11.04.2013 Views

do porto do funchal - APAT

do porto do funchal - APAT

do porto do funchal - APAT

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

¬ Paulo Paiva<br />

22<br />

coluna<br />

<strong>APAT</strong> Nº 59 | SET·OUT 2009 | www.apat.pt<br />

|Concorrência<br />

desleal<br />

vice-presidente da <strong>APAT</strong><br />

Como com quase tu<strong>do</strong> o que é nefasto, o impacto da<br />

concorrência desleal sente-se com um acréscimo de intensidade<br />

quan<strong>do</strong> atravessamos tempos de crise. Aquilo que já é bastante<br />

prejudicial numa conjuntura favorável, torna-se num verdadeiro<br />

furacão capaz de fechar empresas quan<strong>do</strong> a conjuntura nos<br />

provoca o mesmo arrepio na espinha causa<strong>do</strong> pela descida<br />

abrupta numa montanha-russa.<br />

Na nossa actividade, como em muitas outras que estejam<br />

regulamentadas, é sobejamente conheci<strong>do</strong> que o incumprimento<br />

da regulamentação, funcionan<strong>do</strong> como Transitário não licencia<strong>do</strong>,<br />

portanto sem Alvará, é pura concorrência desleal (também se<br />

poderia chamar roubo descara<strong>do</strong>). Como é conheci<strong>do</strong>, o merca<strong>do</strong><br />

está peja<strong>do</strong> de pseu<strong>do</strong>-empresas auto-intituladas “consultores<br />

de transportes”, ou usan<strong>do</strong> qualquer outra designação como<br />

subterfúgio, para aparecerem no merca<strong>do</strong> como Transitários mas<br />

sem, de facto, legalmente o serem.<br />

Não vou estender a explicação de como é fácil trabalhar<br />

ilegalmente pois não preten<strong>do</strong> que mais obtusos tenham acesso<br />

ao algoritmo, mas não resisto a alertar que essas empresas<br />

para as quais clientes e sobretu<strong>do</strong> alguns fornece<strong>do</strong>res abrem<br />

as portas, trabalham bastante bem, pois geralmente dispõem<br />

de conhecimentos técnicos e operacionais que lhes permitem<br />

estar na vanguarda das operações de transporte, até ao dia<br />

em que tenham de assumir responsabilidades para com terceiros<br />

por desaparecimento de carga ou por erros na emissão de<br />

<strong>do</strong>cumentos, ou por incumprimento <strong>do</strong>s deveres financeiros,<br />

isto só para dar alguns exemplos <strong>do</strong> que tem ocorri<strong>do</strong> no<br />

merca<strong>do</strong> nos últimos anos.<br />

Para os desaparecimentos de carga, nada a apontar, pois<br />

um seguro de merca<strong>do</strong>rias, em principio, resolve o problema,<br />

isto se o cliente o aceitar contratar pois, apesar de mais <strong>do</strong><br />

que aconselhável, não é obrigatório, ainda assim pergunte-se<br />

ao ilegal se este lhe oferece essa possibilidade, qual a cobertura<br />

<strong>do</strong> mesmo e a que custo. Já nos outros <strong>do</strong>is exemplos não<br />

será assim tão fácil.<br />

Os erros na emissão de <strong>do</strong>cumentos teoricamente<br />

estarão cobertos pelo seguro de responsabilidade<br />

civil que, inocentemente, o nosso “consultor de<br />

transportes, lda” não possui porque não é obrigatório<br />

para as empresas deste tipo (empresas <strong>do</strong> tipo<br />

chico-esperto). Pausa... Então se a referida empresa,<br />

o ilegal, se enganar a emitir os <strong>do</strong>cumentos e enviar<br />

um contentor para Los Angeles quan<strong>do</strong> o mesmo<br />

deveria seguir para Shangai porque se enganou a<br />

emitir o <strong>do</strong>cumento de transporte, e não ten<strong>do</strong><br />

seguro de responsabilidade civil, será ela a assumir<br />

e a tomar a seu cargo as despesas originadas por<br />

esse erro, certo?... isto seria muito mais fácil se<br />

tivesse imagens, mas imagine que me está a ver<br />

de frente, com a mão levantada à altura das têmporas<br />

com o de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r estica<strong>do</strong> a bater repetidamente<br />

na testa. Aí tem a sua resposta. É que estas<br />

organizações que não são Transitarios com alvará,<br />

regra geral não possuem também qualquer base<br />

de sustentação a nível financeiro pelo que um<br />

erro desse tipo, a custar vários milhares de euros,<br />

nunca estará coberto e muito menos poderá ser<br />

absorvi<strong>do</strong> pela débil estrutura financeira da chicoesperto-que-afinal-já-não-é-tão-esperto,<br />

lda... a<br />

ilegal, bem entendi<strong>do</strong>.<br />

Por último, dizia eu, que a ilegal regra geral não<br />

tem, ou tem fraca, sustentabilidade financeira, logo<br />

será uma questão de tempo até entrar em<br />

incumprimento <strong>do</strong>s deveres financeiros com os seus<br />

fornece<strong>do</strong>res pois a estratégia para conseguir angariar<br />

clientes e carga passa sempre por preços baixos<br />

com margens reduzidas ou com margem nula e<br />

oferta aos potenciais clientes de prazos de pagamento<br />

dilata<strong>do</strong>s, geralmente a ultrapassar os prazos que<br />

obtêm <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res. Esta estratégia de charneira<br />

só está à altura de alguns predestina<strong>do</strong>s com<br />

superiores capacidades de gestão, pois que eles<br />

sim, têm formação e experiência para gerir empresas<br />

como um to<strong>do</strong>, e não como um mero departamento<br />

operacional ou comercial para quem a empresa dar<br />

lucro ou não é um aspecto secundário.<br />

Quero ressalvar que não incluo na categoria de<br />

ilegal, os candidatos a transitários que manifestam<br />

desde o seu inicio de actividade a vontade de<br />

obterem alvará, tu<strong>do</strong> fazen<strong>do</strong> para conseguirem<br />

cumprir a legislação em vigor e que optam por<br />

preencherem to<strong>do</strong>s os requisitos exigíveis para tal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!