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“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...

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hierarquização, imaginário simbólico, centros de poder, etc.) perfeitamente cabíveis<br />

num tipo de formulação bourdieuniana. Por isso, menciono esse julgamento no que ele<br />

tem de exemplar sobre a constituição de uma tradição acadêmica, e argumento que a<br />

distinção rígida de uma dicotomia política/cultura não pode se sustentar<br />

extensivamente, vez que os da<strong>do</strong>s culturais da forma que se enunciam são incapazes<br />

de transcender uma forma política, imersa em corpo institucional. Por isso, também,<br />

abre-se espaço à leitura conceitual desde uma matriz de “diferenciação cultural” sobre<br />

os momentos de constituição dessa intelectualidade alia<strong>do</strong>s aos processos sociais que<br />

lhes inserem de mo<strong>do</strong>s particulares. Assim, pois, é que as instâncias de diferenciação<br />

serão as fiéis na balança da enunciação cultural.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, então, o recurso aos processos de hibridação parece mais<br />

promissor a decifrar o complexo que encadeia ideologias identitárias/ciências sociais<br />

<strong>do</strong> que, por exemplo, a sociologia <strong>do</strong> conhecimento logrou explicar cada uma delas.<br />

Pois enquanto esta compartimenta o problema <strong>do</strong> contexto científico a um da<strong>do</strong><br />

entorno epistemológico, a descrição <strong>do</strong>s processos híbri<strong>do</strong>s faz melhor ao considerar a<br />

dupla hélice que se forma com a impureza atávica contida nas identidades e a auto-<br />

recriação das práticas imaginárias individuais e coletivas. E que, por sinal, permitem<br />

compreender a captação seletiva de gerações de intelectuais ao re<strong>do</strong>r de elementos<br />

culturais que são arranca<strong>do</strong>s de seus contextos essencialmente heterogêneos para<br />

servirem a um projeto de diferenciação homogênea, e que resulta nisto a que vim<br />

chaman<strong>do</strong> de práticas de purificação.<br />

O desafio imediato desse estágio <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s culturais é entender não mais a<br />

definitiva posição ou a crise <strong>do</strong>s postos identitários tradicionais, mas sim a sua<br />

mobilização permanente entre as “formas de situar-se em meio à heterogeneidade e<br />

entender como se produzem as hibridações” (GARCÍA, 2001, p. XXIV). É por isso útil<br />

considerar uma teoria da hibridação pontuada, prima facie, pelos “processos” que<br />

indiquem suas composições híbridas. Neste caso, tomar-se-á o itinerário não apenas<br />

<strong>do</strong> híbri<strong>do</strong>, mas sobretu<strong>do</strong> “<strong>do</strong> que não se deixa, ou não se quer ou não se pode ser<br />

hibrida<strong>do</strong>” (ibidem, p. XXVII), livran<strong>do</strong>-se o mais possível das perspectivas otimistas ou<br />

excessivamente favoráveis ao fator de fusão inscrito no dínamo da interculturalidade.<br />

São composições híbridas, portanto, os conjuntos intrinsecamente instáveis e móveis,<br />

cujo trânsito pode atuar, e geralmente atua, em um delica<strong>do</strong> nexo de ambiguidades.<br />

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