“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
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postos tradicionais de identificação, trazen<strong>do</strong> à lume uma relativização<br />
desmistifica<strong>do</strong>ra da extensão de personagens heróicos ou de processos<br />
historicamente opressivos e mesmo também das vantagens tantas vezes defendidas<br />
pelo refinamento de suas instituições culturais, esteios próprios à composição <strong>do</strong><br />
<strong>discurso</strong> identitário catalanista hoje em vias de atualização.<br />
3. Algumas conclusões e aplicações conceituais<br />
Os episódios que procurei elencar servem mais para a exemplificação que à<br />
descrição linear e completa da constituição <strong>do</strong> catalanismo político contemporâneo.<br />
Com isto, esperei colher elementos de montagem de uma perspectiva ideologicamente<br />
comprometida entre os intelectuais que atuaram na elaboração histórica, política e<br />
linguística de uma consciência identitária projetada. Se, de fato, a história <strong>do</strong> povo<br />
catalão é suficiente a explicar os contornos gerais de uma realidade cultural própria,<br />
ela não pode ser limitada à composição de um entorno cultural fecha<strong>do</strong> ou estável,<br />
que venha negar suas interposições “impuras” no estabelecimento de uma tradição<br />
fixa; e isto, simplesmente, porque não é possível a existência de nenhuma “cultura<br />
própria” nos termos assim invoca<strong>do</strong>s.<br />
Resta, portanto, um último limite a postular: diante deste processo de<br />
composições imaginadas, o intelectual se move com mais ou menos compressão<br />
diante <strong>do</strong>s fenômenos de purificação enseja<strong>do</strong>s pelo espaço imaginário?<br />
O primeiro desafio a esta questão é, decerto, a definição estrita, não <strong>do</strong>s efeitos<br />
ideológicos ou políticos da aptidão intelectual, mas, na verdade, da participação ativa<br />
<strong>do</strong> <strong>discurso</strong> maneja<strong>do</strong> pelo intérprete social no ato de formação criativa <strong>do</strong>s emblemas<br />
culturais. O que dito de outro mo<strong>do</strong>, significa medir a extensão concreta da ação<br />
intelectual na constituição <strong>do</strong> universo simbólico das identidades. Há uma crença neste<br />
contorno, de fato, mas eventualmente se negligencia o entendimento de que este<br />
alcance é oscilante, e não homogêneo, sobre os estágios de transformação cultural, e<br />
daí a natureza <strong>do</strong>s <strong>discurso</strong>s então envolvi<strong>do</strong>s serem mais ou menos comprometi<strong>do</strong>s<br />
com um senti<strong>do</strong> de purificação absoluta. É no ato de figuração que o<br />
intelectual/intérprete participa desse espaço inconsciente, absorvente de teorias e<br />
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