“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
condição de autogoverno, falan<strong>do</strong> em termos de “pactismo” político-jurídico, que<br />
permitia ao Principa<strong>do</strong> gozar livre ao longo de to<strong>do</strong> o passa<strong>do</strong> medieval.<br />
Desta feita, seguem-se vários capítulos de um relacionamento ambivalente com<br />
a crescente centralidade castelhana, na amálgama de nacionalidades que<br />
estabeleceria a Casa de Espanha como universalidade convergente. É notável, por<br />
isso, as episódicas guerras civis, como a que foi suprimida em 11 de setembro de<br />
1714 pelos primeiros Bourbons, em suas demonstrações de resistência ante as<br />
agressões <strong>do</strong> autoritarismo e das consequências <strong>do</strong> Decreto de Nova Planta. Neste<br />
momento, dá-se por certo o perío<strong>do</strong> mais dramático para a memória institucional<br />
catalã, pois sua carga de convergência é tal para a encenação <strong>do</strong> imaginário, que<br />
como o faz notar Maria Llombart, o “11 de septiembre era, y aún hoy sigue sién<strong>do</strong>lo,<br />
una de las conmemoraciones más destacadas en Cataluña, al contar además con la<br />
aprobación de las destituitas familias del catalanismo. Recordemos que actualmente<br />
es el Día Nacional de Cataluña” (LLOMBART, 2008, p. 2).<br />
Outro momento invocatório se dá pela derrota civil de 1939, aludida como<br />
continuação de 1714, cujo paralelo é construí<strong>do</strong> como a perfeita síntese da<br />
fragmentação política e <strong>do</strong> tenso mosaico cultural espanhol. Para os propagandistas<br />
catalães esta é a melhor “ocasión para proyectar al exterior la imagen de una<br />
personalidade propia y marcar las diferencias frente al modelo español-castellano, no<br />
siempre, - pero a vias si – oponién<strong>do</strong>se a la idea de España” (ibidem). Durante a<br />
ditadura franquista, a pressão aos meios acadêmicos obrigou muitos intelectuais<br />
catalães seguirem para o exílio. Para a maior parte deles a França foi o destino<br />
imediato, o que era em parte favoreci<strong>do</strong> pela aparente simpatia que a intelectualidade<br />
francesa sempre devotou aos particularismos nacionalistas espanhóis, mas também, e<br />
principalmente, pela solidariedade entre occitânicos e catalães por suas<br />
“proximidades” culturais e um passa<strong>do</strong> histórico convenientemente resgata<strong>do</strong> aos<br />
alvores <strong>do</strong> império carolíngio. Uma vez instala<strong>do</strong>s, esse intelectuais foram se<br />
organizan<strong>do</strong> em pequenos centros de resistência anti-franquista, produzin<strong>do</strong> num<br />
primeiro momento extenso material de divulgação, fundan<strong>do</strong>-se jornais e revistas em<br />
língua catalã, e até mesmo comitês destina<strong>do</strong>s a preparar eventos comemorativos <strong>do</strong>s<br />
símbolos e personalidades então nacionaliza<strong>do</strong>s. Nesta fase, a “atuação acadêmica”<br />
hospedada por universidades francesas, transfere seu vigor para um tipo mais urgente<br />
14