgio Person edificam a metrópole<br />

cinematográfica brasileira na década <strong>de</strong> 1960<br />

Jaison Castro Silva (UFC)<br />

jaisoncastro@gmail.com<br />

O texto discute como a metrópole cinematográfica brasileira encontrou expressão visual nas<br />

obras <strong>de</strong> Walter Hugo Khouri e Luís Sérgio Person, durante a década <strong>de</strong> 1960. Inserido na<br />

reflexão sobre as maneiras como as imagens e práticas do olhar atuam na construção <strong>de</strong><br />

significados para as ações humanas, propõe-se que a metrópole imagética <strong>de</strong> ambos os cineastas,<br />

contidas em filmes como Noite vazia (1964) e São Paulo S. A. (1965), atuam em um<br />

<strong>de</strong>nominador comum, a tentativa <strong>de</strong> captar a cida<strong>de</strong> real em imagens semi-documentais,<br />

mas, em contrapartida, dialogam com referenciais como o <strong>de</strong> progresso <strong>de</strong> modo bastante<br />

heterogêneo. Embora permaneça a ansieda<strong>de</strong> em mostrar a cida<strong>de</strong> brasileira célere e cosmopolita,<br />

apresenta-se a hipótese <strong>de</strong> que o filme khouriano <strong>de</strong>scortina uma perspectiva <strong>de</strong><br />

progresso universal e simultâneo, enquanto o filme <strong>de</strong> Person estabelece uma metrópole<br />

vencedora em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrocada, que precisa reafirmar seu papel <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. No entanto,<br />

tais pontos <strong>de</strong> vista fílmicos, apesar <strong>de</strong> dissonantes, fundam um projeto para a metrópole<br />

cinematográfica brasileira sessentista, apresentando uma outra perspectiva <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, ainda<br />

que obliterada em prol <strong>de</strong> projetos concorrentes. A análise da fundação <strong>de</strong>sse regime visual<br />

possibilita, assim, um olhar renovado sobre o cinema no período.<br />

Palavras-chave: Cinema-história, Representação Urbana, Regimes visuais.<br />

Régnault, Matuszewski e seus her<strong>de</strong>iros.<br />

Leitores do cinema-história do século XX.<br />

Visionários <strong>de</strong> uma pedagogia do “futuro”.<br />

Jorge Nóvoa<br />

Professor Associado I do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Sociologia e do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

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Ciências Sociais da UFBA<br />

jlbnovoa@yahoo.com.br<br />

Na problemática que estamos trabalhando sistematicamente há quase duas décadas, a das<br />

relações complexas entre o cinema e a história, se torna, todavia, ainda mais difícil <strong>de</strong> “aceitar”<br />

o fato <strong>de</strong> que muito do que estamos <strong>de</strong>nominando <strong>de</strong> um paradigma e uma pedagogia<br />

do “futuro” já existia em graus variados no passado, e isto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o cinema apareceu.<br />

Com relação à simples utilização da pintura, da escultura e mesmo da arquitetura, vários<br />

historiadores estudiosos do mundo antigo, do medieval e do mo<strong>de</strong>rno - muito embora mais<br />

voltados para questões ligadas à história da arte - já utilizavam as imagens. Mas é também<br />

bem verda<strong>de</strong> que tal prática não adquiriu o peso e valor epistemológico que passou a ter<br />

senão mais recentemente. Entretanto, atenção para a ênfase na etimologia palavra epistemologia.<br />

Ela difere da palavra ontologia. Isto permite percebermos que vivemos num mundo<br />

dominado pelas imagens, mas no qual, muito contraditoriamente sua utilização sistemática<br />

e consciente por professores e pesquisadores das diversas áreas do conhecimento, nas suas<br />

múltiplas dimensões, se faz ainda enfrentando não somente o peso da inércia dos currículos<br />

institucionais, mas também a reação <strong>de</strong> muitos dos referidos agentes sociais às mudanças e<br />

inovações com a introdução <strong>de</strong> uma pedagogia que utilize as imagens, a fotografia e o cinema,<br />

mas também documentos fonográficos. É verda<strong>de</strong>, pois, que estudos em outros espaços,<br />

realizados por historiadores e cientistas sociais chamam a atenção também que é comum se<br />

escutar a afirmação <strong>de</strong> que o historiador não gosta das imagens. Recentemente uma polêmica<br />

entre historiadores ingleses, falava do que <strong>de</strong>nominavam a “invisibilida<strong>de</strong> do visível ”.<br />

Trata-se evi<strong>de</strong>ntemente do que alguns chamam <strong>de</strong> amnésia, fenômeno que se apropria <strong>de</strong><br />

historiadores e cientistas sociais quando começam a avaliar suas praticas investigativas, seus<br />

paradigmas e objetos <strong>de</strong> estudo. Eles se esquecem completamente <strong>de</strong> que a utilização <strong>de</strong><br />

fontes iconográficas é muito mais praticada do que eles são capazes <strong>de</strong> admitir.<br />

Em geral temos escrito sobre Marc Ferro como teórico e pesquisador das relações entre o cinema<br />

e a socieda<strong>de</strong>. Escrevemos menos sobre Siegfried Kracauer. Mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que começamos<br />

a nos aplicar às pesquisas sobre o que <strong>de</strong>nominamos nossa problemática e objeto (e que é<br />

também uma teoria com nuanças que se <strong>de</strong>senvolve se consi<strong>de</strong>rarmos cada autor <strong>de</strong>sse “movimento”)<br />

ou seja, a relação cinema-história, Kracauer permanece ainda muito pouco conhecido<br />

no Brasil. Isto é verda<strong>de</strong>iro mesmo na própria Alemanha e na França. Ele veio assim ocupando<br />

em alguma medida nossa reflexão e nossa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos esten<strong>de</strong>rmos sobre sua contribuição.<br />

Ele antece<strong>de</strong>u Marc Ferro em pelo menos três décadas, provavelmente bem mais se consi<strong>de</strong>rarmos<br />

seus artigos <strong>de</strong> “crítica” cinematográfica e que finalmente levava-o a enxergar as contradições<br />

do seu mundo, já nos anos 20. Mas ele também não foi a primeira pessoa a sustentar<br />

a importância do cinema como fonte <strong>de</strong> conhecimento histórico e <strong>de</strong> sua difusão. A rigor se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos todos os cineastas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o que se chama <strong>de</strong> o cinema das origens - passando por<br />

Georges Méliès, David Griffth, a cinematografia inglesa e americana, a cinematografia expressionista<br />

alemã e, ao menos ainda, o cinema soviético - vamos encontrar muitos daqueles mais<br />

<strong>de</strong>sconhecidos e que se <strong>de</strong>dicaram a filmar cenas não tão nobres ou <strong>de</strong> ficção ou a fazer filmes<br />

<strong>de</strong> campanhas educativas, como foi o caso <strong>de</strong> Alexan<strong>de</strong>r Medvidkine.<br />

Diante <strong>de</strong>sse fato é no mínimo curioso que ainda hoje professores universitários e pesquisadores<br />

das <strong>de</strong>nominadas ciências humanas, continuem a repetir lugares comuns absurdos<br />

sobre as narrativas cinematográficas. É fácil se ouvir barbarida<strong>de</strong>s como “o cinema nos<br />

apresenta uma falsa realida<strong>de</strong>” ou “o cinema escon<strong>de</strong> os processos reais”. O corolário conseqüente<br />

é aquele que conclui, portanto, que “o cinema não po<strong>de</strong> ser usado nem na pesquisa,<br />

nem no ensino”. É difícil qualificar tal reação e resistência em admitir algo que é mais que<br />

evi<strong>de</strong>nte. Pensar que se trata <strong>de</strong> ignorância, parece tão absurdo quanto pensar que se trata<br />

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<strong>de</strong> pouco discernimento. Às vezes somos obrigados a constatar uma má vonta<strong>de</strong> o que nos<br />

obriga a pensar na inutilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal comportamento. É verda<strong>de</strong> que existem também os argumentos<br />

mais refinados <strong>de</strong> leituras produzidas por estudiosos da estética cinematográfica.<br />

Mas muitos <strong>de</strong>les não admitem que o cinema, por ser ele obra <strong>de</strong> arte, possa construir uma<br />

visão passível <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada pela investigação dos fenômenos humanos os mais subjetivos,<br />

tanto quanto os sociais. O cinema e as imagens, <strong>de</strong> um modo geral, <strong>de</strong> há muito são<br />

estudados, mas como objeto cultural e estético. Muitas vezes são tomadas como objetos da<br />

história, quer dizer na produção da história do cinema ou da pintura ou da fotografia. É possível<br />

mesmo encontrar gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s livros sobre tais fenômenos artísticos, inclusive<br />

<strong>de</strong> seus aspectos econômicos e técnicos. Encontramos com facilida<strong>de</strong> histórias das escolas<br />

estéticas. É possível comprarmos nas livrarias com certa facilida<strong>de</strong> livros sobre a história da<br />

arte observada do ponto <strong>de</strong> vista do seu condicionamento social, mas é quase certo que não<br />

encontraremos livros sobre algo distinto, que é ao mesmo tempo um objeto e uma problemática:<br />

a relação cinema-imagem-história.<br />

A crítica histórica <strong>de</strong> Paulo Emílio:<br />

alguns resultados <strong>de</strong> pesquisa<br />

Julierme S. M. Souza<br />

Mestre em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />

juliermehistoriador@hotmail.com<br />

Esta comunicação visa trazer a público alguns resultados <strong>de</strong> nossa dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />

intitulada Eficácia política <strong>de</strong> uma crítica: Paulo Emílio Salles Gomes e a constituição <strong>de</strong> uma<br />

teia interpretativa da história do cinema brasileiro. Tendo como preocupação fundamental a<br />

investigação acerca da formação <strong>de</strong> uma memória história do cinema brasileiro, essa pesquisa<br />

preten<strong>de</strong>u contribuir na <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que a trilogia <strong>de</strong> ensaios Panorama do Cinema<br />

Brasileiro: 1896/1966 (1966), Pequeno Cinema Antigo (1969) e Cinema: trajetória no sub<strong>de</strong>senvolvimento<br />

(1973), <strong>de</strong> Paulo Emílio Salles Gomes, constitui-se em uma teia interpretativa<br />

que envolveu a historiografia do cinema brasileiro <strong>de</strong>vido a sua eficácia política.<br />

Ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong> e Cinema:<br />

possibilida<strong>de</strong>s investigativas<br />

Kamila da Silva Soares (UFU)<br />

kamillahistoria@hotmail.com<br />

Este trabalho visa analisar a relação estabelecida entre ensino <strong>de</strong> história e cinema nas escolas<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberlândia. Trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa focada nas perspectivas <strong>de</strong> professores<br />

e alunos frente às práticas pedagógicas que propõe a incorporação do cinema como<br />

objeto pedagógico e objeto <strong>de</strong> pesquisa em sala <strong>de</strong> aula.<br />

Proponho <strong>de</strong>senvolver esta investigação com professores <strong>de</strong> <strong>História</strong> e jovens estudantes do<br />

nono ano em escolas públicas da re<strong>de</strong> estadual, municipal, fe<strong>de</strong>ral e da re<strong>de</strong> particular, com o<br />

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intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar a complexida<strong>de</strong> e a heterogeneida<strong>de</strong> dos olhares frente ao diálogo entre<br />

ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong> e Cinema nos diversos espaços escolares.<br />

O presente trabalho procura também enten<strong>de</strong>r como a linguagem cinematográfica po<strong>de</strong> contribuir<br />

para a melhoria do ensino – aprendizagem da disciplina <strong>História</strong> na educação básica:<br />

ensino fundamental, além <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que maneira, no olhar do docente, o recurso<br />

audiovisual po<strong>de</strong> ser um método pedagógico e, na perspectiva dos alunos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ver filmes <strong>de</strong>ntro das salas <strong>de</strong> aulas como parte integrante dos conteúdos escolares.<br />

Essa reflexão contribui para a ampliação do campo em que atua o historiador e o professor<br />

<strong>de</strong> história e permite uma abordagem interdisciplinar. Entendo como uma conquista da<br />

<strong>História</strong> Cultural que nos possibilita ampliar as fontes <strong>de</strong> pesquisa utilizadas pelo historiador.<br />

Sendo assim, uma aliança entre ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong> e cinema propiciaria uma expansão<br />

nos olhares tanto sobre os métodos pedagógicos quanto sobre a arte cinematográfica.<br />

O Cinema Novo e a <strong>História</strong> Cultural do Político,<br />

em uma reflexão a partir <strong>de</strong> “Garrincha, Alegria<br />

do Povo” (1963), <strong>de</strong> Joaquim Pedro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Luís Fernando Amâncio Santos<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela UFMG<br />

luis.amancio@gmail.com<br />

Existem importantes trabalhos sobre cinema e história política que enfocam, geralmente, a<br />

produção cinematográfica <strong>de</strong> propaganda em <strong>de</strong>terminados regimes ou, pelo contrário, o engajamento<br />

<strong>de</strong> oposição a partir da obra <strong>de</strong> certos diretores. O que nosso trabalho preten<strong>de</strong> é trazer essa<br />

problemática para o campo da história cultural do político. Ou seja, pensar as relações no cinema<br />

<strong>de</strong> produção, exibição e circulação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias por uma ótica cultural. Para isso, mobilizaremos o<br />

conceito <strong>de</strong> culturas políticas, no seu entendimento <strong>de</strong> que as relações com essa esfera englobam<br />

práticas, linguagens, imaginário, valores, entre outros sentidos. A partir <strong>de</strong>le, abordaremos a atuação<br />

dos cineastas do chamado movimento <strong>de</strong> Cinema Novo brasileiro e, mais especificamente, o<br />

caso <strong>de</strong> “Garrincha, Alegria do Povo” (1963), <strong>de</strong> Joaquim Pedro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.<br />

Da metrópole à pós-metrópole: Matrix<br />

e a crise da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no fim do século XX<br />

Marcelo Gustavo Costa <strong>de</strong> Brito<br />

Doutorando em <strong>História</strong> pela UnB. Professor <strong>de</strong> Teoria da <strong>História</strong> na UEG<br />

marcelobrito@hotmail.com<br />

A incorporação pelos historiadores <strong>de</strong> fontes fílmicas como indícios para o entendimento da<br />

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experiência humana no tempo acena para uma abordagem teórico-metodológica em pleno<br />

<strong>de</strong>senvolvimento no campo historiográfico. Fontes complexas, polissêmicas, as narrativas<br />

cinematográficas não se <strong>de</strong>ixam apreen<strong>de</strong>r em seus sentidos (conscientes ou inconscientes)<br />

<strong>de</strong> maneira tão simples. É bem provável que uma compreensão mais <strong>de</strong>nsa dos discursos <strong>de</strong><br />

uma fonte cinematográfica só seja possível na medida em que as especificida<strong>de</strong>s do suporte<br />

midiático audiovisual também estão se tornando mais conhecidas pelo historiador. Nesta<br />

apresentação, gostaria <strong>de</strong> propor uma análise fílmica que combina técnicas da narratologia<br />

e da interpretação psicanalítica dos sonhos. Tal abordagem referenda-se na hipótese <strong>de</strong> que,<br />

em certo sentido, a experiência do cinema aproxima-se da experiência do onírico, e quando<br />

se pensa nos filmes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação, po<strong>de</strong>-se visualizar o cinema como o meio privilegiado<br />

para o fenômeno aqui chamado <strong>de</strong> “sonhar social”. O documento fílmico utilizado<br />

nesta análise será o longa-metragem Matrix (1999). A partir <strong>de</strong>ssa ficção futurista, pretendo<br />

discutir como em seu conteúdo manifesto alguns temas latentes do período em que foi produzido<br />

se insinuam, em especial os conflitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que alguns autores culturalistas<br />

percebem como principal sintoma do <strong>de</strong>clínio das instituições mo<strong>de</strong>rnas.<br />

Palavras-chave – Cinema-história, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, matrix<br />

A Construção <strong>de</strong> São Paulo no cinema<br />

das décadas <strong>de</strong> 1930 e 1940<br />

Márcia Juliana Santos<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> Social pela PUC-SP<br />

julianahis@bol.com.br<br />

Este trabalho é parte <strong>de</strong> uma pesquisa em andamento que analisa os filmes documentais<br />

<strong>de</strong> não-ficção (institucionais, jornais cinematográficos e curtametragens) que registraram<br />

as transformações urbanas e sociais da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo nas décadas <strong>de</strong> 1930 e 1940. A<br />

historicida<strong>de</strong> das filmagens, os temas abordados, os cenários da cida<strong>de</strong>, os enquadramentos,<br />

as locuções, os letreiros e outros elementos incorporados à narrativa fílmica vão constituir<br />

o foco da análise. O recorte apresentado é a apreciação <strong>de</strong> dois filmes: SÃO PAULO (1942),<br />

uma co-produção do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Imprensa e Propaganda (DIP), com o governo do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo e o <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Assuntos Interamericanos. PEQUENAS CENAS<br />

DE UMA GRANDE CIDADE (1944), do cineasta e fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, um<br />

filme encomendado pelo <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Educação da Prefeitura <strong>de</strong> São Paulo.<br />

A produção do filme SÃO PAULO (1942) estava inserida num contexto <strong>de</strong> estratégias<br />

diplomáticas da Segunda Guerra, cujo objetivo, era promover um maior intercâmbio cultural<br />

e político entre Brasil e Estados Unidos. No filme <strong>de</strong>stacaram-se os símbolos <strong>de</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong> industrial, com arranha-céus, gran<strong>de</strong>s construções arquitetônicas e chaminés das<br />

fábricas, representando a industrialização e a urbanização crescentes. As imagens em movimento<br />

apresentaram discursos em torno da exaltação <strong>de</strong> “personagens ilustres” da cida<strong>de</strong>,<br />

como José <strong>de</strong> Anchieta, os ban<strong>de</strong>irantes e D. Pedro I, corroborando assim, com uma narrativa<br />

mítica da história <strong>de</strong> São Paulo. O segundo filme é o curta-metragem, PEQUENAS CENAS<br />

DE UMA GRANDE CIDADE (1944), silencioso e em cores foi produzido pela Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação e Cultura da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> São Paulo. O cinegrafista Benedito Junqueira<br />

Duarte filmou a cida<strong>de</strong>, revelando os meandros do cotidiano, nos mais diferentes espaços:<br />

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a feira livre, as rodas <strong>de</strong> conversa e as brinca<strong>de</strong>iras das crianças nos parques. O diretor estabeleceu<br />

uma ligação entre a vida cotidiana e as instituições científicas, ao conduzir a câmera<br />

pelas inúmeras Faculda<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>.<br />

A interpretação das imagens está aliada à contribuição teórico-metodológica <strong>de</strong> autores<br />

como Jean-Clau<strong>de</strong> Bernar<strong>de</strong>t, Maria Rita Galvão, Rubens Machado Jr. e José Inácio <strong>de</strong> Melo<br />

Souza que <strong>de</strong>batem a história do cinema brasileiro. Aliado a tal perspectiva, analisam-se<br />

também reportagens <strong>de</strong> jornais e revistas que noticiavam os filmes. Possibilita-se assim,<br />

observar a construção da narrativa <strong>de</strong> uma São Paulo em movimento, focalizada não só pelo<br />

cinema, mas pela imprensa da época. O percurso metodológico permite questionar percepções<br />

naturalizadas por diferentes discursos. É possível refletir a construção das imagens dos<br />

filmes, por meio das disputas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r diante <strong>de</strong> inúmeros projetos políticos para a cida<strong>de</strong>.<br />

O estudo <strong>de</strong>stes filmes não é, e nem <strong>de</strong>ve sugerir, uma reprodução exata ou uma imagem do<br />

real inquestionável, mas uma expressão problemática da relação entre o cinema e a história<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Palavras-chave: cinema, São Paulo, B. J. Duarte<br />

C’eravamo tanto amati. O cinema italiano,<br />

espelho e interpretação da história e da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período pós-guerra<br />

aos anos <strong>de</strong> chumbo<br />

Maurizio Russo<br />

Doutor em Historia Cultural pela Université Nancy 2<br />

marziorosso@libero.it<br />

Fenômeno cultural fortemente ligado ao âmbito histórico no qual è produzido, o cinema<br />

italiano è produto <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado quadro social, econômico e cultural. Ele narra interpretando<br />

e por isso foi muitas vezes visto con <strong>de</strong>sconfiança por parte <strong>de</strong> históricos italianos,<br />

que ainda pouco o utilizam, preferendo fontes mais tradicionais. Mas como as várias vertentes<br />

filmográficas <strong>de</strong>screveram a realida<strong>de</strong> histórica social italiana que se <strong>de</strong>senvolveram<br />

entre o pós-guerra e os anos 70? O Neorealismo <strong>de</strong> De Sica, Rossellini, Visconti; a Commedia<br />

all’italiana <strong>de</strong> Monicelli, Risi; o Spaghetti Western <strong>de</strong> Solima e Leone; o Giallo all’italiana (ou<br />

spaghetti-thriller) <strong>de</strong> Bava e Fulci; o cinema político <strong>de</strong> Petri; as críticas e <strong>de</strong>sconfortáveis<br />

obras <strong>de</strong> Fellini, Scola, Pasolini, Ferreri, Rosi, Bolognini, Antonioni.<br />

“O cinema é a língua escrita da ação” afirmava Pasolini <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo um cinema <strong>de</strong> forte compromisso<br />

político e i<strong>de</strong>ológico: “o cinema <strong>de</strong> poesia”. Porém também nas obras menos comprometidas<br />

i<strong>de</strong>ologicamente se encontra vestígios evi<strong>de</strong>ntes da realida<strong>de</strong> social e cultural que<br />

as produziram. A Itália foi protagonista <strong>de</strong> uma cinematografia que representa uma fonte importantíssima<br />

para os estudos da sua socieda<strong>de</strong>. Alguns dos problemas que expõe Marc Ferro<br />

no seu famoso ensaio escrito em 1964, Société du XXe siècle et histoire cinématographique,<br />

bloquearam por muitos anos o uso do cinema como fonte histórica na Itália.<br />

Em uma perspectiva analítica e cronológica se tentará <strong>de</strong>linear as problemáticas e as perc-<br />

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perctivas <strong>de</strong>ste campo <strong>de</strong> pesquisa, propondo chaves <strong>de</strong> leituras específicas <strong>de</strong> algumas das<br />

obras relevantes.<br />

“Mulheres Chora<strong>de</strong>iras”: <strong>História</strong> cultural<br />

formada a partir dos mitos e da oralida<strong>de</strong><br />

Mônica do Corral Vieira (UFPA)<br />

boincavieira@hotmail.com<br />

Mulheres Chora<strong>de</strong>iras é um conto <strong>de</strong> Fabio Castro presente no livro Terra dos Cabeçudos,<br />

<strong>de</strong> 1984. O estudo <strong>de</strong>ste conto visa explorar os diferentes tipos <strong>de</strong> realismo existentes nesta<br />

obra, através do estudo dos mitos e da oralida<strong>de</strong> que envolve a criação do conto em questão<br />

e sua propagação.<br />

Os mitos e a oralida<strong>de</strong> possibilitam uma (re)construção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> conhecimentos<br />

que permeiam a ativida<strong>de</strong> da leitura (conhecimentos artístico, cultural, social, filosófico<br />

e histórico) e enriquecem/(re)afirmam a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana. Preten<strong>de</strong>-se estudar<br />

os elementos literários e tipos <strong>de</strong> realismo/realida<strong>de</strong> constituintes <strong>de</strong>sta obra - e <strong>de</strong> seu curta<br />

metragem homônimo - para relacioná-los à outras leituras, tais quais sua aproximação/semelhança<br />

a fatos históricos, mitos, representações, oralida<strong>de</strong> e outras literaturas em geral.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong>, mito, oralida<strong>de</strong>.<br />

As lentes da intolerância: representações do neofascismo<br />

e <strong>de</strong> skinheds no cinema do século XXI<br />

Paulo Roberto Alves Teles (UFS)<br />

pauloteles_aju@hotmail.com<br />

A formação <strong>de</strong> tribos urbanas e grupos marcados pela intolerância tem sido presente no<br />

alvorecer do século XXI. Nitidamente influenciado por i<strong>de</strong>ias fascistas, esses grupos têm<br />

disseminado o seu ódio e a sua violência a minorias como ju<strong>de</strong>us, negros e homossexuais.<br />

Diante disso, a pesquisa analisou as diferentes formas <strong>de</strong> representação <strong>de</strong>sses grupos na<br />

recente produção fílmica do século XXI. Selecionamos para isso as películas: Evil – Raízes do<br />

mal (2003), Diário <strong>de</strong> um skinhead (2005), Steel Toes (2006) e A Onda (2008) por acreditar<br />

que estas reúnem aspectos interessantes sobre o tema, além disso, tais produções abordam,<br />

em perspectivas diferenciadas, os problemas gerados pela perda gradativa da humanida<strong>de</strong> e<br />

pela adoção <strong>de</strong> posturas éticas questionáveis.<br />

Palavras-chave: cinema, intolerância, representações<br />

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O cinema em Belém do Pará nos tempos<br />

da borracha (1896-1914)<br />

Pere Petit Penarrocha (UFPA)<br />

petitpere@hotmail.com<br />

Esta comunicação faz parte da pesquisa atualmente em andamento sobre os pioneiros do<br />

cinema mudo em Belém do Pará, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras exibições <strong>de</strong> imagens através do Vitascope<br />

<strong>de</strong> Thomas Edison, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1896, e do cinematógrafo dos irmãos Augusto e<br />

Louis Lumière, um ano <strong>de</strong>pois, até o que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar boom do cinema na capital do<br />

Pará a partir da inauguração <strong>de</strong> salas <strong>de</strong>stinadas à exibição exclusiva <strong>de</strong> filmes e documentários<br />

e a criação da primeira produtora <strong>de</strong> documentários em 1911, a firma <strong>de</strong> The Pará Films.<br />

Também discutiremos o impacto no mundo cultural e cinematográfico belemense da crise<br />

econômica que sofre a capital paraense após a queda do valor no mercado internacional do<br />

preço da borracha exportada pelo Brasil.<br />

Bonnie e Cly<strong>de</strong>: uma biografia <strong>de</strong><br />

contravenção (anos 1930 e 1960)<br />

Soleni Biscouto Fressato<br />

Doutora em Sociologia pela UFBA<br />

sol_fressato@yahoo.com.br<br />

Bonnie Parker e Cly<strong>de</strong> Barrow foram dois conhecidos ladrões <strong>de</strong> bancos e postos <strong>de</strong> gasolina<br />

que viveram os conturbados anos da <strong>de</strong>pressão econômica nos Estados Unidos. A gang<br />

Bloody Barrow Gang fazia tremer o comércio, pois era sinônimo <strong>de</strong> brutalida<strong>de</strong> impiedosa,<br />

mas também vista como um sinal <strong>de</strong> revolta contra a miséria em tempos <strong>de</strong> crise. A partir<br />

<strong>de</strong> 1932, quando ocorreu o primeiro assassinato, eles começaram a ser perseguidos ferozmente<br />

pela polícia norte-americana. Em 1934, num tiroteio com a polícia <strong>de</strong> Louisiana, eles<br />

foram assassinados. Em 1967, período em que os jovens contestavam e <strong>de</strong>safiavam o po<strong>de</strong>r, a<br />

história do casal vem novamente à tona com o filme Bonnie e Cly<strong>de</strong>. Warren Beatty (Cly<strong>de</strong>)<br />

e Faye Dunaway (Bonnie) se transformaram nos símbolos <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong> atitute da<br />

juventu<strong>de</strong> frente às imposições sociais e morais. Diante do exposto, a proposta da presente<br />

comunicação é analisar em que medida o filme Bonnie e Cly<strong>de</strong> é uma biografia do famoso<br />

casal <strong>de</strong> gângsteres norte-americano e, ao mesmo tempo, uma representação da juventu<strong>de</strong><br />

nos revolucionários anos 1960.<br />

Palavras-chave: Biografias cinematográficas, Representações sociais no cinema,<br />

Revolução e contestação.<br />

Projetando novos caminhos: Uma análise<br />

das ações culturais promovidas por Walter<br />

da Silveira e suas repercussões no campo<br />

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cinematográfico baiano nas décadas <strong>de</strong> 1950-60<br />

Thiago Barboza <strong>de</strong> Oliveira Coelho<br />

Mestrando do Programa Multidisciplinar <strong>de</strong> Pós-Graduação em Cultura e Socieda<strong>de</strong> da UFBA<br />

tbocoelho@yahoo.com.br<br />

As décadas <strong>de</strong> 1950 e 1960 se configuraram como um período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> efervescência das<br />

manifestações artístico-culturais na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador. Esta dinamização do campo cultural<br />

está associada diretamente à promoção <strong>de</strong> iniciativas pelo governo da Bahia e pela recémcriada<br />

UFBa. No entanto, o mesmo não se concretiza no campo das produções audiovisuais.<br />

Sem apoio <strong>de</strong> políticas públicas, a arte cinematográfica na Bahia <strong>de</strong>senvolveu-se através <strong>de</strong><br />

projetos e iniciativas implementadas pela socieda<strong>de</strong> civil. Neste contexto, Walter da Silveira<br />

emergiu como um dos mais relevantes fomentadores da cultura cinematográfica no estado.<br />

Entre as diversas ações promovidas por este, <strong>de</strong>staca-se principalmente a criação do Clube<br />

<strong>de</strong> Cinema da Bahia. O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre os projetos i<strong>de</strong>alizados<br />

por Walter da Silveira, evi<strong>de</strong>nciando a importância <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da cultura e da cinematografia no estado baiano.<br />

Palavras-Chaves: Cinema Baiano; Walter da Silveira; Clube <strong>de</strong> Cinema da Bahia.<br />

Caminhos que se cruzam: literatura e<br />

cinema em Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus<br />

Valquíria Lima<br />

Doutoranda em Estudos Literários e Culturais pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia<br />

valquirialima@ifba.edu.br<br />

O momento histórico atual nos apresenta obras literárias diferentes, agressivas, que compõem<br />

mosaicos para tematizar, radiografar e ressignificar a realida<strong>de</strong> capitalista, consi<strong>de</strong>rada<br />

cruel. Entre estas, está o romance Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus (1997), <strong>de</strong> Paulo Lins. Sua narrativa já<br />

traz em si a marca da rapi<strong>de</strong>z cinematográfica e requer novos olhares sobre o literário, que o<br />

entrecruzem com o cinematográfico e com a história.<br />

O que se coloca, então, para a crítica, nestes textos, é a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar com os mesmos<br />

elementos <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> outrora. Este novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escrita – a que Roberto Schwarz<br />

chama arte compósita – requer uma análise que se movimente entre as áreas <strong>de</strong> literatura e<br />

as <strong>de</strong>mais (Sociologia, <strong>História</strong>, Filosofia, Ciência Política e Economia), <strong>de</strong> modo que olhar<br />

para o literário não dissocie as suas diversas instâncias <strong>de</strong> composição. Em Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, a<br />

imaginação não é o único motor da escrita, nela, a relação com a realida<strong>de</strong> objetiva é a marca<br />

da literatura e, por isso mesmo, ela busca no cinema o motor da narrativa, provocando assim,<br />

um gran<strong>de</strong> encontro.<br />

Propõe-se então, neste trabalho, analisar, em que medida o romance Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus incorpora<br />

as técnicas do cinema em sua narrativa para conferir maior sentido á interpretação da história.<br />

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ST 3<br />

Memórias sobre homens e natureza – as representações<br />

do sertão brasileiro<br />

Incultos Sertões, Bárbaros e Civilizados: representações<br />

dos habitantes e dos espaços geográficos<br />

da vila <strong>de</strong> Cimbres, localizados nos antigos<br />

sertões <strong>de</strong> Ararobá <strong>de</strong> Pernambuco (1762-1867)<br />

Alexandre Bittencourt Leite Marques<br />

Mestrando em <strong>História</strong> Social pela UFRPE<br />

alexandre.bittencourt@hotmail.com<br />

Os informes mais antigos sobre as regiões que hoje são conhecidas como agreste e sertão <strong>de</strong><br />

Pernambuco vêm <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da colonização portuguesa. Ao passo que avança a expansão<br />

colonial em direção ao interior, aparecem cada vez mais informações, <strong>de</strong>scrições e relatos sobre<br />

as paisagens geográficas e os habitantes nela inseridos. O presente trabalho tem por objetivo<br />

analisar as representações feitas pela administração <strong>de</strong> Pernambuco sobre os habitantes e os<br />

espaços geográficos da vila <strong>de</strong> Cimbres, inserida nos antigos sertões <strong>de</strong> Ararobá. Utilizaremos<br />

como fontes documentais, alvarás petições, ofícios e cartas – localizados no Livro da Criação da<br />

Vila <strong>de</strong> Cimbres. Nesse sentido, os documentos administrativos constituem em uma rica fonte<br />

<strong>de</strong> representações, on<strong>de</strong> termos como incultos sertões, <strong>de</strong>sertos sertões, vileza, honra, bons<br />

costumes, bárbaros, civilizados, simbolizavam <strong>de</strong>signações dos espaços geográficos e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

dos atores sociais envolvidos.<br />

Palavras-chave: representações, sertão, colonização<br />

Arthur Cézar Reis e as representações sobre homens<br />

e natureza na história da cobiça estrangeira<br />

da Amazônia (Década <strong>de</strong> 1960)<br />

Alexandre Pacheco<br />

Doutor em Sociologia pela Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista<br />

nelsonfonseca4@hotmail.com<br />

Ao longo da obra A Amazônia e a Cobiça Internacional do historiador Arthur Cézar Reis temos<br />

o sentido <strong>de</strong> uma história geral da cobiça sobre a Amazônia <strong>de</strong>terminada pela ótica do<br />

nacionalismo <strong>de</strong>nunciador <strong>de</strong>ste autor. Nacionalismo que se nutriu <strong>de</strong> uma linguagem que<br />

mobilizou efeitos retóricos para a construção <strong>de</strong> um enredo <strong>de</strong> suspeição sobre as ações dos<br />

povos estrangeiros em relação à Amazônia e <strong>de</strong> suspense sobre o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>la, na qual culminou<br />

com a construção <strong>de</strong> uma narrativa genérica não só para explicar e interpretar, mas também<br />

<strong>de</strong>monstrar <strong>de</strong> forma vivida o conjunto dos acontecimentos históricos ligados à cobiça<br />

dos estrangeiros sobre a hiléia amazônica. Narrativa genérica esta, em que o historiador pro-<br />

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curou expressar - a partir das escolhas literárias e científicas presentes em sua memória sobre<br />

os fatos passados que analisou - a representação da tenacida<strong>de</strong> do elemento português, do<br />

luso-brasileiro e do próprio homem brasileiro em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a Amazônia mesmo diante das<br />

precárias condições históricas <strong>de</strong>stes povos para o domínio <strong>de</strong> sua natureza. Representação,<br />

enfim, que na década <strong>de</strong> 1960, <strong>de</strong>veria servir para uso objetivo dos brasileiros em sua luta<br />

para <strong>de</strong>fesa, manutenção e histórico esforço <strong>de</strong> integração da Amazônia ao restante do país.<br />

Homens e natureza no sertão <strong>de</strong> Henry Koster<br />

Eduardo Girão Santiago<br />

Professor Adjunto do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Ciências Sociais da UFC<br />

egsantiago@terra.com.br<br />

O artigo preten<strong>de</strong> trazer à tona homens e paisagens do sertão nor<strong>de</strong>stino, a partir <strong>de</strong> relatos<br />

<strong>de</strong> Henry Koster no início do século XIX. Será apresentado um “sertão legítimo, com seca,<br />

léguas sem-fim, gado morrendo, solidão, resistência, heroísmo, primitivida<strong>de</strong>”, como atestou<br />

Luís <strong>de</strong> Câmara Cascudo. Será analisada a interação homem e natureza no sertão, a<br />

sua cultura, o seu perfil psicológico, a sua alimentação, as práticas <strong>de</strong> comércio e a vida <strong>de</strong><br />

vaqueiro nas fazendas <strong>de</strong> gado. A leveza e naturalida<strong>de</strong> da narrativa do “exato” Koster será<br />

explicitada neste artigo, <strong>de</strong>scortinando a comparação do sertanejo nor<strong>de</strong>stino e do peão das<br />

terras vizinhas do Prata, o teor das conversas dos sertanejos e a sua intrigante moral num<br />

território sem lei. A fonte <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>ste artigo será o livro Viagens ao Nor<strong>de</strong>ste do Brasil,<br />

com prefácio e comentários <strong>de</strong> Câmara Cascudo, que reconhece em koster o pioneirismo na<br />

construção da etnografia tradicional do sertanejo nor<strong>de</strong>stino no seu cenário.<br />

Palavras-chave: Sertão. Etnografia. Henry Koster<br />

O sertão brasileiro e a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: imagens<br />

na literatura e no cinema contemporâneos<br />

Émile Cardoso Andra<strong>de</strong><br />

Doutoranda em Literatura na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

emilecardoso@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem como objetivo investigar <strong>de</strong> que forma a literatura e o cinema brasileiro contemporâneos<br />

representam o sertão; para isso utilizaremos o romance “Galileia” (2008) <strong>de</strong> Ronaldo<br />

Correia <strong>de</strong> Brito e o filme “Árido Movie” (2006) <strong>de</strong> Lírio Ferreira. A i<strong>de</strong>ia é discutir as relações<br />

entre as representações artísticas do espaço sertanejo e as novas perspectivas políticas e<br />

estéticas que envolvem as mesmas. Outro intuito <strong>de</strong>ste estudo é enten<strong>de</strong>r como a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong> o sertão como lugar e não-lugar <strong>de</strong> uma possível i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira que<br />

se configura diferentemente <strong>de</strong> contextos anteriores, como a literatura <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha e<br />

Graciliano Ramos e o Cinema Novo <strong>de</strong> Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos.<br />

Palavras chaves: sertão, literatura e cinema<br />

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Paisagem-labirinto: notando espaços sertanejos<br />

Eu<strong>de</strong>s Marciel Barros Guimarães<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela UNESP/Franca<br />

eu<strong>de</strong>sembg@yahoo.com.br<br />

Nesta comunicação, pretendo refletir sobre algumas representações do sertão no início do<br />

século XX, especialmente os sertões baianos. A partir da apreciação do relato <strong>de</strong> uma viagem<br />

empreendida pelo alemão Otto Quelle, em 1927, da Bahia meridional ao vale do rio São<br />

Francisco, recupero algumas imagens do interior baiano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os lugares que “receberam<br />

vida nova com as estradas <strong>de</strong> ferro” às “monótonas paisagens <strong>de</strong> caminhos poeirentos que se<br />

estendiam para o Oeste. O propósito do pesquisador alemão em conhecer objetivamente o<br />

interior baiano foi orientado pelo duplo perfil que se formou no pensamento social sobre o<br />

sertão: uma região atrasada, “on<strong>de</strong> raras são as lavouras e, mais raros e pobres, os povoados”,<br />

mas também um espaço portador <strong>de</strong> uma autenticida<strong>de</strong> brasileira. A paisagem no relato é<br />

bastante expressiva – ora labiríntica e perigosa, ora monótona e fatigante – e encontra-se<br />

com outras narrativas como o romance “Vida Sertaneja”, <strong>de</strong> Prado Ribeiro, com que o cientista<br />

teve contato durante a viagem.<br />

Palavras-chave: paisagem, sertões baianos, relato <strong>de</strong> viagem<br />

Caatinga e Catingueiros: a paisagem e a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social no Sertão Baiano. 1850-1910<br />

Flávio Dantas Martins<br />

flaviouibai@yahoo.com.br<br />

Analisa-se a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social dos catingueiros na região <strong>de</strong> Irecê-Bahia, entre<br />

o fim do século XIX e início do século XX. Investiga-se a importância das relações <strong>de</strong> trabalho<br />

estabelecidas entre os sujeitos camponeses na ocupação da região, as contradições e contatos<br />

nas fronteiras com as regiões ribeirinhas e garimpeiras e a transformação dos sentidos<br />

dados à paisagem da caatinga e às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na mesma. Utiliza-se como fontes<br />

documentação eclesiástica, cartorial, relatos <strong>de</strong> viajantes e literatura oral. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

recorte <strong>de</strong> uma pesquisa em andamento, a nível <strong>de</strong> mestrado, a respeito da <strong>História</strong> Agrária<br />

da região <strong>de</strong> Irecê-Bahia.<br />

Águas que curam, embelezam, rejuvenescem:<br />

as representações da natureza na estância<br />

hidromineral <strong>de</strong> araxá mg<br />

Glaura Teixeira Nogueira Lima<br />

Professora Adjunta da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Triângulo Mineiro<br />

glauraaraxacvb@gmail.com<br />

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As virtu<strong>de</strong>s que brotam da água correm por tempos, espaços e culturas diferentes. Líquido<br />

vital, a água purifica, consagra, higieniza, alimenta, cura, rejuvenesce e embeleza. A água<br />

traz fruição, proporcionando situações muitas vezes inéditas como recreio, repouso e relaxamento<br />

junto aos ambientes que a acolhem, naturais ou construídos. Este artigo visa à<br />

discussão das formas <strong>de</strong> aproveitamento da água como um bem valioso e sua importância<br />

na construção física e imaginária da estância hidromineral <strong>de</strong> Araxá, MG, no período entre<br />

o final do século XIX e meados do XX.<br />

Os muitos sentidos do sertão: imagens e representações<br />

do sertão <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Iara Toscano Correia<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> pela UFU<br />

iaratoscano@hotmail.com<br />

Minas, são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais. (João<br />

Guimarães Rosa)<br />

O termo sertão foi cunhado pelos portugueses, entre os séculos XII e XIV, e expressava bem a<br />

noção expansionista e imperialista que caracterizou o período colonial em sua primeira fase<br />

na Península Ibérica. Grafado ‘certão’ ou ‘sertão’, era usado para <strong>de</strong>signar as áreas situadas no<br />

interior <strong>de</strong> Portugal, distantes <strong>de</strong> Lisboa. A partir do século XV essa terminologia também foi<br />

usada para nomear espaços vastos, interiores, situados <strong>de</strong>ntro ou no entorno das possessões<br />

recém-conquistadas, em que pouco ou nada se sabiam sobre elas. Este estudo analisa os<br />

<strong>de</strong>slocamentos semânticos ocorridos no termo e sua aplicação no sertão mineiro. Hoje, essa<br />

terminologia é reivindicada pelos grupos sociais que a ostentam como uma marca capaz <strong>de</strong><br />

legitimar um modo <strong>de</strong> vida que é próprio <strong>de</strong> um povo. Em meio à intensa mercantilização<br />

dos bens simbólicos, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sertaneja tornou-se, não só, mas também, um produto<br />

viável na dinamização das economias locais.<br />

Palavras-chave: sertão mineiro; viajantes estrangeiros; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sertaneja<br />

Os sertões da província maranhense durante a<br />

experiência regencial no Maranhão<br />

Léa Maria Carrer Iamashita<br />

Doutora em <strong>História</strong> Social pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

leacarrer@yahoo.com.br<br />

No estudo da cultura política da Rebelião Regencial da Balaiada, cujos cenários foram os<br />

sertões do Maranhão e Piauí (1838-1841), trabalhamos com a interpretação e codificação da<br />

categoria “sertão” a partir do imaginário social e do entendimento do espaço como produto<br />

<strong>de</strong> uma prática cultural e simbólica. A visão etnocentrista <strong>de</strong> nossa historiografia tradicional<br />

esten<strong>de</strong>u a visão negativa dos indígenas aos mestiços e aos sertanejos <strong>de</strong> uma forma geral.<br />

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Tal postura foi articulada à percepção <strong>de</strong> “sertão” como um vazio, tentando transmitir assim<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma ocupação mais legítima. O sertão que emergiu <strong>de</strong> nossas fontes foi o sertão<br />

da fronteira, que incluía matas fechadas e pantanosas, que abrigavam os escravos fugidos e<br />

também os índios e os mestiços livres, a “população <strong>de</strong> cor” que fugia do recrutamento militar,<br />

do controle e da exclusão violenta do Estado Mo<strong>de</strong>rno e da “socieda<strong>de</strong> civilizada”. Um<br />

sertão que ficou no “vazio” legitimador da ação expansionista da fronteira.<br />

Palavras-chaves: Sertão, Maranhão, Fronteira.<br />

A face do sertão em Árido movie: uma<br />

representação pós-mo<strong>de</strong>rna?<br />

Leonardo Assunção Bião Almeida<br />

Mestrando em Letras pela UESC<br />

leonardobiao@gmail.com<br />

Ricardo Freitas <strong>de</strong> Oliveira<br />

Doutor em comunicação pela UESC<br />

ricofrei@gmail.com<br />

O sertão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Romantismo na literatura brasileira, vem sendo tomado como ambiente<br />

<strong>de</strong>tentor da essência <strong>de</strong> uma possível “brasilida<strong>de</strong>”. Mas é, sobretudo, a partir do Mo<strong>de</strong>rnismo<br />

que tal ambientação ganhará maiores proporções, ao comprometer-se a criar uma “genuína”<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e nacional brasileira. O Cinema novo, her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>ssa concepção mo<strong>de</strong>rnista,<br />

foi o responsável por consolidá-la como temática crucial no terreno das representações,<br />

trazendo para as telas um sertão palco <strong>de</strong> questionamentos políticos e sociais, como<br />

visto em Deus e o diabo na terra do Sol, <strong>de</strong> Glauber Rocha. A chamada “fase <strong>de</strong> retomada” da<br />

cinematografia brasileira também lançará mão das representações do sertão, só que substituindo<br />

o caráter engajado, por uma visão mais subjetiva: ou seja, o sertão passa a ser palco<br />

<strong>de</strong> dilemas pessoais. Nesta comunicação, propomo-nos analisar o cinema contemporâneo<br />

brasileiro, através do filme Árido Movie, <strong>de</strong> Lírio Ferreira, que se apresenta como potencial<br />

ilustração para se pensar essas mudanças da representação do sertão, ao mostrar o diálogo da<br />

cultura sertaneja com a cultura pop mundializada, <strong>de</strong>lineando um cenário on<strong>de</strong> o passado<br />

(mo<strong>de</strong>rno) e o presente (pós-mo<strong>de</strong>rno) coabitam.<br />

Palavras-chave: cinema brasileiro, sertão, representação.<br />

A Guerra do fim do mundo - o imaginário<br />

sobre Canudos e o sertão brasileiro<br />

Libertad Borges Bittencourt<br />

Professora adjunto IV da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

libertadborges@yahoo.com.br<br />

A partir das mudanças que perpassaram a escrita da <strong>História</strong>, a literatura foi re valorizada<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

no que diz respeito às possibilida<strong>de</strong>s apresentadas por essa “fonte” em expressar o tempo<br />

histórico. Nesse sentido, a proposta <strong>de</strong>ssa apresentação é problematizar como uma obra<br />

literária: A guerra do fim do mundo, <strong>de</strong> Mario Vargas Lhosa, recorre a um acontecimento<br />

histórico para <strong>de</strong>svelar o <strong>de</strong>sconhecimento sobre realida<strong>de</strong>s díspares que caracterizaram a<br />

célebre dicotomia entre civilização e barbárie. O autor alcança uma conexão peculiar, conferindo<br />

espaço, também, a regiões e tipos pouco consi<strong>de</strong>rados, quando se trata <strong>de</strong> pensar<br />

a nação que se buscava forjar no final do oitocentos no Brasil. Sua obra é perpassada pela<br />

perplexida<strong>de</strong> e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o que se passava naquele sertão longínquo e<br />

inóspito, sentimentos ampliados pelas sucessivas e aparentemente inexplicáveis <strong>de</strong>rrotas do<br />

exército nacional nos embates com “um bando <strong>de</strong> sertanejos maltrapilhos”. O livro reproduz<br />

o estranhamento entre as distintas regiões do país, particularmente com respeito ao sertão.<br />

Diálogos com Guimarães Rosa: tempos, espaços e<br />

memórias <strong>de</strong> velhos pioneiros do Gran<strong>de</strong> Sertão<br />

(1860-1920)<br />

Maria Zenei<strong>de</strong> Carneiro Magalhães <strong>de</strong> Almeida<br />

Professora Adjunto do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Educação e do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Educação da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

belalorena8@yahoo.com.br<br />

O escritor Guimarães Rosa traz em seus romances, referências sobre paisagens, cenários,<br />

lugares e personagens, on<strong>de</strong> já existiam\ou surgiram povoados, vilas e cida<strong>de</strong>s que passaram<br />

a ter visibilida<strong>de</strong> social por meio das suas narrativas. O texto aqui proposto tem como foco<br />

principal a reconstrução das memórias <strong>de</strong> antigos pioneiros <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> povoamento e<br />

ocupação humana próximos à área do Parque Nacional Gran<strong>de</strong> Sertão. Busco contrapor e<br />

dialogar com representações sobre o sertão que enfatizam o atraso cultural e isolamento<br />

como obstáculos para sua inserção no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do país. Como também,<br />

aquelas que ressaltam a importância da contribuição positiva ou negativa <strong>de</strong>sses aspectos<br />

regionais na construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Ancoro nas abordagens sobre cultura e<br />

memória como linhas investigativas que privilegiam a relevância social e subjetiva do ser e<br />

do viver sertanejos presentes na produção literária brasileira em diferentes contextos.<br />

Palavras-chave: Memória; Pioneiros do Gran<strong>de</strong> Sertão; Guimarães Rosa.<br />

O Gran<strong>de</strong> Sertão <strong>de</strong> Minas é Gerais<br />

Mônica Celeida Rabelo Nogueira<br />

Profa. Adjunta da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Planaltina (FUP), Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

celeida@unb.br<br />

Gerais é a <strong>de</strong>nominação no Norte <strong>de</strong> Minas Gerais, dada pela gente local aos topos <strong>de</strong> serra,<br />

planaltos, encostas e vales dominados por Cerrado. É também o território reivindicado e um dos<br />

mais importantes vetores no processo <strong>de</strong> afirmação i<strong>de</strong>ntitária dos Geraizeiros, oferecendo el-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ementos discursivos e perfomativos <strong>de</strong> justificação para as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>sse grupo, numa ampla<br />

arena <strong>de</strong> articulação política. O recorte por bioma é operado em muitos <strong>de</strong>sses contextos e, por<br />

isso, oferece elementos elucidativos das dinâmicas específicas ao processo <strong>de</strong> reelaboração i<strong>de</strong>ntitária<br />

e reivindicação territorial dos Geraizeiros. Dito <strong>de</strong> outro modo, o Cerrado (ou os Gerais)<br />

é, especialmente nos últimos anos, elemento <strong>de</strong> marcação da diferença para os Geraizeiros e<br />

fonte <strong>de</strong> simbolizações importantes no processo <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, enquanto<br />

população tradicional. Mas seria pouco tomar os Gerais como simples sinônimo <strong>de</strong> Cerrado.<br />

Essa categoria êmica merece ser objeto específico <strong>de</strong> análise - por si mesma e em relação a outras<br />

que a ela foram associadas ao longo da história. Por isso, empenho-me neste trabalho em <strong>de</strong>limitar<br />

os Gerais, como entida<strong>de</strong> histórica e geográfica, num exercício interdisciplinar, em que<br />

procuro articular elementos <strong>de</strong> geografia, história, ecologia, antropologia e mesmo literatura,<br />

para apreen<strong>de</strong>r esse espaço/lugar em suas muitas faces, humanamente habitado e construído,<br />

através <strong>de</strong> distintos fluxos históricos. Por meio da abordagem <strong>de</strong> diferentes fontes documentais<br />

e explorando a permeabilida<strong>de</strong> entre essas narrativas, procuro tomar contato com o acervo cultural<br />

que preenche os Gerais <strong>de</strong> múltiplos e vigorosos sentidos, ainda hoje socialmente operados<br />

pelos regionais e pelos próprios Geraizeiros.<br />

Palavras-chaves: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, territorialida<strong>de</strong>, representações sociais.<br />

Entre traças e cupins: Representações da<br />

escravidão em registros documentais escritos<br />

Murilo Borges Silva<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

muriloborges.historia@gmail.com<br />

O presente estudo integra um contexto maior que se propõe a investigar o processo <strong>de</strong><br />

abolição e o pós-abolição no município <strong>de</strong> Jataí. Entretanto, para que fosse possível discutir<br />

essa temática fez-se necessário um retorno ao período da escravidão com o intuito <strong>de</strong> perceber<br />

as representações sobre a vida cativa nos sertões goianos. Para tanto, fizemos dialogar<br />

o senso <strong>de</strong>mográfico realizado em 1872, documentos cartoriais do período compreendido<br />

ente 1872 a 1888 e bibliografia sobre o tema, percebendo como se <strong>de</strong>u a dinâmica <strong>de</strong> compra<br />

e venda <strong>de</strong> escravos, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s e solidarieda<strong>de</strong>s construídas no cativeiro, a<br />

resistência ao sistema escravista e a espera pela liberda<strong>de</strong>. Há no texto a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

que a escravidão na região, apesar <strong>de</strong> se tratar das últimas décadas do trabalho escravo,<br />

esteve consi<strong>de</strong>ravelmente presente no sudoeste <strong>de</strong> Goiás.<br />

Palavras-chave: escravidão, Jataí, documentos escritos<br />

Representações do sertão norte oriental<br />

do Brasil setecentista<br />

Paulo Henrique Marques <strong>de</strong> Queiroz Gue<strong>de</strong>s<br />

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Professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> do IFPE<br />

profpaulohenrique@gmail.com<br />

Nesta proposta <strong>de</strong> trabalho, centraremos a discussão nas várias dimensões simbólicas do<br />

sertão norte oriental do Brasil surgidas no período colonial (século XVIII). Assim, privilegiamos<br />

algumas das mais recorrentes representações do sertão colonial para enten<strong>de</strong>r como<br />

este espaço foi qualificado pelos contemporâneos. Destacamos, sobretudo, que as diversas<br />

concepções <strong>de</strong> sertão variaram no tempo (entre os séculos XVI e XVIII) <strong>de</strong> acordo com significativas<br />

mudanças conjunturais. Trata-se <strong>de</strong> conceber o sertão como “espaço-móvel” no<br />

qual observamos a associações <strong>de</strong>ste com alguns grupos étnicos (notadamente os índios<br />

Tapuia) e sociais (os quilombolas, os paulistas e os criminosos) que no entendimento dos<br />

homens da época atuavam neste espaço como se fora seu lócus privilegiado. Em todos estes<br />

casos o sertão era encarado como o lugar do “outro” e espaço <strong>de</strong> baixa institucionalida<strong>de</strong>.<br />

Neste sentido, a partir da análise <strong>de</strong> bibliografia especializada e fontes primárias emergiu<br />

um espaço-sertão que esteve, no período colonial, associado a <strong>de</strong>terminadas imagens que<br />

transitaram entre a rusticida<strong>de</strong>, incivilida<strong>de</strong>, heresia e liberda<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chaves: sertão; América portuguesa; representações.<br />

Excursões, Raids Automobilísticos e Expedições:<br />

o itinerário <strong>de</strong> um diário íntimo (1916-1920)<br />

Robson Mendonça Pereira<br />

Doutor em <strong>História</strong> pela UNESP<br />

robsonmenper@hotmail.com<br />

O interesse da elite paulistana pelo automobilismo, prece<strong>de</strong>ndo a própria constituição <strong>de</strong> um<br />

plano <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> rodagem, teve seu início com a fundação do Automóvel Clube <strong>de</strong> São<br />

Paulo em 1908, entida<strong>de</strong> que reunia um grupo <strong>de</strong> empresários e políticos ligados a famílias<br />

po<strong>de</strong>rosas. Nos anos 1910 tornou-se hábito percorrer com automóvel os caminhos poeirentos<br />

pelo interior, em passeios geralmente marcados por transtornos tal o péssimo estado em que<br />

se encontravam. O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Estado Altino Arantes registrou em seu diário <strong>de</strong> governo<br />

muitas <strong>de</strong>stas excursões e raids, a maioria com finalida<strong>de</strong> política. No seu texto percebe-se a<br />

utilização <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> representação literária para ressaltar o contraste entre as condições<br />

atrasadas dos locais visitados e os valores cosmopolitas representados pelo automóvel com o<br />

qual a elite cafeeira passara a conviver cotidianamente.<br />

Palavras-chave: mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, automóvel, diário.<br />

O Interior e a Interiorização do Brasil por<br />

Peixoto da Silveira – anos <strong>de</strong> 1950<br />

Wilton <strong>de</strong> Araujo Me<strong>de</strong>iros (UFG)<br />

wilton_68@hotmail.com<br />

Des<strong>de</strong> o período em que exerceu o mandato <strong>de</strong> Deputado Estadual em Goiás (1946/1950), o<br />

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médico José Peixoto da Silveira elaborou um discurso em que o interior <strong>de</strong> Goiás e do Brasil<br />

é contraposto à superficialida<strong>de</strong> do litoral. Trata-se da aplicação em termos locais da matriz<br />

dualista litoral/sertão, empregada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha, para a elaboração <strong>de</strong> um pensamento<br />

sobre a formação da Nação. Posteriormente a esse período, passando a atuar no<br />

po<strong>de</strong>r executivo estadual, Silveira vai aprofundar este pensamento, mostrando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

urbanização <strong>de</strong> Goiânia como o melhor exemplo para se construir a nova Capital Fe<strong>de</strong>ral no<br />

interior do Brasil, e, com isto, indicar a interiorização como vetor <strong>de</strong> expansão do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

nacional.<br />

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ST 4<br />

Lugares, Paisagens e Passagens Urbanas – história cultural<br />

na cida<strong>de</strong> contemporânea<br />

Uma leitura da cida<strong>de</strong>: a história oral e a produção<br />

do documentário sobre o bairro Santa Teresa,<br />

Boa Vista/RR<br />

Alfredo Clodomir Rolins <strong>de</strong> Souza<br />

Graduado em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Roraima<br />

camposrolins@hotmail.com<br />

André Nonato Alves King e Campos<br />

Acadêmico do curso <strong>de</strong> <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Roraima<br />

andrenonato82@hotmail.com<br />

An<strong>de</strong>rson <strong>de</strong> Brito Barbosa<br />

Acadêmico do curso <strong>de</strong> <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Roraima<br />

an<strong>de</strong>rsonbb7@hotmail.com<br />

Na história da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boa Vista ainda existem muitas lacunas. O aparecimento <strong>de</strong> alguns<br />

bairros a partir da década <strong>de</strong> 1990, geram indagações e estimulam a busca do conhecimento<br />

sobre esse processo <strong>de</strong> formação, o que é <strong>de</strong> suma importância para a história da cida<strong>de</strong>. As<br />

fontes relativas a esse processo <strong>de</strong> formação são quase escassas e as informações que dão<br />

conta do inicio do seu povoamento encontram espaço privilegiado nos relatos <strong>de</strong> seus moradores<br />

mais antigos.<br />

Neste sentido, escolhemos como objeto <strong>de</strong> estudo bairro o Santa Teresa, cujo povoamento se<br />

<strong>de</strong>u através <strong>de</strong> migrantes. Coletamos relatos audiovisuais e realizamos um documentário sobre<br />

o bairro, com o objetivo central <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o seu processo histórico <strong>de</strong> formação e povoamento,<br />

sendo as entrevistas com alguns dos moradores mais antigos as fontes principal.<br />

Ficou evi<strong>de</strong>nte o papel que os relatos <strong>de</strong>sempenham na história da cida<strong>de</strong>, na leitura <strong>de</strong> seus<br />

lugares e práticas e na forma como nela nos inserimos. É importante <strong>de</strong>stacar que as entrevistas<br />

e o documentário produzidos pelo projeto se constituem como excelentes mediadores<br />

no processo ensino/aprendizagem, pois seu uso como material didático dinamiza as aulas e<br />

incrementa e potencializa o estudo da história local e regional.<br />

Palavras chave: <strong>História</strong> oral, documentário, memória<br />

Historicida<strong>de</strong> do ócio, lazer e tempo livre no<br />

ethos contemporâneo<br />

Ana Camila García López<br />

Mestranda em <strong>História</strong> Cultural pela UnB<br />

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anarconda77@hotmail.com<br />

O tema do ócio tem sido muito polêmico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, contraposto ao “Direito ao trabalho”<br />

do movimento operário alemão em 1848, Paul Lafargue propus “O direito à preguiça”. Da<br />

preguiça ao lazer as coisas mudaram bastante: <strong>de</strong> uma concepção negativa e inútil passou<br />

a referir ativida<strong>de</strong>s úteis e <strong>de</strong>sejáveis, porém, não produtivas no contexto do capitalismo<br />

industrial. Muitos dizem que o lazer foi uma invenção do sistema produtivo, usado como<br />

estratégia <strong>de</strong> controle dos operários por parte das empresas. Tornou-se uma alternativa <strong>de</strong><br />

vida saudável física e mentalmente e, logo <strong>de</strong>pois, um direito dos cidadãos, como a saú<strong>de</strong>.<br />

No fundo, a discussão é filosófica: compromete uma questão <strong>de</strong> valores sociais e organização<br />

social. A alta estima do trabalho no Oci<strong>de</strong>nte, e do dinheiro como conseqüência <strong>de</strong>ste,<br />

explicam-se não pelo trabalho em si mesmo, mas pelo privilégio do lazer e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gastar. Este trabalho preten<strong>de</strong> mostrar o processo histórico <strong>de</strong> valorização do tempo livre e<br />

dos prazeres como parte integrante do ethos contemporâneo.<br />

Palavras-chave: ócio, ethos, contemporaneida<strong>de</strong><br />

Vivências e violências: Os populares na cida<strong>de</strong><br />

Dr. Antonio Clarindo Barbosa <strong>de</strong> Souza<br />

Professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> e Geografia na UFCG<br />

veclanu@yahoo.com.br<br />

As cida<strong>de</strong>s tem sido alvo <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> investigações acadêmicas nas últimas três décadas<br />

e no meio historiográfico viram-se ampliadas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enfoques sobre elas<br />

e seus habitantes.<br />

Dois dos sub-temas que mais chamam a atenção quando estudamos as cida<strong>de</strong>s são: a presença<br />

dos populares - quase sempre confundidos propositalmente com os pobres - e o aspecto<br />

da violência, também quase sempre associada somente a ação <strong>de</strong>stes moradores.<br />

Todos os estudos sobre a cida<strong>de</strong> que enfocaram as transformações urbanas ou as práticas<br />

sanitaristas mostram que os pobres sempre foram tidos como fontes <strong>de</strong> doenças e <strong>de</strong> perturbações<br />

da or<strong>de</strong>m pretendida pelos reformadores sociais.<br />

Jornais, obras memorialísticas, obras literárias, documentos oficiais das Prefeituras e das<br />

Câmaras <strong>de</strong> vereadores das pequenas e médias cida<strong>de</strong>s do Brasil, estão repletos <strong>de</strong> indícios<br />

<strong>de</strong> como as elites locais viam e entendiam a presença dos populares. Nestas fontes, que preten<strong>de</strong>mos<br />

explorar neste trabalho, os populares são vistos ora como massa <strong>de</strong> manobra para<br />

as empreitadas políticas das elites, ora como empecilho às suas tentativas <strong>de</strong> reformas.<br />

As formas <strong>de</strong> exclusão social dos populares nas cida<strong>de</strong>s é o nosso principal interesse neste texto.<br />

Enten<strong>de</strong>r como os discursos e as práticas dos populares foram cercadas, <strong>de</strong>limitadas, esquadrinhadas,<br />

normatizadas, ditas, discusadas e, muitas vezes interditadas, será o nosso mote <strong>de</strong> pesquisa,<br />

sendo as formas <strong>de</strong> violência praticadas contra os populares o nosso eixo norteador.<br />

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Entre Cartuns e Charges: Possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> análise documental historiográfico<br />

Bruna Dolores Witte<br />

Graduanda do curso <strong>de</strong> <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

brunawitte@hotmail.com<br />

Este artigo têm como objetivo discutir as fontes textos-Visuais (charges e cartuns) veiculadas<br />

no Jornal O Pasquim entre os anos <strong>de</strong> 1969-1973. Na primeira parte apresento a abordagem<br />

metodológica adotada. Em seguida, apresento o jornal e o contexto histórico no qual este era<br />

produzido.<br />

Palavras-chave: expressões gráficas <strong>de</strong> humor, história, ditadura militar.<br />

Cultura política e o direito à cida<strong>de</strong>: a eleição <strong>de</strong><br />

1959 em Florianópolis<br />

Camilo Buss Araujo (UNICAMP)<br />

camilobuss@hotmail.com<br />

Em 1959, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, capital <strong>de</strong> Santa Catarina, é palco <strong>de</strong> uma das mais disputadas<br />

eleições do estado. Em jogo o cargo <strong>de</strong> prefeito municipal, almejado por políticos dos principais<br />

partidos da cida<strong>de</strong>. No entanto, <strong>de</strong>sponta no cenário o candidato Manoel <strong>de</strong> Menezes,<br />

concorrendo pelo pequeno Partido Trabalhista Nacional (PTN). Assentado num discurso <strong>de</strong><br />

atendimento das <strong>de</strong>mandas populares e em campanhas moralizadoras, o candidato surge como<br />

favorito, colocando em xeque o po<strong>de</strong>r das duas maiores agremiações políticas do estado, a UDN<br />

e o PSD. O medo <strong>de</strong> vitória <strong>de</strong> um candidado tido como populista fez com que um tradicional<br />

jornal local alertasse para o perigo <strong>de</strong> esmagamento das elites por um “baixo populismo”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />

a união dos dois pricipais partidos como forma <strong>de</strong> resguardar o direito <strong>de</strong>sses setores<br />

<strong>de</strong> comandar. A disputa pelo executivo municipal, neste sentido, põe em evidência as tramas<br />

e tensões presentes no cotidiano da urbe, on<strong>de</strong> as camadas populares ocupam cada vez mais o<br />

espaço público. Sendo assim, esta comunicação tem como objetivo tecer algumas consi<strong>de</strong>rações<br />

sobre este “tempo da política”. Verificar os rituais e interdições que o fazem um período<br />

<strong>de</strong> conflito autorizado, no qual as clivagens da socieda<strong>de</strong> explicitam-se. Nesta perspectiva, é<br />

impossível analisar as questões políticas em sentido amplo sem i<strong>de</strong>ntificar suas conexões com<br />

as relações urbanas e a construção da cida<strong>de</strong>. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a cultura política<br />

(ou a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas) e suas imbricações com as dinâmicas proporcionadas pelas transformações<br />

urbanas. De certa forma, parte do que está em jogo durante o processo eleitoral são<br />

os limites da participação popular nas questões da cida<strong>de</strong>, ou seja, a <strong>de</strong>limitação das fronteiras<br />

da luta por direitos.<br />

Da “Calle <strong>de</strong>l Cartucho” a “Cida<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>”:<br />

transformações contemporâneas na paisagem ur-<br />

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bana do centro histórico <strong>de</strong> Bogotá (Colômbia)<br />

Carlos José Suárez G.<br />

Mestrando em antropologia pela UFF<br />

achiscaquin@gmail.com<br />

No presente ensaio buscarei articular uma série <strong>de</strong> leituras sobre a cida<strong>de</strong> e suas imagens, tomando<br />

como exemplo a renovação urbana do centro histórico da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bogotá (Colômbia).<br />

Centrar-me-ei nas dicotomias urbanas contemporâneas entre o esvaziamento e a preservação,<br />

relacionando os projetos <strong>de</strong> renovação com as paisagens que estes constroem. A cida<strong>de</strong>, além<br />

<strong>de</strong> ser o espaço vital do homem, apresenta-se nesta análise como um dispositivo <strong>de</strong> controle<br />

dos comportamentos. Na mo<strong>de</strong>rna construção da urbe existem pessoas que, sob a aparência<br />

do abjeto, do socialmente excluído, mantêm-se afastadas do sistema e, <strong>de</strong>sta forma, anônimas<br />

que são aferidas por estes processo <strong>de</strong> construção da nova cida<strong>de</strong>. Sendo assim, tentarei uma<br />

aproximação à nova história <strong>de</strong> dois setores particulares da cida<strong>de</strong>, objeto da intervenção urbana:<br />

a “Calle <strong>de</strong>l Cartucho” que foi substituída pelo “Parque Terceiro Milênio”, e o bairro “San<br />

Bernardo”, que será <strong>de</strong>struído para construir a “Cida<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>”.<br />

Palavras-chave: renovação urbana, moradores <strong>de</strong> rua, metrópole.<br />

Fugindo do traçado: análise das transformações<br />

urbanas em Araranguá causadas pela implantação<br />

da ferrovia e do rodovia BR 101 (1930-<br />

1980)<br />

Daniel Alves Bronstrup (UDESC)<br />

danielbronstrup@hotmail.com<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento urbano da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Araranguá está relacionado, no primeiro momento,<br />

com a planta da cida<strong>de</strong> produzida em 1886, a qual <strong>de</strong>terminou o crescimento do centro da cida<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, no <strong>de</strong>correr do século XX, dois acontecimentos fizeram surgir bairros que fugiram<br />

do padrão <strong>de</strong>terminado pela planta: a ferrovia foi o ponto <strong>de</strong> partida para um bairro além<br />

dos limites do rio Araranguá; e a rodovia iniciou um processo <strong>de</strong> crescimento linear seguindo<br />

seu traçado no território do município. Apesar <strong>de</strong> serem dois períodos distintos, eles se relacionam<br />

no momento em que a rodovia entra na cida<strong>de</strong> e passa a substituir a ferrovia. Como conseqüência<br />

<strong>de</strong>sse processo, temos o surgimento e o abandono <strong>de</strong> bairros que têm como localização<br />

o que Marc Augé chama <strong>de</strong> “não lugares”.<br />

Palavras-chave: Araranguá, Ferrovia, Rodovia, Transformações.<br />

Retóricas do Abandono: Usos e Apropriações do<br />

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Patrimônio Cultural em uma Cida<strong>de</strong> Contemporânea<br />

Diego Fin<strong>de</strong>r Machado<br />

Mestre em <strong>História</strong> pela UDESC<br />

diego_fin<strong>de</strong>r@yahoo.com.br<br />

Este trabalho, cujas reflexões fundamentam-se em pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas ao longo do curso<br />

<strong>de</strong> Mestrado em <strong>História</strong> da UDESC e em atuações em políticas públicas na área <strong>de</strong> cultura, tem<br />

como objetivo problematizar os usos e as apropriações contemporâneas do patrimônio cultural<br />

urbano em Joinville, Santa Catarina. Tendo como inquietação inicial o uso cotidiano do adjetivo<br />

“abandonado” para qualificar bens culturais localizados nas áreas centrais da cida<strong>de</strong>, alguns<br />

questionamentos conduzem as argumentações. Inexistem apropriações sociais e culturais dos<br />

lugares da cida<strong>de</strong> que costumeiramente empregamos o adjetivo “abandonado”? Quais histórias<br />

e quais memórias do tempo presente estes lugares nos remetem? Tentando problematizar estas<br />

questões, buscou-se ler a cida<strong>de</strong> pelas suas margens, <strong>de</strong>svelamos impertinentes experiências<br />

urbanas, silenciosas e silenciadas, que nos mostram práticas <strong>de</strong> espaço que transgri<strong>de</strong>m a maneira<br />

como habitualmente se compreen<strong>de</strong> a vida urbana.<br />

Palavras-Chave: Cida<strong>de</strong>; Patrimônio Cultural; Práticas Culturais.<br />

Apegos Polifônicos: Notas Dissonantes Constituidoras<br />

<strong>de</strong> Relações Pautadas na Fé e na Religiosida<strong>de</strong><br />

– Guaramirim/SC<br />

Elaine Cristina Machado<br />

Pós-graduanda em <strong>História</strong> pela UDESC<br />

nane_hist@yahoo.com.br<br />

As relações das comunida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaramirim- SC, nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970,<br />

são reconfiguradas e articuladas a partir do estabelecimento <strong>de</strong> práticas religiosas ligadas<br />

a incorporação <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> comportamento e condutas instaladas nas relações sociais<br />

presentes nas comunida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>. Além da fé que é estruturante e estruturadora <strong>de</strong> um<br />

discurso o corpo passa a ser uma referência <strong>de</strong> expressão ou não dos efeitos <strong>de</strong>sse discurso.<br />

As experiências com o sagrado a partir da presença oficial da Igreja Católica na cida<strong>de</strong> passam<br />

a ser resignificadas, uma vez que se institui oficialmente relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mais consistentes<br />

e evi<strong>de</strong>ntes, perpassadas por um discurso religioso ligado a um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> trabalho<br />

e progresso, o que sugere que o discurso articulado comungava intimamente com o po<strong>de</strong>r<br />

público municipal. Na medida em que este po<strong>de</strong>r religioso se concretiza através da imposição<br />

<strong>de</strong> uma “pedagogia da fé” o discurso utilizado passa a ser uma alternativa que serve<br />

como mecanismo <strong>de</strong> controle on<strong>de</strong> a convivência com o outro, o diferente, transformara-se<br />

em um terreno pouco transitado. É neste contexto, on<strong>de</strong> a fé é responsável por moldar as<br />

relações comunitárias, perpassadas pelas relações entre o sujeito e as instituições religiosas<br />

(Igreja Católica, Luterana e Assembléia <strong>de</strong> Deus) que estes sujeitos transitam e fazendo uso<br />

das memórias como fontes que buscamos discutir a ressonância dos códigos <strong>de</strong> linguagens<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

e as formas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificações presentes neste recorte histórico.<br />

Palavras-chave: Discurso religioso, relações comunitárias e subjetivida<strong>de</strong>s.<br />

Comunida<strong>de</strong> árabe islâmica em Florianópolis<br />

(SC) (1991-2008)<br />

Prof. Dr. Emerson César <strong>de</strong> Campos (UDESC)<br />

emecampus@yahoo.com.br<br />

Florianópolis (SC- Brasil) nas duas últimas décadas sofreu um incremento agudo <strong>de</strong> sua<br />

população, que chegou perto do dobro daquela <strong>de</strong> 1990. Neste crescimento houve também<br />

um expressivo aumento da população dita Estrangeira (documentada ou não). As populações<br />

estrangeiras, embora reconhecidas pelas ruas e no cotidiano da cida<strong>de</strong>, são pouco<br />

visibilizadas pela Historiografia. Essa Comunicação preten<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar entre a população<br />

imigrante estrangeira, aquela composta por árabes. Busca fugir <strong>de</strong> interpretações que ten<strong>de</strong>m<br />

a reduzir o imigrante aos estereótipos <strong>de</strong> suas origens étnicas, ou mesmo outras que<br />

privilegiam (e reduzem) os árabes aos seus fatores e contribuições econômicas e religiosas,<br />

quase que exclusivamente. Assim preten<strong>de</strong>mos realizar uma investigação cuidadosa sobre<br />

a constituição <strong>de</strong> territórios da Cultura árabe (palestinos, sírios, libaneses, jordanianos) na<br />

capital, e as re<strong>de</strong>s nas quais as manifestações e expressões sóciocultural daquela população<br />

se constroem. Procuro ainda nesta comunicação refletir sobre a constituição da Comunida<strong>de</strong><br />

Árabe Islâmica e <strong>de</strong>sta forma promover uma discussão sobre o movimento <strong>de</strong> populações e<br />

os fluxos migratórios no Tempo Presente. Por último, ao estudar a população árabe islâmica<br />

em Florianópolis, buscamos inseri-la nos <strong>de</strong>bates sobre a relação Oriente-Oci<strong>de</strong>nte e nisto<br />

também o crescimento do Islamismo. Através da <strong>História</strong> Oral po<strong>de</strong>mos conseguir e alcançar<br />

uma <strong>de</strong>scrição mais elaborada sobre a realida<strong>de</strong> experimentada pela população árabe em<br />

Santa Catarina (BR).<br />

Palavras-Chave: Estrangeiros – Imigrantes – Florianópolis – Árabes<br />

A volta do bon<strong>de</strong>: o presente entre o<br />

passado e o futuro na cida<strong>de</strong><br />

Fernando Augusto Souza Pinho (UFRJ)<br />

fernandoaspinho@yahoo.com.br<br />

Em 2007 a Prefeitura <strong>de</strong> Belém saudou o “retorno” do bon<strong>de</strong> em uma linha turística. Sua<br />

criação tinha origem em gestão municipal anterior (2001-2004) e fazia parte <strong>de</strong> um projeto<br />

<strong>de</strong> “revitalização” do centro histórico-comercial <strong>de</strong> Belém, cujo objetivo era “resgatar” uma<br />

<strong>de</strong>terminada imagem do centro, mais ligada à memória do ciclo da borracha na Amazônia.<br />

Contudo, esse acontecimento não é uma particularida<strong>de</strong> local, mas representa uma dispersão<br />

(mundial) <strong>de</strong> iniciativas relacionadas à gestão da mobilida<strong>de</strong> urbana e/ou à promoção do turismo<br />

e do patrimônio histórico-cultural. Em algumas cida<strong>de</strong>s, o bon<strong>de</strong> reapareceu “mo<strong>de</strong>rn-<br />

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izado”, com layout arrojado e como meio <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> média capacida<strong>de</strong>; em outras, com<br />

um <strong>de</strong>sign mais “saudosista”, serviu como um dos instrumentos <strong>de</strong> estímulo ao turismo. Este<br />

trabalho objetiva, portanto, analisar algumas iniciativas <strong>de</strong> (re)introdução do bon<strong>de</strong> como<br />

um importante elemento constitutivo do que hoje se diz ser “mo<strong>de</strong>rnização”/“revitalização”<br />

do espaço urbano.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong>s, bon<strong>de</strong>, revitalização urbana.<br />

Campeonatos, carnavais e réveillons ou cotidiano<br />

mo<strong>de</strong>rno dos clubes esportivos em Salvador,<br />

1899 – 1924<br />

Henrique Sena dos Santos<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana – BA<br />

henrisena@hotmail.com<br />

O surgimento dos esportes no início do século XX em Salvador esteve diretamente ligado à<br />

busca das elites em reconfigurar a noção <strong>de</strong> lazer da cida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> o final do século XIX, as<br />

elites urbanas, na tentativa empreen<strong>de</strong>r práticas culturais mo<strong>de</strong>rnas buscaram substituir<br />

festas religiosas, entrudos e outros divertimentos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>satualizados por lazeres<br />

mo<strong>de</strong>rnos como o cinema, o footing e os carnavais europeizados. Ao consi<strong>de</strong>rarmos este<br />

contexto, o objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é perceber como a fundação dos clubes esportivos<br />

em Salvador também representou para as elites uma tentativa <strong>de</strong> criar novas formas e espaços<br />

<strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnos. A partir da análise do perfil dos sócios, a estrutura dos<br />

clubes, bem como festas, eventos sociais e campeonatos esportivos organizados e protagonizados<br />

por estes a i<strong>de</strong>ia é compreen<strong>de</strong>r a emergência dos clubes esportivos no bojo da mo<strong>de</strong>rnização<br />

socioespacial da cida<strong>de</strong>. Ao final, oferecendo aos frequentadores um ambiente em<br />

que podiam conhecer novas pessoas e preten<strong>de</strong>ntes, flertar, participar <strong>de</strong> confraternizações<br />

e praticar esportes, enten<strong>de</strong>mos que os clubes e campeonatos constituíram novas paisagens<br />

mo<strong>de</strong>rnas da cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Cida<strong>de</strong>; Clubes esportivos; Sociabilida<strong>de</strong>s.<br />

Parques urbanos no contexto <strong>de</strong> Goiânia (GO):<br />

historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma paisagem<br />

Jorgeanny <strong>de</strong> Fátima Rodrigues Moreira<br />

Graduada em Turismo pelo Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> Goiás<br />

jorgeannyf@hotmail.com<br />

Clarinda Aparecida da Silva<br />

Doutoranda pelo Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio Ambientais da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

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clarindas@uol.com<br />

A conservação <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s durante a construção <strong>de</strong> Goiânia, visava o bem estar social<br />

proveniente da relação do homem com a natureza. Pedro Ludovico, i<strong>de</strong>alizador da capital<br />

goiana, almejou um projeto audacioso que pu<strong>de</strong>sse agregar a cida<strong>de</strong>, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, conforto<br />

e beleza. Atualmente, prevalece na mídia à imagem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida proporcionada pelas<br />

extensas áreas ver<strong>de</strong>s. A implantação <strong>de</strong> parques urbanos contribuiu para que Goiânia recebesse<br />

o título <strong>de</strong> 2° capital mais arborizada do mundo. Esses aspectos são <strong>de</strong>fendidos pela<br />

administração pública atual como forma <strong>de</strong> proporcionar qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida a população. A<br />

pesquisa visa i<strong>de</strong>ntificar a relação da comunida<strong>de</strong> local com estas áreas. Quais os significados<br />

e valores que os freqüentadores atribuem a estas paisagens? A aplicação <strong>de</strong> questionários,<br />

entrevistas e observação em quatro parques da cida<strong>de</strong> foram os recursos metodológicos<br />

utilizados para compreen<strong>de</strong>r estas questões.<br />

Palavras-chave: Parques urbanos. Paisagem. Mídia.<br />

<strong>História</strong> e cida<strong>de</strong> no tempo presente<br />

Luiz Felipe Falcão (UDESC)<br />

luiz.felipe@mailcity.com<br />

Os processos contemporâneos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização urbana, ao colocarem frente a frente experiências<br />

diferentes, como as que caracterizam indivíduos provenientes do campo e indivíduos<br />

habituados aos ambientes citadinos, ou também nativos que nasceram na própria<br />

cida<strong>de</strong> ou em suas imediações, e forasteiros que para lá se dirigiram pelos motivos mais<br />

variados, <strong>de</strong>lineiam um jogo intrincado <strong>de</strong> aproximação, recepção, afastamento, repulsão e<br />

permuta entre os diferentes segmentos socioculturais envolvidos, <strong>de</strong> tal maneira que seria<br />

uma simplificação afirmar que qualquer um <strong>de</strong>les apresenta comportamentos homogêneos,<br />

mesmo após a entrada em cena dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa (rádio, jornal impresso,<br />

cinema e televisão). Em outras palavras, e acerca <strong>de</strong> várias questões, existem afinida<strong>de</strong>s entre<br />

indivíduos provenientes do meio rural e do meio urbano, ou entre alguns “nativos” e alguns<br />

“estrangeiros”, na <strong>de</strong>fesa, por exemplo, <strong>de</strong> uma nova sensibilida<strong>de</strong> para com os animais e,<br />

<strong>de</strong> modo geral, com o meio ambiente, enquanto que outros não são refratários a um crescimento<br />

da cida<strong>de</strong> ao custo inclusive <strong>de</strong> prejuízos ambientais.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong>, cultura, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Das paisagens que não queremos ver - O processo<br />

<strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social dos catadores<br />

<strong>de</strong> material reciclável nas cida<strong>de</strong>s contemporâneas<br />

Marina Roriz Rizzo Lousa da Cunha<br />

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Professora, mestre, do curso <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> e Propaganda da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás e<br />

da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

marinaroriz@hotmail.com<br />

Nas cida<strong>de</strong>s contemporâneas, uma paisagem chama a atenção por suas contradições: as latas <strong>de</strong><br />

lixo. Nelas encontramos os principais e mais abundantes produtos <strong>de</strong> nosso tempo, os <strong>de</strong>scartes<br />

do consumo, mas ao mesmo tempo, representam o medo <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado out pela vida social,<br />

o receio <strong>de</strong> ser “jogado no lixo” – lugar em que ninguém quer estar. Sendo assim, o lixo é<br />

local dos excluídos e rejeitados, dos que possuem uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social <strong>de</strong>teriorada. E por ser<br />

assim consi<strong>de</strong>rado, é ambiente em que apenas poucos escolheriam estar por vonta<strong>de</strong> própria.<br />

Porém, para um grupo em especial, é a opção que resta, a forma que encontraram para sobreviver<br />

<strong>de</strong> forma lícita e almejar reconhecimento social: são os catadores <strong>de</strong> materiais recicláveis.<br />

Um grupo complexo e diversificado, sujeito a profunda rejeição social, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do lixo para<br />

sobreviver e para lutar pela mudança <strong>de</strong> sua condição, na tentativa <strong>de</strong> promover sua distinção<br />

como grupo social legítimo.<br />

Palavras-chave: Lixo, consumo, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Tessituras do urbano no Tempo Presente: o comércio<br />

<strong>de</strong> sexo nas variações <strong>de</strong> tempo/espaço e<br />

as <strong>de</strong>licadas subjetivida<strong>de</strong>s<br />

Marlene <strong>de</strong> Fáveri<br />

Professora do <strong>Departamento</strong> e Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> do<br />

Estado <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

mfaveri@terra.com.br<br />

Este trabalho focaliza a re<strong>de</strong> prostitucional no espaço urbano <strong>de</strong> Florianópolis/SC, heterossexual<br />

e diurna, observada através panfletos, cartões <strong>de</strong> visita e bilhetes entregues nas ruas da<br />

cida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se percebe a dinâmica das relações prostitutas/clientes, os anúncios provocadores,<br />

e a geografia das ruas e edifícios on<strong>de</strong> acontecem os programas <strong>de</strong> compra a venda <strong>de</strong> serviços<br />

sexuais. Estas fontes permitem análises da constituição <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s, das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

e da corporalida<strong>de</strong> no âmbito da cultura/consumo, bem como sobre mídias contemporâneas<br />

e práticas <strong>de</strong> prostituição, marcadas por hierarquias e jogos eróticos, pautando-se em interpretações<br />

que envolvem a categoria gênero para a análise histórica. Observam-se experiências<br />

<strong>de</strong> mulheres e <strong>de</strong> homens na circulação <strong>de</strong> uma mercadoria específica nas vias urbanas,<br />

constituindo-se uma re<strong>de</strong> informal <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong> sexo, configurada na clientela que paga por<br />

este serviço. Nota-se o ritmo em que predomina o imediato, a novida<strong>de</strong>, a pressa, o fugaz, com<br />

propagandas apelativas e pensadas para provocar esse ritmo. Neste sentido, a cida<strong>de</strong> e suas vias<br />

e locais ocupados para o comércio do sexo, possibilitam leituras e interpretações <strong>de</strong> fenômenos<br />

culturais no Tempo Presente.<br />

Palavras-chave: Comércio <strong>de</strong> sexo; Tempo Presente; Subjetivida<strong>de</strong>s e relações <strong>de</strong><br />

gênero.<br />

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“Cenas urbanas”: a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis<br />

na obra <strong>de</strong> Sérgio Bonson<br />

Michele Bete Petry<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela UFSC<br />

michepetry@yahoo.com.br<br />

Este trabalho traz como temática o estudo sobre as representações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis<br />

(SC) na obra <strong>de</strong> Sérgio Bonson. Artista e historiador, Bonson, como assim assinava seus<br />

trabalhos e ficou conhecido, nasceu em 13 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1949 e faleceu em 08 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2005. Como autodidata tornou-se caricaturista, chargista, cartunista, <strong>de</strong>senhista,<br />

aquarelista e artista plástico. Sérgio Bonson viveu parte consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> sua vida imerso no<br />

intrincado cotidiano da capital catarinense, morava no centro da cida<strong>de</strong> e por ali transitava<br />

sempre atento às paisagens, aos corpos e às falas que o inspiravam a criar suas obras.<br />

Neste estudo, em particular, tomaremos como fontes <strong>de</strong> pesquisa as aquarelas e <strong>de</strong>senhos<br />

que compõem a série intitulada pelo artista como “Cenas Urbanas” e que foi elaborada entre<br />

os anos <strong>de</strong> 1991 e 2005.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong> – arte - Bonson<br />

Leitura, como prática cultural, na<br />

cida<strong>de</strong> “civilizada”<br />

Orlinda Carrijo Melo<br />

Doutora em Educação pela UNICAMP<br />

carrijomelo@uol.com.br<br />

Essa pesquisa <strong>de</strong> natureza qualitativa, se inscreve na perspectiva da <strong>História</strong> Cultural, e<br />

analisa as práticas, representações e imagens da leitura e dos leitores da Biblioteca Pública<br />

Municipal <strong>de</strong> Goiânia, no período <strong>de</strong> 1936 a 1960. Cida<strong>de</strong> inventada, Goiânia representa uma<br />

nova configuração no Estado <strong>de</strong> Goiás, e também no sertão central do Brasil. Nesse sentido<br />

o sertão goiano consi<strong>de</strong>rado inculto e selvagem, busca com a construção <strong>de</strong> Goiânia seu<br />

pertencimento à nação brasileira e também à civilização européia, produzindo novas sociabilida<strong>de</strong>s<br />

e múltiplas sensibilida<strong>de</strong>s. O cotejo das fontes, livros, documentos e <strong>de</strong>poimentos<br />

<strong>de</strong> leitores da época <strong>de</strong>monstrou a importância que as práticas <strong>de</strong> leitura assumiram, entre<br />

outras práticas culturais, nas representações <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, progresso e cultura urbana,<br />

como processos “positivos” que levariam à consolidação Goiânia como a “cida<strong>de</strong> civilizada”.<br />

Foi possível perceber as relações dos leitores da cida<strong>de</strong> com a Biblioteca através das práticas<br />

<strong>de</strong> leitura ali <strong>de</strong>senvolvidas e também “ler e ver” os valores atribuídos à leitura, numa cida<strong>de</strong><br />

inventada, inserida no projeto político <strong>de</strong>senvolvimentista <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e interiorização<br />

do Brasil.<br />

Palavras-chave: leitura, cida<strong>de</strong>, história cultural.<br />

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Sociabilida<strong>de</strong>s em Florianópolis nas últimas décadas<br />

do século XX: uma leitura a partir da imprensa<br />

Rafael Damaceno Dias<br />

Doutorando no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Paraná<br />

rafaelcielo@yahoo.com.br<br />

Nas últimas décadas do século XX, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis vivenciou uma série <strong>de</strong> transformações<br />

urbanas e <strong>de</strong>mográficas que alteraram profundamente as sociabilida<strong>de</strong>s existentes<br />

no seu centro urbano. Isto motivou uma parcela dos cronistas e escritores locais a realizar um<br />

esforço para interpretar se tais transformações seriam ou não positivas para a cida<strong>de</strong>. Essa<br />

comunicação consiste em uma leitura do esforço empreendido por esses autores, especialmente<br />

no que se refere às suas leituras quanto ao <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> referências culturais<br />

que supostamente fariam parte do cotidiano dos florianopolitanos.<br />

Palavras-chave: i<strong>de</strong>ntificações – sociabilida<strong>de</strong>s - cida<strong>de</strong>.<br />

A Invenção da cida<strong>de</strong> Etnizada: <strong>História</strong> e Memória<br />

na Blumenau contemporânea. (1974 – 2002)<br />

Ricardo Machado<br />

Mestre em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

ricardomachado1982@gmail.com<br />

Blumenau é uma cida<strong>de</strong> situada no nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Santa Catarina e faz parte <strong>de</strong> uma região<br />

que passou a ser reconhecida como Vale do Itajaí. Esta <strong>de</strong>marcação, inicialmente ligada a<br />

uma localização geográfica – ao Rio Itajaí-Açu – hoje é interpretada como uma localização<br />

cultural. Esta localização é atravessada por elementos i<strong>de</strong>ntitários que constroem unida<strong>de</strong><br />

e sentido para palavras como imigração, trabalho, raízes e tradição. Neste projeto pretendo<br />

discutir este processo <strong>de</strong> invenção da cida<strong>de</strong> etnizada, através da constituição <strong>de</strong> um discurso<br />

histórico e dos investimentos em uma política da memória. Para isso, tomaremos como<br />

fonte aquilo que a cida<strong>de</strong> produziu no período <strong>de</strong> 1974 à 2000 relativo a sua própria história.<br />

Através dos documentos gerados a partir <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> celebrações e representações do<br />

passado histórico, buscamos estabelecer as séries e <strong>de</strong>monstrar as unida<strong>de</strong>s e rupturas <strong>de</strong>stes<br />

discursos que inventaram a Blumenau historicizada e etnizada. Dito <strong>de</strong> outra maneira, aqui<br />

os documentos serão lidos como acontecimentos que produziram uma historicida<strong>de</strong> para a<br />

cida<strong>de</strong>, e que por isso, sua produção, linguagem e enunciados serão objetos <strong>de</strong> análise.<br />

Polifonia paulistana: a Rua Augusta como<br />

espaço <strong>de</strong> sentidos<br />

Silvia Sasaki (UDESC)<br />

silsasaki@gmail.com<br />

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Importante via arterial da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, a Rua Augusta interliga não somente o centro<br />

da cida<strong>de</strong> ao bairro nobre dos Jardins, mas também conecta indivíduos das mais diversas<br />

classes sociais, gêneros e culturas, em um trânsito heterogêneo <strong>de</strong> sentidos e vozes.<br />

Ao mesmo tempo em que é estigmatizada pelos locais <strong>de</strong> prostituição, também é uma das<br />

áreas mais <strong>de</strong>senvolvidas e valorizadas da cida<strong>de</strong>. E, nos últimos anos, novamente está passando<br />

por processos transformadores – <strong>de</strong>sta vez, uma espécie <strong>de</strong> higienização visual e auditiva,<br />

através dos projetos “Cida<strong>de</strong> Limpa” e “Psiu”.<br />

Assim, através <strong>de</strong> uma breve análise dos grafittes em seus muros, dos a<strong>de</strong>sivos stickers colados<br />

pela rua anonimamente, das fachadas (agora sem neons), dos estabelecimentos comerciais<br />

e dos indivíduos que ali transitam ou moram, é possível traçar perspectivas <strong>de</strong> territorialida<strong>de</strong>s<br />

polifônicas, permeadas <strong>de</strong> história, e que também não cessam <strong>de</strong> se reestruturar.<br />

Palavras-chave: Rua Augusta, Cida<strong>de</strong>s, Polifonia.<br />

Os amores que não se <strong>de</strong>ixam dizer: relações amorosas<br />

e práticas sexuais na zona <strong>de</strong> meretrício<br />

Uelba Alexandre do Nascimento (UFPE)<br />

Doutoranda no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco na<br />

linha <strong>de</strong> Cultura e Memória<br />

uelba_ufcg@yahoo.com.br<br />

A prostituição é uma temática bastante ampla e que atualmente ganha espaço nas discussões<br />

entre historiadores, sociólogos e antropólogos. É interessante perceber que cada vez mais<br />

este tema se torna também uma chave para compreen<strong>de</strong>rmos um pouco mais sobre a lógica<br />

da cida<strong>de</strong>, socieda<strong>de</strong> e a construção <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s em que todos estão envolvidos. É<br />

através do cotidiano da zona <strong>de</strong> meretrício da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>, na Paraíba, entre<br />

1930 e 1950, que tentaremos mostrar neste artigo como se davam as relações amorosas<br />

e práticas sexuais na zona <strong>de</strong> meretrício, através dos processos criminais, na tentativa <strong>de</strong><br />

mostrar que o mundo da prostituição não era tão <strong>de</strong>sregrado e <strong>de</strong>generado como sugeriam as<br />

elites letradas da cida<strong>de</strong> e especialmente a justiça. Além disso, percebemos também que suas<br />

ações cotidianas são cheias <strong>de</strong> simbologias que efetivamente são compartilhadas por todos<br />

que moravam na zona <strong>de</strong> meretrício.<br />

Palavras-chave: Cida<strong>de</strong>, prostituição, relações amorosas.<br />

Cida<strong>de</strong>s dos mestres: Belém do Pará em<br />

memórias <strong>de</strong> professores<br />

Venize Nazaré Ramos Rodrigues<br />

Professora Assistente da Universida<strong>de</strong> do Estado do Pará, Depto. <strong>de</strong> Filosofia, Ciencias Sociais<br />

e Educação<br />

venizerodrigues@yahoo.com.br<br />

Pesquisa realizada com professores que atuaram na Educação Básica com objetivo <strong>de</strong> perce-<br />

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ber as mudanças ocorridas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belém com o advento da televisão, nos anos 60 do<br />

século passado. metodologia da <strong>História</strong> Oral orientou a investigação e permitiu que fossem<br />

selecionados 07(sete) narradores que (re)memoraram suas vivências em Belém dos meados<br />

do século XX, seguindo um roteiro que possibilitou mediar suas lembranças a partir dos objetivos<br />

da pesquisa. Recorreu-se a fontes bibliográficas para situar a realida<strong>de</strong> sócio histórico<br />

cultural da cida<strong>de</strong>, seguindo o fio condutor das memórias em suas diversas temporalida<strong>de</strong>s.A<br />

pesquisa ensejou (re)construir painéis urbanos da cida<strong>de</strong> que permitiram perceber o cotidiano<br />

<strong>de</strong> moradores e os <strong>de</strong>safios coletivos enfrentados naqueles tempos na cida<strong>de</strong>, como<br />

moradia, alimentação, luz, água, lixo, transporte, assim como os laços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> que<br />

se construíram nestas relações. Contribui para compreen<strong>de</strong>r a vida na cida<strong>de</strong> e as questões<br />

urbanas a partir dos sujeitos históricos e como estes forjaram experiências do viver urbano<br />

na Belém <strong>de</strong> outros tempos, fazendo ponte entre a história individual e a história coletiva.<br />

Palavras-chave: Belém; Memória; <strong>História</strong> Oral.<br />

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ST 5<br />

De la reinvención nacional a las circulaciones transnacionales.<br />

Los intelectuales <strong>de</strong> América Latina y el mo<strong>de</strong>rnismo<br />

<strong>História</strong>, política e literatura no discurso crítico<br />

da Revista Civilização Brasileira (1965 - 1968)<br />

Cristiano Pinheiro <strong>de</strong> Paula Couto<br />

Doutorando em <strong>História</strong> pela UFRGS<br />

cristianoppc@gmail.com<br />

Nesta comunicação, proponho uma análise da dimensão histórico-política presente no discurso<br />

crítico, sobre literatura, da Revista Civilização Brasileira. Manifestamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

a revista dirigida por Ênio Silveira, estrutura <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong><br />

esquerda brasileira durante os primeiros anos da ditadura, expressou, em sua secção literária,<br />

uma <strong>de</strong>fesa do realismo enquanto opção estética na qual o <strong>de</strong>sinteresse i<strong>de</strong>ológico não foi exatamente<br />

a nota prepon<strong>de</strong>rante. Ao invés disso, essa <strong>de</strong>fesa do realismo, ao constituir-se pelo<br />

uso <strong>de</strong> gêneros <strong>de</strong> discurso doxológicos e persuasivos, adquiriu ares “panfletários”. Na medida<br />

em que a intervenção política foi um dos princípios fundadores da RCB, a crítica literária que tomou<br />

corpo em suas páginas, fundamentada no pensamento <strong>de</strong> Lukács, foi hostil ao experimentalismo<br />

formalista e insistiu afincadamente na relação da literatura com os gran<strong>de</strong>s problemas<br />

da história e com as lutas sociais imediatas.<br />

Palavras-chave: periodismo político-cultural, crítica literária, história<br />

Du pré Catelan à la Floresta da Tijuca : Arrivée<br />

<strong>de</strong> l’œuvre <strong>de</strong> Marcel Proust au Brésil<br />

Etienne Sauthier<br />

Doctorante em Historia na IHEAL (Universida<strong>de</strong> Paris III)<br />

esauthier@hotmail.com<br />

Les rapports entre le Brésil et l’Europe sont jalonnés, <strong>de</strong> bon nombre <strong>de</strong> transferts culturels<br />

qui contribuent chacun à l’auto-définition du pays. L’étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> l’arrivée et <strong>de</strong> la diffusion <strong>de</strong><br />

l’œuvre <strong>de</strong> Marcel Proust a ceci d’intéressant que ce transfert se produit à un moment <strong>de</strong><br />

mutation <strong>de</strong>s rapports entre le Brésil et l’Europe, comme le montre Olivier Compagnon<br />

dans ses travaux. En effet, l’œuvre <strong>de</strong> Marcel Proust arrive au Brésil à un moment où l’enjeu<br />

mo<strong>de</strong>rniste semble être la définition d’une culture spécifiquement brésilienne en rupture<br />

revendiquée avec une certaine tradition européenne à laquelle Proust est lié. Il est donc<br />

intéressant <strong>de</strong> connaître la lecture qui est faite <strong>de</strong> l’oeuvre au Brésil, en particulier dans diverses<br />

régions et dans <strong>de</strong>s contextes mo<strong>de</strong>rnistes différents ; recherche faisable à travers la<br />

présence <strong>de</strong> l’œuvre dans les bibliothèques, chez les libraires et dans la critique brésilienne.<br />

On peut également se <strong>de</strong>man<strong>de</strong>r ce qu’indique cette circulation, car comme le remarque<br />

Michel Espagne dans ses travaux, il n’est jamais <strong>de</strong> transferts culturels sans rapport avec son<br />

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contexte <strong>de</strong> réception. En ce sens, on pourra se <strong>de</strong>man<strong>de</strong>r quel sens est donné à l’œuvre par<br />

les Brésiliens qui la lisent et en parlent, et à quel moment celle-ci est lue.<br />

Litterature – Circulation – Brésil<br />

O Direito à Memória como Direito Humano<br />

Difuso na América Latina<br />

Fábio Balestro Floriano (UFRGS)<br />

posterum@gmail.com<br />

Ao longo do último século, diversos países do continente latino-americano pa<strong>de</strong>ceram sob o<br />

jugo <strong>de</strong> ditaduras <strong>de</strong> cunho autoritário, por vezes <strong>de</strong>nominadas “ditaduras <strong>de</strong> segurança nacional”.<br />

Durante tal período – convencionalmente chamado <strong>de</strong> “Anos <strong>de</strong> Chumbo” -, a população<br />

<strong>de</strong> tais nações teve negada seus mais basilares direitos fundamentais, e foi somente com<br />

a <strong>de</strong>rrocada dos regimes <strong>de</strong> exceção que a maior parte <strong>de</strong>sses direitos foi restabelecida. Entretanto,<br />

as ainda jovens <strong>de</strong>mocracias continuam ameaçadas, visto que se segue negligenciado<br />

um dos pilares fundamentais da Justiça <strong>de</strong> Transição, conforme conceituada pela ONU: o Direito<br />

à Memória. A construção da memória do período, com o pungente relato das atrocida<strong>de</strong>s<br />

cometidas pelos Estados Nacionais contra os seus próprios povos é o único antídoto verda<strong>de</strong>iramente<br />

eficaz contra a repetição das violações massivas <strong>de</strong> direitos humanos. O presente<br />

trabalho tem, portanto, por objetivo, a elucidação do que vem a ser o Direito à Memória, para<br />

que se possa, a partir da compreensão do conceito, elaborar políticas públicas visando principalmente<br />

à educação, posto que essa é a gran<strong>de</strong> responsável pela formação das novas gerações.<br />

“Para que nunca se esqueça. Para que nunca mais aconteça.”<br />

Os intelectuais diante do regime cubano: <strong>de</strong> entusiastas<br />

a filhos <strong>de</strong> Saturno da Revolução<br />

Giliard da Silva Prado<br />

Doutorando em <strong>História</strong> Cultural pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

giliardprado@yahoo.com.br<br />

Des<strong>de</strong> o triunfo da Revolução em 1959, os revolucionários cubanos <strong>de</strong>monstraram ter a consciência<br />

<strong>de</strong> que a conquista do po<strong>de</strong>r era indissociável da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar a sua legitimida<strong>de</strong><br />

através da elaboração <strong>de</strong> representações e da construção <strong>de</strong> memórias. Como parte<br />

integrante <strong>de</strong>sse processo, o governo cubano implementou a política cultural da Revolução,<br />

que foi marcada pelo dirigismo exercido pelo Estado sobre o campo intelectual, no sentido<br />

<strong>de</strong> orientar a produção simbólica em torno do regime cubano e <strong>de</strong>linear o tipo <strong>de</strong> intelectual<br />

orgânico que interessava ao governo. As relações entre intelectuais e Estado que, <strong>de</strong> início,<br />

foram marcadas pela aproximação, pelo entusiasmo revolucionário e pela cooptação, transformaram-se<br />

com o <strong>de</strong>correr do tempo, dando lugar a perseguições políticas, prisões, exílios e<br />

silenciamentos. Neste sentido, este trabalho busca i<strong>de</strong>ntificar grupos e polêmicas intelectuais<br />

sob a experiência revolucionária cubana, bem como pontos <strong>de</strong> inflexão da relação do Estado<br />

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com os intelectuais.<br />

Palavras-chave: Revolução Cubana; dirigismo cultural; intelectuais.<br />

“Em busca <strong>de</strong> uma nação renovada”: Vicente do<br />

Rego Monteiro e a sua ação política na Revista<br />

Renovação. 1939-1945<br />

José Bezerra <strong>de</strong> Brito Neto<br />

Mestrando em <strong>História</strong> Social da Cultura pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco<br />

josebritos2005@yahoo.com.br<br />

A atuação intelectual dos artistas do mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro, nos anos 30 do século XX, é ainda<br />

hoje objeto <strong>de</strong> tensões, dada a peculiar relação <strong>de</strong>stes, nesse período, com o regime que se fixou<br />

após a ‘revolução’ <strong>de</strong> 30, particularmente o Estado Novo. Com o retorno da França, do pintor<br />

Vicente do Rego Monteiro para o Recife, no início dos anos trinta, a capital pernambucana passa<br />

a ter contato com o choque entre projetos mo<strong>de</strong>rnistas vindos da Europa e os projetos criados<br />

na própria região, configurando um campo artístico pautado no fomento das artes pelo Estado,<br />

através <strong>de</strong> salões, um museu e uma escola <strong>de</strong> artes. Trabalhando na imprensa do governo do<br />

Estado <strong>de</strong> Pernambuco, Vicente passou a publicar a revista Renovação, em 1939, tendo como<br />

discurso principal a “ação cultural, artística e i<strong>de</strong>ológica” <strong>de</strong> um Estado promotor <strong>de</strong> renovações<br />

das paisagens urbanas e i<strong>de</strong>ológicas <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>, a favor da construção <strong>de</strong> uma nova Nação. O<br />

objetivo <strong>de</strong>ste artigo é analisar a atuação política <strong>de</strong>ste artista a partir <strong>de</strong> seus textos publicados<br />

na revista Renovação, configurando seu i<strong>de</strong>al mo<strong>de</strong>rno, externo a sua obra <strong>de</strong> arte, e dramatizando<br />

seu envolvimento intelectual com esferas do po<strong>de</strong>r público a favor <strong>de</strong> um discurso que<br />

tinha uma Nação mo<strong>de</strong>rna como pauta.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> dos Intelectuais, <strong>História</strong> Social da Arte, <strong>História</strong> da Imprensa<br />

“A Revista da Música Popular (1954/1956) e seus<br />

articulistas Mo<strong>de</strong>rnistas recuperam a Memória<br />

do Samba <strong>de</strong> raiz e do Choro cariocas <strong>de</strong> fins do<br />

XIX e inícios do XX”<br />

Luiza Mara Braga Martins<br />

Pós-doutoranda em <strong>História</strong> da Cultura pela UFF<br />

lumarabratins@ig.com.br<br />

Entre 1954 e 1956, circulou no Brasil a Revista da Música Popular (RMP), sob a direção do jornalista<br />

nacionalista Lúcio Rangel. A RMP contou com a colaboração constante <strong>de</strong> escritores<br />

mo<strong>de</strong>rnistas em suas colunas e artigos, como Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Rubem<br />

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Braga, Paulo Men<strong>de</strong>s Campos. A RMP distingue-se até hoje no Brasil por ser a maior e mais<br />

importante obra jornalística que procurou pensar a música nas Américas, seja o samba <strong>de</strong><br />

raiz e o choro carioca <strong>de</strong> fins do XIX e inícios do XX, seja o jazz <strong>de</strong> New Orleans. Ela torna-se<br />

assim um lugar <strong>de</strong> memória das “coisas nossas”, porque faz um mergulho no passado musical<br />

do Brasil, principalmente do samba <strong>de</strong> raiz e do choro cariocas, em um momento (década<br />

<strong>de</strong> 1950) em que a indústria fonográfica e o mundo dos espetáculos haviam <strong>de</strong>scartado tais<br />

produções musicais. A RMP recupera a memória do melhor do nosso cancioneiro <strong>de</strong> 1870<br />

até os anos 1930, como Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Cartola, Noel Rosa, Carmem<br />

Miranda, Ismael Silva. A RMP, ao inserir o jazz <strong>de</strong> New Orleans em paralelo com o melhor<br />

do cancioneiro brasileiro, abre uma janela para dialogar com a música das Américas, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

assim a gran<strong>de</strong> diáspora <strong>de</strong> negros pelo Atlântico e sua produção musical nas<br />

Américas tanto do Norte quanto Latina.<br />

Palavras-chave: samba, choro, música<br />

América Latina: mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

e in<strong>de</strong>pendência cultural<br />

Maria Lúcia Bastos Kern<br />

Profa. Titular do Depto. <strong>de</strong> <strong>História</strong> da PUCRS<br />

mlkern@pucrs.br<br />

A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na Argentina e no Uruguai é pensada pelos artistas Xul Solar e Joaquín Torres-<br />

García, nos anos <strong>de</strong> 1920 e 30, como projeto cultural dirigido à in<strong>de</strong>pendência da América Latina<br />

em relação aos centros europeus. Eles após contato com as vanguardas europeias, programam<br />

a nova arte para América, sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e projeção internacional, num momento <strong>de</strong> crise no<br />

velho continente. Para tal, Xul cria o neocriollismo, língua em que mescla português e espanhol,<br />

e propicia a comunicação entre as nações; Torres-García inverte o mapa da América do Sul,<br />

apresentando-o como Norte, numa dupla acepção, e projeta a arte construtivista e total para<br />

o continente, integrada à vida cotidiana, como nas socieda<strong>de</strong>s indígenas. As pinturas <strong>de</strong> ambos<br />

evi<strong>de</strong>nciam signos pré-colombianos e da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. A comunicação analisa as poéticas<br />

e representações <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural produzidas pelos artistas que buscam a projeção da<br />

América Latina no cenário internacional, como guia das artes.<br />

Palavras-chave: América Latina, Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Cultural.<br />

O cruel “rei da vela”(1933) em sua primeira e mais<br />

cruel encenação pelo “Oficina Brasil” (1967).<br />

Maria Luiza Martini (UFRGS)<br />

lmfmartini@yahoo.com.br<br />

O teatro da Cruelda<strong>de</strong> é uma poética <strong>de</strong> espetáculo engendrada por Artaud (1938) que busca,<br />

através <strong>de</strong> violentas imagens físicas, atingir a sensibilida<strong>de</strong> do espectador, provocar uma<br />

<strong>de</strong>sestruturação interna, alguma revelação do ser humano para si mesmo, além da palavra. A<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> dos anos 60 se encontra com a dos anos 30. José Celso Martinez Corrêa dirige<br />

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o Rei da Vela envolvendo a violência do texto <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> na poética da cruelda<strong>de</strong><br />

usando uma estratégia <strong>de</strong> “teatro <strong>de</strong>ntro do teatro” (revista, ópera, auditório da gran<strong>de</strong><br />

rádio) inserindo diferentes níveis <strong>de</strong> representação (o inconsciente <strong>de</strong> todos partícipes do<br />

espetáculo preso numa jaula, atuando como um coro, um “corpo sem alma”, sem lógica, puro<br />

instinto). Os personagens <strong>de</strong> Oswald se suce<strong>de</strong>m (usurários e clientes espertos, operários<br />

que entregam grevistas, Mr Jones, o americano, e seu cliente, “o rei da vela” sempre em busca<br />

<strong>de</strong> um jeito <strong>de</strong> lográ-lo) caracterizados como palhaços, à beira do proscênio, provocam o<br />

público, jogando com a sensação, do sujeito que ri mas só enten<strong>de</strong> a piada <strong>de</strong>pois. Sempre o<br />

logro, a malandragem, tão cara a Oswald, em seu uso da liberda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista na caracterização<br />

do “brasileiro”: o anti-herói.<br />

Da censura política a Censura moral:<br />

A Música Popular Brasileira em tempos<br />

<strong>de</strong> ditadura 1964-1985<br />

Rafael Vasconcelos Cerqueira Oliveira (UNIJORGE)<br />

vasconcelos_his@yahoo.com.br<br />

O presente trabalho tem como foco estabelecer a relação existente entre a MPB e o contexto<br />

político-social brasileiro a partir da instauração do regime militar no ano <strong>de</strong> 1964, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

nesse sentido os artistas que atuavam politicamente e eram perseguidos pela censura<br />

através do DCDP pelo seu engajamento na disputa social, bem como também pela censura<br />

moral <strong>de</strong>stinada aos artistas ditos cafonas, que eram tão perseguidos quantos os já consagrados<br />

compositores da música <strong>de</strong> protesto a exemplo <strong>de</strong> Chico Buarque. Para tanto utilizamos<br />

os processos existentes no DCDP com as canções que eram enviadas e submetidas à censura<br />

tanto política, quanto moral, observando a argumentação dos censores para o veto. Assim, esse<br />

trabalho tem como um dos seus objetivos <strong>de</strong>monstrar que tanto os compositores ditos <strong>de</strong> protesto,<br />

quanto os cafonas, ou bregas como foram classificados já nos anos 80 foram perseguidos<br />

e atuavam politicamente no contexto social dos anos 60 a 80, <strong>de</strong>smistificando assim a i<strong>de</strong>ia<br />

difundida que os compositores bregas eram alienados.<br />

A América <strong>de</strong> Erico Verissimo: a influência<br />

da literatura estaduni<strong>de</strong>nse na obra do<br />

escritor gaúcho.<br />

Renata Costa Reis Meirelles<br />

renata1meirelles@gmail.com<br />

Este trabalho preten<strong>de</strong> explorar as relações do escritor Erico Verissimo (1905-1975) com os Estados<br />

Unidos. A partir dos anos 1940, é possível notar um crescente estreitamento dos vínculos<br />

político-culturais do escritor com aquele país, na medida em que, em 1938, se torna vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano, é convidado pelo a lecionar literatura<br />

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brasileira na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Berkeley e, anos <strong>de</strong>pois, em 1953, assume a direção do <strong>Departamento</strong><br />

<strong>de</strong> Assuntos Culturais da União Pan-Americana, instituição ligada à Organização<br />

dos Estados Americanos (OEA). O trabalho tenciona compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma a cultura<br />

estaduni<strong>de</strong>nse po<strong>de</strong> ter influenciado sua criação literária, contribuindo para a conformação<br />

<strong>de</strong> uma escrita que, ao buscar incorporar traços da literatura estaduni<strong>de</strong>nse e também inglesa,<br />

trouxe importantes renovações estéticas e elementos mo<strong>de</strong>rnizadores para a literatura brasileira<br />

dos anos 1950.<br />

Duas Américas Latinas para o Brasil:<br />

Oliveira Lima na Venezuela e na Argentina<br />

Ricardo Souza <strong>de</strong> Carvalho<br />

Professor <strong>de</strong> Literatura Brasileira, USP<br />

ricardocarvalho@usp.br<br />

O diplomata e historiador Oliveira Lima (1867-1928), em meio a estadas na Europa, nos Estados<br />

Unidos e no Japão, <strong>de</strong>morou-se apenas duas vezes na América Latina, entre 1905 e 1906,<br />

na Venezuela, e entre 1918 e 1919, na Argentina. Como em outras ocasiões, tais vivências no<br />

exterior resultaram em textos na imprensa brasileira e livros publicados com o objetivo não<br />

apenas <strong>de</strong> dar a conhecer diversos aspectos <strong>de</strong>sses países, mas principalmente <strong>de</strong> relacionálos<br />

a discussões políticas e sociais do Brasil daquele momento, que buscava um caminho para<br />

sua mo<strong>de</strong>rnização. As estadas latino-americanas possibilitaram com que Oliveira Lima se <strong>de</strong>parasse<br />

com uma situação próxima a do Brasil, a do esforço <strong>de</strong> países egressos da colonização<br />

ibérica para abandonarem o atraso e se aproximarem da civilização europeia. Nesse sentido,<br />

<strong>de</strong>staca-se o diálogo estabelecido por Oliveira Lima com o argentino José Ingenieros e o venezuelano<br />

Rufino Blanco Fombona.<br />

Palavras-chave: Oliveira Lima – América Latina – intelectuais<br />

América no invoco tu nombre em Vano:<br />

a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana<br />

entre intelectuais e artistas no governo Salvador<br />

Allen<strong>de</strong> (Chile, 1971-73)<br />

Silvia Karina Nicacio Cáceres<br />

Mestre em educação pela PUC-Rio<br />

silvia.caceres@yahoo.com.br<br />

O governo <strong>de</strong> Salvador Allen<strong>de</strong> foi um espaço fértil para novas apresentações da tradição que<br />

conjuga nacionalismo à revolução social, tradição cujas raízes se localizam no processo <strong>de</strong><br />

emancipação nacional dos países latino-americanos no século XIX.<br />

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A construção do socialismo via um processo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>svelamento” da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana<br />

supostamente soterrada pela exploração secular da região e pela forma supostamente<br />

subordinada com que é <strong>de</strong>senvolvida a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na América Latina, torna-se tema central<br />

nos <strong>de</strong>bates intelectuais durante o governo UP.<br />

Para ser mo<strong>de</strong>rno, parecia necessário fazer um salto ao passado, on<strong>de</strong> as culturas dos povos<br />

autóctones e a formação da população (mestiça) da América Latina <strong>de</strong>veriam ser realçadas<br />

com o fim <strong>de</strong> dar um salto a um futuro <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> reencontrada. Isso garantiria a América<br />

Latina sua emancipação cultural em relação às regiões <strong>de</strong>finidoras das direções da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

oci<strong>de</strong>ntal até então: Europa e EUA.<br />

Tal qual sugere o verso <strong>de</strong> Neruda que nomeia esta apresentação, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana<br />

e sua busca ganha cores <strong>de</strong> objeto sagrado. Os intelectuais e artistas chilenos agrupados<br />

no Instituto <strong>de</strong> Arte Latino Americano, centro <strong>de</strong> nossa apresentação, acompanharam e<br />

ajudaram a <strong>de</strong>finir essa tendência, bem como seus possíveis <strong>de</strong>senlaces.<br />

Paulo Prado: o “fautor” da Semana <strong>de</strong><br />

Arte Mo<strong>de</strong>rna<br />

Thaís Chang Waldman<br />

Mestre em Antropologia Social pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

tatawald@yahoo.com.br<br />

Reconhecido como personagem central pelo grupo <strong>de</strong> intelectuais e artistas ligados à Semana<br />

<strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> 1922, Paulo Prado (1869-1943) é muitas vezes <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado pelos<br />

estudiosos. Além <strong>de</strong> ser um dos maiores exportadores e produtores <strong>de</strong> café da época, Paulo<br />

Prado é autor <strong>de</strong> dois livros sobre a história <strong>de</strong> São Paulo e a formação do povo brasileiro -<br />

Paulística (1925) e Retrato do Brasil (1928). Também publicou editoriais, artigos e resenhas<br />

em importantes periódicos, (re)editou documentos inéditos sobre o período colonial, participou<br />

da fundação e do controle <strong>de</strong> revistas mo<strong>de</strong>rnistas, e se fez presente como um dos<br />

principais organizadores e financiadores da Semana <strong>de</strong> 1922, entre outras coisas. Se por um<br />

lado ele promove a Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, ele já tinha 53 anos na época. Além disso, é<br />

um elo fundamental entre os mo<strong>de</strong>rnistas e um grupo <strong>de</strong> intelectuais que compõem uma<br />

geração anterior a sua, que ele conhece na Europa por intermédio <strong>de</strong> seu tio, o jornalista e<br />

monarquista Eduardo Prado (1860-1901). Possui ainda um forte vínculo com o historiador<br />

cearense Capistrano <strong>de</strong> Abreu (1853-1927), um marco da mo<strong>de</strong>rna historiografia brasileira.<br />

Paulo Prado mostra-se assim como um importante mediador entre diferentes universos,<br />

sendo justamente este o foco do presente trabalho.<br />

Palavras-chave: Paulo Prado; Mo<strong>de</strong>rnismo; Pensamento Social Brasileiro<br />

O Tira<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Viriato Corrêa: o herói-mártir a<br />

serviço <strong>de</strong> uma pedagogia da nacionalida<strong>de</strong><br />

Vanessa Matheus Cavalcante<br />

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Mestranda em <strong>História</strong>, Política e Bens Culturais pelo CPDOC/FGV<br />

vanessamc@fgv.br<br />

O presente trabalho tem como objetivo apreen<strong>de</strong>r a contribuição <strong>de</strong> Viriato Corrêa para a<br />

constituição da memória e história nacionais, enten<strong>de</strong>ndo as suas produções teatrais como<br />

instrumento <strong>de</strong> difusão da história-pátria. Para tanto, utilizaremos como objeto <strong>de</strong> análise a<br />

peça Tira<strong>de</strong>ntes (1939), encenada em pleno Estado Novo, na qual importa apreen<strong>de</strong>r: 1) seu<br />

engajamento no referido projeto <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma memória nacional; 2) a forma como<br />

se <strong>de</strong>u a construção <strong>de</strong>ste personagem histórico como herói-mártir da história brasileira<br />

naquele contexto. Para os intentos analíticos <strong>de</strong>ste trabalho, estes aspectos se mostram extremamente<br />

relevantes, haja vista a importância da construção do herói e suas implicâncias<br />

na coesão/mobilização em torno <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, movimento estratégico observado,<br />

principalmente, em ditaduras como a que viveu o Brasil entre 1937-45.<br />

Palavras-chave: Estado Novo; nacionalida<strong>de</strong>; Tira<strong>de</strong>ntes<br />

Tutaméia entre a originalida<strong>de</strong> e a repetição<br />

Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo (UFPA)<br />

bya_campelo@hotmail.com<br />

Com base nos conceitos da recepção crítica apresentados por Hans R. Jauss far-se-á uma<br />

análise da recepção do último texto publicado em vida <strong>de</strong> Guimarães Rosa: Tutaméia: Terceiras<br />

Estórias. As teses <strong>de</strong> 1967 <strong>de</strong> Jauss serão o ponto <strong>de</strong> partida para reconstrução e investigação<br />

do horizonte <strong>de</strong> expectativas da obra <strong>de</strong> Tutaméia.Esta obra <strong>de</strong> João Guimarães Rosa,<br />

é composta <strong>de</strong> quarenta contos e quatro prefácios situados em pontos diferentes do livro,<br />

po<strong>de</strong> ser vista como um conjunto <strong>de</strong> quatro blocos <strong>de</strong> contos, iniciado cada um com um dos<br />

quatro prefácios mencionados, ali postos como a orientar a leitura. Far-se-á uma comparação<br />

do horizonte <strong>de</strong> expectativas das críticas a respeito do livro, tentando fazer um percurso<br />

histórico em relação às categorias <strong>de</strong> análise utilizadas em diferentes momentos e suas divergências<br />

valorativas em relação à referida obra, no intuito <strong>de</strong> indagar o lugar <strong>de</strong> Tutaméia<br />

nas obras do autor, se é o da originalida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> mera repetição <strong>de</strong> suas fórmulas <strong>de</strong> sucesso<br />

presente em seus outros textos.<br />

Palavras - chave: recepção crítica, Guimarães Rosa, Tutaméia.<br />

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ST 6<br />

Práticas Sociais, Narrativas Visuais e Sociabilida<strong>de</strong>s<br />

As práticas culturais e usos do passado<br />

André Jacques Martins Monteiro<br />

Mestrando em Memória Social - UNIRIO.<br />

A intenção <strong>de</strong>ste ensaio é abordar <strong>de</strong> forma panorâmica dois aspectos relacionados dos processos<br />

<strong>de</strong> significação e usos do passado. O primeiro refere-se à relevância do período <strong>de</strong><br />

transição do século XIX para o XX na formação <strong>de</strong> memórias relativas aos setores classificados<br />

como populares das socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais. O segundo <strong>de</strong>staca <strong>de</strong> forma preliminar os<br />

sentidos atribuídos às memórias vinculadas às práticas culturais <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s em situação<br />

<strong>de</strong> exclusão social e que reportam ao período acima citado, observando uma tendência<br />

<strong>de</strong> convergência <strong>de</strong> perspectivas da produção acadêmica, das políticas culturais, da indústria<br />

cultural e da mídia.<br />

Palavras-chave: práticas culturais; mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; reconhecimento.<br />

As alegorias femininas da República na imprensa<br />

ilustrada: os caricaturistas do Rio <strong>de</strong> Janeiro e o<br />

i<strong>de</strong>ário político republicano no século XIX.<br />

Aristeu Machado Lopes<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pelotas<br />

A imprensa ilustrada alcançou notorieda<strong>de</strong> no Brasil do século XIX. A cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro concentrou um número significativo <strong>de</strong> periódicos ilustrados. Entre eles, Semana Illustrada<br />

<strong>de</strong> Henrique Fleiuss, O Mosquito e Revista Illustrada <strong>de</strong> Angelo Agostini. Assuntos<br />

variados foram noticiados e comentados em suas páginas <strong>de</strong> ilustrações. Entre eles, a política<br />

do tempo foi abordada com humor e, em certos momentos, com crítica e serieda<strong>de</strong>. Os caricaturistas<br />

não <strong>de</strong>ixavam que certos temas políticos passassem <strong>de</strong>spercebidos e emitiam sua<br />

opinião nos <strong>de</strong>senhos. A propaganda republicana iniciada com a fundação do Partido no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1870 logo se tornou um dos motes passíveis das críticas e comentários dos<br />

periódicos. Na elaboração das ilustrações usavam os elementos que compõem o conjunto da<br />

simbologia republicana. Analisar como esses símbolos e, sobretudo, a alegoria feminina da<br />

República surgiu nas páginas dos periódicos é o que se almeja nesta comunicação.<br />

Palavras-chave: imprensa ilustrada, simbologia republicana, século XIX.<br />

A busca da Boa Forma: um processo reflexivo<br />

Bárbara Nascimento Duarte<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

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Barbara.duarte@ufjf.edu.br<br />

Na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> o discurso científico suspeita do corpo e o coloca como simples suporte<br />

da pessoa, um objeto à disposição sobre o qual se <strong>de</strong>ve trabalhar a fim <strong>de</strong> alcançar seu aperfeiçoamento,<br />

a matéria-prima na qual se dilui e ao mesmo tempo se conquista a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

individual. Tendo como locus <strong>de</strong> análise os discursos das 12 edições do ano <strong>de</strong> 2009 das<br />

leitoras situados na revista feminina brasileira Boa Forma, almeja-se compreen<strong>de</strong>r como se<br />

dá a percepção do “corpo acessório” nas falas <strong>de</strong>ssas mulheres; além dos dilemas gerados e<br />

expressos através <strong>de</strong>ssa mídia sobre à forma do indivíduo se integrar socialmente a partir da<br />

modificação corporal reflexiva, nos termos <strong>de</strong> Crossley.<br />

Vale ressaltar que se ainda resta um dualismo na Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é aquele que situa o sujeito <strong>de</strong><br />

um lado e seu corpo <strong>de</strong> outro; este corpo é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salvação e o único modo <strong>de</strong> vida<br />

do indivíduo mo<strong>de</strong>rno. Aprofundando em questões sobre a constituição da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />

ver-se-á que ela viabilizou um projeto do corpo que consiste em moldá-lo para construir e/<br />

ou reconstruir o self, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> individual e essencial na reflexivida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna que se encontra<br />

ameaçada. Nessa perspectiva, o corpo não é o lugar da con<strong>de</strong>nação, sim o da salvação<br />

individual, <strong>de</strong> uma nova possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestação do eu, uma nova forma <strong>de</strong> se reportar<br />

ao mundo, portanto, digno <strong>de</strong> todo investimento.<br />

A preocupação com a aparência, a saú<strong>de</strong> e juventu<strong>de</strong>, tratam, disfarçadamente, da redistribuição<br />

das coações da ética puritana <strong>de</strong> salvação individual através da auto-disciplina do<br />

corpo, conjugado com o progresso da tecnociência. Perceber-se-á que mais do que o investimento<br />

no invólucro corporal com fim em si, a questão se situa na constante busca <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>finir a interiorida<strong>de</strong> a partir da exteriorida<strong>de</strong>; é a forma do sujeito contemporâneo não<br />

morrer simbólicamente.<br />

Palavras-chave: Corpo, Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, Revista Boa Forma<br />

Infâncias Urbanas Multidiscursivas<br />

Bianca Breyer Cardoso<br />

Mestranda PROPUR/UFRGS<br />

Eber Pires Marzulo<br />

Prof. Dr. PROPUR/UFRGS<br />

Este trabalho toma as produções brasileiras “No meio da rua” e “Cida<strong>de</strong> dos Homens: Uólace<br />

e João Victor” como objetos <strong>de</strong> estudo, a fim <strong>de</strong> discorrer sobre a infância na contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Ambos os discursos audiovisuais narram o encontro <strong>de</strong> dois garotos <strong>de</strong> diferentes<br />

classes, porém através <strong>de</strong> enfoques distintos. Como recorte histórico, a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida,<br />

metáfora <strong>de</strong> Bauman para o estágio presente da era mo<strong>de</strong>rna, caracterizado pelo esvaziamento<br />

do espaço público, bem como pelo aumento da segregação sócio-espacial. Fase em<br />

que a infância experimenta novas dinâmicas espaço-temporais, diversas daquela consagrada<br />

por Truffaut, que supera o período <strong>de</strong> homogeneização das narrativas – empenhadas em<br />

<strong>de</strong>limitar a infância como faixa etária específica, e revela a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infâncias na<br />

cida<strong>de</strong> contemporânea. A análise dos discursos audiovisuais, através do método <strong>de</strong> interpretação<br />

hermenêutico-dialógico, incorpora a produção audiovisual como discurso legítimo<br />

e consi<strong>de</strong>ra a formulação do real como resultado <strong>de</strong> disputas discursivas (Wittgenstein).<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Esta análise objetiva i<strong>de</strong>ntificar os sujeitos discursivos acionados, o sentido construído pelos<br />

discursos, e a associação <strong>de</strong>stes à dimensão espacial, a fim <strong>de</strong> entrever a diversificação das<br />

práticas sócio-espaciais da infância contemporânea.<br />

Palavras-chave: infância, cida<strong>de</strong> contemporânea, discursos audiovisuais.<br />

Abram as cortinas: o teatro na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fortaleza no início do século XX.<br />

Camila Imaculada Silveira<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Ceará<br />

No começo do século XX, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza encontrava-se sob disputas políticas do governo<br />

acciolino, on<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias oriundas dos gran<strong>de</strong>s centros europeus figuravam no pensamento<br />

dos intelectuais e assim <strong>de</strong>finindo valores, comportamentos, moda etc. Neste contexto o teatro,<br />

seja como espaço físico ou expressão artística, encontra o seu fausto. Tem-se a construção<br />

do teatro oficial (Theatro José <strong>de</strong> Alencar), a formação <strong>de</strong> grupos dramáticos e uma literatura<br />

dramática cearense. O teatro é uma produção cultural. Como tal, ele exprime valores<br />

<strong>de</strong> certa socieda<strong>de</strong> em um tempo específico. Os indivíduos (artistas, dramaturgos, público,<br />

etc.) que fazem o teatro atribuem significados a este. Nessa Fortaleza, o teatro era sinônimo<br />

<strong>de</strong> civilização, <strong>de</strong> moralização, <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> disputas políticas. Conforme a isto, propormos<br />

compreen<strong>de</strong>r como o teatro estava sendo praticado e pensado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza nos<br />

primeiros anos do século XX, pon<strong>de</strong>rando sobre seus aspectos sociais e culturais. Para isto,<br />

utilizamos como fontes os jornais, especificando o Jornal do Ceará e o Unitario, ambos oposicionistas<br />

ao governo acciolino e o jornal situacionista A República, como também narrativas<br />

<strong>de</strong> memorialistas, Relatórios do Estado e peças encenadas nos palcos dos teatros da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Fortaleza, dando <strong>de</strong>staque o teatro <strong>de</strong> costumes. Este é caracterizado pela utilização do<br />

humor para representar o cotidiano. Tendo em vista isso sugerimos como teóricos Raymond<br />

Williams e Fernando Peixoto, on<strong>de</strong> buscamos o conceito <strong>de</strong> forma do teatro e função social,<br />

respectivamente. Como por exemplo, o teatro <strong>de</strong> costumes é uma forma <strong>de</strong> teatro. Ele possui<br />

elementos formais que o i<strong>de</strong>ntificam. E na socieda<strong>de</strong> fortalezense do período em questão, o<br />

teatro <strong>de</strong> costumes ganha significados que <strong>de</strong>terminam a sua função social.<br />

Palavras chaves: teatro, Fortaleza, cultura, teatro <strong>de</strong> costumes.<br />

O po<strong>de</strong>r das imagens e as imagens do po<strong>de</strong>r: a<br />

representação política <strong>de</strong> Leonel Brizola, nas fotografias<br />

da Legalida<strong>de</strong> (1961).<br />

Daniela Gôrgen dos Reis( PUCRS)<br />

O trabalho tem por objetivo proce<strong>de</strong>r a análise das fotografias do episódio da Legalida<strong>de</strong> (produzidas<br />

pela Assessoria <strong>de</strong> Imprensa do Governo do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul) em consonância<br />

com o seu cruzamento com o contexto político e social do período, buscando inter-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

pretar os mecanismos simbólicos utilizados na representação política do governador Leonel<br />

Brizola, em 1961. Através da <strong>de</strong>monstração da metodologia <strong>de</strong> análise, o trabalho busca i<strong>de</strong>ntificar<br />

a construção i<strong>de</strong>ológica das imagens consubstanciada nos objetos, poses e suas relações,<br />

elementos que visavam <strong>de</strong>monstrar uma nova forma <strong>de</strong> representação do po<strong>de</strong>r político: uma<br />

imagem da administração estadual mais acessível e popular. Também visa refletir, a partir <strong>de</strong><br />

conceitos teóricos, acerca da articulação entre o campo político e elementos constitutivos da<br />

cultura visual do período (um interesse da elite política pelos novos meios <strong>de</strong> comunicação,<br />

advindo da década <strong>de</strong> 1950, formando uma tentativa <strong>de</strong> penetrar o cotidiano da população<br />

através <strong>de</strong> métodos mais <strong>de</strong>mocráticos, que não somente o uso da escrita: a propaganda fortificava-se<br />

com o uso das imagens). Nesse sentido, a fotografia, é aqui analisada também como<br />

uma linguagem e uma convenção, que é necessário conhecer e <strong>de</strong>cifrar.<br />

Palavras-chave: representação política, meios <strong>de</strong> comunicação, fotografia.<br />

“Pelas ruas em que an<strong>de</strong>i”: as brigadas muralistas<br />

em Olinda e Recife (1982-1986)<br />

Elizabet Soares <strong>de</strong> Souza<br />

Mestranda em <strong>História</strong>-UFRP<br />

elizabethistoria@gmail.com<br />

O presente trabalho visa analisar as imbricações entre arte e política por meio do movimento<br />

<strong>de</strong> brigadas muralistas <strong>de</strong> propaganda política, nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Olinda e Recife. O<br />

recorte cronológico <strong>de</strong>ste projeto configura-se entre os anos <strong>de</strong> 1982-1990, tendo como pano<br />

<strong>de</strong> fundo a análise das propagandas políticas em três campanhas eleitorais para o Governo<br />

do Estado <strong>de</strong> Pernambuco. Apetecemos, <strong>de</strong>sse modo, enten<strong>de</strong>r o surgimento dos murais<br />

como propaganda política, e problematizar a sua substituição pelos letreiros murais. Para<br />

tanto, utilizaremos como fontes documentais as imagens fotográficas, atas da Assembléia<br />

Legislativa do Estado <strong>de</strong> Pernambuco, periódicos, revistas e <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> alguns dos artistas<br />

partícipes do movimento. Dessa forma, partiremos do reconhecimento das imagens<br />

dos murais, para estabelecer uma relação entre política e cultura, e propor um entendimento,<br />

com o respaldo teórico da <strong>História</strong> Cultural <strong>de</strong>ssas duas cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> seus murais como<br />

um campo <strong>de</strong> significações e <strong>de</strong> representações.<br />

Palavras-chave: Brigadas Muralistas, Propaganda Eleitoral, Recife e Olinda.<br />

“A família <strong>de</strong> Fon-Fon”: sociabilida<strong>de</strong> e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro da Belle Époque<br />

Fabiana Macena<br />

A revista Fon-Fon, periódico semanal carioca, começou a circular em abril <strong>de</strong> 1907, e encarregava-se<br />

<strong>de</strong> informar aos leitores brasileiros tudo que era a última moda em Paris, além<br />

<strong>de</strong> registrar a “vida mundana” da socieda<strong>de</strong> carioca em notas sociais e charges. Além <strong>de</strong>sse<br />

caráter <strong>de</strong> “revista ilustrada”, a Fon-Fon se tornou, ao longo da década <strong>de</strong> 1910, importante<br />

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espaço <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intelectuais cariocas, polo <strong>de</strong> atração para aqueles que possuíam<br />

simpatias boêmias e simbolistas. Mais do que isso, reunia intelectuais que percebiam a publicação<br />

enquanto um veículo ágil e mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> idéias, <strong>de</strong> construção<br />

<strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> agir e <strong>de</strong> pensar. A proposta <strong>de</strong>ssa comunicação é discutir como<br />

os indivíduos ligados a revista Fon-Fon, durante os anos <strong>de</strong> 1907 a 1914, procuraram, com<br />

suas críticas e propostas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos comportamentos e papéis sociais, estabelecer as regras<br />

e <strong>de</strong>senhos da nova configuração da cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: socieda<strong>de</strong> carioca, comportamento, papel social.<br />

A <strong>de</strong>signalida<strong>de</strong> ou os acontecimentos discursivos<br />

do <strong>de</strong>senhar<br />

José Carlos Freitas Lemos (UFRGS)<br />

jfreitaslemos@yahoo.com.br<br />

Neste trabalho, uma síntese do que produzi em minha tese <strong>de</strong> doutorado, proponho uma<br />

análise das práticas históricas do “<strong>de</strong>senhar” e suas sistematizações. A esta particular abordagem<br />

histórica <strong>de</strong>ssa prática, que se expressa por entre jogos <strong>de</strong> relações também históricas<br />

e, portanto, instáveis, entre práticas econômicas, religiosas, políticas, institucionais, científicas,<br />

literárias e artísticas, chamo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>signalida<strong>de</strong>”. Um quadro <strong>de</strong>scritivo das formas <strong>de</strong><br />

nominação e representação do “<strong>de</strong>senhar”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Europa do século XIII até a socieda<strong>de</strong> globalizada<br />

da atualida<strong>de</strong>, constitui-se num instrumento capaz <strong>de</strong> explicar <strong>de</strong>fasagens, <strong>de</strong>slocamentos,<br />

<strong>de</strong>sníveis e inflexões das relações entre essas práticas. Trata-se, assim, <strong>de</strong> analisar<br />

a emergência da “or<strong>de</strong>m discursiva do <strong>de</strong>senhar”; <strong>de</strong> analisar os acontecimentos discursivos<br />

que materializaram diferentes i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s estético-visuais ao nominarem a prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar<br />

em variados vernáculos oci<strong>de</strong>ntais (o italiano “disegnare”, o francês “<strong>de</strong>ssiner” e o<br />

inglês “<strong>de</strong>sign”). A suposição da <strong>de</strong>signalida<strong>de</strong> é a <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> histórica do “<strong>de</strong>senhar”<br />

que se <strong>de</strong>ve fazer aparecer (dar a ver) e <strong>de</strong>screver (dizer).<br />

Palavras chave: <strong>de</strong>signalida<strong>de</strong>, discurso, acontecimento.<br />

As visibilida<strong>de</strong>s como práticas não-discursivas:<br />

na esteira das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

Leandro Mendanha (UnB)<br />

Há indicações na obra <strong>de</strong> Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, bem como na<br />

obra <strong>de</strong> Roger Chartier e Paul Ricoeur - ambos interpelados por Louis Marrin - sobre as<br />

proprieda<strong>de</strong>s da imagem. O que me interessa é estabelecer no diálogo com todos esses pensadores<br />

como as visibilida<strong>de</strong>s como forma que toma o conteúdo (as formas que tomam as<br />

relações <strong>de</strong>ssas inúmeras práticas culturais, econômicas, institucionais e sociais que forma<br />

o estrato não discursivo) na interação - por meio das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r - com a forma que<br />

toma a expressão (as práticas discursivas) constituem um interessante meio <strong>de</strong> abordar o<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

material histórico que po<strong>de</strong>mos ter em mãos. Trata-se então <strong>de</strong> uma interpelação teóricometodológica<br />

das consequências - nesses pensadores - do estudo das visibilida<strong>de</strong>s para certa<br />

compreensão histórica.<br />

Palavras-chaves: práticas culturais, imagem, relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do olhar: os usos da fotografia na<br />

construção das memórias sociais.<br />

Lorena Best Urday (UNIRIO)<br />

lorenabesturday@gmail.com<br />

O presente artigo é um exercício no que se alinhavam as primeiras i<strong>de</strong>ias do que se constituirá<br />

no meu projeto <strong>de</strong> pesquisa e futura dissertação <strong>de</strong> mestrado. Assim, no presente trabalho<br />

dou os apontamentos a questão foco da pesquisa: os usos da fotografia como instrumento,<br />

ação social e expressão criativa e poética no processo <strong>de</strong> construção das memórias coletivas<br />

<strong>de</strong> auto reconhecimento i<strong>de</strong>ntitário das comunida<strong>de</strong>s. Finalmente esta questão <strong>de</strong>canta no<br />

espaço educativo (formal e não formal) como espaço criativo para as memórias coletivas e<br />

suas imagens.<br />

Palavras chave: fotografia popular, memória social, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do olhar<br />

A Política Imperial em revista: humor e política<br />

na Revista Ilustrada <strong>de</strong> Ângelo Agostini.<br />

Maria da Conceição Francisca Pires<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa<br />

A proposta <strong>de</strong>ssa exposição é analisar a produção humorística do caricaturista Ângelo Agostini<br />

(1843-1910) durante sua ativida<strong>de</strong> no semanário “Revista Ilustrada” (1876- 1888). Essa<br />

apresentação aposta na premissa <strong>de</strong> que através das representações humorísticas Agostini<br />

trouxe á tona os problemas viscerais do regime imperial e a incapacida<strong>de</strong> das elites politicas<br />

<strong>de</strong> resolvê-los, expandindo o acervo temático a ser discutido na micro-esfera pública que<br />

estava sendo gerada com a expansão da imprensa.Com essa analise procuramos <strong>de</strong>stacar a<br />

produção <strong>de</strong> Agostini como um mecanismo <strong>de</strong> veiculação das idéias e opiniões dos grupos<br />

contestadores que se emergiram a partir dos anos 1860 e que radicalizaram sua ação na passagem<br />

para os anos 1880. No ano do centenário <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> um dos mais importantes intelectuais<br />

humoristas da imprensa ilustrada do século XIX, intenta-se fomentar a discussão<br />

e a reflexão sobre a importância <strong>de</strong> sua produção humorística para a difusão <strong>de</strong> uma cultura<br />

política republicana e liberal na socieda<strong>de</strong> fluminense do período.<br />

Palavras-chave: produção humorística, imprensa.<br />

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As Imagens e a Memória em Gilberto Ferrez<br />

Maria Isabel Ribeiro Lenzi<br />

Ibram/Doutoranda UFF<br />

bebellenzi@yahoo.com.br<br />

O trabalho se propõe a discutir a relação entre imagem e história, e o uso da iconografia<br />

nos livros e nas pesquisas empreendidas por Gilberto Ferrez a respeito das cida<strong>de</strong>s do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Salvador e Recife. O texto <strong>de</strong>staca a associação da obra <strong>de</strong> G. Ferrez a eventos<br />

comemorativos e efeméri<strong>de</strong>s num esforço para a construção <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada memória.<br />

Palavras-chave: imagem, história e memória.<br />

Representações humorísticas <strong>de</strong> uma<br />

prática política<br />

Matil<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lima Brilhante<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Ceará<br />

matil<strong>de</strong>brilhante83@yahoo.com.br<br />

Como enten<strong>de</strong>r a produção chárgica como sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sentido, inserida no campo<br />

midiático (jornais impressos) durante a chamada Administração Popular <strong>de</strong> Fortaleza? Primeiro<br />

faz-se necessário situar essa reflexão no âmbito dos fenômenos que implicam uma relação <strong>de</strong><br />

representação, balizada nas práticas cotidianas <strong>de</strong> comunicação visual que figuram um espaço<br />

em disputa. Em segundo lugar, asseveramos que o humor gráfico, na vertente charge, atua<br />

na “realida<strong>de</strong>” como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captá-la e representá-la. Assim, é nosso interesse pensar<br />

analiticamente as representações expressas nas charges dos jornais cearenses O Povo e Diário<br />

do Nor<strong>de</strong>ste sobre a administração <strong>de</strong> Maria Luiza Fontenelle (1986-1988). Maria Luiza foi a<br />

primeira mulher a assumir um cargo no executivo da política fortalezense, num período <strong>de</strong><br />

transição nacional, <strong>de</strong> um regime político autoritário para uma pretendida <strong>de</strong>mocracia.<br />

Palavras-chave: representação, charge, administração popular.<br />

O discurso anti-indigesnista através das<br />

charges no Jornal Folha <strong>de</strong> Boa Vista.<br />

Paulo Sérgio Rodrigues da Silva<br />

Especialista em <strong>História</strong> Regional/UFRR<br />

Psergio04@gmail.com<br />

Francisco Marcos Men<strong>de</strong>s Nogueira<br />

Aluno do Curso <strong>de</strong> <strong>História</strong>/UFRR<br />

Marcos2201@gmail.com<br />

Os discursos políticos na trajetória histórica <strong>de</strong> Roraima predominaram <strong>de</strong> forma contraria<br />

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as questões indígenas, neles, está contigo a i<strong>de</strong>ologia dos grupos <strong>de</strong> pressão que, através da<br />

mídia massificou a imagem do índio preguiçoso, violento e que é um estorvo para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do Estado. Neste sentido, o Jornal Folha <strong>de</strong> Boa Vista pertencente ao grupo político<br />

do ex-governador <strong>de</strong> Roraima Getúlio Cruz, foram um dos meios que veicularam inúmeros<br />

discursos contrários as questões indígenas, alguns <strong>de</strong> forma preconceituosa e <strong>de</strong>bochada. A<br />

Demarcação da Área indígena Raposa Serra do Sol, constituem-se num dos maiores acontecimento<br />

na história recente <strong>de</strong> Roraima, ganhando notorieda<strong>de</strong> nos meios <strong>de</strong> comunicações<br />

e, quase sempre traziam o discurso que apregoava a inviabilização da economia do<br />

estado. Verificamos, portanto, que essas estratégias discursivas acabam sendo introjetados<br />

pela população que, vêem como motivo central do atraso econômico do estado. Por conseguinte,<br />

as charges não são inócuas na linha editorial <strong>de</strong> um jornal. Elas trazem implícitas<br />

ou explicitas aspectos i<strong>de</strong>ológicos do grupo que esta ligada. Deste modo, buscaremos analisar<br />

as charges publicadas no Jornal no período <strong>de</strong> 2007 a 2010 e, assim, refletir com os Índios<br />

são retratados em <strong>de</strong>trimento dos interesses da elite local.<br />

Palavras-chave: charges, discurso, i<strong>de</strong>ologia, Raposa Serra do Sol.<br />

<strong>História</strong>s da guerra em um velho álbum <strong>de</strong> retratos:<br />

Claro Jansson e a fotografia <strong>de</strong> guerra no<br />

Contestado (1912-1916)<br />

Rogério Rosa Rodrigues (UESC)<br />

Ocorrida entre 1912 e 1916 na fronteira do Paraná com Santa Catarina a Guerra do Contestado<br />

foi amplamente documentada pelas forças repressoras. Entre as fontes construídas no campo<br />

<strong>de</strong> guerra <strong>de</strong>staca-se a fotografia. O acervo <strong>de</strong> imagens produzidas pelo fotógrafo Claro<br />

Jansson (1877-1954) permitiu a corporação montar um álbum da guerra contendo oitenta<br />

e sete fotografias que relatam a eficiência bélica e disciplinar do exército. Minha proposta<br />

é interpretar a narrativa oficial construída no álbum e propor novas or<strong>de</strong>nações das imagens,<br />

logo, novas narrativas do conflito social. Para dar conta <strong>de</strong>ste objetivo será usado com<br />

metodologia tanto a interpretação daquilo que a imagem apresenta em suas estruturas discursivas<br />

quanto o que se encontra perdido nos pequenos <strong>de</strong>talhes registrados pela lente do<br />

fotógrafo. Às imagens fotográficas serão acrescentadas fontes diversas como relatórios <strong>de</strong><br />

guerra, memórias e noticias <strong>de</strong> jornais da época, bem como as fotografias do acervo <strong>de</strong> Jansson<br />

que não foram incluídas no álbum oficial. Com esse procedimento buscar-se-á explicitar<br />

a violência efetiva e simbólica cometida no teatro <strong>de</strong> guerra, bem como as estratégias e táticas<br />

dos rebel<strong>de</strong>s do Contestado.<br />

Palavras-chave: guerra, memórias, narrativas.<br />

Luz e sombra sobre o processo <strong>de</strong> construção social<br />

da fotografia e da memória.<br />

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Sergio Luiz Pereira da Silva (UNIRIO)<br />

A fotografia é indiscutivelmente uma forma <strong>de</strong> expressão no campo da arte visual, mas seguramente<br />

a sua forma <strong>de</strong> estruturação estética e o seu processo <strong>de</strong> interpretação imagético,<br />

se inscrevem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outros campos simbólicos além do artístico, o campo da memória<br />

um <strong>de</strong>les. Há algo que tangencia a fotografia e a memória, ambas são um processo <strong>de</strong> edição,<br />

nas quais a escolha do que vamos ver e memorizar, são <strong>de</strong>finidos por um esquema <strong>de</strong> seleção<br />

prévio (escolha), <strong>de</strong>finido a partir <strong>de</strong> critérios conscientes e socialmente elegíveis <strong>de</strong> edição<br />

(corte). No caso da fotografia, esses critérios são <strong>de</strong>finidos a partir do que se quer mostrar<br />

com bases na ação social do olhar, percebo, escolho, componho, edito e registro fotograficamente.<br />

Isso po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> forma elementar no processo convencional da fotografia.<br />

A composição estética e a hermenêutica visual compõem, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse conjunto, o lugar da<br />

representação <strong>de</strong> uma memória construída, ou se nos é possível afirmar, compõe parte do<br />

campo social da memória.<br />

Palavras-chave: memória, representação, fotografia.<br />

As Representações da Várzea do Carmo<br />

nos Cartões-Postais - décadas <strong>de</strong> 1940 e 1950.<br />

Vanessa Costa Ribeiro<br />

Mestranda em <strong>História</strong> Social - USP<br />

vanessarib@ig.com.br<br />

A presente comunicação trata do sentido atribuído à região da Várzea do Carmo, área cortada<br />

pelo Rio Tamanduateí localizada entre a colina central da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e o bairro<br />

do Brás, nas décadas <strong>de</strong> 1940 e 1950, por meio da análise <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> cartões postais fotográficos<br />

produzidos pelas editoras Fotolabor e Fotopostal Colombo.<br />

A escolha <strong>de</strong>sta documentação <strong>de</strong>ve-se ao interesse em explorar o potencial dos documentos<br />

visuais em sinalizar, <strong>de</strong> maneira específica e própria, processos diferenciados <strong>de</strong> apropriação<br />

social. No caso da série <strong>de</strong> cartões postais em análise, observam-se recorrências no que<br />

tange ao recorte espacial e ao tratamento formal, consolidando uma visão estereotipada da<br />

Várzea do Carmo, neste momento já transformada em Parque Dom Pedro II. Que imagem<br />

urbana embasava essa paisagem da região e as quais expectativas respondiam são algumas<br />

das questões que a análise procura respon<strong>de</strong>r.<br />

Esta comunicação é parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> mestrado, <strong>de</strong>senvolvido no <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

<strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no qual se estuda a construção <strong>de</strong> diferentes imagens<br />

sobre a Várzea do Carmo no período <strong>de</strong> 1860 a 1950 e <strong>de</strong> que maneira as intervenções<br />

urbanísticas realizadas nesta região nos ajudam a compreen<strong>de</strong>r os planos e projetos <strong>de</strong>senvolvidos<br />

para a cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Várzea do Carmo, São Paulo, Cultura Visual.<br />

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ST 7<br />

<strong>História</strong> e Ficção<br />

<strong>História</strong> e ficção: Gaston Bachelard e o instante<br />

poético<br />

André Fabiano Voigt (UFU)<br />

As consi<strong>de</strong>rações sobre o instante poético na obra do filósofo francês Gaston Bachelard po<strong>de</strong>m<br />

ser uma importante aproximação entre o ofício do historiador e o do escritor, no momento<br />

que ambos envolvem o trabalho criativo com a palavra. Em pelo menos dois <strong>de</strong> seus<br />

livros - A Intuição do Instante e A Dialética da Duração – o autor trata da relação entre a<br />

escrita e a temporalida<strong>de</strong>, tornando possível realizar um diálogo entre a história e a ficção,<br />

centrada no instante como principal elemento temporal para a criação. Bachelard realiza<br />

um <strong>de</strong>bate com Henri Bergson e Gaston Roupnel acerca da temporalida<strong>de</strong>, bem como faz<br />

um diálogo com Lúcio Pinheiro dos Santos, acerca da ritmanálise como instrumento para<br />

analisar as imagens poéticas utilizadas nos diversos autores <strong>de</strong> literatura, po<strong>de</strong>ndo ser empregada<br />

em um diálogo com a história.<br />

Palavras-chave: temporalida<strong>de</strong>, escrita, história, ficção.<br />

Eu sou como eu sou: Torquato Neto à luz <strong>de</strong> Michel<br />

Pêcheux<br />

Edwar <strong>de</strong> Alencar Castelo Branco<br />

Doutor em <strong>História</strong>- UFPI<br />

Constitui lugar-comum, na história contemporânea do Brasil, a idéia <strong>de</strong> que, por obra exclusiva<br />

dos militares, o País mergulhou nas trevas a partir <strong>de</strong> 1964. Como resultado do “golpe”<br />

- esta entida<strong>de</strong> ao mesmo tempo mal <strong>de</strong>finida e exaustivamente apropriada - a socieda<strong>de</strong><br />

brasileira teria começado a viver, a partir daquele evento, os “anos <strong>de</strong> chumbo” <strong>de</strong> sua história.<br />

Curiosamente, no extremo oposto do enunciado que configura os “anos <strong>de</strong> chumbo”, estariam<br />

os “anos dourados”, espécie <strong>de</strong> metáfora do Brasil juvenil e engajado. Esta formação<br />

discursiva, por sua vez, acabaria por gerar um quadro <strong>de</strong>ntro do qual só seria possível pensar<br />

a história do período em termos <strong>de</strong> direita e esquerda. O presente trabalho, procurando<br />

alçar-se para fora da moldura <strong>de</strong>scrita acima, propõe discutir expressões artísticas dos anos<br />

1960 e 1970, em sua dimensão micrológica, procurando mostrar a insuficiência <strong>de</strong> se pensar<br />

o período apenas em termos da macropolítica. Como forma <strong>de</strong> testar uma nova teoria do<br />

discurso em seus trabalhos, o autor analisará fragmentos da obra <strong>de</strong> Torquato Neto à luz das<br />

formulações <strong>de</strong> Michel Pêcheux, particularmente sua proposta <strong>de</strong> Análise Automática do<br />

Discurso.<br />

Palavras-Chaves: <strong>História</strong> do Brasil; discurso; Torquato Neto.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Singrando por <strong>de</strong>baixo da avenida: a emergência<br />

da subjetivida<strong>de</strong> un<strong>de</strong>rground na paisagem geral<br />

da curtinália teresinense na década <strong>de</strong> 1970.<br />

Ernani José Brandão Junior<br />

ernanibelcaster@yahoo.com.br<br />

Edwar <strong>de</strong> Alencar Castelo Branco<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí – UFPI<br />

Edwar2005@uol.com.br<br />

Neste Trabalho tive por objetivo analisar as práticas discursivas que produziram a emergência<br />

da subjetivida<strong>de</strong> un<strong>de</strong>rground em Teresina - PI na década <strong>de</strong> 1970. Ao cartografar as<br />

linhas <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong>sta subjetivida<strong>de</strong> perceberam que elas estavam relacionadas às diversas<br />

manifestações artísticas criadas por um grupo <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> classe média envolvidos<br />

com produção <strong>de</strong> filmes experimentais, <strong>de</strong> jornais alternativos e <strong>de</strong> suplementos dominicais<br />

que circularam encartados nos jornais da gran<strong>de</strong> imprensa. Entendo que neste momento a<br />

arte emerge como um problema central na condição <strong>de</strong> existência <strong>de</strong>sta juventu<strong>de</strong> teresinense,<br />

que passou a utilizá-la como exercícios <strong>de</strong> libertação, como experimentação estética,<br />

como elaboração <strong>de</strong> si e como ocupação tática dos espaços da cida<strong>de</strong>. Para tanto, evi<strong>de</strong>nciei<br />

as práticas discursivas que produziram a subjetivida<strong>de</strong> un<strong>de</strong>rground em Teresina - PI a partir<br />

das problemáticas discutidas pelos jovens no campo da arte, tais como: a antiarte; a criação<br />

no campo da arte; a proposta da arte <strong>de</strong> vanguarda; a posição do artista <strong>de</strong> vanguarda; a comunicação<br />

no campo da arte e o público <strong>de</strong> arte. As principais fontes que utilizei neste trabalho<br />

foram os suplementos dominicais Estado Interessante (1972) e Boquitas Rouge (1973)<br />

os quais circularam encartados no Jornal O Estado, Hora Fatal (1972), encarte do Jornal A<br />

Hora e as duas edições do jornal alternativo Gramma (1972).<br />

Palavras - chave: Subjetivida<strong>de</strong> Un<strong>de</strong>rground, Arte e Juventu<strong>de</strong>.<br />

O “tópico do <strong>de</strong>slocamento” na cultura<br />

brasileira: sua extensão e natureza arquetípica<br />

Gabriel Santos da Silva<br />

PUC - RJ<br />

Gabriel.santos.silva@gmail.com<br />

“Somos ainda uns <strong>de</strong>sterrados em nossa terra”: com estas palavras Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda<br />

manifestou a percepção <strong>de</strong> que algo no Brasil encontra-se <strong>de</strong>slocado, fora do lugar.<br />

Tal percepção, recorrente nas páginas <strong>de</strong> intelectuais brasileiros, adquire características <strong>de</strong><br />

um tópico bem <strong>de</strong>finido: que convenciono chamar <strong>de</strong> “tópico do <strong>de</strong>slocamento”. O presente<br />

trabalho procura avaliar a extensão e natureza <strong>de</strong>ste. Para tanto, recorro a quatro autores <strong>de</strong><br />

diferentes campos do saber e contextos históricos: o poeta Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães, o cronista<br />

João do Rio, o ensaísta Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda e o crítico Roberto Schwarz. Para além<br />

<strong>de</strong> uma perspectiva homogeneizante que a recorrência do tópico ao longo <strong>de</strong> dois séculos<br />

induz supor, este trabalho busca classificá-lo em uma tipologia que ressalte seus diferentes<br />

matizes. Deste modo, a hipótese aqui proposta é <strong>de</strong> que o “tópico do <strong>de</strong>slocamento” articula-<br />

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se arque-tipicamente em configurações narrativas ora trágicas, ora épicas.<br />

Palavras-chave: <strong>de</strong>slocamento; épico; trágico.<br />

A casa Felix Louza - 1950.<br />

Espacializando memórias na construção<br />

do habitat mo<strong>de</strong>rno em Goiânia.<br />

Isabela Menegazzo Santos <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (UFG)<br />

belmenegazzo@hotmail.com<br />

Este projeto <strong>de</strong> pesquisa em <strong>História</strong> e Design tem como objeto o estudo narratológico (objeto<br />

cultural, hermenêutico e pulsional) <strong>de</strong> uma (01) residência (projeto, construção e seus<br />

interiores, modos <strong>de</strong> habitar e <strong>de</strong> viver os espaços) i<strong>de</strong>ntificada como sendo uma casa mo<strong>de</strong>rna<br />

- o artefato residência percebido diacronicamente, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma linhagem da história<br />

da arquitetura mo<strong>de</strong>rna, localizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia (Goiás), i<strong>de</strong>ntificadas em pesquisa<br />

exploratóriatendo como o objeto <strong>de</strong> estudo uma casa construída no ano <strong>de</strong> 1950 (Casa Felix<br />

Louza) entendida aqui como uma casa representativa do período fundador do mo<strong>de</strong>rnismo<br />

arquitetônico <strong>de</strong>sta capital na sincronicida<strong>de</strong> dos eventos que traçam a historia e a mitologia<br />

do mo<strong>de</strong>rnismo em Goiânia. Através das sensibilida<strong>de</strong>s reveladas no espaço interior o estudo<br />

comenta a complexida<strong>de</strong> da casa vista como espaço inventado e inventivo, sua dimensão<br />

doméstica na invenção no espaço mo<strong>de</strong>rno.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> das Sensibilida<strong>de</strong>s, Design <strong>de</strong> interiores, casa subjetiva.<br />

O filme no mar do tempo: ensaio <strong>de</strong> interpretação<br />

<strong>de</strong> Barravento 50 anos <strong>de</strong>pois.<br />

Jailson Pereira da Silva<br />

UFPI/FAFICA<br />

Algumas vezes, Glauber Rocha referiu-se à “Barravento” (1961) como “um ensaio cinematográfico,<br />

uma experiência <strong>de</strong> iniciante” (ROCHA, 2008). Pensando o filme no conjunto da obra<br />

do cineasta baiano, a frase certamente faz algum sentido, sobretudo, graças ao aprofundamento<br />

que questões como “visão <strong>de</strong> mundo”, “estética da violência”, “revolução” e “história”<br />

sofreram em alguns <strong>de</strong> seus filmes posteriores, a exemplo <strong>de</strong> Deus e o Diabo na Terra do Sol<br />

(1964) Terra em Transe (1967). Quando visto com as lentes do tempo, no entanto, quando<br />

encarado como uma interpretação atenta às dinâmicas histórico-culturais que marcavam a<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira entre o final da década <strong>de</strong> 1950, Barravento ganha outros ares, per<strong>de</strong>ndo<br />

parte <strong>de</strong>ssa dimensão pretensamente iniciante. Tido como um dos marcos fundadores do<br />

cinemanovismo, Barravento abre possibilida<strong>de</strong>s múltiplas <strong>de</strong> interpretação. O trato com o<br />

espaço no qual se dá enredo, por exemplo, é significativo das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprisionamento<br />

do filme. Qual é o espaço geográfico do filme? Uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadores. Po<strong>de</strong> ser da<br />

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Bahia, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong> Pernambuco... Uma geografia simbólica, que não é <strong>de</strong>cifrada<br />

pela busca incessante da realida<strong>de</strong>. Embora as legendas iniciais informem “ “no litoral da<br />

Bahia vivem os negros pescadores <strong>de</strong> ‘xaréu’, cujos antepassados vieram escravos da África”,<br />

não há o objetivo <strong>de</strong> cartografar o espaço, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-lo colado a uma realida<strong>de</strong> facilmente<br />

i<strong>de</strong>ntificável. O filme aponta em diferentes direções. Se <strong>de</strong> um lado, por exemplo, tem um<br />

tom marxista (ao colocar temática como alienação, exploração); por outro, tem um toque<br />

etnográfico ao expor e documentar aspectos cotidianos das comunida<strong>de</strong>s envolvidas no universo<br />

mítico do candomblé. Este trabalho busca discutir essas interpretações, enten<strong>de</strong>ndo<br />

que o filme é um documento entrelaçado com o universo i<strong>de</strong>ológico do cinema daqueles<br />

anos, visto como um espaço <strong>de</strong> discussão da socieda<strong>de</strong> através do qual o intelectual pu<strong>de</strong>sse<br />

expor suas idéias, enfrentar o mundo e refletir sobre a história.<br />

Palavras-chave: cinema-história, trabalho e concepção <strong>de</strong> mundo.<br />

Uma história do futuro na narrativa<br />

<strong>de</strong> Aldous Huxley<br />

Joelma Tito da Silva<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> Social - UFCE<br />

joelmatito@yahoo.com.br<br />

Esta comunicação analisa a construção <strong>de</strong> uma história do futuro em Brave new world (1932)<br />

e Ape and essence (1949) do escritor britânico Aldous Huxley. Trata-se <strong>de</strong> um estudo histórico<br />

sobre a relação com o tempo em uma escrita ficcional que transforma o futuro em lugar<br />

privilegiado da narrativa, no qual as ações presentes se <strong>de</strong>senrolam se realizam e se exce<strong>de</strong>m.<br />

Para Huxley o futuro aparece como a síntese <strong>de</strong> um pesa<strong>de</strong>lo tramado no presente, o vir a<br />

ser converte-se em caricatura radical do tempo vivido. Pesa<strong>de</strong>lo que o angustia e, concomitantemente,<br />

parece expressar a direção para a qual caminha a história da humanida<strong>de</strong>. Assim,<br />

ambas as narrativas possibilitam uma análise sobre o regime <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rno,<br />

cuja relação com o tempo po<strong>de</strong> ser caracterizada pelo medo e o <strong>de</strong>sejo do futuro (HAR-<br />

TOG, 2003). Se as gran<strong>de</strong>s utopias e projetos políticos do século XIX disputavam o sentido<br />

da história, <strong>de</strong>finindo as ações do presente a partir <strong>de</strong> diferentes horizontes <strong>de</strong> expectativa<br />

(KOSELLEK, 2006), durante a primeira meta<strong>de</strong> do século XX, o texto <strong>de</strong> Huxley oferecia<br />

um panorama virtual do futuro, um mundo a posteriori resultante das feridas abertas pelos<br />

nacionalismos, pelas guerras, pelo <strong>de</strong>senvolvimento técnico-cientifico e pelas práticas da<br />

socieda<strong>de</strong> do lucro e do consumo.<br />

Palavras-chave: Aldous Huxley, ficção, futuro<br />

De fora do Paraíso: Cida<strong>de</strong> e jardinagem no filme<br />

Metropolis<br />

José Adilson Filho (FAFIBA/FABEJA)<br />

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Conforme o gênesis, o Jardim do É<strong>de</strong>n foi o lugar mais belo e perfeito da criação divina. O<br />

jardim/paraíso <strong>de</strong>sapareceu, mas os homens nunca o esqueceram. A concepção do jardimmo<strong>de</strong>rno<br />

difere bastante do jardim das <strong>de</strong>lícias, uma vez que exclui diversas espécies <strong>de</strong> seres<br />

vivos. Trata-se <strong>de</strong> um espaço que privilegia a unida<strong>de</strong> e uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamentos e<br />

sentidos. No belíssimo e instigante filme Metropolis <strong>de</strong> Fritz Lang há um espaço chamado<br />

“os jardins dos sonhos”, uma miniatura do É<strong>de</strong>n criado para o <strong>de</strong>leite exclusivo da elite da<br />

cida<strong>de</strong>. Todavia, a existência <strong>de</strong> tal vida edênica prescindiu da expulsão e da marginalização<br />

dos trabalhadores, os quais apesar <strong>de</strong> fundamentais, eram vistos como incongruentes<br />

aos princípios da jardinagem mo<strong>de</strong>rna. Metropolis, além <strong>de</strong> fazer uma crítica contun<strong>de</strong>nte<br />

as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe produzidas pelo capitalismo, fornece bons insights e metáforas<br />

para se ler as contradições e ambivalências da vida urbana na contemporaneida<strong>de</strong>, principalmente<br />

a partir <strong>de</strong> uma perspectiva que entenda a feliz (cida<strong>de</strong>) mediada pela produção<br />

da infeliz (cida<strong>de</strong>).<br />

Palavras-chave: vida urbana, marginalização, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.<br />

“É por isto que Caruaru é a capital do forró”: a<br />

música como construtora <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sobre<br />

Caruaru - PE (1970 - 1990).<br />

José Daniel da Silva (UFPE)<br />

danielhistoria@hotmail.com<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caruaru, interior <strong>de</strong> Pernambuco, é conhecida como “Capital do Forró” e “Cida<strong>de</strong><br />

que realiza o Melhor e Maior São João do Mundo”. Tais slogans foram construídos entre<br />

os anos 70 e 80, nos quais a socieda<strong>de</strong> caruaruense (população, políticos, empresários, etc.)<br />

criou e solidificou uma festa popular no espaço urbano, a festa junina, transformando-a em<br />

produto turístico. Diversos fatores contribuíram com esta construção, <strong>de</strong>ntre eles a música:<br />

o forró. Reduto <strong>de</strong> artistas forrozeiros, a cida<strong>de</strong> possuía três emissoras <strong>de</strong> rádio AM que os<br />

divulgava. Eles, por sua vez, gravavam músicas sobre a cida<strong>de</strong>, fazendo com que esta mensagem<br />

associativa “Caruaru X Forró X São João” fosse lançada para vários estados do Nor<strong>de</strong>ste<br />

brasileiro, e até para outras regiões do Brasil e do exterior. A consolidação da festa junina<br />

caruaruense foi seguida pela paulatina gravação <strong>de</strong> forrós em homenagem à cida<strong>de</strong>, sempre<br />

narrada como “Capital do Forró”, contando, na atualida<strong>de</strong>, com mais <strong>de</strong> mil composições.<br />

Palavras-chave: Caruaru; Forró; Capital do Forró; Festejos Juninos.<br />

The Stonewall Celebration Concert, 1994: Homoerotismo<br />

e Política na Arte <strong>de</strong> Renato Russo.<br />

Luciano Carneiro Alves (UFMT)<br />

Doutorando em <strong>História</strong> Social pela USP<br />

luccarneiroalves@hotmail.com<br />

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Em 1994, completou-se 25 anos do levante no bar Stonewall em Nova York. Na noite <strong>de</strong><br />

28 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1969, os homossexuais que freqüentavam o local reagiram às recorrentes<br />

repressões policiais que sofriam e, com esta atitu<strong>de</strong>, simbolizaram a data como marco do<br />

“Orgulho Gay” na luta pela diversida<strong>de</strong> sexual. Ídolo jovem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 80, Renato Russo<br />

enfrentava <strong>de</strong>safios pessoais <strong>de</strong>correntes da sua condição <strong>de</strong> soropositivo e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

químico. O vocalista e principal compositor da banda Legião Urbana vivenciava um momento<br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> valores e posturas políticas. E em homenagem à data, lançou o<br />

álbum solo “The Stonewall Celebration Concert” com 21 canções em inglês <strong>de</strong> compositores<br />

americanos <strong>de</strong> vários estilos. O objetivo neste trabalho é, a partir da análise <strong>de</strong>ste álbum,<br />

discutir práticas políticas <strong>de</strong> Renato Russo por meio <strong>de</strong> sua arte. O entendimento é que a<br />

escolha do repertório, as opções <strong>de</strong> arranjo e interpretação das canções, a atuação na mídia<br />

para a divulgação do álbum, fizeram parte <strong>de</strong> uma intenção <strong>de</strong> Renato Russo em promover<br />

junto ao seu público e à socieda<strong>de</strong> em geral o <strong>de</strong>bate sobre a diversida<strong>de</strong> sexual.<br />

Palavras-chave: práticas políticas; atuação da mídia; diversida<strong>de</strong> sexual.<br />

A exposição Tropicália: Uma revolução cultural<br />

1967-1972, e a “invenção” da moda “tropicalista”<br />

Maria Claudia Bonadio<br />

Centro Universitário Senac<br />

mariacbonadio@uol.com.br<br />

Em 1958, a Rhodia Têxtil inicia a produção <strong>de</strong> fios sintéticos no País, e entre 1960-1970, elabora<br />

ações publicitárias calcadas na produção <strong>de</strong> editoriais <strong>de</strong> moda, anúncios para revistas, e <strong>de</strong>sfiles,<br />

que conjugavam elementos da “cultura nacional” (música e artes plásticas), a fim <strong>de</strong> associar<br />

o produto à criação <strong>de</strong> uma “moda brasileira”. Uma das mais <strong>de</strong>stacadas ações publicitárias<br />

realizadas no período é a produção <strong>de</strong> estampas por artistas plásticos (Al<strong>de</strong>mir Martins, Volpi,<br />

Manabu Mabe, somando mais <strong>de</strong> 70 artistas e 300 trabalhos) para roupas que eram apresentadas<br />

na publicida<strong>de</strong>, mas não eram comercializadas e visavam agregar qualida<strong>de</strong> à marca. Parte<br />

<strong>de</strong>ssa produção foi doada ao MASP em 1972. Nesta comunicação analiso as utilizações <strong>de</strong> tais<br />

peças em exposições ocorridas entre 1999-2007, e especialmente em Tropicália: Uma revolução<br />

cultural 1967-1972, observando como tais usos acabam por tornar esses objetos “elementos <strong>de</strong><br />

uma nova escrita” (SANTOS, 2002), permitindo a construção (ficcional) <strong>de</strong> novos sentidos aos<br />

objetos, muitas vezes <strong>de</strong>sconectados <strong>de</strong> suas significações iniciais.<br />

Palavras-chave: Tropicália, moda, produção <strong>de</strong> sentidos.<br />

<strong>História</strong> e literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l: J. Borges e as<br />

maldições da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Maria do Rosário da Silva (UFPE)<br />

transilin@yahoo.com.br<br />

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Neste trabalho, tomei o folheto o Exemplo da Mulher que Ven<strong>de</strong>u o Cabelo e Visitou o Inferno<br />

escrito em 1967 por j. Borges, como um fragmento da chamada cultura popular, instrumento<br />

e fonte histórica, para conhecer as condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ste poeta na década <strong>de</strong><br />

sessenta na região Agreste <strong>de</strong> Pernambuco. Para a consecução <strong>de</strong>sse escrito associei entrevistas<br />

temáticas, pesquisa documental, leituras e o exercício <strong>de</strong> composição textual, buscando<br />

interpretar as prescrições sociais, os exemplos e os acontecimentos escolhidos por J. Borges<br />

para narrar os anos sessenta.<br />

Apreendi a trama narrativa registrada no folheto não como indício <strong>de</strong> um real que se po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svendar, mas como um acontecimento histórico.<br />

Entre outras referências conceituais, apropriei-me principalmente, da noção certeauriana<br />

<strong>de</strong> cultura ordinária para refletir sobre o caráter problemático da dualida<strong>de</strong> cultura popular/<br />

cultura erudita que envolve o <strong>de</strong>bate sobre o status da literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. Portanto, esse<br />

trabalho está inscrito numa combinação que associa um lugar social, práticas científicas e<br />

maneiras <strong>de</strong> narrar e escrever.<br />

Palavras-chave: literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, J. Borges, narrativa histórica.<br />

<strong>História</strong>s e Ficção <strong>de</strong> um Inventário Cultural<br />

Maria Lana Monteiro <strong>de</strong> Lacerda (UPE)<br />

O presente trabalho parte das idéias <strong>de</strong> performance e <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> paisagens e sujeitos<br />

existentes na obra “Inventário <strong>de</strong> um Feudalismo Cultural Nor<strong>de</strong>stino ou Uma Fricção<br />

Histórico Existencial”, <strong>de</strong> Jomard Muniz <strong>de</strong> Brito. Produzida em super-8, em parceria com o<br />

grupo teatral “Vivencial Diversiones” no ano <strong>de</strong> 1978, tal obra, um ano <strong>de</strong>pois, foi publicada<br />

em livro. Entre o inventário das diferenças, <strong>de</strong>bates e conflitos, bem como, os interesses e<br />

tradições partilhadas, observaremos algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leituras da <strong>História</strong> cultural<br />

brasileira articulando e negociando imagens em ambas as narrativas da obra.<br />

Palavras-chave: cultura brasileira, narrativas, ficção histórica.<br />

Filipa Raposa e Bento Teixeira: representações<br />

<strong>de</strong> gênero em Os Rios Turvos <strong>de</strong> Luzilá Gonçalves<br />

Ferreira<br />

Maria Suely <strong>de</strong> oliveira Lopes<br />

O presente trabalho consiste fazer um estudo sobre as representações <strong>de</strong> gênero na obra Os<br />

rios turvos (1993) <strong>de</strong> Luzilá Gonçalves Ferreira. Lembra-se que esta pesquisa apresenta apenas<br />

informações parciais por se tratar <strong>de</strong> um trabalho em andamento. Os resultados serão<br />

publicados após conclusão da mesma. Neste estudo, focalizar-se-á as personagens Felipa<br />

Raposa e Bento Teixeira respectivamente para se questionar sobre a subjetivida<strong>de</strong> da mulher<br />

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em relação ao outro - sujeito representado por Bento Teixeira - consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>tentor do po<strong>de</strong>r<br />

hegemônico na obra. A metodologia apresentada nesse estudo é <strong>de</strong> caráter bibliográfico<br />

procurando esboçar uma visão da época passada e um possível olhar sob a perspectiva contemporânea,<br />

incluindo um perfil <strong>de</strong> mulher( Filipa Raposa) tão singular, que viveu, amou ,e<br />

foi mal compreendida pelo seu esposo e pela socieda<strong>de</strong> patriarcal do século XVI.<br />

Palavras-chave: ficção; representações <strong>de</strong> gênero; subjetivida<strong>de</strong> feminina.<br />

O narrador coletivo na Brinca<strong>de</strong>ira: um diálogo<br />

entre Bakhtin e Kun<strong>de</strong>ra<br />

Maria Veralice Barroso<br />

Doutoranda- UnB<br />

Assim como Bakhtin procurou o “campo concreto da vida” como espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> seu pensamento teórico, no solo do texto estético-literário, o escritor tcheco Milan Kun<strong>de</strong>ra<br />

criou estratégias no sentido <strong>de</strong> manter vivo o diálogo do homem com o mundo a sua<br />

volta. Ao contrário do que afirmaram as muitas leituras monológicas (Morson e Emerson,<br />

2008) das quais foi vítima, a literatura adotada por Kun<strong>de</strong>ra não intenta fazer-se documento<br />

factual <strong>de</strong> uma época, mas também não se eva<strong>de</strong> do mundo. Enquanto consciência organizadora<br />

do diálogo, o romancista, não é indiferente, seu olhar é o olhar do sujeito que não<br />

apenas observa, mas experiencia a <strong>História</strong> cotidianamente. (Bakhtin, 2008)<br />

Assim, enten<strong>de</strong>ndo a literatura como uma dada forma “<strong>de</strong> ver e dizer a realida<strong>de</strong>” (Albuquerque<br />

Junior, 2009:41), o presente trabalho tem por objetivo buscar, no romance A brinca<strong>de</strong>ira<br />

pontos <strong>de</strong> aproximação entre a teoria bakhtiniana e a ficção <strong>de</strong> Milan Kun<strong>de</strong>ra no que se refere<br />

à relação homem/mundo. Para tanto, as análises estarão centradas naquele que consi<strong>de</strong>ro<br />

o elemento principal a assegurar a condição dialógico-polifônica do primeiro romance<br />

kun<strong>de</strong>riano: o narrador coletivo.<br />

Palavras chave: literatura, dialogismo, mundo.<br />

Assia Djebar: história e ficção<br />

Norma Wimmer<br />

UNESP – IBILCE - C.S.J. RIO PRETO<br />

nwimmer@uol.com.br / wimmer@ibilce.unesp.br<br />

Em 1985, Assia Djebar, escritora argelina <strong>de</strong> língua francesa publica, na França, seu romance<br />

L’Amour, la fantasia. Nesse texto que, na opinião <strong>de</strong> Rachid Minoum (2005) caminha entre a<br />

história e a ficção, a autora propõe-se a rever a história da relação Argèlia-França representando-a,<br />

ao mesmo tempo, sob a perspectiva da história oficial, sob a ótica dos dominados e sob<br />

a visão pessoal - entrecruzando-as. A conquista da Argélia ocorreu em 1830; a in<strong>de</strong>pendência,<br />

em 1962. Ali, como acontecia em todas as suas colônias, o governo francês fundamentou<br />

seu projeto colonizador na imposição da língua francesa; <strong>de</strong>pois, conseqüentemente, na im-<br />

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plantação da cultura e dos valores franceses. Em L’Amour, la fantasia Assia Djabar a personagem<br />

feminina que procura recontar a história <strong>de</strong> seu país e a sua própria confronta-se com a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua relação com a língua francesa - a língua do outro - da qual ela acaba lançando<br />

mão, como <strong>de</strong> um butim <strong>de</strong> guerra. Constituem, portanto, objetivos do trabalho a ser<br />

apresentado, tecer consi<strong>de</strong>rações acerca da relação da história oficial da conquista da Argélia<br />

com a história não-oficial, bem como abordar o processo <strong>de</strong> criação romanesca realizada por<br />

Assia Djebar na redação <strong>de</strong> L’Amour, la Fantasia.<br />

Palavras-chave: história, ficção, Argélia.<br />

Entre operações e <strong>de</strong>svios: Michel <strong>de</strong> Certeau,<br />

Paul Ricoeur e a escrita da história<br />

Rafael Pereira da silva<br />

Este artigo é um exercício <strong>de</strong> aproximação entre dois pensadores, Michel <strong>de</strong> Certeau e Paul<br />

Ricoeur. Para tanto, o texto será dividido em três partes. Num primeiro momento procuro<br />

narrar a trajetória intelectual <strong>de</strong> Certeau, buscando indícios <strong>de</strong> experiências que possam<br />

ter influenciado suas análises. Em seguida apresento seu livro a Escrita da <strong>História</strong> inserindo-o<br />

no <strong>de</strong>bate historiográfico dos anos 1970. Por último analiso algumas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Certeau<br />

apreendidas por Ricoeur em A memória, a história, o esquecimento, <strong>de</strong>monstrando os diálogos<br />

existentes entre os autores.<br />

Palavras-chave: trajetórias, operação, narrativa.<br />

O engajamento teatral na Cia do Latão a presença<br />

<strong>de</strong> Bertolt Brecht no teatro brasileiro dos últimos<br />

anos<br />

Rodrigo <strong>de</strong> Freitas Costa<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do triângulo Mineiro<br />

Esta comunicação preten<strong>de</strong> discutir as questões sociais, políticas e culturais no momento<br />

<strong>de</strong> formação da Cia do Latão, em 1997. Nesse contexto é preciso avaliar o peso dos trabalhos<br />

teóricos <strong>de</strong> Bertolt Brecht, em especial os Diálogos <strong>de</strong> A Compra do Latão, no processo <strong>de</strong><br />

constituição do primeiro trabalho do grupo paulistano, além <strong>de</strong> pontuar as características da<br />

formação intelectual <strong>de</strong> Sérgio <strong>de</strong> Carvalho, diretor da Cia. O <strong>de</strong>bate acerca do engajamento<br />

artístico, assim como as posições estéticas assumidas durante a formação Cia do Latão, constitui<br />

o norte da apresentação que se propõe.<br />

Palavras-chave: teatro, Bertolt Brecht.<br />

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Moça com brinco <strong>de</strong> pérola: filme,<br />

ficção, <strong>História</strong><br />

Rosangela <strong>de</strong> Oliveira Dias<br />

Universida<strong>de</strong> Severino Sombra-USS - Vassouras<br />

“Na Delft, (Holanda) do século XVII, jovem <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis anos trabalha para sustentar sua<br />

família como empregada doméstica na casa <strong>de</strong> Johannes Vermeer, importante e conceituado<br />

pintor”. Tal trama, <strong>de</strong>senvolvida em romance e filme homônimos e foi inspirada em obra<br />

<strong>de</strong> Vermeer, Moça com brinco <strong>de</strong> pérola. O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é estabelecer um<br />

diálogo entre o filme, o romance e a pintura tendo como fio condutor <strong>de</strong>ste diálogo a <strong>História</strong><br />

Cultural e a <strong>História</strong> da Arte, campos <strong>de</strong> conhecimento, pesquisa, análise e investigação da<br />

chamada realida<strong>de</strong> social.<br />

Palavras-chave: filme, ficção, <strong>História</strong>.<br />

Metaficção historiográfica, mangá feminino, e<br />

feminismo: um olhar sobre a Rosa <strong>de</strong> Versalhes<br />

Valéria Fernan<strong>de</strong>s da Silva<br />

Doutora em <strong>História</strong> na UnB<br />

valeria.historia@uol.com.br<br />

No Oci<strong>de</strong>nte os quadrinhos têm mantido um diálogo intenso com a <strong>História</strong> que é utilizada<br />

como pano <strong>de</strong> fundo, recurso para a ação e fonte <strong>de</strong> inspiração. No Japão não é diferente. No<br />

caso do quadrinho feminino, ou shoujo mangá, a Rosa <strong>de</strong> Versalhes, <strong>de</strong> Riyoko Ikeda, inovou<br />

ao entrelaçar história e literatura para narrar os acontecimentos da vida <strong>de</strong> duas mulheres, a<br />

rainha Maria Antonieta e Oscar François <strong>de</strong> Jarjayes, uma moça criada como homem e que<br />

se torna chefe da guarda real, tendo como fundo os acontecimentos dramáticos que conduziram<br />

à Revolução Francesa. A série foi um marco cultural <strong>de</strong>ntro da história dos quadrinhos<br />

japoneses, influenciando obras posteriores, seja na construção ficcional da <strong>História</strong>, ou nas<br />

discussões dos papéis <strong>de</strong> gênero. Em nosso artigo preten<strong>de</strong>mos discutir o caráter didático<br />

quadrinho, que percebemos como um tipo <strong>de</strong> literatura, como veículo <strong>de</strong> transmissão da<br />

<strong>História</strong> Oci<strong>de</strong>ntal para as adolescentes japonesas e discussão da inserção das mulheres no<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> questões sociais urgentes, como as <strong>de</strong>mandas feministas.<br />

Palavras-chave: metaficção, historiográfica, mangá, feminismo<br />

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ST 8<br />

Religiosida<strong>de</strong>s, Cultura Popular e Sociabilida<strong>de</strong>s – a tessitura<br />

sentimental <strong>de</strong>lineando paisagens subjetivas e sociais<br />

“...Era uma ‘imaginha’ pequena e tinha o ‘<br />

altarzim’ <strong>de</strong>le bem do lado <strong>de</strong> Nossa Senhora”:<br />

A Memória e as fontes orais na reconstrução<br />

da troca <strong>de</strong> São Benedito por Nossa Senhora<br />

<strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s em Ecruzilhada-Ba<br />

Fabíola Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />

Mestranda - UESB<br />

Ana Palmira Santos Bittencourt S. Casimiro<br />

Pós-Doutora - UNICAMP<br />

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a Memória encruzilha<strong>de</strong>nse acerca da troca <strong>de</strong> um<br />

santo negro por uma santa branca, a partir <strong>de</strong> um estudo local que vem sendo realizado na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Encruzilhada - BA. São Benedito era consi<strong>de</strong>rado o padroeiro da então vila, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

meados da década <strong>de</strong> 80 do século XIX. Porém, no momento da fundação da Paróquia da<br />

cida<strong>de</strong>, em 1936, o santo franciscano foi substituído por Nossa Senhora <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s. No presente<br />

trabalho as fontes orais estão sendo usadas como recurso para acessar uma memória,<br />

que havia sido tragada pelas falas institucionais. A elite local, bem como a Igreja Católica,<br />

através do silêncio trataram <strong>de</strong> suprimir, aos poucos, a presença do culto a ponto <strong>de</strong> alijálo<br />

completamente do discurso oficial, todavia, a memória do culto subsiste na “memória<br />

subterrânea” da cida<strong>de</strong>, o que acabou por <strong>de</strong>sembocar no mito <strong>de</strong> que, por um castigo, São<br />

Benedito não permitiria que a cida<strong>de</strong> evoluísse. Uma análise preliminar leva a crer que o status<br />

<strong>de</strong> santo não conseguira isentá-lo da subalternida<strong>de</strong> tida como inerente ao negro.<br />

Palavras-chave: fontes orais; memória; São Benedito.<br />

Festas e festejos como formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong><br />

e religiosida<strong>de</strong> nas comunida<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

influência da UHE Serra do Fação<br />

An<strong>de</strong>rson Aparecido Gonçalves <strong>de</strong> Oliveira - UFU/FACIP<br />

An<strong>de</strong>rson_araguari@hotmail.com<br />

A referente pesquisa pauta-se numa reflexão acerca <strong>de</strong> como as festivida<strong>de</strong>s, no universo<br />

rural, das comunida<strong>de</strong>s afetadas pela UHE Serra do Facão (Catalão, Campo Alegre <strong>de</strong> Goiás,<br />

Cristalina, Ipameri, Davinópolis - no estado <strong>de</strong> Goiás e Paracatu, em Minas Gerais) são<br />

importantes veículos <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s. A proposta que apresentamos aqui diz respeito à<br />

compreensão <strong>de</strong>ssa relação festiva tecida entre as comunida<strong>de</strong>s locais, no que se refere à<br />

manutenção dos vínculos sociais que tem na realização das tradicionais festas <strong>de</strong> roça em<br />

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<strong>de</strong>voção aos santos protetores e outras formas <strong>de</strong> festivida<strong>de</strong> como as pamonhadas, as cavalgadas,<br />

a <strong>de</strong>mão, <strong>de</strong>ntre muitas outras, a forma <strong>de</strong> integração social dos indivíduos que, no<br />

universo rural funciona como importante canal <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> experiências e<br />

ajudas coletivas em prol da <strong>de</strong>voção, da religiosida<strong>de</strong> e dos encontros que o festejar propicia<br />

a essas comunida<strong>de</strong>s e das relações entre vizinhos, cujo significado é bastante representativo<br />

para essas comunida<strong>de</strong>s rurais. Levando em consi<strong>de</strong>ração essa realida<strong>de</strong> local, buscamos<br />

ainda perceber como as realizações <strong>de</strong>ssas práticas alimentam o viver e a religiosida<strong>de</strong> das<br />

muitas famílias que tem na realização do <strong>de</strong>votamento e da festa, das partilhas coletivas a<br />

manutenção dos seus vínculos sociais e <strong>de</strong> pertença com o lugar <strong>de</strong> vivência.<br />

Palavras-chave: universo rural; religiosida<strong>de</strong>; práticas religiosas.<br />

Cinema e tradição oral: o popular na cinematografia<br />

brasileira<br />

Ângela Aparecida Teles ( UFU/FACIP)<br />

O presente trabalho interpreta a oralida<strong>de</strong> da cultura popular presente na cinematografia<br />

nacional, especialmente nas obras <strong>de</strong> Glauber Rocha e Ozualdo Can<strong>de</strong>ias, como elemento<br />

constitutivo <strong>de</strong> um pensamento em imagens que propunha o enfrentamento dos dilemas<br />

da socieda<strong>de</strong> brasileira na segunda meta<strong>de</strong> do século XX por meio do <strong>de</strong>slocamento e da<br />

politização do olhar. Os filmes <strong>de</strong> Glauber Rocha, Barravento 1961 e O Dragão da Malda<strong>de</strong><br />

Contra o Santo Guerreiro 1969, e os filmes <strong>de</strong> Ozualdo Can<strong>de</strong>ias, Zézero 1974 e O Candinho<br />

1976 são criações que mesclam tradição oral e elaborada linguagem cinematográfica, e nos<br />

permitem acompanhar os cruzamentos, as tensões e as múltiplas temporalida<strong>de</strong>s coexistentes<br />

no processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização brasileira na segunda meta<strong>de</strong> do século XX.<br />

Palavras-chave: Cinema brasileiro, tradição oral, hibridismo.<br />

Festejando e rezando nos caminhos<br />

do São Marcos<br />

Cairo Mohamad Ibrahim Katrib<br />

FACIP-NEAB-UFU<br />

No universo rural das comunida<strong>de</strong>s às margens do rio São Marcos, no su<strong>de</strong>ste goiano, afetados<br />

pela construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão, o festejar e o rezar passam por uma<br />

reorganização espacial intensa, à medida que muitas comunida<strong>de</strong>s rurais foram inundadas<br />

pelas águas da represa. Mesmo assim, <strong>de</strong>votos e comunida<strong>de</strong>s rurais reelaboraram e reconstruíram<br />

as formas <strong>de</strong> compartilhar fé e festa no mundo rural. São através das festas <strong>de</strong> roça<br />

que homens e mulheres agra<strong>de</strong>cem e pe<strong>de</strong>m proteção, rogando por dias melhores e buscam<br />

forças para superar as perdas e (in) certezas.<br />

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Palavras-chave: comunida<strong>de</strong>s rurais; fé; rio São Marcos<br />

Os filhos <strong>de</strong> Xangô: A memória e tradição do terreiro<br />

do Babalorixá Joaquim <strong>de</strong> Xangô.<br />

Camila <strong>de</strong> Melo Santos (UFG)<br />

Em meio aos <strong>de</strong>bates sobre a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, em que se acredita que a socieda<strong>de</strong> vive<br />

em meio a uma liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> sentimentos e relações. As tradições ainda são consi<strong>de</strong>radas o<br />

porto seguro para formação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, ou seja, as <strong>de</strong>tentoras da essência original. E no<br />

candomblé não é diferente, está religião <strong>de</strong> origem africana que no Brasil tornou-se representação<br />

<strong>de</strong> nosso hibridismo cultural, em pleno sertão, especificamente na casa do Babalorixá<br />

Joaquim <strong>de</strong> Xangô torna-se representação <strong>de</strong> uma tradição familiar, religiosa e cultural.<br />

Mantida através do rito ao orixá ancestral Xangô. Está comunicação e parte <strong>de</strong> uma pesquisa<br />

ainda em andamento, tendo como resultado o documentário “Ayrábeji <strong>de</strong> Xangô”: Memórias<br />

<strong>de</strong> Pai Joaquim.<br />

Palavras-chaves: memória, tradição e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

Outras histórias: memórias e narrativas<br />

da irmanda<strong>de</strong> da cruz - barba lha/ce<br />

Cícera Patrícia Alcântara<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

patyalcantara11@hotmail.com<br />

Esse trabalho tem como principal objetivo analisar as construções mnemônicas produzidas<br />

pelas narrativas do grupo <strong>de</strong> penitentes Irmanda<strong>de</strong> da Cruz, localizado no município <strong>de</strong><br />

Barbalha/CE. Para a efetivação <strong>de</strong>ssa empreitada, utilizaremos um conjunto amplo <strong>de</strong> entrevistas<br />

realizadas com os Irmãos da Cruz, como também com parte dos seus interlocutores,<br />

conectadas <strong>de</strong> forma diversa aos discursos escritos (oficiais/oficiosos) que se constroem/<br />

construíram a respeito do universo penitencial vivenciado no Cariri cearense <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Século<br />

XIX. Essas narrativas se constroem e se movimentam pelo “emaranhado” <strong>de</strong> experiências e<br />

<strong>de</strong> experimentações diversificadas, que fazem emergir um universo amplo <strong>de</strong> negociações,<br />

tensões, práticas e produções discursivas. Ao contarem suas histórias pessoais e coletivas,<br />

os Irmãos da Cruz estão ao mesmo tempo tentando “conservar” lugares <strong>de</strong> memória e <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação religiosa, bem como cartografando espaços <strong>de</strong> luta e <strong>de</strong> auto-representação<br />

política. As falas <strong>de</strong>sses autoflagelantes nos permitem compreen<strong>de</strong>r a memória como um<br />

campo <strong>de</strong> batalhas.<br />

Uma festa barroca no século XXI<br />

Cláudia Eliane Parreiras Marques Martinez<br />

Universida<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> Londrina.<br />

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cepmarques@uol.com.br<br />

Mais que uma forma plástica ou estilo pictórico, o barroco é entendido pela historiografia<br />

atual como uma cultura e como toda cultura dotada <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>s e uma maneira particular<br />

<strong>de</strong> ver e sentir o mundo. O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é enten<strong>de</strong>r como a festa em<br />

homenagem ao Senhor do Bonfim - realizada na cida<strong>de</strong> mineira <strong>de</strong> mesmo nome - carrega<br />

traços, ritualísticas, hierarquias e performances barrocas que permaneceram no tempo e no<br />

espaço. Há que se consi<strong>de</strong>rar que Bonfim com seus apenas oito mil habitantes “mantêm”<br />

antigos rituais católicos, como a presença <strong>de</strong> irmanda<strong>de</strong>s e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>s entre os<br />

seus membros, que po<strong>de</strong>m ser compreendidos tanto na relação que a população tem com a<br />

antiga matriz (hoje Santuário do Senhor do Bonfim) e as imagens sacras setecentistas trazidas<br />

<strong>de</strong> Portugal, quanto nas procissões e festas celebradas na atualida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Imagens sacras; procissões; Senhor do Bonfim.<br />

Uma Hierópolis no Planalto Central<br />

Daniela Nunes <strong>de</strong> Araujo(UnB)<br />

ela<strong>de</strong>araujo@yahoo.com.br<br />

O mote prevalente da proposta que ora passamos a apresentar <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um olhar por nós já<br />

há algum tempo direcionado aos movimentos religiosos contemporâneos, em especial aos<br />

que se vêem informados por conteúdos assinaladamente milenaristas e messiânicos e que<br />

passaram a se concretizar ao tempo em que consumava a transferência da nova capital do<br />

país para o Planalto Central.<br />

Um <strong>de</strong>les em particular, por sua historicida<strong>de</strong> e alcance messiânico-milenarista, tomou-nos a<br />

atenção: a Fraternida<strong>de</strong> Eclética Espiritualista Universal (FEEU). No dia 04 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1956,<br />

66 famílias, contabilizando aproximadamente 300 pessoas, provenientes em sua maioria do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro atingiram o Planalto Central e se instalaram nos arredores da futura capital do país.<br />

Essa nova espacialida<strong>de</strong>, por via <strong>de</strong> conseqüência, encaminhava a sua caracterização na medida<br />

em que se <strong>de</strong>finia a estruturação da cida<strong>de</strong>. Para tanto, o sagrado dava ânimo e orientava no mais<br />

das vezes a organização do lugar. A paisagem cultural, em resumo, ganhava contornos e texturas<br />

mais nítidos ao colocar harmonizados e em relação <strong>de</strong> contigüida<strong>de</strong> as construções templárias<br />

e resi<strong>de</strong>nciais. Crenças, princípios e propósitos religiosos dotavam <strong>de</strong> sentidos o que não se resumia<br />

solo profano. Erguia-se, como quer Rosendahl, uma mo<strong>de</strong>lar hierópolis.<br />

Palavras-chave: movimentos religiosos; planalto Central; sagrado.<br />

A FOLIA NO ALTAR: as práticas cotidianas da<br />

Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora das Dores em Teresina<br />

[Piauí] na segunda meta<strong>de</strong> do século XX<br />

Francisca Márcia Costa <strong>de</strong> Souza (UFPI)<br />

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Marciasofia10@hotmail.com<br />

A Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora das Dores remonta ao século XIX. No Piauí e em outras partes do<br />

Brasil acontecem as mais variadas manifestações e expressões do sentimento religioso, da<br />

<strong>de</strong>voção popular. Muitas festas em louvor a santos preservam <strong>de</strong>terminados aspectos e se<br />

transformam em outros: romarias, ex-votos, cânticos, espaços <strong>de</strong> sua realização, promessas,<br />

festas, missas, altares, santinhos, outros caminhantes. A festa <strong>de</strong> N. S. das Dores é parte<br />

fundamental nas histórias <strong>de</strong> muitos caminhantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina. Em seus relatos,<br />

é possível sentir e olhar através <strong>de</strong> suas práticas, símbolos, gestos e rituais variadas formas<br />

<strong>de</strong> comunicação e (re) significações dos espaços da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina. A Festa <strong>de</strong> N. S. das<br />

Dores, ao longo dos anos, adquiriu novas significações, sentidos e tensões possíveis no interior<br />

<strong>de</strong> uma nova trama da comunida<strong>de</strong> urbana na qual está inserida. A violência e a (re)<br />

estruturação urbana <strong>de</strong> Teresina estimularam os habitantes da urbe a repensar suas tradicionais<br />

práticas nos interior da comunida<strong>de</strong> paroquial e, portanto, a Festa. Por outro lado, a comunida<strong>de</strong><br />

mantem o contato com o sagrado, compartilha aspectos <strong>de</strong> um sistema simbólico<br />

e ritual, além do aspecto social, pois esses mesmos caminhantes a<strong>de</strong>ntram o sistema social<br />

da cida<strong>de</strong>, da igreja, da economia urbana, na organização da Festa. Assim, a Celebração à N.<br />

S. das Dores é um lugar social, religioso múltiplo, rico, fundamental para se estudar aspectos<br />

rituais, simbólicos do cotidiano, da religiosida<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina.<br />

Palavras-chave: Festa <strong>de</strong> N. S. das Dores; práticas cotidianas; Teresina<br />

As representações dos benzedores e raizeiros<br />

como parte das tradições locais. João Pinheiro-<br />

1960-2010<br />

Giselda Shirley Silva(FINOM)<br />

O objeto <strong>de</strong> estudo são as representações dos benzedores e raizeiros acerca da sua prática em<br />

João Pinheiro-MG entre 1960-2010. O objetivo é analisar como essas práticas foram sendo ressignificadas<br />

e quais as representações <strong>de</strong>sses sujeitos em relação à utilização das rezas e ervas,<br />

bem como o papel <strong>de</strong>sempenhado na saú<strong>de</strong> local ao usar tais saberes aprendidos com os antepassados.<br />

Os estudos foram pautados em teóricos que partilham do solo da <strong>História</strong> cultural e<br />

como empírico, fontes diversas, entre elas, documentos do Arquivo Municipal, narrativas orais,<br />

conhecimento das plantas e ervas usadas com fins medicinais do acervo dos raizeiros. Busquei<br />

perceber os sentidos atribuídos por eles a essa prática, questões relacionadas à memória, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

e o papel social e cultural na história local, observando nos embates cotidianos a preservação/recriação<br />

<strong>de</strong>sse saber fazer herdado e repassado através da oralida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: narrativas orais; <strong>História</strong> Cultural; representação dos benze<strong>de</strong>iros.<br />

A presença da Umbanda no processo <strong>de</strong> reinven-<br />

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ção do jongo <strong>de</strong> São José da Serra<br />

Ione Maria do Carmo (UFRJ)<br />

Com a presente comunicação preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar os aspectos religiosos da Umbanda<br />

no jongo <strong>de</strong> São José da Serra e sua importância no processo <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

quilombola <strong>de</strong>sse grupo, através da análise dos pontos – melodias cantadas nas rodas <strong>de</strong><br />

jongo – e dos rituais presentes na prática <strong>de</strong>ssa expressão cultural. Praticado inicialmente<br />

pelos escravos <strong>de</strong> origem bantu que trabalhavam nas fazendas <strong>de</strong> café do Vale do Paraíba, o<br />

jongo faz parte da memória <strong>de</strong> várias comunida<strong>de</strong>s negras do Su<strong>de</strong>ste brasileiro. Os diferentes<br />

processos <strong>de</strong> ressignificação <strong>de</strong>ssa tradição nas comunida<strong>de</strong>s jongueiras, acarretaram<br />

na introdução <strong>de</strong> novos elementos e na singularida<strong>de</strong> do jongo em cada território. Trata-se,<br />

portanto <strong>de</strong> analisar a Umbanda enquanto elemento significativo na reinvenção do jongo a<br />

partir da década <strong>de</strong> 1970 na comunida<strong>de</strong> quilombola São José da Serra, localizada no município<br />

<strong>de</strong> Valença, estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Palavras-chave: umbanda, jongo, reinvenção<br />

<strong>História</strong>s e memórias <strong>de</strong> professoras: práticas,<br />

representações e subjetivida<strong>de</strong>s<br />

Jaqueline A. Martins Zarbato Schmitt( USJ-UNISUL)<br />

Este trabalho visa apresentar as discussões e reflexões sobre as memórias <strong>de</strong> professoras no<br />

Ensino Fundamental do município <strong>de</strong> São José. A pesquisa foi realizado <strong>de</strong> 2008 à 2010, com<br />

entrevistas direcionadas e, com coleta <strong>de</strong> materiais didáticos, diários, ca<strong>de</strong>rnos pessoais das<br />

referidas informantes. A pretensão <strong>de</strong> historicizar as experiências <strong>de</strong> professoras, relacionando<br />

o fazer profissional e as vivências pessoais, aponta para uma concepção <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e saberes docentes.<br />

Logo, interpretar o processo <strong>de</strong> formação, suas implicações e tensões, promove a articulação<br />

entre a produção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s, os valores simbólicos impressos na profissão docente. E,<br />

permite aprofundar as reflexões sobre o campo da memória e da <strong>História</strong>.<br />

Palavras-chave: subjetivida<strong>de</strong>, valores simbólicos, fazer profissional.<br />

Vamos orar e festejar: uma analise sociocultural<br />

das irmanda<strong>de</strong>s religiosas na Paraíba - século XIX<br />

Jose Pereira <strong>de</strong> Sousa Junior (UFCG/UEPB)<br />

Junior_ufcg@yahoo.com.br<br />

Este trabalho é parte do terceiro capitulo da dissertação <strong>de</strong> mestrado sobre as Irmanda<strong>de</strong>s<br />

religiosas na Paraíba, na qual buscamos perceber como eram construídos seus espaços <strong>de</strong><br />

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sociabilida<strong>de</strong>s, assim como suas estratégias para se estruturarem, funcionarem e realizarem<br />

suas praticas <strong>de</strong>vocionais e festivas. Utilizando como fonte documental seus compromissos,<br />

observamos que as comemorações do santo ou santa <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção era a data máxima do<br />

calendário das irmanda<strong>de</strong>s, quando irmãos e irmãs saíam ás ruas em procissão, os aparatos<br />

utilizados davam um tom <strong>de</strong> pompa, grandiosida<strong>de</strong>, usando suas vestes <strong>de</strong> gala, opas (capas),<br />

carregando ban<strong>de</strong>iras, andores, cruzes e insígnias enfim, seguidas <strong>de</strong> danças e batuques,<br />

dando um colorido especial a este importante evento cultural, social e religioso das cida<strong>de</strong>s,<br />

vilas e freguesias na Paraíba.<br />

Palavras-chave: irmanda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>voção, festa.<br />

A morte amparada dos irmãos da paróquia <strong>de</strong><br />

nossa senhora do pilar <strong>de</strong> ouro preto (1780-<br />

1800)<br />

Loyanne Dias Rocha (UnB)<br />

O trabalho busca investigar quais foram as atitu<strong>de</strong>s e representações diante do trespasse<br />

expressas pelos “homens <strong>de</strong> cor” da Paróquia <strong>de</strong> N. S. do Pilar <strong>de</strong> Ouro Preto. A análise dos<br />

rituais <strong>de</strong> morte no século XVIII, na Paróquia do Pilar, se dará mediante a leitura paleográfica<br />

<strong>de</strong> testamentos produzidos entre 1780 e 1800. Além <strong>de</strong>sta, adota-se como metodologia a análise<br />

quantitativa das referidas fontes para aspectos ligados ao perfil dos testadores e a manifestações<br />

religiosas ligadas ao momento do trespasse. Ao levantamento <strong>de</strong> dados quantitativos<br />

alia-se à abordagem qualitativa, por meio da qual preten<strong>de</strong>mos, nessa pesquisa, revelar<br />

os <strong>de</strong>svios particulares, as atitu<strong>de</strong>s excepcionais. Embora produções historiográficas que trataram<br />

da morte na socieda<strong>de</strong> européia sejam utilizadas, não se preten<strong>de</strong> transpor mo<strong>de</strong>los e<br />

perspectivas elaborados por historiadores das mentalida<strong>de</strong>s acerca do trespasse. O objetivo<br />

principal é encontrar atitu<strong>de</strong>s e manifestações culturais próprias <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> híbrida<br />

que, como todos os sujeitos históricos, se <strong>de</strong>parou com o inevitável fim da vida.<br />

Palavras-chave: morte, “homens <strong>de</strong> cor”, hibridismo cultural<br />

Vozes do Sertão: as performances culturais dos catadores<br />

<strong>de</strong> folia <strong>de</strong> reis em João Pinheiro (MG)<br />

Maria Célia da Silva Gonçalves (TRANSE-UnB)<br />

O presente artigo objetiva analisar uma das manifestações artísticas/culturais/religiosas<br />

tradicionais do Brasil, as Folias <strong>de</strong> Reis na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Pinheiro, município localizado<br />

no Noroeste do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, distante 330 quilômetros <strong>de</strong> Brasília (DF). Trata-se<br />

<strong>de</strong> um estudo ancorado na etnografia da Folias <strong>de</strong> Reis do sertão pinheirense, utilizando da<br />

<strong>História</strong> Oral temática como método <strong>de</strong> coleta dos dados. O referido estudo abrange além<br />

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dos rituais e práticas que criam e re (criam) sua condição <strong>de</strong> existência, à discussão <strong>de</strong> como<br />

as Folias <strong>de</strong> Reis, uma manifestação originária do mundo rural, vem sofrendo (re) significações<br />

para se adaptar ao mundo urbano. Parte-se do princípio <strong>de</strong> que os rituais explicam<br />

valores das socieda<strong>de</strong>s tradicionais brasileiras, oriundas do meio rural ao se encontram em<br />

constantes interações com as cida<strong>de</strong>s. As Folias <strong>de</strong> Reis guardam em João Pinheiro (MG) a<br />

forma <strong>de</strong> um cortejo processional que dramatiza performances impregnadas da religiosida<strong>de</strong><br />

cristã, assim como se utilizam do lúdico por meio das performances dos palhaços,<br />

transmitida para as gerações futuras por meio da memória e da oralida<strong>de</strong>, características tão<br />

comuns nos festejos populares brasileiros.<br />

Palavras-chave: Folia <strong>de</strong> Reis; Performance; Memória.<br />

Memórias e travessias no rio São Marcos: <strong>de</strong>slocamentos,<br />

cultura material e inquietações<br />

Maria Clara Tomaz Machado<br />

Inhis-UFU<br />

A construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão no su<strong>de</strong>ste goiano atingiu cerca <strong>de</strong> 450<br />

famílias em seis (6) municípios, <strong>de</strong>sestruturando a vida <strong>de</strong> muitos moradores do mundo<br />

rural. É verda<strong>de</strong> que as transformações ocorridas na produção da agropecuária e economia<br />

regional já vinham acontecendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1960, com os projetos políticos do <strong>de</strong>senvolvimentismo,<br />

inclusive da ditadura militar. Todavia, a barragem trouxe especialmente para<br />

os proprietários <strong>de</strong> uma “economia <strong>de</strong> subsistência” (in) certezas, medos e frustrações. Nesse<br />

contexto, as práticas culturais populares, as sociabilida<strong>de</strong>s, as festas, têm sofrido <strong>de</strong>slocamentos.<br />

Trata-se agora <strong>de</strong> uma nova inventivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ruralização do urbano e <strong>de</strong> experiências<br />

sociais e culturais cujos (<strong>de</strong>s) lugares mobilizam (re) criações populares.<br />

Palavras-chave: mundo rural; rio São Marcos; práticas culturais.<br />

Um olhar sobre a festa <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Abadia <strong>de</strong> Andrequicé - MG<br />

Rosangela Braga Soares Braga In<strong>de</strong>lécio<br />

Faculda<strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Pinheiro<br />

tutoriajp-rosangela@hotmail.com<br />

O presente trabalho <strong>de</strong> pesquisa lança olhares sobre a festa em louvor a Nossa Senhora da<br />

Abadia, localizada na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Andrequicé, no município <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Olegário,<br />

Minas Gerais. Esta festa é aqui cenarizada no período balizado entre os anos <strong>de</strong> 1960 – 2010.<br />

Delimita-se como objeto a religiosida<strong>de</strong> popular presente nesta manifestação cultural e<br />

como objetivo, observar práticas religiosas dos festeiros e romeiros que fazem parte da trajetória<br />

histórica <strong>de</strong>sta festa bem como as representações veiculadas por esses atores sociais.<br />

Buscou-se neste estudo analisar a questão da história, memória, cotidiano e narrativas.<br />

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O embasamento teórico para essas reflexões foram firmadas em autores que partilham o<br />

solo da <strong>História</strong> Cultural. O alicerce empírico foi composto <strong>de</strong> fontes variadas, entre elas:<br />

entrevistas com narradores do lugar, festeiros da região que participem <strong>de</strong>sta festa, fontes<br />

iconográficas variadas entre elas fotos antigas da festa expostas na Igreja da Comunida<strong>de</strong>,<br />

filmagens e fontes documentárias do acervo da Igreja <strong>de</strong> Andrequicé.<br />

Palavras chaves: Memória, festa, religiosida<strong>de</strong><br />

Paisagens simbólicas e o ciclo natalino<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia<br />

Rosiane Dias Mota (UFG)<br />

A concepção <strong>de</strong> paisagem por muito tempo esteve voltada quase que exclusivamente para<br />

seu aspecto físico e material, às coisas visíveis. Contudo, quando a paisagem é relacionada à<br />

cultura se fazem presentes questões como a dinamicida<strong>de</strong>, a transmissão da herança cultural<br />

e as maneiras como a cultura e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> se fazem presentes nas paisagens produzidas<br />

pelas festas populares. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia as paisagens festivas presentes no ciclo natalino<br />

se configuram, entre outros, em presépios, cânticos <strong>de</strong> corais, novenas, e folias <strong>de</strong><br />

reis. O presente resumo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre as paisagens simbólicas<br />

produzidas pelas folias durante o ciclo natalino, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia. Os aspectos<br />

teórico-metodológicos utilizados no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste têm como base, entre outras,<br />

às contribuições <strong>de</strong> Geertz (2001), o qual aborda questões referentes à cultura; Cosgrove<br />

(1998) com um método <strong>de</strong> leitura das paisagens culturais; e Almeida (2005 e 2010) que discute<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s territoriais, territórios e paisagens simbólicas. Tem-se como procedimento<br />

teórico metodológico a revisão bibliográfica e a pesquisa participante, que permitem discorrer<br />

sobre as paisagens e territórios simbólicos produzidos pelos foliões e visitantes durante<br />

toda a folia.<br />

Palavras-chave: Folia <strong>de</strong> Reis; paisagem simbólica; Goiânia<br />

DO ALTAR AOS QUINTAIS RESIDENCIAIS: as<br />

práticas alimentares piauienses na Quaresma e<br />

na semana Santa no século XX.<br />

Samara Men<strong>de</strong>s Araújo Silva<br />

Universida<strong>de</strong> estadual do Piauí (UESPI)<br />

samara.men<strong>de</strong>s@ig.com.br<br />

Nossa cultura material e imaterial está em cozinhas e quintais, on<strong>de</strong> se preparam saborosos<br />

e nutritivos alimentos, se extraí remédios <strong>de</strong> produtos naturais e on<strong>de</strong> histórias são (re)<br />

contadas e (re) significadas cotidianamente preservando, assim, nossas tradições culturais.<br />

A análise da história da alimentação no espaço sócio-histórico piauiense possibilita com-<br />

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preen<strong>de</strong>r as significações das práticas culturais e religiosas sertanejas contemporâneas e suas<br />

inter-relações <strong>de</strong>stas com o passado agro-pastoril. Neste intento buscamos compreen<strong>de</strong>r<br />

as práticas alimentares e a presença <strong>de</strong> certos alimentos no cardápio piauiense durante o<br />

período da Quaresma e Semana Santa, <strong>de</strong>monstrando que tais práticas sertanejas são fortemente<br />

influenciadas pelo catolicismo popular, exemplificado pela preservação da Semana<br />

Caça<strong>de</strong>ira nos dias que antece<strong>de</strong>m a Semana Santa, dispensar a carne vermelha e em substituição<br />

a esta introduzir na dieta familiar quibebe e maxixada durante os dias da Semana<br />

Santa, ou ainda, “roubo das galinhas” na madrugada do Sábado <strong>de</strong> Aleluia para “quebrar o<br />

jejum da sexta-feira santa”, entre outras práticas que se constituem em estratégias sociais<br />

<strong>de</strong> manutenção e reprodução das configurações sociais vigentes, além <strong>de</strong> formas sociais <strong>de</strong><br />

preservação da memória familiar e da histórica local.<br />

Palavras-chave: práticas alimentares; catolicismo popular, Piauí.<br />

A LIBERDADE E OUTROS DIAS: o cotidiano <strong>de</strong><br />

populações negras em Teresina [1888-1920]<br />

Talyta Marjorie Lira Sousa (UFPI)<br />

Neste trabalho objetivo reconstruir as vivências cotidianas, com <strong>de</strong>staque para os espaços<br />

lúdicos, <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores libertos na socieda<strong>de</strong> teresinense após a abolição<br />

da escravatura em 1888. A historiografia brasileira e em particular a piauiense pouco tem<br />

explorado essas experiências e vivências dos libertos. A pesquisa apóia-se em revisão bibliográfica<br />

e documental. As fontes, em boa parte já transcrita, constituem-se <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong><br />

posturas, jornais, relatórios <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes da província, livros <strong>de</strong> notas e ofícios, documentos<br />

do judiciário, como autos crimes e inventários.<br />

Palavras-chave: historiografia, espaços lúdicos, abolição, cotidiano.<br />

A festa <strong>de</strong> Caretagem: reafirmação da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica<br />

Van<strong>de</strong>ir José da Silva<br />

Mestrando em <strong>História</strong> Cultural-UnB.<br />

van<strong>de</strong>irj@hotmail.com<br />

A Festa <strong>de</strong> Caretagem, uma homenagem dançante a São João Batista é realizada por remanescentes<br />

<strong>de</strong> quilombo no dia 23 para 24 <strong>de</strong> junho em São Domingos, localizada a três<br />

quilômetros do centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paracatu Minas Gerais. Organizada por homens, mulheres<br />

e crianças “negros”, nascidos em São Domingos e que dançam na festa, essa tradição<br />

tem sido, segundo os entrevistados, repassada <strong>de</strong> geração em geração. Essa manifestação<br />

cultural começa oficialmente com a celebração da missa e logo após os moradores reúnem<br />

para festejarem. Esse festejo começa por volta <strong>de</strong> 21:00 do dia 23 <strong>de</strong> junho. Dessa maneira<br />

acontece uma peregrinação por São Domingos até 12:00 do dia 24, momento que acontece<br />

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o encerramento. Para o festejo é preparado, máscaras, fogueiras, ornamentação das casas,<br />

comidas e fantasias. Somente homens po<strong>de</strong>m dançar segundo a tradição. Interpreto que a<br />

Festa é uma das maneiras que os remanescentes expressam a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. Dessa maneira<br />

na Festa <strong>de</strong> São João, interpreto acontecer três momentos on<strong>de</strong> dançantes, tocadores e<br />

moradores reafirmam a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica, fatores que estão ligados à história e memória <strong>de</strong><br />

seus antepassados.<br />

Palavras-chave: manifestação cultural; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica; história; memória.<br />

A cultura sexista na escolha<br />

pela especialização médica<br />

Vera Lúcia Puga (UFU)<br />

puga.veralucia@gmail.com<br />

Não se escolhe a especialização médica apenas por afinida<strong>de</strong>, nem por se garantir um futuro<br />

promissor ou por ser uma área mais “rentável”. O que presenciamos na pesquisa realizada<br />

em Uberlândia e Uberaba (UFU e UFTM) foi uma escolha ditada culturalmente por professores,<br />

estudantes, familiares e a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma geral, por uma escolha baseada em uma<br />

seleção <strong>de</strong> gênero. Determinadas áreas estão mais diretamente ligadas a homens e outras<br />

mais a mulheres. Assim, as especialida<strong>de</strong>s que precisam teoricamente <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> força<br />

física, ou que exijam plantões semanais privilegiam os homens, mais fortes e machos. As<br />

mulheres são aconselhadas a buscarem especialida<strong>de</strong>s que não <strong>de</strong>pendam da força nem <strong>de</strong><br />

estar fora <strong>de</strong> casa ao anoitecer.<br />

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ST 9<br />

<strong>História</strong> como escritura <strong>de</strong>sdobrada – visualida<strong>de</strong>s, música e<br />

literatura<br />

“Goiânia não é só a terra natal <strong>de</strong><br />

‘Leandros e Leonardos’”: análise sobre<br />

a cena <strong>de</strong> rock em Goiânia<br />

Aline Fernan<strong>de</strong>s Carrijo (UFRJ)<br />

Mestranda em <strong>História</strong> Social-UFRJ<br />

Esta comunicação faz parte <strong>de</strong> uma pesquisa maior que procura analisar as lutas <strong>de</strong> representações<br />

travadas a partir da cena <strong>de</strong> rock em Goiânia. Percebe-se que há uma contestação<br />

em relação às caracterizações presentes na história do Estado <strong>de</strong> Goiás, ligadas ao sertanejo<br />

e ao rural, e evi<strong>de</strong>nciadas pelo po<strong>de</strong>r público local. Há, portanto, um claro conflito <strong>de</strong> interesses<br />

e <strong>de</strong> representações que se formam no campo cultural goiano. Essas disputas parecem<br />

interferir na própria característica da cena <strong>de</strong> rock local, na medida em que seus integrantes<br />

precisam acionar estratégias para adquirirem espaço simbólico e físico na cida<strong>de</strong>. Desta<br />

forma, a idéia é compreen<strong>de</strong>r a cena cultural em Goiânia na década <strong>de</strong> 1990, ao <strong>de</strong>screver a<br />

relação entre a cena <strong>de</strong> rock na capital e o complexo campo cultural do qual ela faz parte. Ou<br />

seja, procura-se analisar como, no interior <strong>de</strong> uma configuração histórica específica, funcionam<br />

as estratégias e ações <strong>de</strong> agentes culturais – no caso, os roqueiros <strong>de</strong> Goiânia - para<br />

afirmação <strong>de</strong> uma nova representação e para ganhar espaço físico e simbólico na cida<strong>de</strong>. Para<br />

esta comunicação, analisarei algumas músicas e discursos dos integrantes e bandas da cena<br />

local que acionam tais estratégias.<br />

Palavras-chave: rock, Goiânia, representações.<br />

O Visual e o Sonoro: narrativas cruzadas<br />

expressando uma retórica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e sedução<br />

Dra. Ana Guiomar Rêgo Souza<br />

EMAC/UFG<br />

anagsou@yahoo.com.br<br />

Esta comunicação resulta <strong>de</strong> investigação sobre a Procissão do Fogaréu da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

Busca-se por meio da construção e do cruzamento <strong>de</strong> narrativas visuais (série fotográfica)<br />

e <strong>de</strong> narrativas sonoras (paisagem sonora) i<strong>de</strong>ntificar representações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

expressadas na situação retórica da procissão. Da narrativa visual emerge a dimensão<br />

do espetáculo e a estética dionisíaca produzida pelo contraste entre cores fortes, fogo, trevas,<br />

e pelo estranhamento causado pelos farricocos. Da paisagem sonora emerge a percepção<br />

do movimento, da tensão crescente, da heterogeneida<strong>de</strong>, enfim, das efervescências que <strong>de</strong>finem<br />

a dimensão social da “festa”. Mas é a partir do cruzamento <strong>de</strong> ambos os discursos que<br />

a retórica do po<strong>de</strong>r e sedução se dá a ver em sua plenitu<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: procissão, narrativas, fotografias.<br />

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A modinha em Fortaleza: Tensões musicais<br />

entre os modinheiros no final do século<br />

XIX e início do XX.<br />

Ana Luiza Rios Martins<br />

Mestranda em <strong>História</strong> e Culturas/ UECE<br />

luiza_sky@yahoo.com.br<br />

Temos por objetivo compreen<strong>de</strong>r a relação estabelecida entre os modinheiros, (letristas e/<br />

ou melodistas), suas modinhas, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza e o tecido social envolvido nessa trama<br />

sonora. Para tanto, preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>svendar nessas músicas os contrastes sociais, os enfrentamentos<br />

cotidianos <strong>de</strong> mulheres e homens pobres, as representações dos espaços <strong>de</strong> lazer e<br />

dos seus freqüentadores. Essas i<strong>de</strong>ntificações ocorrem a partir das tensões <strong>de</strong> duas formas <strong>de</strong><br />

se fazer modinha na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, uma ao piano, outra ao violão. As dimensões <strong>de</strong>ssa<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modinhas po<strong>de</strong>rão ser sentidas nas diferenças comportamentais, na multiplicida<strong>de</strong><br />

e na flui<strong>de</strong>z das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, na divergência e ou convergência entre os discursos e as<br />

práticas dos modinheiros. Das modinhas coletadas, serão discutidas as que foram produzidas<br />

entre os anos <strong>de</strong> 1888 a 1920, período selecionado pela intensificação dos confrontos <strong>de</strong><br />

idéias entre os modinheiros.<br />

Palavras chave: música, cotidiano, insubmissão.<br />

Além do olhar: um percurso da fotografia documental<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma instalação vidéográfica<br />

Anahy Mendonça Jorge (UFG)<br />

anahymjorge@gmail.com<br />

O trabalho visa acompanhar o percurso prático do ví<strong>de</strong>o instalação Além do olhar que apreen<strong>de</strong><br />

como material escultórico, documentos fotográficos <strong>de</strong> mulheres cana<strong>de</strong>nses e brasileiras<br />

coletadas em dois museus institucionais: Museu McCord e Museu Paulista. O período das<br />

imagens apreendidas compreen<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> 1860 a 1930. O estudo visualiza os processos<br />

artísticos adotados sobre as imagens da história como veículos <strong>de</strong> uma poética sobre a sobrevivência<br />

das imagens femininas em dois espaços geográficos, o Canadá e o Brasil. Apreen<strong>de</strong><br />

a prática artística em questão - coleta <strong>de</strong> imagens, tratamento e espacialização - como vetor<br />

importante para a compreensão da obra. O viés da historia se materializa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a coleta <strong>de</strong><br />

imagens nos museus indicados, fontes <strong>de</strong> um imaginário importante para a socieda<strong>de</strong>, até a<br />

um enca<strong>de</strong>amento das operações adotadas ao longo do <strong>de</strong>senrolar temporal da obra. Assim,<br />

um conjunto <strong>de</strong> cem mulheres <strong>de</strong>sconhecidas, oriundas <strong>de</strong> lugares e tempos diferentes, se<br />

mistura durante e <strong>de</strong>ntro da obra ocasionando um processo <strong>de</strong> sobrevivência, <strong>de</strong> anamése.<br />

Palavras chave: ví<strong>de</strong>o instalação; sobrevivência <strong>de</strong> mulheres; anamése.<br />

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BANDA SINFÔNICA DE BRASÍLIA: trajetória e<br />

práticas sócio-culturais (1961-85).<br />

Marcos Wan<strong>de</strong>r Vieira Araújo<br />

Mestrando do PPG/MUS da UNB<br />

marcoswan<strong>de</strong>r@hotmail.com<br />

Beatriz Magalhães Castro<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

bmagalhaescastro@gmail.com<br />

Segundo Salles (2004), a banda <strong>de</strong> música é a mais antiga e a menos estudada instituição<br />

atuante na criação, prática e divulgação da música no Brasil. Neste sentido esta comunicação<br />

tem como objetivo investigar a trajetória histórica, social e pedagógica da Banda Sinfônica <strong>de</strong><br />

Brasília (primeira banda civil sinfônica da cida<strong>de</strong>). Construída no âmbito do ensino público,<br />

o seu <strong>de</strong>sempenho artístico, cultural e social esten<strong>de</strong>-se entre 1961 a 1985, culminando com<br />

a obtenção do 1º Prêmio no II Concurso Nacional <strong>de</strong> Bandas promovido pela FUNARTE em<br />

1978, fato inédito para uma instituição com tradição artística recente. A partir <strong>de</strong> extenso<br />

corpo documental apoiado sobre narrativas <strong>de</strong> ex-membros, esta investigação propõe uma<br />

análise histórico-interpretativa buscando compreen<strong>de</strong>r ainda a sua relevância na trajetória<br />

pessoal dos seus ex-integrantes. Visa ainda contribuir para a preservação e compreensão<br />

da memória musical da cida<strong>de</strong>, sublinhando o impacto social <strong>de</strong> ações na cultura e da sua<br />

relevância para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações futuras como elemento formativo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

fundamentadas em práticas da cultura.<br />

Palavras-chave: Banda Sinfônica <strong>de</strong> Brasília; preservação e memória; práticas musicais<br />

na cultura.<br />

A pintura e o tempo através da poética<br />

& narrativa iconográfica <strong>de</strong> Julio Ghiorzi:<br />

pintura gêmeas<br />

Camila Rodrigues Viana Ferreira<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

camilavrodrigues@gmail.com<br />

O dialogo a ser estabelecido nesse trabalho será entre a obra <strong>de</strong> Ghiorzi: Pintura Gêmeas e<br />

sua relação no e com o tempo/espaço. Para que tal <strong>de</strong>sempenho seja possível será necessário<br />

estabelecer um cruzamento entre Teoria da Arte, Memória e Psicanálise através da narrativa<br />

histórica. A problemática da temporalida<strong>de</strong> na pintura revela-se na obra <strong>de</strong> arte sob a figura<br />

do tempo anacrônico. Os estudos <strong>de</strong> Didi- Hubermam e Mario Perniola tratam da questão<br />

da pintura e da arte em geral pelo viés da ultrapassagem da abordagem contextualista, a<br />

obra <strong>de</strong> arte nesse sentido po<strong>de</strong>rá acionar diversas temporalida<strong>de</strong>s, fazendo-se assim uma<br />

anacrônia ou criando seu próprio tempo. A obra em questão reconhecidamente <strong>de</strong> caráter<br />

histórico, trata <strong>de</strong> investigar as relações entre séculos XVII, XIX e XX nas confluências entre<br />

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Velázquez – Hals - Manet, Pollack – Warhol.<br />

Palavras-chave: Teoria da Arte, memória, Psicanálise, narrativa histórica.<br />

Uma leitura <strong>de</strong> Debret no Ensino da <strong>História</strong><br />

Edriane Madureira Daher<br />

Mestranda - UnB<br />

Penso que para compreen<strong>de</strong>r a narrativa do pintor francês Jean Baptiste Debret em relação à<br />

escravidão, é importante conhecer um pouco das matrizes culturais e intelectuais dos séculos<br />

XVIII e XIX que influenciaram o seu fazer artístico. Acredito ser importante também, compreen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> que forma essas representações atuam ainda hoje, sobre o imaginário das pessoas.<br />

Nesse sentido, este trabalho <strong>de</strong> pesquisa busca compreen<strong>de</strong>r como os professores <strong>de</strong> <strong>História</strong><br />

do Ensino Fundamental da Re<strong>de</strong> Pública do Recanto das Emas, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, interpretam<br />

as imagens da escravidão em Debret. A partir da pesquisa qualitativa procuro i<strong>de</strong>ntificar<br />

quais as relações histórico-culturais eles estabelecem no tempo presente e como se dá o uso<br />

da imagem artística no ensino da <strong>História</strong>.<br />

Palavras- chave:: Representação, Imaginário e Ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong>.<br />

Eisenstein e seu tempo; o tempo em Eisenstein<br />

Eloíza Gurgel Pires<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

eloizagurgel@uol.com.br<br />

Em um território fronteiriço entre o pensamento e o imaginário, <strong>de</strong> acordo com Walter Benjamin,<br />

o tempo se inscreve como intensida<strong>de</strong> e não como cronologia. A partir <strong>de</strong>sse campo<br />

<strong>de</strong> reflexão discutirei o cinema <strong>de</strong> Sergei M. Eisenstein (1898 – 1948), cineasta russo que se<br />

tornou um marco na história do cinema, pela sua eloqüência ao formular aquilo que posteriormente<br />

ficou conhecido como “montagem intelectual” ou “montagem dialética”. Para tanto,<br />

tentarei estabelecer um diálogo entre os campos da Arte, da <strong>História</strong> e da Comunicação,<br />

com o propósito <strong>de</strong> abordar o caráter narrativo da experiência temporal nos procedimentos<br />

<strong>de</strong> montagem <strong>de</strong>sse cineasta. Em Eisenstein a linguagem cinematográfica constrói o tempo,<br />

assim como o tempo é elemento constitutivo da própria linguagem. A singularida<strong>de</strong> da obra<br />

do cineasta russo está no entendimento do tempo a partir da linguagem, como ocorre na<br />

relação estabelecida por Benjamin entre memória e linguagem. Sobre as concepções <strong>de</strong>sse<br />

autor nos diz Gagnebin: “Pensar o tempo significa, portanto, a obrigação <strong>de</strong> pensar na linguagem<br />

que o diz e que ‘nele’ se diz”. Pensar o cinema <strong>de</strong> Eisenstein significa pensar o seu<br />

tempo e o tempo que nele se diz.<br />

Palavras-chave: Cinema eisensteniano; narrativa; memória.<br />

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Nos rastros da memória, ou a escritura como a<br />

historicida<strong>de</strong> do discurso da tradição<br />

Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman (UnB)<br />

assaddaka@gmail.com<br />

Marcos <strong>de</strong> Jesus Oliveira (UnB)<br />

Talvez a história tenha sido um dos campos <strong>de</strong> estudos que mais se aproximou daquilo que a<br />

arte preten<strong>de</strong>u no século XX: a revolução nos modos <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> dizer o gênero humano<br />

e sua produção <strong>de</strong> pensamento, seja através do alargamento da concepção <strong>de</strong> humano<br />

e <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong> conhecimento, seja através do alargamento da concepção <strong>de</strong> arquivo, fonte,<br />

memória. Historiar seria, portanto, assumir a historicida<strong>de</strong> do discurso da tradição. Não é<br />

isso que nos propõe Jacques Derrida com suas noções <strong>de</strong> escritura, rastro e pulsão <strong>de</strong> arquivo?<br />

Não estaria o filósofo francês, com seu fio <strong>de</strong> Ariadne, nos instigando a trazer à presença<br />

da leitura o traço da crítica que constrói a memória e, finalmente, a história, evitando, assim,<br />

petrificar o significante na letra? Escritura e história se confun<strong>de</strong>m, sendo elas a presença do<br />

leitor tecendo a memória e a <strong>de</strong>s-memória, o mal <strong>de</strong> arquivo, a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legar ao<br />

in<strong>de</strong>cidível o seu lugar <strong>de</strong> potência da linguagem.<br />

Palavras-chave: escritura; mal-<strong>de</strong>-arquivo, Jacques Derrida.<br />

O papel da obra literária <strong>de</strong>ntro da <strong>História</strong>: uma<br />

leitura do ensaio Literatura <strong>de</strong> Dois Gumes, <strong>de</strong><br />

Antônio Cândido<br />

Fernanda Freire Coutinho<br />

Mestrando em Literatura - UnB<br />

nandacouty@gmail.com<br />

Pensando em literatura <strong>de</strong> dois gumes, po<strong>de</strong>mos perceber que a literatura no Brasil tanto<br />

serviu para subjugar como, posteriormente, para levar a uma in<strong>de</strong>pendência (ao menos social<br />

e <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> nação individual). A literatura é um produto da história sem <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ser um produto <strong>de</strong> si mesmo. Não se po<strong>de</strong> analisar a literatura <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando a história,<br />

mas é preciso perceber sua lógica autônoma, aon<strong>de</strong> seu teor histórico vai muito além da<br />

simples narração <strong>de</strong> fatos e se torna material próprio da literatura, se misturando em sua<br />

forma, seu sentido, sua construção e mesmo em sua finalização estética. Assim sua função<br />

não é a <strong>de</strong> apenas “contar a <strong>História</strong>”, ainda que muitas vezes seja possível traçá-la a partir do<br />

que a obra literária <strong>de</strong>screve. A literatura explica e serve a si mesma, ainda que não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong><br />

ter ligações com a vida social e o momento histórico nos quais se insere.<br />

Palavras - chave: Literatura, <strong>História</strong>, função literária.<br />

Vinte anos <strong>de</strong> história da abordagem triangular<br />

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Fernanda Pereira da Cunha (UFG)<br />

Na década <strong>de</strong> noventa do século XX, foi concebida e sistematizada no Brasil, pela professora<br />

Dra. Ana Mae Barbosa, a Proposta Triangular, voltada o ensino das artes e hoje, não só difundida<br />

por todo o país, como também, objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> vários profissionais nessa área <strong>de</strong> conhecimento.<br />

A Proposta estabelece um diálogo “com o discurso global e o processo consciente da<br />

diferença cultural entre as nações” (BARBOSA, 1998, p. 33), o qual interage com três abordagens<br />

sistematizantes do ensino <strong>de</strong> artes. A saber, as “Escuelas al aire libre mexicanas; o critical Studies<br />

inglês e o Discipline Based Art Education - DBAE americano. Essa abordagem é histórica<br />

no Brasil pois, há vinte anos, inúmeros professores brasileiros e até mesmos estrangeiros, se<br />

<strong>de</strong>dicam a estudá-la, <strong>de</strong>batê-la e exercê-la em suas salas <strong>de</strong> aula. A partir <strong>de</strong>ssa abordagem, a<br />

problemática <strong>de</strong> minha investigação centra-se em verificar e registrar o trajeto da Proposta Triangular<br />

durante esse tempo espaço <strong>de</strong> seu exercício, em nosso país.<br />

Palavras Chave: Arte educação, Proposta Triangular, cultura, história.<br />

A historiografia da música popular brasileira na<br />

obra radiofônica <strong>de</strong> Almirante<br />

Giuliana Souza <strong>de</strong> Lima<br />

Mestranda em <strong>História</strong> Social (FFLCH-USP)<br />

giuliana_lima@yahoo.com.br<br />

Este trabalho trata da historiografia da música popular brasileira na primeira meta<strong>de</strong> do<br />

século XX através da obra <strong>de</strong> Almirante (Henrique Foreis Domingues, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1908-<br />

1980). Além <strong>de</strong> contribuir para a profissionalização programação radiofônica, Almirante<br />

constitui uma “primeira geração <strong>de</strong> historiadores da música popular brasileira”. Seus programas<br />

abrangem do folclore à música urbana veiculada pelo rádio, e são baseados em pesquisas<br />

que formam um vasto arquivo sobre música popular, que <strong>de</strong>pois integra o Museu da<br />

Imagem e do Som (MIS-RJ), em 1965. Almirante, com outros nomes <strong>de</strong> sua geração, foi responsável<br />

pela seleção, organização e arquivamento <strong>de</strong> registros, estabelecendo hierarquias,<br />

recortes, e assim, um discurso fundador em torno da história da música popular brasileira.<br />

Esta “historiografia” é singular por se realizar num meio <strong>de</strong> comunicação em massa, e também<br />

inovadora, por compreen<strong>de</strong>r a importância da música popular para a formação das<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais e entendê-la como um objeto <strong>de</strong> estudo. Interessa, assim, abordar a<br />

obra <strong>de</strong> Almirante no que tange sua contribuição à historiografia da música popular, através<br />

<strong>de</strong> sua atuação no rádio, <strong>de</strong> 1938 a 1958.<br />

Palavras-chave: historiografia, música popular, rádio<br />

Leandro Joaquim e o mar: uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreensão da pintura <strong>de</strong> paisagem do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro no século XVIII.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Hel<strong>de</strong>r Manuel da Silva <strong>de</strong> Oliveira<br />

Doutorando – UNICAMP<br />

Hel<strong>de</strong>r.hel<strong>de</strong>rmso@gmail.com<br />

O presente texto tem como objetivo abordar o diálogo artístico entre Brasil e Europa, tendo<br />

como estudo o conjunto <strong>de</strong> seis telas atribuídas ao pintor Leandro Joaquim (1738? -1798?)<br />

e que fizeram parte da <strong>de</strong>coração dos pavilhões do Passeio Público, construído entre 1779 e<br />

1783 por iniciativa do Vice-Rei Luís <strong>de</strong> Vasconcelos. As obras representam vistas da cida<strong>de</strong> do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e se qualificam como um importante registro paisagístico <strong>de</strong> motivos associados<br />

à temática do mar e estreitamente relacionados às novas concepções iluministas sobre<br />

a representação da paisagem do século XVIII. Deste modo, o estudo possibilita uma análise<br />

sobre o contexto histórico-artístico e quais mo<strong>de</strong>los serviram <strong>de</strong> referência para o pintor que<br />

abandonou a representação religiosa em prol <strong>de</strong> uma pintura <strong>de</strong> paisagem.<br />

Palavras-chave: pintura <strong>de</strong> paisagem; arte século XVIII; arte século XVIII-Brasil.<br />

“Decifra-me ou <strong>de</strong>voro-te”: a compreensão histórica<br />

e o processo <strong>de</strong> reconstrução do passado<br />

Itamar Cardozo Lopes<br />

Mestrando em <strong>História</strong> – UNESP/Assis<br />

itamarlopes@rocketmail.com<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é partilhar uma breve reflexão teórico-metodológica sobre as<br />

especificida<strong>de</strong>s envolvidas no trabalho do historiador. Partindo <strong>de</strong> uma experiência concreta<br />

<strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> uma visão <strong>de</strong> história particularmente sensível à dimensão humana das vidas<br />

pretéritas, procura-se discutir algumas posturas historiográficas que seriam fundamentais<br />

em toda e qualquer tentativa <strong>de</strong> se pensar e <strong>de</strong> se escrever sobre o passado.<br />

Palavras-chave: compreensão histórica; metodologia; subjetivida<strong>de</strong>s.<br />

As vivências musicais soando nos jornais <strong>de</strong> São<br />

Luís na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX.<br />

João Costa Gouveia Neto<br />

UEMA<br />

rairicneto@yahoo.com.br<br />

Nos idos da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, em São Luís, capital da província do Maranhão,<br />

os gran<strong>de</strong>s difusores <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> informações eram os jornais e periódicos que circulavam<br />

na capital maranhense. Durante o dito século, a imprensa aprimorou-se e ganhou espaço<br />

entre os poucos letrados que o Império Brasileiro <strong>de</strong>tinha naquele presente. E foram nas<br />

páginas dos jornais que as vivências musicais soaram entre os letrados, estimulando, assim,<br />

os(as) ludovicenses a comprarem partituras, instrumentos musicais e estudarem a lingua-<br />

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gem musical para parecerem ainda mais civilizados, mo<strong>de</strong>rnos e cultos. Nessas fontes eram<br />

veiculados os espetáculos líricos, a venda <strong>de</strong> partituras, <strong>de</strong> instrumentos musicais, aulas<br />

<strong>de</strong> música ministradas por professsores particulares, anúncios <strong>de</strong> afinadores <strong>de</strong> pianos e <strong>de</strong><br />

alguns luthiers. A mo<strong>de</strong>rna musicologia histórica já enten<strong>de</strong> que música não é somente som<br />

e que a palavra, o nome é tão importante para o entendimento das vivências musicais e da<br />

inserção <strong>de</strong>stas em uma socieda<strong>de</strong> quanto às notas musicais. Assim, este trabalho tem como<br />

finalida<strong>de</strong> apresentar as vivências musicais que fizeram parte do ambiente cultural das elites<br />

ludovicenses nos idos da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX.<br />

Palavras-chave: vivências musicais, jornais, século XIX.<br />

“Pessoal do Ceará”: a imprensa e os indícios das influências<br />

sócio-culturais sobre seu fazer musical<br />

Jordianne Moreira Gue<strong>de</strong>s<br />

Mestranda em <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong> Estadual do Ceará.<br />

jordgue<strong>de</strong>s@gmail.com<br />

A pesquisa que ora se apresenta investiga o fazer musical do “Pessoal do Ceará”, movimento<br />

<strong>de</strong> artistas que transitaram entre a universida<strong>de</strong>, os festivais musicais, a boêmia e os meios <strong>de</strong><br />

comunicação, em Fortaleza, em meados da década <strong>de</strong> 1960 e em cida<strong>de</strong>s como Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

e São Paulo a partir do início da década <strong>de</strong> 1970. A discografia <strong>de</strong> Belchior, Ednardo, Fagner,<br />

Rodger Rogério e Téti, <strong>de</strong> 1973 a 1981, junto a matérias da imprensa, a iconografia dos encartes<br />

dos discos, entrevistas temáticas com os artistas citados são as fontes do trabalho. Enten<strong>de</strong>ndo<br />

“fazer musical” como processo e resultado <strong>de</strong> múltiplas influências sócio-culturais que inci<strong>de</strong>m<br />

na obra musical, num <strong>de</strong>terminado tempo histórico, essas múltiplas influências são observadas<br />

a partir das relações sociais estabelecidas pelos sujeitos criadores da obra <strong>de</strong> arte e do acesso dos<br />

mesmos aos bens culturais disponíveis em suas socieda<strong>de</strong>s. Este artigo aborda os indícios <strong>de</strong>ssas<br />

influências a partir do registro na Imprensa, do período <strong>de</strong>stacado, seja através <strong>de</strong> matérias<br />

sobre os artistas, seja através da fala dos mesmos quando entrevistados.<br />

Palavras chaves: fazer musical, bens culturais, Imprensa<br />

Imaginário e Processos I<strong>de</strong>ntitários - um<br />

enfoque das rodas <strong>de</strong> choro nas primeiras<br />

décadas <strong>de</strong> Brasília<br />

Magda <strong>de</strong> Miranda Clímaco (UFG)<br />

magluiz@hotmail.com<br />

Esse trabalho tem como objeto uma pratica musical – a roda <strong>de</strong> choro - que interagiu com<br />

as primeiras décadas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, observada na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar representações<br />

sociais (CHARTIER, 1990), ou seja, <strong>de</strong> ser abordada como um dos processos<br />

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simbólicos que se articularam para constituir esse cenário sócio-historico e cultural. Essa<br />

abordagem permitiu perceber peculiarida<strong>de</strong>s inerentes a essa prática, que revelaram um lócus<br />

forjador <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s relacionado a migrantes cariocas que vieram residir na nova capital.<br />

Através do cultivo <strong>de</strong> uma musica no estilo improvisatório, alegre e <strong>de</strong>scontraída, que<br />

acontecia num clima <strong>de</strong> afeto e <strong>de</strong>scontração, esse grupo teve condições <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar não<br />

apenas o que era, mas também a maneira como gostaria <strong>de</strong> viver na cida<strong>de</strong> minuciosamente<br />

planejada, racionalizada e funcional que emergia. Um processo implicado com uma reconstrução<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, portanto, com a memória, com o imaginário percebido nas suas três<br />

dimensões - a real, a utópica e a i<strong>de</strong>ológica (PESAVENTO, 1995; 2000; 2003).<br />

Palavras-chave: Imaginário; Processos I<strong>de</strong>ntitários; Rodas <strong>de</strong> Choro.<br />

Ferreira Gullar - poesia e artes visuais<br />

Marcelo Mari<br />

FAV/UFG<br />

marcelomari.fav@gmail.com<br />

O contato do poeta Ferreira Gullar com as artes visuais se inicia <strong>de</strong> modo intuitivo através <strong>de</strong><br />

reproduções em revistas e dos quadros <strong>de</strong> pintores do Maranhão. Somente em 1950, quando<br />

adquire uma cópia da tese <strong>de</strong> Mário Pedrosa através <strong>de</strong> Lucy Teixeira, amiga <strong>de</strong> ambos, é que<br />

começa a estudar a arte <strong>de</strong> forma mais rigorosa. A<strong>de</strong>mais, com sua chegada ao Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

pô<strong>de</strong> tomar parte dos gran<strong>de</strong>s acontecimentos culturais que por aqui se instalavam - oportunida<strong>de</strong><br />

sem prece<strong>de</strong>ntes, pois com a fundação dos museus <strong>de</strong> arte mo<strong>de</strong>rna e da Bienal <strong>de</strong><br />

São Paulo, pô<strong>de</strong> se ver, pela primeira vez em nosso País, a arte que se produzia no mundo e<br />

em particular na Europa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo do século XX. A confluência entre poesia e crítica <strong>de</strong><br />

arte, ou entre poesia e artes visuais, foi um fenômeno único na história da arte brasileira, no<br />

qual Ferreira Gullar participou ativamente. Sendo assim, através do conjunto <strong>de</strong> características<br />

que constituem a elaboração poética <strong>de</strong> Ferreira Gullar, temos acesso à sua concepção<br />

particular atribuída às artes em geral, durante o período <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

concretismo e do neoconcretismo.<br />

Palavras-chave: Ferreira Gullar, poesia, arte neoconcreta.<br />

Escritos Tanatológicos <strong>de</strong> um poeta:<br />

comportamentos frente à morte no<br />

início do século xx em Teresina<br />

Nercinda Pessoa da Silva Brito<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí<br />

nercindapessoa@yahoo.com.br<br />

O trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> analisar atitu<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina, capital do Piauí, frente<br />

à morte, no início do século XX. Perscruta a morte na sua historicida<strong>de</strong>, expressando as<br />

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apropriações culturais sobre esse fenômeno natural no curso do tempo. Nesse intuito, lança<br />

sobre a escrita <strong>de</strong> Lucídio Freitas, poeta piauiense que confere a temática da morte lugar primordial<br />

no seu poetar, mais especificamente a sua obra Minha terra (1921), publicada poucos<br />

dias antes <strong>de</strong> sua morte. Busca <strong>de</strong>sse modo, uma interrelação entre o viver e o morrer <strong>de</strong>sse<br />

poeta, intermediando o mundo por ele elaborado através da escrita e o mundo social que o<br />

cercava. Trata da apreensão das representações da morte na obra do poeta, compreen<strong>de</strong>ndoas<br />

como possibilida<strong>de</strong>s do real, ou seja, a escrita do autor, em análise, representa possíveis<br />

práticas <strong>de</strong> como a morte foi vivenciada pela socieda<strong>de</strong> teresinense.<br />

Palavras-chaves: morte, Literatura, Lucídio Freitas.<br />

Objetos históricos e atribuição <strong>de</strong> valor<br />

no acervo do Museu Histórico Nacional<br />

Rafael Zamorano Bezerra (UFRJ)<br />

zamoranobezerra@gmail.com<br />

A comunicação almeja apresentar uma análise sobre atribuição <strong>de</strong> valor histórico em dois<br />

objetos do acervo do Museu Histórico Nacional (MHN). Tratam-se dos seguintes objetos: 1)<br />

retrato a óleo <strong>de</strong> d. Pedro II, rasgado a golpes <strong>de</strong> sabre na ocasião da proclamação da República;<br />

2) tacape atribuído a Martin Afonso Tibiriçá, personagem da história da fundação <strong>de</strong> São<br />

Paulo. Preten<strong>de</strong>-se levantar algumas questões sobre a atribuição <strong>de</strong> “valor histórico” a estes<br />

objetos, bem como seus usos em exposições e restaurações. Essa comunicação é o primeiro<br />

resultado <strong>de</strong> parte da pesquisa <strong>de</strong> doutoramento, que se <strong>de</strong>dica ao estudo da atribuição <strong>de</strong><br />

valor histórico em coleções <strong>de</strong> museus <strong>de</strong> história. Preten<strong>de</strong>-se analisar como se <strong>de</strong>u a legitimação<br />

e a atribuição do “valor histórico” em alguns objetos no momento <strong>de</strong> formação das<br />

coleções do MHN. Preten<strong>de</strong>-se também analisar as mudanças <strong>de</strong> significados históricos e os<br />

usos <strong>de</strong>sses objetos em seus momentos fortes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua musealização até o período mais recente,<br />

quando o discurso dos chamados “museus tradicionais” começou a ser questionado.<br />

Palavras-chave: Museus <strong>de</strong> história, valor histórico, objeto histórico<br />

Or<strong>de</strong>m, exotismo e raça – representações “<br />

do outro” na província prussiana (1900 – 1940)<br />

Wolfgang Döpcke (UnB)<br />

wolfgang@unb.br<br />

Objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é i<strong>de</strong>ntificar e interpretar as significações sociais e culturais atribuídas<br />

aos artefatos etnográficos, apresentados ao publico nas exposições <strong>de</strong> um museu regional<br />

heterogênico no norte da Alemanha na primeira meta<strong>de</strong> do século XX. É senso comum<br />

na museologia pensar que o artefato, esta raison d´être do museu, não fala por si, mas que o<br />

próprio museu constrói e atribui significados aos objetos - e com isto, ao mundo - através da<br />

sua prática museológica. Museus criam representações e atribuem valores e significados <strong>de</strong><br />

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acordo com a cultura e a historia, esquemas classificatórios e discursos subconscientes. Um<br />

museu não apresenta simplesmente objetos na sua forma física, mas divulga idéias sobre o<br />

mundo através <strong>de</strong>stes objetos. Entretanto, o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> significado através<br />

<strong>de</strong> linguagem e exposição é, na prática, como <strong>de</strong>monstra nossa pesquisa, bastante complexo<br />

e multidimensional. Nele se cruzam topoi diversos (or<strong>de</strong>m, hierarquias, raça, ciência versus<br />

mito, evolução, colonialismo, entre outros) e contextos múltiplos: o revisionismo colonial,<br />

os <strong>de</strong>bates epistemológicos na etnologia e, principalmente, na pré-história germânica, a entrada<br />

do pensamento nacionalista (völkisch) nas ciências sociais, a Gleichschaltung (“sincronização”)<br />

da vida pública e acadêmica pelo Nacional-socialismo, bem como trajetórias <strong>de</strong><br />

indivíduos com suas convicções, resistências e oportunismos. Mostra-se no trabalho, através<br />

do analise <strong>de</strong> exposições etnográfica específicas do período entre 1900 e 1940, como estes<br />

contextos e topoi nortearam a criação <strong>de</strong> representações <strong>de</strong> outras culturas e com isto, como<br />

imagem inversa, da cultura própria.<br />

Palavras-chave: museu, representação, cultura, história.<br />

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ST 10<br />

<strong>História</strong> e Música – novas possibilida<strong>de</strong>s e ler<br />

e ver o passado<br />

A música e a indústria cultural<br />

Adriana Iop Bellintani<br />

Pós-Doutoranda pela UnB<br />

adrianaiopb@yahoo.com.br<br />

A cultura serve para a produção <strong>de</strong> bens funcionais, sendo mais ampla que a arte, abarcando<br />

a publicida<strong>de</strong>, a arquitetura, e a moda. A economia da cultura é entendida como um processo<br />

<strong>de</strong> radiação, que se alastra a partir das artes visuais. A economia da cultura é impulsionada<br />

pela indústria cultural, que envolve e monopoliza a ativida<strong>de</strong> criativa. A indústria cultural<br />

é caracterizada pela revolução industrial, pelo capitalismo liberal, pela economia <strong>de</strong> mercado<br />

e pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo. A indústria cultural, a comunicação <strong>de</strong> massa e a cultura<br />

<strong>de</strong> massa surgem com a industrialização. É no conteúdo da indústria cultural que está o<br />

seu diferencial. Assim a indústria cultural e os movimentos culturais po<strong>de</strong>m ser alienados?<br />

Como ocorre a ação e reação entre o movimento criativo e cultural e a indústria cultural? O<br />

tropicalismo, por exemplo, é uma inovação maior que a bossa nova, um novo estilo <strong>de</strong> MPB<br />

e <strong>de</strong> viver, e como tal um movimento revelador ou preso a ação da industria cultural? O disco<br />

“panis et circensis” (1968) feito por Caetano Veloso, Torquato Neto, Gilberto Gil, Nara Leão,<br />

Os Mutantes, Rogério Duprat, é um manifesto <strong>de</strong> inovação artística, estética e cultural. As<br />

músicas tropicalistas fazem forte crítica contra a política vigente, e ao mesmo tempo inserem-se<br />

no contexto da indústria cultural e das multinacionais da cultura.<br />

Palavras chaves: Cultura – indústria cultural - tropicalismo<br />

Brasil moreno: música popular e memória da<br />

construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira<br />

em regiões <strong>de</strong> imigração alemã<br />

Alessan<strong>de</strong>r Kerber<br />

Professor adjunto da UFRGS<br />

alekerber@yahoo.com.br<br />

No <strong>de</strong>correr dos anos 1930, o rádio e, em menor escala, a indústria fonográfica, foram fundamentais<br />

no processo <strong>de</strong> reconstrução e massificação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira. A<br />

escolha <strong>de</strong> símbolos que remetem à miscigenação, especialmente entre o português e o negro,<br />

como representações nacionais ocasiona um processo <strong>de</strong> inclusão simbólica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

grupos sociais à nação e a exclusão <strong>de</strong> outros. As canções populares que apresentavam<br />

representações do Brasil e tiveram maior sucesso durante Estado Novo remetiam, em geral,<br />

a esse processo <strong>de</strong> miscigenação. Nesse trabalho, proponho a apresentação <strong>de</strong> resultados<br />

parciais <strong>de</strong> meu projeto <strong>de</strong> pesquisa intitulado “Representações musicais e mídia sonora na<br />

construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s ligadas ao espaço geográfico: a nação, a região, a cida<strong>de</strong> (1930–<br />

1945)”, focando a memória <strong>de</strong>ssas canções entre pessoas que viveram em regiões marcadas<br />

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pela imigração alemã durante esse contexto.<br />

Palavras-chave: música popular, memória, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira<br />

Música e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em Goiânia:<br />

do country ao rap<br />

Allysson Fernan<strong>de</strong>s Garcia<br />

Professor da UFG<br />

allysson.garcia@gmail.com<br />

Pretendo comunicar uma história <strong>de</strong> um embate cultural ocorrido na segunda meta<strong>de</strong> da<br />

década <strong>de</strong> 1990 em Goiânia capital do Estado <strong>de</strong> Goiás. O embate envolveu <strong>de</strong> um lado a<br />

intenção do po<strong>de</strong>r público animado por uma organização <strong>de</strong> empresários a intitular a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ‘Goiânia Country’ e <strong>de</strong> outro a afirmação negociada através <strong>de</strong> práticas musicais <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plural e hibrida para os goianienses. Focalizo a crítica elaborada<br />

através do rap, catalisador dos anseios <strong>de</strong> uma parcela da juventu<strong>de</strong> em geral sem voz para<br />

<strong>de</strong>cidir sobre a organização da cida<strong>de</strong> e, sobretudo nas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> políticas públicas que<br />

lhes dizem respeito.<br />

Processos <strong>de</strong> Hibridação e <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s:<br />

Um estudo do CD FOGARÉU do músico<br />

goiano Bororó<br />

Ana Guiomar Rêgo Souza<br />

Professora da Graduação e do PPG em Música da UFG<br />

anagsou@yahoo.com.br<br />

Manassé Barros Aragão<br />

Aluno especial do Mestrado em Música da Escola <strong>de</strong> Música da UFG.<br />

Esta comunicação resulta <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvida sobre o músico e contrabaixista goiano<br />

Bororó, batizado como Dimerval Felipe da Silva. Do contato com a música <strong>de</strong> Bororó constatou-se<br />

o caráter híbrido da sua produção musical, o que gerou o interesse em investigar<br />

os trânsitos culturais privilegiados pelo compositor, suas configurações em termos musicais,<br />

bem como as experiências existenciais das quais resultaram produtos <strong>de</strong> natureza híbrida.<br />

Para tanto foi <strong>de</strong>limitado como universo da pesquisa o conjunto <strong>de</strong> canções e peças instrumentais<br />

que integram o CD Fogaréu <strong>de</strong> Bororó. Proce<strong>de</strong>u-se à análise dos aspectos lingüísticos<br />

em cruzamento com aspectos relacionados às vivências do compositor e às experiências<br />

formadoras da estética musical <strong>de</strong> Bororó. Com base em Canclini, concluiu-se que a “goianida<strong>de</strong>”<br />

da obra <strong>de</strong> Bororó se afasta <strong>de</strong> concepções essencialistas traduzidas pela incorporação<br />

única <strong>de</strong> elementos do folclore regional; afasta-se igualmente <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas posturas que<br />

enten<strong>de</strong>m como estanques as dimensões da chamada música erudita e música popular.<br />

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O tango argentino entre Borges e Piazzolla:<br />

literatura e música, tradição e vanguarda,<br />

memória e cida<strong>de</strong><br />

Avelino Romero Pereira<br />

Professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Música (Unirio)<br />

Doutorando em <strong>História</strong> Social (UFF)<br />

romeroavelino@yahoo.com.br<br />

Sob a história cultural e social, a interseção entre música e literatura permite acessar a complexida<strong>de</strong><br />

do <strong>de</strong>bate i<strong>de</strong>ntitário argentino. Borges e Piazzolla foram parceiros na criação do<br />

LP El Tango, <strong>de</strong> 1965. Outras aproximações mais complexas são possíveis entre escritor e<br />

músico, cuja convergência <strong>de</strong> princípios aponta um mesmo ethos vanguardista: a convicção<br />

nas opções estéticas e o tom militante com que as <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m; o compromisso com a inovação<br />

em meio à tensão entre tradição e vanguarda inscrita nas obras; a criação artística como exercício<br />

<strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong> sobre referências que oscilam entre a cultura urbana <strong>de</strong> Buenos<br />

Aires e tradições oci<strong>de</strong>ntais; a recusa do localismo pitoresco e a abertura ao cosmopolitismo<br />

como saída para a criação artística em ambiente cultural periférico; o tango como fonte e<br />

campo cultural com o qual se <strong>de</strong>frontam. Na leitura e compreensão do tango dá-se o confronto<br />

e o distanciamento entre os dois artistas, documentado em <strong>de</strong>clarações intempestivas<br />

e alfinetadas mútuas. O nuevo tango <strong>de</strong> Piazzolla é a releitura vanguardista da tradição do<br />

tango sentimental, atualizado para a Buenos Aires dos anos 50 e 60. Essa mesma tradição é<br />

repudiada por Borges, que evoca um tango suburbano e valente, equidistante do sentimental<br />

e dos mitos rurais da nacionalida<strong>de</strong>.<br />

A “OPINIÃO” do CPC da UNE:<br />

pré-(anti)tropicalismo?<br />

Diego <strong>de</strong> Moraes Campos<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFG<br />

diego_leigo@hotmail.com<br />

A presente comunicação visa pensar no LP “Opinião”, como uma obra resultante da experiência<br />

artística, e política, que foi o CPC (Centro Popular <strong>de</strong> Cultura) da UNE, no pré-64. Apresentarei<br />

o CPC, enfocando sua relação com campo intelectual em torno do ISEB (Instituto<br />

Superior <strong>de</strong> Estudos Brasileiros) e seu discurso sobre o “intelectual engajado” na “realida<strong>de</strong><br />

nacional”. Como muitos tropicalistas passaram pelo CPC, problematizo se o CPC foi apenas<br />

a raiz das “vaias” à Caetano Veloso no Festival <strong>de</strong> 1967, ou se, ao procurar misturar os “brasis”<br />

(representados, no musical “Opinião”: pelas figuras <strong>de</strong> Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão),<br />

não seria, também, um dos aspectos para se pensar na ebulição da Tropicália. Assim, proponho<br />

uma reflexão que se guie nessa via <strong>de</strong> mão dupla, para pensarmos a cultura brasileira<br />

nos anos 60.<br />

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Engajamento e <strong>de</strong>sbun<strong>de</strong>: música popular<br />

e política nos anos <strong>de</strong> chumbo<br />

Eleonora Zicari Costa <strong>de</strong> Brito (UnB)<br />

zicari@hotmail.com<br />

O panorama da música popular no Brasil dos anos 60 e 70 do século passado nos permite<br />

mergulhar numa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos musicais que expressavam posicionamentos críticos<br />

frente à realida<strong>de</strong> em questão. A ânsia por dizer algo está presente no que encontramos<br />

nos repertórios <strong>de</strong> Elis Regina e Taiguara, por exemplo, mas também naqueles voltados ao<br />

excitamento <strong>de</strong> uma revolução comportamental, visíveis na experiência da Jovem Guarda assim<br />

como na do grupo musical Mutantes. Sem qualquer intenção <strong>de</strong> igualar essas diferentes<br />

formas <strong>de</strong> expressão musical, o que proponho é observá-las em suas especificida<strong>de</strong>s, pondoas<br />

em diálogo com o seu tempo, mas compreen<strong>de</strong>ndo as práticas/discursos <strong>de</strong> que fazem<br />

uso como estratégias políticas que ora dialogam com uma postura crítica mais tradicional,<br />

ora percorrem o caminho <strong>de</strong> uma crítica mais livre e nem por isso menos corrosiva. O fato é<br />

que naqueles anos <strong>de</strong> forte censura a tudo o que parecesse subverter a or<strong>de</strong>m, nossos artistas<br />

colocaram em prática as mais diferentes formas <strong>de</strong> oposição ao estabelecido.<br />

Palavras-chave: música, anos <strong>de</strong> chumbo, engajamento, <strong>de</strong>sbun<strong>de</strong>.<br />

Música, tradição e incorporação do/ao universo<br />

urbano contemporâneo <strong>de</strong> cantadores –<br />

Reinvenção e Tradição<br />

Prof. Dr. Francisco José Gomes Damasceno<br />

Hannah Jook Otaviano Rodrigues<br />

Rafael Antônio Oliveira <strong>de</strong> Souza<br />

Marília Soares Cardoso<br />

Leopoldo <strong>de</strong> Macedo Barbosa<br />

A cantoria faz parte da cultura brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos coloniais e, aponta-se sua existência<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os aedos gregos, tendo uma forte presença e suas origens mais próximas ainda no<br />

mundo medieval, nos menestréis e trovadores, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> teriam “migrado” para O Brasil e<br />

particularmente o Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro. Incorporada às culturas populares brasileiras <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então, nos anos 60 do século XX começa a passar por transformações que a projetam no atual<br />

contexto <strong>de</strong> forma viva, dinâmica e não menos importante do que tantas outras manifestações.<br />

Para tanto tem incorporado os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, sobretudo a TV e o<br />

rádio <strong>de</strong> forma persistente e sistemática. Muitos são os cantadores que tem assumido esse<br />

processo, gravando CD’s, DVD’s, fazendo programas e mantendo a tradição da cantoria viva<br />

nesses meios e nos seus “lócus” mais tradicionais. Neste trabalho algumas canções serão<br />

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apresentadas com o intuito <strong>de</strong> apresentar estes sujeitos sociais importantes e algumas das<br />

características <strong>de</strong> sua arte.<br />

Palavras-chave: Cantadores, tradição, incorporação, música, mídias.<br />

Sobre a noção <strong>de</strong> gesto musical como<br />

ferramenta para os estudos históricos<br />

Fre<strong>de</strong>rico Machado <strong>de</strong> Barros<br />

Doutorando em Sociologia pela USP<br />

fre<strong>de</strong>ricobarros@usp.br<br />

O trabalho busca fazer uma discussão exploratória <strong>de</strong> como a noção <strong>de</strong> gesto musical po<strong>de</strong><br />

vir a ser útil para estudos <strong>de</strong> música a partir <strong>de</strong> uma perspectiva da história e das ciências<br />

sociais num sentido amplo. Para tal, é feito um esforço <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação da categoria gesto<br />

musical com base na discussão <strong>de</strong> um exemplo retirado do filme Green Card (1990). A partir<br />

<strong>de</strong>ste exemplo, espera-se mostrar como a noção <strong>de</strong> gesto musical é ao mesmo tempo aberta o<br />

suficiente para alcançar diferentes elementos constituintes do discurso musical e específica<br />

o suficiente para permitir <strong>de</strong>limitar e rastrear tais elementos em suas relações com o contexto<br />

musical e social mais amplo em torno <strong>de</strong>les.<br />

Clara Nunes entre a mestiçagem brasileira<br />

e o canto atlântico<br />

Jefferson William Gohl (UNB)<br />

Professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> Contemporânea na Faculda<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras<br />

<strong>de</strong> União da Vitória, Mestre pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná UFPR<br />

jwgohl@yahoo.com.br<br />

O presente trabalho preten<strong>de</strong> refletir sobre as canções interpretadas por Clara Nunes, no<br />

fim da década <strong>de</strong> 1970 e inicio dos anos 1980, assim como a tensão existente entre as noções<br />

<strong>de</strong> mestiçagem que tal trabalho implicava no Brasil e a perspectiva <strong>de</strong> um canto atlântico,<br />

que se volta sobre a África na busca <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> ou afetivos que significavam novas<br />

imagens frente a África que se apresentava naquele contexto. A metodologia se pauta pela<br />

escolha do disco <strong>de</strong> 1976, Canto da três raças, como marco, e segue a partir daí capturando as<br />

referências explícitas, anteriores e posteriores, à África e a Angola nos discos Forças da Natureza,<br />

Guerreira e Clara Esperança, enten<strong>de</strong>ndo que estas obras correspon<strong>de</strong>m à fase em que<br />

a artista tem seu trabalho amadurecido e uma autonomia <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> repertório, em que<br />

as canções <strong>de</strong> Paulo Cesar Pinheiro, Mauro Duarte, Eduardo Gudin e Chico Buarque compõem<br />

uma <strong>de</strong>terminada percepção do continente africano e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pertença<br />

ou i<strong>de</strong>ntificação que Clara Nunes encarna e faz viver a um público ouvinte alargado por meio<br />

<strong>de</strong> seu canto.<br />

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A tradição na Escola do Bandolim Brasileiro<br />

Jorge Antonio Cardoso Moura<br />

Mestrado em Música pela UnB<br />

som<strong>de</strong>bandolim@yahoo.com.br<br />

O tema da presente comunicação será contextualizada na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro a partir<br />

<strong>de</strong> 1870, com o nascimento do choro como gênero musical popular. A abordagem conceitual<br />

e histórica referente à Escola do bandolim brasileiro foi motivada pela ativida<strong>de</strong> profissional<br />

do autor como músico. Para a análise serão investigados os conceitos estéticos, contextuais<br />

e tecnológicos que influenciaram na consolidação da escola musical em questão. A tradição<br />

oral no aprendizado musical, a importância <strong>de</strong> Jacob do bandolim, o conceito <strong>de</strong> tradição<br />

e a análise das fontes <strong>de</strong> pesquisa serão os elementos utilizados no trabalho. Os modos e<br />

práticas musicais on<strong>de</strong> se insere a referida ativida<strong>de</strong> serão relacionados com a sua evolução<br />

histórica e tradição. Torna-se necessário reconhecer quais motivos justificaram as relações<br />

sociais, históricas e musicais.<br />

Palavras-chave: Bandolim, Tradição, Choro.<br />

A subjetivação do político: poesia e crítica<br />

nas canções <strong>de</strong> Cazuza.<br />

Leidiane Lopes <strong>de</strong> Souzaleidy<br />

anedisouza@gmail.com<br />

Este artigo preten<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar que uma música, enquanto artefato sócio-cultural, não aborda<br />

um teor crítico somente na linguagem textual em que é expressa. Para tanto, tomará duas<br />

composições produzidas na década <strong>de</strong> 80, período em que o rock nacional encontrava-se em<br />

um momento <strong>de</strong> efervescência e que, mesmo se realizando no ambiente da Indústria cultural<br />

fora capaz <strong>de</strong> mobilizar elementos <strong>de</strong> crítica social, divertimento e poesia. São elas: “Pro<br />

dia nascer feliz” (apresentação realizada no Rock n’ Rio <strong>de</strong> 1985) e “Brasil” (interpretada no<br />

show I<strong>de</strong>ologia em 1988). A discussão dialoga com o conceito <strong>de</strong> transfiguração do político<br />

cunhado por Maffesoli para quem o político também se encontra nos <strong>de</strong>talhes do cotidiano<br />

e das experiências afetivas. Outro mote da reflexão, que virá a contribuir na análise proposta<br />

pelo sociólogo francês- sobretudo na primeira canção, recaí sobre a importância da performance<br />

na configuração dos sentidos. Assim, ambas as produções musicais revelam, cada<br />

uma a sua maneira, como o Brasil estava sendo pensado, por parte <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jovens,<br />

no seu processo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização.<br />

O frevo entre a marcha e o jazz: a invenção <strong>de</strong><br />

uma música que “nenhuma terra tem”<br />

Lucas Victor Silva<br />

Professor da Faculda<strong>de</strong> Integrada do Recife e nas Faculda<strong>de</strong>s Integradas da Vitória <strong>de</strong> Santo<br />

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Antão.<br />

lucasvictor@uol.com.br<br />

A invenção do frevo enquanto gênero musical é produto da contínua busca da geração <strong>de</strong><br />

trinta pela i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira e pela mo<strong>de</strong>rnização do país. O discurso científico<br />

e literário procurará interrogar sobre os mais diversos aspectos do Brasil, entre eles, sua<br />

cultura e suas tradições, como o carnaval. Festejada por intelectuais, artistas e autorida<strong>de</strong>s<br />

municipais e estaduais, a Fe<strong>de</strong>ração Carnavalesca surgiu, em 1935, como uma entida<strong>de</strong> compromissada<br />

com o controle <strong>de</strong> organizações populares e <strong>de</strong> manifestações culturais, bem<br />

como com a articulação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> discursos e práticas que vão instituir a idéia <strong>de</strong> um<br />

carnaval autêntico e verda<strong>de</strong>iramente popular que, ao som do frevo, <strong>de</strong>ve funcionar como<br />

ferramenta <strong>de</strong> controle social e que <strong>de</strong>ve ser gerido por membros das elites intelectuais da<br />

cida<strong>de</strong> comprometidos com o novo regime pós-trinta. Este é o momento também <strong>de</strong> invenção<br />

do frevo como gênero musical representativo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional, bem como instrumento<br />

<strong>de</strong> veiculação das representações conservadoras da cultura popular construídas<br />

por setores das camadas hegemônicas do Recife. Neste trabalho, discutimos a criação <strong>de</strong>ste<br />

gênero musical em uma época <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> bens culturais e <strong>de</strong><br />

novas práticas <strong>de</strong> controle e normatização das manifestações culturais populares.<br />

Interações tecnológicas na produção fonográfica:<br />

perspectiva histórica <strong>de</strong> alguns casos exemplares,<br />

do fonógrafo ao ProTools<br />

Marcelo Carvalho Oliveira<br />

Mestrando em Musicologia no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação Música em Contexto do <strong>Departamento</strong><br />

<strong>de</strong> Música UnB.<br />

mcoprod@uol.com.br<br />

Beatriz Magalhães Castro (UnB)<br />

bmagalhaescastro@gmail.com<br />

Neste artigo analisamos alguns casos-mo<strong>de</strong>lo em que inovações tecnológicas introduzidas<br />

no <strong>de</strong>correr do século XX tiveram efeito direto na produção musical e fonográfica, com conseqüências<br />

que se esten<strong>de</strong>m até os dias atuais. As tecnologias <strong>de</strong> gravação <strong>de</strong>senvolvidas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XIX até meados do século XX permitiam apenas o registro <strong>de</strong> performances<br />

“reais” e completas, com todos os músicos tocando simultaneamente no mesmo<br />

espaço físico. A partir do final da década <strong>de</strong> 1940, a gravação multipista (multitrack) tornou<br />

possível a criação <strong>de</strong> “performances artificiais”, em que um só músico é capaz <strong>de</strong> gerar<br />

gravações extremamente sofisticadas em termos <strong>de</strong> massa sonora, quantida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> instrumentação. As análises <strong>de</strong> Frith (2002), Attali (1985) e Martin (1979) constituem o<br />

embasamento <strong>de</strong> nossa discussão, enquanto os ensaios <strong>de</strong> Givan (2004), Sterne (2006) e<br />

Goehr (2008) acrescentam uma perspectiva atualizada à nossa abordagem. Avaliamos a influência<br />

dos <strong>de</strong>senvolvimentos tecnológicos citados na carreira <strong>de</strong> artistas como Bing Crosby<br />

e Frank Sinatra (microfones), Louis Armstrong, Les Paul, Beatles e Prince (overdubbing e<br />

multitracking). O efeito do recurso autotune (afinação automática) na produção <strong>de</strong> cantores<br />

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e cantoras durante a década <strong>de</strong> 2000 também é abordado.<br />

Palavras-chave: produção musical; tecnologia <strong>de</strong> gravação; registros fonográficos.<br />

Taiguara e Censura, uma parceria inusitada<br />

Maria Abília <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Pacheco (UnB)<br />

abilia@uol.com.br<br />

Consi<strong>de</strong>rado uma das maiores vítimas da censura durante o regime militar, o cantor Taiguara<br />

viu-se obrigado a abandonar uma carreira no auge. A <strong>de</strong>speito da veemência <strong>de</strong>sse fato, novas<br />

perspectivas <strong>de</strong> trato da questão vêm à tona a partir dos estudos culturais. Por essa trilha,<br />

chega-se ao sujeito histórico, ou seja, ao elemento participativo, indócil, renitente, cuja<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> fortalece-se no convívio com os grupos sociais com os quais se afina. Sob esse<br />

prisma, a censura motiva Taiguara a reinventar-se <strong>de</strong> forma a encontrar um discurso que<br />

o coloque em posição <strong>de</strong> interlocutor, não <strong>de</strong> silenciado. O universo criativo do cantor se<br />

expan<strong>de</strong> em pesquisas rítmicas e incursões poéticas, numa peleja aflita <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>seja ser<br />

ouvido e compreendido. O resultado <strong>de</strong>sse empreendimento aponta para um artista cada<br />

vez mais comprometido com o seu tempo e dá pistas <strong>de</strong> uma censura ramificada em vários<br />

setores da socieda<strong>de</strong>, muito mais pujante que um mero organismo institucional.<br />

Palavras-chave: Taiguara, censura, MPB<br />

Memória sertaneja: as primeiras<br />

gravações do música goiana<br />

Maria Amélia Garcia <strong>de</strong> Alencar<br />

Professora Doutora da UFG<br />

poshistoria@historia.ufg.br<br />

mameliaalencar@gmail.com<br />

Em meados do século XX, as primeiras gravações <strong>de</strong> música goiana em discos comerciais<br />

foram feitas em estúdios da capital paulista, pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo em Goiás. Participando<br />

<strong>de</strong> uma cena musical caracterizada pela influência da música estrangeira, especialmente<br />

as guarâneas, polcas, rasqueados e boleros, que faziam sucesso nas rádios, cantores<br />

e compositores goianos gravaram um repertório que tratava, principalmente, <strong>de</strong> temas<br />

amorosos ou das belezas da terra. È o caso do cantor e compositor Marrequinho. Em outra<br />

vertente, a cantora erudita Ely Camargo resgatava canções do folclore goiano, já que o movimento<br />

folclorista também estava em alta naquele período. Assim, a tradição da música<br />

gravada em Goiás não se liga à tradição da música caipira ou “<strong>de</strong> raiz”, mas a uma tradição<br />

sertaneja que terá <strong>de</strong>sdobramentos diversos a partir dos anos 70.<br />

Maria Maria: <strong>de</strong> retalho em retalho,<br />

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um retrato <strong>de</strong> Brasil<br />

Mateus <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Pacheco (UnB)<br />

mateusandpac@gmail.com<br />

Em 1976, Milton Nascimento compôs a trilha sonora do espetáculo <strong>de</strong> estréia da companhia<br />

<strong>de</strong> dança Grupo Corpo: Maria Maria. Valendo-se <strong>de</strong> canções e textos, essa trilha construía<br />

a personagem Maria para contar a história <strong>de</strong> tantas outras mulheres e do próprio Brasil.<br />

Lançar luz sobre a trilha Maria Maria traz à tona modos <strong>de</strong> perceber a realida<strong>de</strong> brasileira<br />

naquele momento e a repercussão do diálogo <strong>de</strong> Milton Nascimento com outros campos<br />

da arte em seu fazer <strong>de</strong> compositor/cantor.Tais questões nos encaminham a reflexões sobre<br />

a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos que se po<strong>de</strong> atribuir a uma canção a partir <strong>de</strong> sua localização na<br />

trama <strong>de</strong> um espetáculo, show ou álbum.<br />

Palavras-chave: Milton Nascimento, espetáculo, trilha sonora.<br />

“Um passo plugado no mundo inteiro”:<br />

Indícios do Mo<strong>de</strong>rno e do Global nas<br />

canções do carnaval baiano (1970-2010)<br />

Rafael Rosa (UnB)<br />

rafaelsr.ribeiro@gmail.com<br />

Há <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 30 do século XX, no cancioneiro popular, uma forte tradição <strong>de</strong> se<br />

cantar a Bahia, sendo o principal expoente na construção <strong>de</strong>ssa mítica imagem o compositor<br />

Dorival Caymmi, além <strong>de</strong> outros como Ary Barroso, Denis Brian, Assis Valente etc. Essa<br />

tradição vem sendo largamente reiterada por seus seguidores, a exemplo <strong>de</strong> Caetano Veloso<br />

e Gilberto Gil no Olimpo da MPB, bem como pelos compositores <strong>de</strong> canções para o carnaval<br />

baiano que, a partir <strong>de</strong> 1970, gradualmente transformaram o trio elétrico no principal lugar<br />

<strong>de</strong> enunciação <strong>de</strong>sses discursos musicados. Nesse processo, novos signos e imagens acerca<br />

<strong>de</strong>ssa mesma Bahia se insinuam num embate <strong>de</strong> representações, que se (re)atualizam sobretudo<br />

pelos índices <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e pela articulação do local pelo global observado<br />

nessas canções.<br />

Palavras-chave: carnaval, globalização, trio elétrico.<br />

As imagens carnavalescas na obra <strong>de</strong><br />

Bezerra da Silva<br />

Rainer G. Sousa<br />

rainersousa@gmail.com<br />

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No presente trabalho temos por objetivo expor uma faceta pouco explorada da obra <strong>de</strong> Bezerra<br />

da Silva, intérprete e músico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> renome no mundo do samba e que teve a sua obra<br />

largamente conhecida pelas canções que representavam sistematicamente a vida nas favelas<br />

cariocas, a violência policial e a questão das drogas. Buscando uma outra frente <strong>de</strong> compreensão<br />

da sua obra, tal comunicação visa trabalhar com as letras <strong>de</strong> canções <strong>de</strong> natureza cômica,<br />

bastante presentes no seu repertório gravado, mas pouco discutidas nos estudos empreendidos<br />

sobre seu legado musical. Para empreen<strong>de</strong>r tal discussão, recorremos à obra do pensador<br />

russo Mikhail Bakhtin no que diz respeito a sua consi<strong>de</strong>ração acerca do humor e sua ocupação<br />

secundária na cultura européia da entre a Ida<strong>de</strong> Média e o Renascimento. Por meio <strong>de</strong>sse viés,<br />

preten<strong>de</strong>mos verificar na obra <strong>de</strong> nosso sambista as referências ao universo cômico retratado<br />

por Bakhtin no que tange ao conceito <strong>de</strong> carnavalização. Sendo assim, <strong>de</strong>stacamos em diversas<br />

canções do nosso sambista todo um universo permeado por imagens carnavalescas: inversões,<br />

apelidos, palavrões e cenas grotescas, que claramente se a<strong>de</strong>quam ao pensamento do autor<br />

russo. Desse modo, preten<strong>de</strong>mos também <strong>de</strong>stacar uma parcela da obra <strong>de</strong> Bezerra da Silva,<br />

que, apesar <strong>de</strong> bastante importante, é pouco reconhecida e estudada.<br />

Bossa jobiniana: diálogos sobre tradição<br />

e vanguarda<br />

Tatiana <strong>de</strong> Almeida Nunes Costa<br />

Mestranda do Programa em <strong>História</strong> Social da Cultura da PUC - Rio<br />

tialmeida2002@yahoo.com.br<br />

O presente estudo tem por objetivo pensar proximida<strong>de</strong>s e distanciamentos entre algumas<br />

das composições <strong>de</strong> Tom Jobim no ano <strong>de</strong> 1958 e a tradição musical brasileira anterior à<br />

emergência da Bossa Nova. Ao invés <strong>de</strong> pensar o movimento bossanovista como um momento<br />

<strong>de</strong> ruptura brusca no cenário musical brasileiro, a intenção é i<strong>de</strong>ntificar no processo<br />

<strong>de</strong> produção das canções uma articulação entre as idéias <strong>de</strong> “tradição” e “vanguarda” contribuindo<br />

para a existência <strong>de</strong> nuances variadas nas músicas iniciais do estilo. Assim, ao mesmo<br />

tempo em que é possível i<strong>de</strong>ntificar obras mais voltadas para um projeto <strong>de</strong> “mo<strong>de</strong>rnização”<br />

da canção, também é possível perceber na orientação das composições um diálogo<br />

próximo com as tradições brasileiras.<br />

Luiz Gonzaga: A música revelando In<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>(s)<br />

Valeska Barreto Gama<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela UnB<br />

iebarreto@hotmail.com.br<br />

A música como fonte histórica vem ganhando cada vez mais espaço nos estudos culturais,<br />

por ser um objeto capaz <strong>de</strong> (in)formar a respeito das dinâmicas sociais e sensibilida<strong>de</strong>s, a<br />

partir do seu contexto <strong>de</strong> criação e divulgação. O presente trabalho procura discutir as canções<br />

do interprete Luiz Gonzaga, como fontes para se perceber a criação imagética sobre a(s)<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>(s) nor<strong>de</strong>stina, em suas várias nuances. A partir das canções, essas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

vêm sendo “criadas” e “aceitas” por quem as ouve, como medida do que seria o “ser” nor<strong>de</strong>s-<br />

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tino, pois em suas narrativas (letra e ritmo) estão presentes representações das festas, das<br />

formas <strong>de</strong> louvar, <strong>de</strong> trabalhar, <strong>de</strong> viver, além <strong>de</strong> paisagens, <strong>de</strong>ntre outras informações, que<br />

remetem a uma <strong>de</strong>terminada região, o Nor<strong>de</strong>ste brasileiro.<br />

Palavras-chave: Música, representação e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Eu, Você, João: O Processo De Parodização<br />

Da Bossa Nova Pela Tropicália<br />

Victor Creti Bruza<strong>de</strong>lli<br />

Graduado em <strong>História</strong> pela UFG.<br />

victor_creti@hotmail.com<br />

Em seu processo <strong>de</strong> produção musical, a Tropicália sempre dialogou com as mais diversas <strong>de</strong><br />

tradição - musicais ou não, mo<strong>de</strong>rnas ou não -, como o Baião, a Rumba, o Samba, as <strong>História</strong>s<br />

em Quadrinhos, o Rock Psicodélico, entre outros. A forma como isso se <strong>de</strong>u, geralmente, foi<br />

através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> ressignificação e/ou “parodização” <strong>de</strong>stes elementos tradicionais.<br />

Neste trabalho busca-se analisar a forma peculiar como os músicos e intérpretes da Tropicália<br />

buscam dialogar com a tradição da Bossa Nova parodiando-a e elevando-a a um dos<br />

principais substratos <strong>de</strong> criação para essa nova proposta estética.<br />

Consi<strong>de</strong>rações acerca da memória,<br />

da história e da música popular<br />

Vitor Hugo Abranche <strong>de</strong> Oliveira<br />

Mestrando em <strong>História</strong> – UFG<br />

vitorabranche@hotmail.com<br />

A música popular ganha, aos poucos, mais espaço na pesquisa histórica. Traz, com ela, problematizações<br />

que po<strong>de</strong>m auxiliar tanto em sua interpretação histórica quanto na investigação<br />

do contexto que a cerca. A memória é uma <strong>de</strong>ssas categorias que, abordadas em conjunto<br />

com a música, po<strong>de</strong>m nos mostrar a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pequenas negociações cotidianas, ou<br />

ainda as pequenas inventivida<strong>de</strong>s, mas que são essenciais na formação <strong>de</strong> um músico. Esse<br />

trabalho reflete sobre relação memória/esquecimento como fundamental na formação da<br />

música popular, objetivando assim ampliar o <strong>de</strong>bate da interpretação tanto das manifestações<br />

musicais quanto da história.<br />

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ST 11<br />

Leitura do sagrado, visões da divinda<strong>de</strong> – uma história<br />

cultural do religioso<br />

Espaços <strong>de</strong> luto e memória: os cemitérios<br />

militares brasileiros<br />

Adriane Piovezan<br />

Doutoranda pela UFPR<br />

drika@matrix.com.br<br />

Monumentos e mausoléus representam espaços <strong>de</strong> memória. A existência do Cemitério<br />

Militar Brasileiro em Pistóia e a construção do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra<br />

Mundial no aterro do Flamengo mostram as relações e atitu<strong>de</strong>s diante da morte por parte<br />

da socieda<strong>de</strong> brasileira contemporânea. A pesquisa tem como objeto os embates provocados<br />

pela <strong>de</strong>stinação dos corpos dos soldados mortos em combate durante a guerra e as discussões<br />

envolvendo as tradições populares, instituições militares e as instituições religiosas<br />

neste processo. A transladação dos corpos em 1960 e as questões referentes as discussões<br />

sobre todo o processo enfocam das mudanças e das discussões entre as questões religiosas<br />

que acabam sendo hegemônicas no tratamento dos ritos fúnebres e as questões militares, até<br />

então assumidamente laicas. Enquanto em Pistóia elementos da crença cristã dominavam o<br />

campo santo, como cruzes, já no Mausoléu do Aterro ocorre a total substituição <strong>de</strong>stes elementos<br />

pelos inequivocamente cívicos e patrióticos, como também aconteceu em relação ao<br />

seu uso pela socieda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos observar como <strong>de</strong>monstrou Michel Vovelle que o período<br />

pós Segunda Guerra Mundial anulou fórmulas triunfalistas nos monumentos fúnebres, com<br />

a construção <strong>de</strong> monumentos abstratos e antimonumentos.<br />

Palavras-chave: monumentos, cemitérios militares, instituições militares.<br />

Protestantismo e Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: Uma<br />

Interpretação Sócio-Histórica<br />

Eduardo Gusmão <strong>de</strong> Quadros<br />

Professor do curso <strong>de</strong> Historia da UEG e da PUC-GO<br />

eduardo.hgs@hotmail.com<br />

A discussão sobre protestantismo e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> surgiu ainda na época da reforma protestante.<br />

Tal relação foi, inclusive, utilizada enquanto argumento apologético pelas missões<br />

evangélicas. O sociólogo alemão Ernst Troeltsch fez uma discussão original do tema, em<br />

obra publicada no inicio do século XX. É esta obra, hoje clássica, apesar <strong>de</strong> pouco conhecida<br />

no Brasil, que discutiremos nesta comunicação.<br />

Palavras-chave: protestantismo; mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; causalida<strong>de</strong>; religiosida<strong>de</strong><br />

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O santo dos Últimos Dias? O mártir S. Sebastião<br />

e o milenarismo no Contestado, Santa Catarina,<br />

Brasil (1912-1916)<br />

Eduardo Rizzatti Salomão<br />

Doutorando em <strong>História</strong> Social pela UnB<br />

salomao.edu@gmail.com<br />

Na Guerra do Contestado (1912-1916) a expectativa no advento <strong>de</strong> uma época <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> e<br />

fartura foi manifestada pela população local. Nesse episódio, S. Sebastião, mártir cristão cuja<br />

imagem era venerada pelos rebel<strong>de</strong>s do planalto catarinense, passou a ocupar uma posição<br />

estranha à tradição católica: o mártir não seria apenas o protetor contra a fome e a peste, e o<br />

padroeiro <strong>de</strong> inúmeras capelas do interior, mas o ativo comandante <strong>de</strong> um Exército celestial<br />

que restabeleceria, após vencer as forças da república, a verda<strong>de</strong>ira “lei <strong>de</strong> Deus”. Esta apresentação<br />

discute questões relacionadas à expectativa da realização do milênio e a ressignificação<br />

<strong>de</strong> crenças cristãs e mitos messiânicos presentes no Contestado, tendo como foco o<br />

papel exercido pelo mártir S. Sebastião e a sua possível associação ao messianismo-régio no<br />

alvorecer do séc. XX.<br />

Palavras-chave: Contestado, milenarismo, messianismo-régio.<br />

Leituras Ecológicas da Bíblia Hebraica<br />

Haroldo Reimer<br />

A comunicação trata <strong>de</strong> apresentar a Bíblia hebraica como um conjunto <strong>de</strong> textos históricomíticos<br />

que transmitem elementos da história cultural e material do antigos hebreus. No conjunto<br />

<strong>de</strong>stes textos, a comunicação busca <strong>de</strong>stacar recortes <strong>de</strong> textos, nos quais se verifica uma<br />

perspectiva ecológica acerca da relação dos hebreus antigos com o seu ambiente natural e social.<br />

Elementos da arqueologia buscarão evi<strong>de</strong>nciar os “fios” históricos dos textos sagrados com<br />

a realida<strong>de</strong> histórica. Busca-se aplicar aos textos uma perspectiva <strong>de</strong> leitura a partir do ótica do<br />

leitor, ressaltando, assim, uma ‘hermenêutica ecológica’ <strong>de</strong> textos sagrados da Antiguida<strong>de</strong>.<br />

Partido Católico Goiano: “Deus, Pátria<br />

e Liberda<strong>de</strong>” (1881-1907)<br />

Ireni Soares da Mota<br />

Mestranda pela PUC-GO. irenimota@hotmail.com.<br />

Este artigo objetiva realizar um estudo sobre a curta trajetória do Partido Católico em Goiás,<br />

fundado no dia 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1890 e em 1891 aparece com nova <strong>de</strong>nominação, como Partido<br />

Republicano Fe<strong>de</strong>ral. O lema criado para a agremiação era Deus, Pátria e Liberda<strong>de</strong>. O período<br />

compreendido para o estudo perpassa os bispados <strong>de</strong> dois clérigos entusiastas da causa católica<br />

no âmbito político: D. Claudio José Gonçalves Ponce <strong>de</strong> Leão e D. Eduardo Duarte Silva. Uti-<br />

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lizando fontes documentais, se propõe a uma abordagem que privilegia a perspectiva do jogo<br />

das representações que o partido construía acerca da socieda<strong>de</strong> goiana. Tentamos compreen<strong>de</strong>r<br />

com esse enfoque o campo <strong>de</strong> força teo-político nos primórdios do Goiás republicano.<br />

Palavras-chave: Partido Católico, representações, teo-político.<br />

O Mestre Juramidã. Análise da constituição<br />

histórica da figura do Sr. Raimundo Irineu Serra<br />

Isabela Lara Oliveira<br />

Professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunicação da UnB<br />

isabelalara@gmail.com<br />

O presente trabalho analisa a compreensão compartilhada pelos seguidores do Sr. Raimundo<br />

Irineu Serra, fundador do Santo Daime, sobre a sua pessoa e a maneira como esse entendimento<br />

se constituiu por meio da dinâmica da oralida<strong>de</strong> entre as décadas <strong>de</strong> 30 e os dias<br />

atuais. Para os daimistas o Sr. Irineu é o “Mestre Juramidam”, palavra que revela uma ampla<br />

gama <strong>de</strong> significados, que fala da pessoa do Sr. irineu como presença viva do Cristo na contemporaneida<strong>de</strong><br />

e também como uma manifestação atual do Espírito Santo. Por meio da<br />

análise do conteúdo expresso pelas memórias compartilhadas dos seguidores na religião,<br />

<strong>de</strong>monstra-se como esse conceito se formou entre os daimistas e investigam-se as diferentes<br />

influências culturais que contribuíram para a formação <strong>de</strong>sse significado na religião.<br />

Reflexos <strong>de</strong> um espelho opaco: a construção<br />

da feminilida<strong>de</strong> através das múltiplas<br />

sexualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vênus e Maria<br />

Ismael Gonçalves Alves<br />

Doutorando UFPR<br />

ismaelmaya1@yahoo.com.br<br />

Pérola <strong>de</strong> Paula Sanfelice<br />

Mestranda UFPR<br />

perolasanfelice@gmail.com<br />

Este trabalho busca inventariar algumas consi<strong>de</strong>rações acerca dos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong><br />

difundidos em dois momentos históricos distintos, a Antiguida<strong>de</strong> clássica e a Contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Ao optarmos por um estudo comparativo <strong>de</strong> épocas diversas, não buscamos estabelecer<br />

uma linearida<strong>de</strong>, e sim conhecer múltiplas experiências históricas ao longo do<br />

tempo, atravessadas pelas relações que cada socieda<strong>de</strong> estabelece consigo mesma e com o<br />

seu passado. Através da análise das representações Vênus e Maria, figuras <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no<br />

panteão religioso romano e judaico-cristão, buscaremos perceber como duas divinda<strong>de</strong>s,<br />

em essência, ligadas à fertilida<strong>de</strong>, beleza e prosperida<strong>de</strong>, foram apropriadas <strong>de</strong> maneiras<br />

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distintas, legitimando padrões <strong>de</strong> comportamento para condutas tidas como essencialmente<br />

femininas. Partindo <strong>de</strong>ste diálogo, propomos discutir questões <strong>de</strong> nosso próprio presente,<br />

fundamentados na concepção <strong>de</strong> que a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> produziu mo<strong>de</strong>los normativos <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong><br />

masculina e feminina que condicionaram, i<strong>de</strong>ias, valores e comportamentos em<br />

conformida<strong>de</strong> com os princípios impostos por uma moral dominante, que ten<strong>de</strong> a extinguir<br />

o contraditório e aniquilar as diferenças, em favor <strong>de</strong> uma sexualida<strong>de</strong> legítima e ao mesmo<br />

tempo legitimadora.<br />

Palavras-Chave: Feminino, Antiguida<strong>de</strong> Clássica; Contemporaneida<strong>de</strong><br />

A pastoral das almas e o governo<br />

político dos homens<br />

Leandro Alves Martins <strong>de</strong> Menezes<br />

Mestrando pela UFG<br />

leandromenezes7@hotmail.com<br />

A proposta <strong>de</strong>ste estudo é i<strong>de</strong>ntificar a genealogia das práticas <strong>de</strong> sujeição dos corpos presentes<br />

na anatomopolítica e na biopolítica. Michel Foucault localizou no seu curso Segurança,<br />

território, população que a premissa <strong>de</strong> toda forma <strong>de</strong> gestão biológica da população<br />

na política é <strong>de</strong> origem pastoral. Posteriormente seu objetivo passa a ser o <strong>de</strong> questionar e<br />

buscar alternativas eficientes que <strong>de</strong>monstre como a pastoral das almas se insere historicamente<br />

no governo político dos homens, <strong>de</strong>stacando <strong>de</strong> que modo há uma redistribuição <strong>de</strong><br />

forças, po<strong>de</strong>res, que sancionam esse processo. Sua primeira hipótese, é que esse momento<br />

inicia <strong>de</strong> forma clara a partir das revoltas pastorais do século XV. Um dos exemplos mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes está representado na Reforma protestante. Durante esse período transitório do<br />

século XV ao XVII essa estrutura social européia se situou em um clima <strong>de</strong> resistências, revoltas,<br />

insurreições <strong>de</strong> conduta frente ao mo<strong>de</strong>lo oficial <strong>de</strong> governo das almas. Dois <strong>de</strong>sses<br />

gran<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> resistência são encontrados na reorganização da pastoral religiosa, isto<br />

é, das comunida<strong>de</strong>s protestantes e na Contra-Reforma. O que é importante perceber é que<br />

até então, a resistência não se efetua propriamente e contrariamente ao mo<strong>de</strong>lo pastoral,<br />

mas há uma transferência, a partir do XVI, em relação à maciça e global função pastoral<br />

da Igreja sobre o Estado. Esses movimentos promovem uma intensificação do pastorado<br />

religioso, contudo o pastorado passa a ser intervencionista, exerce influência como nunca<br />

antes, na vida cotidiana, na vida material, por exemplo: em relação à higiene e educação das<br />

crianças como forma <strong>de</strong> preparação moral. Também, neste mesmo século, vemos formar um<br />

novo gênero <strong>de</strong> condução dos homens, <strong>de</strong> pastorado, além dos limites eclesiásticos, havendo<br />

o fenômeno familiar e governamental preocupado com a condução <strong>de</strong> si, dos filhos, da família,<br />

do Estado, etc. O po<strong>de</strong>r soberano, nesse momento, <strong>de</strong>ve se encarregar em novas tarefas,<br />

ativida<strong>de</strong>s específicas no governo dos homens, daquilo que mais tar<strong>de</strong> se confirmaria como<br />

o governo das populações. Proporemos uma reflexão sobre as condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> que<br />

foram estabelecidas entre o po<strong>de</strong>r pastoral das almas e o governo político dos homens, em<br />

especial o governo biopolítico.<br />

Palavras-chave: Po<strong>de</strong>r pastoral, população e Foucault.<br />

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Antece<strong>de</strong>ntes históricos da Umbanda:<br />

entre Calundus e Feiticeiros<br />

Léo Carrer Nogueira<br />

Professor da UEG – Unida<strong>de</strong> Itapuranga-GO<br />

leocarrer@yahoo.com.br<br />

A Umbanda é uma religião híbrida, que agrega elementos distintos em sua constituição,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a influência das religiões africanas até influências mais recentes como o Espiritismo<br />

e a Nova Era. Rastrear os elementos das diferentes matrizes religiosas que compõem esta<br />

religião não é tarefa fácil. Assim nos propomos a analisar os antece<strong>de</strong>ntes que prece<strong>de</strong>ram<br />

a formação da Umbanda no Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a chegada dos negros africanos e os exemplos <strong>de</strong><br />

experiências religiosas aqui <strong>de</strong>senvolvidas durante e após o período colonial.<br />

Mouros e Cristãos nas Crônicas <strong>de</strong><br />

Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara (Século XV)<br />

Renata Cristina Nascimento<br />

Professora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás / UEG/PUC- GO<br />

rntcrsss@terra.com.br<br />

A Formação do Império Marítimo Português e a ocupação da África têm como marco inicial<br />

a conquista <strong>de</strong> Ceuta (1415). O ataque a Ceuta, porto marroquino importante por sua posição<br />

comercial e estratégica sobre o estreito <strong>de</strong> Gibraltar, foi fundamental <strong>de</strong>ntro do projeto expansionista<br />

preconizado por Portugal nos fins da Ida<strong>de</strong> Média. O alargamento da conquista<br />

marroquina dividiu opiniões, mas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política expansionista <strong>de</strong> caráter<br />

internacional e a <strong>de</strong>fesa da fé cristã frente ao Islã, numa época em que o perigo turco no Oriente<br />

inquietava a Europa, era um objetivo que a todos interessava. Dentro <strong>de</strong>sta perspectiva<br />

as crônicas <strong>de</strong> Zurara são relatos importantes do imaginário medieval relativo aos ditos infiéis,<br />

<strong>de</strong>stacando em seus escritos a confronto mouro- cristão.<br />

Palavras- chave: Mouros- Cristãos- Expansão Marítima<br />

Fiéis pentecostais no imaginário social<br />

Tiago Rege <strong>de</strong> Oliveira – (PUC/Goiás)<br />

tiagorege@gmail.com<br />

Nesta comunicação <strong>de</strong>sejamos analisar o imaginário que a socieda<strong>de</strong> tem dos membros <strong>de</strong><br />

Igrejas protestantes pentecostais, principalmente os fiéis da Igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus,<br />

os quais são rotulados pejorativamente <strong>de</strong> “crentes”. Os motivos <strong>de</strong>ssa esteriotipação estão<br />

relacionados à postura sectarista e exclusivista que os grupos protestantes <strong>de</strong>senvolveram ao<br />

longo do tempo na socieda<strong>de</strong> brasileira. Devido suas maneiras <strong>de</strong> se relacionar com as comunida<strong>de</strong>s<br />

em que estavam inseridos, foram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio alvo <strong>de</strong> criticas que incidiam<br />

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sobre seus padrões comportamentais e suas práticas religiosas. Tudo isso fez surgir no imaginário<br />

das socieda<strong>de</strong>s aon<strong>de</strong> chegavam certos estereótipos e rotulações que <strong>de</strong> uma maneira<br />

geral po<strong>de</strong> ser resumido no termo “crentes”.<br />

Palavras-Chaves: imaginário, crente, socieda<strong>de</strong>.<br />

Santo <strong>de</strong> Deus e Santo do Povo –<br />

O Apóstolo <strong>de</strong> Goiás Padre Pelágio<br />

Valmor da Silva<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás<br />

lesil@terra.com.br<br />

Analisa a santida<strong>de</strong> como retrato do tremendo e fascinante da divinda<strong>de</strong>, e o santo como próximo<br />

<strong>de</strong> Deus e distante <strong>de</strong>le. Aplica a teoria ao exemplo concreto, da trajetória <strong>de</strong> santida<strong>de</strong> do<br />

Padre Pelágio Sauter, cognominado o apóstolo <strong>de</strong> Goiás. Parte da leitura do mesmo fenômeno na<br />

Bíblia Hebraica, on<strong>de</strong>, por um lado Deus é santo, transcen<strong>de</strong>nte e inacessível, como na chamada<br />

Lei <strong>de</strong> Santida<strong>de</strong> (Lv 17-26) e, por outro, está próximo, caminha com o povo, acompanha as pessoas,<br />

como na marcha do povo <strong>de</strong> Deus pelo <strong>de</strong>serto (Nm 11-14). A Moisés Deus afirma: “Não<br />

po<strong>de</strong>rás ver a minha face, porque o homem não po<strong>de</strong> ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). Ao<br />

mesmo Moisés, poucos versículos antes, afirma o contrário: “Iahweh, então, falava com Moisés<br />

face a face, como um homem fala com seu amigo” (Ex 33,11).<br />

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ST 12<br />

Performances culturais – história, estética e linguagens<br />

Metrópole e Práticas Cotidianas<br />

Elane Ribeiro Peixoto – (FAU/UnB)<br />

Professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da UnB.<br />

elanerib@hotmail.com<br />

Adriana Mara Vaz <strong>de</strong> Oliveira – (FAV/UFG)<br />

Professora adjunta I da UFG<br />

amvoliveira@uol.com.br<br />

A dimensão da cida<strong>de</strong> metropolitana, quer seja na sua espacialida<strong>de</strong> ou dinâmica temporal,<br />

oculta os fazeres e ritmos do dia-a-dia. Seus habitantes, imersos, no frenesi <strong>de</strong> suas exigências,<br />

apagam <strong>de</strong> sua paisagem traços físicos e reminiscências. Quem se <strong>de</strong>dica ao estudo das<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>para-se com o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar em narrativas possíveis o emaranhado <strong>de</strong> informações:<br />

<strong>de</strong> um lado, a concretu<strong>de</strong> das construções e, <strong>de</strong> outro, imagens, lembranças imprecisas,<br />

próprias às experiências <strong>de</strong> vida. Os estudos <strong>de</strong> Mayol (1996) e os <strong>de</strong> Velho (2002) foram<br />

referências importantes para a orientação inicial <strong>de</strong>ste trabalho que se <strong>de</strong>dica à história <strong>de</strong><br />

bairros. As pesquisas dos antropólogos advertiram sobre a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transpor as construções<br />

exclusivamente sociológicas e as análises socioetnográficas da vida cotidiana, propondo<br />

uma solução intermediária por meio do entrelaçamento <strong>de</strong> ambas. Um registro <strong>de</strong>ssa<br />

natureza teria o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, na medida do possível, os percursos dos homens<br />

que construíram o lugar, no que diz respeito ao seu conjunto arquitetônico e urbanístico e<br />

suas práticas culturais. À luz <strong>de</strong>ssas reflexões, iniciamos a elaboração <strong>de</strong> uma versão complementar<br />

para a história <strong>de</strong> Goiânia que privilegia o cotidiano. Para construir nosso corpus <strong>de</strong><br />

pesquisa, elegemos alguns <strong>de</strong> seus bairros, recolhemos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> antigos moradores e<br />

levantamos documentações sobre suas histórias. Assim, este artigo apresenta os resultados<br />

parciais <strong>de</strong> nosso trabalho sobre os bairros Jardim Goiás e o Setor Aeroporto.<br />

Palavras-chave: Cotidiano, bairro, memória, paisagem, Goiânia<br />

Quando a traição se transforma em objeto<br />

histórico: analisando a Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Vianinha<br />

Amanda Maria Steinbach- (UFU)<br />

A tragédia grega “Me<strong>de</strong>ia” <strong>de</strong> Eurípe<strong>de</strong>s vem sendo objeto <strong>de</strong> análises e adaptações ao longo<br />

dos séculos. Em 1972, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, adaptou o referido texto para<br />

ser Caso Especial veiculado pela Re<strong>de</strong> Globo <strong>de</strong> Televisão. Tem sido recorrente uma análise<br />

<strong>de</strong> seu texto que interpreta a personagem <strong>de</strong> Jasão sob a ótica da traição. Contudo, uma<br />

análise que leva em consi<strong>de</strong>ração as especificida<strong>de</strong>s do conjunto <strong>de</strong> sua obra po<strong>de</strong> dar ao<br />

personagem um caráter mais profundo e humano possibilitando, consequentemente, novos<br />

olhares para a peça. Assim, é objetivo <strong>de</strong>sse trabalho analisar o ví<strong>de</strong>o do caso especial<br />

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“Me<strong>de</strong>ia: uma tragédia brasileira”, percebendo na cena <strong>de</strong> que outras maneiras o conceito<br />

<strong>de</strong> traição po<strong>de</strong> ser interpretado.<br />

Passado e Presente: Luas e Luas Um<br />

Diálogo entre Tempos<br />

Ana Paula Teixeira<br />

Mestranda pela UFU<br />

ateixeira0@gmail.com<br />

Apresento aqui uma parte da pesquisa que realizo no Mestrado em <strong>História</strong> da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia. Trata-se <strong>de</strong> uma análise sobre a peça Luas e Luas do grupo Zabriskie,<br />

<strong>de</strong> Goiânia, trazendo seu momento <strong>de</strong> realização para diálogo com o contexto <strong>de</strong> elaboração<br />

do teatro <strong>de</strong>nominado como Commedia <strong>de</strong>ll’Arte buscando. Com esse diálogo ressalto<br />

pontos <strong>de</strong> convergências e diferenças entre as duas formas artísticas. Uso duas filmagens<br />

<strong>de</strong>ssa peça, uma realizada em 2005 e outra em 2006, como documentos que permitem observar<br />

dois momentos <strong>de</strong> apresentação da obra. Ao estudar as filmagens i<strong>de</strong>ntifico algumas<br />

características em comum com a Commedia <strong>de</strong>ll’Arte. Busco então, analisando um teatro<br />

feito entre os séculos XVI e XVIII, com maior intensida<strong>de</strong> na Itália, e outro contemporâneo,<br />

discutir a relação do contexto das duas manifestações performáticas com a forma <strong>de</strong> sua realização,<br />

ou seja, como o momento em que elas foram construídas proporcionou elaborações<br />

parecidas mas que mantém peculiarida<strong>de</strong>s. Dessa forma, observo e discuto a historicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> atuação teatral que é constantemente reconstruído e reelaborado.<br />

Cyrano De Bergerac No Brasil: A Ressignificação<br />

Teatral nas Mãos De Flávio Rangel<br />

André Luis Bertelli Duarte<br />

Mestrando em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia.<br />

andrebduarte@gmail.com<br />

Obra-prima do dramaturgo francês Edmond Rostand, Cyrano <strong>de</strong> Bergerac nunca havia sido<br />

montada no Brasil por uma companhia teatral profissional. No ano <strong>de</strong> 1985, entretanto, o<br />

texto foi levado à cena pela Companhia Estável <strong>de</strong> Repertório, com direção <strong>de</strong> Flávio Rangel,<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Esta comunicação visa lançar um olhar sobre o processo <strong>de</strong> ressignificação<br />

teatral realizado pelo diretor no referido espetáculo, o que o caracteriza como um<br />

momento <strong>de</strong> uma história vivida no tempo presente.<br />

Palavras-chave: Cyrano <strong>de</strong> Bergerac; historicida<strong>de</strong>; cena teatral; Flávio Rangel.<br />

A voz na arte <strong>de</strong> conduzir o corpo:<br />

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memória e sensibilida<strong>de</strong><br />

Cristhianne Lopes do Nascimento<br />

Mestranda pela PUC/GO<br />

kricalopes@gmail.com<br />

Este trabalho preten<strong>de</strong> apresentar os primeiros passos da pesquisa que realizo no mestrado<br />

em historia da PUC / GO “Memória e representação: uma busca da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> vocal para<br />

o ator goiano”. A pesquisa preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver alguns dos elementos componentes da diversida<strong>de</strong><br />

vocal na formação e prática dos atores goianos. Consi<strong>de</strong>ra-se fundamentalmente os<br />

aspectos memorialísticos culturais e poéticos (linguagem e técnica), tendo como foco alguns<br />

conceitos <strong>de</strong> percepção, emoção e ação apresentados por Henri Bergson. Nesse sentido, os<br />

fenômenos culturais serão compreendidos como consolidadores da cena goiana e <strong>de</strong> seus<br />

processos criativos vocais.<br />

Palavras-chave: voz, corpo-memória, respiração, cena goiana.<br />

Eu fiz tudo pra você gostar <strong>de</strong> mim: a construção<br />

da legenda <strong>de</strong> Carmen Miranda. (1929 – 1930)<br />

Daniela Daflon Yunes – (PUC/Rio)<br />

danieladaflon@yahoo.com.br<br />

A cantora Carmen Miranda se tornou símbolo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira na década <strong>de</strong> 1930, <strong>de</strong>finindo<br />

certa marca cultural para o país. Em vista disso, a intérprete <strong>de</strong> sambas e marchinhas<br />

é reconhecida, ainda nos dias <strong>de</strong> hoje, como um dos mais importantes nomes da música<br />

popular brasileira. A força da legenda que a consolidou como ícone nacional aprisiona, ainda<br />

hoje, a memória da cantora. Ao fazer <strong>de</strong> sua trajetória um meio <strong>de</strong> discutir o amplo processo<br />

<strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que se preten<strong>de</strong> nacional, a presente apresentação se<br />

inspira nas perspectivas <strong>de</strong> alguns autores que tomam a relação entre mundos culturais distintos,<br />

em especial no contexto homogeneizador da festa e da celebração, como problema.<br />

Se a legenda construída sobre a imagem da cantora é o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong>ste trabalho, compreen<strong>de</strong>r<br />

a maneira como se <strong>de</strong>u esse processo, apontando possíveis tradições comuns que<br />

<strong>de</strong>ram à figura <strong>de</strong> Carmen Miranda tal popularida<strong>de</strong>, é o objetivo final <strong>de</strong>sta apresentação.<br />

Palavras-chave: I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Cultural; Carmen Miranda; Cultura Popular.<br />

Palavra, som e música no Mamulengo Riso do<br />

Povo: organização sonora <strong>de</strong> um espetáculo<br />

popular <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Bonecos<br />

Izabela Costa Brochado<br />

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Diretora do Instituto <strong>de</strong> Artes- (IdA/UnB)<br />

izabelabrochado@gmail.com<br />

Kaise Helena Teixeira Ribeiro<br />

Mestre em Artes pela (UnB)<br />

kaisehelena@gmail.com<br />

Neste trabalho são analisados alguns dos aspectos formais pertinentes à performance do<br />

Mamulengo Riso do Povo <strong>de</strong> Mestre Zé <strong>de</strong> Vina, mamulengueiro da região da Zona da Mata<br />

Norte <strong>de</strong> Pernambuco. Nele, apresentamos alguns dos aspectos formais e organizacionais<br />

pertinentes à dramaturgia e à musicalida<strong>de</strong> do Mamulengo Riso do Povo <strong>de</strong> Mestre Zé <strong>de</strong><br />

Vina. Mamulengo Riso do Povo po<strong>de</strong> ser compreendido como a conjunção entre um <strong>de</strong>terminado<br />

conjunto <strong>de</strong> artistas, <strong>de</strong>nominados ‘folgazões’ e o conjunto <strong>de</strong> elementos que compõem<br />

a sua apresentação em cena – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu repertório <strong>de</strong> personagens e <strong>de</strong> situações<br />

dramáticas, música entre outros, até os suportes físicos pertinentes a ela. A apresentação<br />

é <strong>de</strong>nominada ‘brinca<strong>de</strong>ira’ <strong>de</strong> Mamulengo e ‘brincar’ é a <strong>de</strong>nominação que correspon<strong>de</strong> a<br />

atuar ou estar em cena se apresentando. Pesquisas indicam que este teatro <strong>de</strong> bonecos surgiu<br />

em Pernambuco há cerca <strong>de</strong> dois séculos, se expandindo <strong>de</strong>pois para outros estados do<br />

Nor<strong>de</strong>ste, aon<strong>de</strong> sobrevive até os dias atuais. Assim, a oralida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada um aspecto<br />

constitutivo <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> teatro <strong>de</strong> bonecos popular e <strong>de</strong>terminante na constituição das<br />

especificida<strong>de</strong>s abordadas.<br />

Palavras chave: Mamulengo, teatro e musicalida<strong>de</strong>.<br />

Nossa Senhora e a Índia do Mato:<br />

<strong>História</strong> Noturna do Risca-Faca<br />

John Cowart Dawsey<br />

Professor Titular do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Antropologia – (FFLCH/USP)<br />

johndaws@usp.br<br />

No Jardim das Flores, sobre as cinzas do antigo bairro do Risca-Faca, vivem as filhas – ou netas<br />

e bisnetas – <strong>de</strong> escravas e “índias laçadas no mato”. Muitas <strong>de</strong>las também se consi<strong>de</strong>ram filhas<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora. A justaposição das linhagens maternas po<strong>de</strong> suscitar um efeito <strong>de</strong> montagem.<br />

Nas inervações corporais <strong>de</strong> Nossas Senhoras não lampejam, também, os gestos <strong>de</strong> índias<br />

e escravas? Nos subterrâneos dos símbolos encontram-se indícios <strong>de</strong> “histórias noturnas” <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora. Sobre esse terreno, o estudo <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> povoamento em Piracicaba, no interior<br />

paulista, requer uma espécie <strong>de</strong> arqueologia: um duplo <strong>de</strong>slocamento, <strong>de</strong> um ban<strong>de</strong>irante<br />

povoador a Nossa Senhora, e <strong>de</strong> Nossa Senhora às índias e escravas “laçadas no mato”. Nesses<br />

fundos, o gesto <strong>de</strong> uma mulher “bóia-fria” que “fez picadinho <strong>de</strong> um homem” agita as sombras<br />

<strong>de</strong> uma nação. Creio que o teatro <strong>de</strong> Antonin Artaud e psicanálise <strong>de</strong> Julia Kristeva nos ajudam<br />

a enten<strong>de</strong>r os processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>ssas personagens no palco do Risca-Faca.<br />

Palavras-chave: Nossa Senhora, <strong>História</strong> noturna, ban<strong>de</strong>irantes<br />

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O Centenário da In<strong>de</strong>pendência do Brasil<br />

comemorado no Museu Histórico<br />

Nacional, no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Julia Furia Costa - (UnB)<br />

julia.furiacosta@gmail.com<br />

O presente trabalho baseia-se na minha monografia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso. Na qual pesquisei a<br />

relação entre a comemoração do Centenário da In<strong>de</strong>pendência do Brasil, em 1922, na cida<strong>de</strong><br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e a atuação do Museu Histórico Nacional (MHN) no evento. Com base na<br />

análise <strong>de</strong> periódicos, anais do MHN, crônicas e jornais do período relacionou-se a exposição<br />

preparada pela instituição para a celebração do Centenário (o MHN foi parte da Exposição<br />

Internacional do Centenário) com o <strong>de</strong>bate histórico que articulou o evento. Este <strong>de</strong>bate<br />

ocorreu em torno da questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Busco localizar na Celebração do Centenário,<br />

representada pelo MHN, o <strong>de</strong>bate em torno da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />

Palavras-chave: Centenário da In<strong>de</strong>pendência, Museu Histórico, I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Nacional.<br />

A República <strong>de</strong> Luto: Funerais Cívicos<br />

<strong>de</strong> Joaquim Nabuco<br />

Luigi Bonafé<br />

Doutor em <strong>História</strong> / Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong> da UFF<br />

luigibonafe@gmail.com<br />

Objeto <strong>de</strong> quatro dias <strong>de</strong> funerais oficiais na capital fe<strong>de</strong>ral, em 1910, o primeiro embaixador<br />

brasileiro, Joaquim Nabuco, foi consagrado herói nacional pela República brasileira.<br />

Este trabalho visa i<strong>de</strong>ntificar, retrospectivamente, como, quem, quando, on<strong>de</strong>, por que, para<br />

quê e para quem Nabuco foi feito herói nacional. A análise dos funerais cívicos <strong>de</strong> Joaquim<br />

Nabuco preten<strong>de</strong> se beneficiar <strong>de</strong> uma dupla perspectiva interpretativa. Trata-se <strong>de</strong> atentar<br />

para o ritual cívico republicano com uma perspectiva típica daquilo que se tem chamado<br />

<strong>de</strong> “nova” história política, associando-a às virtu<strong>de</strong>s do approach antropológico. Funerais<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s homens públicos eram uma recorrência durante a Primeira República: foi assim<br />

com os corpos <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis (1908), Afonso Pena (1909), Eucli<strong>de</strong>s da Cunha (1909),<br />

Barão do Rio Branco (1912), Osvaldo Cruz (1917), Joaquim Nabuco (1910), Pinheiro Machado<br />

(1915) e Rodrigues Alves (1921), entre outros. De acordo com João Felipe Gonçalves, eram<br />

“anti-carnavais da morte”, por meio dos quais o novo regime buscava contrapor a or<strong>de</strong>m e a<br />

solenida<strong>de</strong> à carnavalização e à subversão das hierarquias sociais. Constituíram, portanto,<br />

uma prática cultural largamente mobilizada pela Primeira República como forma <strong>de</strong> legitimar<br />

simbolicamente o regime.<br />

Palavras-chave: Joaquim Nabuco – heróis nacionais – rituais cívicos<br />

Representações para a cultura goiana-<br />

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Formação <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e Linguagem Cultural<br />

na manifestação da catira<br />

Maisa França Teixeira<br />

Mestranda pela IESA/UFG<br />

maisafranca@bol.com.br<br />

Maria Geralda <strong>de</strong> Almeida<br />

Professora Titular do Programa <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto <strong>de</strong> Estudos Socioambientais<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás – IESA/UFG.<br />

mg<strong>de</strong>almeida@gmail.com<br />

O presente estudo trata-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver e analisar as diferentes linguagens da manifestação<br />

cultural da Catira, em que o canto e a dança são elementos centrais da construção <strong>de</strong><br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural na área do objeto da pesquisa, o estado <strong>de</strong> Goiás - Brasil. O estudo<br />

cultural <strong>de</strong>ve ser compreendido como uma maneira <strong>de</strong> reconhecer e trazer à tona as diversida<strong>de</strong>s<br />

que se atualizam <strong>de</strong> maneira criativa e ininterrupta por meio <strong>de</strong> linguagens artísticas e<br />

expressões culturais, construindo i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e oferecendo subsídios para as representações<br />

históricas. A metodologia utilizada foi à pesquisa teórica e a consulta a uma bibliografia diversa<br />

que norteia o tema proposto. Na discussão dos resultados, verificou-se que a linguagem<br />

criada é integrante da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural da catira, manifestada pelas performances oriundas<br />

<strong>de</strong> nossos antepassados.<br />

Palavras-chave: I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e Linguagem Cultural. Manifestação da Catira. Goiás.<br />

Mo<strong>de</strong>rnismo na arquitetura: as performances<br />

dos jovens arquitetos goianos<br />

Márcia Metran <strong>de</strong> Mello<br />

Professora da UFG<br />

marciametran@yahoo.com.br<br />

No Brasil, jovens arquitetos formados no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em São Paulo nos anos <strong>de</strong> 1950 e<br />

1960, migraram para outras regiões do país ou voltaram para suas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> origem para<br />

exercerem sua profissão. Foram os responsáveis pela propagação do mo<strong>de</strong>rnismo na arquitetura.<br />

Eles formavam uma “re<strong>de</strong> humana”, no sentido <strong>de</strong>scrito pelo sociólogo Norbert Elias,<br />

que a compara a fios <strong>de</strong> tecido isolados que se ligam uns aos outros, mantendo uma relação<br />

recíproca, dando origem a um sistema <strong>de</strong> tensões. Em Goiânia, na re<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista ligavamse<br />

vários “fios”, jovens arquitetos goianos recém formados que fizeram um trabalho admirável<br />

<strong>de</strong> divulgação das idéias mo<strong>de</strong>rnistas e projetaram obras <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que se efetivaram<br />

na paisagem urbana, apresentando, cada um, linguagem e criativida<strong>de</strong> próprias e, ao mesmo<br />

tempo, mantendo um cerne mo<strong>de</strong>rnista comum a todos.<br />

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Performance verbal e duplicida<strong>de</strong> do<br />

ser na poesia <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Marcos Rogério Cor<strong>de</strong>iro<br />

Professor Adjunto <strong>de</strong> Literatura Brasileira, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras – UFMG<br />

r.cor<strong>de</strong>iro1@bol.com.br<br />

O trabalho propõe analisar o poema “Procura da poesia” <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

enfatizando questões <strong>de</strong> linguagem e poética. A hipótese é que a poesia <strong>de</strong> Drummond apresenta<br />

uma disjunção estrutural que cria um efeito bastante complexo: por um lado, encontramos<br />

uma disjunção do ser da poesia que se <strong>de</strong>sdobra, por sua vez, na estruturação das<br />

imagens e problemas <strong>de</strong> linguagem que a poesia apresenta. Preten<strong>de</strong>-se mostrar que esse<br />

achado formal é um dispositivo performativo por excelência: a força da significação verbal<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente <strong>de</strong> sua disciplina formal, <strong>de</strong>senvolvendo, assim, uma poética baseada<br />

no movimento ininterrupto <strong>de</strong> <strong>de</strong>si<strong>de</strong>ntificação do ser do poema e a consequente criação <strong>de</strong><br />

outro ser, oposto e complementar ao primeiro. O confronto <strong>de</strong>ssas duas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s é um<br />

resultado poetológico da criação da noção <strong>de</strong> sujeito e não a certificação <strong>de</strong> seu estatuto ontológico.<br />

Assim, veremos que a ação performativa da linguagem no poema drummondiano<br />

está intimamente ligada à sua concepção <strong>de</strong> ser como uma coalescência <strong>de</strong> forças e tensões<br />

que se confrontam e se conformam continuamente.<br />

Heráclito e a cida<strong>de</strong>: cultura performativa<br />

na arcaica Éfeso<br />

Marcus Mota<br />

Professor <strong>de</strong> Teoria <strong>de</strong> <strong>História</strong> do Teatro na UnB<br />

marcusmotaunb@gmail.com<br />

Em diversos fragmentos <strong>de</strong> Heráclito há referências a eventos performativos por meios dos<br />

quais os cidadãos <strong>de</strong> arcaica Éfeso interagem e constroem seus vínculos comunais. Entre eles<br />

<strong>de</strong>stacam-se os fragmentos 15,104,121, que, respectivamente apresentam : a-procissão religiosa<br />

a Dioniso;b- disputa entre rapsodos; e c-assembléia política.Neste trabalho analiso como<br />

essas cenas do cotidiano <strong>de</strong> Éfeso são <strong>de</strong>scritas e criticadas por Heráclito, o qual reage a uma<br />

saturação <strong>de</strong> eventos performativos na cida<strong>de</strong>. A compreensão da argumentação antiperformativa<br />

<strong>de</strong> Heráclito proporciona o acesso a um momento formador da longa tradição que<br />

i<strong>de</strong>ntifica eventos públicos como potencialmente perigosos ao equilíblio social, como se vê em<br />

A República, <strong>de</strong> Platão, e J.-J. Rousseau, na Carta a d’Alembert,entre tantos autores e obras.<br />

O Brasil nos palcos do Arena: o operário ganha<br />

a cena em Eles não usam Black Tie <strong>de</strong> Guarnieri<br />

Nadia Ribeiro - (UFU)<br />

nadiacribeiro@gmail.com<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Esta comunicação discutirá o texto dramático Eles não usam Black-tie <strong>de</strong> Gianfrancesco<br />

Guarnieri, encenado pela primeira vez no final dos anos cinquenta. A motivação inicial <strong>de</strong>sse<br />

trabalho será revelar seus elementos constitutivos e as diferentes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretá-los,<br />

assim como as atribuições feitas pela critica especializada ao espetáculo, alçando-o<br />

como uma “obra prima”.<br />

Eles não usam Black-tie é a primeira obra <strong>de</strong> Guarnieri e também um marco na dramaturgia<br />

nacional. Encenada pelo Teatro <strong>de</strong> Arena <strong>de</strong> São Paulo no ano <strong>de</strong> 1958 para encerrar suas<br />

ativida<strong>de</strong>s, foi essa encenação que <strong>de</strong>u novo animo ao Grupo. Sucesso <strong>de</strong> público e <strong>de</strong> crítica<br />

Black-tie é o primeiro texto nacional a abordar a vida <strong>de</strong> operários em greve, levando aos<br />

palcos os problemas sociais causados pela industrialização, entre eles a luta por melhores<br />

salários. Desse embate surgem vários conflitos que, talvez, se resolvam nos palcos.<br />

Fi<strong>de</strong>l Castro em cena: o Cuballet em Goiânia<br />

(1995-2000)<br />

Rejane Bonomi Schifino<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela UFG<br />

rejanebonomi@hotmail.com<br />

Em 1995, o Centro Pro-Danza, órgão vinculado ao Ballet Nacional <strong>de</strong> Cuba, e uma aca<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> dança particular promoveram em Goiânia um curso intensivo <strong>de</strong> balé clássico que foi<br />

ministrado por bailarinos e maitres interessados em divulgar a técnica e escola <strong>de</strong> dança cubana<br />

fora <strong>de</strong> seu país. O referido curso, entretanto, não se restringiu somente ao seu papel <strong>de</strong><br />

ensinar a alunos e profissionais brasileiros da dança as bases técnicas da escola cubana: ele<br />

acabou se transformando na porta <strong>de</strong> entrada, na cida<strong>de</strong>, tanto da técnica <strong>de</strong> dança cubana<br />

quanto <strong>de</strong> profissionais oriundos dos quadros do Ballet Nacional <strong>de</strong> Cuba, alguns dos quais<br />

optaram por fixar residência <strong>de</strong>finitiva na capital goiana. Através da análise das fontes disponíveis,<br />

intenta-se, neste artigo, verificar possíveis <strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong>ste acontecimento<br />

sobre a dança (e seu ensino) em Goiânia.<br />

Palavras-chave: Dança; Cuballet; Goiânia.<br />

“Sete Minutos” (2002, Antonio Fagun<strong>de</strong>s):<br />

Do palco do teatro para a tela da TV<br />

Talitta Tatiane Martins Freitas (UFO)<br />

talittatmf@gmail.com<br />

A comunicação preten<strong>de</strong> discutir o processo que resultou na filmagem e editoração da peça<br />

“Sete Minutos”, escrita e encenada em 2002 pelo autor/ator/produtor Antonio Fagun<strong>de</strong>s.<br />

Logo, esse será o ponto <strong>de</strong> partida para que se estabeleça uma discussão mais ampla a respeito<br />

<strong>de</strong> questões concernentes, por exemplo, à pertinência (ou não) do teatro filmado, o<br />

processo <strong>de</strong> reprodutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma arte que em essência é marcada pela efemerida<strong>de</strong>, o<br />

registro fílmico como fonte documental, etc.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, parte-se <strong>de</strong> uma situação específica (a comercialização do DVD com a<br />

filmagem <strong>de</strong> “Sete Minutos”, produzido em 2003) a fim <strong>de</strong> que se possa extrapolá-la, ampliando<br />

a sua discussão.<br />

Palavras-chave: Teatro Filmado - “Sete Minutos” - Efemerida<strong>de</strong><br />

Para uma arte afirmativa, o exercício da<br />

liberda<strong>de</strong>: A problemática do espectador<br />

conforme Fre<strong>de</strong>rico Morais<br />

Tamara Silva Chagas<br />

Mestranda em Artes do PPGA/UFES<br />

chagas.tamara@hotmail.com<br />

As décadas <strong>de</strong> 60/70 foram contexto <strong>de</strong> uma ampla reterritorialização dos conceitos tradicionais<br />

do âmbito da arte, <strong>de</strong>fasados perante o <strong>de</strong>clínio da narrativa formalista da Arte e o advento<br />

da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. A emergência <strong>de</strong> um espectador atuante, elemento constituinte<br />

da obra, é, nesse ínterim, digna <strong>de</strong> nota. O crítico Fre<strong>de</strong>rico Morais contribuiu para tal <strong>de</strong>bate<br />

ao propor uma aproximação entre a esfera da arte e a realida<strong>de</strong> sócio-política brasileira<br />

nos Anos <strong>de</strong> Chumbo, <strong>de</strong>lineando o modo como a experiência criativa do público, em contato<br />

com as propostas engajadas da arte-guerrilha, po<strong>de</strong>ria instigá-lo a posicionar-se diante<br />

da conjuntura política do país à época. Em prejuízo da conduta exigida do público pelo “cubo<br />

branco” – a saber, a instituição museológica tradicional –, calcada em uma i<strong>de</strong>ologia elitista,<br />

que promulga a contemplação passiva <strong>de</strong> obras, Morais, em consonância com as reflexões<br />

<strong>de</strong> Herbert Marcuse, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a imersão do público no ato criador como um exercício libertário<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>salienar o espectador-sujeito <strong>de</strong> estruturas sociais exclu<strong>de</strong>ntes.<br />

Palavras-chave: Fre<strong>de</strong>rico Morais; espectador; arte e política.<br />

Festa <strong>de</strong> Folia De Reis como performance<br />

e lugar <strong>de</strong> memória na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quirinópolis-<br />

Go: Implicação I<strong>de</strong>ntitária<br />

Wan<strong>de</strong>rleia Silva Nogueira<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela PUC/GO<br />

wan<strong>de</strong>rleiasnogueira@hotmal<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma problemática <strong>de</strong> analise critica, entre os conceitos Memória, Tradição, Família<br />

e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, discutindo a temática: A Festa <strong>de</strong> Folia <strong>de</strong> Reis como Performance e lugar <strong>de</strong><br />

Memória na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quirinópolis – GO: Implicação I<strong>de</strong>ntitária, tecendo memórias coletivas<br />

sobre o passado e o presente da cida<strong>de</strong>, discutindo tempo e espaço como estratégia para<br />

compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma a memória se materializa na cultura local. O objetivo é repensar<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

a festa <strong>de</strong> Folia <strong>de</strong> Reis, como preservadora <strong>de</strong> uma tradição. E <strong>de</strong>sta forma examinar as tensões<br />

entre as forças sociais, ou seja, as contradições encontradas na produção simbólica e os<br />

significados e significantes da história.<br />

Palavras-chave: Memória, Família e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Um estudo da abordagem da pesquisa em Arte<br />

Zeloi Martins dos Santos<br />

Professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Artes do Paraná Curitiba-Pr<br />

FAPzeloimartins@gmail.com ou z-ela@hotmail.com<br />

O objetivo da proposta <strong>de</strong> pesquisa é fomentar a discussão e a reflexão sobre as formas <strong>de</strong><br />

produção e propagação das abordagens <strong>de</strong> pesquisa em arte. Em consonância com a expansão<br />

<strong>de</strong>sse campo <strong>de</strong> reflexão, a proposta intenta tornar-se um lócus interdisciplinar <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate<br />

em torno dos conceitos e metodologias <strong>de</strong> pesquisa sobre temas afins, tais como: música, teatro,<br />

artes visuais, dança, cinema, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, multiculturalismo, memória, história. Compreen<strong>de</strong>-se<br />

que a pesquisa em artes, ainda que lance mão <strong>de</strong> procedimentos metodológicos<br />

diferenciados dos utilizados pela pesquisa científica, também produz conhecimentos. Os<br />

fenômenos artísticos, enquanto objeto <strong>de</strong> pesquisa, permitem uma análise que privilegia a<br />

historicida<strong>de</strong> e tradição cultural do fenômeno analisado.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 13<br />

Olhares e vivências urbanas no Brasil caipira durante a<br />

primeira república<br />

“A mesma praça, o mesmo banco...”: memórias e<br />

vivências nas narrativas sobre a Praça ‘Joaquim<br />

Antonio Pereira’ em Fernandópolis (SP)<br />

Aline Alves Machado (FEF)<br />

line_alma@yahoo.com.br<br />

O propósito <strong>de</strong>ste trabalho será o <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as memórias e vivências narradas por moradores<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fernandópolis, a partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus pontos referenciais, a praça “Joaquim<br />

Antônio Pereira”, marco simbólico <strong>de</strong> fundação da antiga “Vila Pereira”, uma das áreas <strong>de</strong> surgimento<br />

do município e da atual área central da cida<strong>de</strong>. Enten<strong>de</strong>mos a praça como um espaço<br />

privilegiado <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s, conflitos, convívios e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, em cujo entorno efetuase<br />

um processo <strong>de</strong> formação e/ou organização do núcleo urbano e suas principais ativida<strong>de</strong>s<br />

(comerciais ou resi<strong>de</strong>nciais). Nosso intuito consistirá em analisar o papel dos sujeitos (narradores)<br />

e suas concepções sobre a cida<strong>de</strong> e, em particular, sobre o lugar da praça em suas<br />

memórias e vivências. Daí será possível enten<strong>de</strong>r a história da cida<strong>de</strong> – ou <strong>de</strong> uma parte significativa<br />

<strong>de</strong> sua trajetória – através do estudo <strong>de</strong> uma praça na vida das pessoas.<br />

Cida<strong>de</strong> como “berço” <strong>de</strong> culturas: Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

sob a ótima <strong>de</strong> Albino Esteves em 1915<br />

Ana Lúcia Fiorot <strong>de</strong> Souza<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> Social na USP<br />

afiorot@ig.com.br<br />

Na presente comunicação analisaremos o álbum <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, publicado em 1915, organizado<br />

por Albino Esteves e Oscar Vidal Barbosa Lage. A edição teve por objetivo divulgar a<br />

cida<strong>de</strong> e atrair capitais e imigrantes (especialmente italianos) visando impulsionar o crescimento<br />

local. Assim, a urbs é apresentada como or<strong>de</strong>ira, progressista, acolhedora e dotada <strong>de</strong><br />

benesses culturais como estabelecimentos <strong>de</strong> ensinos para ambos os sexos e po<strong>de</strong>res aquisitivos<br />

distintos, espaços <strong>de</strong> cine-teatro, entre outros, direcionados aos entretenimentos familiares<br />

e da juventu<strong>de</strong>. Assim, observaremos, através dos textos e imagens, como os espaços<br />

são divulgados como bens a serem partilhados por todos, mas, na prática, funcionam como<br />

elementos <strong>de</strong> segregação social.<br />

Palavras- Chave: Juiz <strong>de</strong> Fora - <strong>História</strong>; imprensa – <strong>História</strong>; cida<strong>de</strong> - imagem.<br />

O Almanaque <strong>de</strong> Piracicaba do ano <strong>de</strong> 1900:<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Historia e Memória<br />

Arrovani Luiz Fonceca<br />

arrovani@hotmail.com<br />

O almanaque <strong>de</strong> Piracicaba <strong>de</strong> 1900 foi o único a ser publicado na Primeira Republica. Contando<br />

com mais <strong>de</strong> 400 paginas reúne todos os aspectos da vida econômica e sociocultural <strong>de</strong>sta<br />

cida<strong>de</strong> do interior paulista no limiar da experiência cultural da chamada Belle Epoque. Diante<br />

do seu acervo <strong>de</strong> informações procuramos compreen<strong>de</strong>r a tênue fronteira entre Historia<br />

e Memória presentes neste objeto <strong>de</strong> estudo. No cruzamento <strong>de</strong>sses territórios percebemos<br />

os choques temporais nesse <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> transformações promovidas pela cafeicultura no<br />

qual o Piracicaba também foi palco. Não per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista o passado e confirmar o presente nas<br />

paginas do almanaque torna-se portanto uma vereda <strong>de</strong> mao dupla levando-nos a enten<strong>de</strong>r<br />

o objeto almanaque como publicação reveladora das ambivalências da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> local.<br />

O caminho para esta compreensão perpassa pela analise dos personagens <strong>de</strong> sua historia,<br />

espaços urbanos, profissões, propagandas, textos literários, etc.<br />

Aboios e currais: Eurico Boaventura<br />

(re)escritor da história do Brasil<br />

Clóvis Ramaiana Oliveira<br />

Professor assistente UFB<br />

clovisramaiana@gmail.com<br />

Só os tabaréus como nós sertanejos po<strong>de</strong>rão gostar <strong>de</strong>stas páginas. Com esta frase, na introdução<br />

do seu livro Fidalgos e vaqueiros (1989), Eurico Boaventura (1909-1974) tentou<br />

sintetizar um perfil do receptor i<strong>de</strong>al para as páginas que se seguiriam, esquivando-se <strong>de</strong><br />

leitores cultos e urbanos, optou por brutos e roceiros. A escolha da comunida<strong>de</strong> leitora é um<br />

po<strong>de</strong>roso indício do esforço do autor <strong>de</strong> produzir, para além dos silenciamentos e esquecimentos,<br />

uma história do Brasil (especialmente <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-Ba, sua cida<strong>de</strong> natal)<br />

sob uma perspectiva tabaroa, enfatizando a <strong>de</strong>sconstrução do mundo rural pela avançada<br />

urbana posterior à Primeira Guerra. Um dos aspectos da operação <strong>de</strong> re-escrita encetada<br />

por Boaventura, foi a utilização <strong>de</strong> práticas e materiais característicos da vida ruralizada,<br />

como instrumentos para a construção do texto. Delineando fazeres e equipamentos, o poeta<br />

feirense produziu uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rastreamento das histórias do sertão e dos sertanejos<br />

pela via da cultura material. Nesta comunicação, exploro as páginas da obra euriquiana<br />

procurando <strong>de</strong>svendar as respostas dadas pelo escritor ao processo <strong>de</strong> urbanização brasileira<br />

(sobretudo o feirense), tentando <strong>de</strong>svendar as oposições campo/cida<strong>de</strong> explicitadas nos<br />

conflitos <strong>de</strong> práticas e equipamentos.<br />

Villa <strong>de</strong> Jatahy: normas e condutas sociais<br />

urbanas no Brasil Caipira<br />

Estael <strong>de</strong> Lima Gonçalves – (PUC/Goiás)<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela PUC/ Goiás.<br />

estaellima@yahoo.com.br<br />

O crescimento e o <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s durante o século XIX, principalmente durante<br />

a primeira República no Brasil, revela novas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pensar a cida<strong>de</strong> e também<br />

<strong>de</strong> vivê-la. Torna-se urgente consolidar formas <strong>de</strong> organizar a cida<strong>de</strong>s e seus habitantes. Essas<br />

necessida<strong>de</strong>s se esten<strong>de</strong>m para além das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s européias e passa a ser realida<strong>de</strong><br />

nas pequenas cida<strong>de</strong>s do chamado Brasil Caipira. Mediante documentação arquivística<br />

buscamos analisar como certos mecanismos foram usados para organizar a conduta social e<br />

<strong>de</strong> como esses elementos, muitas vezes <strong>de</strong>sprezados pela historiografia tradicional, po<strong>de</strong>m<br />

ser ricos em recursos para o fazer histórico.<br />

Palavras-chave: urbano, normatização, Jataí<br />

O público e o privado na urbanização <strong>de</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong>: o caso <strong>de</strong> Patrocínio Paulista (1900-1915)<br />

Fabiano Junqueira <strong>de</strong> Freitas<br />

Mestre em <strong>História</strong> pela UNESP<br />

junqueira.psi@gmail.com<br />

No início do século XX, nas cida<strong>de</strong>s da nova região cafeeira do interior <strong>de</strong> São Paulo localizado<br />

na área nor<strong>de</strong>ste do Estado, suce<strong>de</strong>m-se os primeiros e inequívocos sinais <strong>de</strong> uma<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que parecia prenunciar a ruptura com a tradição e a estética ‘coloniais’, numa<br />

sanha <strong>de</strong> apagar os resquícios do atraso dos tempos monárquicos. Para conceber tal ‘projeto’,<br />

as elites paulistas, dispostos a hipertrofiar seus po<strong>de</strong>res e interesses privados, passaram a<br />

enfronhar-se no interior <strong>de</strong> Câmaras Municipais. Esse foi o caso <strong>de</strong> Patrocínio Paulista, on<strong>de</strong><br />

iremos analisar as nuances entre público e o privado através dos projetos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />

urbana entre 1900 e 1915.<br />

O Forjar da Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>:<br />

Piracicaba na Bélle Époque<br />

Fábio Augusto Pacano<br />

Docente da FATEC (Piracicaba), Centro Universitário Barão <strong>de</strong> Mauá (Ribeirão Preto) e do<br />

CNEC (Capivari).<br />

prof.pacano@ig.com.br<br />

Neste trabalho vamos a “Belle Époque” em Piracicaba através das medidas adotadas pela<br />

municipalida<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> emprestar racionalida<strong>de</strong> às práticas urbanas, tendo em vista<br />

os projetos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna que <strong>de</strong>veria negar tudo o que remetesse<br />

ao campo e ao passado. Neste sentido, <strong>de</strong>stacam-se na Câmara Municipal e na imprensa reclames<br />

pedindo a retirada das cocheiras do perímetro urbano, ou então a proibição do trânsito<br />

dos “incomodativos e selvagens” carros <strong>de</strong> boi no centro da cida<strong>de</strong>. Incontáveis foram as<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

manifestações solicitando o “apedregulhamento <strong>de</strong> ruas e praças da cida<strong>de</strong>”. Vamos abordar<br />

também as sociabilida<strong>de</strong>s em público, pois também foram objetos <strong>de</strong> apreciação do po<strong>de</strong>r<br />

público, que <strong>de</strong>terminou toque <strong>de</strong> recolher, numa tentativa <strong>de</strong> controlar o movimento noturno,<br />

principalmente em bares e tabernas, bem como os festejos populares, que igualmente<br />

<strong>de</strong>spertavam a ira da municipalida<strong>de</strong>, pois era constituída <strong>de</strong> batuque, jogatina <strong>de</strong>senfreada,<br />

‘gafieira’ em gran<strong>de</strong> estilo.<br />

Palavras-chave: Piracicaba, Belle Époque, Urbanização.<br />

A influência das elites locais na política <strong>de</strong><br />

Ribeirão Preto entre os anos 1900-1920:<br />

ações <strong>de</strong> Maximiano Junqueira<br />

Fábio Henrique Maghine<br />

Centro Universitário Barão <strong>de</strong> Mauá<br />

fabio.maghine@bol.com.br<br />

Este presente trabalho preten<strong>de</strong> analisar a influência das elites locais na política <strong>de</strong> Ribeirão<br />

Preto, entre os anos <strong>de</strong> 1900 e 1920. Trata-se, inicialmente, <strong>de</strong> focalizar as transformações que<br />

a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> promoveu na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto em seus amplos aspectos: políticos,<br />

econômicos, sociais e culturais. Num segundo momento e como objetivo central trataremos<br />

<strong>de</strong> comentar as ações das elites locais no processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização em questão, <strong>de</strong> Manoel<br />

Maximiano Junqueira, membro ilustre <strong>de</strong>sse grupo enfatizando as ações, que exerceu gran<strong>de</strong><br />

influência na política local <strong>de</strong>ste período.<br />

Palavras-chave: mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; elites políticas; Maximiano Junqueira.<br />

Estratégias, re<strong>de</strong>s, subjetivida<strong>de</strong>s: a trajetória dos<br />

imigrantes alemães em Rio Claro (1870-1910)<br />

Flávia Mengardo Gouvêa<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela UNESP-Franca<br />

mgflav@hotmail.com<br />

O objetivo do trabalho será o <strong>de</strong> analisar a trajetória da imigração alemã no município <strong>de</strong><br />

Rio Claro, entre o último quartel do Segundo Reinado e as primeiras décadas republicanas,<br />

através das experiências <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e sociabilida<strong>de</strong> urbanas vividas pelas famílias<br />

alemães aportadas no citado município paulista. Neste sentido, procuraremos <strong>de</strong>bater as<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção e <strong>de</strong> participação <strong>de</strong>sses elementos na vida urbana <strong>de</strong> Rio Claro,<br />

e <strong>de</strong> que formas eles foram importantes para as mudanças sociais, políticas, econômicas e<br />

urbanas vividas pela cida<strong>de</strong> durante o período abordado.<br />

Palavras-chave: Imigração, Rio Claro, Urbanização.<br />

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Polissemia barroca no plano urbano <strong>de</strong> uma<br />

localida<strong>de</strong> paulista: apontamento sobre<br />

a ação do clero católico na formação do<br />

arraial <strong>de</strong> Barretos em fins do século XIX<br />

Humberto Perinelli Neto<br />

Professor Assistente do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Educação da UNESP (S. J. do Rio Preto)<br />

Humberto@ibilce.unesp.br<br />

A formação do núcleo original do espaço urbano <strong>de</strong> Barretos (SP) guarda intima relação com<br />

a ação da Igreja Católica. O presente trabalho apresenta a formação do arraial <strong>de</strong> Barretos,<br />

<strong>de</strong>stacando a ação do clero paulista na <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>sta localida<strong>de</strong> e ressaltando que outros<br />

aspectos e preocupações se somaram ao “mo<strong>de</strong>lo imaginário <strong>de</strong> cruz” para <strong>de</strong>finição do<br />

plano urbano local, constituindo-o então como sendo uma realida<strong>de</strong> material polissêmica<br />

e, por conta disso, capaz <strong>de</strong> traduzir a inspiração barroca <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> e suas (mercantilização<br />

da terra, centralismo político, importância das avenidas, etc). Dentre os outros aspectos responsáveis<br />

pela <strong>de</strong>finição do plano urbano local citam-se: busca <strong>de</strong> certo prestígio e oportunida<strong>de</strong>s<br />

políticas/econômicas por parte das famílias doadoras, preocupação do clero paulista<br />

com sua área <strong>de</strong> influência e o controle do espaço urbano em relação aos grupos humanos<br />

associados à economia pecuária (peões, boia<strong>de</strong>iros, homens livres pobres e prostitutas).<br />

Palavras-chave: mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; cida<strong>de</strong> e urbanismo; Barretos.<br />

Escritas do Feminismo: Esther Monteiro e a<br />

imprensa jornalística <strong>de</strong> Ribeirão Preto em 1918<br />

Jorge Luiz <strong>de</strong> França<br />

Pós-graduado em <strong>História</strong>, Cultura e Socieda<strong>de</strong> pelo Centro Universitário Barão <strong>de</strong> Mauá/<br />

Ribeirão Preto-SP.Jorge.lf@ig.com.br<br />

Neste <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato buscamos i<strong>de</strong>ntificar por intermédio das ações da imprensa jornalística, as<br />

possíveis falas e/ou silêncio da escrita feminina no micro local <strong>de</strong> Ribeirão Preto no período<br />

<strong>de</strong> 1918. Neste período, no recôndito do mundo caipira, em particular a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão<br />

Preto vivenciava inovações e técnicas. Tais novida<strong>de</strong>s imprimiram rapi<strong>de</strong>z nos transportes,<br />

comunicações e mudanças nas relações <strong>de</strong> trabalho.<br />

Palavras-chave: Feminismo, Imprensa, Personagens Anônimas.<br />

Trajetórias femininas: reflexos do<br />

comunismo em Fernandópolis.<br />

Laís Regina Casquel<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Graduada em <strong>História</strong> –(FEF)<br />

laiscasquel@hotmail.com<br />

A construção da visão <strong>de</strong> mulher do lar, mãe e esposa são operações subjetivas que se entrelaçam<br />

e unem-se quando pensamos no sujeito histórico feminino. Com o feminismo, as<br />

mulheres ganham um lugar na história, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeito históricos. Mas esta mudança<br />

ainda não chegou em inúmeras cida<strong>de</strong>s que continuam contando sua história a partir<br />

do viés masculino. E on<strong>de</strong> estão as mulheres <strong>de</strong> Fernandópolis? Falar <strong>de</strong> mulheres em Fernandópolis<br />

então é também fazer um reflexo do comunismo, e das transformações ocorridas<br />

no cotidiano feminino, assim como os rumos políticos que começaram no inicio da década<br />

<strong>de</strong> 1920 em âmbito nacional e que chegavam àquela pequena cida<strong>de</strong> paulista, tais como as<br />

mudanças no comportamento feminino. Baseando-nos na análise <strong>de</strong> artigos jornalísticos,<br />

obras <strong>de</strong> historiadores locais, monografias, dissertações e teses, e, em particular, das fontes<br />

orais, queremos abordar a importância da mulher fernandopolense para a história e, em especial,<br />

para a história do gênero entrelaçada ao movimento comunista.<br />

Palavras-chave: Gênero, Comunismo, Fernandópolis.<br />

Ribeirão Preto, SP: a construção discursiva da<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no jornal “A Cida<strong>de</strong>” (1905 e 1926)<br />

Leonardo Marques Fernan<strong>de</strong>s Aguiar<br />

Centro Universitário Barão <strong>de</strong> Mauá<br />

leo.f.aguiar@hotmail.com<br />

O período conhecido como Belle Époque Caipira marca o início da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em Ribeirão<br />

Preto. A partir do final do século XIX, a região passa a se <strong>de</strong>senvolver econômica e<br />

politicamente, <strong>de</strong>vido à economia cafeeira. A construção da ferrovia interligando o Oeste<br />

Paulista até o Porto <strong>de</strong> Santos, a vinda <strong>de</strong> homens interessados na produção cafeeira que se<br />

<strong>de</strong>senvolvia, entre outros fatores modificaram os hábitos e costumes do cidadão local. A fim<br />

<strong>de</strong> divulgar as novida<strong>de</strong>s que chegavam à cida<strong>de</strong>, a elite passa a utilizar a imprensa como formar<br />

<strong>de</strong> impor os padrões que ela estabeleceria, apresentando produtos a serem consumidos<br />

e comportamentos a serem vivenciados. A analise dos anúncios publicados nos jornais da<br />

época possibilita enten<strong>de</strong>r os hábitos com os quais se pretendia construir um estilo <strong>de</strong> vida<br />

mo<strong>de</strong>rno na Petit Paris. Porém a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> não apaga totalmente os antigos hábitos dos<br />

cidadãos, fazendo com que os aspectos mo<strong>de</strong>rnos e arcaicos estariam constantemente interligados<br />

no dia-a-dia da Belle Époque Caipira.<br />

Palavras-chave: mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; propagandas <strong>de</strong> jornais; Ribeirão Preto.<br />

A Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: Multiplicas representações<br />

<strong>de</strong> Ribeirão Preto, (1920 - 1930).<br />

Lucas Vicente<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Graduado na Barão <strong>de</strong> Mauá (Ribeirão Preto)<br />

judagv@yahoo.com.br<br />

Po<strong>de</strong>mos observar que na Primeira República, processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> São Paulo, é<br />

imbuído <strong>de</strong> novos conceitos materiais históricos, como pelo valoroso lucro cafeicultor que<br />

induz a socieda<strong>de</strong> ao novo compasso social, baseado na racionalida<strong>de</strong> do capitalismo, industrialização,<br />

da expansão dos centros urbanos e dos novos símbolos do progresso. Para analisarmos<br />

estas transformações coletivas e mentais em Ribeirão Preto, estudo dos Almanaques<br />

e Estados Municípios, é um elemento privilegiado para uma “leitura” específica das relações<br />

entre o imaginário urbano e da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Cabendo ao historiador à tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifrar os<br />

códigos simbólicos que formam e informam as múltiplas “representações” da cida<strong>de</strong> submersas<br />

pelas pretensões <strong>de</strong> choque <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, nas as articulações discursivas responsáveis<br />

pela tentativa <strong>de</strong> instituir representações “<strong>de</strong>sejadas” <strong>de</strong> si e do outro.<br />

Palavras-chave:Ribeirão Preto - <strong>História</strong> Cultural - Historia dos Almanaques.<br />

Entre a força e as astúcias: política<br />

e mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> Ribeirão Preto (1883-1920)<br />

Lúcia <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> Jayme<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />

l.rjayme@yahoo.com.br<br />

Neste trabalho, preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar o crescimento da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto entrelaçado<br />

a perspectivas <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> posseiros e, posteriormente, a chegantes também ávidos<br />

por enricarem a qualquer custo. Valendo-nos <strong>de</strong> discussões bibliográficas acerca da história<br />

ribeirãopretana e a interpretação <strong>de</strong> fontes, percebemos a forma que o bucaneirismo do capital<br />

transformava-se em medidas públicas em nome da mo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong>, o modo em que<br />

interesses <strong>de</strong> poucos eram saciados pelo trabalho daqueles que pouco ou nenhum acesso tiveram<br />

aos melhoramentos citadinos. Nem tudo, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> ou capitalismo, fizeram <strong>de</strong>smanchar.<br />

I<strong>de</strong>ais irromperam, transformações mil suce<strong>de</strong>ram, mas, em tantos aspectos, Ribeirão<br />

permaneceu sertão, território daqueles que bem souberam usar força e astúcias.<br />

Palavras-chave: Ribeirão Preto, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, política.<br />

Fernandópolis: po<strong>de</strong>r e espaço público<br />

regulador – o caso das ruas<br />

Nattan Ricardo <strong>de</strong> Campos<br />

Graduado em <strong>História</strong> (FEF)<br />

nattanvistorias@gmail.com<br />

As cida<strong>de</strong>s e a concepção que se tem <strong>de</strong>las vêm se transformado ao longo da historia. A<br />

experiência paradoxal da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> (Berman) ao anular fronteiras raciais, geográficas,<br />

<strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> culturas, permitiu uma união também paradoxal da espécie humana,<br />

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sendo a cida<strong>de</strong> o principal palco <strong>de</strong>sta sintomática união. João do Rio <strong>de</strong>nunciou-a quando<br />

afirmou que “... nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cida<strong>de</strong>s... não porque soframos, com<br />

a dor e os <strong>de</strong>sprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua”,<br />

mostrando um ponto especifico on<strong>de</strong> tal ação se torna efetiva: a rua. A rua se tornou o espaço<br />

on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r público se faz valer atuando como agen<strong>de</strong> mediador <strong>de</strong>sta unificação <strong>de</strong> pessoas,<br />

camuflado por um discurso <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m ou regulação. Nosso objetivo será o <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

como esse po<strong>de</strong>r – através do Código <strong>de</strong> Posturas – funciona na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fernandópolis e<br />

quais as conexões entre as ações <strong>de</strong>ste po<strong>de</strong>r e as práticas <strong>de</strong> regulação urbana.<br />

Palavras-chave: Po<strong>de</strong>r Público, Fernandópolis, Ruas.<br />

Entre intervenções, melhoramentos<br />

e perspectivas <strong>de</strong> embelezamento -<br />

Campanha/MG (1890-1930)<br />

Patrícia Vargas Lopes <strong>de</strong> Araujo<br />

Professora Adjunta do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da UFV<br />

patrícia.lopes@ufv.br<br />

Essa proposta <strong>de</strong> trabalho tem como objetivo a análise das intervenções realizadas por políticos<br />

e outros agentes sociais, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campanha/MG, no período compreendido entre<br />

1890-1930, procurando verificar as ações empreendidas no espaço urbano a partir <strong>de</strong> três<br />

vetores: a remo<strong>de</strong>lação/melhoramentos, o saneamento e o embelezamento. Além disso,<br />

interessa-nos discutir também questões relacionadas às noções <strong>de</strong> urbanida<strong>de</strong>, civilida<strong>de</strong> e<br />

mo<strong>de</strong>rnização. Tais preocupações po<strong>de</strong>m se ligar a uma noção mais abrangente: a <strong>de</strong> melhoramentos,<br />

e revelavam a preocupação <strong>de</strong> que as cida<strong>de</strong>s necessitavam renovar suas feições<br />

a fim <strong>de</strong> se mostrarem mo<strong>de</strong>rnas, progressistas e civilizadas. As cida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnizadas constituir-se-iam<br />

a expressão mais representativa do progresso material e civilizatório <strong>de</strong> finais<br />

do século XX e meta<strong>de</strong> do século XX. Nesse sentido, particularmente, nos propomos tomar<br />

como ponto <strong>de</strong> reflexão o processo <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação e <strong>de</strong> intervenções urbanísticas, vistos a<br />

partir da pequena cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campanha, no interior <strong>de</strong> Minas Gerais, buscando compreen<strong>de</strong>r<br />

como se incorporavam as aspirações <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização.<br />

“Ah... as mulheres <strong>de</strong> Ribeirão Preto!” Representações<br />

sociais femininas <strong>de</strong> Ribeirão Preto/SP<br />

durante a primeira República.<br />

Rafael Cardoso <strong>de</strong> Mello<br />

Professor dos Cursos <strong>de</strong> <strong>História</strong>, Geografia e Pedagogia da FEF/SP.<br />

profrcmello@yahoo.com.br<br />

Este texto foi produzido na intenção <strong>de</strong> proporcionar um passeio sobre as representações<br />

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femininas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto, interior <strong>de</strong> São Paulo, durante a transição do século<br />

XIX para o XX. Levando em consi<strong>de</strong>ração uma memória local, fortemente marcada pelos<br />

Cabarés e suas meretrizes, esta pequena comunicação tem como objetivo <strong>de</strong>monstrar a pluralida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> imagens femininas pouco retratada pelos historiadores locais.<br />

Olhares e vivências <strong>de</strong> um empreen<strong>de</strong>dor<br />

numa cida<strong>de</strong> paulista: por uma biografia<br />

<strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Mendonça Uchôa em<br />

Ribeirão Preto (1898-1930)<br />

Rodrigo Ribeiro Paziani<br />

Doutor em <strong>História</strong> pela UNESP/Campus <strong>de</strong> Franca<br />

rpaziani@yahoo.com.br<br />

O objetivo do trabalho será o <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, por meio <strong>de</strong> uma biografia histórica, uma<br />

parte significativa da história cultural e urbano-industrial <strong>de</strong> Ribeirão Preto durante a<br />

Primeira República através da trajetória <strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Mendonça Uchôa, homem pioneiro e<br />

empreen<strong>de</strong>dor, que, no interior do chamado Brasil Caipira, vivenciou experiências singulares<br />

nos campos da mo<strong>de</strong>rnização dos serviços urbanos e na introdução <strong>de</strong> uma indústria<br />

pesada para o município <strong>de</strong> Ribeirão Preto, na lenta transição do auge para a crise do café.<br />

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ST 14<br />

Natureza, cultura e representações<br />

Ciência, Natureza e Paisagem em Von Martius<br />

Ana Marcela França <strong>de</strong> Oliveira<br />

Professora Substituta <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Arte - UERJ<br />

anamarcelaf@hotmail.com<br />

A idéia no seguinte trabalho é perceber a pintura e os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> paisagem tanto como um<br />

documento histórico como um objeto artístico. No caso das pranchas e dos escritos <strong>de</strong> Von<br />

Martius encontramos diversas produções relativas à natureza que registram a flora e a paisagem<br />

tropical da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> maneira precisa e poética. Nossa idéia será, <strong>de</strong>ste<br />

modo, trabalhar em cima do complexo conceito <strong>de</strong> paisagem, uma vez que tal conceito, mais<br />

especificamente neste caso, se apóia tanto na representação poética <strong>de</strong> um lugar quanto na<br />

ilustração científica <strong>de</strong> um dado espaço. A partir daí analisaremos a construção da paisagem<br />

carioca aos olhos do botânico, vindo em missão para registrar a biodiversida<strong>de</strong> própria à natureza<br />

brasileira. Pensaremos, portanto, o híbrido que acompanha o olhar sobre o ambiente<br />

natural, tensionado entre a exatidão da ciência e a subjetivida<strong>de</strong> do indivíduo, <strong>de</strong>ixandonos<br />

espaço para nos perguntarmos que natureza seria essa retratada. Uma natureza “natural”<br />

ou recriada sob os olhos do sujeito que a apreen<strong>de</strong>? E seguindo a linha inaugurada por<br />

Humboldt, tais paisagens registradas por Von Martius, então, nos ofereceriam uma fruição<br />

estética <strong>de</strong>spertada em simultaneida<strong>de</strong> ao exercício <strong>de</strong> reconhecimento da flora do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro do século XIX.<br />

Palavras-chave: Natureza; Paisagem; Von Martius<br />

Paisagens que tracejam histórias e patrimônio:<br />

um olhar para os sítios arqueológicos <strong>de</strong><br />

beneditinos – PI<br />

Domingos Alves <strong>de</strong> Carvalho Júnior<br />

Mestrando – UFPI /Professor -UESPI<br />

domingosjunior75@yahoo.com.br<br />

O presente estudo preten<strong>de</strong> oferecer um referencial sobre a arqueologia da paisagem no trabalho<br />

<strong>de</strong> pesquisa dos sítios arqueológicos do município <strong>de</strong> beneditinos – piauí. o objetivo é<br />

aprofundar as reflexões sobre o espaço dos sítios arqueológicos: pré-históricos e históricos,<br />

no contexto <strong>de</strong> como se inserem na paisagem natural. a partir <strong>de</strong> como o homem se apropriou<br />

<strong>de</strong>sse espaço como meio <strong>de</strong> sobrevivência. para tanto teve-se como metodologia a<br />

investigação fundamentada numa pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong> campo na parte sudoeste do<br />

município <strong>de</strong> beneditinos, on<strong>de</strong> estão localizados os sítios <strong>de</strong> arte rupestre toca do ladino e<br />

lajeiros da goiabeira e o sítio histórico o sobrado velho, construção dos missionários jesuítas<br />

do século xvii. o estudo <strong>de</strong>monstrou que a análise da paisagem oferece elementos/informações<br />

importante para a compreensão do material arqueológico evi<strong>de</strong>nciado nas pesquisas.<br />

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Palavras-chave: paisagem. vestígios arqueológicos. beneditinos-PI.<br />

Os campos <strong>de</strong> uso comum e manejo<br />

<strong>de</strong> recursos no Pará Provincial (1835-1860)<br />

Eliana Ramos Ferreira<br />

Profª Drª - UFPA<br />

lia64@uol.com.br<br />

O Art. 1º da Lei <strong>de</strong> Terras <strong>de</strong> 1850 normatizava o não estabelecimento <strong>de</strong> qualquer pessoa<br />

em terrenos <strong>de</strong>volutos, pertencentes ao Império Brasileiro, senão mediante a relação formal<br />

<strong>de</strong> compra e venda. Contudo, o presi<strong>de</strong>nte da província do Pará, em ofício <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1855,<br />

dirigido ao Vigário da Freguesia <strong>de</strong> Vizeu, “esclarecia” que era possível o acesso e fixação <strong>de</strong><br />

pessoas nos campos <strong>de</strong> uso comum conforme o art. 5º § 4º da supracitada Lei. Neste trabalho,<br />

preten<strong>de</strong>-se refletir sobre os impasses em torno dos campos <strong>de</strong> uso comum, as experiências<br />

individuais e coletivas nas formas <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a natureza e os conflitos pelo manejo <strong>de</strong><br />

recursos e pela posse da terra.<br />

Palavras-chave: Natureza – Terra – Pará<br />

Memória e paisagem, uma abordagem<br />

cultural através <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> vida:<br />

o caso da Colônia do Prata/PA<br />

Flávio Reginaldo Pimentel<br />

Mestrando - UFPA<br />

flaviorpimentel@hotmail.com<br />

A presente pesquisa aborda as categorias <strong>de</strong> memória e paisagem numa perspectiva cultural,<br />

tendo claro que tais abordagens não se limitam como categorias estanques <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<br />

disciplina científica. Desse pressuposto, surgiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estudar a Colônia do<br />

Prata, localizada no município <strong>de</strong> Igarapé Açu, estado do Pará. Antiga colônia <strong>de</strong> hansenianos,<br />

on<strong>de</strong> se “<strong>de</strong>positavam” portadores <strong>de</strong> hanseníase das mais diversas regiões do Brasil.<br />

Tais sujeitos tornaram-se testemunhos da relação estreita entre memória e paisagem. Nessa<br />

perspectiva ressaltamos que para coleta <strong>de</strong> material <strong>de</strong> estudo e análise, utilizamos como<br />

metodologia entrevistas <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> vida dos agentes que ainda vivem na colônia, hoje<br />

não mais colônia <strong>de</strong> hanseníase. A memória, por apresentar um caráter individual, apresenta<br />

elementos para enten<strong>de</strong>rmos como ocorreram sua constituição e solidificação e como<br />

foi construída para si a percepção da paisagem do lugar.<br />

Palavras-chave: memória, paisagem, cultura<br />

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Revisitando a Reserva Extrativista<br />

Marinha da Baía do Iguape<br />

e repensando a questão cultura-natureza<br />

Glauco Vaz Feijó<br />

Doutorando – UnB<br />

glauco.feijo@ifb.edu.br<br />

Trata-se a comunicação <strong>de</strong> novas reflexões oriundas <strong>de</strong> uma revisita a notas <strong>de</strong> campo, entrevistas<br />

e artigos resultantes <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> pesquisa realizado entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2001<br />

quando da implantação da Reserva Extrativista Marinha na Baía do Iguape, no Recôncavo Bahiano.<br />

Naquele momento tentei interpretar os conflitos presentes na implantação da Reserva<br />

Extrativista, pensando na pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mundos e na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos culturais entre<br />

os diferentes povoados que cercam a Baía do Iguape e <strong>de</strong>stacando o acirramento que me levou<br />

a crer em um conflito <strong>de</strong> classes aberto. Ainda que abordada, a questão das relações cultura<br />

e natureza teve papel pouco relevante em minhas discussões, o que muda quando, ajudado<br />

por Terry Eagleton, passo a pensar sobre tais relações não mais em termos dicotômicos, mas<br />

sim em termos complementares e dialógicos. É <strong>de</strong>sse revisitar teórico às negras águas do Rio<br />

Paraguaçu que surge em mim a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar a falar do Vale do Iguape.<br />

Quando o centro olha ao redor: usos da<br />

memória no Centro Cultural Bom Jardim<br />

Gyl Giffony Araújo Moura<br />

UFERJ<br />

gyl_giffony@yahoo.com.br<br />

Propomos nesse trabalho a realização <strong>de</strong> uma análise acerca dos usos da memória nas estratégias<br />

engendradas em centros culturais implementados no espaço urbano periférico, focando<br />

na relação equipamento-entorno e nos conflitos e dilemas referentes aos <strong>de</strong>lineamentos<br />

arquitetônicos e aos programas sobre memória realizados pela gestão para oportunizar<br />

o acesso do público. Com esse objetivo, traçamos um breve panorama histórico acerca da<br />

emergência <strong>de</strong>sses equipamentos durante o período pós-mo<strong>de</strong>rno, sobre sua relação com as<br />

transformações sociais, e, por fim, observamos o caso do Centro Cultural Bom Jardim-CCBJ,<br />

localizado em Fortaleza/CE.<br />

Memórias à beira dos rios: Tocantins e Araguaia<br />

Jocyléia Santana dos Santos<br />

Doutora - Professora Adjunto/UFT<br />

jocyleiasantana@gmail.com<br />

Tive o privilégio <strong>de</strong> explorar dois originais trabalhos sobre a questão dos rios no To-<br />

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cantins, Caminhos que andam <strong>de</strong> Kátia Maia e Nas águas do Araguaia <strong>de</strong> Francisquinha<br />

Laranjeira. Quando os li pela primeira vez, lembrei-me da minha infância em Araguatins,<br />

o município da região conhecida como Bico do Papagaio, no extremo norte tocantinense,<br />

banhado pelo rio Araguaia. O meu cotidiano <strong>de</strong> “habitante ribeirinha” consistia nas brinca<strong>de</strong>iras<br />

nas praias <strong>de</strong> areia branca na época da vazante, no observar canoas que iam rápidas<br />

rumo ao outro lado do rio, nas cantigas religiosas, no céu <strong>de</strong> lua cheia e principalmente, em<br />

ouvir as lendas e estórias. Às margens dos rios era o local <strong>de</strong> encontro das alterida<strong>de</strong>s e das<br />

relações interétnicas. A navegação tornou-se um meio <strong>de</strong> vida para o sertanejo. O sertão<br />

pouco povoado, sem estradas e sem correios. Para suprir as carências da região fazia-se o<br />

comércio fluvial com outras cida<strong>de</strong>s abastecendo os povoados com sal, ferramentas, pólvora<br />

e tecidos.Nas artes do fazer da comida caseira, no modo arrastado <strong>de</strong> conversar do sertanejo,<br />

nos termos lingüísticos utilizados, na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter notícias dos parentes longínquos e<br />

principalmente, nos dizeres e saberes e sabores do nortense ribeirinho. É história para ouvir<br />

o barulho das águas, mas também as diversas vozes: <strong>de</strong> negros, <strong>de</strong> brancos, <strong>de</strong> índios, <strong>de</strong><br />

militares, <strong>de</strong> comerciantes e <strong>de</strong> ribeirinhos.<br />

Palavras-chave: Rios, Tocantins, natureza<br />

Da imoralida<strong>de</strong> do ato antinatural em<br />

Aluízio Azevedo e Júlio Ribeiro<br />

Leandro Thomaz <strong>de</strong> Almeida<br />

Doutorando Unicamp<br />

leandroth@gmail.com<br />

Nos romances Livro <strong>de</strong> uma sogra, <strong>de</strong> Aluízio Azevedo e A carne, <strong>de</strong> Júlio Ribeiro, a concepção<br />

<strong>de</strong> moral é estabelecida com base em uma proposta <strong>de</strong> respeito à natureza. Dessa forma,<br />

o que se vê nessas obras <strong>de</strong> finais do século XIX é uma <strong>de</strong>fesa dos impulsos naturais contra as<br />

convenções sociais que os reprimem. É possível, portanto, perseguir os <strong>de</strong>sdobramentos da<br />

relação que se estabelece entre moralida<strong>de</strong> e natureza nesses romances, bem como procurar<br />

perceber em que medida se aproximam ou guardam particularida<strong>de</strong>s em relação a outras<br />

abordagens <strong>de</strong> caráter semelhante, tais como a <strong>de</strong> David Hume em Uma investigação sobre<br />

os princípios da moral e Morelly em Código da natureza.<br />

“Jogue sua vida na estrada como quem abriu o<br />

seu coração”: a temática da “viagem” na canção<br />

contracultural brasileira dos anos 1960-1970<br />

Leon Fre<strong>de</strong>rico Kaminski<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

leonkaminski@ymail.com<br />

O presente trabalho visa analisar a temática da “viagem” na canção contracultural brasileira<br />

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das décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, enten<strong>de</strong>ndo-a tanto como expressão do pensamento e práticas<br />

alternativas do período como conformadora <strong>de</strong>sse mesmo i<strong>de</strong>ário. Compreen<strong>de</strong>mos a contracultura<br />

como um fenômeno <strong>de</strong>sterritorializado, que passou por processos <strong>de</strong> ressignificação<br />

nos diferentes contextos em que se manifestou. A historiografia costuma enfatizar a<br />

indústria cultural e a expansão dos meios <strong>de</strong> comunicação como responsáveis pela propagação<br />

da contracultura no Brasil, não dando atenção a um importante fator <strong>de</strong> propagação<br />

do pensamento e das práticas contraculturais, o seu caráter nôma<strong>de</strong>, a âmbito da viagem<br />

como espaço <strong>de</strong> intercâmbio cultural, <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> idéias. Desta forma, buscamos<br />

a temática da “viagem” em canções tanto <strong>de</strong> artistas esquecidos como <strong>de</strong> renomados, analisando<br />

algumas <strong>de</strong> suas dimensões, como o caráter “panfletário” em certas composições, a<br />

psico<strong>de</strong>lia, a natureza e a liberda<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>ramos que a presença recorrente do tema indica<br />

não somente uma prática alternativa <strong>de</strong> contestação, o <strong>de</strong>sbun<strong>de</strong>, mas também o clima <strong>de</strong><br />

fechamento político e a incerteza em termos do futuro do país e da humanida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: contracultura; viagem; <strong>de</strong>sterritorialida<strong>de</strong><br />

Do tecer da memória ao <strong>de</strong>svelar<br />

das imagens: revelando experiências históricas<br />

Marcelo Góes Tavares<br />

Msc. Faculda<strong>de</strong> Integrada Tira<strong>de</strong>ntes – FITs<br />

marce_goes@hotmail.com<br />

Com a presente proposta <strong>de</strong> trabalho, pretendo refletir sobre a <strong>História</strong> e a memória, articulando<br />

múltiplos sentidos (re)significados construídos por sujeitos sociais através da cultura,<br />

do cotidiano e da experiência. Nessa direção, apresento uma abordagem da narrativa histórica<br />

com foco no sujeito da história, na cultura e cotidiano como palcos on<strong>de</strong> as experiências<br />

humanas são tecidas e vividas. Para compreendê-las, proponho a análise da Cultura e do<br />

fazer social em um universo do simbólico ao qual <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>svendar códigos e significados<br />

construídos por seus próprios sujeitos através <strong>de</strong> suas representações sociais. Estas trazem<br />

a tona imagens, valores, sentidos <strong>de</strong> mundo e <strong>de</strong> vida, temporalida<strong>de</strong>s, territórios, palcos<br />

da vida social, saberes e fazeres, projetos <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> e história. Com a história oral as<br />

experiências dos sujeitos e suas imagens/representações do passado e presente emergem<br />

através da oralida<strong>de</strong> e narrativa, sendo possível articular histórias <strong>de</strong> vida (cotidiano, família,<br />

referências pessoais...) e histórias temáticas (cultura, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, trabalho, festas, religiosida<strong>de</strong>,<br />

patrimônios...). Nesse sentido, a memória individual é indissociável da organização<br />

social da vida, possibilitando revelar disputas em torno da lembrança e do esquecimento,<br />

evi<strong>de</strong>nciando laços <strong>de</strong> pertencimento a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e referências históricas e culturais, bem<br />

como a (re)significação <strong>de</strong> patrimônios. Através <strong>de</strong>ssa abordagem, apresento a análise das<br />

narrativas e experiências <strong>de</strong> vida em São Bento-AL. Ao evi<strong>de</strong>nciar, através da oralida<strong>de</strong>, as<br />

experiências humanas e sociais, também dou visibilida<strong>de</strong> as experiências históricas, bem<br />

como um outro caminho para a compreensão e interpretação dos modos <strong>de</strong> vida, das práticas<br />

culturais e da história.<br />

Palavras-chave: Memória, Imagem e <strong>História</strong>.<br />

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As representações <strong>de</strong> família no<br />

contexto da pastoral da criança<br />

Maria das Graças Santos Dias Magalhães<br />

Doutora - Professora Adjunta IV /UFRR<br />

mdgsdm@uol.com.br<br />

Luciana Corrêa Bombar<strong>de</strong>lli<br />

UFRR<br />

lua_newcity@hotmail.com<br />

O presente trabalho tem por objetivo abordar a noção <strong>de</strong> família que norteia as ativida<strong>de</strong>s<br />

da Pastoral da Criança. Ao longo dos seus 27 anos, a Pastoral busca ajudar as famílias em<br />

situação <strong>de</strong> risco, na dimensão social e espiritual. O projeto que estamos <strong>de</strong>senvolvendo se<br />

propõe a compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma este movimento social, que é um Organismo Social da<br />

Igreja Católica, vê a família. Para i<strong>de</strong>ntificarmos que representações são essas, tomaremos<br />

como fonte o Jornal da Pastoral da Criança, que é um veículo nacional <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> seus<br />

princípios e ativida<strong>de</strong>s nas comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> está implantada. Abordaremos os jornais dos<br />

últimos cinco anos (2005 a 2010), recebidos e arquivados na ce<strong>de</strong> da Pastoral da Criança na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boa Vista/RR<br />

Palavras-chave: Movimento social; Pastoral da Criança; Família<br />

O sentido da existência nas poéticas da<br />

natureza do ator Ruzante (c.1494-1542),<br />

e do pintor Giorgione (c. 1477/8-510)<br />

Maria <strong>de</strong> Nazareth Eichler Sant’Angelo<br />

PUC-Rio<br />

mariaeichlerfgv@gmail.com<br />

Na presente comunicação analisaremos o modo como dois artistas <strong>de</strong>vedores da cultura humanista<br />

renascentista vêneta pensaram o tema da existência a partir <strong>de</strong> uma concepção particular<br />

da natureza enquanto princípio organizador do cosmos e referência ética e sensível<br />

da conduta humana. Segundo G C Argan, a contribuição da cultura vêneta para a concepção<br />

do mundo do séc. XVI foi ter superado a idéia <strong>de</strong> uma “natureza distinta da história”, e em ter<br />

intuído e fixado “o valor absoluto, indivisível, da existência como experiência completa do<br />

real”. O sentimento <strong>de</strong> natureza que irrompe nas poéticas dos dois artistas é aquele da poesia<br />

<strong>de</strong> Virgílio e Lucrécio, e das filosofias práticas das escolas helênicas, tal qual a epicúrea. Tal<br />

tradição clássica só existe, contudo, enquanto prática, rito, sendo continuamente re<strong>de</strong>finida,<br />

e mesmo reinventada pela ação <strong>de</strong> sujeitos mobilizados pelas questões <strong>de</strong> seu tempo. Assim,<br />

comediógrafo e pintor, cada um ao seu modo, evocam, ou melhor, convocam a poesia e a<br />

filosofia prática dos antigos, e seu sentimento <strong>de</strong> natureza, movidos pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> problematizar<br />

os fundamentos da existência não do homem em geral, mas do homem para quem,<br />

segundo E. Garin, “a natureza, as coisas, as estrelas e o mundo inteiro convertem-se em algo<br />

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vivo, pessoal e humano”.<br />

Da Catequização (imposta) para a busca da<br />

Educação : Uma análise da educação na Escola<br />

Estadual Indigena Maurehi (1990 - 2009)<br />

Natália Rita <strong>de</strong> Almeida<br />

UEG- Cora Coralina<br />

natalia.rita.almeida@hotmail.com<br />

O trabalho vem analisar a escola Indígena Maurehi como busca da manutenção e preservação<br />

da cultura karajá. A escola localiza-se na al<strong>de</strong>ia Buridina que encontra-se na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Aruanã-Go. A al<strong>de</strong>ia encontra-se encurralada pela cida<strong>de</strong> na beira do rio Araguaia entre a<br />

“civilização” e o rio.<br />

Através do contato com a cida<strong>de</strong> houve-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar os conhecimentos do<br />

mundo não-indio aprimorando também os conhecimentos indígenas que foram se per<strong>de</strong>ndo<br />

através do forte contato com nossa cultura não-índia.<br />

Por isso, criou-se a Escola indígena Mauheri, através <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> manutenção da língua<br />

e costumes karajá, na escola apren<strong>de</strong>-se as disciplinas curriculares das escolas “comuns” e<br />

também os costumes indígenas <strong>de</strong>ntro da disciplina Iny rubé.<br />

A pesca artesanal na ilha do amparo: entre visões<br />

e representações<br />

Paulo Eduardo Ernst Garcia<br />

garciapeebio@hotmail.com<br />

Priscila Onório Figueira<br />

Faculda<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras <strong>de</strong> Paranaguá<br />

priscilahonorio90@gmail.com<br />

Este trabalho tem como objetivo compreen<strong>de</strong>r os conhecimentos da pesca artesanal da comunida<strong>de</strong><br />

da Ilha do Amparo localizada no município <strong>de</strong> Paranaguá no litoral do Paraná. No<br />

ano <strong>de</strong> 2004, aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> navios atingiram essa região afetando a pesca bem como a fauna<br />

e a flora. Outra problemática analisada é que atualmente são poucas as fontes bibliográficas<br />

que abordam a respeito dos conhecimentos tradicionais <strong>de</strong>sse local. Dessa forma esta pesquisa<br />

propõe registrar as narrativas orais dos moradores acerca dos conhecimentos da pesca<br />

artesanal em Amparo e como os aci<strong>de</strong>ntes afetaram a pesca na região. Para interpretar os<br />

conhecimentos da pesca em Amparo utiliza-se do método em história oral, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

que a história oral também é uma instância que ajuda a reinterpretar o passado se correlacionado<br />

com fontes escritas. Até o presente momento foram aplicados questionários com os<br />

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moradores on<strong>de</strong> foram coletados dados sobre: profissão, tempo em que o morador vive no<br />

local, visão do morador em relação à pesca atual, se o morador adquiriu os conhecimentos<br />

da pesca através <strong>de</strong> seus pais e qual a importância da pesca para a comunida<strong>de</strong>. A análise<br />

dos dados permitiu interpretar a visão dos moradores em relação a pesca. Os dados indicam<br />

que os moradores consi<strong>de</strong>ram a pesca importante, pois esta é a principal fonte <strong>de</strong> renda da<br />

comunida<strong>de</strong> e que a pesca diminuiu nos últimos anos <strong>de</strong>vido à diminuição do pescado. No<br />

contexto em que os moradores <strong>de</strong> Amparo estão inseridos há uma série <strong>de</strong> conhecimentos<br />

que são adquiridos ao longo <strong>de</strong> suas vidas. Interpretar esses conhecimentos significa refletir<br />

sob quais condições estes se produzem e como que na prática estes se tornam a representação<br />

<strong>de</strong> sua cultura material e imaterial.<br />

A Narrativa trágica e a formação<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> or<strong>de</strong>nadora polía<strong>de</strong><br />

Poliane da Paixão - UFG<br />

polianedapaixao@hotmail.com<br />

A tragédia é entendida como um gênero literário, que em sua elaboração possui temas selecionados<br />

em uma narrativa mítica que seria apresentada nos palcos, em que “uma história<br />

sagrada” (ELIADE, 2000:50) revelaria um acontecimento, que se realizou em um tempo primordial.<br />

Sabendo que a elaboração das narrativas trágicas atenienses, em sua maioria foram<br />

formuladas no período clássico, tentaremos analisar como as representações heroicas eram<br />

constituídas nessas narrativas míticas trágicas, a partir da imagem <strong>de</strong> Héracles na obra <strong>de</strong><br />

Eurípi<strong>de</strong>s que leva o nome do herói. E também nos atentaremos para a questão da construção<br />

discursiva que era utilizada na tragédia com o intuito <strong>de</strong> criar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> heroica<br />

responsável pela or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> espaço da pólis.<br />

O Maranhão e suas fronteiras culturais:<br />

o esboço <strong>de</strong> uma cartografia<br />

Raimundo Inácio Souza Araújo<br />

Doutorando em <strong>História</strong> – UFPE/Professor UFMA<br />

inacio_araujo@hotmail.com<br />

A discussão sobre a diversida<strong>de</strong> cultural maranhense tem raízes bem longevas. Já na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século passado, estudiosos locais, como o geógrafo Raimundo Lopes e o militante<br />

político Astolfo Serra, referiam-se a ‘zonas’ distintas, construídas ao longo da história colonial<br />

do Estado, com diferenças <strong>de</strong> ritmo e intensida<strong>de</strong>: a experiência do norte agro-exportador<br />

escravista, as culturas indígenas (em diversas localida<strong>de</strong>s), além do sul pecuarista, formado<br />

por migrantes, sobretudo da Bahia e <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Na década <strong>de</strong> 90, a historiadora Maria do Socorro Cabral ajudou a construir essa discussão,<br />

ao discorrer particularmente sobre a já referida frente <strong>de</strong> expansão que partiu do sul, cuja<br />

cultura se formou em estreita interação com os ‘caminhos do gado’, a pecuária extensiva,<br />

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contrastando o norte e o sul do Estado, sob diversos aspectos, como as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<br />

e as visões <strong>de</strong> mundo. O presente trabalho estabelece um balanço <strong>de</strong>ssas três propostas<br />

<strong>de</strong> cartografia cultural do Estado, <strong>de</strong>stacando a caracterização que os três estudiosos fazem<br />

da fronteira amazônica, presente na região meio-norte, não trabalhada intensivamente até<br />

o presente momento pela literatura acadêmica. A zona cabocla foi <strong>de</strong>scrita, sobretudo por<br />

Lopes e Serra, como uma região em que a paisagem e a cultura assumem ares <strong>de</strong> transição,<br />

difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir: entre a floresta e o agreste, o mar e os rios, região em que a mudança e a<br />

adaptação constantes dão o tom aos fazeres e saberes locais.<br />

Palavras-chave: cultura, diversida<strong>de</strong> cultural, cultura cabocla.<br />

Abundância alimentar:<br />

história, mitos e fantasias<br />

Sônia Maria Magalhães<br />

Professora - UFGO<br />

sonia<strong>de</strong>magalhaes@Yahoo.com.br<br />

A incerteza da colheita, condicionada aos <strong>de</strong>sastres naturais, as intempéries climáticas, o esgotamento<br />

do solo, todos os fatores que levam à escassez fizeram a espécie humana a criar narrativas<br />

fantásticas que expressam seu <strong>de</strong>sejo e sua angústia em torno da abundância <strong>de</strong> alimentos.<br />

A fartura <strong>de</strong> alimentos possibilitava a hospitalida<strong>de</strong> e por vezes até o esbanjamento, dando<br />

a idéia <strong>de</strong> recursos ilimitados. As questões envolvendo o enigma da abundância seguem essencialmente<br />

as mesmas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos mitológicos: quem confere abundância e quem<br />

<strong>de</strong>la se beneficia. A abundância existe e po<strong>de</strong> ser usufruída, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se tenha titularida<strong>de</strong> e<br />

acesso a ela. A abundância, para ser percebida, <strong>de</strong>ve conviver com a carência, ou má fortuna,<br />

daqueles que <strong>de</strong>la são <strong>de</strong>spossuídos.<br />

Em algumas socieda<strong>de</strong>s a maior <strong>de</strong>sonra, mais temida que a fome, é ter as <strong>de</strong>spensas vazias e<br />

não po<strong>de</strong>r oferecer nada aos hóspe<strong>de</strong>s. Dessa forma, a função simbólica e social do alimento<br />

parece ser mais <strong>de</strong>terminante que a sua função nutritiva.<br />

Neste sentido, a alimentação torna-se o centro <strong>de</strong> um dos mais vastos complexos culturais,<br />

abrangendo normas, símbolos e representações. A vida, o grupo e o meio se integram e se<br />

unificam, muitas vezes, em função <strong>de</strong>la. E a relação do homem com a alimentação po<strong>de</strong><br />

se consi<strong>de</strong>rar semelhante à sua relação com a linguagem. Ambas obe<strong>de</strong>cem a regras indiscutíveis<br />

e inconscientes, po<strong>de</strong>ndo sofrer modificações com a alteração do ambiente, <strong>de</strong>monstrando<br />

situações sociais, econômicas e religiosas.<br />

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ST 15<br />

A vida ao rés-do-chão – a escrita da história<br />

através <strong>de</strong> crônicas e folhetins<br />

As armadilhas da memória: as crônicas<br />

jornalísticas <strong>de</strong> A.Tito Filho em Teresina<br />

Ana Cristina Meneses <strong>de</strong> Sousa Brandim<br />

Professora-UESPI/Doutoranda-UFPE<br />

acmbrandim@hotmail.com.br<br />

Arimathéia Tito Filho (1924-1992) ficou conhecido em Teresina como o “cronista da cida<strong>de</strong><br />

amada”. Suas produções literárias abordaram arduamente o tema da cida<strong>de</strong> e seus aspectos<br />

sociais e culturais. Foi um incansável em dizê-la através <strong>de</strong> suas ruas, avenidas, espaços<br />

“marginais”, perfis “anormais”, aqueles ditos “folclóricos”, além <strong>de</strong> cheiros, sabores, cotidiano,<br />

moda. Sua forma <strong>de</strong> dizer, <strong>de</strong> narrar, esteve sempre ligada a sua forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

o mundo enquanto espaço possível <strong>de</strong> ser or<strong>de</strong>nado pelo dito e exorcizado pelo tempo. A<br />

fixação em inventar passados fez da envergadura <strong>de</strong> suas crônicas, textos possíveis <strong>de</strong> serem<br />

analisados enquanto produções discursivas que tentam pren<strong>de</strong>r o tempo nas armadilhas da<br />

memória e controlar aquilo que estava fora <strong>de</strong> “or<strong>de</strong>m” ou que não condizia com as diretrizes<br />

do passado. Desta forma, busco analisar as crônicas produzidas por A. Tito Filho no sentido<br />

<strong>de</strong> transpô-las, registrando os vários sentidos que circulam entre o escrito e as formas <strong>de</strong><br />

pensamento, e, principalmente, procurando mostrar o que elas revelam, apontam, manifestam,<br />

enquanto imaginário <strong>de</strong> uma época, buscando um entendimento plural e cultural da<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: A. Tito Filho; crônica; Teresina<br />

Os jesuítas no Maranhão e Grão-Pará<br />

Seiscentista: uma análise sobre as representações<br />

em torno da Missão através da Crônica<br />

do padre João Felipe Bettendorff<br />

Breno Machado dos Santos<br />

Doutorando /PPCIR-UFJF<br />

brenomsantos@ig.com.br<br />

Autor da Crônica dos Padres da Companhia <strong>de</strong> Jesus no Estado do Maranhão escrita durante<br />

os anos finais do século XVII, o padre Bettendorff é consi<strong>de</strong>rado uns dos personagens<br />

mais importantes da Missão jesuítica no Norte da Província do Brasil. De maneira geral,<br />

po<strong>de</strong>-se afirmar que sua obra contém informações diversas sobre a história política, social,<br />

econômica e missionária do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Entretanto, como inúmeros<br />

outros registros jesuíticos, sua obra procura mostrar o avanço da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus e suscitar<br />

novas vocações e apoios variados para o Instituto, sendo as imagens construídas por Bettendorff<br />

capazes <strong>de</strong> condicionar ações e resultados. Tendo escrito sua Crônica para ser lida,<br />

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sobretudo, pelos membros da Or<strong>de</strong>m, o inaciano apresenta a seus confra<strong>de</strong>s uma série <strong>de</strong><br />

episódios exemplares sobre a vida e o trabalho <strong>de</strong> talentosos religiosos no Norte da Província.<br />

Assim, influenciado pelas formulações teórico-metodológicas apresentadas por Roger<br />

Chartier, este estudo preten<strong>de</strong> trabalhar sobre as representações constitutivas dos jesuítas<br />

em ativida<strong>de</strong> no Estado do Maranhão e Grão-Pará, durante o século XVII, através <strong>de</strong> um<br />

programa <strong>de</strong> investigação sobre as projeções e expectativas da Missão mo<strong>de</strong>ladas pelo padre<br />

João Felipe Bettendorff em sua Crônica.<br />

Palavras-chave: Jesuítas; Amazônia colonial; Representações.<br />

Artificialida<strong>de</strong>s do paraíso mo<strong>de</strong>rno<br />

Camila Pereira<br />

UnB<br />

mila.dpereira@gmail.com<br />

Segundo Paul Valéry, na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ou se muda <strong>de</strong> dose ou <strong>de</strong> veneno. Bau<strong>de</strong>laire, na<br />

busca <strong>de</strong> seus paraísos artificiais, transitava entre várias possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mundo real. A realida<strong>de</strong><br />

em Bau<strong>de</strong>laire era mais que uma questão literária ou estética, era uma questão existencial.<br />

Alterada pela ação <strong>de</strong> alucinógenos, a literatura bau<strong>de</strong>lairiana assume uma dimensão<br />

que ultrapassa a clássica dualida<strong>de</strong> entre histórico e fictício. Já não há como apontar em que<br />

momento esses “mundos” se encontram ao partir do princípio <strong>de</strong> que até o que é consi<strong>de</strong>rado<br />

como realida<strong>de</strong> “convencional” está alterado. Minha proposta é discutir como a percepção<br />

pessoal da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire influencia até hoje nossa forma <strong>de</strong> ver a história do século<br />

XIX e, a partir <strong>de</strong> então, pensar como é problemático acreditar na existência <strong>de</strong> uma protoverda<strong>de</strong><br />

a ser representada na escrita da história.<br />

Sociabilida<strong>de</strong> e cultura em espaços<br />

<strong>de</strong> lazer da capital cearense no início<br />

do século XX (1901 a 1918)<br />

Carla Manuela da Silva Vieira<br />

PUCSP<br />

carlamsv@hotmail.com<br />

Avaliar as práticas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e cultura da capital cearense do início do século XX (1901 a<br />

1918) em seus espaços <strong>de</strong> lazer apresenta-se como uma das formas possíveis para compreen<strong>de</strong>r<br />

a cena da Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> do referido período. A crônica jornalística, que registrava aspectos das<br />

mais diversas or<strong>de</strong>ns, mas, em especial apreço para este estudo, aqueles referentes às socialida<strong>de</strong>s<br />

mundanas, mostra-se como fonte indiscutível às pesquisas <strong>de</strong> tais questões, principalmente<br />

quanto aos jornais <strong>de</strong> maior circulação à época (Jornal do Ceará, Unitário, A República,<br />

Correio do Ceará e Folha do Povo), pois que eram bastante representativos das opostas tendências<br />

políticas <strong>de</strong> Fortaleza e indicam o tom da formação <strong>de</strong> pensamento e opinião da socieda<strong>de</strong><br />

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<strong>de</strong> então. É essa mesma crônica que permite a avaliação dos usos e imagens que se faziam dos<br />

espaços <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> que dispunha a cida<strong>de</strong>, importantes ícones <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e civilida<strong>de</strong><br />

para as elites citadinas, mas, também, significativas vitrines que expunham os profundos contrastes<br />

entre o projeto <strong>de</strong>sses grupos e a realida<strong>de</strong> das classes populares.<br />

Palavras-chave: Sociabilida<strong>de</strong>; Lazer; Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Volkswagen Blues:<br />

uma metaficção historiográfica?<br />

Cristiane Montarroyos Santos Umbelino<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

ane.montarroyos@gmail.com<br />

No romance Volkswagen Blues (1984), do escritor quebequense Jacques Poulin, o diálogo<br />

crítico entre literatura e história se faz presente por meio <strong>de</strong> uma narrativa que reconstrói o<br />

passado. A viagem dos personagens Jack Waterman e Pitsémine, <strong>de</strong> Gaspé (Canadá) até São<br />

Francisco (Estados Unidos), revisita a rota <strong>de</strong> colonizadores e migrantes, nos apresentando,<br />

assim, um novo olhar acerca do processo colonizador. A<strong>de</strong>mais, po<strong>de</strong>mos apreciar um texto<br />

constituído por diversas paisagens e ilustrações que remetem à história oficial da colonização:<br />

“Eles tinham saído <strong>de</strong> Gaspé, on<strong>de</strong> Jacques Cartier havia <strong>de</strong>scoberto o Canadá, [...]<br />

tinham tomado a Trilha <strong>de</strong> Oregon e, seguindo o caminho dos emigrantes do século XIX,<br />

[...] para partir em busca do Paraíso Perdido [...].” (POULIN, 1988, p. 192-3). Portanto, a<br />

análise da relação histórico-literária do romance será fundamentada no que a teórica Linda<br />

Hutcheon (1991) chama <strong>de</strong> metaficção historiográfica, que “representa um <strong>de</strong>safio às formas<br />

convencionais (correlatas) <strong>de</strong> redação da ficção e da história, com seu reconhecimento em<br />

relação à inevitável textualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas formas”. (HUTCHEON, 1991, p. 169).<br />

Palavras-chave: Literatura Quebequense; Colonização; Metaficção Historiográfica.<br />

“E Nós, Para On<strong>de</strong> Vamos?”:<br />

história <strong>de</strong> uma época através <strong>de</strong> crônicas<br />

Edilane Ferreira da Silva<br />

UNEB<br />

edilaneferreira@msn.com<br />

Durante os anos 1980 a população <strong>de</strong> Juazeiro-BA, parava todos os dias às 13 horas para ouvir<br />

o programa radiofônico “E Nós, Para On<strong>de</strong> Vamos?”, no qual eram veiculadas crônicas<br />

produzidas por um grupo <strong>de</strong> juazeirenses. Por essa razão, a pesquisa “E Nós, Para On<strong>de</strong><br />

Vamos?”: história <strong>de</strong> uma época através <strong>de</strong> crônicas, busca reconstruir as paisagens e as sensibilida<strong>de</strong>s<br />

da Juazeiro dos anos 1980, a partir do modo dos autores <strong>de</strong> ver e sentir a realida<strong>de</strong>.<br />

O áudio do programa radiofônico, os temas retratados, a forma como eram abordados e o<br />

próprio fato das crônicas serem utilizadas para retratar o cotidiano, evi<strong>de</strong>nciam as paisagens<br />

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sociais e subjetivas <strong>de</strong> uma época. Essa literatura era produzida a partir da necessida<strong>de</strong> que<br />

os autores tinham <strong>de</strong> expor as suas impressões da realida<strong>de</strong>, por essa razão, as crônicas não<br />

retratam apenas o instante em que foram construídas, elas atravessam o tempo, e fazem das<br />

paisagens e subjetivida<strong>de</strong>s o registro <strong>de</strong> uma história.<br />

Palavras-chave: Crônicas / <strong>História</strong> / Juazeiro<br />

“O potentado e o viajante”: representações<br />

do intelectual na obra <strong>de</strong> Edward W. Said<br />

Elisa Goldman<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> PPGHIS – UERJ<br />

egoldman@uol.com.br<br />

Tomamos como base do presente trabalho; a centralida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>bate acerca do papel do intelectual<br />

na obra do autor palestino Edward W. Said. Este autor vive um dilema na medida em<br />

que preconiza o cosmopolitismo, o hibridismo do entre lugar na suspensão dos binarismos<br />

essencialistas, por outro lado como ativista <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um ethos nacional a partir do engajamento<br />

político no movimento Palestino. Esse dilema po<strong>de</strong> ser observado na sua démarche<br />

teórica inerente ao conjunto da sua obra que abrange <strong>de</strong>s<strong>de</strong> crítica literária a escritos Historiográficos<br />

relacionados à temática Palestina. A representação do intelectual opera como<br />

uma diretriz para as seguintes reflexões: a categoria <strong>de</strong> exílio constitutiva <strong>de</strong> uma metáfora<br />

or<strong>de</strong>nadora da experiência intelectual, a crítica ao nacionalismo <strong>de</strong>fensivo originada na reflexão<br />

pós-colonial e o hibridismo como privilégio epistemológico que informa uma abordagem<br />

do conhecimento.<br />

Palavras-chave: intelectual, Historiografia, Edward W. Said<br />

Memória para a história: o livro Raízes,<br />

<strong>de</strong> Augusto Proença<br />

Eu<strong>de</strong>s Fernando Leite<br />

UFGD<br />

Eu<strong>de</strong>sLeite@ufgd.edu.br<br />

A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta comunicação é explorar as relações entre história e literatura, particularmente<br />

quanto à manifestação <strong>de</strong> eventos convencionalmente <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> históricos no<br />

interior <strong>de</strong> um texto ficcional. Para tal, tomo a produção do escritor corumbaense, Augusto<br />

César Proença, com ênfase numa <strong>de</strong> suas obras: Raízes, cangas e canzis. Além da obra, para a<br />

discussão da problemática, são utilizadas entrevistas <strong>de</strong> história oral, realizadas com o autor<br />

do texto em questão.<br />

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Honorè <strong>de</strong> Balzac: Idéias sobre os<br />

camponeses leitores-não-leitores<br />

na França pós-revolucionária<br />

Eurimar Nogueira Garcia<br />

Mestrando UFG<br />

eurimargarcia@yahoo.com.br<br />

Neste artigo, partindo da perspectiva <strong>de</strong> uma <strong>História</strong> das Idéias, e dos pressupostos <strong>de</strong><br />

Dominick LaCapra, pretendo analisar dialogicamente o pensamento <strong>de</strong> Honoré <strong>de</strong> Balzac,<br />

contido em O médico rural, Os camponeses e O cura da al<strong>de</strong>ia, inseridos nos volumes XIII<br />

e XIV da Comédia Humana (1922) especificamente no que diz respeito ao (a)letramento dos<br />

camponeses da França pós-revolucionária. Sendo assim tento perceber tanto aquilo que foi<br />

pensado (as leituras e não leituras camponesas) por Balzac quanto o não pensado (matizes<br />

<strong>de</strong>ssas leituras) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma leitura dialógica.<br />

A releitura <strong>de</strong> tradições através das<br />

crônicas <strong>de</strong> João do Rio<br />

Fábio Laurandi Coelho<br />

Mestrando - PUC-Rio<br />

fcoelho@ibpinet.com.br<br />

A rotulação excessiva por vezes nos leva a cometer injustiças, como acredito que ocorra no<br />

caso <strong>de</strong> João do Rio. Por alguns consi<strong>de</strong>rado o dândi que realiza uma literatura esgar, o autor<br />

em questão opera uma releitura e um assentamento <strong>de</strong> tradições cotidianas do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

da belle époque, indo <strong>de</strong> certa maneira <strong>de</strong> encontro à sugestão <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>rnização no<br />

conteúdo da literatura. Mas, ao mesmo tempo, dialoga com a dimensão técnica da socieda<strong>de</strong><br />

em que vive, transformando constantemente a estética <strong>de</strong> seu texto.<br />

O papel social das mulheres nas<br />

crônicas <strong>de</strong> Lima Barreto<br />

Getúlio Nascentes da Cunha<br />

Doutorado – UNB/Professor – UFGO/Catalão<br />

getulionascentes@uol.com.br<br />

Apesar <strong>de</strong> ser um autor conhecido pela franca <strong>de</strong>fesa dos menos favorecidos, Lima Barreto era<br />

um homem do seu tempo, partilhando os mesmos preconceitos que marcavam sua época.<br />

No final da década <strong>de</strong> 1910 e início da década <strong>de</strong> 1920, Lima Barreto travou um áspero <strong>de</strong>bate<br />

na imprensa com as feministas em torno do acesso das mulheres ao funcionalismo público.<br />

Preten<strong>de</strong>mos analisar as posições assumidas por Lima Barreto nas crônicas, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

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vista o confronto com suas outras, na tentativa <strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>r suas colocações que<br />

inicialmente sugerem um pensamento bastante conservado em relação às mulheres.<br />

A Construção da I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Nacional<br />

Moçambicana nos Romances <strong>de</strong> Mia Couto<br />

Josilene Silva Campos<br />

Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Goiás<br />

josiueg@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem como objetivos centrais analisar a reconfiguração da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional<br />

moçambicana após a guerra civil e mostrar <strong>de</strong> que forma esse novo discurso é representado<br />

nos romances <strong>de</strong> Mia Couto, nomeadamente: Terra Sonâmbula, A Varanda do Frangipani e<br />

O Último Voo do Flamingo. A literatura é usada como fonte por enten<strong>de</strong>r que ela é um tipo<br />

<strong>de</strong> conhecimento social formado no imaginário, compreendido como i<strong>de</strong>ias e imagens <strong>de</strong><br />

representação que dão significados às i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Esse tipo <strong>de</strong> construção mental possibilita<br />

um acesso privilegiado às sensibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um tempo, às experiências vivenciadas e as<br />

discursivida<strong>de</strong>s construídas. Produz significações que permitem conhecer certas concepções<br />

<strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> e diferentes percepções <strong>de</strong> processo histórico.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> – Literatura – Moçambique<br />

Diário das Alagoas: representação<br />

da Zona da Mata nas crônicas do<br />

jornal na socieda<strong>de</strong> oitocentista<br />

Juliana Alves Andra<strong>de</strong><br />

Doutoranda-UFPE<br />

juliana<strong>de</strong>andra<strong>de</strong>e@hotmail.com<br />

O presente trabalho tem por objetivo analisar a partir das crônicas jornalísticas <strong>de</strong> Craveiro<br />

Costa e Caroatá, as leituras e interpretações fábricas sobre modos e costumes dos homens,<br />

mulheres do Vale do Paraíba do Meio, Zona da Mata Alagoana no período <strong>de</strong> 1870 - 1889.<br />

Para isso, observaremos os artifícios utilizados pelos dois autores, para construir uma imagem<br />

do espaço, como berço da intelectualida<strong>de</strong> alagoana.<br />

Uma crônica <strong>de</strong> costumes em Florianópolis:<br />

a coluna do Beto<br />

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Leani Bud<strong>de</strong><br />

UFSC<br />

leani8@yahoo.com.br<br />

Uma crônica <strong>de</strong> costumes, em forma <strong>de</strong> textos variados, geralmente pequenas notas, numa<br />

coluna “social” do principal jornal da cida<strong>de</strong>, marca o registro do cotidiano das transformações<br />

políticas, históricas, culturais e sociais verificadas em Florianópolis a partir <strong>de</strong> 1970.<br />

Intitulada “Coluna do Beto” assinada pelo jornalista Sérgio Roberto Stodieck, que se dizia<br />

colunista “sociológico”, mostrava <strong>de</strong> forma irreverente episódios relacionados a políticos, a<br />

socieda<strong>de</strong> local e aos costumes <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> então (ainda) provinciana, mas que rapidamente<br />

se transformava. Crítico do seu tempo, tornou-se uma referência histórico/cultural<br />

no jornalismo catarinense que <strong>de</strong>ixou uma lacuna, já que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua morte, em 1990, a<br />

crônica irônica e <strong>de</strong>bochada do cotidiano local per<strong>de</strong>u espaço na imprensa da cida<strong>de</strong>. Preten<strong>de</strong>-se<br />

neste trabalho apresentar textos e notas do colunista como documentos para o<br />

estudo <strong>de</strong> uma época, pois permitem recuperar importantes aspectos da história cultural<br />

<strong>de</strong> Florianópolis, notadamente dos anos 1970 a 1990. Entre as concepções teóricas a serem<br />

consi<strong>de</strong>radas estão noções <strong>de</strong> história e memória observadas por Le Goff (1992). O trabalho<br />

abordará as crônicas como paradigma das transformações do espaço político/cultural <strong>de</strong><br />

uma cida<strong>de</strong>, tal como antevia o <strong>de</strong>bochado colunista.<br />

Crimes <strong>de</strong> Marias: Um outro olhar<br />

sobre a mulher goiana<br />

Lúcia Ramos <strong>de</strong> Souza<br />

PUC - Goiás<br />

luciahistoria@hotmail.com<br />

Através dos relatos extraídos dos interrogatórios <strong>de</strong> mulheres rés dos processos-crimes da<br />

segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, encontrados na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, busca-se analisar cotidianos<br />

e comportamentos das mulheres goianas que revela um <strong>de</strong>scompasso entre a moralida<strong>de</strong><br />

oficial e a realida<strong>de</strong> vivida por elas, mulheres do povo frente às práticas discursivas da época<br />

e da leitura feita <strong>de</strong>las pelos viajantes europeus, <strong>de</strong>ntre eles Saint -Hilaire. Este trabalho<br />

utiliza-se <strong>de</strong> teóricos como Michelle Perrot, Rachel <strong>de</strong> Soihet, Joan Scott e Maria Odila Leite<br />

da Silva Dias.<br />

Palavras-chave: mulher, cotidiano, crime.<br />

O Encontro Marcado <strong>de</strong> Fernando Sabino:<br />

literatura, história e memória<br />

Lucilia <strong>de</strong> Almeida Neves Delgado<br />

Professora Doutora - UNB<br />

lucilianeves@terra.com.br<br />

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Análise sobre o tempo <strong>de</strong> construção da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no Brasil, consi<strong>de</strong>rando duas etapas:<br />

as décadas <strong>de</strong> 1920 e 1930, que i<strong>de</strong>ntificamos como o primeiro tempo do ser mo<strong>de</strong>rno e as<br />

décadas <strong>de</strong> 1940 e 1950, que i<strong>de</strong>ntificamos como segunda fase <strong>de</strong> expressão construtiva <strong>de</strong><br />

uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> tardia que compreen<strong>de</strong> diferentes esferas, tais como: cultural, política e<br />

econômica. Na primeira fase são <strong>de</strong>stacadas manifestações <strong>de</strong> construções mo<strong>de</strong>rnistas que<br />

se expressam na industrialização, no urbanismo, nas artes plásticas e nas letras. Nessa conjuntura,<br />

analisaremos as propostas literárias da Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna que se atualizaram<br />

e se renovaram na segunda fase caracterizada por efervescente movimentação e renovação<br />

cultural, expressas, por exemplo, na literatura, música, teatro e cinema. Nesse tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentismo<br />

a literatura ganhou enorme projeção e alguns escritores se <strong>de</strong>stacaram,<br />

tanto por sua marca mo<strong>de</strong>rnista, inspirada na primeira fase do mo<strong>de</strong>rnismo, quanto pela<br />

atualização <strong>de</strong> sua escrita. Entre os livros <strong>de</strong>ssa geração, escolhemos analisar “O Encontro<br />

Marcado <strong>de</strong> Fernando Sabino”, publicado no ano <strong>de</strong> 1956. O livro <strong>de</strong> Sabino expressa o encontro<br />

do tempo do <strong>de</strong>senvolvimentismo/<strong>História</strong>, com o tempo da memória/construção<br />

<strong>de</strong> lembranças e do esquecimento. Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ethos <strong>de</strong> uma geração, temporalida<strong>de</strong> e<br />

representação social são temas presentes em uma obra literária que fala da vida privada e da<br />

nostalgia, além <strong>de</strong> traduzir os modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> um tempo histórico específico.<br />

Crônicas “Na Rua do Ouvidor:” o imperceptível<br />

e o sensível na leitura da cida<strong>de</strong><br />

Marina Haizenre<strong>de</strong>r Ertzogue<br />

Doutorado – USP/Professora – UFTO/Pesquisadora do CNPq<br />

marina@uft,edu.br<br />

Este texto aborda a Rua do Ouvidor, a principal artéria da capital do império, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

através da escrita <strong>de</strong> seus cronistas: Gregório <strong>de</strong> Almeida e Arthur Azevedo, entre outros. A rua,<br />

na época era um beco estreito e mal calçado, entretanto, ela era consi<strong>de</strong>rada palco dos acontecimentos<br />

sociais e políticos do país. A rua que abrigava casas comerciais, café e confeitarias<br />

on<strong>de</strong> se reunia o high-life fluminense e as últimas novida<strong>de</strong>s vindas da Europa, ditava moda e<br />

costumes. Nessa rua também se popularizou a figura do flanêur parisiense <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire, que se<br />

confundia com o cronista da cida<strong>de</strong>, o jornalista e o repórter. As crônicas sobre a Rua do Ouvidor<br />

publicadas na imprensa carioca registram o imperceptível e o sensível na cida<strong>de</strong>.<br />

Cartas <strong>de</strong> favorecimento:<br />

missivas e ensino nas Minas coloniais<br />

Paulo Miguel Moreira da Fonseca<br />

Professor <strong>de</strong> <strong>História</strong> do IFPE<br />

paulommf@gmail.com<br />

A presente comunicação visa analisar as singularida<strong>de</strong>s do território mineiro colonial no que<br />

se refere às questões relativas à educação e ao ensino religioso e leigo. Para isso, utilizaremos<br />

como fonte principal <strong>de</strong> pesquisa um conjunto <strong>de</strong> cartas proveniente da Coleção Casa dos<br />

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Contos da Biblioteca Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro, que tratam da educação leiga e das formas <strong>de</strong><br />

acesso a essa educação pela população das Minas. Através das cartas dirigidas a João Rodrigues<br />

<strong>de</strong> Macedo, percebemos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxílio que ajudava a sustentar estudantes mineiros no<br />

ensino das primeiras letras até os Estudos Superiores em Coimbra. Irradiada pelo contratador<br />

Macedo, essa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos e favores atravessou gerações <strong>de</strong> colonos, utilizando um tipo <strong>de</strong><br />

comunicação que, <strong>de</strong>vido a sua natureza, ora nomeamos “cartas <strong>de</strong> proteção”.<br />

A <strong>História</strong> e as histórias <strong>de</strong> Machado<br />

<strong>de</strong> Assis nas críticas e crônicas <strong>de</strong> folhetins<br />

Paulo Thiago Santos Gonçalves da Silva<br />

Faculda<strong>de</strong> CIMAN/JK<br />

paulotsg@hotmail.com<br />

A historiografia sobre o Brasil oitocentista é amplamente marcada pelas discussões sobre a<br />

formação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional que se articula com o projeto imperial <strong>de</strong> consolidação<br />

da Nação e que tem no IHGB o lugar institucionalmente autorizado para a execução <strong>de</strong>ssa<br />

missão. A partir da criação do IHGB, a história ali produzida se revestiu <strong>de</strong> um caráter oficial<br />

e se encarregou <strong>de</strong> escrever a história pátria, apta a forjar um passado comum, capaz <strong>de</strong> imprimir<br />

unida<strong>de</strong> a um país marcado pelo regionalismo e suas disputas. Mas, se a historiografia<br />

oitocentista é um campo rico <strong>de</strong> fontes que nos facilitam compreen<strong>de</strong>r como se dá o processo<br />

<strong>de</strong> objetivação da nação e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, ela não é única. Intimamente atrelada à<br />

história, nesse período, a literatura se constituiu como lugar privilegiado <strong>de</strong> profusão e <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>de</strong> imagens sobre o Brasil. Atento a esses <strong>de</strong>bates, em quase duas décadas <strong>de</strong><br />

publicações <strong>de</strong> críticas e crônicas em jornais e folhetins, Machado <strong>de</strong> Assis nos presenteia<br />

com um apurado e irônico olhar sobre os acontecimentos que o cercam, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado<br />

os <strong>de</strong>bates que circulam em torno da nação. Assim, seus escritos se tornam fontes que possibilitam<br />

olhares outros e que nos revelam que uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> não se constitui apenas nos<br />

espaços institucionais.<br />

Palavras chaves: <strong>História</strong>, Literatura, Machado <strong>de</strong> Assis.<br />

A reafirmação da lei através da<br />

transgressão na literatura sadiana<br />

Rafaela Nichols Calvão<br />

Mestranda – UFRJ/Bolsista CAPES<br />

rafaela_nichols@yahoo.com.br<br />

A subversão da lei é um dos fundamentos para o prazer dos personagens criados pelo Marquês<br />

<strong>de</strong> Sa<strong>de</strong>. Esse prazer é fruto <strong>de</strong> atos transgressores, como o roubo ou o assassinato. A<br />

transgressão necessita da lei para po<strong>de</strong>r existir, sem ela não há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> violação.<br />

Partindo <strong>de</strong>sse pressuposto, po<strong>de</strong>mos afirmar que os atos transgressivos dos personagens<br />

sadianos reafirmam a lei. A violação e a proibição são complementares, e juntas formam um<br />

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conjunto que <strong>de</strong>fine a vida social. A transgressão é a exceção necessária para que possa existir<br />

a lei. Sa<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a existência da lei em seus livros, através da idéia <strong>de</strong> um equilíbrio da<br />

Natureza, na qual ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a Natureza segue apenas esse princípio, e não a noção <strong>de</strong><br />

bonda<strong>de</strong>, idéia divulgada em sua época.<br />

Palavras-chave: Transgressão, Lei e Marquês <strong>de</strong> Sa<strong>de</strong><br />

Controverso conflito: a Guerra do Paraguai<br />

(1865-1870) nas crônicas <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis<br />

Tiago Gomes <strong>de</strong> Araújo<br />

Doutorando UnB - Professor Faculda<strong>de</strong> CIMAN - DF<br />

tiagohistoria@pop.com.br<br />

Esta reflexão preten<strong>de</strong> apresentar algumas possibilida<strong>de</strong>s analíticas para a interpretação<br />

histórica da Guerra do Paraguai, conflito que envolveu Brasil, Argentina e Uruguai contra o<br />

Paraguai, privilegiando o estudo das crônicas <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis elaboradas no transcorrer<br />

e após as ações bélicas. Além <strong>de</strong> incitar a promissora relação interdisciplinar entre <strong>História</strong> e<br />

Literatura enquanto campos do conhecimento, ressalto a riqueza <strong>de</strong> elementos evi<strong>de</strong>nciados<br />

pelas fontes literárias. Reforço a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>rmos estes materiais como instrumentos<br />

válidos e sugestivos para os estudos históricos. Nessa medida, apresento duas opiniões<br />

diversas do Bruxo do Cosme Velho sobre o conflito platino, dotado <strong>de</strong> emoções ufanistas e<br />

posteriormente, questionadoras dos próprios embates.<br />

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ST 16<br />

Literatura e socieda<strong>de</strong> – produção,<br />

circulação e recepção<br />

Interações culturais entre Brasil e Europa:<br />

o movimento simbolista brasileiro<br />

Alexandro Neundorf (UFPR)<br />

alexneundorf@yahoo.com.br<br />

O referente <strong>de</strong>ste trabalho localiza-se no movimento simbolista brasileiro, tomado como<br />

produto <strong>de</strong> diferentes processos culturais e que se ancora nos chamados países centrais da<br />

produção cultural, tais como França, Portugal e Bélgica. Sob outro foco e escala nosso interesse<br />

também recai nos “lugares” on<strong>de</strong> ocorrem os processos <strong>de</strong> transferência, recepção, circulação<br />

e adaptações culturais, entre outros. Nesse aspecto, <strong>de</strong>terminados personagens, <strong>de</strong> certa<br />

forma, “encarnam”, ou elucidam, esses “lugares”. Um problema principal então se encontra na<br />

compreensão das vicissitu<strong>de</strong>s dos processos, acima mencionados, e na relação estabelecida<br />

entre um Simbolismo europeu e o que se <strong>de</strong>senvolve no Brasil, assim como a dinâmica interna<br />

<strong>de</strong> relação entre os <strong>de</strong>mais movimentos locais no país. I<strong>de</strong>ias, visões <strong>de</strong> mundo, concepções<br />

estéticas e filosóficas, acabaram por interferir na recepção e adaptação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> pensamento<br />

e valores simbolistas no Brasil, tornando-o um fenômeno híbrido.<br />

Palavras-chave: simbolismo, transferências culturais, movimentos literários.<br />

Os dois Pedros: uma análise das narrativas<br />

<strong>de</strong> crime no Brasil<br />

Ana Gomes Porto (Unimep)<br />

anagporto@yahoo.com.br<br />

Os produtores <strong>de</strong> livros e jornais começaram a publicar narrativas <strong>de</strong> crime no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a década <strong>de</strong> 1870. Obviamente, histórias <strong>de</strong> criminosos já existiam anteriormente, mas é<br />

a partir <strong>de</strong>ssa década que se po<strong>de</strong> inferir um interesse cada vez mais crescente por essas<br />

narrativas. Assim, criavam-se características próprias <strong>de</strong> publicações e efeitos específicos <strong>de</strong><br />

narrar crimes e criminosos. A intenção nesta comunicação será analisar duas obras sobre um<br />

mesmo criminoso, Pedro Espanhol. A primeira foi escrita por Moreira <strong>de</strong> Azevedo no início<br />

da década <strong>de</strong> 1870, sendo uma das três narrativas do livro Criminosos Célebres. Episódios<br />

Históricos. A segunda foi publicada sob a forma <strong>de</strong> folhetim e livro por José do Patrocínio em<br />

1884: Pedro Espanhol. Romance original. Com essa análise será possível notar as mudanças<br />

em relação à forma <strong>de</strong> construção narrativa <strong>de</strong> cada uma das histórias, as diferenças relacionadas<br />

às publicações e, finalmente, possibilitará uma compreensão em torno da história da<br />

produção <strong>de</strong> narrativas <strong>de</strong> crime no Brasil.<br />

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Em nome do dissenso: Tobias Barreto<br />

e a criação <strong>de</strong> uma opinião pública<br />

alternativa no Brasil Imperial<br />

Aruanã Antonio dos Passos (UEG)<br />

aruanaap@yahoo.com.br<br />

Tobias Barreto <strong>de</strong> Meneses (1839-1889) é consi<strong>de</strong>rado o pai fundador e um dos gran<strong>de</strong>s expoentes<br />

do movimento filosófico-cultural que se avolumou em torno da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />

do Recife (“Escola do Recife”) e que agregou Silvio Romero, Castro Alves, Joaquim Nabuco,<br />

Clóvis Beviláqua, Capistrano <strong>de</strong> Abreu, Graça Aranha <strong>de</strong>ntre outros. Além <strong>de</strong> advogado e<br />

filósofo e poeta. Em vida seus poemas circularam nos jornais <strong>de</strong> Recife, sendo que sua única<br />

obra <strong>de</strong> poesias (Dias e Noites) só fora publicada após sua morte. Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

o fundador do condoreirismo na poesia brasileira os críticos taxam seus poemas <strong>de</strong> “sensualistas”<br />

e “triviais”. Entendido mais como crítico ácido que poeta, Tobias Barreto publicou<br />

alguns jornais mesmo quando viveu por <strong>de</strong>z anos no interior <strong>de</strong> Pernambuco (Escada).<br />

Merece <strong>de</strong>staque o jornal Deutcher Kampf (O lutador alemão). A publicação do jornal todo<br />

em alemão revela a dimensão da crítica <strong>de</strong> Tobias ao Brasil que via na França o gran<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

cultural a servir <strong>de</strong> paradigma. Assim compreen<strong>de</strong>mos a obra poética além dos textos<br />

publicados por Tobias nos jornais como complementares a sua crítica aos intelectuais que<br />

viviam na corte imperial e se sujeitavam a ela. Não à toa Tobias Barreto jamais concordou<br />

em se mudar para a capital e mesmo no interior <strong>de</strong> Pernambuco buscou uma alternativa<br />

para expressar seu pensamento com a pretensão <strong>de</strong> criar uma opinião pública alternativa ao<br />

centralismo cultural da corte imperial. Projeto esse inegavelmente articulado a sua crítica a<br />

cultura nacional, em suas dimensões literárias, filosóficas e políticas.<br />

Júlio Ribeiro e o universo <strong>de</strong> produção e<br />

recepção literárias no Brasil (1870-1890)<br />

Célia Regina da Silveira (UNICAMP)<br />

crs@sercomtel.com.br<br />

Preten<strong>de</strong>-se, nesta comunicação, examinar a recepção da obra literária <strong>de</strong> Júlio Ribeiro pelos<br />

jornais, pela crítica literária e pelo “gran<strong>de</strong> público” das últimas décadas do século XIX, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> (re)compor o universo literário no qual o autor estava englobado. As práticas<br />

<strong>de</strong> leitura com respeito a Padre Belchior <strong>de</strong> Pontes e A Carne, po<strong>de</strong>rão proporcionar indícios<br />

não só dos embates do escritor, mas também como os seus textos foram apropriados pelas<br />

distintas instâncias <strong>de</strong> consagração da época. Portanto, no horizonte da pesquisa busca-se<br />

respon<strong>de</strong>r a seguinte indagação: De que maneira os romances foram lidos pelas distintas<br />

esferas <strong>de</strong> leitores.<br />

Palavras-chaves: Júlio Ribeiro; Romances; Universo <strong>de</strong> Recepção<br />

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Os experimentos <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis<br />

nas páginas <strong>de</strong> A Estação<br />

Daniela Magalhães da Silveira (INHIS - UFU)<br />

danielasilveira@hotmail.com<br />

Machado <strong>de</strong> Assis começou a colaborar no suplemento literário <strong>de</strong> A Estação a partir do número<br />

<strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1879, com a primeira parte do conto “Um para o outro”. Essa participação<br />

durou até 1898, quando publicou “Relógio parado”, conto que, na coletânea Relíquias <strong>de</strong> casa<br />

velha, receberia o título <strong>de</strong> “Maria Cora”. Além <strong>de</strong>ssa contribuição como contista, Machado<br />

ainda publicaria, naquelas mesmas páginas, o romance Quincas Borba. Boa parte daquelas<br />

histórias, para que ganhasse o formato <strong>de</strong> livro, passou por um processo <strong>de</strong> reescrita minucioso.<br />

O objetivo da apresentação será o <strong>de</strong> tentar compreen<strong>de</strong>r as motivações <strong>de</strong>sse literato<br />

como colaborador <strong>de</strong> uma revista com aquele perfil e como suas páginas serviram <strong>de</strong> espaço<br />

<strong>de</strong> experimentação <strong>de</strong> algumas fórmulas literárias que mais tar<strong>de</strong> seriam <strong>de</strong>senvolvidas, por<br />

meio da publicação sob o formato <strong>de</strong> livro ou da possível reescrita <strong>de</strong> novas narrativas.<br />

Palavras-chave: Machado <strong>de</strong> Assis, A Estação, leitura.<br />

Jorge Amado e Pepetela: afinida<strong>de</strong>s e<br />

dissonâncias em Tenda dos Milagres e Mayombe<br />

Derneval Andra<strong>de</strong> Ferreira<br />

<strong>de</strong>rneval.f@hotmail.com<br />

O presente trabalho preten<strong>de</strong> colocar em diálogo duas obras publicadas na segunda meta<strong>de</strong><br />

do século XX, um <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> um singular escritor baiano e outra <strong>de</strong> um escritor angolano,<br />

objetivando investigar as afinida<strong>de</strong>s e dissonâncias presentes nas construções discursivas<br />

dos autores em relação à construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional e da construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

racial. Tenda dos Milagres e Mayombe são o locus <strong>de</strong>sta pesquisa, tendo em vista que, a literatura<br />

reflete as relações do homem com o mundo e com os seus semelhantes. Por isso, as<br />

obras literárias <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado período histórico, ainda que se diferenciem uma das outras,<br />

possuem certas características comuns que as i<strong>de</strong>ntificam, tendo em vista que as relações<br />

se transformam historicamente e a literatura é sensível às peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada época,<br />

aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> encarar a vida, <strong>de</strong> problematizar a existência, <strong>de</strong> questionar a realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

organizar a convivência social.<br />

Palavras- chave: Literatura; <strong>História</strong>; Jorge Amado e Pepetela.<br />

Dom Casmurro: memória, narrativa<br />

e hierarquia social<br />

Jefferson Cano<br />

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jeffersoncano@hotmail.com<br />

Nesta comunicação preten<strong>de</strong>-se analisar os possíveis significados <strong>de</strong> Dom Casmurro, <strong>de</strong><br />

Machado <strong>de</strong> Assis, consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> uma dupla perspectiva: por um lado, a presença <strong>de</strong> significados<br />

sociais na narrativa é discutida por meio da construção da posição <strong>de</strong> um narrador<br />

claramente marcado pela sua classe; por outro, sugere-se que tal entendimento do romance<br />

divergia <strong>de</strong> sua recepção contemporânea, a qual era, em certa medida, limitada pelos significados<br />

estéticos disponibilizados pela experiência <strong>de</strong> seus primeiros leitores.<br />

Dois irmãos <strong>de</strong> Milton Hatoum:<br />

um olhar que vem do Norte<br />

Kárita Aparecida <strong>de</strong> Paula Borges<br />

Mestre em Teoria Literária pela UnB<br />

karitaunb@gmail.com<br />

O intuito do presente trabalho é averiguar a construção narrativa da obra Dois irmãos (2000),<br />

do escritor amazonense, <strong>de</strong> origem libanesa, Milton Hatoum, como produção artística pertencente<br />

ao corpus da tradição literária brasileira e os possíveis questionamentos suscitados<br />

em torno <strong>de</strong>ssa mesma tradição. Nesta análise da obra literária, preten<strong>de</strong>-se compreendê-la<br />

atrelada ao contexto sócio-histórico, não como representação do real enquanto documentário,<br />

mas perceber a realida<strong>de</strong> como instrumento (matéria-prima) que o escritor utiliza para<br />

recriar, transfigurar, por meio <strong>de</strong> um discurso ficcional, a realida<strong>de</strong> em que se insere. Desse<br />

modo, sabe-se que é estreita a relação entre literatura e os fatores sociais no processo criativo<br />

<strong>de</strong> um escritor, ao se consi<strong>de</strong>rar que, por meio <strong>de</strong> uma redução estrutural, a literatura produz<br />

um mundo à parte e transfigura, por modo estético-i<strong>de</strong>ológico, a realida<strong>de</strong>. Com essa ressalva,<br />

faz-se necessário inferir a noção <strong>de</strong> espaço geográfico (no caso específico o território<br />

amazônico brasileiro) como veículo problematizador das relações sociais no âmbito da obra<br />

hatouniana em questão, haja vista que tal concepção propicia uma narrativa ambientada<br />

na Manaus das décadas <strong>de</strong> 1910 a 1960 (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim do Ciclo da Borracha, passando pela 2ª<br />

Guerra Mundial até a ditadura militar com O Golpe <strong>de</strong> 64). Desse modo, tem-se a narrativa<br />

contemporânea Dois irmãos como produção artística que engendra uma interpretação do<br />

Brasil na medida em que os processos históricos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada época em Manaus e,<br />

também no restante do país, são revelados pelo olhar <strong>de</strong> um arguto observador (o narradorpersonagem<br />

Nael).<br />

A literatura e o mercado <strong>de</strong> bens simbólicos<br />

Dra. Larissa Warzocha Fernan<strong>de</strong>s Cruvinel (UEG)<br />

larissacruvinel@hotmail.com<br />

Dra. Poliene Soares dos Santos Bicalho (UEG)<br />

poliene.soares@hotmail.com<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é refletir sobre o papel do mercado editorial na circulação e pré<strong>de</strong>terminação<br />

da obra literária. Para isso, partiremos <strong>de</strong> uma conhecida coleção <strong>de</strong> narrativas<br />

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voltadas para o público leitor jovem, a Série Vaga-Lume, da editora Ática, que surgiu na década<br />

<strong>de</strong> 1970 e, até os dias atuais, alcança um gran<strong>de</strong> aceite nas escolas e vendas expressivas<br />

no mercado editorial. A literatura juvenil se apresenta como uma arte em trânsito entre a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>, a preocupação <strong>de</strong> atrair o público alvo e a pressão das editoras<br />

para conseguir altos índices <strong>de</strong> vendas. Neste sentido, faz-se necessário refletir sobre as confluências<br />

da obra <strong>de</strong> arte ligada, na contemporaneida<strong>de</strong>, aos padrões impostos pelo mercado<br />

e a qualida<strong>de</strong> estética. Tendo em vista esses norteamentos, analisaremos a obra Açúcar Amargo,<br />

<strong>de</strong> Luiz Puntel, publicada na Série em 1986, e que narra a trajetória <strong>de</strong> uma adolescente<br />

em meio aos conflitos familiares e à exploração dos trabalhadores dos canaviais, para observar<br />

como as normas do mercado po<strong>de</strong>m interferir na tecitura literária.<br />

Entre a pena e a tribuna: os enlaces do discurso<br />

político e literário <strong>de</strong> uma intelectual capixaba,<br />

Judith Leão Castello (1898-1982)<br />

Lívia <strong>de</strong> Azevedo Silveira Rangel<br />

Mestranda em <strong>História</strong> Social das Relações Políticas (UFES)<br />

liviaasrangel@hotmail.com<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é discutir a contiguida<strong>de</strong> entre a linguagem política e a linguagem<br />

literária <strong>de</strong> uma das mais proeminentes figuras da intelectualida<strong>de</strong> feminina capixaba, a<br />

educadora, política e literata Judith Leão Castello. Nascida no Espírito Santo, no ano <strong>de</strong> 1898,<br />

esta escritora também se <strong>de</strong>stacou como colaboradora da revista Vida Capichaba – órgão<br />

da imprensa local fundado em 1923. A proposta será a <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, a partir dos textos que<br />

publicou no respectivo periódico, os pontos <strong>de</strong> interseção estabelecidos entre sua prática<br />

literária e sua posterior inserção no mundo político, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a a<strong>de</strong>são ao movimento feminista<br />

até o <strong>de</strong>sfecho como <strong>de</strong>putada estadual. Para se pensar tal transição parte-se da noção <strong>de</strong> que<br />

os discursos literários, assim como os discursos políticos, só fazem sentido enquanto observados<br />

como resultado <strong>de</strong> uma negociação entre quem emite o discurso e o seu meio social.<br />

E, por esta abordagem, torna-se indispensável consi<strong>de</strong>rar o papel da imprensa na formação<br />

<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, que permite constituir tanto circuitos <strong>de</strong> divulgação quanto <strong>de</strong><br />

circulação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, advindas <strong>de</strong> diversos diálogos socialmente construídos.<br />

Palavras-chave: Discurso Literário; Discurso Político; Intelectualida<strong>de</strong> Feminina<br />

Capixaba<br />

Construção da memória e resistência<br />

na autobiografia “Diário <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tento”<br />

Marcela <strong>de</strong> Paolis (USP)<br />

ma.paolis@uol.com.br<br />

O livro “Diário <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tento”, publicado em 2001, é uma autobiografia sobre a trajetória pri-<br />

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sional do autor. Preso durante o período <strong>de</strong> 1994 a 1998, Jocenir se apresenta como mais um<br />

preso comum que procura <strong>de</strong>screver o cotidiano das prisões paulistanas por on<strong>de</strong> passou.<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> não transitar no meio literário ou <strong>de</strong> ter qualquer familiarida<strong>de</strong> anterior com<br />

o trabalho da escrita, Jocenir se empenha na elaboração e publicação <strong>de</strong>sse livro. Quais os<br />

motivos que o levam nessa empreitada; qual o diálogo <strong>de</strong>ssa publicação com outras semelhantes;<br />

e a repercussão <strong>de</strong> sua obra na imprensa serão os eixos da comunicação proposta.<br />

Escrever sob censura<br />

Márcia Abreu<br />

Instituto <strong>de</strong> Estudos da Linguagem - UNICAMP<br />

marcia.a.abreu@gmail.com<br />

A comunicação “Escrever sob censura” preten<strong>de</strong> discutir a elaboração <strong>de</strong> obras literárias no<br />

Antigo Regime luso-brasileiro, consi<strong>de</strong>rando a ação da censura. Ao contrário do que, em<br />

geral, se pensa, os censores não eram responsáveis apenas pela supressão <strong>de</strong> trechos e eliminação<br />

<strong>de</strong> obras. Eles interferiam nos textos, não apenas para cortar passagens suspeitas, mas<br />

para emendar, corrigir e aprimorar alguns dos textos que examinavam. A existência <strong>de</strong> uma<br />

negociação entre censores e autores, assim como a percepção <strong>de</strong> que os censores atuavam<br />

como “revisores” e, em alguns casos, como “co-autores”, têm impacto sobre a compreensão<br />

do processo <strong>de</strong> elaboração das obras literárias. Quantos versos tidos como composições da<br />

mais fina elegância verbal não terão chegado a essa forma a partir da intervenção dos censores?<br />

Quantos romances não <strong>de</strong>verão seu sucesso às negociações com os censores? Noções<br />

<strong>de</strong> autoria, criação individual e gênio criativo po<strong>de</strong>riam ser revistas se consi<strong>de</strong>rado o modo<br />

<strong>de</strong> composição e produção dos textos no Antigo Regime luso-brasileiro.<br />

Palavras-chave: autoria, censura, criação literária.<br />

<strong>História</strong>s famosas <strong>de</strong> presos e prisões<br />

nos jornais cariocas<br />

Marilene Antunes Sant´Anna<br />

Universida<strong>de</strong> Gama Filho<br />

mari.historia@terra.com.br<br />

No início do século XX, as prisões no Rio <strong>de</strong> Janeiro, bem como histórias <strong>de</strong> famosos prisioneiros<br />

ganharam maior visibilida<strong>de</strong> nas páginas dos jornais e da literatura carioca. Nossa<br />

comunicação busca apresentar alguns <strong>de</strong>sses relatos e seus autores, analisando os argumentos<br />

pelos quais tais espaços – principalmente as Casas <strong>de</strong> Correção e Detenção – e seus habitantes<br />

eram observados e encaminhados à opinião pública. Além <strong>de</strong> discutirmos as relações<br />

com teorias científicas do período, esclarecer o perfil dos crimes cometidos na cida<strong>de</strong> e tratar<br />

das tensões <strong>de</strong>senvolvidas com o Estado Republicano no tocante a exclusão e violência <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminados setores da população, as histórias produzidas sobre a vida atrás dos muros das<br />

prisões permitem <strong>de</strong>svendar comportamentos e tradições dos presos - um grupo largamente<br />

estigmatizado no país.<br />

164


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

“A edição é a indumentária do livro”:<br />

Benjamim Costallat e o mercado editorial<br />

carioca na década <strong>de</strong> 1920<br />

Patrícia <strong>de</strong> Souza França (UFRJ)<br />

patricia_franca86@hotmail.com<br />

Em 1923, um dos nomes mais festejados da literatura nacional, Benjamim Costallat, associou-se<br />

a José Miccolis, inaugurando a editora Costallat & Miccolis que, na década <strong>de</strong> 1920,<br />

se tornou famosa pela publicação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> visível apelo popular. Buscando atingir um amplo<br />

público leitor, Costallat e seu sócio dispensaram gran<strong>de</strong> atenção ao tratamento gráfico<br />

<strong>de</strong> seus livros, a fim <strong>de</strong> torná-los atraentes. Investiram nas enca<strong>de</strong>rnações em brochura; nas<br />

capas ilustradas; e nos títulos e enredos sensacionais. O mercado editorial brasileiro vivenciava,<br />

na década <strong>de</strong> 1920, um período <strong>de</strong> profundas transformações e inovações, caracterizado<br />

por uma nova concepção do livro como objeto gráfico industrial. Diante da importância no<br />

cenário cultural carioca da empresa Costallat & Miccolis – cujas publicações atingiam cifras<br />

surpreen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> venda e esgotavam sucessivas edições-, este trabalho preten<strong>de</strong> examinar<br />

a atuação editorial <strong>de</strong> Benjamim Costallat.<br />

Palavras chaves: Benjamim Costallat – mercado editorial – Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Uma Martinha vale uma Lucrécia? - Literatura,<br />

história e anonimato em Machado <strong>de</strong> Assis<br />

Raquel Machado Gonçalves Campos (UFRJ)<br />

raquelmcampos@uol.com.br<br />

Há, na literatura <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, um procedimento que consiste em comparar anônimos<br />

- gente sem importância aparecida em histórias <strong>de</strong> jornais e personagens <strong>de</strong> suas obras<br />

- com gran<strong>de</strong>s personagens históricas ou literárias. É assim que a dor <strong>de</strong> Bentinho diante da<br />

obrigação <strong>de</strong> elogiar Escobar morto é maior que a <strong>de</strong> Príamo, que teve <strong>de</strong> beijar a mão ao assassino<br />

<strong>de</strong> seu filho; ou que a baiana Martinha e seu punhal nada fiquem a <strong>de</strong>ver a Lucrécia,<br />

eternizada por Tito Lívio na <strong>História</strong> <strong>de</strong> Roma. Examinando tal procedimento à luz <strong>de</strong> uma<br />

prática semelhante, dos historiadores brasileiros contemporâneos <strong>de</strong> Machado, trata-se <strong>de</strong><br />

explicitar suas implicações para o estabelecimento <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> história que revoga<br />

a divisão entre memoráveis e con<strong>de</strong>nados ao esquecimento, e que permite que qualquer um<br />

seja pensado como sujeito da história.<br />

Agualusa ven<strong>de</strong>ndo passados e Antunes<br />

nos Cus <strong>de</strong> Judas: literatura e representação<br />

i<strong>de</strong>ntitária no contexto histórico colonial<br />

lusófono pós-mo<strong>de</strong>rno<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Romilton Batista Oliveira (UNEB)<br />

romilton.oliveira@bol.com.br<br />

A memória reorganiza os acontecimentos que abalaram as estruturas sociais das antigas<br />

tradições diante <strong>de</strong> um novo paradigma que traz à tona um novo constructo social: a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

pós-mo<strong>de</strong>rna. Nessa perspectiva, propõe-se aqui investigar os processos <strong>de</strong> construção<br />

<strong>de</strong> memória e das representações i<strong>de</strong>ntitárias no espaço literário, através <strong>de</strong> dois textos vistos<br />

como emblemáticos das relações entre a literatura e os contextos histórico-político-social<br />

que ela evoca. O Ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> Passados, do angolano J. Eduardo Agualusa, e Os Cus <strong>de</strong> Judas,<br />

do português A. Lobo Antunes, tratam <strong>de</strong> momentos e situações da história recente <strong>de</strong> Angola,<br />

envolvendo colonizadores e colonizados em seus dramas em torno da in<strong>de</strong>pendência<br />

do jovem país africano. A pesquisa busca seguir a linha metodológica dos estudos comparados<br />

e apoio teórico em certos conceitos-chave <strong>de</strong> Le Goff (2003), Pollak (1992), Hall (1990),<br />

Bakhtin (1995), Halbwachs (2006), Hutcheon (1991), Iser (1996), entre outros.<br />

Inscrições históricas e literárias em<br />

Cascalho, <strong>de</strong> Herberto Sales<br />

Valter Guimarães Soares<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana<br />

vgsoares@hotmail.com<br />

Nas representações acerca dos territórios i<strong>de</strong>ntitários baianos, on<strong>de</strong> geralmente se entrelaçam<br />

ficção, memória e história, é possível verificar na produção discursiva a presença <strong>de</strong> pelo<br />

menos quatro Bahias: do Recôncavo, do Cacau, a Sertaneja e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta, a do Garimpo. No<br />

caso <strong>de</strong>sta última, <strong>de</strong>staca-se o arquivo <strong>de</strong> textos do escritor Herberto Sales, on<strong>de</strong> se traça um<br />

amplo painel social dos garimpos diamantinos (Cascalho, 1944; Garimpos da Bahia, 1955;<br />

Além dos Marimbus, 1961). A re-escrita da história, não mais pela perspectiva do coronel,<br />

mas dos ditos subalternos (garimpeiros, pauzeiros, prostitutas, retirantes), é um traço marcante<br />

<strong>de</strong>sta escritura, <strong>de</strong>ixando à mostra uma influência do marxismo como forma <strong>de</strong> ver e<br />

dizer a realida<strong>de</strong>, como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> interpretação social e como agenda <strong>de</strong> atuação política.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que uma época não apenas escreve mas também se inscreve nos textos, nesta<br />

comunicação procuro fazer uma leitura do romance Cascalho, procurando perceber como<br />

vai sendo tecida, pela via do discurso literário, esta “outra Bahia”, ao tempo em que, atento<br />

à historicida<strong>de</strong> da produção, busco rastrear as implicações éticas, estéticas e políticas que<br />

habitam a narrativa, um rebento tardio do chamado regionalismo <strong>de</strong> 30.<br />

Entre o nacionalismo e o pensamento<br />

ilustrado: Cultura política, história e<br />

ficção nas representações ambivalentes<br />

<strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queiroz, em Os Maias<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Virgílio Coelho Oliveira (PUC – Minas)<br />

virgiliocoelho@yahoo.com.br<br />

Este artigo propõe uma análise das representações políticas <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queiroz, sobre Portugal<br />

no século XIX. Nessa conjuntura, em que a Europa oci<strong>de</strong>ntal vivia a consolidação <strong>de</strong><br />

muitos dos elementos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, já anunciados nos séculos XV e XVI, Eça <strong>de</strong> Queiroz,<br />

por meio <strong>de</strong> uma escrita primorosa e por vezes “ácida”, tece uma crítica à insípida mo<strong>de</strong>rnização<br />

e ao <strong>de</strong>senvolvimento letárgico da socieda<strong>de</strong> portuguesa dos oitocentos. Partindo do<br />

princípio <strong>de</strong> que a política não se limita ou materializa nos “lugares” convencionais e ou<br />

tradicionais, isto é, partidos e <strong>de</strong>mais componentes sociais ligados às esferas oficiais <strong>de</strong> exercício<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; tomamos uma das principais obras <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queiroz, ou seja, Os Maias,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> analisar as representações políticas queirosianas. O foco será o <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar<br />

as ambivalências <strong>de</strong>ssas representações, na medida em que, se por um lado, Eça <strong>de</strong> Queiroz<br />

consi<strong>de</strong>ra que a socieda<strong>de</strong> portuguesa é altiva, beata e conservadora, <strong>de</strong>vendo abrir-se para<br />

as “luzes” do pensamento ilustrado; por outro, suas representações colocam em relevo a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que tal socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria preservar e resgatar valores tradicionais da nação que em<br />

outrora fora gran<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>rosa.<br />

Mulheres na imprensa: a Revista Feminina<br />

e a luta pelo direito ao voto,<br />

trabalho e instrução (1920-1930)<br />

Virgínia Maria Netto Mancilha<br />

Mestranda em <strong>História</strong> pela Unicamp<br />

v.mancilha@gmail.com<br />

Na primeira meta<strong>de</strong> do século XX, proliferou no Brasil uma série <strong>de</strong> revistas que se <strong>de</strong>dicaram<br />

a refletir sobre o papel da mulher na socieda<strong>de</strong> daquele momento. Nesta comunicação<br />

preten<strong>de</strong>-se analisar como a Revista Feminina (RF), periódico que circulou entre as décadas<br />

<strong>de</strong> 1920 e 1930, construiu e se constituiu como um novo espaço <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> feminina<br />

no campo da imprensa. Em geral, a historiografia atribuiu à RF um caráter exclusivamente<br />

conservador, cujo mote era sustentar uma imagem da mulher mãe/esposa/dona-<strong>de</strong>-casa.<br />

Procuro discutir, porém, que ao longo <strong>de</strong> sua existência a revista se empenhou em diversas<br />

campanhas articuladas por um corpo <strong>de</strong> colaboradoras engajadas na luta pelo direito ao<br />

voto, ao trabalho e à instrução feminina, o que estabeleceu uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interlocução com a<br />

gran<strong>de</strong> imprensa e com os projetos discutidos pelo Senado.<br />

Palavras – chave: Imprensa feminina, Revista Feminina, Questão <strong>de</strong> gênero.<br />

167


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 17<br />

<strong>História</strong> cultural da saú<strong>de</strong> e das doenças – paisagens<br />

educativas e sensibilida<strong>de</strong>s médicas<br />

O beijo maldito: Flávio Maroja<br />

e o gran<strong>de</strong> perigo social<br />

Azemar dos Santos Soares Júnior (UFPB)<br />

azemarsoares@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem por objetivo analisar a divulgação do beijo enquanto “um gran<strong>de</strong> perigo<br />

social” pelo médico sanitarista Flávio Maroja na década <strong>de</strong> 1910. O beijo passou a ser visto<br />

como algo que <strong>de</strong>veria ser evitado constantemente por todos que <strong>de</strong> alguma forma empregasse<br />

o ato como forma <strong>de</strong> carinho. Beijar, po<strong>de</strong>ria comprometer a saú<strong>de</strong> das pessoas, colocar<br />

a vida em risco, em especial, pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias que assolavam o estado da<br />

Paraíba nos primeiros anos do século XX. O beijo tornou-se um sério problema, pois, representava<br />

uma via, um agente <strong>de</strong> fácil contágio <strong>de</strong> doenças. Assim, o discurso do sanitarista<br />

alertava não apenas para os riscos da transmissão <strong>de</strong> doenças, mas, também, para os perigos<br />

políticos associados ao beijo <strong>de</strong> Judas. Metodologicamente, utilizo a <strong>História</strong> Cultural para<br />

problematizar o discurso médico moralizante, que agiam como disciplinador <strong>de</strong> corpos e<br />

educadores da população. Tais discursos podiam ser encontrados em periódicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

circulação no estado, como o jornal A União, atuando como estratégia para normatizar os<br />

diversos segmentos da população.<br />

Palavras chave: Beijo, perigo e <strong>História</strong> Cultural.<br />

Traçando e trançando os caminhos<br />

da saú<strong>de</strong> pública em Araguari<br />

no período <strong>de</strong> 1940 a 1950.<br />

Damaris Naim Marquez (UNICAP)<br />

marquezdamaris@hotmail.com<br />

Milena Karla Silva (UNICAP)<br />

marquezdamaris@hotmail.com<br />

Paula kessy Silva (UNICAP)<br />

marquezdamaris@hotmail.com<br />

Este artigo apresenta resultados parciais da pesquisa sobre saú<strong>de</strong> pública que vem sendo realizada<br />

pelo grupo <strong>de</strong> pesquisa “<strong>História</strong>, Gênero e Cotidiano” composto por professores e alunos da Universida<strong>de</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte Antônio Carlos/UNIPAC - Araguari/MG. No presente trabalho, temos como<br />

objetivos discutir e pontuar questões relativas á saú<strong>de</strong> pública em Araguari, cida<strong>de</strong> do interior<br />

do Triângulo Mineiro, no período <strong>de</strong> 1940 a 1950. Utilizamos como fonte <strong>de</strong> pesquisa as crônicas<br />

do jornal Gazeta do Triângulo, <strong>de</strong> distribuição e circulação local, que discutem a saú<strong>de</strong> pública<br />

araguarina, para apropriação <strong>de</strong> conhecimentos e como facilitador para uma melhor compreen-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

são da relação saú<strong>de</strong>/política/socieda<strong>de</strong>, articulados aos discursos científicos como divulgadores<br />

dos saberes médico-higienistas enquanto estratégias políticas educativas sobre o pensamento<br />

higiênico-sanitarista da época acima mencionada. Percorrer caminhos que permitam refletir sobre<br />

esta complexa questão implica repensar as práticas da saú<strong>de</strong> não como meras mediadoras da<br />

vida/morte, mas, e antes <strong>de</strong> tudo, como práticas atravessadas por relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r constituidoras<br />

<strong>de</strong> posições <strong>de</strong> sujeitos, normativida<strong>de</strong>s, diferenças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe.<br />

Palavras-chave: saú<strong>de</strong> pública – discursos científicos – práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Cida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m: A construção <strong>de</strong><br />

Goiânia e a Psiquiatria<br />

É<strong>de</strong>r Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paula<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

conversecomoe<strong>de</strong>r@hotmail.com<br />

Utilizando-se <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> Michel Foucault, Canguilhem e Bauman este trabalho propõese<br />

a realizar uma análise da construção <strong>de</strong> Goiânia na década <strong>de</strong> 1930 sob o viés da psiquiatria.<br />

Isso se vale dado ao momento histórico específico e sobre as discussões acerca do conceito<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que estava em voga naquele momento. Assim, a contribuição é possibilitar<br />

a visualização da edificação <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>, mediante os discursos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação social que a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> até aquele momento imputava para a socieda<strong>de</strong> goiana. A construção <strong>de</strong> um<br />

sanatório público na cida<strong>de</strong> acontece na década <strong>de</strong> cinquenta, mas é a consolidação das<br />

políticas nascentes pós-revolução <strong>de</strong> 1930.<br />

Reconfigurações, vivências e tessitura<br />

da saú<strong>de</strong> pública em Araguari na década <strong>de</strong> 50<br />

Gilma Maria Rios (UNIPAC)<br />

riosmaria@ig.com.br<br />

Mariana M. Rios (UNIPAC)<br />

mary.mrios@hotmail.com<br />

Lívia Coutinho (UNIPAC)<br />

mary.mrios@hotmail.com<br />

Esta pesquisa representa a concretização <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelo Grupo <strong>de</strong> Pesquisa<br />

“<strong>História</strong>, Gênero e Cotidiano”, composto por docentes e discentes <strong>de</strong> vários cursos da<br />

Universida<strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Antônio Carlos/UNIPAC – campus Araguari. Trabalho que estimula<br />

e testemunha o início do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos caminhos para a pesquisa na UNIPAC.<br />

A proposta <strong>de</strong>sta comunicação é analisar e refletir sobre os percursos históricos, as práticas<br />

sociais e os jogos <strong>de</strong> força que constituem a prática da saú<strong>de</strong> em Araguari. Para atingirmos<br />

esses objetivos, escolhemos como fonte <strong>de</strong> pesquisa os artigos do jornal Gazeta do Triângulo,<br />

referentes à temática “Saú<strong>de</strong> Pública”, que circulou pela socieda<strong>de</strong> araguarina na década <strong>de</strong><br />

50. Este trabalho é fruto do esforço e sensibilida<strong>de</strong> das pesquisadoras que indagaram e in-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

terpretam os indícios <strong>de</strong>ixados por agentes sociais que viveram em um <strong>de</strong>terminado tempo,<br />

procurando apreen<strong>de</strong>r significados. Estes significados vão sendo moldados pela percepção,<br />

das permanências e rupturas, das configurações que atuam como fios condutores explicativos<br />

da história. Assim, ao analisar os discursos científicos como divulgadores dos saberes médico<br />

– sanitaristas, como os artigos do jornal local, estamos <strong>de</strong>scobrindo os fios, tecendo a trama<br />

<strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> pensar e fazer a medicina sanitarista em uma cida<strong>de</strong> do interior mineiro.<br />

Palavras-chave: Saú<strong>de</strong> pública – Araguari – Saberes médico – sanitaristas.<br />

Saú<strong>de</strong>, doença e medicalização:<br />

Uma perspectiva historiográfica<br />

Iêda Moura Silva<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí<br />

iedamourasilva@gmail.com<br />

Com base na implantação e trajetória da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública no Brasil entre fins do<br />

século XIX e meados do século XX, este artigo preten<strong>de</strong> discutir algumas das perspectivas da<br />

historiografia brasileira sobre a saú<strong>de</strong>, doença e medicalização. Entretanto, através das análises<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas produções historiográficas <strong>de</strong>dicada ao tema da saú<strong>de</strong>, abordaremos o<br />

processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e urbanização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas cida<strong>de</strong>s brasileiras, a exemplo <strong>de</strong><br />

São Paulo e Teresina (PI), que face à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública autoritária e<br />

exclu<strong>de</strong>nte, foram medicalizadas.<br />

Palavras- chave: Historiografia. Políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Mo<strong>de</strong>rnização.<br />

O discurso médico-higienista nas<br />

escrituras femininas do segundo império<br />

Iranilson Buriti <strong>de</strong> Oliveira<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong><br />

iran.ch@ufcg.edu.br<br />

“Um banho <strong>de</strong> água fria todas as manhãs é um meio excelente para um refrigério e saú<strong>de</strong>”,<br />

escrevia a missionária Sarah Kalley, nos idos do Segundo Império, mais precisamente em<br />

1866, quando a escritora escreveu o livro “A Alegria da Casa”, um texto voltado para orientações<br />

particularmente das mulheres que integravam a Igreja Evangélica Fluminense, fundada<br />

pelo seu marido, o médico Robert Kalley. A circulação e recepção aos impressos <strong>de</strong> Kalley<br />

foi tanta que o referido livro passou a ser adotado nas escolas fluminenses a partir <strong>de</strong> 1880,<br />

<strong>de</strong>monstrando a circulação do discurso médico-higienista voltado para o ambiente familiar<br />

no cotidiano da população carioca. Esta pesquisa, portanto, visa contribuir com a temática<br />

voltada para a escrita, circulação e recepção <strong>de</strong> discursos moralizadores, higienizadores e<br />

doutrinadores no Segundo Império, problematizando como esse tipo <strong>de</strong> literatura circulava<br />

entre o público leitor brasileiro. A análise do livro “A Alegria da Casa” <strong>de</strong>senha as aproxi-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

mações entre os discursos médico, o religioso e o educacional, tomando como referência<br />

o período compreendido entre 1866 e 1880, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Nessas aproximações, problematizamos<br />

o saber médico na orientação do saber pedagógico e sua recepção no discurso<br />

dos educadores. Para tal análise, iremos dialogar com a teoria que repensa os conceitos <strong>de</strong><br />

leitura e <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> discursos construídos pela Nova <strong>História</strong> Cultural, como estratégia<br />

metodológica para problematizar as formas <strong>de</strong> ler e os modos <strong>de</strong> prescrever a socieda<strong>de</strong><br />

higienizada, civilizada e educada.<br />

Palavras-chave: asseio, higienização, feminino<br />

Palmatória da Saú<strong>de</strong>, Estetoscópio da Educação:<br />

leitura, circulação e recepção dos discursos médico-pedagógicos<br />

na Parahyba (1919-1945)<br />

Iranilson Buriti <strong>de</strong> Oliveira<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong><br />

iran.ch@ufcg.edu.br<br />

Esta pesquisa <strong>de</strong>senha as aproximações entre os discursos médico e o educacional, tomando<br />

como referência temporal o período compreendido entre 1919 e 1945, no Estado da Paraíba.<br />

Nessas aproximações, problematizamos o saber médico na orientação do saber pedagógico e<br />

sua recepção no discurso dos educadores. Como fontes, iremos analisar os escritos <strong>de</strong> políticos<br />

(presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Estado e presi<strong>de</strong>ntes da União) sobre a higiene e a educação sanitária;<br />

os textos jornalísticos e os da Revista Era Nova e da Revista do IHGP assinados por médicos,<br />

educadores e <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s públicas, bem como os documentos referentes às reformas<br />

educacionais no Brasil e na Paraíba no referido período. Para tal análise, iremos dialogar<br />

com a teoria que repensa os conceitos <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> discursos construídos<br />

pela Nova <strong>História</strong> Cultural, como estratégia metodológica para problematizar as formas <strong>de</strong><br />

ler e os modos <strong>de</strong> prescrever a Paraíba higienizada, civilizada, mo<strong>de</strong>rna e educada.<br />

Palavras-chave: saú<strong>de</strong>, educação, Paraíba.<br />

Juventu<strong>de</strong> Transviada. Alguns aspectos<br />

médicos-sociais(1950-1960)<br />

Lidia Noemia Santos<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> (PUC-SP)<br />

lidianoemia@uol.com.br<br />

Em mil 1966, Napoleão L. Teixeira, médico das forças armadas e professor do curso <strong>de</strong> medicina<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná tem seu livro Juventu<strong>de</strong> Transviada. Alguns aspectos<br />

da problemática médico-social publicado pelas Edições Letras Províncias. Ao longo do texto,<br />

o autor busca explicar porque jovens e adolescentes, inclusive <strong>de</strong> boa formação familiar e<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

educacional, estão se tornando transviados. Dez explicações conclusivas para os <strong>de</strong>svios <strong>de</strong><br />

comportamento juvenil são apontados, motivos que vão da prática <strong>de</strong> assistir filmes hollywoodianos<br />

ao consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas. Fonte inédita nos estudos acadêmicos sobre<br />

a juventu<strong>de</strong>, o livro <strong>de</strong> Napoleão Teixeira se revela uma fonte preciosa para compreensão<br />

da atuação das gangues juvenis e da juventu<strong>de</strong> transviada no Brasil. A opção por uma análise<br />

pautada em argumentos médicos é reveladora pois expressa um momento <strong>de</strong> inqueitação da<br />

socieda<strong>de</strong> em saber como tratar com seus filhos ditos rebel<strong>de</strong>s. Além disso, é um vestígio do<br />

como se constrói uma psiquiatria e uma psicologia no Brasil, direcionadas especificamente<br />

para o tratamento dos jovens e dos adolescentes, ainda hoje estigmatizados pela possível<br />

indolênscia prórpia da pouca ida<strong>de</strong>.<br />

Rompendo correntes e gra<strong>de</strong>s: o sanatório<br />

meduna como novo espaço psiquiátrico em<br />

teresina na década <strong>de</strong> 1950<br />

Márcia Castelo Branco Santana<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Piauí-UESPI<br />

marcinhacbs51@hotmail.com<br />

À medida que as mudanças começaram a se avolumar Teresina em relação ao saber médico e<br />

sua importância para a constituição <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais civilizada foi se formulando entre<br />

os teresinenses a idéia <strong>de</strong> um tratamento mais humanizado para os doentes mentais. Tal<br />

imagem se consolidaria entre os teresinenses na década 1950, bem como o que se entendia<br />

por loucura. Assim, o trabalho objetiva compreen<strong>de</strong>r como se formularam a construção dos<br />

discursos e ações normatizadoras do comportamento para homens e mulheres na socieda<strong>de</strong><br />

teresinense dos anos 1950. Como fontes para elaboração do trabalho, utilizamos as fichas<br />

<strong>de</strong> internação dos pacientes do Sanatório Meduna internados na década <strong>de</strong> 1950, artigos,<br />

poemas e reportagens, sobre o Sanatório, publicados no jornal O Dia e no Diário Oficial<br />

do Piauí. A análise das fontes foram <strong>de</strong>lineadores do que era registrado como sintomas <strong>de</strong><br />

loucura e a inteligibilida<strong>de</strong> da doença, o que nos possibilitou compreen<strong>de</strong>rmos as nuances<br />

do saber psiquiátrico e a configuração <strong>de</strong> um novo espaço <strong>de</strong>sse saber em Teresina.<br />

Palavras-chave: Teresina. Psiquiatria. Sanatório Meduna<br />

A santa casa <strong>de</strong> misericórdia <strong>de</strong> cuiabá<br />

e os enterramentos dos pobres na cida<strong>de</strong><br />

no limiar do século XX<br />

Maria Aparecida Borges <strong>de</strong> Barros Rocha (UFG)<br />

mabbrocha@yahoo.com.br<br />

O artigo tem por objetivo apresentar uma discussão sobre a atuação da Santa Casa <strong>de</strong> Miser-<br />

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icórdia da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuiabá no nascente século XX e suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento aos<br />

pobres quando eles se <strong>de</strong>paravam com infortúnios como a doença e a morte, assim como<br />

seu trabalho referente aos serviços funerários da cida<strong>de</strong>. A Misericórdia era reconhecida<br />

como irmanda<strong>de</strong> da elite, pois, aglutinava entre seus irmãos pessoas da mais alta estirpe,<br />

no entanto, seu Compromisso a diferenciava das <strong>de</strong>mais irmanda<strong>de</strong>s, pois além <strong>de</strong> propor<br />

atendimento aos irmãos, quando diante da morte propunha também a obrigação <strong>de</strong> prestar<br />

socorro aos pobres e <strong>de</strong>svalidos. O <strong>de</strong>senrolar do processo <strong>de</strong> construção, transferência dos<br />

enterramentos e por último a questão da secularização dos Cemitérios Públicos da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Cuiabá em andamento na Assembléia Provincial e na Câmara Municipal contarão com<br />

atuação da Misericórdia e <strong>de</strong>mais irmanda<strong>de</strong>s religiosas da cida<strong>de</strong>. A prática <strong>de</strong> atuação da<br />

Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>de</strong> Cuiabá se assemelhará à <strong>de</strong> outras instituições com o mesmo<br />

nome e os mesmos propósitos, como a Santa Casa <strong>de</strong> São Paulo e a Santa Casa da Bahia, que<br />

como em Cuiabá aten<strong>de</strong>rão os pobres e também procurarão <strong>de</strong>ter o monopólio dos serviços<br />

funerários <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s.<br />

Palavras-chave: Misericórdia; Morte; Enterramentos.<br />

Medicina popular e saber médico no Real Hospital<br />

Militar <strong>de</strong> Vila Boa <strong>de</strong> Goiás, 1750-1832<br />

Mônica Paula Age<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> UFG, Mestre em <strong>História</strong> UFG, pesquisadora sobre <strong>História</strong> da<br />

Medicina, Gênero e educação<br />

socmonic@bol.com.br<br />

Este trabalho representa o resultado parcial <strong>de</strong> minha pesquisa, que ora <strong>de</strong>senvolvo, sobre o<br />

Real Hospital Militar <strong>de</strong> Vila Boa <strong>de</strong> Goiás, 1750-1832. Através da pesquisa documental e do<br />

diálogo interdisciplinar, preten<strong>de</strong>-se analisar a presença dos conhecimentos médico e popular<br />

na cura dos doentes quando acamados no Hospital Militar vilaboense. Consi<strong>de</strong>ra-se, no<br />

presente estudo, a influência do saber médico-científico lusitano bem como os aspectos peculiares<br />

da medicina colonial brasileira: número <strong>de</strong> médicos insuficientes, ausência <strong>de</strong> cirurgiões<br />

e medicamentos, a impopularida<strong>de</strong> do ambiente hospitalar e o universo das práticas<br />

e valores populares relativos à cura. Crê-se que o estudo ora empreendido contribui com<br />

a história da medicina, com o fazer história e, ao mesmo tempo, privilegia um setor social<br />

ainda pouco valorizado na historiografia goiana: a área da saú<strong>de</strong>.<br />

“Entalados e estalecidos”: o sertão e seu<br />

habitante sob a ótica das narrativas<br />

<strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> Arthur Neiva e Belisário<br />

Penna ao Nor<strong>de</strong>ste do Brasil – 1912<br />

Pávula Maria Sales Nascimento<br />

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Vale do São Francisco<br />

pavulamaria@yahoo.com.br<br />

Em 1912 três expedições científicas financiadas a serviço da Inspetoria <strong>de</strong> Obras contra a Seca<br />

foram realizadas pelo Instituto Oswaldo Cruz ao interior do Nor<strong>de</strong>ste com o objetivo <strong>de</strong> realizar<br />

estudos sobre as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das populações do sertão. A terceira expedição,<br />

que teve como figuras centrais os médicos Belisário Penna e Arthur Neiva, foi realizada entre<br />

março e outubro <strong>de</strong> 1912, percorrendo o norte da Bahia, o su<strong>de</strong>ste e sul do Piauí e o estado<br />

<strong>de</strong> Goiás. A viagem <strong>de</strong> Neiva e Penna foi registrada em diários <strong>de</strong> viagem e em fotografias<br />

on<strong>de</strong>, além das <strong>de</strong>scrições relativas às condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população sertaneja, são <strong>de</strong>lineadas<br />

também as condições higiênicas das localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo com os preceitos médicohigienistas<br />

em voga na época. Este trabalho tem como objetivo compreen<strong>de</strong>r as narrativas <strong>de</strong><br />

cunho etnográfico presentes no relatório da “Viajem científica pelo Norte da Bahia, sudoeste<br />

<strong>de</strong> Pernambuco, sul do Piauhí e <strong>de</strong> norte a sul <strong>de</strong> Goiaz” à luz da medicina, bem como sob a<br />

ótica dos pesquisadores que tinham como missão levar a ciência às populações mais afastadas<br />

da “civilização”.<br />

Palavras-Chave: Medicina, Nor<strong>de</strong>ste, Higienização.<br />

Narrativas <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> familiares <strong>de</strong> doentes<br />

<strong>de</strong> tuberculose em Campina Gran<strong>de</strong>-PB<br />

Regina Coelli Gomes Nascimento<br />

TUTORA/PET/HISTORIA/UFCG<br />

reginacgn@gmail.com<br />

Nesta pesquisa analisamos questões relacionadas ao preconceito enfrentado por doentes<br />

com tuberculose na década <strong>de</strong> 1970 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong>-PB. Buscamos problematizar<br />

as narrativas que circularam, <strong>de</strong>marcar os lugares e as diferenças entre os sujeitos no<br />

espaço doméstico e social. Embasados nos pressupostos pensados por Michel <strong>de</strong> Certeau<br />

acerca das práticas cotidianas, as histórias narradas serão analisadas a partir <strong>de</strong> um lugar<br />

social, buscando perceber as sutilezas e operações do fazer e do saber dos doentes diante das<br />

reações mais comuns <strong>de</strong> separar talheres, pratos e objetos pessoais e/ou evitar falar, tocar e<br />

se aproximar das pessoas. Assim, a partir <strong>de</strong>sse recorte temporal, espacial e metodológico,<br />

procuramos problematizar as <strong>História</strong>s narradas pelos sujeitos que vivenciaram o estigma e<br />

o preconceito relacionado à doença.<br />

Palavras-chave: tuberculose – preconceito – Campina Gran<strong>de</strong><br />

A configuração do campo da saú<strong>de</strong><br />

pública no Piauí (1930- 1945)<br />

Sorailky Lopes Batista<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí<br />

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sorailky@gmail.com<br />

sorailky@yahoo.com.br<br />

A configuração do campo da saú<strong>de</strong> pública no Piauí, entre 1930 e 40, aconteceu como conseqüência<br />

da emergência <strong>de</strong> um Estado autoritário edificado sobre uma base centralizadora, burocratizante<br />

e racionalizada. Tais características somaram-se a um discurso nacionalista exacerbado<br />

que foi posto em prática pelo Governo Getulista. Objetivamos com o presente trabalho<br />

analisar o <strong>de</strong>senvolvimento e institucionalização do campo da saú<strong>de</strong> pública, moldado sobre o<br />

centralismo, a burocracia e a racionalida<strong>de</strong>. Tentamos enten<strong>de</strong>r como esse processo <strong>de</strong>u-se no<br />

Estado do Piauí, quais meios e estratégias foram utilizadas pelos governantes locais na tentativa<br />

<strong>de</strong> implantação do novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública que foi instituído com a Era Vargas.<br />

Palavras-chave: Estado Novo – Saú<strong>de</strong> Pública - Campo<br />

Menstruação: tabus e tradição<br />

Virginia Palmeira Moreira (UFCG)<br />

vickpalmeira@gmail.com<br />

Esta trabalho busca analisar discursos e tabus que são construídos sobre o corpo feminino,<br />

enfocando o ato da menstruação como uma prática para se pensar códigos e valores presentes<br />

no contexto sociocultural no qual as mulheres estão inseridas. Esta pesquisa atenta<br />

para o simbolismo cultural da menstruação, <strong>de</strong>corrente das transformações biológicas e psicológicas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas durante a puberda<strong>de</strong>. Para tal, nos apoiaremos nos <strong>de</strong>poimentos<br />

orais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mulheres, com ida<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> 60 a 70 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Vale ressaltar, que<br />

todas as entrevistadas nasceram e foram educadas no meio rural, bem como vivenciaram sua<br />

primeira menstruação neste espaço. Desse modo, a presente pesquisa procura problematizar<br />

como mulheres, a partir da experiência menstrual constroem representações do feminino.<br />

Sob uma perspectiva da história cultural, à medida que abordamos práticas e representações<br />

e suas manifestações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma lógica cultural específica a socieda<strong>de</strong> a qual estas mulheres<br />

pertencem. Para tanto, buscamos aporte teórico nas questões <strong>de</strong> gênero e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

analisando símbolos e significados que são atribuídos ao corpo menstruado para se pensar<br />

as práticas e representações que são elaboradas e reinventadas na cultura.<br />

Palavras-chave: corpo, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina, relações <strong>de</strong> gênero, representação<br />

Influência dos princípios higienistas nas<br />

transformações urbanas, na educação e nos<br />

espaços escolares no Brasil no final do século<br />

XIX e começo do século XX<br />

Zilsa Maria Pinto Santiago<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará<br />

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zilsasantiago@gmail.com<br />

Trata <strong>de</strong> parte da pesquisa em andamento que se insere na <strong>História</strong> da Educação <strong>de</strong>ntro do<br />

contexto <strong>de</strong> formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional do projeto republicano. Analisa as influências<br />

dos princípios higienistas vigentes que se acentuaram no Brasil no final do século XIX e<br />

começo do século XX nas transformações das cida<strong>de</strong>s, na educação e nos espaços escolares,<br />

tendo a Capital Fe<strong>de</strong>ral como fonte <strong>de</strong> conflitos e problemas, cenário <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias e <strong>de</strong> precárias<br />

condições <strong>de</strong> salubrida<strong>de</strong> nos espaços habitacionais <strong>de</strong> vias urbanas, ao mesmo tempo<br />

centro das discussões das idéias fundamentadas no pensamento científico e centro das atenções<br />

das outras cida<strong>de</strong>s brasileiras, incluindo Fortaleza, particularmente no inicio do século<br />

XX quando a influência estrangeira moldava o espírito das classes dominantes.<br />

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ST 18<br />

<strong>História</strong>, afeto e textualida<strong>de</strong> – novos olhares para a<br />

experiência do passado eou presente<br />

Memorial do Fim: a apropriação na obra<br />

<strong>de</strong> Haroldo Maranhão<br />

Aiana Cristina Pantoja <strong>de</strong> Oliveira<br />

Estudante do Curso <strong>de</strong> Mestrado em Estudos Literários da UFPA<br />

aianaoliveira@yahoo.com<br />

O presente trabalho se direciona ao estudo dos aspectos pós-mo<strong>de</strong>rnos na obra Memorial do<br />

fim: a morte <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, <strong>de</strong> Haroldo Maranhão. O pós-mo<strong>de</strong>rnismo, movimento<br />

cultural e social em voga na história contemporânea, possui como principal característica a<br />

<strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> conceitos surgidos na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Alojando-se no âmbito da ficção, o<br />

referido movimento instaura uma nova narrativa que <strong>de</strong>sconstrói o texto literário cânone.<br />

Memorial do fim se configura em um exemplo bastante esclarecedor <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>sconstrução,<br />

pois coloca em xeque não só o cânone literário como também discursos mo<strong>de</strong>rnos até então<br />

consi<strong>de</strong>rados verda<strong>de</strong>iros, irrevogáveis e naturais. A relação da linguagem com seus referentes,<br />

a relação entre os textos e a história oficial são exemplos <strong>de</strong> discursos abalados por essa<br />

narrativa pós-mo<strong>de</strong>rna. O referido livro, por meio <strong>de</strong> trechos narrativos e personagens, apropriados<br />

das obras machadianas, reinventa os últimos dias <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, fornecendo,<br />

por conseguinte, uma versão alternativa para a biografia dos momentos <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iros do autor<br />

carioca. Para embasar teoricamente a discussão, serão utilizadas as teorias <strong>de</strong> Jaques Derrida,<br />

Roland Barthes, Antoine Compagnon, Silviano Santiago, Affonso Romano <strong>de</strong> Sant’anna, entre<br />

outras, as quais abordam conceitos como escritura, <strong>de</strong>sconstrução, apropriação e pastiche.<br />

Palavras-chave: pós-mo<strong>de</strong>rnismo, <strong>de</strong>sconstrução, apropriação.<br />

Franklin Cascaes: sauda<strong>de</strong> e solidão -<br />

reflexões iniciais<br />

Denise Araujo Meira<br />

Doutoranda do Programa <strong>de</strong> pós-graduação em Educação, Arte e <strong>História</strong> da Cultura da<br />

Universida<strong>de</strong> Presbiteriana Mackenzie<br />

<strong>de</strong>nisearaujom@gmail.com<br />

Franklin Cascaes (1908-1983) como artista/folclorista foi profundamente comprometido com<br />

as tradições pesqueiras da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina. Sensível ao <strong>de</strong>smonte da cida<strong>de</strong> buscou<br />

nos relatos dos moradores nativos da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina uma estratégia para registrar um<br />

tempo que estava terminando. No final dos anos 30, freqüentou o Curso Noturno da Escola<br />

<strong>de</strong> Aprendizes e Artífices <strong>de</strong> Santa Catarina como aluno ouvinte. No dia 01 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1941, o então aluno passa a condição <strong>de</strong> mestre, dando início a uma carreira que iria durar<br />

até 27 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1970 quando se aposenta. Este artigo tem como objetivo aproximar a<br />

idéia <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> e solidão sugerida pelo professor/artista nas suas narrativas no período da<br />

sua aposentadoria e a relação do envelhecer e morrer analisada por Norbert Elias. Trata-se <strong>de</strong><br />

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uma trajetória apreendida a partir <strong>de</strong> um campo empírico específico, dos fragmentos autobiográficos<br />

preservados no arquivo do Museu Universitário Osvaldo Rodrigues Cabral.<br />

Palavras-chave: Franklin Cascaes, sauda<strong>de</strong>/solidão, fragmentos autobiográficos.<br />

Corpo e beleza feminina nas<br />

textualida<strong>de</strong>s contemporâneas<br />

Edna Maria Nóbrega Araújo<br />

Profa. Doutora do Dep. <strong>de</strong> Geo-<strong>História</strong> - Centro <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>s/UEPB<br />

edna.n@terra.com.br<br />

A presente comunicação discutirá conceitos como o <strong>de</strong> corpo e beleza feminina a partir da<br />

análise das textualida<strong>de</strong>s elaboradas pelas Revistas Veja, Isto É, Boa Forma, Dieta Já, Corpo a<br />

Corpo e Plástica & Beleza, entre o final do século XX e início do século XXI. Nestas textualida<strong>de</strong>s<br />

os corpos femininos são afetados pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> transformação. A partir da década <strong>de</strong><br />

1990, os cuidados com o embelezamento são apropriados como uma necessida<strong>de</strong>. Se em outros<br />

momentos as mulheres já se preocupavam com o corpo e a beleza, vive-se um momento<br />

da história humana em que a beleza tem sido cultuada, procurada, quase como uma fixação.<br />

Nunca a beleza e os cuidados com o corpo foram tão colocados em evidência quanto nos dias<br />

atuais. Ter um corpo perfeito, trabalhado, esculpido à imagem e semelhança do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

cada uma é uma tendência que vem se firmando. Nesse sentido, preten<strong>de</strong>mos mostrar que,<br />

a partir das últimas décadas do século XX, diferentes textualida<strong>de</strong>s disseminam um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> corpo para as mulheres brasileiras associado a tría<strong>de</strong> beleza-saú<strong>de</strong>-juventu<strong>de</strong>.<br />

<strong>História</strong>, cinema e sensibilida<strong>de</strong>s: amor e ódio<br />

nos díspares caminhos da “força” em Star Wars<br />

Joedna Reis <strong>de</strong> Meneses<br />

Profa. Doutora em <strong>História</strong>/UEPB<br />

joedna@terra.com.br<br />

Anakin Skywalker ou Darth Va<strong>de</strong>r? Lugares opostos <strong>de</strong> sujeito e ocupados por um único indivíduo?<br />

Amor e ódio ajudam na elaboração da subjetivida<strong>de</strong> dos personagens presentes na<br />

trama <strong>de</strong> George Lucas. Padmé, Mestre Ioda e próprio Imperador ilustram uma saga em que<br />

os sentimentos marcam as experiências dos indivíduos. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>stacar<br />

o papel das imagens sobre as sensibilida<strong>de</strong>s, na trama <strong>de</strong> Guerra nas Estrelas, como signos<br />

das experiências sobre os afetos vivenciados pelos indivíduos no final do século XX e início<br />

do século XXI.<br />

Palavras-chave: cinema, Star Wars, sensibilida<strong>de</strong>s<br />

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O teatro goiano no contexto da ditadura<br />

militar: a dramaturgia <strong>de</strong> Miguel Jorge<br />

e o Gen (grupo <strong>de</strong> escritores novos)<br />

José Carlos Henrique (PUC/GO)<br />

zecahenrique @yahoo.com.br<br />

O presente trabalho propõe uma análise do Teatro realizado em Goiás durante o regime militar<br />

e suas principais repercussões nos campos da cultura e das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estabelecidas<br />

neste período.Norteando a análise utilizaremos a dramaturgia do escritor Miguel Jorge<br />

e seus textos censurados à época.O Grupo <strong>de</strong> Escritores Novos, do qual foi um dos fundadores,<br />

se tornou <strong>de</strong> extrema relevância ao aglutinar diversas tendências literárias tornandose<br />

um pólo importante <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> idéias para a arte goiana neste recorte em questão.O<br />

teatro era uma das vertentes <strong>de</strong> estudo para o GEN e repercutiu <strong>de</strong> forma intensa <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ste contexto estudado.Por meio <strong>de</strong> toda uma simbologia conseguiu plasmar diversas vozes<br />

que se levantaram contra as leis vigentes se utilizando da transfiguração da linguagem e do<br />

imagético.<br />

Palavras-chave: Teatro - Ditadura Militar - Miguel Jorge<br />

A intencionalida<strong>de</strong> “implícita” do texto,<br />

enquanto fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> opiniões?<br />

Ley<strong>de</strong> Dayana Athay<strong>de</strong> Silva <strong>de</strong> Lyra (UEPB)<br />

ley<strong>de</strong>lyra@hotmail.com<br />

Este trabalho tem como objetivo <strong>de</strong>monstrar as mais variadas nuances que o sujeito está<br />

exposto com a expansão das “literaturas” e como as mesmas influenciam seu contexto sociocultural;<br />

verificar como a opção <strong>de</strong> gênero e/ou estilo <strong>de</strong> vida é uma influência direta da<br />

literatura que está sendo absorvida pelo indivíduo; analisar como o contexto está “servindo”,<br />

como uma ferramenta intencionalista por parte dos indivíduos que “manipulam” a escrita,<br />

para se a<strong>de</strong>quar <strong>de</strong>ntro do seu conceito <strong>de</strong> “correto” ou “incorreto”, <strong>de</strong>sta forma usaremos<br />

como escopo teórico metodológico Maingueneau (2006), Foucault (1971), Kleiman (2008),<br />

para discutir a intencionalida<strong>de</strong> que conduz o indivíduo aos conceitos <strong>de</strong> gênero, literatura<br />

e ensino.<br />

Palavras-chave: intencionalida<strong>de</strong>, teoria histórica/literária, escrita.<br />

Literatura <strong>de</strong> aventura como fonte histórica:<br />

uma proposta metodológica<br />

Lorena Beghetto<br />

Doutoranda do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong>/UFPR<br />

lorenabg@yahoo.com<br />

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Este artigo preten<strong>de</strong> apresentar uma metodologia <strong>de</strong> leitura, interpretação e análise <strong>de</strong> fontes<br />

literárias na pesquisa histórica. Como a utilização da literatura po<strong>de</strong> ser feita em diferentes<br />

ramos da pesquisa histórica, como a história cultural, política, artística, social, etc.,<br />

estabelecemos como limite <strong>de</strong> análise o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pesquisa sobre a história<br />

do imperialismo europeu, ocorrido durante o final do século XIX e início século do XX, mais<br />

precisamente sobre o imaginário imperialista presente na literatura <strong>de</strong> aventura. Para tanto<br />

dividiremos o artigo em três partes. A primeira versa sobre as aproximações existentes entre a<br />

Literatura e a <strong>História</strong>, e sobre a utilização da literatura como fonte histórica; a segunda sobre<br />

a análise da literatura, partindo da metodologia <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> textos; e a última foca no imaginário<br />

imperialista europeu difundido durante o final do século XIX e início do século XX.<br />

Palavra chave: Literatura e história, leitura, literatura <strong>de</strong> aventura.<br />

La teta asustada: uma poética<br />

feminista da memória<br />

Maria Célia Orlato Selem (Unicamp)<br />

orlatoselem@yahoo.com.br<br />

Esta comunicação propõe realizar uma análise do filme “La teta asustada”, pensando os<br />

usos da memória com base nos estudos feministas e pós-coloniais. Focaliza a importância<br />

da relação entre história, feminismo e cinema, atentando para as potencialida<strong>de</strong>s do olhar<br />

por trás da câmera no trabalho <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> sentidos que constituem os sujeitos e<br />

objetos da história. A linguagem cinematográfica <strong>de</strong> Claudia Llosa utiliza <strong>de</strong> elementos da<br />

memória traumática das mulheres andinas pós o terrorismo <strong>de</strong> Estado no Peru para realizar<br />

um diálogo entre poética e política. Fazendo emergir questões como os silenciamentos da<br />

mulheres, a impossibilida<strong>de</strong> do presente diante do peso do passado, o tensionamento entre<br />

o eu e o outro, o filme aposta na estetização da memória como resistência aos po<strong>de</strong>res que<br />

<strong>de</strong>spotencializam a vida no presente.<br />

Palavras-chaves: cinema, feminismo, memória<br />

A carnavalização do cinema <strong>de</strong> Almodóvar<br />

como instrumento construtor <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

Mônica Horta Azeredo<br />

Doutoranda em Português/Université Rennes 2 e em Teoria Literária/ UnB.<br />

monicahortaazeredo@gmail.com<br />

A representação da socieda<strong>de</strong> contemporânea no cinema <strong>de</strong> Almodóvar é o retrato <strong>de</strong> uma<br />

carnavalização que busca revolucionar e jogar por terra a tradição <strong>de</strong> uma cultura que durante<br />

décadas viveu sob o autoritarismo <strong>de</strong> um ditador. Ao dizer não a esse mundo oficial,<br />

nos termos <strong>de</strong> Bakhtin, o diretor constrói novas subjetivida<strong>de</strong>s e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s tornando o<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

campo fértil para outras formas <strong>de</strong> ser e amar. Travestis, lésbicas, mulheres enlouquecidas e<br />

transgressoras compõem estes cenários coloridos <strong>de</strong> um vermelho intenso e embebido em<br />

sangue. O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é abordar estas temáticas a partir da análise da representação<br />

<strong>de</strong> duas heroínas do cinema almodovariano : Rebeca e Manuela, protagonistas <strong>de</strong><br />

De Salto Alto (1991) e <strong>de</strong> Tudo Sobre Minha Mãe (1999), respectivamente.<br />

Palavras chave: cinema, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, socieda<strong>de</strong>, gênero.<br />

Amaros, territórios e memórias: cotidianos <strong>de</strong><br />

uma comunida<strong>de</strong> negra. Paracatu/MG<br />

Paulo Sérgio Moreira Da Silva<br />

Doutorando/PPGHIS-UFU<br />

pmoreiradasilva@gmail.com<br />

Objetiva-se apresentar a história da comunida<strong>de</strong> negra, Família dos Amaros, bem como compreen<strong>de</strong>r<br />

os significados <strong>de</strong> memória e território por eles vivenciados. Trata-se, <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

negra certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2004, como Remanescente<br />

das comunida<strong>de</strong>s dos quilombos, localizada no bairro Paracatuzinho, da cida<strong>de</strong> mineira <strong>de</strong><br />

Paracatu. Neste sentido, a pesquisa sobre a família dos Amaros é um aprofundamento <strong>de</strong> seu<br />

contexto ritualístico, cujo diálogo que se preten<strong>de</strong> estabelecer vai além <strong>de</strong> uma leitura do<br />

simples cotidiano por eles representado e a trajetória vislumbrada, passando pelo entendimento<br />

da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> parentesco familiar e cultural tecida como forma <strong>de</strong> enfrentar e sobreviver<br />

às questões sociais e políticas vivenciadas. Neste viés, está em pauta à luta política pelos<br />

direitos sociais da terra original da família dos Amaros, situada na fazenda Pituba, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

foram expulsos a partir dos anos 40. Neste processo político se evi<strong>de</strong>ncia a persistência <strong>de</strong><br />

valores e tradições inscritos numa memória afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte que <strong>de</strong>slocada para a periferia<br />

urbana recria sua cultura, sua forma <strong>de</strong> viver, aglutinando 400 famílias em torno <strong>de</strong> suas<br />

festas, sociabilida<strong>de</strong>s, ativida<strong>de</strong>s artesanais e artes <strong>de</strong> viver, isso como forma <strong>de</strong> manter sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. Seguindo este ponto <strong>de</strong> vista, ressaltamos a luta política pelo reconhecimento<br />

<strong>de</strong> suas terras e direitos sociais entranhadas no seu cotidiano, suas práticas culturais<br />

populares, daí então, o enfoque não só na sua movimentação em torno da Fundação Cultural<br />

Palmares e do Instituto Fala Negra, mas também no conjunto <strong>de</strong> representações simbólicas<br />

que resguardam sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural por meio <strong>de</strong> uma memória social em contínua recriação/reinvenção.<br />

Assim, esta luta dos Amaros por sua terra cujo espaço –fazenda Pituba-<br />

materializa-se como lócus <strong>de</strong> resistência dos familiares do escravo forro Amaro Pereira das<br />

Mercês em busca <strong>de</strong> seus direitos civis e acima <strong>de</strong> tudo por justiça social.<br />

Palavras-chave: quilombolas; território; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, memória, Paracatu.<br />

Textualida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> nos discursos<br />

das assembléias <strong>de</strong> chefes indígenas<br />

Poliene Soares dos Santos Bicalho<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Profa. Doutora em <strong>História</strong> Social/UEG<br />

poliene.soares@hotmail.com<br />

Os discursos das falas transcritas pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) <strong>de</strong> algumas<br />

das Assembléias <strong>de</strong> Chefes Indígenas, iniciadas na década <strong>de</strong> 1970, são tratadas como formas<br />

<strong>de</strong> resignificação da história indígena no Brasil. Repletos <strong>de</strong> sentidos, estes textos traduzem<br />

muitas das angústias dos povos indígenas no Brasil: relações e tensões com o Estado (FU-<br />

NAI); as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização da luta social iminente; e as preocupações com direitos<br />

à terra e à cidadania.<br />

Sá, Rodrix e Guarabyra:<br />

muito além do “rock rural”<br />

Thiago Hausner<br />

Mestrando em Historia/PUC-SP<br />

thihm@hotmail.com<br />

Este trabalho originou-se com o intuito <strong>de</strong> situar a importância do trio musical Sá, Rodrix<br />

e Guarabyra na historiografia cultural brasileira do século XXI. Criador do chamado rock<br />

rural, o grupo formado na década <strong>de</strong> 1970 representou em suas canções um Brasil em constantes<br />

mudanças em vários campos sociais. Até então são inéditos os estudos acadêmicos<br />

que abrangem a influência inegável das canções do trio numa época marcante da música<br />

popular brasileira. Este trabalho buscará jogar luz sobre as canções do grupo, estudá-los<br />

muito além do rótulo do rock rural, um resgate <strong>de</strong> uma obra que andou lado a lado com a<br />

história social brasileira, um trio que representou o seu tempo em canções que se aproximavam<br />

das mudanças observadas pelo clássico estudo <strong>de</strong> Antonio Candido, Os Parceiros do Rio<br />

Bonito, um estudo que colocava no centro das discussões acadêmicas um Brasil esquecido, o<br />

Brasil do interior, assim com as canções do trio Sá, Rodrix e Guarabyra.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 19<br />

Brasília – 50 anos <strong>de</strong> história para além<br />

do aço e do concreto<br />

Devastação e preservação ambiental<br />

nos 50 anos <strong>de</strong> Brasília<br />

Cesar Mateus Goulart Goi<br />

Graduação em <strong>História</strong>/Uniceub<br />

cesarmgoi@gmail.com<br />

Deus<strong>de</strong>dith Alves da Rocha Júnior<br />

Regina Coelly F. Saraiva<br />

Professora Doutora em Desenvolvimento Sustentável - CDS/UnB<br />

rcoelly@hotmail.com<br />

A pesquisa aborda o processo <strong>de</strong> construção e consolidação <strong>de</strong> Brasília sob a perspectiva da<br />

história ambiental. Brasília nasceu com o rótulo da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e precisou intervir diretamente<br />

sobre o meio ambiente natural – o cerrado - para que o seu projeto <strong>de</strong> fato se realizasse.<br />

Para isso, foi preciso que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua vegetação nativa ce<strong>de</strong>sse espaço para<br />

o concreto. A arquitetura mo<strong>de</strong>rna foi o princípio que legitimou e conferiu um estilo único<br />

para o espaço urbano da cida<strong>de</strong>. O urbanismo encontrou na técnica paisagística o parceiro<br />

i<strong>de</strong>al para a configuração da paisagem <strong>de</strong> Brasília que em nada po<strong>de</strong>ria se parecer com as<br />

<strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s brasileiras. Surgiu assim uma cida<strong>de</strong> com prédios <strong>de</strong> arquitetura arrojada e<br />

uma “natureza exótica” que negou o cerrado – marca da <strong>de</strong>vastação. Da mesma forma que<br />

seus prédios e monumentos, o ver<strong>de</strong> em Brasília também foi projetado e “construído”. Assim,<br />

surgiu uma “natureza artificial” no lugar on<strong>de</strong> antes existia o cerrado. Na década <strong>de</strong> 70, foram<br />

dados os primeiros passos no sentido da preservação ambiental em Brasília, principalmente<br />

estimulados pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> espécies exóticas pela vegetação nativa. Os<br />

anos posteriores sinalizaram para medidas mais eficazes e foram marcados pela criação <strong>de</strong><br />

leis e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, principalmente parques ecológicos, preocupados em preservar<br />

a natureza do cerrado. No Plano Piloto <strong>de</strong> Brasília, <strong>de</strong>staca-se a criação do Parque Olhos<br />

D’Água: o concreto ce<strong>de</strong>u ao cerrado. Hoje, espécies nativas como o pequi e o buriti são reconhecidas<br />

como patrimônio ecológico da cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: história ambiental, Brasília, <strong>de</strong>vastação, preservação.<br />

Nos bastidores <strong>de</strong> Brasília: o processo <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> Vila Planalto.<br />

Christiane Machado Coelho<br />

Pós-doutorado no Centro <strong>de</strong> Investigação e Estudos em Sociologia (CIES, Lisboa)<br />

christianemc@mac.com<br />

O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> Brasília, no Distrito Fe<strong>de</strong>ral brasileiro, é analisado a partir <strong>de</strong><br />

Vila Planalto. Trata-se <strong>de</strong> um antigo acampamento pioneiro, instalado <strong>de</strong> maneira provisória<br />

para construção da nova capital nacional. Este espaço permaneceu ilegal durante mais <strong>de</strong> 30<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

anos e foi posteriormente reconhecido como patrimônio do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, em função <strong>de</strong><br />

seu papel como testemunho dos primórdios da cida<strong>de</strong>. As questões do direito à moradia, do<br />

direito à história e do direito à memória são igualmente estudadas neste contexto.<br />

Uma proposta <strong>de</strong> livro didático<br />

para o Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Cristiano Alencar Arrais<br />

Professor adjunto da UFG<br />

alencar_arrais@yahoo.com.br<br />

Eliezer Cardoso <strong>de</strong> Oliveira<br />

Professor adjunto da UEG<br />

ezi@uol.com.br<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é relatar uma proposta <strong>de</strong> história didática do Distrito Fe<strong>de</strong>ral,<br />

realizada pelos autores no livro <strong>História</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral (Editora Scipione, 2008),<br />

<strong>de</strong>stinado ao 4º ou 5º ano do Ensino Fundamental. O pressuposto que norteou essa obra<br />

foi o <strong>de</strong> que os livros didáticos regionais <strong>de</strong>vem suprir as carências <strong>de</strong> sentido, levando-se<br />

em conta as especificida<strong>de</strong>s histórico-culturais <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> da fe<strong>de</strong>ração. Levou-se em<br />

conta na proposta, a especificida<strong>de</strong> sócio-cultural do DF e como o livro didático <strong>de</strong> história<br />

iria contribuir para satisfazer as carências simbólicas <strong>de</strong> sua população. Utilizando os pressupostos<br />

metodológicos da <strong>História</strong> Cultural, valorizou-se a questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, na construção<br />

<strong>de</strong> uma história que fosse pertinente aos valores simbólicos dos alunos distritais.<br />

Desse modo, a história do DF não se resume à construção <strong>de</strong> Brasília, tendo uma visão mais<br />

ampla do seu passado que engloba várias tradições (indígenas, negras, européias, goianas,<br />

etc.), dando uma base mais sólida e realista as utopias surgidas com a construção <strong>de</strong> Brasília,<br />

<strong>de</strong>purando os excessos <strong>de</strong> uma ingênua utopia mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>senvolvimentista.<br />

Palavras-chaves: Brasília, livro didático, história cultural<br />

Brasília: A cida<strong>de</strong> do texto ao contexto social<br />

Eloísa Pereira Barroso<br />

Doutora em Sociologia/UnB<br />

eloisabarroso@uol.com.br<br />

Esta pesquisa focaliza o processo <strong>de</strong> urbanização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília através do estudo da<br />

produção literária que aí se <strong>de</strong>u a partir <strong>de</strong> sua inauguração em 1960 até o início do século<br />

XXI. Nela Brasília é tratada como um lugar <strong>de</strong> estudos, um espaço da vida e da conquista da<br />

cidadania. A pesquisa subenten<strong>de</strong> que os textos literários que tematizam a cida<strong>de</strong> fazem<br />

surgir uma espécie <strong>de</strong> imagem “bricolée”, arlequinal, on<strong>de</strong> os escritores tecem a imagem<br />

<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> e mo<strong>de</strong>rna, exposta ao circuito da mercadoria. No caso específico <strong>de</strong><br />

Brasília, os autores a serem analisados fazem parte do quadro <strong>de</strong> uma literatura brasiliense<br />

quase sempre <strong>de</strong>sconhecida do gran<strong>de</strong> público.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Brasília representa uma espécie <strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> feliz. Seu espaço sugere uma vida<br />

or<strong>de</strong>nada, livre <strong>de</strong> qualquer esfera da ambivalência. Ela é a visão da cida<strong>de</strong> perfeita, que<br />

embora não rejeite a história, pois resgata o mito da <strong>de</strong>scoberta do Brasil, omite os vestígios<br />

palpáveis <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> um país periférico.Ao imputar a “felicida<strong>de</strong> racional” e <strong>de</strong>smaterializar<br />

o tempo histórico, a cida<strong>de</strong> torna-se uma moldura urbana da qual só é possível extrair os significados<br />

previamente <strong>de</strong>terminados. Os textos selecionados serão compostos por poemas,<br />

crônicas e romances nos quais se refletem a fragmentação e a polifonia da nova cida<strong>de</strong>.<br />

Memórias escolares da cinqüentenária<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sobradinho<br />

Ivany Câmara Neiva<br />

Doutora em <strong>História</strong> Cultural/UnB<br />

ivany@unb.br<br />

O texto traz histórias vivenciadas em Sobradinho - uma das trinta cida<strong>de</strong>s que hoje compõem<br />

o cinqüentenário Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Trata <strong>de</strong> memórias <strong>de</strong> práticas escolares <strong>de</strong>senvolvidas<br />

no ensino das disciplinas <strong>de</strong> Sociologia e Estudos Sociais, para o Ensino Médio, no<br />

Colégio <strong>de</strong> Sobradinho, entre 1970 e 1973. À época, completavam-se 10 anos da mudança do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral para o Brasil Central, da inauguração <strong>de</strong> Brasília como capital brasileira e da<br />

fundação <strong>de</strong> Sobradinho. A partir <strong>de</strong> narrativas <strong>de</strong> professores e estudantes da época, contextualiza-se<br />

o período político brasileiro, são lembradas estratégias educacionais cotidianas, e<br />

são registrados fragmentos <strong>de</strong> histórias do Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Palavras-chave: memórias escolares; Sobradinho; cinqüentenário.<br />

Brasília: religiosida<strong>de</strong> tradicional<br />

no âmbito da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

Lindsay Borges<br />

Doutoranda em <strong>História</strong>/UFG<br />

lindsayb@terra.com.br<br />

A proposta <strong>de</strong>sse trabalho é refletir sobre a questão <strong>de</strong> como a Igreja Católica atuou durante a<br />

construção <strong>de</strong> Brasília para que a cida<strong>de</strong> - pensada como precipuamente laica - incluísse em<br />

seu projeto, <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>stacado, a concepção <strong>de</strong> tradição religiosa como sustentáculo cultural<br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> em emergência. A instituição religiosa mobilizou seu capital simbólico,<br />

representado particularmente por meio <strong>de</strong> mobilizações <strong>de</strong> massa e aprofundamento das<br />

relações com o po<strong>de</strong>r político, tendo em vista conquistar espaço para a igreja católica na nova<br />

capital erguida no planalto central. Para o sucesso <strong>de</strong>ssa iniciativa, foi fundamental o suporte<br />

consignado pela Arquidiocese <strong>de</strong> Goiânia, na organização das sucessivas etapas <strong>de</strong> consolidação<br />

da política <strong>de</strong> imbricação entre o âmbito religioso e o político na nova capital fe<strong>de</strong>ral.<br />

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Memória, Cultura, Cultura Popular,<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, e Educação – Um diálogo<br />

i<strong>de</strong>ntitário-cultural trasndisciplinar<br />

Luciana <strong>de</strong> Maya Ricardo<br />

Museu Vivo da Memória Candanga/SEC-DF<br />

O tempo faz-se presente para contar histórias <strong>de</strong> diversas culturas populares que são a matriz<br />

dos fazeres e dos saberes, base da educação brasileira. O criar, como forma essencial <strong>de</strong> existir,<br />

mostra-se na necessida<strong>de</strong> da expressão que legitima o produto artesanal e a produção popular.<br />

Memória, Cultura, Cultura Popular, I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, e Educação – Partes <strong>de</strong> um mesmo todo,<br />

que formam a cida<strong>de</strong> e dialogam transdisciplinarmente com a realida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> do<br />

Varjão, no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, são aqui apresentados como integrantes <strong>de</strong> referencias i<strong>de</strong>ntitário-culturais<br />

<strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> translados e <strong>de</strong> fixação que <strong>de</strong>svelam caminhos percorridos e<br />

direcionam caminhos a serem <strong>de</strong>scobertos com dignida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e prazer, até a fixação<br />

no Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Palavras-chave: memória, cultura, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

E do sertão se fez Brasília<br />

Marcia <strong>de</strong> Melo Martins Kuyumjian<br />

Professora do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong>/UnB<br />

marciak54@brturbo.com.br<br />

Kenia Erica Gusmão Me<strong>de</strong>iros<br />

Mestranda do PPGHIS/UnB<br />

kenia.erica@yahoo.com<br />

O termo sertão tem variações <strong>de</strong> sentido incrustadas no tempo e no espaço. Refere-se a diferentes<br />

realida<strong>de</strong>s geográficas e sociais. Sem dúvida, após a publicação <strong>de</strong> Os Sertões e a relação<br />

daquela paisagem com o Nor<strong>de</strong>ste, o uso e a compreensão que se encontra no senso comum é<br />

aquela que remete essa paisagem ao <strong>de</strong>serto. Daí muitos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem sua origem em uma corruptela<br />

da palavra “<strong>de</strong>sertão”. Daí sertão.<br />

Mas há outras possibilida<strong>de</strong>s. A pesquisa do intelectual brasileiro Gustavo Barroso (1938) afiança<br />

ser a palavra usada na África e em Portugal. Nada tinha ver com a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>serto (ari<strong>de</strong>z,<br />

secura, esterelida<strong>de</strong>), mas sim com a <strong>de</strong> interior, <strong>de</strong> distante da costa: por isso o sertão po<strong>de</strong> até<br />

ser formado por florestas, contanto que sejam afastadas do mar. O vocábulo se escrevia com “c”<br />

– mulcetão em língua Bunda <strong>de</strong> Angola e diz-se locus mediterraneus por ser um lugar que fica<br />

no centro ou no meio das terras.<br />

Eis uma <strong>de</strong>finição que bem se enquadra no Brasil do Centro-Oeste on<strong>de</strong> foi construída a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília. Região que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>limitada por contornos geográficos fixos, mas que foi relegada<br />

à marca da <strong>de</strong>cadência econômica, social, enfim, unida<strong>de</strong>s menores <strong>de</strong> nossa fe<strong>de</strong>ração.<br />

Imagem e concepção <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntista, rejeitada por muitos historiadores que i<strong>de</strong>ntificam um<br />

equívoco <strong>de</strong> interpretação, uma vez que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Colônia o sertão se inscrevia também na prob-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

lemática nacional <strong>de</strong> sustentação do mercado interno e acumulação primitiva <strong>de</strong> capital.<br />

E o que dizer dos tempos atuais, no viés da história cultural, no recorte do tempo presente, em<br />

que Brasília se relaciona com o sertão, do qual reservou o quadrilátero pertencente ao Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral? Argumentamos que a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que Brasília trouxe não apagou os rastros do sertão,<br />

permanência <strong>de</strong> costumes e práticas culturais que se fundiu ao longo da história brasileira. Se<br />

o sertão era visto como a representação do atraso ainda hoje se mantém, sustentando inclusive<br />

a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. E embora silenciada, o olhar do historiador faz emergir interpretações <strong>de</strong>sse<br />

sertão no interior da própria cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista que é Brasília. E este é nosso intento, utilizar<br />

imagens que revelam esse rico universo da confluência do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar com a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reter as bases culturais tradicionais.<br />

Memória e cida<strong>de</strong>: Brasília 50 anos<br />

Maria Salete Kern Machado<br />

Professora Colaboradora do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Sociologia da UnB<br />

saletekm@uol.com.br<br />

A pesquisa busca reconstruir a memória <strong>de</strong> Brasília por meio da produção literária. Crônicas,<br />

contos, romances foram selecionados e entrevistas realizadas com os autores para i<strong>de</strong>ntificar<br />

as representações sociais existentes sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação.<br />

Imagem e Representação:<br />

O homem favelado x o cidadão brasileiro<br />

Patrícia Martins Assreuy<br />

Mestranda em Urbanismo no PROURB/UFRJ<br />

patricia.assreuy@gmail.com<br />

Baseando-se na premissa <strong>de</strong> que não existe fato <strong>de</strong>spido <strong>de</strong> interpretação, po<strong>de</strong>-se dizer que a<br />

imagem que o senso comum guarda da favela e do morador da favela é na verda<strong>de</strong> uma representação,<br />

que se presta a <strong>de</strong>finir não apenas o espaço físico da favela como também o próprio<br />

favelado. Nesse sentido, o presente artigo se propõe a discutir a associação entre as representações<br />

que a favela carioca vem assumindo junto ao imaginário social <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu aparecimento,<br />

em fins do século XIX até o fim do século XX e a noção construída junto à socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quem seria o homem favelado. A partir <strong>de</strong>ssa associação, propõe-se que essa caracterização<br />

serve ao propósito <strong>de</strong> forjar uma <strong>de</strong>finição do que seria o cidadão brasileiro i<strong>de</strong>al, em oposição<br />

à imagem do homem existente na favela.<br />

Palavras-Chave: Imaginário social, representação, Rio <strong>de</strong> Janeiro, favela.<br />

Cultura e natureza na poesia<br />

brasiliense <strong>de</strong> Paulo Tovar<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Regina Coelly Fernan<strong>de</strong>s Saraiva<br />

Prof. Adjunta <strong>de</strong> <strong>História</strong> da Faculda<strong>de</strong> UnB Planaltina – FUP-UnB.<br />

rcoelly@hotmail.com / rcoelly@unb.br<br />

Brasília é uma cida<strong>de</strong> muito além do aço e concreto. A cida<strong>de</strong>, nos anos 70, configura sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a partir das expressões culturais que vão se <strong>de</strong>lineando pelas ações <strong>de</strong> jovens que,<br />

ao se transferirem para Brasília com suas famílias, percebem a cida<strong>de</strong> e seu potencial cultural.<br />

A cida<strong>de</strong> é traduzida por esses jovens por meio da música e da poesia e entre eles <strong>de</strong>staca-se a<br />

figura <strong>de</strong> Paulo Tovar. Sua poesia, muitas vezes musicada, vai traduzir Brasília como a cida<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnista, mas também como a cida<strong>de</strong> sertão, bem aos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> quem vivenciou e carrega<br />

uma tradição sertaneja. Paulo Tovar nasceu em Catalão, interior goiano. Observador da<br />

natureza do cerrado, impactada com a construção <strong>de</strong> Brasília, a poesia <strong>de</strong> Tovar traduz a cida<strong>de</strong><br />

por meio <strong>de</strong> um movimento poético que se tornou conhecido entre aqueles jovens como<br />

“poesia <strong>de</strong> mimeográfo” ou “poesia ambulante” que se fortaleceu como expressão cultural <strong>de</strong><br />

Brasília nos seus primeiros anos. Paulo Tovar traduziu a cida<strong>de</strong> e sua natureza sertaneja – a<br />

natureza do cerrado – em meio a cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, num momento em que ainda não se falava<br />

da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação ambiental; transgrediu, por meio da sua poesia, o momento<br />

político – a ditadura militar – e junto com outros poetas e músicos da cida<strong>de</strong> li<strong>de</strong>raram um<br />

movimento poético que <strong>de</strong>nunciava a “cida<strong>de</strong> silenciada”; a poesia, expressão ativa da cultura<br />

da cida<strong>de</strong> daquele momento, era “publicada”, tornava-se pública, nas pare<strong>de</strong>s, nas paradas,<br />

nas ruas, como reação ao contexto repressor. Paulo Tovar, músico e poeta, Cidadão Honorário<br />

<strong>de</strong> Brasília, post mortem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010, soube como poucos, reconhecer Brasília, nos<br />

chamando atenção para a natureza que a acolheu: falou <strong>de</strong> juritis, siriemas, lobos, vacas e<br />

bois, que ruminavam no meio da Esplanada quando a cida<strong>de</strong> era somente uma forma imaginária.<br />

Traduziu a cida<strong>de</strong>-sertão, a cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, marcou época com sua poesia, que contribui<br />

para que a gente possa enten<strong>de</strong>r o que é Brasília.<br />

Escola Peripátética: Educação<br />

Patrimonial- Brasília museu e arte a céu aberto<br />

Rinaldo Ferreira Oliveira<br />

Secretaria <strong>de</strong> Estado da Educação do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

rpaceli@bol.com.br<br />

Este projeto tem como objetivo firmar a Educação Patrimonial como alternativa para o reconhecimento<br />

e interpretação do patrimônio histórico, arquitetônico, urbanístico e cultural<br />

<strong>de</strong> Brasília proporcionando a ampliação do imaginário coletivo sobre a Capital Fe<strong>de</strong>ral e<br />

incentivar o sentimento <strong>de</strong> pertencimento nos alunos, ao promover a valorização da Capital<br />

Fe<strong>de</strong>ral como Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong>. É dividido em duas etapas:<br />

Primeira, palestra: a <strong>História</strong> da Capital, discorremos sobre a ocupação do centro-oeste <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a pré-história, o Brasil Imperial e Republicano, a Missão Cruls, o governo <strong>de</strong> JK, o projeto <strong>de</strong><br />

Lúcio Costa on<strong>de</strong> enfatizamos as características urbanas do Plano Piloto explicitando as Escalas<br />

Arquitetônicas implementadas por ele: Monumental, Resi<strong>de</strong>ncial, Bucólica e Gregária.<br />

Segunda, Uma caminhada para vivenciar e sentir as 04 escalas arquitetônicas e formar um<br />

conceito próprio sobre a cida<strong>de</strong>, percorrer o Eixo Monumental, passando pela Torre <strong>de</strong> TV,<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Praça do Cruzeiro; Complexo Cultural da República, a Catedral Metropolitana <strong>de</strong> Brasília, a<br />

Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Po<strong>de</strong>res e a área resi<strong>de</strong>ncial.<br />

Representações da morte do índio Galdino<br />

Jesus dos Santos na imprensa brasileira<br />

Rodrigo Piubelli<br />

rodrigopiubelli@terra.com.br<br />

Este artigo busca discutir o cotidiano como palco das relações sociais, tendo como lócus a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília. Cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> as diversas representações sobre os motivos <strong>de</strong> sua construção,<br />

sua arquitetura, mais principalmente sobre as relações entre seus indivíduos <strong>de</strong>ntro do espaço<br />

urbano, tem produzido diversas imagens acerca da capital do Brasil. Portanto é <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssas preocupações, que o presente ensaio tem por objetivo <strong>de</strong>bater sobre os sentimentos<br />

produzidos na socieda<strong>de</strong> brasileira a partir do assassinato do índio Galdino Jesus dos Santos<br />

cometido por cinco jovens da classe média <strong>de</strong> Brasília, bem como i<strong>de</strong>ntificar, nas diversas<br />

opiniões emitidas por autorida<strong>de</strong>s, especialistas e pessoas comuns, em dois jornais da época<br />

(Jornal <strong>de</strong> Brasília e O Globo), que valores são apresentados, que princípios são <strong>de</strong>fendidos,<br />

que direitos são reivindicados, que representações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília são apresentadas.<br />

Paisagens fraturadas da cida<strong>de</strong> sob o olhar<br />

do forasteiro: uma leitura <strong>de</strong> os signos<br />

e as siglas <strong>de</strong> H. Dobal<br />

Silvana Maria Pantoja dos Santos<br />

Doutoranda em Teoria da Literatura /UFPE<br />

silvanapantoja@terra.com.br<br />

Pensar a cida<strong>de</strong> na literatura, mais especificamente no texto poético, é dar a ela um relevante<br />

significado em função da carga subjetiva que a norteia Os poetas não buscam na cida<strong>de</strong> o<br />

que está reconhecido socialmente, mas a sua substância. Assim, diante <strong>de</strong> objetos, imagens,<br />

lugares, importa ao poeta menos as coisas em si, que a relação que estabelecem com elas.<br />

Nesse esteio, objetivamos com este trabalho analisar o impacto da cida<strong>de</strong> sobre o homem<br />

na obra Os signos e as siglas do poeta piauiense H. Dobal. Por meio da linguagem literária,<br />

a cida<strong>de</strong> ficcional fun<strong>de</strong>-se com a cida<strong>de</strong> real a partir do olhar e/ou da vivência do escritor,<br />

<strong>de</strong>ixando transparecer as fraturas pessoais e sociais <strong>de</strong> quem observa a cida<strong>de</strong> mas não se<br />

sente espelhado nela. Como um flanêur, o poeta observa Brasília em mutação e registra<br />

suas impressões sobre uma realida<strong>de</strong> que não traz as marcas das suas referências. Do olhar<br />

<strong>de</strong> viajante, bem como, das suas anotações saltam traçados urbanos, indivíduos sem rostos,<br />

ari<strong>de</strong>z nas relações, etc., que se transmutam em formas poéticas.<br />

Palavras-chave: Litratura; cida<strong>de</strong>; memória.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 20<br />

Patrimônio imaterial – novas paisagens, diversida<strong>de</strong> e<br />

diferença na cultura popular na contemporaneida<strong>de</strong><br />

Os contadores <strong>de</strong> histórias e os<br />

contadores da história<br />

Aldanei Menegaz <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Mestranda em <strong>História</strong> Cultural/PPGHIS-UnB<br />

aldaneimenegaz@yahoo.com.br<br />

Este artigo é parte da pesquisa que venho <strong>de</strong>senvolvendo para a dissertação do Mestrado<br />

em <strong>História</strong> Cultural na UNB, na linha <strong>de</strong> pesquisa: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, tradições e processos; com<br />

o projeto: “A ARTE DE QUEM CONTA OS CONTOS E AUMENTA OS PONTOS NO DIS-<br />

TRITO FEDERAL”, <strong>de</strong> 1996 a 2010. Adoto como fio condutor a metodologia da <strong>História</strong> Oral,<br />

buscando a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do contador <strong>de</strong> histórias contemporâneo. A construção da história<br />

parte do presente e procura também pelo passado a compreensão do objeto pesquisado.<br />

Hoje, como afirma Michel <strong>de</strong> Certeau, o historiador trabalha nas margens, vai até ‘as zonas<br />

silenciosas’ (2006, p.87). Com a <strong>de</strong>scoberta do ‘mundo novo’ a história passou a ser contada<br />

na voz, na escrita e no <strong>de</strong>senho dos que aqui vieram e voltaram levando as notícias e<br />

alimentando o imaginário do povo europeu. O contador <strong>de</strong> histórias é um personagem que<br />

po<strong>de</strong> ser encontrado nas entrelinhas, nas lacunas da história oficial que pouco valor <strong>de</strong>u aos<br />

sujeitos anônimos e secundários.<br />

Palavras chave: narrativa, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, imaginário.<br />

Tradição e Socieda<strong>de</strong> no Sertão <strong>de</strong> Goiás<br />

Amanda Alexandre Ferreira Geral<strong>de</strong>s<br />

UniEvangélica – GO<br />

amandaalexandre@gmail.com<br />

Paula Groehs Pfrimer Oliveira Stumpf<br />

UFG – GO<br />

paulastumpf@hotmail.com<br />

O presente artigo busca i<strong>de</strong>ntificar qual a função social e quais os impactos sócio-culturais da<br />

Feira do Troca na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olhos D’Água no interior <strong>de</strong> Goiás, valendo-se <strong>de</strong> pesquisas<br />

e análises <strong>de</strong> corpus documental fundamentadas na <strong>História</strong> Oral. Estudos <strong>de</strong> memória, construção<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e formulação <strong>de</strong> consciência comunitária nortearão o projeto <strong>de</strong> Tradição<br />

Oral. Este trabalho justifica-se ao i<strong>de</strong>ntificar os modos <strong>de</strong> saber e <strong>de</strong> fazer da comunida<strong>de</strong>, bem<br />

como os comportamentos da mesma nos eventos que se relacionam à prática da troca.<br />

A “volta ao mundo” da capoeira: resistência,<br />

contravenção e patrimônio cultural brasileiro<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Carlos Bittencourt Leite Marques<br />

UFRPE<br />

carlosbittencourt-@hotmail.com<br />

A luta pelo reconhecimento e inclusão, não apenas da capoeira, mas <strong>de</strong> maneira geral da<br />

cultura popular como influenciadoras da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, vem <strong>de</strong> longos tempos. No dia<br />

15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador-BA, a capoeira se tornava o mais novo patrimônio<br />

imaterial brasileiro. Embora hajam registros <strong>de</strong>ssa “brinca<strong>de</strong>ira” escrava há mais <strong>de</strong> 200 anos,<br />

e uma entida<strong>de</strong> com o propósito <strong>de</strong> registrar e preservar estes patrimônios <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1937, só a<br />

partir do ano passado que a mesma foi “legitimada”, como tal. Todos esses anos <strong>de</strong> repressão<br />

e preconceito estão marcados por fortes interesses das camadas dominantes em exorcizar<br />

da “socieda<strong>de</strong> brasileira” as manifestações culturais das camadas subalternas. Preten<strong>de</strong>mos<br />

no trabalho proposto analisar o processo que irá propiciar o registro da capoeira como<br />

Patrimônio Imaterial do Brasil, observando algumas especificida<strong>de</strong>s da capoeiragem recifense.<br />

Palavras-chave: patrimônio cultural, cultura popular, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Mãos que cortam, cantam e contam:<br />

Joaquim Mulato e suas narrativas<br />

Cícera Patrícia Alcântara<br />

Mestre em <strong>História</strong>/UFPE<br />

patyalcantara11@hotmail.com<br />

Este trabalho tem como principal objetivo analisar a trajetória pessoal e religiosa do lí<strong>de</strong>r<br />

da Irmanda<strong>de</strong> da Cruz Joaquim Mulato <strong>de</strong> Souza a partir das narrativas orais e escritas construídas<br />

por/sobre o mesmo, bem como pensar <strong>de</strong> que maneira essas narrativas contribuem<br />

para o processo <strong>de</strong> patrimonialização <strong>de</strong> sua trajetória através <strong>de</strong> práticas discursivas que se<br />

intercambiam constantemente e que atribuem valor simbólico ao universo <strong>de</strong> enunciados<br />

que lhe cercam. Tendo iniciado ainda na adolescência suas ativida<strong>de</strong>s místicas com o grupo<br />

barbalhense em questão, Joaquim Mulato ocupou a função <strong>de</strong> Decurião por mais <strong>de</strong> sessenta<br />

anos interruptores. Foi, porém, a partir da década <strong>de</strong> 1970, quando a Irmanda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

ter caráter secreto, se inserindo então numa serie <strong>de</strong> programações turístico-culturais em<br />

nível estadual e também nacional, que a imagem do lí<strong>de</strong>r foi alvo <strong>de</strong> construções representativas<br />

que fizeram emergir por sua vez uma intensa política <strong>de</strong> patrimonalização do seu<br />

saber/fazer. É por entre as nuances <strong>de</strong>ssas imagens e <strong>de</strong>sses enunciados diversos que aqui<br />

tentaremos construir nossa travessia.<br />

Tradição e pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> na Festa do Vão<br />

do Moleque da Comunida<strong>de</strong> Kalunga <strong>de</strong> Cavalcante<br />

– Goiás<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Guilherme Talarico<br />

Mestre em <strong>História</strong> pela UFG<br />

talarico.gui@gmail.com<br />

Com o apoio da Bolsa FUNARTE <strong>de</strong> Produção Crítica em Culturas Populares e Tradicionais,<br />

analiso as mudanças que vem ocorrendo na Festa do Vão do Moleque da Comunida<strong>de</strong> Kalunga,<br />

<strong>de</strong>correntes da exploração do potencial turístico dos festejos, advindo da melhoria do<br />

acesso e crescimento do número <strong>de</strong> visitantes. O conflito entre a manutenção das tradições e<br />

a espetacularização da cultura do povo Kalunga <strong>de</strong>ve ser explorado nos contextos histórico,<br />

cultural e social, uma vez que a Festa do Vão do Moleque representa um evento anual <strong>de</strong><br />

convívio social entre os quilombolas daquela comunida<strong>de</strong>.<br />

O estudo sobre a Festa do Vão do Moleque irá contribuir para o entendimento dos problemas<br />

gerados para a comunida<strong>de</strong> com o crescente interesse da socieda<strong>de</strong> pelas suas manifestações<br />

culturais, mas, em contrapartida, mostrará que estes problemas são mitigados pela própria<br />

comunida<strong>de</strong> que busca nesta visibilida<strong>de</strong> momentânea garantir algum ganho financeiro e simbólico.<br />

Assim, pretendo mostrar que, apesar <strong>de</strong> aparentemente isolado, o caso da Festa do Vão<br />

do Moleque serve como exemplo aos problemas gerados pela inevitável abertura <strong>de</strong> uma nova<br />

área <strong>de</strong> atuação do mercado sobre as manifestações culturais <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s tradicionais.<br />

O estudo mostrará as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infra-estrutura para a realização da Festa, a mobilização<br />

da comunida<strong>de</strong> no apoio ao “Imperador”, a atuação dos po<strong>de</strong>res públicos e os impactos<br />

ambientais <strong>de</strong>correntes dos mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong> festivida<strong>de</strong>s e as medidas que po<strong>de</strong>riam<br />

mitigá-los. E ainda, fortalecer a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos Kalunga, uma vez que o trabalho será apresentado<br />

à comunida<strong>de</strong> em oportunida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas, fortalecendo ainda mais o espírito associativo<br />

daquele povo.<br />

Patrimônio imaterial e interculturalida<strong>de</strong><br />

em perspectiva comparada<br />

Irmina Anna Walczak<br />

Ceppac/ Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

irminawalczak@gmail.com<br />

O presente artigo propõe discutir a relação entre as políticas <strong>de</strong> salvaguarda do patrimônio<br />

cultural imaterial e a interculturalida<strong>de</strong> em perspectiva comparada, utilizando-se dos casos<br />

brasileiro e equatoriano. O objetivo principal da discussão é averiguar se existe a possibilida<strong>de</strong><br />

- postulada pela UNESCO e pelas instituições brasileiras como a realida<strong>de</strong> existente<br />

(Sant’Ana, 2001) - <strong>de</strong> incluir os bens imateriais, isto é conhecimentos OUTROS, e com eles<br />

seus produtores historicamente subalternizados aos espaços sociais e ao imaginário nacional<br />

com o estatuto <strong>de</strong> iguais. Visto que os portadores <strong>de</strong> patrimônios material/histórico e<br />

imaterial/intangível pertencem às cosmovisões ou aos paradigmas distintos (Lan<strong>de</strong>r, 2005)<br />

é pertinente perguntar: É possível que dois paradigmas convivem? Como se faz a igualda<strong>de</strong><br />

na diferença? Em busca pelas respostas propõe-se uma reflexão crítica sobre o conceito <strong>de</strong><br />

interculturalida<strong>de</strong> teorizado e reivindicado pela aca<strong>de</strong>mia andina. Cada vez mais praticado<br />

pelo estado equatoriano, po<strong>de</strong> ser uma proposta e exemplo para os processos brasileiros. Em<br />

relação à metodologia, o trabalho é <strong>de</strong>senvolvido a partir da pesquisa documental e <strong>de</strong> cam-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

po, realizadas junto às instituições <strong>de</strong>cisórias e com atores atingidos no Brasil e Equador.<br />

Palavras-chave: patrimônio imaterial, interculturalida<strong>de</strong>, salvaguarda.<br />

Inventário cultural dos maracatus nação <strong>de</strong><br />

Pernambuco: pensando a diversida<strong>de</strong><br />

Isabel Cristina Martins Guillen<br />

Professora do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da UFPE<br />

iguillen@uol.com.br<br />

Este trabalho visa pensar o processo <strong>de</strong> inventário cultural dos maracatus nação <strong>de</strong> Pernambuco,<br />

e que congrega dois projetos financiados pelo FUNCULTRA. O primeiro objetiva<br />

registrar a diversida<strong>de</strong> sonora dos grupos <strong>de</strong> maracatu, gravando seus batuques. O segundo<br />

objetiva registrar a memória dos organizadores e membros mais antigos dos grupos com<br />

vistas a produzir um acervo documental sobre esta manifestação cultural. Estes projetos<br />

envolveram a participação direta <strong>de</strong> jovens membros dos grupos culturais, e é sobre esta<br />

experiência que o trabalho <strong>de</strong>ve centrar foco, pensando os modos <strong>de</strong> transmissão do saber<br />

entre as culturas populares na contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

<strong>História</strong>s sobre o patrimônio cultural da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Joinville: culinária, festas e etnicida<strong>de</strong><br />

Janine Gomes da Silva<br />

Doutora/ UNIVILLE e AHJ<br />

janine.gomes@univille.net<br />

A partir da perspectiva dos estudos <strong>de</strong> gênero, memória e patrimônio cultural, o presente<br />

trabalho preten<strong>de</strong> apresentar algumas discussões sobre o patrimônio imaterial <strong>de</strong> algumas<br />

estradas que compõe a região rural da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joinville, situada no nor<strong>de</strong>ste do estado <strong>de</strong><br />

Santa Catarina. Por intermédio das pesquisas “Lugares <strong>de</strong> memória, memórias <strong>de</strong> lugares...<br />

Diferentes olhares para o patrimônio cultural <strong>de</strong> Joinville” e “A Estrada Mildau e a Festa do<br />

Cará: (re)significando memórias e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s”, financiadas pelo FAP/UNIVILLE, procuramos<br />

problematizar, especialmente a partir <strong>de</strong> memórias femininas, aspectos do patrimônio<br />

cultural da cida<strong>de</strong> relacionados principalmente ao patrimônio alimentar, as festas consi<strong>de</strong>radas<br />

“típicas” e a paisagem rural.<br />

Palavras-chave: patrimônio cultural, gênero, Joinville.<br />

Cida<strong>de</strong> e subjetivida<strong>de</strong>s: educação, memória e<br />

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cultura - vivendo e apren<strong>de</strong>ndo em Brasília<br />

Lúcia Helena Cavasin Zabotto Pulino<br />

Doutora em Filosofia (UNICAMP)<br />

luciahelena.pulino@gmail.com<br />

Este trabalho relata e problematiza a criação <strong>de</strong> uma escola, associativa e <strong>de</strong>mocrática, durante<br />

o Regime Militar, em Brasília, Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Em 1981, quatro anos antes da retomada da <strong>de</strong>mocracia<br />

no Brasil, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um longo período <strong>de</strong> ditadura, iniciado em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1964,<br />

foi criada a Associação Pró-Educação Vivendo e Apren<strong>de</strong>ndo, na capital do pais. Nasceu como<br />

associação, espaço <strong>de</strong> encontros visando criar um lugar <strong>de</strong> educação para crianças, os filhos das<br />

pessoas envolvidas com a Associação. Em 1982, essas pessoas criaram um Espaço <strong>de</strong> Convivência<br />

e Escola <strong>de</strong> Educação Infantil, para escapar ao mo<strong>de</strong>lo restritivo do sistema público autoritário<br />

proposto pelo regime vigente. A Associação, auto-gerida, estabeleceu como sua instância<br />

máxima <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões a Assembléia Geral. A pré-escola, sem dono, ou tendo todos os<br />

associados como seus donos, hoje, em 2010, completa 28 anos <strong>de</strong> funcionamento, educando<br />

crianças em um clima <strong>de</strong>mocrático, numa perspectiva critica e criativa. A Vivendo e Apren<strong>de</strong>ndo<br />

candidatou-se, recentemente, a fazer parte do patrimônio imaterial <strong>de</strong> Brasília.<br />

Por trás da festa: as representações<br />

do povo através do folguedo cavalo-marinho<br />

<strong>de</strong> Pernambuco<br />

Maria Ângela <strong>de</strong> Faria Grillo<br />

Doutora em <strong>História</strong> pela UFF<br />

Profa. do Dep. De <strong>História</strong> da UFRPE<br />

O trabalho aqui apresentado busca fazer um levantamento dos bens culturais que envolvem o<br />

Folguedo Cavalo-Marinho dos municípios <strong>de</strong> Ferreiros e Condado situados na Zona da Mata<br />

Norte <strong>de</strong> Pernambuco. Cavalo Marinho é a <strong>de</strong>nominação atribuída ao folguedo popular que<br />

se caracteriza como um teatro, incluindo música, dança e poesia, representado por aproximadamente<br />

setenta personagens, que se apresentam por cerca <strong>de</strong> oito horas. A história é<br />

contada pelas toadas e loas (versos falados) <strong>de</strong> forma poética, pelo diálogo conduzindo o<br />

enredo através das figuras. Seus cacoetes, vícios e mazelas remetem às vitimas dos personagens<br />

reais, representando um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabafo. Todo enredo mostra a relação entre dois<br />

extratos básicos da socieda<strong>de</strong> canavieira: o dos escravos – atualmente trabalhadores rurais<br />

– e dos senhores <strong>de</strong> engenho – atualmente usineiros e políticos. Durante toda brinca<strong>de</strong>ira,<br />

os participantes trocam <strong>de</strong> figuras, mudando apenas uma peça <strong>de</strong> roupa ou uma máscara. O<br />

objeto fundamental <strong>de</strong>ssa pesquisa é investigar as práticas culturais presentes no folguedo e<br />

as disputas políticas aí representadas.<br />

Palavras-chave: cultura popular, práticas e representações culturais.<br />

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Mulheres negras pernambucanas têm história<br />

Maria Aparecida Oliveira Souza<br />

Professora <strong>de</strong> <strong>História</strong>/UFPE<br />

cidoka.cida@hotmail.com<br />

O <strong>de</strong>sfio <strong>de</strong> romper o esquema binário em que o masculino e o feminino se constroem em<br />

oposição um ao outro tem sido <strong>de</strong>safiador para nós mulheres, daí o interesse em procurar<br />

experiências que apontam para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção do mundo <strong>de</strong> outras formas.<br />

Investigar as mulheres negras do sertão <strong>de</strong>ita suas raízes na infância. Queira-se ou não, a<br />

vivência, a emoção e o meio social interferem no pensamento. Recuperar estas histórias<br />

baseia-se na sabedoria popular para a qual “escolher bem entre as velhas coisas é quase inventar<br />

coisas novas”. Embora já se tenha avançado em formulações teóricas sobre as questões<br />

voltadas para as construções das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, maiores investigações ainda são necessárias,<br />

particularmente em relação aos potenciais e limites da abordagem <strong>de</strong> gênero e da construção<br />

das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s etno-raciais no sertão central pernambucano. Nesse caso, o corpo biológico<br />

das mulheres negras fica marcado como fundamento “natural” da inferiorida<strong>de</strong>, e seus papeis<br />

pré-<strong>de</strong>finidos. Apesar <strong>de</strong> toda a diversida<strong>de</strong> que representou o período da escravidão, o que<br />

se conduz, a partir <strong>de</strong>sse momento, é falar das negras que conseguiram quebrar os domínios<br />

dos “corpos dóceis” e “inverter as evi<strong>de</strong>ncias” do lugar das mulheres negras do Sertão.<br />

Palavras-chave: gênero, mulheres, negras, sertão<br />

<strong>História</strong>s <strong>de</strong> cá e <strong>de</strong> lá: o processo histórico<br />

<strong>de</strong> formação da literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l brasileira<br />

Maria Helenice Barroso<br />

Doutoranda do PPGHIS/UnB<br />

helebarroso@ig.com.br<br />

O presente artigo analisa os modos como se efetivou o processo histórico <strong>de</strong> formação da<br />

literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l brasileira, no período compreendido entre fins do século XIX até 1930.<br />

Acredito que tal estudo possibilitará perceber como ocorre a ressignificação, adaptação e<br />

atualização das práticas culturais no processo <strong>de</strong> transmissão das tradições. As narrativas<br />

do cor<strong>de</strong>l são aqui tomadas como formas imagéticas e discursivas, capazes <strong>de</strong> instituir realida<strong>de</strong>s,<br />

legitimando e <strong>de</strong>sestabilizando saberes, dando visibilida<strong>de</strong> ao sonhado, instaurando<br />

sensibilida<strong>de</strong>s capazes <strong>de</strong> produzir sentidos e significados para as experiências cotidianamente<br />

vividas em um <strong>de</strong>terminado contexto histórico permeado por relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (Foucault,<br />

1979).<br />

Essa pesquisa tem como base metodológica a análise qualitativa a partir <strong>de</strong> diferentes tipos<br />

<strong>de</strong> indícios historiográficos (Guinzburg, 1987). Além dos folhetos e registros <strong>de</strong> arquivos<br />

públicos, adota a história oral em busca da apreensão das representações presentes nas imagens<br />

construídas na prática do fazer cor<strong>de</strong>l. Desse modo, intento aqui a construção <strong>de</strong> uma<br />

forma do conhecimento do real a partir <strong>de</strong> sua apreensão pela esfera do sensível, do subjetivo<br />

e também do racional.<br />

Palavras chave: cor<strong>de</strong>l, tradições, representações.<br />

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A Escrita do Folclore em Goiás: <strong>História</strong>s <strong>de</strong> Intelectuais<br />

e Instituições (1940/1970)<br />

Mônica Martins da Silva<br />

Prof. Doutora do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Metodologia <strong>de</strong> Ensino do Centro <strong>de</strong> Ciências da Educação/UFSC<br />

moniclio@uol.com.br<br />

Analisa-se, por meio <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> publicações dos anos <strong>de</strong> 1970, o processo <strong>de</strong> construção<br />

<strong>de</strong> uma escrita intelectual que colaborou para a construção das noções <strong>de</strong> “povo”, <strong>de</strong><br />

“cultura popular” e <strong>de</strong> “folclore” em Goiás e as suas relações, tanto com a organização <strong>de</strong> um<br />

campo intelectual do folclore iniciado no final dos anos <strong>de</strong> 1940, como com as políticas culturais<br />

dos anos <strong>de</strong> 1960 e 1970 que ampliaram as reflexões sobre o passado e possibilitaram a<br />

sua perpetuação por meio da publicação e a reedição <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> textos, assim como<br />

a gravação <strong>de</strong> discos e a produção <strong>de</strong> imagens, nos quais as festas, as danças dramáticas,<br />

a culinária popular e as religiosida<strong>de</strong>s são recorrentes. A discussão <strong>de</strong>ssas questões possibilita<br />

refletir historicamente sobre o processo que dá início a muitas das indagações contemporâneas<br />

a cerca dos limites e das tensões envolvendo a cultura popular.<br />

O chefe mandou....<br />

Paula Braga Zacharias<br />

Pós-graduanda em Docência na Educação Superior do IESB<br />

pabz@ig.com.br<br />

Resultado <strong>de</strong> uma interação prática contínua entre teatro e educação no ensino fundamental<br />

em uma escola pública na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, minha dissertação <strong>de</strong> mestrado sustentou a interface<br />

e a interação dos jogos infantis <strong>de</strong> rua, Polícia e Ladrão, Pique-Ban<strong>de</strong>ira e o Garrafão<br />

(jogos presentes na cultura popular) por meio <strong>de</strong> suas diversas semelhanças com os elementos<br />

da linguagem teatral, apontando ser sua natureza um eficiente exercício espontâneo <strong>de</strong><br />

dramaturgia para crianças.<br />

Os jogos infantis <strong>de</strong> rua são especialmente dotados <strong>de</strong> linguagem cênica; constituídos por<br />

elementos dramáticos que educam e direcionam o pequeno discente à procura <strong>de</strong> novas formas<br />

e contextos ficcionais dramáticos. Estes jogos são potencializados enquanto exercícios<br />

espontâneos <strong>de</strong> dramaturgia. O jogo é um objeto <strong>de</strong> reflexão inerente e tangível para professores<br />

que almejam aliar à educação formal o ensino das artes cênicas, com ênfase para a faixa<br />

etária <strong>de</strong> 07 a 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: jogo; educação; imaginário<br />

Percepções sobre o olhar da comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Serranópolis – GO frente à arte rupestre<br />

na Pousada das Araras<br />

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Pollyanna <strong>de</strong> Oliveira Brito Melo<br />

Mestranda em Cultura Visual FAV/ UFG<br />

pibrito.melo@gmail.com<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é divulgar um estudo preliminar sobre o sentimento <strong>de</strong> pertença<br />

(construído a partir da diferenciação social, <strong>de</strong> lugares <strong>de</strong> sentido social e da memória<br />

coletiva) e o patrimônio imaterial (manifestações culturais, crenças e saberes) que a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Serranópolis <strong>de</strong>senvolve a partir das imagens rupestres da Pousada das Araras.<br />

Buscando respostas a perguntas como — Existe um vínculo <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> entre os moradores<br />

e esses registros históricos? Se esse vínculo existe, como ele se manifesta?Seria através<br />

<strong>de</strong> artesanatos, discussões ou do ensino <strong>de</strong> arte? Ou ele não se concretiza e são necessários<br />

“ganchos”, como ações <strong>de</strong> educação e gestão patrimonial que levem a comunida<strong>de</strong> à consciência<br />

histórica da riqueza <strong>de</strong>ssas imagens rupestres, que têm aproximadamente 11.000<br />

anos e pertencem a um dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil, a Pousada das<br />

Araras, que está localizada em Serranópolis no estado <strong>de</strong> Goiás.<br />

Palavras-chave: arte rupestre, sentimento <strong>de</strong> pertença e patrimônio imaterial.<br />

Da macaíba ao alumínio: experiência<br />

do inventário dos cocos em Pernambuco<br />

Sanae Souto<br />

Pesquisadora do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Antropologia da UFPE. Formada em Comunicação<br />

Social pela Sophia University, Tóquio, Japão.<br />

sanae_som@msn.com<br />

Co-autor: Frank Sósthenes S. Souto Maior Jr.<br />

Graduando em <strong>História</strong> da UFRPE<br />

frankhistufrpe@yahoo.com.br<br />

Entre setembro <strong>de</strong> 2009 e janeiro <strong>de</strong> 2010 uma equipe <strong>de</strong> pesquisadores sob coor<strong>de</strong>nação do<br />

professor Carlos Sandroni trabalhou na etapa pernambucana do projeto “Nos quatro cantos<br />

do mundo – os cocos do nor<strong>de</strong>ste brasileiro”, financiado pelo IPHAN/MinC. O objetivo <strong>de</strong>ste<br />

projeto é realizar um levantamento para instruir a possível patrimonialização dos cocos do<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Durante a pesquisa, foi privilegiado o uso da história oral <strong>de</strong> vida nas entrevistas<br />

com os atores sociais. Neste trabalho abordaremos algumas questões ocorridas durante<br />

o processo da transmissão da cultura popular. Segundo observamos, este processo está se<br />

transformando durante a vida dos participantes e, no caso <strong>de</strong> coco-<strong>de</strong>-roda da Zona da Mata<br />

Norte, em maior parte apenas resta na memória das pessoas idosas. Preten<strong>de</strong>mos discutir<br />

também sobre o procedimento <strong>de</strong> registro para melhor <strong>de</strong>scrição dos bens intangíveis que<br />

incluem cantos, danças e execução e fabricação <strong>de</strong> instrumentos musicais. Serão relatados<br />

<strong>de</strong>poimentos dos coquistas da região, com <strong>de</strong>staque para o mestre cantador e artesão <strong>de</strong><br />

bombos <strong>de</strong> macaíba, José Agripino, 89 anos, e do Mestre Paulo Faustino, 89 anos, que afirma<br />

<strong>de</strong> ter introduzido o pan<strong>de</strong>iro no coco-<strong>de</strong>-roda.<br />

Palavras-chave: Patrimônio Imaterial - Coco – Danças tradicionais<br />

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ST 21<br />

Entre (In) Visibilida<strong>de</strong>s – imagem e conhecimento<br />

Imagens do carisma <strong>de</strong> Hitler. A celebração<br />

das massas e o fascínio pela estética do mal<br />

Albene Miriam Menezes<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do PPGHIS/UnB<br />

albene@unb.br<br />

O propósito <strong>de</strong>ste ensaio é abordar, <strong>de</strong> forma panorâmica, o significado das imagens do mito<br />

e do carisma <strong>de</strong> Hitler e as engrenagens e mecanismos do nazismo para construir e reforçar<br />

o apelo popular da figura do Führer. Meta central é instigar algumas reflexões sobre a organização<br />

das manifestações <strong>de</strong> massa promovidas pela Alemanha nazista sob a perspectiva<br />

da fabricação cultural para fins políticos - o aparelhamento da arte e da cultura a serviço <strong>de</strong><br />

uma i<strong>de</strong>ologia. Os movimentos totalitários, segundo Hannah Arendt, objetivam e conseguem<br />

organizar as massas – e não as classes ou os cidadãos. Sob Hitler a massa é parte do<br />

espetáculo, não apenas espectador. O uso intensivo dos meios <strong>de</strong> comunicação existentes<br />

(grafismo, cartazes, cinema, rádio, jornais, música, fotos, panfletos, livros, revistas), <strong>de</strong> signos,<br />

símbolos, marchas e paradas organizadas contribuem substancialmente para a difusão<br />

e incorporação pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> preceitos totalitários que amalgamam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> nação<br />

e nacionalismo com postulados racistas e reforça a conjectura que o nazismo correspon<strong>de</strong><br />

a uma era <strong>de</strong> política <strong>de</strong> massas. Simetria, sincronia, geometria estudada dos gestos (estética<br />

corporal) tanto dos atores políticos quanto das massas organizadas e fascinadas em espetáculos<br />

grandiloqüentes em espaços arquitetônicos monumentais, como os das concentrações<br />

do Partido Nazista no Zeppelinfeld, em Nuremberg, e documentários fílmicos, como<br />

o exemplo mor do Triumph <strong>de</strong>s Willens, <strong>de</strong> Leni Riefensthal, tornam-se instrumentos <strong>de</strong><br />

celebração, conquista das massas e propaganda do regime e mitificação da figura <strong>de</strong> Hitler.<br />

Neste contexto, produzem-se imagens que materializam uma estética <strong>de</strong> apelo sensorial que<br />

corrobora o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Walter Benjamin que fala da transformação da política em<br />

estética - no caso em foco, pelas razões subjacentes, estética do mal.<br />

Palavras-chave: celebrações das massas nazistas; estética do mal;<br />

A representação <strong>de</strong> Batman nas graphic<br />

novels da década <strong>de</strong> 1980: o cavaleiro<br />

das trevas (1986)<br />

Alexandre <strong>de</strong> Carvalho<br />

Mestrando em <strong>História</strong>/UnB<br />

professor.<strong>de</strong>carvalho@gmail.com<br />

Passada 20 anos no futuro da cronologia do personagem até então, a graphic novel que originalmente<br />

foi lançada em quatro minisséries, apresenta um personagem já “idoso” e apos-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

entado da carreira <strong>de</strong> herói. No entanto, Batman volta à ativa no momento em que Gothan<br />

City está afundando no crime e o mundo passa por uma crise bélica que envolve os Estados<br />

Unidos e a União Soviética. Representado nesta contextualização, Batman sai das sombras<br />

para impor a justiça <strong>de</strong> acordo com o seu olhar <strong>de</strong> vigilante, rompendo com uma visão <strong>de</strong><br />

herói que se tinha antes do próprio personagem que perdurava por anos, retornando a combater<br />

o crime em plena década <strong>de</strong> 1980. A velocida<strong>de</strong> da narrativa gráfica, que lembra muito<br />

o cinema, e a construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> narrativa nas histórias em quadrinhos no qual o<br />

personagem tem sua concepção i<strong>de</strong>ntitária permeada <strong>de</strong> representações e concepções que<br />

até então não eram encontradas nos quadrinhos do gênero <strong>de</strong> super-heróis, se tornaram<br />

referência para toda uma geração <strong>de</strong> roteiristas e <strong>de</strong>senhistas da atualida<strong>de</strong> na composição<br />

<strong>de</strong> seus personagens em suas graphic novels. Buscamos estabelecer uma relação dos estudos<br />

presentes na história cultural sobre a representação com a concepção da narrativa gráfica<br />

do álbum, sobretudo sobre a historicida<strong>de</strong> das imagens <strong>de</strong> Batman inseridas na linguagem<br />

própria característica e construída para as histórias em quadrinhos.<br />

Palavras-chaves: representação, histórias em quadrinhos, Batman<br />

Diálogos entre a vanguarda Dadá e o manifesto<br />

cinematográfico Dogma 95: mediação do caos<br />

Allex Rodrigo Medrado Araújo<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

allexmeteora@hotmail.com<br />

Neste trabalho, o objetivo é discutir e propor um diálogo entre o manifesto cinematográfico<br />

Dogma 95 e a vanguarda Dadá, a partir <strong>de</strong> suas imagens e conceitos, aparentemente caóticos<br />

sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> outras realida<strong>de</strong>s possíveis. Valho-me em Mirzoeff, no livro An<br />

introduction to visual culture, publicado em 1999. Ali, a força estabelecida entre imagem e<br />

texto é abordada como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>sta relação binária,em favor do hibridismo<br />

possibilitado pelos recursos técnicos e estéticos das mídias contemporâneas. É um olhar que<br />

preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir, em alguma medida, o modo como o indivíduo percebe e representa<br />

a realida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> estruturas hegemônicas sistemáticas <strong>de</strong> ver, interpretar e formular<br />

mensagens no contexto sócio cultural contemporâneo. É uma forma <strong>de</strong> potencializar o in<strong>de</strong>terminado,<br />

o acaso e ampliar o espectro <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> percepção das visualida<strong>de</strong>s, para possibilitar<br />

reapren<strong>de</strong>r a visada <strong>de</strong> mundo. Se pensarmos o caos como um mundo do complexo<br />

numa dinâmica não linear, esta pesquisa produzirá ainda mais incertezas do que seguranças.<br />

No entanto, é capaz também <strong>de</strong> vislumbrar horizontes da intensida<strong>de</strong> para além da simples<br />

extensão, como argumenta Demo (2002).<br />

Palavras-chave: Dogma95, Dadá e Caos.<br />

Tinta papel e prensa: a arte gráfica na coluna<br />

Garotas da Revista O Cruzeiro<br />

199


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Daniela Queiroz Campos<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> UFSC<br />

camposdanielaqueiroz@gmail.com<br />

O universo das Garotas do Alceu. Um universo <strong>de</strong> tinta papel e prensa. As polianas cuidadosamente<br />

traçadas pelo ilustrador Alceu Penna estavam inseridas em um mundo gráfico. Era o<br />

mundo gráfico <strong>de</strong> O Cruzeiro. A coluna Garotas foi editada durante 28 anos (<strong>de</strong> 1938 à 1964)<br />

naquela que foi a gran<strong>de</strong> revista brasileira <strong>de</strong> então. As Garotas do Alceu povoaram duas<br />

folhas em formato tablói<strong>de</strong> <strong>de</strong> O Cruzeiro por quase 3 décadas, tranformando-se, assim, em<br />

famosas personagens do Brasil dos anos dourados. Personagens que eram personificadas<br />

por tinta e papel. O presente artigo preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>bruçar-se justamente nesse arranjo <strong>de</strong> tinta,<br />

papel e prensa. Para tal, buscar-se-á analisar os arranjos dos elementos que compunham a<br />

coluna. Tipografia do título, distribuição <strong>de</strong> textos e ilustração, eleição <strong>de</strong> cores. Perceber a<br />

coluna como imagem, imagem, que por sua vez, transbordava a ilustração. Tratando, assim,<br />

Alceu Penna, como artista gráfico e, quiçá, como <strong>de</strong>signer.<br />

Movimentos <strong>de</strong> memórias entre Angola<br />

e o Quilombo Kalunga<br />

Edymara Diniz Costa/UnB<br />

dymaradiniz@gmail.com<br />

Este trabalho tem como proposta a socialização <strong>de</strong> alguns resultados que vêm sendo obtidos<br />

através do projeto <strong>de</strong> pesquisa e extensão “Abrigos da memória na região <strong>de</strong> Brasília”,<br />

sob a coor<strong>de</strong>nação da professora Dra. Nancy Alessio Magalhães. Sendo assim, procura-se<br />

obter outras versões da história <strong>de</strong> Angola relatadas por meio <strong>de</strong> entrevistas com estudantes<br />

angolanos na UnB, em cotejo com as <strong>de</strong> moradores Kalunga do município <strong>de</strong> Cavalcante<br />

Goiás. Estes também têm participado <strong>de</strong>ste projeto, relatando suas experiências <strong>de</strong>ntro e<br />

fora da sua comunida<strong>de</strong>. É por meio da realização <strong>de</strong>ssas entrevistas com esses estudantes<br />

e moradores que temos levantado temas que nos permitem relacionar semelhanças e diferenças<br />

entre essas experiências, assim como também realizar outras interpretações <strong>de</strong> acontecimentos<br />

já difundidos na história escrita, pelo contato com outras versões obtidas pelo<br />

recurso da história oral. Chamo atenção para a utilização da fotografia por ela estar muito<br />

presente na metodologia <strong>de</strong> trabalho do referido projeto, juntamente com outros recursos<br />

audiovisuais. Isto tem nos possibilitado perceber como a memória tem sido acionada por<br />

estes estudantes e moradores, para percorrerem processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, na<br />

medida em que confrontamos relações ou não com outros documentos correlatos, também<br />

já i<strong>de</strong>ntificados e produzidos através <strong>de</strong>sse projeto <strong>de</strong> pesquisa e extensão.<br />

Arte, história e instituição: João Câmara<br />

e as apropriações da história da arte<br />

Emerson Dionisio Gomes <strong>de</strong> Oliveira<br />

<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Artes Visuais/IdA/UnB<br />

200


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

dionisio@unb.br<br />

O presente trabalho procurou investigar <strong>de</strong> que modo o artista paraibano João Câmara tem<br />

se apropriado, pelo vocabulário da arte contemporânea, <strong>de</strong> estilos e estéticas visuais do passado.<br />

A pesquisa mirou no confronto entre os elementos da linguagem visual oriundos da<br />

tradição classificatória da história da arte oci<strong>de</strong>ntal com elementos da história da arte brasileira<br />

e seus <strong>de</strong>svios. Nesse confronto explicitam-se usos, jogos, críticas e procedimentos realizados<br />

pelo artista, ao mesmo tempo em que se evi<strong>de</strong>ncia a história constitutiva dos valores<br />

da disciplina <strong>História</strong> da Arte <strong>de</strong>ntro do contexto sócio-histórico brasileiro. Ao apo<strong>de</strong>rar-se<br />

<strong>de</strong> valores estéticos do passado, Câmara também expõe outros elementos importantes na<br />

imbricação entre a história cultural, a história da arte e a história das instituições. Com diferentes<br />

obras, Câmara nos oferece pela arte o questionamento do estatuto artístico em diferentes<br />

momentos históricos; o papel do artista diante das fontes visuais do passado; o sentido<br />

<strong>de</strong> autoria e suas restrições culturais; o processo narrativo do passado por meio <strong>de</strong> fontes<br />

visuais <strong>de</strong>rivadas; a hierarquia dos gêneros e suportes; a circulação e a percepção <strong>de</strong> obras<br />

<strong>de</strong>rivadas; a memória como elemento conceitual mediador; o papel das instituições <strong>de</strong> arte e<br />

sua relação com as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s regionais; e, sobretudo, o próprio conceito <strong>de</strong> apropriação.<br />

Uma etnografia do urbano das Minas escravistas:<br />

a visão e a escritura dos registros naturalistas<br />

Francisco Eduardo Andra<strong>de</strong><br />

Professor adjunto do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> <strong>História</strong>/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto<br />

andra<strong>de</strong>fe@uol.com.br<br />

Preten<strong>de</strong>mos, nesse trabalho, explorar a problemática da invenção das imagens documentais<br />

<strong>de</strong> cunho naturalista (século XIX) – imagens da composição urbana das Minas no período<br />

<strong>de</strong> sólido incremento da escravidão. Residindo a autenticida<strong>de</strong> do registro no cruzamento<br />

entre a ciência natural e a arte <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> romântica, enfocamos os elementos visíveis/<br />

invisíveis específicos do urbano nesse interior, <strong>de</strong>finindo assim a visualida<strong>de</strong> da paisagem<br />

citadina. Para os naturalistas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a prática propriamente documental – esboço ou <strong>de</strong>senho<br />

– até a concepção imagética final – gravura, sobretudo -, toda a produção <strong>de</strong> imagens visa<br />

testemunhar o percurso da viagem, um relato <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo. Contudo, as representações<br />

das gravuras <strong>de</strong>scolam-se do texto, cujos recursos narrativos apreen<strong>de</strong>m o confronto<br />

das visões. Mesmo as representações dos espaços urbanos são “distanciadas”, constituídas<br />

nos quadros paisagísticos <strong>de</strong> uma natureza exuberante (a da fisionomia geológica, pelo menos)<br />

e rústica, aqui com quase nenhuma alternativa para a subsistência humana.<br />

“A construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

capixaba na mídia: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s líquidas, paisagens<br />

contemporâneas”<br />

Isabel Regina Augusto<br />

201


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Professora FACITEC/DDI - UFES<br />

isabelaugusto2005@yahoo.com.br<br />

Karolina Broetto<br />

Nilo Kulnig Musso<br />

Thiago Sales<br />

Graduandos DDI - UFES<br />

Este trabalho é resultado <strong>de</strong> pesquisa que analisa através <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> caso a construção na<br />

mídia <strong>de</strong> uma periférica i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional brasileira, qual a capixaba, na chamada pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Alain Herscovici (1995 e 2004), Manuel Castells (2006), Zygmunt Bauman<br />

(2005), Denilson Lopes (2010) e Luisa Passerini (2005) formam a base para reflexão teórica,<br />

enquanto Maria Ciavatta (2002) e Lúcia Santaella (2004) auxiliam na construção da abordagem<br />

metodológica <strong>de</strong> analise das peças criadas para a mídia (talonários, cartões, ví<strong>de</strong>o, site,<br />

etc.), ou seja, aquela produzida pelo Banco do Estado do Espírito Santo - BANESTES, entre<br />

1999-2009, no emprego do método <strong>de</strong> análise da imagem <strong>de</strong>nominado histórico-semiótico.<br />

Parte-se se da novida<strong>de</strong> do caráter autoconsciente, instrumental e mediado da construção<br />

<strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como iniciada no final do século XX e início do XXI no Estado do Espírito<br />

Santo e reflete sobre seus significados no complexo contexto global contemporâneo.<br />

Palavras-chave: mídia, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Cineastas angolanos e reconfigurações<br />

culturais no pós-in<strong>de</strong>pendência (1975- 1980)<br />

Leandro Santos Bulhões <strong>de</strong> Jesus<br />

Doutorando em <strong>História</strong> PPGHIS/UnB<br />

leohist@hotmail.com<br />

Nos primeiros anos que se seguem à in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Angola (1975- 1980), são produzidos<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> filmes. Esta produção cinematográfica foi um importante elemento <strong>de</strong> intermediação<br />

<strong>de</strong> perspectivas, pela linguagem visual, entre os distintos mundos que constituíam o território<br />

angolano, como as várias etnias existentes, os legados coloniais portugueses, as novas<br />

políticas <strong>de</strong> trabalho, a reinserção nas relações internacionais, a rearticulação das fronteiras, a<br />

reinterpretação das heranças oci<strong>de</strong>ntais, entre outras. Ao realizar outras leituras das práticas<br />

coloniais, os cineastas angolanos revisitam a própria história, redimensionam as premissas culturais,<br />

realinhando princípios da nova nação. Assim, num contexto em que as imagens fílmicas<br />

foram feitas para serem vistas tanto pelos angolanos quanto pelo mundo inteiro, nos primeiros<br />

suspiros das assinaturas nacionais angolanas, o visível e o invisível se constituem como problemas<br />

passíveis <strong>de</strong> serem estudados. Com esta comunicação, pretendo problematizar o papel<br />

<strong>de</strong>sses cineastas como organizadores <strong>de</strong> novas narrativas, que ao oferecerem outras leituras <strong>de</strong><br />

angolanida<strong>de</strong>s promoviam uma dinâmica que envolvia uma reescrita do passado que, inevitavelmente,<br />

reescrevia o presente, e o reescreve ainda hoje, nos dias atuais.<br />

202


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Sobre a Vuelvilla <strong>de</strong> Xul Solar: técnica<br />

e liberda<strong>de</strong> - Ou a Revolução Caraíba<br />

Maria Bernar<strong>de</strong>te Ramos Flores<br />

Professora titular UFSC/CNPq.<br />

bernaramos@yahoo.com<br />

Trata-se <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as coincidências técnico-utópicas entre Xul Solar (artista plástico<br />

argentino) e <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (poeta brasileiro), na fase artística <strong>de</strong> 1950. A Vuelvilla,<br />

<strong>de</strong> Xul Solar, uma cida<strong>de</strong> espacial que funcionaria como centro <strong>de</strong> cultura, sua abordagem<br />

dos autômatas, andrói<strong>de</strong>s, robôs, <strong>de</strong> cérebros quase mecânicos, que trabalhariam pelos homens,<br />

e seus mestiços <strong>de</strong> avião com gente, homens-máquinas que potencializariam as capacida<strong>de</strong>s<br />

humanas, representam o <strong>de</strong>sejo do artista na conquista do homem novo, síntese<br />

da liberda<strong>de</strong> humana, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma longa evolução espiritual. A Antropofagia II, conforme<br />

preconizada nos textos <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, na década <strong>de</strong> 1950, com seu programa <strong>de</strong><br />

emancipação do ser humano da monogamia e do trabalho, com a tecnificação da produção,<br />

representa a síntese do homem primitivo- tecnizado. Para ambos, era a América, com seus<br />

sistemas <strong>de</strong> crenças e mitos originários da cultura pré-colombiana, que po<strong>de</strong>ria fornecer ao<br />

mundo o novo homem, artístico, lúdico, intersubjetivo, Finalmente, o progresso realizaria a<br />

promessa da humanida<strong>de</strong>: “os fusos trabalhariam sozinhos”.<br />

Ulisses e a Odisséia na arte contemporânea<br />

Mário Men<strong>de</strong>s Cavalcante<br />

Dra. Rosana Horio Monteiro<br />

Mestrado FAV/UFG<br />

marioart360@gmail.com<br />

Esse trabalho apresenta três trabalhos em artes plásticas que tem em sua poética o tema,<br />

a relação entre arte e literatura, a partir <strong>de</strong> Ulisses da Odisséia. Para isso parte do ensaio<br />

visual Ulisses a odisséia <strong>de</strong> um corpo, <strong>de</strong> um dos autores <strong>de</strong>ste trabalho, e o relaciona com<br />

os trabalhos em pintura <strong>de</strong> José Roberto Aguilar e Lenir <strong>de</strong> Miranda, para discutir possíveis<br />

relações criativas entre arte e literatura na arte contemporânea.<br />

Palavras-chave: Ulisses, Odisséia , Arte contemporânea<br />

“Nos <strong>de</strong>talhes”: figuras da resistência<br />

em Persépolis e Maus<br />

Michelle dos Santos<br />

Professora Mestra em <strong>História</strong> UEG/UnU Formosa<br />

michelle.santos0803@gmail.com<br />

Persépolis (2000-2003), <strong>de</strong> Marjane Satrapi, e Maus: a história <strong>de</strong> um sobrevivente (1986-<br />

203


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1991), <strong>de</strong> Art Spielgeman, são romances gráficos que narram, respectivamente, as oposições<br />

da própria autora à República Islâmica do Irã, e a obstinação <strong>de</strong> Vla<strong>de</strong>k Spielgeman, pai do<br />

quadrinista e sobrevivente <strong>de</strong> Auschwitz, no intuito <strong>de</strong> escapar à escalada da perseguição<br />

nazista aos ju<strong>de</strong>us e do Holocausto. Minha intenção é discutir como em ambos proliferam<br />

imagens <strong>de</strong> resistência, mas, elas adquirem, sobretudo, uma forma silenciosa, subterrânea,<br />

pormenorizada, fato este que se <strong>de</strong>ve, em gran<strong>de</strong> parte, ao terror institucionalizado por esses<br />

regimes, on<strong>de</strong> a discordância aberta culmina em punições severas e em morte. Tanto a<br />

história <strong>de</strong> Marjane quando a <strong>de</strong> Vla<strong>de</strong>k, cada qual mergulhada em seu ambiente político<br />

específico, fizeram <strong>de</strong> Persépolis e Maus espaços da “poética do <strong>de</strong>talhe”, expressão cunhada<br />

por Beatriz Sarlo, para <strong>de</strong>signar uma abordagem que valoriza a exceção à regra, as originalida<strong>de</strong>s<br />

e não o padrão, enfim, os <strong>de</strong>talhes em relação à unida<strong>de</strong>. Aí, os gran<strong>de</strong>s movimentos<br />

coletivos, a formação <strong>de</strong> milícias armadas, ce<strong>de</strong>m espaço para resistências cotidianas, veladas<br />

e sutis, que não querem se revelar como tais. P-C: repressão, resistência, <strong>de</strong>talhes.<br />

Entre limiares <strong>de</strong> fotos e relatos,<br />

ressonâncias entre Brasil e Angola.<br />

Nancy Alessio Magalhães<br />

NECOIM/CEAM e PPGHIS/UnB<br />

necoim2@gmail.com<br />

Des<strong>de</strong> 2004 venho colhendo memórias <strong>de</strong> estudantes angolanos na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília.<br />

Nesta trilha, centro este trabalho na discussão metodológica <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> narrativa<br />

<strong>de</strong> livro já publicado - Entreveres-Memórias <strong>de</strong> estudantes angolanos e moradores<br />

Kalunga (Brasil-Angola) - constituído <strong>de</strong> fotografias e alguns relatos orais transcritos <strong>de</strong>stes<br />

estudantes - transformados, primeiramente, numa exposição fotográfica -, e <strong>de</strong> moradores<br />

quilombolas em Cavalcante, Goiás, com quem realizamos oficinas <strong>de</strong> pesquisa e extensão,<br />

nesta UnB, em 2008 e 2009.<br />

Exponho como procuro tecer seus cotidianos em textos e fotos, que testemunham acontecimentos<br />

e, ao mesmo tempo, exprimem-se em linguagens e instituem diversas temporalida<strong>de</strong>s,<br />

ressignificadas por tensões, conflitos, sonhos, vonta<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos. As formas narrativas<br />

são tratadas como resultantes <strong>de</strong> diálogos, interações entre diferentes produtores<br />

<strong>de</strong> conhecimentos e saberes, diferentes pensadores. Todas potencialmente constitutivas <strong>de</strong><br />

experiências singulares como legados para outras gerações, segundo Benjamin, abertos a<br />

outras possibilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sfechos.<br />

Trilogia da revolução: memórias da revolução<br />

mexicana sob o olhar cinematográfico<br />

<strong>de</strong> fernando fuentes – (1930 – 1940)<br />

Robson Nunes da Silva<br />

Mestrando em <strong>História</strong> Cultural/UnB<br />

204


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

robson.ezln23@hotmail.com<br />

A presente proposta tem como objetivo abordar a revolução mexicana 1910 – 1920, pautada<br />

na relação existente entre cinema e história, compreen<strong>de</strong>ndo o artefato fílmico como fonte<br />

e objeto para a releitura do passado e do presente. A partir <strong>de</strong> uma discussão teórico-metodológica<br />

e da utilização da “Trilogia da Revolução”- filmes realizados pelo cineasta mexicano<br />

Fernando Fuentes - procurarei repensar alguns aspectos <strong>de</strong>ssa rebelião enquanto representação<br />

<strong>de</strong> uma memória social, construída à luz do discurso cinematográfico. Nesse sentido,<br />

coloco, inicialmente, algumas indagações: como esses três filmes representam, na década <strong>de</strong><br />

1930, esse levante armado no México, seus protagonistas, suas relações, e os <strong>de</strong>sdobramentos<br />

sociais, econômicos e políticos <strong>de</strong>sse acontecimento? Que questões emergem das relações<br />

entre diferentes agentes sociais em torno das dimensões lembrar e esquecer no processo <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong>ssas memórias fílmicas? Como o discurso imagético produzido por Fuentes<br />

representa a revolução na memória mexicana da década <strong>de</strong> 1930?<br />

Palavras-chave: Cinema, memória, revolução mexicana.<br />

Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>salinho: Raul Pe<strong>de</strong>rneiras<br />

e as representações caricaturais da vida urbana<br />

carioca na Revista da Semana<br />

Rogerio Souza Silva<br />

Pós-Graduando em <strong>História</strong> da PUC-SP<br />

rogerhist@uol.com.br<br />

Esta comunicação preten<strong>de</strong> discutir a produção caricatural <strong>de</strong> Raul Pe<strong>de</strong>rneiras na Revista<br />

da Semana, on<strong>de</strong> atuou em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua vida profissional. O artista teve como uma<br />

<strong>de</strong> suas preocupações os impactos do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização que era adotado pelas elites<br />

brasileiras e que tinha o espaço urbano do Rio <strong>de</strong> Janeiro como um <strong>de</strong> seus cenários principais.<br />

Em suas criações ele observava as contradições entre uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada e a<br />

sua aplicação diante da realida<strong>de</strong> do país. Raul tem como uma <strong>de</strong> suas características a utilização<br />

<strong>de</strong> uma linguagem on<strong>de</strong> os trocadilhos são empregados nas legendas e nos <strong>de</strong>senhos.<br />

Além <strong>de</strong> caricaturas, o autor produziu poemas, um dicionário <strong>de</strong> giras e conferências sobre<br />

humor on<strong>de</strong> a sincronia entre as imagens e as palavras estava presentes.<br />

A imagem entre a arte e a ciência.<br />

Um estudo <strong>de</strong> trabalhos colaborativos<br />

entre artistas e cientistas<br />

Rosana Horio Monteiro<br />

Professora adjunto Fav/UFG/Pós-doutorado na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa<br />

rhorio@gmail.com<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

A complexa relação entre arte e ciência tem sido retomada nos últimos anos, sobretudo a<br />

partir da última década do século 20, quando um número crescente <strong>de</strong> artistas passaram a<br />

migrar <strong>de</strong> seus ateliês para o interior <strong>de</strong> laboratórios científicos, sobretudo na área <strong>de</strong> biologia<br />

molecular. Ao utilizarem os princípios, instrumentos, ou contextos institucionais da<br />

ciência, alguns artistas aproximam-se e apropriam-se das práticas da zoologia, botânica, ornitologia,<br />

criando complexas iconografias e narrativas, instalações e ambientes.<br />

A partir <strong>de</strong> um diálogo entre a história da arte e a história da ciência, esse trabalho investiga<br />

os processos <strong>de</strong> interação entre artistas e cientistas em diferentes períodos históricos, tendo<br />

a imagem como mediadora. De que maneira o saber científico tem sido lido e reconfigurado<br />

pela arte, como a arte contribui para a construção do conhecimento científico; como os espaços<br />

<strong>de</strong> produção e sociabilida<strong>de</strong> são (re)<strong>de</strong>finidos — ateliê e laboratório? O texto é resultado<br />

<strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> trabalhos colaborativos entre artistas e cientistas <strong>de</strong>senvolvido em Lisboa<br />

<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009 a julho <strong>de</strong> 2010.<br />

Palavras-chave: imagem, arte, ciência<br />

Lembrar é esquecer redimindo: memórias<br />

da última ditadura argentina no cinema<br />

argentino contemporâneo<br />

Salatiel Ribeiro Gomes<br />

Mestre em <strong>História</strong>/UnB<br />

salatiel_ribeiro@hotmail.com<br />

Este artigo correspon<strong>de</strong> a uma síntese <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> doutoramento em<br />

<strong>História</strong> Cultural, e se insere num campo geral <strong>de</strong> investigações que articulam a relação entre<br />

cinema, memória e história. Traz no seu corpo uma discussão sobre o objeto da pesquisa, a<br />

problemática e o referencial teórico-metodológico. Na proposta, intento analisar o caráter<br />

ativo do cinema argentino, no que diz respeito à escritura /e construção/ das memórias das<br />

vítimas do terrorismo <strong>de</strong> Estado praticado pela última ditadura militar instaurada naquele<br />

país (1976-1983), e à abertura do passado operada por essas memórias. Tomo como horizonte<br />

teórico a filosofia <strong>de</strong> história <strong>de</strong> Walter Benjamin para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que o cinema argentino<br />

segue sendo um instrumento necessário ao processo <strong>de</strong> rememoração que evita o recalque<br />

<strong>de</strong>sse passado. As produções aí referidas não apenas impe<strong>de</strong>m que se dissolva no esquecimento<br />

a experiência e os projetos daqueles sujeitos – <strong>de</strong>saparecidos, torturados, presos e<br />

assassinados –, mas também burlam as estratégias <strong>de</strong> esquecimento operadas por grupos<br />

hegemônicos, abrindo frente numa disputa entre memórias conflitantes.<br />

Intervenções artísticas urbanas em três casos:<br />

Orlândia, Processo Pedregulho e Gordon Matta-Clark<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Tatiana Drummond Moura<br />

PUC-RJ<br />

tatiana.arte@gmail.com<br />

O presente trabalho propõe uma análise, através da abordagem <strong>de</strong> algumas obras <strong>de</strong> Gordon<br />

Matta-Clark, o projeto “Processo Pedregulho” e a intervenção “Orlândia”, da relação <strong>de</strong><br />

manifestacões artísticas no espaço urbano e seus <strong>de</strong>sdobramentos. Qual a intenção <strong>de</strong> tais<br />

ações? Como as intervenções ampliam o campo da arte? Estas são apenas algumas das muitas<br />

questões que norteiam esta pesquisa.<br />

Impressões da Paisagem: Merleau-Ponty<br />

e a dúvida <strong>de</strong> Cézanne<br />

Ulisses Fernan<strong>de</strong>s<br />

Professor-Adjunto do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Geografia Humana (IGEOG /UERJ)<br />

u.zarza@uol.com.br<br />

O trabalho ora apresentado é parte constante do estudo pertinente à elaboração da tese <strong>de</strong><br />

doutorado intitulada “Paisagem: uma Prosa do Mundo em Merleau-Ponty” <strong>de</strong>fendida junto<br />

ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense ao final<br />

do ano <strong>de</strong> 2009. Consi<strong>de</strong>rando tal estudo, constituiu-se uma linha mestra <strong>de</strong> investigação<br />

calcada na própria compreensão <strong>de</strong> que na filosofia <strong>de</strong> Maurice Merleau-Ponty há um esforço<br />

em suplantar uma antinomia entre o objetivismo ou empírico e o subjetivismo ou transcen<strong>de</strong>ntal.<br />

As observações feitas por este mesmo filósofo sobre a arte pictórica <strong>de</strong> Paul Cézanne<br />

se enquadram perfeitamente nesta assertiva inicial e permite premissa básica ao que ora se<br />

apresenta: tendo o pintor <strong>de</strong>dicado gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua obra à representação da paisagem,<br />

é possível, a partir da análise da mesma estabelecer conexões entre o real representado e a<br />

própria percepção do artista sobre o mundo.<br />

Aponta-se, <strong>de</strong> antemão, a construção <strong>de</strong> um aporte teórico a partir da leitura da obra <strong>de</strong><br />

Merleau-Ponty e da compreensão daquilo que o próprio filósofo <strong>de</strong>signou como tentativa<br />

<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma nova ontologia. Dentre as obras do referido filósofo há aquelas que<br />

falam <strong>de</strong> uma linguagem indireta ou <strong>de</strong> uma prosa do mundo, on<strong>de</strong> a figura <strong>de</strong> Paul Cézanne<br />

é sempre recorrente por se aproximar, enquanto expressão artística, da própria leitura do<br />

mundo pretendida por Merleau-Ponty. E neste resgate está presente o objetivo maior <strong>de</strong>ste<br />

trabalho, o <strong>de</strong> interagir a leitura da paisagem enquanto um sensível objetivado com a <strong>de</strong> uma<br />

construção subjetiva, inerente à percepção humana, on<strong>de</strong> a interação das mesmas permite<br />

melhor qualificar este conceito tão caro junto à Geografia e outras ciências humanas.<br />

Palavras-chave: paisagem, objetivismo, subjetivismo, Merleau-Ponty , Paul Cézanne<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 22<br />

A fotografia e a construção <strong>de</strong> paisagens (modos <strong>de</strong><br />

ver) na cultura visual dos séculos XIX e XX<br />

A fotografia <strong>de</strong> Mario Cravo Neto em Laróyè<br />

Adriana Aparecida Mendonça<br />

UFG<br />

adrianamendonca68@yahoo.com.br<br />

O presente trabalho <strong>de</strong>tém-se no estudo da (re)significação da herança religiosa e mitológica<br />

dos orixás na produção artística afro-brasileira, com ênfase na presença simbólica do mensageiro<br />

Exu na obra <strong>de</strong> Mario Cravo Neto.<br />

Nesta pesquisa buscamos a compreensão do contexto artístico afro-brasileiro e as diferentes<br />

formas <strong>de</strong> representação do mensageiro Exu, especificamente na fotografia do artista contemporâneo<br />

Mario Cravo Neto. Promovemos um diálogo entre a mitologia dos orixás, principalmente<br />

os mitos que narram as histórias <strong>de</strong> Exu, com a produção da série fotográfica <strong>de</strong>nominada<br />

Laróyè. Esta produção elucida a filosofia africana, on<strong>de</strong> religião e arte não se separam.<br />

Palavras-chave: arte afro-brasileira, fotografia, Exu, Mario Cravo Neto<br />

Imagens cemiteriais: imagens dos<br />

vivos aos vivos<br />

Alberto Gawryszewski<br />

Doutor – Professor associado - UEL<br />

agawry@uel.br<br />

A questão central a ser <strong>de</strong>senvolvida neste trabalho <strong>de</strong> pesquisa é o uso das imagens fotográficas<br />

encontradas em sepulturas em cemitérios brasileiros. Buscar-se-à também sua possível<br />

correlação com os epitáfios. Inventários tipológicos foram realizados: arquitetura funerária,<br />

esculturas, adornos; jazigos, capelas, túmulos; anjos, imagens sacras e/ou profanas; altos e/<br />

ou baixos-relevos, piras, gra<strong>de</strong>s. (BORGES, 173) Alegorias foram igualmente catalogadas: ressurreição,<br />

sauda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>solação, esperança, oração. Cristo foi construído como homem crucificado<br />

e/ou elevado. Os <strong>de</strong>votos traziam seus santos para os túmulos: Santo Antonio, São Sebastião,<br />

Imaculada Conceição entre outros. Bustos <strong>de</strong> eméritos fazen<strong>de</strong>iros/burgueses eram<br />

acompanhados ou não da imagem da pranteadora. Acompanhando as sepulturas temos os<br />

adornos: cor<strong>de</strong>iro, coroa <strong>de</strong> flores ampulheta, nuvens, trombetas, harpas, arabescos brasões,<br />

epitáfios e festões entre outros tantos. Relevos que diziam a ocupação <strong>de</strong> trabalho do morto:<br />

militar, advogado, artista plástico, escultor, pintor, músico etc. O tema ora proposto possui<br />

um caráter <strong>de</strong> ineditismo, não só pelo aspecto espacial, como temporal e <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>. Ao<br />

escolher cemitérios <strong>de</strong> várias cida<strong>de</strong>s brasileiras, pu<strong>de</strong>mos criar uma tipologia a partir <strong>de</strong> um<br />

estudo comparativo com uso da fotografia e dos epitáfios pelos vivos. Há similitu<strong>de</strong>s? Houve<br />

mudanças <strong>de</strong> forma, aspecto, vestimenta, suporte, mensagem visual e mensagem escrita no<br />

aspecto espacial e temporal?Por que do uso da fotografia e do epitáfio em sepulturas? Com<br />

certeza busca-se a construção <strong>de</strong> uma perenida<strong>de</strong> pelo uso <strong>de</strong> palavras e <strong>de</strong> uma imagem.<br />

Mas, para quem foram construídas essas mensagens? As palavras traduzem ações em vida do<br />

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morto: bom pai, marido, funcionário, cristão etc. Às vezes o epitáfio traz palavras que seriam<br />

escritas pelo próprio morto. Talvez tenha <strong>de</strong>ixado escrito, ou encomendado a placa ainda<br />

vivo. O epitáfio não só se remete ao morto, mas ao que ficou, pois quer <strong>de</strong>monstrar seu laço<br />

afetivo e <strong>de</strong> parentesco. Os epitáfios po<strong>de</strong>m traduzir o amor conjugal, filial ou maternal. As<br />

imagens dos mortos trazem em seu conteúdo muitas mensagens: sua beleza física, juventu<strong>de</strong>,<br />

relações afetivas, ida<strong>de</strong>, felicida<strong>de</strong>, ocupação, formação profissional entre outras. Marcar<br />

a profissão do morto é construir e manter na memória dos her<strong>de</strong>iros e da comunida<strong>de</strong><br />

que ele foi um homem (mulher) com uma profissão, uma ocupação, o que é valorizada em<br />

nossa socieda<strong>de</strong>. Assim são recorrentes as fotos com o morto vestido sua toga <strong>de</strong> advogado<br />

ou como professora. Imagens <strong>de</strong> bebês e crianças também po<strong>de</strong>m ser encontradas. Bebês são<br />

retratados com se dormissem estivessem, ou nas nuvens. Da mesma forma, um rol <strong>de</strong> fotos<br />

<strong>de</strong> casais po<strong>de</strong>m ser encontrados nos cemitérios. Casais em fotos separadas, seja por opção,<br />

seja pelo falecimento em dadas distantes. Casais juntos, em fotos reunidas pelo laboratório<br />

fotográfico ou em foto em que estavam realmente juntos. Partimos dos conceitos <strong>de</strong> representação,<br />

narrativas, memória e práticas sociais elaborados por Chartier. Assim, os relatos<br />

acima vão ao encontro <strong>de</strong>ste conceito, pois os vivos <strong>de</strong>ixam impressões sobre si e sobre os<br />

mortos. Esses produzem seus próprios documentos, dando significados e sentido à vida.<br />

Representam seus sentimentos, sensibilida<strong>de</strong>s, aspirações sociais e coletivas, sejam vinculadas<br />

às relações humanas terrenas ou “celestiais”. Segundo pesquisadores cemiteriais, as fotos<br />

e as esculturas buscam tornar presente o ausente. O vivo, ou o morto, ao construir uma imagem<br />

(bela foto e/ ou epitáfio) pensa em <strong>de</strong>ixar uma memória para os outros contemplarem,<br />

partindo, como vimos, <strong>de</strong> valores e idéias socialmente aceitas. Portanto, po<strong>de</strong>mos pensar<br />

que a fonte cemiterial é importante para compreen<strong>de</strong>r o mundo dos vivos, seus valores, seus<br />

<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> permanência e/ou mudanças? Acreditamos que sim, pois as formas <strong>de</strong> vestir, as<br />

palavras, os signos, as expressões dos epitáfios, entre outros, ajudam a conhecer e dar sentido<br />

ao mundo <strong>de</strong> outrora. O que propõe, portanto, é mostrar a utilização <strong>de</strong> estudos sobre<br />

a imagem fotográfica como fonte histórica, mas investindo numa análise que consi<strong>de</strong>ra a<br />

relação entre vivos e mortos. Isso implica numa inserção <strong>de</strong>stes objetos, as fotografias cemiteriais,<br />

em seu tempo e condições <strong>de</strong> produção, e na observação <strong>de</strong> sua evolução, além do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma tipologia para estas imagens tão particulares, consi<strong>de</strong>rando-as em<br />

diferentes localida<strong>de</strong>s.<br />

Transformação dos padrões <strong>de</strong> representação<br />

do espaço urbano na fotografia (1886-1950):<br />

da figuração à abstração<br />

Carolina Martins Etcheverry<br />

etchev@gmail.com<br />

Esta comunicação tem como proposta analisar diferentes padrões <strong>de</strong> representação do espaço<br />

urbano, ao longo do final do século XIX até a meta<strong>de</strong> do século XX. Para tanto, busca-se<br />

exemplos nas fotografias <strong>de</strong> Porto Alegre e São Paulo, nas quais é possível observar modificações<br />

nos padrões visuais propostos pelos fotógrafos. Tais modificações têm a ver com<br />

mudanças que ocorrem na socieda<strong>de</strong> e na própria técnica fotográfica, proporcionando novas<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> olhar a cida<strong>de</strong>. Assim, se a cida<strong>de</strong> do século XIX é representada na fotografia<br />

a partir <strong>de</strong> seus elementos figurativos, <strong>de</strong> maneira tradicional - especialmente na verten<strong>de</strong><br />

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pictorialista, predominante no primeiro momento do fotoclubismo nacional -, vemos uma<br />

mudança significativa a partir dos anos 1940, em direção à abstração e à experimentação<br />

fotográfica. A cida<strong>de</strong> aparece em representações ousadas, como as <strong>de</strong> Geraldo <strong>de</strong> Barros e <strong>de</strong><br />

José Oiticica Filho (no caso do Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Ouro Preto), que dialogam com as artes<br />

visuais e com a história da fotografia, experimentando novas formas <strong>de</strong> representar fotograficamente<br />

a cida<strong>de</strong>.<br />

Fotografia: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> imaginários <strong>de</strong>formados<br />

César Bastos <strong>de</strong> Mattos Vieira<br />

Prof. Arq. M.S. Doutorando- UFRGS<br />

cbvieira@terra.com.br<br />

Airton Cattani<br />

Prof. Arq. Dr.<br />

O artigo aprofunda o mo<strong>de</strong>lo metodológico <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> imagens fotográficas, proposto<br />

por Boris Kossoy, abordando a questão das lentes fotográficas e suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

“manipulação” no registro da espacialida<strong>de</strong>. Diversas áreas do conhecimento têm nos registros<br />

fotográficos testemunhos da existência <strong>de</strong> objetos cujas dimensões e proporções são<br />

fundamentais. A máquina fotográfica surge como possibilida<strong>de</strong> da reprodução fiel, mecânica<br />

e óptica, do percebido pelo olho humano. Assim, as lentes <strong>de</strong>veriam reproduzir as mesmas<br />

proporções das percebidas pelo olho. Com a evolução dos equipamentos fotográficos experimentam-se<br />

novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lentes com diversas vantagens, como o uso das gran<strong>de</strong>s<br />

angulares para registro <strong>de</strong> panorâmicas ou ambientes naturais grandiosos, sem haver uma<br />

tomada <strong>de</strong> consciência das distorções espaciais resultantes. O uso <strong>de</strong> lentes com diferentes<br />

distâncias focais vem acostumando o olho a <strong>de</strong>formações cada vez maiores. Acreditamos<br />

que a falta <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong>stas distorções possa estar criando imaginários <strong>de</strong>formados.<br />

Percebe-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma melhor acuida<strong>de</strong> visual para <strong>de</strong>svendar o que o documento<br />

nos revela. Além <strong>de</strong> apresentar e ocultar informações há uma gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações<br />

das “realida<strong>de</strong>s” registradas nestes documentos.<br />

Palavras-chave: Fotografia; Arquitetura; Imaginário<br />

A construção da visualida<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre na revista Máscara (1918-1928):<br />

entre tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

Charles Monteiro<br />

Doutor - Professor Adjunto do PPGH/PUCRS<br />

monteiro@pucrs.br<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

A proposta do trabalho é discutir o estatuto da fotografia em relação a outros tipos <strong>de</strong> imagens<br />

na revista ilustrada Máscara. Problematiza-se também a forma <strong>de</strong> edição <strong>de</strong>ssas imagens<br />

fotográficas nessa revista ilustrada no sentido <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a construção <strong>de</strong> uma<br />

nova imagem <strong>de</strong> indivíduo no espaço público, as novas formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> consumo<br />

mo<strong>de</strong>rnos na socieda<strong>de</strong> urbana brasileira.<br />

Máscara se apresenta como revistas <strong>de</strong> literatura, arte e mundanismo e tornam-se veículos<br />

do mo<strong>de</strong>rnismo e do cosmopolitismo no contexto local, mesclando temas regionalistas à<br />

divulgação <strong>de</strong> novos autores mo<strong>de</strong>rnistas. As revistas ilustradas respondiam a uma <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong> informação e entretenimento das camadas sociais médias urbanas nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras. Nelas a fotografia ganha um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque ao lado da charge e da publicida<strong>de</strong>,<br />

fazendo parte <strong>de</strong> uma nova cultura visual em expansão e uma nova pedagogia do olhar. As<br />

revistas ilustradas buscaram um perfil editorial que fosse ao encontro dos interesses dos seus<br />

leitores-consumidores da elite política, social e econômica local. Entre outras coisas, isso<br />

significava participar dos rituais sociais <strong>de</strong> uma cultura urbana mo<strong>de</strong>rna, visando a escapar<br />

do anonimato. Fazer-se fotografar, consumir imagens e produtos era uma forma <strong>de</strong> distinção<br />

social em uma cida<strong>de</strong> em processo <strong>de</strong> crescimento e mo<strong>de</strong>rnização.<br />

No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o campo fotográfico se organizou em paralelo ao campo da pintura. A<br />

organização formal do campo artístico local é tardia e <strong>de</strong>senvolve-se gradualmente a partir<br />

da criação da Escola <strong>de</strong> Belas Artes em 1908. Em 1910, inicia-se o primeiro curso <strong>de</strong> pintura<br />

na Escola <strong>de</strong> Belas Artes, que estava baseado nos cânones estéticos clássicos e em princípios<br />

morais. Nesse contexto, as artes gráficas nas revistas ilustradas eram uma alternativa<br />

profissional, pois os salões eram ocasionais e aceitavam amadores. Dessa forma, escritores e<br />

pintores reuniram-se em grupos e criaram revistas para divulgar seu trabalho, como no caso<br />

<strong>de</strong> Máscara (1918-1928). Nos anos 1920, essas revistas eram espaços <strong>de</strong> inovação para novas<br />

linguagens e práticas artísticas, bem como espaços <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> uma nova visualida<strong>de</strong><br />

urbana e <strong>de</strong> um imaginário social mo<strong>de</strong>rno.<br />

Livros ilustrados: narrativas da diversida<strong>de</strong><br />

cultural brasileira para crianças<br />

Claudia Men<strong>de</strong>s<br />

Mestranda /PPGAV/EBA/UFRJ<br />

cacaumen<strong>de</strong>s@gmail.com<br />

No universo contemporâneo da produção cultural para crianças no Brasil, nota-se nos livros<br />

ilustrados uma singular interação com expressões regionais da tradição popular, que encontram<br />

pouca receptivida<strong>de</strong> em outros produtos das culturas oficial e industrial. Especialmente<br />

no campo das narrativas visuais, <strong>de</strong>staca-se um movimento protagonizado por ilustradores<br />

brasileiros, a partir dos anos 1990, em prol do reconhecimento <strong>de</strong> uma linguagem própria e sua<br />

valorização no cenário da arte internacional. Um <strong>de</strong>stes artistas é Roger Mello, cuja trajetória<br />

<strong>de</strong> vida formou-lhe o gosto pelas viagens e por contar histórias para compartilhar suas multifacetadas<br />

visões <strong>de</strong> mundo. Tendo no livro ilustrado seu mais <strong>de</strong>stacado meio <strong>de</strong> expressão,<br />

encontramos em suas obras elementos característicos da diversida<strong>de</strong> cultural brasileira, presentes<br />

tanto nos temas que aborda quanto nos estilos que emprega para representá-los.<br />

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Imagens no fluxo do tempo: configurações<br />

espaciais do Vale do São Francisco nas narrativas<br />

fotográficas do período <strong>de</strong>senvolvimentista<br />

Elson <strong>de</strong> Assis Rabelo<br />

Doutorando /UFPE<br />

elson_rabelo@hotmail.com<br />

Este trabalho se propõe a discutir o lugar da fotografia na configuração do Vale do São Francisco<br />

entre os anos 1950 e 1970. Relacionadas ao emaranhado <strong>de</strong> práticas e discursos do <strong>de</strong>senvolvimentismo<br />

pós-Segunda Guerra, as imagens se colocam como formas <strong>de</strong> articular e<br />

elaborar a visualização <strong>de</strong>ssa categoria espacial nesse período. Em torno <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s como<br />

Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, o também chamado Submédio São Francisco<br />

se <strong>de</strong>stacou como domínio territorial estratégico por sua localização fronteiriça no Nor<strong>de</strong>ste<br />

e entre outras regiões do país, e pela abundância <strong>de</strong> recursos naturais, como o próprio<br />

rio, que unia “climas e regiões diferentes”. Apesar <strong>de</strong> periférico em relação às capitais litorâneas<br />

nor<strong>de</strong>stinas, esse espaço se posicionou como centro aglutinador <strong>de</strong> instituições que<br />

se tornaram ícones da expansão do <strong>de</strong>senvolvimentismo brasileiro, tais como a Companhia<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) e a Companhia Hidrelétrica do<br />

São Francisco (CHESF). Enquanto era <strong>de</strong>lineado geopoliticamente, o espaço também o era<br />

culturalmente, <strong>de</strong> modo especial na fotografia, que privilegiava visualmente, sob diferentes<br />

enquadramentos na produção das vistas e paisagens, o chamado “rio da integração nacional”<br />

e a transformação <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s ribeirinhas, sob o impacto da transição do transporte<br />

fluvial e ferroviário para a predominância nacional do transporte rodoviário, sinalizada, por<br />

exemplo, pela construção da ponte Presi<strong>de</strong>nte Dutra.<br />

O álbum <strong>de</strong> Berzin: entre presentes,<br />

imagens <strong>de</strong> um mesmo Recife<br />

Fabiana Bruce Silva<br />

Professora Adjunta - <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> da UFRPE<br />

fabibruce@uol.com.br<br />

A comunicação trata do <strong>de</strong>svelamento das fotografias do “Álbum do Recife e arredores” <strong>de</strong><br />

autoria do fotógrafo Alexandre Berzin, produzidas entre 1937 e 1963. A pesquisa, em andamento,<br />

faz parte <strong>de</strong> um projeto que tem por objetivo investigar e divulgar a ação <strong>de</strong> fotógrafos<br />

(a escrita <strong>de</strong> fotógrafos) e a formação <strong>de</strong> acervos fotográficos no Recife da primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século XX: nosso espaço expositivo e reflexivo. Através das fotografias do Álbum<br />

que pertencem à Coleção Alexandre Berzin/Foto Cine Clube do Recife da Fundação Joaquim<br />

Nabuco e, igualmente, ao Museu da Cida<strong>de</strong> do Recife, está sendo possível relacionar seus arquivamentos<br />

i<strong>de</strong>ntificando espaços discursivos <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong>stinação, além das temáticas<br />

fotografadas. Percebemos através <strong>de</strong> seu estudo, as esferas pública e privada em incoativida<strong>de</strong>,<br />

o que, supomos, po<strong>de</strong> permitir compreen<strong>de</strong>r igualmente como se configuram, no<br />

campo social, as diversas imagens <strong>de</strong> um mesmo Recife.<br />

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<strong>História</strong> e historiografia: as abordagens<br />

do governo e da morte <strong>de</strong> d. Afonso Furtado<br />

Guilherme Amorim Carvalho<br />

Mestrando em <strong>História</strong> - UnB.<br />

guilhermejawa@hotmail.com<br />

A presente comunicação tem por objetivo dar a conhecer o andamento <strong>de</strong> um estudo que<br />

analisa o documento histórico, “As Excelências do Governador - O panegírico fúnebre a d.<br />

Afonso Furtado, <strong>de</strong> Juan Lopes Sierra (Bahia,1676)”, sob a ótica da teoria da socieda<strong>de</strong> corporativa.<br />

Trata-se da construção da imagem i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> governante a partir da exaltação da figura<br />

<strong>de</strong> d. Afonso, e a criação <strong>de</strong> um exemplo <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> e moral que é produto da cultura política<br />

do império português e ao mesmo tempo viria a servir como diretriz para a população do<br />

Brasil colônia, conformando as estruturas tradicionais do po<strong>de</strong>r. Preten<strong>de</strong>-se também fazer<br />

uma análise historiográfica sobre o tema, para sublinhar as diferentes formas como a história<br />

tem se referido e interpretado o governo e a memória <strong>de</strong>sse governador.<br />

Imagem digital e outros sentidos: novas formas<br />

<strong>de</strong> interação com a imagem<br />

Joana Francisca Pires Rodrigues<br />

Mestranda em Comunicação – UFPE<br />

joanafpires@gmail.com<br />

O formato digital modifica as imagens e nos faz modificar nosso relacionamento com o<br />

visual. A partir da análise do impacto da revolução digital na produção contemporânea <strong>de</strong><br />

imagens, promovida por Fred Ritchin no livro After Photography (2009), proponho uma discussão<br />

<strong>de</strong> como nossos modos <strong>de</strong> ver têm sofrido as conseqüências da transposição da nossa<br />

cultura ao formato numérico. Novas formas <strong>de</strong> interação com a imagem surgem a partir do<br />

momento em que o contato com elas passa a também ser mediado pelo computador. A análise<br />

das características <strong>de</strong>sse novo contexto nos possibilita estabelecer novos relacionamentos<br />

com a tecnologia.<br />

Palavras-chave: imagem digital; hiperfotografia; Fred Ritchin<br />

A or<strong>de</strong>m antes do progresso: o discurso médico<br />

– higienista e a educação dos corpos no Brasil<br />

do início do século xx<br />

Leonardo Querino Barboza Freire<br />

leonardoqbf@hotmail.com<br />

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A regulamentação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública no Brasil, a partir da criação do <strong>Departamento</strong><br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (DNSP) em 1919, durante o governo do paraibano Epitácio<br />

Pessoa, revela um novo interesse do Estado em ampliar e sistematizar estes serviços. Com<br />

especial interesse para as questões <strong>de</strong> salubrida<strong>de</strong> e higiene pública, conforme os preceitos<br />

do discurso médico – higienista <strong>de</strong> então, nosso já “adolescente” Estado Republicano junto<br />

com suas elites intelectuais e econômico – sociais, elegeu a doença e a sujeira como alguns<br />

dos elementos que impediriam a mo<strong>de</strong>rnização e o progresso <strong>de</strong> uma nação que se pretendia<br />

civilizada. Neste artigo discutimos como o discurso do po<strong>de</strong>r se apropriou da educação com<br />

o fim <strong>de</strong> viabilizar este projeto <strong>de</strong> nação mo<strong>de</strong>rna e higienizada, a partir da discplinarização<br />

dos sujeitos, do controle dos seus corpos e da normatização dos cidadãos que assim<br />

po<strong>de</strong>riam compor os quadros <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que se queria mo<strong>de</strong>rna. Para esta discussão,<br />

dialogamos com estudiosos que problematizam a historiografia da saú<strong>de</strong>, da doença e da<br />

higienização, como Revel e Peter (1995) e com autores vinculados aos estudos em história da<br />

educação, como Rocha (2002), apropriando-nos, ainda, <strong>de</strong> alguns conceitos ofertados por<br />

Foucault (2001).<br />

Palavras – chave: Brasil; Mo<strong>de</strong>rnização; higienização; educação; disciplina.<br />

Porto Alegre vista do Guaíba: foto[grafias]<br />

<strong>de</strong> uma paisagem em três tempos.<br />

Letícia Castilhos Coelho<br />

Arquiteta e Urbanista - Mestranda no PROPUR/ UFRGS.<br />

leticiaccoelho@hotmail.com<br />

A paisagem possibilita um olhar para a cida<strong>de</strong> que integra diversos aspectos da relação<br />

homem-natureza, e, ao expressar diferentes momentos da ação <strong>de</strong> uma cultura sobre o espaço<br />

é também uma acumulação <strong>de</strong> tempos. Enquanto fenômeno visível, a paisagem expressa<br />

as trajetórias <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>, sendo portadora <strong>de</strong> significados e adquirindo uma dimensão<br />

simbólica passível <strong>de</strong> leituras espaço-temporais.<br />

Este trabalho surge da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a cida<strong>de</strong> em relação às suas dinâmicas <strong>de</strong><br />

(trans)formação, buscando <strong>de</strong>svelar o “agora” das múltiplas camadas superpostas na paisagem,<br />

a partir <strong>de</strong> uma perspectiva histórica. Para a aplicação do método <strong>de</strong> análise utilizamse,<br />

como objeto <strong>de</strong> estudo, as vistas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre a partir do Lago Guaíba obtidas<br />

em fotografias <strong>de</strong> três diferentes períodos, consi<strong>de</strong>rados emblemáticos em relação às transformações<br />

urbanas. Acredita-se que essas vistas veiculem um “padrão temático-visual”, dando<br />

a ver e a ler as características estruturais, formais, funcionais e simbólicas da paisagem.<br />

Palavras-chave: Paisagem, Cida<strong>de</strong>, Fotografia.<br />

O Vale do Paraíba Fluminense através das<br />

lentes dos fotógrafos oitocentistas<br />

Mariana <strong>de</strong> Aguiar Ferreira Muaze<br />

Professora e coor<strong>de</strong>nadora - <strong>História</strong> UNIRIO.<br />

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mamuaze@gmail.com<br />

Durante o Oitocentos, a região do Vale do Paraíba fluminense gozou <strong>de</strong> predominância política<br />

e econômica alavancada pela ascensão do café no mercado internacional. Neste período,<br />

muitas <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s, lugarejos e fazendas foram registrados pelas lentes <strong>de</strong> fotógrafos<br />

renomados tais como - Marc Ferrez, Christiano Jr, Victor Frond - além <strong>de</strong> outros com circulação<br />

restrita, a exemplo <strong>de</strong> Manoel <strong>de</strong> Paula Ramos, e vários profissionais anônimos. O que a<br />

fotografia e os estudos da cultura visual trazem <strong>de</strong> contribuição para as análises sobre o rural<br />

e o urbano no Vale do Paraíba fluminense do século XIX? O que elas revelam sobre a forma<br />

como a socieda<strong>de</strong> oitocentista percebia sobre estes espaços e a própria região do Vale? Que<br />

diálogos po<strong>de</strong>m ser estabelecidos entre os registros visuais e escritos? Estas são provocações<br />

que buscaremos respon<strong>de</strong>r ao longo <strong>de</strong>sta comunicação.<br />

Fotografia e memória nas fazendas<br />

históricas paulistas<br />

Marli Marcon<strong>de</strong>s<br />

Doutoranda em Multimeios – IA/UNICAMP.<br />

marlimmarcon<strong>de</strong>s@gmail.com<br />

A documentação fotográfica pertencente às fazendas históricas do Estado <strong>de</strong> São Paulo constitui-se<br />

numa das tipologias documentais abordadas no projeto <strong>de</strong>nominado “Patrimônio<br />

Cultural Rural Paulista: espaço privilegiado para pesquisa, educação e turismo”, o qual integra<br />

o Programa <strong>de</strong> Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP. Desenvolvido pela UNICAMP,<br />

USP, UNESP, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos e Associação das Fazendas Históricas Paulistas,<br />

o projeto tem por objetivo <strong>de</strong>finir metodologias para inventariar o patrimônio rural e<br />

propor tecnologias <strong>de</strong> preservação e salvaguarda. Tendo em vista a ampla prospecção efetuada<br />

nos distintos acervos fotográficos das fazendas, surgiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma análise<br />

para compreen<strong>de</strong>r como a fotografia estabelece uma narrativa sobre o viver e o morrer na<br />

socieda<strong>de</strong> rural paulista durante a segunda meta<strong>de</strong> do século XIX e início do XX.<br />

Imaginário provincial e imaginário global:<br />

proposições analíticas para o ensaio fotográfico<br />

Fin <strong>de</strong> Zona Urban <strong>de</strong> Carlos Bittar.<br />

Patrícia Câmera<br />

Doutoranda /PPGH/PUCRS<br />

Bolsista CNPq<br />

patricia.camera@ufrgs.br<br />

Este artigo aborda a visualida<strong>de</strong> do território <strong>de</strong>nominado Três Fronteiras (Brasil, Argentina<br />

e Paraguai). O objeto <strong>de</strong> estudo são as fotografias que compõem o catálogo fotográfico Fin<br />

<strong>de</strong> Zona Urban, <strong>de</strong>senvolvido pelo fotógrafo paraguaio Carlos Bittar entre 1995-2003. O ob-<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

jetivo é analisar a representação espacial e suas relações com sujeito no mundo globalizado.<br />

O estudo parte para o levantamento <strong>de</strong> signos visuais que mostram a região como lócus do<br />

comércio ilegal e formal. Propõe-se discutir essa fronteira apontando algumas questões sobre<br />

imaginários provinciais e imaginários globais.<br />

Palavras-chave: Três Fronteiras; fotografia; local e global<br />

A Cultura Visual na Amazônia brasileira:<br />

uma análise comparativa entre os fotodocumentários<br />

dos séculos XIX e XX<br />

Rafael Castanheira Pedroso <strong>de</strong> Moraes<br />

Mestrando Cultura Visual FAV/UFG.<br />

rafaelcastanheira@hotmail.com<br />

Este trabalho é parte <strong>de</strong> uma pesquisa que discute o estatuto da fotografia documental contemporânea<br />

a partir <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fotografias produzidas por mim entre 2006 e 2009 sobre<br />

o manejo <strong>de</strong> pirarucu (Arapaima gigas) <strong>de</strong>senvolvido pela Colônia <strong>de</strong> Pescadores Z-32 <strong>de</strong><br />

Maraã, no Amazonas. Enquanto os fotógrafos pioneiros que atuavam na região norte do<br />

Brasil em meados do século XIX encontravam-se voltados aos registros <strong>de</strong> aspectos naturais<br />

e antropológicos explorando a representação da paisagem e seus tipos exóticos, uma nova<br />

geração tem investigado tais aspectos com características particulares, ampliando possibilida<strong>de</strong>s<br />

tanto <strong>de</strong> produção quanto <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> imagens. Dessa forma, serão apontados importantes<br />

momentos da fotografia documental na região amazônica nos séculos XIX e XX. Posteriormente,<br />

irei narrar minha experiência <strong>de</strong> documentação junto aos pescadores <strong>de</strong> Maraã<br />

e apresentar algumas fotografias <strong>de</strong>ste trabalho para colocá-las em diálogo com as imagens<br />

<strong>de</strong> outros fotodocumentaristas que atuaram na região.<br />

Palavras-chave: Fotografia documental, Amazônia, Pirarucu<br />

A trajetória <strong>de</strong> uma “paisagem natural”<br />

brasileira: o caso da vitória-régia<br />

Rafael Dall’olio<br />

Mestrando <strong>História</strong> Social-USP/ Bolsista FAPESP<br />

rafael.olio@gmail.com<br />

Este trabalho preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a trajetória visual da planta vitória-régia <strong>de</strong>stacando o<br />

processo <strong>de</strong> transformação em uma das imagens-ícones da “paisagem natural” brasileira.<br />

Buscaremos <strong>de</strong>monstrar como esta planta <strong>de</strong> origem amazônica, <strong>de</strong>scoberta no século XIX<br />

na Guiana Inglesa, embora não tenha a atenção dos viajantes estrangeiros que reproduziram<br />

iconograficamente as paisagens brasileiras do período, terá outro tratamento no século<br />

seguinte. Somente no início do século XX a vitória-régia ganhou espaço como fonte para<br />

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as artes <strong>de</strong>corativas, juntamente com outros exemplares da flora brasileira pelo pintor Theodoro<br />

Braga por meio <strong>de</strong> suas obras. É transformada em imagem-ícone da “paisagem natural”<br />

brasileira por Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> na fotografia “Lagoa do Amanium”, resultado <strong>de</strong> sua<br />

expedição ao norte e nor<strong>de</strong>ste do Brasil na década <strong>de</strong> 1920. Ao longo da primeira meta<strong>de</strong> do<br />

século XX observamos uma recorrência <strong>de</strong> imagens da vitória-régia no imaginário brasileiro,<br />

sempre associada à idéia <strong>de</strong> natureza e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileiras. Buscaremos apresentar a trajetória<br />

das representações visuais em torno <strong>de</strong>sta planta, num momento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>finição da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional promovida pelo movimento mo<strong>de</strong>rnista.<br />

Palavras-chave: paisagem, imaginário, imagem-ícone.<br />

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ST 23<br />

Verda<strong>de</strong> narrativa, ou, Peixe gran<strong>de</strong> e a história<br />

André Pereira Leme Lopes<br />

Professor Núcleo <strong>de</strong> Estudos Clássicos/CEAM <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong>- UnB<br />

lemelopes@unb.br<br />

Durante milênios, as narrativas foram pensadas como representações (mímesis) do mundo.<br />

Nesta comunicação, tento discutir a narrativa, não como reflexo, representação ou imitação<br />

<strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> pré-existente, mas sim como <strong>de</strong>finidora e criadora <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s próprias.<br />

Para tanto, partirei do romance Big fish: a novel of mythic proportions (1998), do americano<br />

Daniel Wallace (1959-).<br />

Um novo olhar sobre a Roma Antiga: a utilização<br />

do filme Júlio César nas aulas <strong>de</strong> <strong>História</strong>.<br />

Augusto Neves da Silva<br />

UFPE<br />

augustonev@gmail.com<br />

Suportes contemporâneos do escrever, do ler<br />

Vivemos no mundo da tecnologia, da imagem e do multiculturalismo, temáticas que po<strong>de</strong>m<br />

ser problematizadas nas aulas <strong>de</strong> <strong>História</strong>. Neste sentido, nós, enquanto educadores, <strong>de</strong>vemos<br />

pensar a história como um conhecimento que está em constante movimento que <strong>de</strong>ve<br />

ser compreendido e pensado na sala <strong>de</strong> aula. Nossa proposta parte do pressuposto que ficcionando,<br />

poetizando e lucubrando o ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong> faríamos esses novos sujeitos – os<br />

alunos – olharem <strong>de</strong> forma crítica os homens no continuum tempo.<br />

Partindo <strong>de</strong>ssas premissas, iniciamos nosso trabalho na tentativa <strong>de</strong> contribuir para a construção<br />

<strong>de</strong> mais uma ferramenta que po<strong>de</strong>rá auxiliar os professores da área <strong>de</strong> <strong>História</strong>.<br />

Fizemos uma reflexão teórico-metodológica, no sentido <strong>de</strong> (re)pensar o ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong>,<br />

especificamente da Roma antiga, com a utilização do filme Júlio César, produzido no ano<br />

<strong>de</strong> 1953 e dirigido pelo famoso diretor Joseph L. Manckienwicz. Pensamos que, a utilização<br />

<strong>de</strong>ssas representações do passado, po<strong>de</strong>m contribuir para uma (re)leitura do espaço e tempo<br />

histórico, dialogando tanto com as i<strong>de</strong>ologias/vonta<strong>de</strong>s que circundam sua produção, como<br />

também, os conceitos históricos ali encenados.<br />

A intenção <strong>de</strong> nosso trabalho é mostrar que a construção do conhecimento histórico se dá <strong>de</strong><br />

forma recíproca entre professor e aluno, passado e presente, objeto e sujeito. Neste sentido<br />

nossa proposta metodológica dialoga com espaços virtuais, com a cultura midiática e o conhecimento<br />

histórico escolar.<br />

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<strong>História</strong>s em quadrinhos: possibilida<strong>de</strong>s<br />

e produção <strong>de</strong> conhecimentos e saberes<br />

no ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong><br />

Cláudia Sales Alcântara<br />

Doutoranda em Educação Brasileira/UFC.<br />

claudia.comunicacao@gmail.com<br />

Atualmente as histórias em quadrinhos são mais aceitas como produção artística e cultural<br />

por parcelas cada vez maiores da socieda<strong>de</strong>. Esse trabalho as trata como uma ferramenta<br />

educacional muito eficaz, possuindo a capacida<strong>de</strong>, através do seu currículo cultural, <strong>de</strong> divertir,<br />

transmitir uma forma <strong>de</strong> ser, sentir, viver e se comportar no mundo, po<strong>de</strong>ndo ser utilizadas<br />

<strong>de</strong> maneira interdisciplinar nos diversos conteúdos escolares, inclusive no ensino <strong>de</strong><br />

história. Como referencial teórico será utilizada a idéia <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong>fendida pelos Estudos<br />

Culturais britânicos, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Birmingham, que se preocuparam com produtos<br />

da cultura popular e dos mass media que expressam os sentidos que vêm adquirindo a cultura<br />

contemporânea. Para tal trabalho ser realizado foi realizado uma pesquisa bibliográfica,<br />

on<strong>de</strong> todo material recolhido – livros, periódicos, documentos, artigos, revistas, etc – foram<br />

lidos <strong>de</strong> maneira atenta e sistemática, fichados, analisados e interpretados, a fim <strong>de</strong> estabelecer<br />

uma fundamentação teórica do conteúdo apresentado.<br />

Palavras-chave: histórias em quadrinhos, história, ensino.<br />

A variação documental na escrita da história<br />

Giselda Brito Silva<br />

Professora Adjunta em <strong>História</strong> /UFRPE.<br />

gibrs@uol.com.br<br />

Nossa participação no evento tem como meta discutir aspectos da prática <strong>de</strong> pesquisa histórica<br />

sob a variação documental, especialmente quando o tema envolve práticas da política cultural,<br />

relacionando política com religião, como o movimento integralista.<br />

Entre <strong>História</strong> e ficção: autobiografia<br />

como gênero híbrido<br />

Isabel Cristina Fernan<strong>de</strong>s Auler<br />

PUCRJ<br />

isabelauler@gmail.com<br />

Minha proposta consiste em analisar os <strong>de</strong>poimentos e autobiografia <strong>de</strong> Lacerda a partir das<br />

consi<strong>de</strong>rações supracitadas referentes à mímesis. Pretendo concebê-las como uma mímesis<br />

<strong>de</strong> representação, na qual o sujeito possuidor <strong>de</strong> uma intenção à composição <strong>de</strong> seu mímema,<br />

– que não se confun<strong>de</strong> com a pulsão originária, uma vez que, por estar inserido no mundo, as<br />

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diversas representações nele contidas influenciam tal proposta – não transgri<strong>de</strong> o horizonte<br />

<strong>de</strong> expectativas <strong>de</strong> sua composição, no entanto, por meio <strong>de</strong>ste não se é capaz <strong>de</strong> dominá-la.<br />

A partir da tese <strong>de</strong> Costa Lima, na qual autobiografia é um gênero literário híbrido, entre a<br />

história e a ficção, analisarei a obra autobiográfica <strong>de</strong> Carlos Lacerda, Rosas e pedras <strong>de</strong> meu<br />

caminho. Pretendo <strong>de</strong>monstrar que a autobiografia supracitada, mesmo a manter seu caráter<br />

híbrido, está mais próxima do campo ficcional. A autobiografia <strong>de</strong> um personagem político<br />

é orientada por seu projeto para o futuro e, portanto, mesmo que mantenha a preocupação<br />

com a referencialida<strong>de</strong>, consiste na construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> narrativa retórica, a qual<br />

concretize o seu plano <strong>de</strong> ação para o futuro.<br />

Palavras chave: Autobiografia – <strong>História</strong> – Ficção<br />

Escrever a <strong>História</strong> através das imagens; filmes e<br />

narrativas em perspectiva historiográfica<br />

João Pinto Furtado<br />

Professor Associado do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> <strong>História</strong> /UFMG<br />

jfurtado@ufmg.br<br />

O atual estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dos estudos e discussões histórico-historiográficas parece<br />

estar evi<strong>de</strong>nciando cada vez mais a flui<strong>de</strong>z dos limites e fronteiras que até então conformavam<br />

a disciplina. Se há cem anos seria praticamente inviável afirmar o estatuto <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

das narrativas orais, mesmo que colhidas e registradas através das mais rigorosas metodologias<br />

cientificas, hoje a questão <strong>de</strong>cididamente merece outro tratamento, menos radical com<br />

certeza. Segundo nosso entendimento, um movimento parecido tem ocorrido com as assim<br />

chamadas narrativas cinematográficas produzidas em torno <strong>de</strong> eventos históricos. Tomando<br />

como referência os filmes “O resgate do Soldado Ryan” (“Saving Private Ryan”, Steven Spielberg,<br />

1998) e “Cidadão Kane” (“Citzen Kane”, Orson Welles, 1939), procuraremos analisar<br />

como a rigorosa seleção <strong>de</strong> suportes visuais quanto ao primeiro filme, no caso a fotografia<br />

documental <strong>de</strong> Robert Capa, associada á construção <strong>de</strong> um vigoroso “set piece”, po<strong>de</strong> construir<br />

uma narrativa historiográfica <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> tal que, provavelmente, poucos textos<br />

escritos conseguirão igualar. No caso do segundo, em perspectiva comparada, preten<strong>de</strong>mos<br />

abordar a questão da memória revisitada em três seqüências-chave para a compreensão do<br />

filme e sua inserção na sua própria historicida<strong>de</strong>..<br />

Pensando o ofício do historiador no ambiente<br />

escolar: práticas pedagógicas e a incorporação<br />

do xadrez nas aulas <strong>de</strong> Ida<strong>de</strong> Média.<br />

José Luís <strong>de</strong> Oliveira e Silva.<br />

Doutorando em <strong>História</strong>/UFG.<br />

jlclio@yahoo.com.br<br />

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O presente artigo é fruto <strong>de</strong> uma reflexão acerca do meu ofício como profissional da história<br />

em salas <strong>de</strong> aulas do ensino básico e superior, em especial dos trabalhos relacionados com<br />

os eixos temáticos que atravessam a história medieval. Para tanto, tomo minha prática pedagógica<br />

em sua utilização do jogo <strong>de</strong> xadrez como suporte para pensar as tensões que marcaram<br />

as relações sócio-culturais do oci<strong>de</strong>nte medieval. Assim, problematizo minha escrita<br />

sob três questões: frente às novas mídias, em especial dos novíssimos games, o que esse jogo<br />

secular po<strong>de</strong> ainda nos ensinar e, sobretudo, auxiliar nas práticas educativas? Como pensar o<br />

xadrez sob as categorias <strong>de</strong> monumento e documento tão caras ao ofício <strong>de</strong> historiador? Em<br />

que medida o universo lúdico do xadrez po<strong>de</strong> nos servir à compreensão das subjetivida<strong>de</strong>s<br />

envolvidas no momento <strong>de</strong> sua introdução e adaptação para a cultura oci<strong>de</strong>ntal?<br />

Palavras-chave: Ensino <strong>de</strong> <strong>História</strong>, Ida<strong>de</strong> Média, Xadrez.<br />

<strong>História</strong> oral: as (in)verda<strong>de</strong>s narradas pelas<br />

trabalhadoras safristas sobre o passado do<br />

setor <strong>de</strong> conservas <strong>de</strong> frutas e da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Pelotas/RS<br />

Laura Senna Ferreira<br />

Doutoranda/UFRJ<br />

laurasennafe@hotmail.com<br />

Klarissa Almeida Silva<br />

Doutoranda /UFRJ<br />

silva.klarissa@gmail.com<br />

A história oral busca a versão que os sujeitos possuem sobre os eventos sociais. Por mais<br />

(in)verda<strong>de</strong>s que narrem, a linguagem e a imaginação não escapam ao tempo e lugar. Compreen<strong>de</strong>-se<br />

que as narrativas orais são memórias seletivas que passam pelo recorte das subjetivida<strong>de</strong>s<br />

e envolvem um rol <strong>de</strong> (in)verda<strong>de</strong>s/ficções que permitem o acesso às representações<br />

que expressam valores do narrador e/ou dos protagonistas daquelas vivências. Não<br />

está em questão se é realida<strong>de</strong> ou ficção o que narram os sujeitos, mas as verda<strong>de</strong>s presentes<br />

nos “mundos <strong>de</strong> mentiras” narrados. Partindo <strong>de</strong>ssa discussão, investiga-se a importância da<br />

história oral para se conhecer sobre a memória que os atores formulam sobre o objeto investigado.<br />

No caso específico <strong>de</strong>ste artigo, busca-se compreen<strong>de</strong>r o passado do setor <strong>de</strong> conservas<br />

<strong>de</strong> frutas <strong>de</strong> Pelotas/RS a partir da visão das trabalhadoras safristas. A pesquisa mostrou<br />

que este é narrado como um tempo <strong>de</strong> fartura, quando não havia <strong>de</strong>semprego e, pela manhã,<br />

a “cida<strong>de</strong> era branca”, uma referência aos uniformizados que seguiam em direção às fábricas.<br />

Não se preten<strong>de</strong> questionar a credibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses discursos, mas enten<strong>de</strong>r que por mais irreal<br />

que possam ser esses relatos, encontram-se em intertextualida<strong>de</strong> com o concreto.<br />

Palavras-chave: história oral, trabalho, Pelotas/RS<br />

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Civilizar-se, harmonizar-se: quesitos<br />

<strong>de</strong> poli<strong>de</strong>z e urbanida<strong>de</strong><br />

Maria Cecilia Barreto Amorim Pilla<br />

Professora Adjunta/PUCPR<br />

ceciliapilla@yahoo.com.br<br />

A presente pesquisa preten<strong>de</strong> refletir sobre algumas normas contidas nos manuais <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong><br />

no que concerne ao viver no Brasil do início do século XX. Frente à implementação <strong>de</strong><br />

reformas urbanas empreendidas nas principais capitais do país, experimenta-se o sonho <strong>de</strong><br />

construir uma “Europa possível”. Entre tantos melhoramentos era necessário também, no<br />

encalço da civilização, extirpar um passado <strong>de</strong> “barbárie”. Tais i<strong>de</strong>ais tentavam acompanhar o<br />

pensamento reformista que já inspirava as gran<strong>de</strong>s metrópoles ao longo do século XIX. Esse<br />

cenário urbano em construção tem elementos que balizam e instruem a população, leis que<br />

regulam o viver citadino, regras que ditam o bem-viver. É preciso saber como se comportar.<br />

Esse é o cenário em que circulavam os manuais <strong>de</strong> conduta, veículos orientadores <strong>de</strong> uma estética<br />

comportamental que serviriam como parâmetro aos distintos habitantes das cida<strong>de</strong>s.<br />

Palavras-chave: civilizar-se; urbanida<strong>de</strong>; manuais <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong><br />

Práticas distintas do crer e do fazer nos sertões<br />

amazônicos<br />

Maria do Socorro <strong>de</strong> Sousa Araújo<br />

Unemat/Fapemat/Unicamp<br />

socorroaraujo@terra.com.br<br />

Esta Comunicação é parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa que investiga os festejos comemorativos<br />

<strong>de</strong> um conflito pela posse da terra entre posseiros e funcionários da Companhia <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

do Araguaia – Co<strong>de</strong>ara – ocorrido em Santa Terezinha, na região do Araguaia/MT,<br />

em 1972. Na configuração dos enfrentamentos, <strong>de</strong>staca-se a figura do padre francês François<br />

Jentel, da Prelazia <strong>de</strong> São Félix, cujas atitu<strong>de</strong>s atingem dimensões que misturam “vocação”<br />

religiosa com ação política. A significação <strong>de</strong> seus atos lhe credita a condição <strong>de</strong> protetor do<br />

povo e do lugar e, assim, se po<strong>de</strong> pensar os atos comemorativos como representações <strong>de</strong> um<br />

passado celebrado, presentificado. Analisar essas práticas sociais e culturais possibilita conhecer<br />

códigos <strong>de</strong> convivência com os quais os grupos humanos articulam suas alianças operando<br />

seus propósitos, por isso os eventos festivo-comemorativos expõem comportamentos<br />

sociais que precisam ser compreendidos, interpretados, <strong>de</strong>cifrados.<br />

Modos <strong>de</strong> ver e viver: referências históricas e<br />

ambigüida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero no figurino da popstar<br />

Madonna no show The Confessions Tour.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Mariana Christina <strong>de</strong> Faria Tavares Rodrigues<br />

Centro Universitário Una<br />

marianacftr@hotmail.com<br />

Além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma artista irreverente e ousada Madonna é também aclamada pelo<br />

rigor profissional com que realiza suas produções, sejam gravações inéditas ou os seus subprodutos<br />

como ví<strong>de</strong>o-clips, turnês <strong>de</strong> shows tecnologicamente elaborados e os posteriores<br />

DVD’s. Produto das décadas finais do século XX, Madonna, ao elaborar suas apresentações<br />

utiliza-se <strong>de</strong> um mix <strong>de</strong> referências da história social que po<strong>de</strong>m ser analisadas através dos<br />

figurinos que apresenta em cena. Na constituição <strong>de</strong>sta roupagem <strong>de</strong> palco a artista elabora<br />

conexões com representações <strong>de</strong> gênero e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, muitas vezes subvertendo estereótipos<br />

e recriando formas <strong>de</strong> ver e apreen<strong>de</strong>r, construindo e fortalecendo um significado cambiante<br />

entre o masculino e o feminino. Este trabalho se propõe a analisar, tendo como foco <strong>de</strong><br />

estudo o figurino da turnê The Confessions Tour <strong>de</strong> 2006, as relações ambíguas <strong>de</strong> gênero no<br />

contexto contemporâneo construídas sobre referências históricas e exploradas pela artista e<br />

seu corpo <strong>de</strong> dançarinos em seus figurinos. Madonna oferece ao espectador <strong>de</strong> seus shows,<br />

ao vivo ou em suporte eletrônico – o que facilita a percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes – informações articuladas<br />

<strong>de</strong> forma nem sempre óbvias, mas onipresentes, e estas, ao trafegar paralelamente<br />

aos artefatos cênicos e às letras <strong>de</strong> suas canções, vão constituindo e se constituem em novas<br />

maneiras <strong>de</strong> ver e viver os códigos da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna.<br />

Sociabilida<strong>de</strong>, auxílio mútuo e cultura associativa<br />

na capital do império (1860-1882)<br />

Mateus Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira Almeida<br />

Doutorando em <strong>História</strong> Social/PUCSP<br />

mateusfernan<strong>de</strong>s@uol.com.br<br />

Pesquisa sobre o associativismo na capital do Império entre os anos <strong>de</strong> 1860 e 1882. Período<br />

em que esteve em vigor uma lei sancionada pelo governo imperial que obrigava a todas as<br />

associações submeterem seus estatutos à apreciação da Seção <strong>de</strong> Negócios do Conselho <strong>de</strong><br />

Estado. Destarte, torna-se possível investigar as relações existentes entre o po<strong>de</strong>r público e a<br />

socieda<strong>de</strong> civil carioca a partir <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s representativas, neste caso socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> auxílio<br />

mútuo e beneficentes. No âmbito dos fenômenos ligados à prática associativa, as manifestações<br />

<strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong>, lealda<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong> e cooperação se constituem em<br />

elementos indissociáveis à cultura associativa, subjacente aos espaços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> aqui<br />

abordados: as socieda<strong>de</strong>s beneficentes e <strong>de</strong> socorros mútuos.<br />

Palavras-chaves: auxílio mútuo, cultura associativa, Brasil Império.<br />

A literatura dos membros da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Pernambucana <strong>de</strong> Letras: práticas,<br />

representações e apropriações da cultura<br />

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escrita no Recife (1901-1910)<br />

Rômulo José F. <strong>de</strong> Oliveira Júnior<br />

Professor/FAL.<br />

romulojunior7@hotmail.com<br />

Buscando suporte em alguns <strong>de</strong>bates teóricos da <strong>História</strong> Cultural, este trabalho tem por objetivo<br />

analisar as várias representações da literatura produzida pelos primeiros integrantes<br />

da Aca<strong>de</strong>mia Pernambucana <strong>de</strong> Letras (APL) entre os anos <strong>de</strong> 1901 a 1910. Tal análise <strong>de</strong>monstra<br />

uma aproximação das fronteiras entre a <strong>História</strong> e a Literatura e nos conduz a perceber<br />

como essa produção estava envolvida em práticas sociais e era carregada <strong>de</strong> apropriações<br />

e da propagação dos gêneros literários como: biografias, poemas, versos, romances, etc. O<br />

Recife no início do século XX viveu significativas mudanças que interferiram na produção<br />

literária dos escritores, principalmente mudanças urbanísticas e sociais. Situamo-nos entre<br />

1901 e 1910, pois na primeira data é criada a Aca<strong>de</strong>mia Pernambucana <strong>de</strong> Letras e a produção<br />

literária se intensifica e ganha mais prestígio social e findamos a análise no ano <strong>de</strong> 1910, pois<br />

as disputas políticas que se acirram no Recife divi<strong>de</strong>m as opiniões dos literatos da APL, além<br />

do que a morte <strong>de</strong> 8 membros da APL faz essa produção <strong>de</strong>clinar. Esperamos com essa pesquisa<br />

apresentar um singelo panorama da cultura escrita produzida pelos membros da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Pernambucana <strong>de</strong> Letras e apresentar como é possível analisar a tessitura das relações<br />

entre literatura e socieda<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Aca<strong>de</strong>mia Pernambucana <strong>de</strong> Letras, literatura e cultura escrita.<br />

A mulher na Literatura Libertina: um diálogo<br />

entre Marquês <strong>de</strong> Sa<strong>de</strong> e Restif <strong>de</strong> la Bretonne<br />

Stefani Arrais Nogueira<br />

Mestrando em <strong>História</strong>/UFPR<br />

arraishistoria@ufpr.br<br />

O tema central <strong>de</strong>sse trabalho é a análise dos pensamentos <strong>de</strong> dois autores libertinos, Marquês<br />

<strong>de</strong> Sa<strong>de</strong> e Restif <strong>de</strong> La Bretonne, sobre o problema da figura da mulher e suas características<br />

<strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong>. Sa<strong>de</strong> e Restif foram contemporâneos do Século XVIII e vivenciaram<br />

o Iluminismo, movimento que influenciou profundamente suas obras. As fontes utilizadas<br />

nessa pesquisa englobam obras clássicas do Marquês <strong>de</strong> Sa<strong>de</strong> (Philosophie dans le boudoir<br />

e Histoire <strong>de</strong> Juliette), e <strong>de</strong> Restif <strong>de</strong> la Bretonne (Le Pornographe e Les Gynographes). No<br />

século das Luzes, os filósofos refletiram muito sobre o papel da mulher na socieda<strong>de</strong> e sobre<br />

a sua relação com a natureza. As noções <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong> oriundas do pensamento ilustrado<br />

foram absorvidas nas obras pornográficas <strong>de</strong> ambos, porém <strong>de</strong> formas distintas. Restif dotou<br />

a figura da mulher <strong>de</strong> valores e papéis caros a ilustrados como Rousseau (ex.: mãe e esposa).<br />

Sa<strong>de</strong>, por outro lado, abominou e subverteu em suas escritos todos esses papéis e valores.<br />

Palavras-chave: Literatura Libertina; Iluminismo; mulher<br />

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A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no LP Gilberto Gil 1969<br />

Suelen Maria Marques Dias<br />

Mestranda em <strong>História</strong>/UFMG<br />

susutileza@yahoo.com.br<br />

Através da análise das canções do Lp Gilberto Gil 1969, buscaremos penetrar na atmosfera do<br />

período verificando a concepção do autor a respeito das idéias <strong>de</strong> progresso e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

tão freqüentes nesse momento <strong>de</strong> Guerra Fria. Procuraremos ainda estabelecer uma relação<br />

entre tais idéias e o programa proposto pelo movimento Tropicalista.<br />

O Brasil nas telas e nos campos: cinema, futebol<br />

e a questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira<br />

Wal<strong>de</strong>rez Costa Ramalho<br />

UFMG<br />

wal<strong>de</strong>rezramalho@hotmail.com<br />

Suzana Cristina <strong>de</strong> Souza Ferreira<br />

Professora Doutora/FAFICH-UFMG<br />

suzanah11@yahoo.com.br<br />

Este artigo tem por objetivo analisar como os filmes brasileiros sobre futebol contribuíram<br />

para que o esporte suscitasse e suscite ainda hoje o <strong>de</strong>bate em torno da sua possibilida<strong>de</strong><br />

constituídora <strong>de</strong> um fator <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Levantaremos alguns aspectos interessantes<br />

que irão auxiliar em nosso estudo: os instrumentos teórico-conceituais; o processo<br />

<strong>de</strong> disseminação do futebol pelo território nacional; e por fim uma análise do filme – mas<br />

sobretudo da recepção da crítica “especializada” –, <strong>de</strong> Garrincha, alegria do povo (Joaquim<br />

Pedro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, 1962). Para reafirmar o nosso argumento, faremos também uma leitura<br />

da recepção, também pela crítica, <strong>de</strong> um outro filme: O Rei Pelé (Carlos Hugo Christensen,<br />

1963), em contraposição à Garrincha.<br />

Palavras chaves: cinema, futebol, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional<br />

Fogo na Babilônia: ganja, reggae e<br />

rastas em Salvador<br />

Wagner Coutinho Alves<br />

Secretário Geral da Associação Brasileira <strong>de</strong> Estudos Sociais do Uso <strong>de</strong> Psicoativos - ABE-<br />

SUP<br />

coutinhoalves@msn.com<br />

Na década <strong>de</strong> 1960, após o sucesso <strong>de</strong> Bob Marley e da banda The Wailers, os rastafáris ficaram<br />

mundialmente conhecidos. Suas canções, baseadas na crença Rastafári, são protestos contra<br />

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a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e o sofrimento do povo <strong>de</strong>vido às seqüelas <strong>de</strong> um passado escravista<br />

e do sistema capitalista. A Cannabis sativa, conhecida entre os rastafáris pela alcunha <strong>de</strong><br />

ganja, é consi<strong>de</strong>rada sagrada, tida como erva da sabedoria e é um dos principais elementos<br />

do Rastafarianismo. Paralelamente ao sucesso do Reggae, difundiu-se no Brasil um estilo <strong>de</strong><br />

indumentária e uso <strong>de</strong> cabelos conhecido como rasta, que adquiriu fortes conotações i<strong>de</strong>ntitárias,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> filiação religiosa ou situação social do indivíduo. O que a priori<br />

era uma expressão das tendências pan-africanistas do início do século XX, restrita à população<br />

negra, difundiu-se. O Reggae divulgou pelo mundo a cultura rastafári e a estética rasta.<br />

Contudo, não foram estes os únicos elementos disseminados, já que vieram acompanhados<br />

pelos estigmas que já sofriam por razões sociais, aliados às já existentes restrições ao uso<br />

<strong>de</strong> canabis. As resignificações <strong>de</strong>correntes das especificida<strong>de</strong>s do contexto social brasileiro<br />

impuseram novas configurações na produção musical, na religião, na maneira <strong>de</strong> gerenciar a<br />

vida cotidiana e fazer frente a estigmas. Esta apresentação problematizará as relações entre<br />

estigmas, religiosida<strong>de</strong>, reggae, rastas e ganja em Salvador, BA.<br />

Palavras chave: cannabis, reggae e rastafarianismo.<br />

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ST 24<br />

Memória e sensibilida<strong>de</strong>s<br />

Memórias i<strong>de</strong>ntitárias e sensibilida<strong>de</strong>s<br />

etnográficas: um estudo <strong>de</strong> caso.<br />

Ádria Borges Figueira Cerqueira<br />

UFG<br />

adriakaraj@yahoo.com.br<br />

Com ênfase no processo histórico <strong>de</strong> surgimento <strong>de</strong> povos indígenas no cenário nacional e<br />

<strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s em um contexto global nas últimas décadas.<br />

A presente comunicação objetiva investigar como os Tapuios do Carretão (um dos três<br />

povos indígenas do Estado <strong>de</strong> Goiás) articulam sua visão <strong>de</strong> mundo e suas experiências. Assim,<br />

concebemos como lócus <strong>de</strong> pesquisa a história do povo indígena Tapuios do Carretão<br />

que vivenciou uma situação traumática <strong>de</strong> negação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> direitos antes<br />

adquiridos. As discussões aqui apontadas fazem parte <strong>de</strong> um conjunto maior <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações<br />

a respeito da maneira usada pelos Tapuios do Carretão para compor sua trajetória<br />

histórica. Tais discussões trazem algumas reflexões sobre a relação entre memória e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

na construção da história do povo indígena Tapuio do Carretão em Goiás, dando ênfase<br />

à produção <strong>de</strong> narrativas orais. As narrativas orais tiveram gran<strong>de</strong> peso ao longo do processo<br />

<strong>de</strong> reconhecimento étnico do povo indígena Tapuio do Carretão. Foi por meio <strong>de</strong>las que os<br />

Tapuios reavaliaram a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no momento <strong>de</strong> crise. Por meio <strong>de</strong>las é possível rastrear<br />

as trajetórias inconscientes da memória – esquecimentos, representações, imaginários<br />

– e, por meio <strong>de</strong>sses fatores, compreen<strong>de</strong>r os diversos significados que os indivíduos <strong>de</strong>sse<br />

povo conferem às suas experiências no tempo e no espaço.<br />

Palavras Chave: Memória, Narrativas orais e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica.<br />

Escrever e sentir, as sensibilida<strong>de</strong>s da<br />

prática <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> cartas<br />

Adriana Angelita da Conceição<br />

Doutoranda em <strong>História</strong> Social – FFLCH – USP (FAPESP)<br />

adrianaangelitac@yahoo.com.br<br />

“Escribir y sentir son uno y lo mismo…” escreveu Lope <strong>de</strong> Vega, e assim, po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r<br />

o ato <strong>de</strong> escrever, como um ato plural, pois aquele que escreve sente. Especialmente, quando<br />

estamos a tratar da prática <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> cartas, na qual cada palavra brota <strong>de</strong> um sentimento;<br />

e escrever e sentir se fun<strong>de</strong>m em sensibilida<strong>de</strong>s humanas que se expressam através da materialida<strong>de</strong><br />

da palavra que penetra o papel e ali permanece. Eis a proposta <strong>de</strong>sta comunicação,<br />

apresentar algumas discussões que permeiam a prática <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> cartas, evi<strong>de</strong>nciando<br />

intenções <strong>de</strong> memória e sensibilida<strong>de</strong>. Portanto, através <strong>de</strong> diferentes exemplos <strong>de</strong> cartas,<br />

literárias ou que pertenceram ao passado colonial luso-brasileiro setecentista, discutiremos<br />

a carta e suas problemáticas para o estudo da <strong>História</strong>. Analisar sensibilida<strong>de</strong>s e intenções <strong>de</strong><br />

memória no Brasil colonial, não é algo comum, mas necessário, pois mesmo diante <strong>de</strong> espa-<br />

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ços in<strong>de</strong>finidos na complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem públicos ou privados, os Homens não <strong>de</strong>ixaram<br />

<strong>de</strong> sentir e escrever, mesmo que esse sentir estivesse envolvido pela pragmática. Contudo,<br />

essa comunicação almeja expor algumas consi<strong>de</strong>rações em torno da prática epistolar e suas<br />

sensibilida<strong>de</strong>s.<br />

Palavras-chave: Cartas – Sensibilida<strong>de</strong>s – <strong>História</strong> Colonial<br />

Lendo e relendo a cida<strong>de</strong>: a “escrita <strong>de</strong> si”<br />

e o estudo da história da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boa<br />

Vista/RR na década <strong>de</strong> 1950<br />

Carla Monteiro <strong>de</strong> Souza<br />

Professora Doutora/ UFRR<br />

carlamonteiro@pq.cnpq.br<br />

Esse trabalho enfoca a obra 1953, Ah! Anos <strong>de</strong> minha juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Lauci<strong>de</strong>s Oliveira (2007),<br />

uma das fontes utilizadas no projeto Memória e <strong>História</strong> <strong>de</strong> Boa Vista na década <strong>de</strong> 1950<br />

(CNPq), que estuda as mudanças ocorridas em Boa Vista com a sua elevação a capital do Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral do Rio Branco, em 1943, quando se inicia um período <strong>de</strong> reestruração do espaço<br />

urbano e <strong>de</strong> rearranjos nas relações sociais, culturais e políticas. A obra, situada no campo<br />

da “escrita <strong>de</strong> si”, apresenta uma espécie <strong>de</strong> mix narrativo, pois mescla autobiografia, crônica<br />

e <strong>de</strong>scrições, mas acima <strong>de</strong> tudo narra a relação afetiva, <strong>de</strong> pertencimento e <strong>de</strong> inserção total<br />

do autor ao lugar. Levando em conta que através do registro das lembranças e das vivências<br />

é possível acessar imagens, representações, fatos e discursos, o livro é uma contribuição para<br />

a abordagem da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boa Vista e para a individualização da sua história.<br />

O seu potencial como fonte liga-se à configuração <strong>de</strong> uma “carga <strong>de</strong> significados” sobre a cida<strong>de</strong><br />

narrada, aquela vivida, sentida e sonhada, situada em outro tempo, mas cuja memória<br />

repercute nos dias <strong>de</strong> hoje.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong>, escrita <strong>de</strong> si, memória<br />

Tancredo Neves: entre rupturas e continuida<strong>de</strong>s,<br />

a construção do mito político no<br />

ensino <strong>de</strong> história<br />

Cássia R. Louro Palha<br />

Professora Adjunta <strong>História</strong> /UFSJ.<br />

Daniel Lopes Saraiva<br />

Graduando em <strong>História</strong> / UFSJ e Bolsistas CAPES/ PIBID<br />

Denis Andra<strong>de</strong> Almeida<br />

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Graduando em <strong>História</strong>/UFSJ e Bolsistas CAPES/ PIBID<br />

Raína <strong>de</strong> Castro Ferreira<br />

Graduando em <strong>História</strong>/UFSJ e Bolsistas CAPES/ PIBID<br />

Tiago Saraiva <strong>de</strong> Sabóia<br />

Graduando em <strong>História</strong> /UFSJ e Bolsistas CAPES/ PIBID<br />

Este artigo tem por objetivo apresentar o trabalho realizado com alunos <strong>de</strong> uma escola pública<br />

na cida<strong>de</strong> mineira <strong>de</strong> São João <strong>de</strong>l Rei. O foco principal é compreen<strong>de</strong>r os parâmetros<br />

através dos quais foi construída simbolicamente a imagem <strong>de</strong> Tancredo Neves, tido como<br />

herói nacional e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância na cultura e no imaginário local. No ano em que as<br />

escolas e os espaços <strong>de</strong> memória da cida<strong>de</strong> e região comemoram o centenário do nascimento<br />

e os vinte e cinco anos da morte do político, o nosso objetivo é o da análise dos referenciais<br />

simbólicos em torno dos saberes locais e do processo <strong>de</strong> ressignificação do mundo políticocultural<br />

a partir da imagem política <strong>de</strong> Tancredo Neves, tendo como foco a construção das<br />

narrativas dos alunos e <strong>de</strong> suas concepções <strong>de</strong> história.<br />

Palavras-chave: Ensino <strong>de</strong> história - Imagens políticas - Saberes locais.<br />

“E nunca mais se ouviu o apito do trem naquele<br />

lugar...” - memórias <strong>de</strong> trabalhadores sobre a<br />

estrada <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> nazaré: 1960-1985.<br />

Cristiane Purida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Melo<br />

Pós-Graduanda Latu Sensu em EAD/UNEB<br />

tianepurida<strong>de</strong>@gmail.com<br />

Ao ser inaugurada em 1875, a Estrada <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Nazaré (EFN) trouxe os “ares” da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

e do progresso e foi vista durante muito tempo como propulsora do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

para a região, on<strong>de</strong> as cida<strong>de</strong>s começaram a crescer às suas margens. Ao ser <strong>de</strong>sativada, no<br />

início da década <strong>de</strong> 70 do século passado, por ter sido consi<strong>de</strong>rada improdutiva, a EFN ganha<br />

um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no imaginário da população local. Na memória construída pelos moradores<br />

há uma ressignificação do prestígio da EFN para o município. No contexto histórico<br />

local as pessoas frequentemente associam o fracasso econômico da região ao término da ferrovia.<br />

Este trabalho, portanto, com o auxilio <strong>de</strong> fontes orais, se propõe a estudar a construção<br />

do imaginário político, social e econômico em Nazaré durante o período <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência e<br />

após sua extinção.<br />

Palavras Chaves: Memória, Ferrovia e Fontes Orais.<br />

<strong>História</strong> oral e memória<br />

Daiane Dantas Martins<br />

daiuibai@yahoo.com.br<br />

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Carmélia Silva Miranda<br />

Professora Adjunta- Universida<strong>de</strong> do Estado da Bahia<br />

carmelia15@hotmail.com<br />

Neste trabalho propomos apresentar aspectos da <strong>História</strong> Oral e suas relações com a memória.<br />

Visamos discutir algumas questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m teórica e metodológica concernentes à utilização<br />

da Histórica Oral como fonte, em estudos realizados por nós acerca <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

localizadas no interior do Estado da Bahia. Nestas pesquisas analisamos experiências <strong>de</strong><br />

sujeitos históricos, que vieram à tona através do <strong>de</strong>spertar da memória. Assim, conseguimos<br />

recuperar vestígios experienciados que mostraram os costumes, manifestações culturais,<br />

vivências cotidianas, relações <strong>de</strong> trabalho e compadrio, religiosida<strong>de</strong>, crenças e solidarieda<strong>de</strong>,<br />

em diferentes comunida<strong>de</strong>s localizadas no interior da Bahia.<br />

Palavras-chave: <strong>História</strong> Oral; Memória; Vivências cotidianas.<br />

Memória e sensibilida<strong>de</strong> da mulher negra<br />

professora na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> palmas – to.<br />

Edineuza da Silva Brandão<br />

crioulasb@hotmail.com<br />

Jocyleia Santana dos Santos<br />

Orientadora /UFT.<br />

jocyleia@uft.edu.br<br />

A pesquisa investigou a mulher negra/ professora e sua trajetória na educação básica como trabalho<br />

<strong>de</strong> conclusão do curso <strong>de</strong> Pedagogia. Referiu-se ao papel das mulheres negras professoras<br />

e dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas por estas no ensino fundamental nas escolas públicas da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> palmas. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa <strong>de</strong> campo uma<br />

vez que não se encontrou publicações sobre a mulher professora negra no contexto regional.<br />

A relevância científica se <strong>de</strong>u quanto a escolha da temática, do universo da pesquisa e da viabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> execução no prazo estabelecido. A metodologia <strong>de</strong> história oral foi significativa<br />

pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> acervos e fontes <strong>de</strong> pesquisa sobre a sensibilida<strong>de</strong> e cultura<br />

<strong>de</strong>stas mulheres e conseqüentemente sobre o sistema <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Palmas. Nas consi<strong>de</strong>rações<br />

finais <strong>de</strong>stacamos que as professoras mesmo se auto-<strong>de</strong>clarando negras, não perceberam a<br />

dimensão do seu papel social, diante das reivindicações <strong>de</strong> direitos igualitários e para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um trabalho diferenciado junto à diversida<strong>de</strong> presente na sala <strong>de</strong> aula.<br />

Palavras- chave: Mulher negra, profissão docente, Palmas, Tocantins.<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina não po<strong>de</strong>ria ganharpresente<br />

melhor no seu aniversário <strong>de</strong> centenário<br />

Eliane Rodrigues <strong>de</strong> Morais<br />

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Mestranda em <strong>História</strong> do Brasil – UFPI<br />

liane_morais@hotmail.com<br />

Francisco Alci<strong>de</strong>s do Nascimento<br />

Professor <strong>História</strong> do Brasil - UFPI - Produtivista do CNPq.<br />

falci<strong>de</strong>@uol.com.br<br />

No ano <strong>de</strong> 1952, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina, foi comemorado o seu centenário <strong>de</strong> fundação. Esse<br />

momento provocou, nos intelectuais piauienses, um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> homenagear a cida<strong>de</strong> aniversariante<br />

através do esforço da arte narrá-la. O poeta H. Dobal presenteou sua cida<strong>de</strong> natal,<br />

em gênero <strong>de</strong> crônica, através da escrita <strong>de</strong> um “Roteiro Sentimental e Pitoresco <strong>de</strong> Teresina”.<br />

Nele, Dobal expressa sua sensibilida<strong>de</strong> atentando para o que acredita que merece ser conservado<br />

ou reconstituído na sua paisagem física e social, a partir da rememoração <strong>de</strong> suas<br />

lembranças. Nesta comunicação trataremos dos modos <strong>de</strong> percorrer uma cida<strong>de</strong> que estava<br />

completando um século <strong>de</strong> fundação, numa época em que estava passando por modificações<br />

para as comemorações da efeméri<strong>de</strong>, com o objetivo <strong>de</strong> analisar as representações construídas<br />

sobre Teresina no “Roteiro Sentimental” <strong>de</strong> H. Dobal.<br />

Palavras-chave: Centenário, Roteiro, Teresina.<br />

A FOLIA NO ALTAR: as práticas cotidianas da<br />

Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora das Dores em Teresina<br />

[Piauí] na segunda meta<strong>de</strong> do século XX<br />

Francisca Márcia Costa <strong>de</strong> Souza<br />

Mestranda – PPGHIS – UFPI - CNPq/CAPES/MinC/Programa Pró-Cultura.<br />

marciasofia10@hotmail.com.<br />

A Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora das Dores remonta ao século XIX. No Piauí e em outras partes do<br />

Brasil acontecem as mais variadas manifestações e expressões do sentimento religioso, da<br />

<strong>de</strong>voção popular. Muitas festas em louvor a santos preservam <strong>de</strong>terminados aspectos e se<br />

transformam em outros: romarias, ex-votos, cânticos, espaços <strong>de</strong> sua realização, promessas,<br />

festas, missas, altares, santinhos, outros caminhantes. A festa <strong>de</strong> N. S. das Dores é parte<br />

fundamental nas histórias <strong>de</strong> muitos caminhantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina. Em seus relatos,<br />

é possível sentir e olhar através <strong>de</strong> suas práticas, símbolos, gestos e rituais variadas formas<br />

<strong>de</strong> comunicação e (re) significações dos espaços da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina. A Festa <strong>de</strong> N. S. das<br />

Dores, ao longo dos anos, adquiriu novas significações, sentidos e tensões possíveis no interior<br />

<strong>de</strong> uma nova trama da comunida<strong>de</strong> urbana na qual está inserida. A violência e a (re)<br />

estruturação urbana <strong>de</strong> Teresina estimularam os habitantes da urbe a repensar suas tradicionais<br />

práticas nos interior da comunida<strong>de</strong> paroquial e, portanto, a Festa. Por outro lado, a comunida<strong>de</strong><br />

mantem o contato com o sagrado, compartilha aspectos <strong>de</strong> um sistema simbólico<br />

e ritual, além do aspecto social, pois esses mesmos caminhantes a<strong>de</strong>ntram o sistema social<br />

da cida<strong>de</strong>, da igreja, da economia urbana, na organização da Festa. Assim, a Celebração à N.<br />

S. das Dores é um lugar social, religioso múltiplo, rico, fundamental para se estudar aspectos<br />

rituais, simbólicos do cotidiano, da religiosida<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teresina.<br />

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Palavras-chave: Festa <strong>de</strong> N. S. das Dores; práticas cotidianas; Teresina<br />

Cida<strong>de</strong>, memória e (res)sentimento<br />

Francisco Alci<strong>de</strong>s do Nascimento<br />

Prof. Associado II do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong> do Brasil UFPI.<br />

falci<strong>de</strong>@uol.com.br<br />

Esta comunicação reflete sobre Teresina, capital do Estado do Piauí, na década <strong>de</strong> 1970,<br />

período em que a cida<strong>de</strong> passou por muitas intervenções que <strong>de</strong>terminaram a transformação<br />

da paisagem urbana da capital do Piauí, tendo como principal agente o próprio Estado.<br />

Tais intervenções atraíram pessoas, vindas <strong>de</strong> pequenas cida<strong>de</strong>s do Piauí e <strong>de</strong> outros estados,<br />

sonhando com oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho, educação formal, aquisição da casa própria<br />

e atendimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Mas ao chegarem à cida<strong>de</strong>, sem recursos financeiros que possibilitassem<br />

a contratação <strong>de</strong> casa <strong>de</strong> aluguel, ocuparam áreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco e terrenos<br />

públicos, fatores que, posteriormente, o processo mo<strong>de</strong>rnizador exclu<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>terminou a<br />

transferência <strong>de</strong>las para regiões periféricas da cida<strong>de</strong>, na oportunida<strong>de</strong> sem nenhum instrumento<br />

básico (água, luz, telefone, transporte público, calçamento). Foram essas transferências<br />

e suas implicações para os moradores transferidos que foram tomadas como foco central<br />

<strong>de</strong>ste artigo<br />

Palavras-chave: Cida<strong>de</strong>. Memória. (Res)sentimentos.<br />

O alcance da memória como<br />

expressão das sensibilida<strong>de</strong>s<br />

Gisafran Nazareno Mota Jucá<br />

Professor Doutor/ UECE<br />

gisafranjuca@uol.com.br<br />

Para captar o sentido revelador das representações, que emolduram o imaginário social, os sinais<br />

observados nos remetem ao alcance das sensibilida<strong>de</strong>s, como testemunhas das experiências<br />

vividas. Embora as sensibilida<strong>de</strong>s estejam envoltas nas individualida<strong>de</strong>s observadas, o<br />

cenário cultural nos remete à observação das experiências plurais, on<strong>de</strong> o coletivo se manifesta,<br />

mas sempre envolto no aspecto revelador da ação dos agentes individuais. Uma experiência<br />

<strong>de</strong> pesquisa, relativo ao estágio <strong>de</strong> pós-doutorado, com um projeto apoiado na historia<br />

oral, intitulado “Seminário da Prainha: uma outra Fortaleza”, permite-nos novas perspectivas<br />

<strong>de</strong> análise sobre a história urbana, além dos limites estabelecidos pela tradição acadêmica. A<br />

memória social, apoiada em lembranças pessoais e as sensibilida<strong>de</strong>s manifestas propiciam a<br />

compreensão <strong>de</strong> expressões individuais, que se mesclam à memória coletiva.<br />

Palavras-chave: memória e sensibilida<strong>de</strong>s; memória social e representações culturais;<br />

memória social e história cultural.<br />

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“A Gran<strong>de</strong> Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ser”: Memórias<br />

e Sensibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um cowboy sertanejo.<br />

Hel<strong>de</strong>r Remigio <strong>de</strong> Amorim<br />

Pós-Graduando em <strong>História</strong> /UFRPE<br />

hra1901@hotmail.com<br />

O presente trabalho trata das relações entre memória e sensibilida<strong>de</strong>s, mas preten<strong>de</strong> percebê-las<br />

através do relato oral <strong>de</strong> memória <strong>de</strong> José Leite Duarte, mais conhecido como Rock<br />

Lane. Esse personagem que parece ter saído da tela <strong>de</strong> um cinema, on<strong>de</strong> trabalhou boa parte<br />

<strong>de</strong> sua vida, assumiu o cognome do ator <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> faroeste norte americano. Além <strong>de</strong><br />

transitar por várias temporalida<strong>de</strong>s em seu <strong>de</strong>poimento, também caminha por gêneros como<br />

tragédia, drama, aventura, romance e em alguns momentos pelo gênero épico. A metodologia,<br />

bem como os aportes teóricos utilizados no trabalho ampararam-se nas discussões<br />

sobre história cultural, oralida<strong>de</strong>, memória, cida<strong>de</strong>s e cinema. Desse modo, nosso objetivo<br />

é enten<strong>de</strong>r como José Leite Duarte através <strong>de</strong> sua relação com o cinema em que trabalhou se<br />

“ausentou” <strong>de</strong>ixando Rock Lane assumir o papel principal na sua vida.<br />

Paco Sanches: armas, po<strong>de</strong>r e memória.<br />

A construção da memória <strong>de</strong> um a<strong>de</strong>pto do<br />

Partido Republicano gaúcho.<br />

Itamar Ferretto Comarú<br />

UCS<br />

ifcomaru@gmail.com<br />

O espaço social não é neutro, mas sim um território on<strong>de</strong> se manifestam/representam zonas<br />

<strong>de</strong> conflitos, geralmente por po<strong>de</strong>r ou pelas representações <strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r, o que acaba por selecionar<br />

memórias, criar i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, impetrar costumes locais ou regionais. Paco Sanches<br />

é um personagem histórico, um fato histórico, que representa o po<strong>de</strong>r, os imaginários e a<br />

cultura <strong>de</strong> parte da região nor<strong>de</strong>ste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul entre o fim do século XIX e início<br />

do século XX, cuja violência não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada, por significativa dos caminhos<br />

políticos e sociais <strong>de</strong> então. Esse artigo problematiza as questões <strong>de</strong> memória tendo como<br />

objeto o individuo Paco Sanches. Analisa-se sua memória, construída através <strong>de</strong> fontes orais<br />

e textuais e analisadas por meio da análise <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> Laurence Bardin, <strong>de</strong>stacando a<br />

complexida<strong>de</strong> das questões <strong>de</strong> memória em torno <strong>de</strong> sua imagem. Os resultados preliminares<br />

<strong>de</strong>monstram uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memórias fragmentadas, mediadas culturalmente e<br />

i<strong>de</strong>ologicamente.<br />

“Horas inteiras passo lembrando”: memória,<br />

história e sensibilida<strong>de</strong>s femininas – Cariri<br />

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Paraibano (1930 a 1950)<br />

Paula Faustino Sampaio<br />

Tutora Virtual/UFPB<br />

paulafaustinosampaio@yahoo.com.br<br />

Entre os anos 1930 e 1950, a região do Cariri Paraibano, lugar comum a tantos outros do interior<br />

do Brasil, estava distante dos projetos mo<strong>de</strong>rnizadores que marcaram o período nos<br />

principais centros urbanos do país. Mas nem por isso não ficou alheia às transformações.<br />

Neste âmbito, as discussões sobre moral sexual, valores e modos <strong>de</strong> comportamento para<br />

as mulheres ganhavam novos elementos, muitos <strong>de</strong>les no esteio das mudanças da educação<br />

escolar no período. Em contraponto, a Igreja Católica e a Justiça precisam reinventar formas<br />

<strong>de</strong> controles <strong>de</strong>sses comportamentos femininos em tempos <strong>de</strong> mudança. Neste trabalho,<br />

propomos reconstituir este momento histórico por meio das memórias e sensibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

um grupo <strong>de</strong> mulheres, hoje com ida<strong>de</strong> superior a setenta anos, moradoras do Cariri Paraibano<br />

em sua juventu<strong>de</strong>. A intenção é mostrar, com seus relatos orais <strong>de</strong> memória, quais<br />

significados elas construíram sobre si e sobre o outro em sua existência comum <strong>de</strong> moças<br />

que, cotidianamente, tinham <strong>de</strong> lidar com as curiosida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>spertadas pelas notícias <strong>de</strong> um<br />

mundo novo e exigências sociais da realida<strong>de</strong> a que estavam submetidas. Para tanto, muito<br />

contribuiu para lidar com a memória <strong>de</strong>ssas mulheres corpus documental formado por correspondência,<br />

canções e poesias.<br />

Palavras-chave: memória, história e sensibilida<strong>de</strong>s.<br />

Ação, liberda<strong>de</strong>, história e memória em<br />

Hannah Arendt e suas relações com a<br />

cultura <strong>de</strong> memória no mundo contemporâneo<br />

Rebecca Coscarelli Cardoso Bastos<br />

PUCRJ<br />

beccacosca@ig.com.br<br />

O Trabalho visa uma reflexão teórica que tem como tema principal os conceitos <strong>de</strong> ação,<br />

liberda<strong>de</strong>, história e memória em Hannah Arendt. Para a autora é propriamente a condição<br />

humana da pluralida<strong>de</strong> que torna <strong>de</strong> extrema importância o espaço da aparência através da<br />

ação e do discurso na esfera pública [1]. Isto implica um espaço que possibilita o aparecimento<br />

do singular, do individual entre seres que biologicamente são iguais, o que, ressalta as características<br />

propriamente humanas dos homens. Porém, esta singularida<strong>de</strong> somente po<strong>de</strong><br />

aparecer na medida em que o homem é cercado pela mundanida<strong>de</strong>, isto é, por um mundo<br />

on<strong>de</strong> a realida<strong>de</strong> é feita <strong>de</strong> coisas e <strong>de</strong> objetos fabricados pelo homem e que é diferente da<br />

realida<strong>de</strong> natural. Este mundo humano dá certa segurança em relação a ação e é ele mesmo<br />

que permite uma esfera pública on<strong>de</strong> questões comuns e não privadas <strong>de</strong>vem ser discutidas e<br />

on<strong>de</strong> através da ação e do discurso, através das opiniões individuais os homens aparecem em<br />

sua singularida<strong>de</strong>. Além disso, para Arendt o conceito <strong>de</strong> ação trás consigo uma imprevisibilida<strong>de</strong><br />

e uma ilimitação inerentes à condição humana da pluralida<strong>de</strong>. É justamente porque<br />

os seres humanos em sua singularida<strong>de</strong> são diferentes que não é possível prever <strong>de</strong> que forma<br />

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cada homem vai agir e é pelo fato <strong>de</strong>ssa ação se dar em um mundo <strong>de</strong> relações sociais préexistente<br />

que não é possível calcular as conseqüências <strong>de</strong>ssas ações. Sob estas condições, a<br />

história é refletida pela autora como aquela disciplina que através dos historiadores po<strong>de</strong><br />

dar certa interpretação das ações, isto é, dos eventos que ocorreram na esfera pública, já que<br />

para os próprios homens que agiram esta interpretação e coerência discursivas são inviáveis,<br />

pelas características da ação mencionadas acima. A história, portanto, funcionaria <strong>de</strong> certa<br />

maneira como um relato <strong>de</strong> memória, na medida em que ajuda no não esquecimento e no<br />

enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>stas ações que pelo fato <strong>de</strong> não serem ações condicionadas pelo critério <strong>de</strong><br />

meios e fins, <strong>de</strong>vem ter como incentivo a glória, isto é, a imortalida<strong>de</strong> das ações e dos feitos<br />

<strong>de</strong> seres humanos mortais em sua condição biológica. Portanto, a história e a memória tornam-se<br />

conceitos fundamentais, na medida em que é através <strong>de</strong>las que os eventos passados<br />

são levados para a posterida<strong>de</strong>, para as gerações futuras e dão certa garantia e estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um mundo especificamente humano on<strong>de</strong> estas gerações futuras possam continuar exercitando<br />

sua liberda<strong>de</strong> em relação às suas condições biológicas <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong><br />

naturais, que é o que têm em comum com todos os outros seres, e que po<strong>de</strong> se concretizar<br />

em seu aparecimento singular na relação com todos os outros homens na esfera pública, isto<br />

é, política por <strong>de</strong>finição.<br />

Vidas incertas: o processo <strong>de</strong> migração para cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Teresina-PI durante a década <strong>de</strong> 1970<br />

Regianny Lima Monte<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia do Piauí - UFPI<br />

regiannymonte@yahoo.com.br<br />

Este trabalho é uma reflexão em torno do processo migratório que ocorreu na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Teresina durante a década <strong>de</strong> 1970. Temos como finalida<strong>de</strong> principal analisar os fatores que<br />

influenciaram estes moradores a saírem <strong>de</strong> seus locais <strong>de</strong> origem e rumarem para a capital<br />

do estado do Piauí. No percurso <strong>de</strong>ste processo verificamos <strong>de</strong> que maneira o po<strong>de</strong>r público<br />

atuou no sentido <strong>de</strong> instigar essas famílias a realizarem o processo migratório, bem como a<br />

própria conjuntura nacional que convergia para que ocorresse um verda<strong>de</strong>iro “inchaço” dos<br />

centros urbanos, como foi o caso <strong>de</strong> Teresina. A análise recai, ainda, sobre as lembranças<br />

que os moradores guardam <strong>de</strong>ssa experiência enquanto migrantes e moradores <strong>de</strong> Teresina<br />

na década <strong>de</strong> 1970 e <strong>de</strong> que maneira avaliam essa experiência. Portanto, estamos lançando<br />

mão da <strong>História</strong> Oral para nos aproximarmos das trajetórias <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sses migrantes, por<br />

consi<strong>de</strong>rar a memória <strong>de</strong> tais atores sociais como <strong>de</strong> fundamental importância na constituição<br />

<strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong>ssa natureza.<br />

Palavras-Chaves: Migração. Memória. Cida<strong>de</strong>.<br />

Carris: memórias e sensibilida<strong>de</strong>s<br />

no imaginário urbano porto-alegrense<br />

Renata Cássia Andreoni<br />

235


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

andreoni.renata@gmail.com<br />

A Cia. Carris Porto-Alegrense é a empresa <strong>de</strong> transporte coletivo mais antiga do país em ativida<strong>de</strong>,<br />

fundada em 1872. Sua história mantém uma relação simbiótica com a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

antigos bon<strong>de</strong>s à tração animal, passando pelos elétricos, até os mo<strong>de</strong>rnos ônibus. Por meio<br />

<strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> história oral preten<strong>de</strong>mos, através dos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> seus antigos<br />

e atuais colaboradores, bem como <strong>de</strong> seus usuários, reunir as representações sobre sua trajetória<br />

centenária na Capital. A evocação <strong>de</strong> memórias individuais e coletivas, <strong>de</strong>spertando<br />

vivências e sensibilida<strong>de</strong>s, constitui um sentimento <strong>de</strong> pertença nos porto-alegrenses em<br />

relação a essa empresa, tornando-a um patrimônio citadino.<br />

Palavras-Chave: Memória – <strong>História</strong> Oral – Carris Porto-Alegrense.<br />

Memória, Escola Noturna e Trabalho<br />

Roney Gusmão do Carmo<br />

Mestrando – UESB.<br />

guzmao@hotmail.com<br />

Ana Elisabeth Santos Alves<br />

Professora Doutora UESB (orientadora)<br />

ana_alves183@hotmail.com<br />

Observa-se uma próxima relação entre o Ensino Noturno e o mundo do trabalho. Pressupomos<br />

que tal proximida<strong>de</strong> se configura como alternativa única para que os membros da classe<br />

trabalhadora mantenham acesso ao espaço escolar. Diante disso, vislumbra-se uma busca<br />

frequente do trabalhador pela escola, movido pela tênue expectativa <strong>de</strong> que ela forneceria<br />

subsídios necessários capazes <strong>de</strong> munir o indivíduo na ascensão profissional, papel este não<br />

assumido pela educação escolar. A hipótese <strong>de</strong> trabalho que norteia esta pesquisa é que o<br />

trabalhador insiste na escola por que herda uma memória na qual situa esta instituição <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma pedagogia tecnicista. Para fundamentar esta análise, aprecia-se o que Michael<br />

Pollak (1992) chama <strong>de</strong> “memória por tabela”, ou seja, a memória, que através das relações<br />

sociais, é transferida, <strong>de</strong> modo que muitas gerações, embora não tenham vivenciado diversos<br />

dos fatos prece<strong>de</strong>ntes, herdam representações e conceitos formulados em outros contextos<br />

históricos.<br />

Palavras-chave: Memória, Escola, Trabalho.<br />

As relações <strong>de</strong> consumo no MoMA:<br />

o melhor <strong>de</strong> viajar é ter viajado<br />

Sanântana Paiva Vicencio<br />

Mestranda em Arte/UnB<br />

savicencio@hotmail.com<br />

236


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

O presente artigo preten<strong>de</strong> investigar dados acerca dos tipos <strong>de</strong> souvenirs vendidos na loja<br />

do Museum of Mo<strong>de</strong>rn Art (MoMa) em Nova York (E.U.A), assim como características dos<br />

consumidores que compram esses produtos. A pesquisa se realizou em caráter informal<br />

on<strong>de</strong> eu estava na condição <strong>de</strong> turista na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova York. Ou seja, este artigo aponta os<br />

resultados obtidos com as entrevistas e os discute relacionando-os com os seguintes temas:<br />

autenticida<strong>de</strong>, consumismo, turismo, liminarida<strong>de</strong> e arte. Para isso dialogo com os seguintes<br />

autores: Nelson Graburn, Marc Augé e Braudillard, entre outros. Os dados obtidos com a<br />

pesquisa são muito mais qualitativos do que quantitativos, pois se trata <strong>de</strong> um país on<strong>de</strong> o<br />

consumo é quase que um dogma imposto na e pela a socieda<strong>de</strong>, a rapi<strong>de</strong>z com que as compras<br />

acontecem não <strong>de</strong>ixava muito espaço para perguntas e respostas.<br />

Palavras-chave: Turismo – Arte – Consumo<br />

O jogo da diferença na obra o tetraneto <strong>de</strong>l-rei<br />

<strong>de</strong> Haroldo Maranhão<br />

Thais do Socorro Pereira Pompeu<br />

Mestranda em estudos literários - UFPA. Bolsista da Capes.<br />

thaispompeu@yahoo.com.br<br />

A comunicação objetiva fazer uma análise da obra O Tetraneto Del-Rei do autor paraense<br />

Haroldo Maranhão priorizando a diferença que a mesma estabelece em relação aos primórdios<br />

<strong>de</strong> nossa colonização. O romance inserido em um contexto pós década <strong>de</strong> 50, do século<br />

XX, se constrói a partir <strong>de</strong> um processo intertextual complexo, em que transitam outras<br />

escrituras literárias, sobretudo ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento das terras brasileiras. Assim<br />

a obra possui uma gran<strong>de</strong> importância no contexto <strong>de</strong> nossa literatura, já que reproduz um<br />

diálogo aberto com as transformações do romance mo<strong>de</strong>rno brasileiro além <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

o processo <strong>de</strong> amalgamento das culturas formadoras <strong>de</strong> nossa nação por suas motivações<br />

ventrais <strong>de</strong> baixo para cima. O romance inverte e difere pela ficção e pela paródia os sentidos<br />

<strong>de</strong> nossa colonização. A obra O Tetraneto Del-rei ainda possui poucos estudos ou raros no<br />

que tange esse recorte critico comparativo <strong>de</strong> nossa história oficial.<br />

Palavras-chave: Literatura comparada; Literatura da Amazônia; Diferença.<br />

237


V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

ST 25<br />

A cida<strong>de</strong> existe?<br />

André Assunção<br />

Mestrando/UFRJ<br />

andreassuncao10@hotmail.com<br />

Este artigo tem como objetivo central construir argumentos que nos distanciem <strong>de</strong> pensar<br />

a cida<strong>de</strong> como um objeto natural. Procuraremos discutir por quais vias a cida<strong>de</strong>, essa “objetivação”<br />

absolutamente datada, se torna algo cheio <strong>de</strong> sentido para seus habitantes. Na<br />

trajetória ainda será enfatizada a importância da abordagem a partir das práticas, que é por<br />

on<strong>de</strong> nascem as objetivações, para a reflexão das atribuições <strong>de</strong> valor ao espaço urbano.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong>; objeto natural; objetivação; prática.<br />

Ritmos plásticos: os bailados <strong>de</strong> Eros Volúsia e os<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Rugendas e Debret.<br />

Andréa Casa Nova Maia<br />

UFRJ<br />

andreacn.bh@terra.com.br<br />

Ana Paula Brito Santiago (co-autora)<br />

UFRJ<br />

anapbsantiago@gmail.com<br />

Interartes – paisagens urbanas, memória e etho<br />

Em artigo publicado no Suplemento em rotogravura do Jornal Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1939, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> faz uma crítica ao trabalho <strong>de</strong> Eros Volúsia, então consi<strong>de</strong>rada<br />

a criadora do “bailado nacional”. No texto, ele compara os movimentos coreográficos<br />

da bailarina com os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Rugendas e Debret. A partir <strong>de</strong>ste diálogo proposto por<br />

Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, vamos friccionar as obras, analisar os possíveis cruzamentos entre planos<br />

artísticos e temporais distintos. Através <strong>de</strong> algumas aquarelas <strong>de</strong> Debret e Rugendas e <strong>de</strong><br />

fotografias <strong>de</strong> Eros Volúsia no palco, mapearemos seus respectivos trajetos <strong>de</strong> apropriação<br />

das manifestações populares <strong>de</strong>ntro do território brasileiro; seus respectivos ethos artístico.<br />

Perceber como se constitui este “olhar <strong>de</strong> fora”, olhar estrangeiro, que ressignifica as culturas<br />

populares brasileiras em suas linguagens –performance do corpo em movimento e em linhas,<br />

traços e cores.<br />

Palavras-chave: Cultura brasileira; ethos artístico; dança; Eros Volúsia.<br />

A maçonaria: mitologias, tradições e simbolismo<br />

na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Anizio Antonio Pirozi<br />

Mestrando em Sociologia/UENF<br />

aapirozzi@bol.com.br<br />

A proposta <strong>de</strong>ste trabalho é analisar os discursos e os interesses <strong>de</strong> indivíduos que se filiam a<br />

uma socieda<strong>de</strong> iniciática: a Maçonaria. Para isso, é necessário conhecermos seus princípios,<br />

símbolos, conceitos e sua evolução da Maçonaria, segundo o seu próprio discurso, é uma organização<br />

formadora <strong>de</strong> indivíduos esclarecidos e dotados <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s. Percebe-se que, dado<br />

ao seu caráter secreto, a Maçonaria é vista pela maioria das pessoas <strong>de</strong> forma limitada, pois<br />

não po<strong>de</strong>ndo ou não sabendo interpretar os conceitos maçônicos, muitos estereotípicos e<br />

lendas ganham dimensões conspiratórias e pouco compreensivas a respeito <strong>de</strong>ste grupo.<br />

A partir <strong>de</strong> todas essas consi<strong>de</strong>rações norteia-se o presente estudo pelo seguinte problema:<br />

Por qual motivo os homens ainda hoje se filiam nesta sociabilida<strong>de</strong>? Este estudo visa compreen<strong>de</strong>r<br />

tradições e costumes culturais que conectam esta antiga organização com o presente,<br />

com a intenção <strong>de</strong> proporcionar uma chave para enten<strong>de</strong>rmos sua atuação na socieda<strong>de</strong><br />

contemporânea.<br />

Palavras chave: Maçonaria, Sociabilida<strong>de</strong>, Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Do camponês ao flâneur: uma breve<br />

análise histórico-literária <strong>de</strong> Guimarães<br />

Rosa e Walter Benjamin<br />

Denise Pirani<br />

Professor Adjunto/PUCMG<br />

dpirani@gmail.com<br />

Esse trabalho tem como objetivo fazer uma análise das paisagens e seus personagens sócioculturais<br />

nas obras literárias <strong>de</strong> Guimarães Rosa e Walter Benjamim. Apesar <strong>de</strong> ambos os<br />

autores apresentarem particularida<strong>de</strong>s muito distintas - o campo e a metrópole, o arcaico e o<br />

mo<strong>de</strong>rno, o rústico e o civilizado – eles possuem uma característica comum a ser explorada: o<br />

viajante. Cada autor possui contextos históricos e personagens sociais bem específicos, mas<br />

ambos exploram um aspecto essencialmente humano: o nomandismo. De forma que, nesse<br />

trabalho serão privilegiadas duas obras principais: Sagarana, <strong>de</strong> Guimarães Rosa e Paris:<br />

capital do século XIX, <strong>de</strong> Walter Benjamin<br />

Traços mo<strong>de</strong>rnos da cida<strong>de</strong>: um estudo sobre<br />

as representações da paisagem urbana <strong>de</strong> Florianópolis<br />

através <strong>de</strong> imagens artísticas.<br />

Elizabeth Ghedin Kammers<br />

Mestranda em <strong>História</strong> /UFSC<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

bettykammers@hotmail.com<br />

Esse projeto preten<strong>de</strong> orientar uma pesquisa focada em representações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis,<br />

sendo essas, imagens artísticas produzidas principalmente entre as décadas <strong>de</strong><br />

1950 e 1980. Dentro <strong>de</strong>sse recorte temporal temos um período <strong>de</strong> intensas mudanças no visual<br />

da cida<strong>de</strong> e, nesse sentido, visamos promover uma reflexão acerca da construção <strong>de</strong> sua<br />

paisagem urbana. Baseando essas análises estão imagens representativas <strong>de</strong>sses momentos<br />

<strong>de</strong> transformações, contribuições pictóricas <strong>de</strong> artistas locais como Martinho <strong>de</strong> Haro e Hassis,<br />

personagens que dotaram <strong>de</strong> significado aquilo que lhes servia <strong>de</strong> inspiração, contribuindo<br />

para a revelação e fixação <strong>de</strong> outra imagem da cida<strong>de</strong>. Por fim, estaremos enriquecendo<br />

e valorizando o universo das artes pictóricas regionais e <strong>de</strong>senvolvendo outras formas <strong>de</strong><br />

pensar as artes e a cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong>, paisagem, artes visuais<br />

O espaço como autoria: a mo<strong>de</strong>rna cida<strong>de</strong> do<br />

natal na escrita da história cascudiana<br />

Francisco Firmino Sales Neto<br />

Doutorando -PPGHIS/UFRJ<br />

nassausiegen@yahoo.com.br<br />

Entre 1946 e 1950, a cida<strong>de</strong> do Natal passou por um importante processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização,<br />

sob os auspícios do prefeito Sylvio Pedroza. Inspirado na mo<strong>de</strong>rnização ocorrida nos anos <strong>de</strong><br />

1920, a municipalida<strong>de</strong> natalense se propôs a empreen<strong>de</strong>r um salto em direção ao progresso<br />

material da cida<strong>de</strong>. Não <strong>de</strong>scuidando dos aspectos simbólicos <strong>de</strong>sta reforma, o prefeito nomeou<br />

o escritor Câmara Cascudo como historiador oficial da cida<strong>de</strong> do Natal e fez <strong>de</strong>le o<br />

responsável por fornecer as linhas <strong>de</strong> entendimento a partir das quais a população local vivenciaria<br />

as alterações urbanas. Por meio <strong>de</strong> crônicas em jornais e <strong>de</strong> livros, Cascudo fez uso<br />

da escrita da história para mostrar como o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização era necessário à cida<strong>de</strong><br />

e, <strong>de</strong>sse modo, sensibilizou a população a recebê-la – e aproveitá-la – <strong>de</strong> bom grado. Diante<br />

disso, este trabalho se propõe a examinar o processo da mo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong> do Natal na<br />

década <strong>de</strong> 1940 sob o viés da sensibilida<strong>de</strong>, analisando as paisagens construídas pelo texto<br />

cascudiano e recebidas pelos natalenses.<br />

Palavras-chave: cida<strong>de</strong> do Natal, Câmara Cascudo e escrita da história.<br />

Intervenções urbanas – o organismo “RHR”<br />

e Laura Lima: a artista como propositora<br />

Gianne Chagastelles<br />

Professora - UNESA/RJ.<br />

giannem@unisys.com.br<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

O artigo trata da instância “RhR” Representativo-hífen-Representativo criada pela artista<br />

brasileira contemporânea Laura Lima, nos anos 90. A artista prefere <strong>de</strong>nominar instâncias,<br />

em vez <strong>de</strong> séries, a divisão <strong>de</strong> seus trabalhos, pois, segundo Laura, série lembra sequenciamento,<br />

algo feito em gran<strong>de</strong> escala e segundo um mesmo padrão, lembrando algo industrializado,<br />

enquanto instância remete a instâncias <strong>de</strong> pensamento, ao conjunto <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> um<br />

processo. Cada instância é constituída por um conjunto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que possuem semelhanças<br />

entre as imagens. Na instância RhR, Laura trabalha com a produção <strong>de</strong> um corpo coletivo,<br />

que se reinventa continuamente na paisagem urbana. Portanto, pretendo discutir o ambiente<br />

da arte e <strong>de</strong> existência do homem em seu cotidiano e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização das<br />

inumeráveis produções imagéticas resultantes <strong>de</strong>sse vivido como fontes para a escrita da<br />

<strong>História</strong> social da cultura contemporânea. Busco ainda refletir sobre a problemática da visualida<strong>de</strong>.<br />

Analisarei as formas <strong>de</strong> controle do espaço e do corpo do sujeito na nova urbe, bem<br />

como as estratégias <strong>de</strong> resistência através da busca do anonimato e das formas singulares <strong>de</strong><br />

apropriação do espaço.<br />

Sociologia Pe<strong>de</strong>stre: uma leitura <strong>de</strong> João<br />

do Rio com filtro simmeliano<br />

Goshai Daian Loureiro<br />

Mestrando em <strong>História</strong> Social /PUCRJ.<br />

goshaidaian@gmail.com<br />

Faz sentido, afinal, comparar João do Rio e Georg Simmel? É possível, ou antes, <strong>de</strong>sejável<br />

interpretar filosoficamente/sociologicamente um texto <strong>de</strong> ficção? A questão só se coloca se<br />

tomamos filosofia, sociologia, história e literatura como campos distintos e institucionalizados,<br />

algo que apenas começava a se <strong>de</strong>linear no Brasil no início do século XX. Cumpre,<br />

portanto, pensar estes saberes enquanto práticas significantes, que compartilham um mesmo<br />

horizonte epistemológico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança sobre o senso comum. Sob essa perspectiva é<br />

possível a escrita <strong>de</strong> Paulo Barreto capta um conjunto <strong>de</strong> relações presentes na rua e mostra<br />

como elas se autonomizam em relação ao ser humano, passando a incidir sobre ele, qualificando<br />

os tipos que ali transitam e diferenciando os espaços no interior da cida<strong>de</strong>. Neste<br />

sentido, há nas crônicas <strong>de</strong> João do Rio uma intuição sociológica, paralela à que vinha sendo<br />

simultaneamente inaugurada por Georg Simmel no âmbito da sociologia, no sentido <strong>de</strong> interpelar<br />

as conseqüências da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no espaço social urbano, em especial o da gran<strong>de</strong><br />

metrópole.<br />

Palavras-Chave: João do Rio, Crônica, Sociologia<br />

Ver, sentir, e viver a urbe: memórias,<br />

práticas culturais e sensibilida<strong>de</strong>s<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Garanhuns – Pe<br />

José Eu<strong>de</strong>s Alves Belo<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

UFPE<br />

eu<strong>de</strong>s_contador<strong>de</strong>historias@hotmail.com<br />

Pensar a cida<strong>de</strong> a partir da produção <strong>de</strong> suas sensibilida<strong>de</strong>s e múltiplas linguagens e travessias.<br />

Eis a proposta <strong>de</strong>ste trabalho que busca compreen<strong>de</strong>r as múltiplas relações que configuram<br />

as paisagens, sociais, visuais e culturais da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Garanhuns – PE. O trabalho<br />

utiliza como fontes, jornais que circularam na cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> antigos moradores,<br />

e fotografias da época. O cruzamento <strong>de</strong>stas fontes (re)velam a paisagem em travessia <strong>de</strong><br />

uma cida<strong>de</strong> em suas múltiplas formas <strong>de</strong> (com)vivências, modos <strong>de</strong> ver, ler, sentir a cida<strong>de</strong>.<br />

A paisagem da urbe se <strong>de</strong>lineia a partir representações <strong>de</strong> seus discursos, produzidas por<br />

práticas híbridas que ajudam a ler a paisagem urbana sob um ângulo sensível <strong>de</strong> personagens<br />

e vestígios que mostram sua sedução, seus encantos, suas inquietu<strong>de</strong>s, suas provocações. A<br />

urbe surge em suas representações enquanto “Suíça Pernambucana”, “cida<strong>de</strong> do clima maravilhoso”,<br />

“cida<strong>de</strong> da educação”, compreen<strong>de</strong>r a constituição <strong>de</strong>stes discursos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> vigiada,<br />

bem como tentar vê-los a partir <strong>de</strong> sua violação, orienta as análises <strong>de</strong>ste trabalho que<br />

ora <strong>de</strong>senvolvo. Guiado pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Certeau <strong>de</strong> espaço como lugar praticado, tento compreen<strong>de</strong>r<br />

práticas a partir <strong>de</strong> coisas miúdas, on<strong>de</strong> a paisagem vai sendo (re)velada aos nossos<br />

sentidos por nossas sensibilida<strong>de</strong>s.<br />

A biblioteca pública: espaço <strong>de</strong><br />

leitura e <strong>de</strong> leitores<br />

Keila Matida <strong>de</strong> Melo Costa,<br />

Doutoranda e Professora - FE/UFG,<br />

k_mcosta@hotmail.com<br />

Este estudo tem como objetivo expor e discutir um projeto que visa analisar não apenas as<br />

políticas públicas <strong>de</strong>stinadas à constituição dos espaços formais <strong>de</strong> leitura, como as bibliotecas<br />

públicas, mas também apontar por meio da história <strong>de</strong> uma biblioteca municipal<br />

- Biblioteca Municipal Zeca Batista - a vinculação da constituição <strong>de</strong>sse espaço com o <strong>de</strong>senvolvido<br />

do município <strong>de</strong> Anápolis – Goiás. O tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>sta pesquisa é <strong>de</strong> 1950,<br />

época <strong>de</strong> comemoração do Cinquentenário <strong>de</strong> Anápolis, até 2007, ano <strong>de</strong> comemoração do<br />

Centenário <strong>de</strong>sse município. Aspectos simbólicos do passado são, para isso, constituídos e<br />

reconstituídos tendo em vista uma projeção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> “mo<strong>de</strong>rna” e “civilizada”. Sustentada<br />

teoricamente pela <strong>História</strong> Cultural, tal proposta abrange, enquanto procedimento<br />

metodológico, o estudo bibliográfico, a análise <strong>de</strong> fontes históricas, como documentos oficiais<br />

(leis, portarias, resoluções, <strong>de</strong>cretos, manuais <strong>de</strong> funcionamento etc.) e a história oral.<br />

A relação da cida<strong>de</strong> com a Feira Livre Central;<br />

práticas em Campo Gran<strong>de</strong>, MS<br />

Lenita Maria Rodrigues Calado<br />

UFGD<br />

lenitamaria@bol.com.br<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Esse texto faz parte das reflexões feitas no <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Campo Gran<strong>de</strong>, MS e sua Feira Livre Central. Como analisou Michel <strong>de</strong> Certeau, a cida<strong>de</strong> é<br />

um lugar <strong>de</strong> práticas que <strong>de</strong>lineiam espaços, ou seja, espaços construídos pelas vivências. As<br />

entrevistas realizadas colocaram as memórias e as práticas à vista, assim como também, um<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> existente no imaginário dos habitantes. Uma cida<strong>de</strong> que se inventa com valores<br />

tradicionais e se propõe “mo<strong>de</strong>rna”, tendo a Feira como evento representativo <strong>de</strong> muitas<br />

transformações ocorridas no período <strong>de</strong> 1974 a 2004, culminando com a fixação da Feira num<br />

espaço construído para seu funcionamento, retirando-a das ruas centrais da cida<strong>de</strong>.<br />

A Criação <strong>de</strong> Paisagens Turísticas no<br />

Extremo Oeste do Paraná<br />

Mauro Cezar Vaz <strong>de</strong> Camargo Junior<br />

Mestrando /UDESC<br />

vaz_camargo@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem como objetivo <strong>de</strong>bater as relações construídas pelo turismo nas cida<strong>de</strong>s<br />

existentes nas margens do Lago da represa <strong>de</strong> Itaipu, este ultimo um dos principais motivos<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tal ativida<strong>de</strong>, em 1983 quando foi fechada a barragem da<br />

hidroelétrica binacional, a região foi alagada, tendo uma gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> terra agricultável<br />

submersa, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então o turismo se apresenta como uma forma alternativa <strong>de</strong> renda para<br />

os municípios da região. O turismo que é uma ativida<strong>de</strong> socioeconômica que tem na vendagem<br />

<strong>de</strong> paisagens seu principal mote, necessita da construção e divulgação <strong>de</strong> “pontos turísticos”<br />

empreendimento que modificam física e discursivamente estas cida<strong>de</strong>s, aqui pretendo<br />

analisar alguns <strong>de</strong>stes impactos, como na organização urbana e no discurso presente no<br />

material <strong>de</strong> divulgação<br />

A memória dos lugares praticados e<br />

seus subterrâneos: Palmas – TO.<br />

Patrícia Orfila Barros dos Reis<br />

UFRJ /UFTO<br />

patriciaorfila@yahoo.com.br<br />

O presente trabalho tem a cida<strong>de</strong> como objeto <strong>de</strong> estudo da história, com interdisciplinarida<strong>de</strong><br />

nas áreas da arquitetura e do urbanismo. Palmas é a cida<strong>de</strong> tomada como objeto<br />

<strong>de</strong> reflexão, a mais nova “capital planejada” brasileira, tendo sido inaugurada em 1990 para<br />

ser capital do recém criado Estado do Tocantins. Este artigo abordará o cotidiano do sujeito,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma análise contemporânea <strong>de</strong> Palmas; bem como a apropriação do espaço<br />

e a experimentação da cida<strong>de</strong> nova. Tratará das apropriações e ressignificações plurais dos<br />

símbolos e emblemas arquiteturais pelo caminhante, sujeito, pessoa comum <strong>de</strong> Palmas, a<br />

partir <strong>de</strong> um apanhado metodológico baseado na história oral, movimentando este espaço<br />

<strong>de</strong> vivências com os diálogos <strong>de</strong>sses personagens.<br />

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V Simpósio Nacional <strong>de</strong> <strong>História</strong> Cultural ANPUH - Brasília 50 anos: Ler e Ver - Paisagens Subjetivas, Paisagens Sociais<br />

Palavras-chave: Memória, Palmas, Arquitetura.<br />

Certa mítica do Corcovado: o assassino Febrônio<br />

Índio do Brasil e o Cristo Re<strong>de</strong>ntor (1926-7)<br />

Pedro Felipe Marques Gomes Ferrari<br />

Bolsista do CNPq e Doutorando/ PPGHIS-UnB<br />

ferrari.pedro@gmail.com<br />

Febrônio Índio do Brasil, ao ser acusado por vários homícidos em 1927, justificara-se alegando<br />

sacrificar crianças em nome do Deus-Vivo que diz testificar em seu livro As Revelações do<br />

Príncipe do Fogo, publicado no ano anterior. Nele, reapropria e ressignifica a cida<strong>de</strong> do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro tornando-a mítica. Em fevereiro, sendo surpreendido nu e portando uma espada<br />

pela polícia nas matas do Corcovado, diz estar esperando Lúcifer para um duelo. O morro<br />

torna-se, segundo sua representação, um espaço místico. A presente pesquisa envereda no<br />

sentido <strong>de</strong> contrapor seu livro a outras fontes que, àquela época <strong>de</strong> primórdios da construção<br />

do Cristo Re<strong>de</strong>ntor, comparavam tal formação rochosa a montes bíblicos. Perceber, enfim,<br />

a ressignificação que Febrônio arquiteta das subjetivida<strong>de</strong>s do espaço urbano e sua monumentalida<strong>de</strong>.<br />

Tomando-o enquanto indício <strong>de</strong> uma pluralida<strong>de</strong> generativa, notar filiações e<br />

sentidos para além <strong>de</strong> suas próprias linhas.<br />

Presentes em andamento: A edificação da<br />

Estação Central do Brasil em Belo Horizonte e sua<br />

relação com a história, patrimônio e memória<br />

Rita Lages Rodrigues<br />

UFMG/FUMEC<br />

ritalagesrodrigues@gmail.com<br />

Os diversos sentidos atribuídos pelos indivíduos às paisagens urbanas e às edificações pertencem<br />

ao presente, mas relacionam-se ao passado, a memórias compartilhadas pelos seres<br />

humanos. Existem sentidos atribuídos no momento em que foram construídos e sentidos<br />

atribuídos pelos diversos presentes que existiram ao longo da existência <strong>de</strong>stas construções. O<br />

objeto <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>sta comunicação será a presença <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> autoria do arquiteto italiano<br />

Luiz Olivieri na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, a edificação Estação Central do Brasil, situada<br />

no centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte. Esta obra reflete um ethos do momento em que foi<br />

concebida, mas também reflete o tempo transcorrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento inicial <strong>de</strong> sua criação.<br />

Ao se analisar historicamente um <strong>de</strong>terminado bem, <strong>de</strong>ve-se fazê-lo sob a luz dos diversos<br />

momentos históricos, presentes em andamento, como diria o historiador Bernard Lepetit. Os<br />

sentidos atribuídos a esta edificação foram modificados e hoje ela transformou-se em museu,<br />

utilizada para abrigar coleção <strong>de</strong> objetos relacionados a artes e ofícios do passado. O prédio<br />

que abriga o Museu <strong>de</strong> Artes e Ofícios possui múltiplos significados, relativos ao presente e<br />

aos passados da cida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>veriam ser levados em consi<strong>de</strong>ração ao se transformar a edifi-<br />

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cação em monumento. No entanto, a monumentalização da obra não significou a guarda da<br />

memória <strong>de</strong> diversos tempos e, sim, o esvaziamento <strong>de</strong>stes inúmeros significados.<br />

Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>salinho: Raul Pe<strong>de</strong>rneiras e<br />

as representações caricaturais da vida urbana<br />

carioca na Revista da Semana<br />

Rogério Souza Silva<br />

Professor licenciado /UNEB – Doutorando /PUCSP<br />

rogerhist@uol.com.br<br />

Esta comunicação preten<strong>de</strong> discutir a produção caricatural <strong>de</strong> Raul Pe<strong>de</strong>rneiras na Revista<br />

da Semana, on<strong>de</strong> atuou em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua vida profissional. O artista teve como uma<br />

<strong>de</strong> suas preocupações os impactos do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização que era adotado pelas elites<br />

brasileiras e que tinha o espaço urbano do Rio <strong>de</strong> Janeiro como um <strong>de</strong> seus cenários principais.<br />

Em suas criações ele observava as contradições entre uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada e a<br />

sua aplicação diante da realida<strong>de</strong> do país. Raul tem como uma <strong>de</strong> suas características a utilização<br />

<strong>de</strong> uma linguagem on<strong>de</strong> os trocadilhos são empregados nas legendas e nos <strong>de</strong>senhos.<br />

Além <strong>de</strong> caricaturas, o autor produziu poemas, um dicionário <strong>de</strong> giras e conferências sobre<br />

humor on<strong>de</strong> a sincronia entre as imagens e as palavras estava presentes.<br />

Palavras-Chave: caricatura, mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, urbano.<br />

Trilhas e atalhos da coluna prestes no<br />

semiárido do nor<strong>de</strong>ste brasileiro<br />

Rubia Micheline Moreira Cavalcanti<br />

Professora Adjunta - URCA.<br />

rubiamicheline@hotmail.com<br />

Partindo <strong>de</strong> um paradigma epistemológico que dialoga com a <strong>História</strong> Ambiental, vertente<br />

historiográfica que busca interrelacionar os homens, as naturezas e as socieda<strong>de</strong>s, buscamos<br />

compreen<strong>de</strong>r as experiências construídas pelos integrantes da Coluna Prestes ao percorrer<br />

vinte e quatro mil quilômetros Brasil a<strong>de</strong>ntro. Intentamos, assim, investigar a natureza das<br />

representações dos homens e do mundo natural construídas ao longo da jornada da Coluna<br />

Prestes pelos biomas e biotas do semiárido do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro, e registradas nos relatos<br />

<strong>de</strong> viagem que relacionavam paisagem, cultura e memória. Espera-se, portanto, articular<br />

e compreen<strong>de</strong>r a pluralida<strong>de</strong> e ambigüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representações que tiveram os integrantes<br />

da Coluna Prestes, que lhes permitiram construir um imaginário sobre as características<br />

naturais <strong>de</strong>ssa região face às dificulda<strong>de</strong>s encontradas pelos mesmos quando da sua permanência<br />

no Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Palavras-chaves: <strong>História</strong> Ambiental; Coluna Prestes; Biomas <strong>de</strong> Semiárido<br />

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Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina: o olhar dos navegantes<br />

estrangeiros no século XVIII.<br />

Sergio Luiz Ferreira<br />

Doutor em <strong>História</strong> Cultural/UFSC<br />

Professor /Centro Universitário Municipal <strong>de</strong> São José.<br />

sergioluiz.ferreira@gmail.com<br />

Existem poucos relatos sobre o século XVIII na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina. Há alguns relatórios<br />

oficiais dos governadores da capitania e os relatos dos navegantes estrangeiros. Como os<br />

relatórios oficiais não costumam se ocupar da vida cotidiana dos habitantes, o que chegou<br />

até nós sobre esta dimensão da vida dos moradores da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina foram as impressões<br />

dos viajantes estrangeiros que, <strong>de</strong> modo geral, estavam interessados em impressionar<br />

seus leitores europeus. O que percebemos é que eles liam os relatos <strong>de</strong> seus antecessores,<br />

<strong>de</strong> modo que costumavam sempre repetir o que os viajantes anteriores tinham escrito, sobretudo<br />

sobre o passado da ilha do qual nenhum <strong>de</strong>les fora testemunha. A imagem <strong>de</strong> paraíso<br />

perdido também é recorrente na <strong>de</strong>scrição da ilha feita pela maioria dos viajantes. Costumam<br />

caracterizar os habitantes como sem ambição e <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> ganância. A <strong>de</strong>sinibição<br />

das mulheres também é tema recorrente entre os viajantes. Elas não só participavam dos<br />

banquetes oferecidos aos estrangeiros como tomavam parte nas danças. De qualquer modo,<br />

muitos dos preconceitos explicitados pelos navegantes estrangeiros sobre a Ilha <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina permaneceram na historiografia e continuam a ser repetidos pelos <strong>de</strong>savisados.<br />

Esta comunicação preten<strong>de</strong> discutir a função da publicação <strong>de</strong>stes relatos na Europa e o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> seus escritores <strong>de</strong> “ven<strong>de</strong>rem” uma imagem estabelecida.<br />

Brasília 50 anos: (re) sentir a fundação<br />

Silvana Seabra<br />

Professora/ PUCMG<br />

sil.s.hooper@hotmail.com<br />

As comemorações são momentos privilegiados para o repensar das fundações. Este trabalho<br />

preten<strong>de</strong> ir além das discussões sobre os i<strong>de</strong>ários mo<strong>de</strong>rnistas que ensejaram a construção<br />

<strong>de</strong> Brasília e pensar a questão das sensibilida<strong>de</strong>s alocadas nas cida<strong>de</strong>s. No caso <strong>de</strong> Brasília, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimentismo se aloca numa formação sensível que po<strong>de</strong>mos qualificar como <strong>de</strong> eufórica<br />

e com uma temporalida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o passado é anulado e o passado só existe como superação.<br />

Contudo, toda essa formação sensível é (re)sentida em função <strong>de</strong> sua origem pulsional<br />

que se liga às questões da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />

<strong>História</strong> e Imagens: Pedagogia social<br />

e moralizante em Hieronymus Bosch<br />

Tiago Varges da Silva<br />

UFG<br />

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tiagovarges@gmail.com<br />

O presente trabalho se propõe a discutir aspectos inerentes ao imaginário social cristão no<br />

que se refere às imagens pintadas por Hieronymus Bosch (1450-1516). Neste tempo transitório<br />

entre o medievo e a renascença teve início uma intensa preocupação com o pecado e<br />

suas consequências após a morte. Esse temor foi representado através <strong>de</strong> imagens, que registraram<br />

o imaginário social acerca dos medos do Inferno e do encantamento com o Paraíso.<br />

A obra bosquiana é aqui compreendida como elemento pedagógico e moralizante que exorta<br />

uma socieda<strong>de</strong> pecadora a viver uma vida <strong>de</strong> penitência e fuga constante <strong>de</strong> um mundo<br />

ameaçador dominado pelos sete pecados.<br />

Palavras chave: Hieronymus Bosch, Imagem e Pedagogia Moralizante.<br />

As contradições da paisagem amazônica<br />

e sua representação na literatura<br />

Viviane Dantas Moraes<br />

Mestranda – UFPA /bolsista CAPES - CNPQ.<br />

viviane.danttas@gmail.com<br />

As diferentes nuances que a paisagem da Amazônia apresentam chegam a ser contraditórias<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do ponto <strong>de</strong> vista. As visões do estrangeiro e do caboclo nativo da região em<br />

relação a sua exuberância são controvertidas. A construção e <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>ssa paisagem<br />

se fazem <strong>de</strong> acordo com as expectativas e o olhar <strong>de</strong> cada um mediante seus valores e preconceitos,<br />

a partir da estrutura simbólica que a paisagem lhes oferece. Na literatura, sobretudo<br />

na paraense, a representação da paisagem amazônica e sua relação com o homem é uma<br />

constante. Na maioria das vezes, a paisagem não é tratada apenas como cenário na narrativa,<br />

pois sua significação e influência no <strong>de</strong>correr da história fazem com que se torne, muitas<br />

vezes, o elemento condutor das ações dos personagens. Quando isso acontece, a relação<br />

dos personagens com a paisagem gira em torno <strong>de</strong> uma expectativa que, <strong>de</strong> acordo com o<br />

sociólogo francês Pierre Bourdieu, se baseia na relação <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong>sconstrução dos<br />

elementos a partir do campo simbólico que a paisagem oferece. As estruturas simbólicas são<br />

essenciais na leitura <strong>de</strong> mundo e cada agente, ou seja, cada personagem, no caso da literatura,<br />

dá sentido a esses símbolos a partir da referência que cada um tem. Com base na teoria do<br />

“Campo Simbólico” <strong>de</strong> Bourdieu, este trabalho irá abordar como se constroem as diferentes<br />

paisagens, na obra literária, pelo narrador e pelos personagens, que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>alização<br />

(construção) ao pesa<strong>de</strong>lo (<strong>de</strong>sconstrução) em que esta paisagem se transforma. A partir<br />

das obras dos autores paraenses Dalcídio Jurandir, Osvaldo Orico e Inglês <strong>de</strong> Souza veremos<br />

<strong>de</strong> que forma esses olhares sobre a paisagem se encontram e se <strong>de</strong>sencontram.<br />

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