“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
econômico <strong>do</strong> Principa<strong>do</strong> 6<br />
, cuja manutenção dependia antes de mais da continuidade<br />
de seu regime original, sen<strong>do</strong> este, afinal de contas, o mais apropria<strong>do</strong> a reger a<br />
realidade social da região.<br />
Esta reação, ainda que marcadamente moderada, encarta uma ocasião<br />
decisiva na afirmação identitária, pois corresponde, a partir de metade <strong>do</strong> século XIX,<br />
ao auge <strong>do</strong> movimento então denomina<strong>do</strong> La Renaixença Català. Embora este seja<br />
mais popular por suas inovações em termos literários, também foi pródigo no âmbito<br />
das ciências jurídicas, produzin<strong>do</strong> relevante inspiração sobre a compreensão das<br />
fontes de direito autóctones, principalmente sobre o direito histórico, levan<strong>do</strong> um ramo<br />
dessa área de estu<strong>do</strong> – a chamada história das instituições, ainda sob claro monopólio<br />
de juristas em toda a Espanha<br />
7<br />
6 A afronta mais nítida ao direito autóctone vinha pela abolição <strong>do</strong> instituto jurídico da enfiteuse, então<br />
em voga nas relações pactuais catalãs, na substituição da llegítima curta pela llegítima llarga, cujas<br />
consequências seriam a fragmentação da tradicional propriedade da terra e a dissolução das bases<br />
agrícolas familiares consideradas vitais ao desenvolvimento econômico <strong>do</strong> território, e por fim, na<br />
abolição da rebassa morta, que alterava os termos de vigência e de duração de contratos no setor<br />
agrário. Cf. BARCELLS, Albert. La cuestión agrária em Catalunya de 1860 a 1936: el problema<br />
rabassaire. Barcelona: Universitat de Barcelona, 1967, pp.18-22.<br />
– a uma extraordinária expansão de seus objetos de<br />
análise. Foram assim nomes como os de Manuel Duran i Bas, um <strong>do</strong>s próceres da<br />
Escola Jurídica Catalana, Manuel Milà i Fontanals, filólogo e destaca<strong>do</strong> romanista, e<br />
Ramon Martí d’Eixalà e <strong>do</strong> próprio Reynals i Rabassa, que integraram os altos meios<br />
acadêmicos jurídicos da Universidade de Barcelona e que se empenharam<br />
afirmativamente na <strong>institucionalização</strong> de um patrimônio jurisprudencial autônomo.<br />
Este empenho terá por certo seus reflexos diretos no assentamento de um território<br />
assim construí<strong>do</strong>, tanto pela ficção legalista como pela projeção na tradição<br />
institucional fornecida pelo conhecimento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> histórico. Portanto, o direito<br />
histórico catalão é, neste caso, um <strong>do</strong>s componentes de maior ressonância no espaço<br />
das agitações que deram forma à reivindicação de autonomia, ainda embrionária no<br />
século XIX, sen<strong>do</strong> dessa maneira também um objeto de contenda política para os<br />
foros da academia em seu ambiente específico.<br />
7 “Es posible que la hegemonía del historia<strong>do</strong>r del Derecho en el campo de las instituciones haya<br />
caduca<strong>do</strong>, y que retorne al historia<strong>do</strong>r general. Sin embargo, debe tenerse presente que buen número<br />
de instituciones son de carácter jurídico, y que, respecto a las demás, el Derecho proporciona un rigor<br />
útil al pensamiento, especialmente por su aspiracion al sistema.” LALINDE ABADÍA, Jesús. “Las<br />
instituciones catalanas en el siglo XIV (panorama historiográfico)” in: Anuario de Estudios Medievales,<br />
vol. 7, Madrid, 1970-71, pp. 623-32.<br />
10