“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...
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egimes culturais – algo que se poderá ver bastante aplica<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> da repressão<br />
franquista, e na maneira como isso repercutiu entre os intelectuais catalães<br />
expatria<strong>do</strong>s que se viam por isso ainda mais comprometi<strong>do</strong>s com a causa que<br />
defendiam; este perío<strong>do</strong>, assinaladamente a primeira década <strong>do</strong> exílio (1939-1950), foi<br />
o momento mais intenso <strong>do</strong> catalanismo intelectual desde sua marcada existência no<br />
século XIX. Sob estas inserções e à vista da fratura epistemológica <strong>do</strong>s tradicionais<br />
estu<strong>do</strong>s culturais pela urdidura pós-moderna, é apropria<strong>do</strong> salientar, no<br />
acompanhamento <strong>do</strong> julgamento de García Canclini (2008, p. XXIII), que se faz<br />
necessário um deslocamento da identidade para a heterogeneidade e a hibridação<br />
interculturais como objeto de análise mais apropria<strong>do</strong> na contemporaneidade<br />
globalizante.<br />
Estas são, portanto, as questões de que parto para aproximar a descrição à<br />
análise de uma intelectualidade diretamente integrada aos pressupostos fundacionais<br />
<strong>do</strong> catalanisme polític, desde o século XIX até maior parte <strong>do</strong> XX, quan<strong>do</strong> a montagem<br />
de um <strong>discurso</strong> histórico, jurídico e linguístico anda aferrada à preocupação de se<br />
institucionalizar uma cultura identitária soberana.<br />
2. Mitos e emblemas culturais: o imaginário da intelectualidade catalanista<br />
Não é de se duvidar hoje que os intelectuais formaram um grupo privilegia<strong>do</strong><br />
nas sociedades ocidentais modernas, e que o lastro de suas intervenções sempre<br />
provou ter um alcance muito para além da inofensiva divagação teorética, ora<br />
provocan<strong>do</strong> ora fornecen<strong>do</strong> bases retóricas bastantes para programas reformistas<br />
cujos resulta<strong>do</strong>s são claramente avalia<strong>do</strong>s por qualquer crítica que se pretenda ser<br />
com isto cuida<strong>do</strong>sa. No caso de uma identificação tão complexa como a instaurada<br />
pelo catalanisme polític, esse papel merece ser avalia<strong>do</strong> com acuro, para que de<br />
alguma maneira se possa medir o ajuste entre motivações políticas e identitárias,<br />
manten<strong>do</strong> em vista que também esses intelectuais sofreram passivamente o processo<br />
de apreensão imaginária que traz à comunhão social seus agentes comunitários. Para<br />
isto, esta seção procura expor, com brevidade talvez imprópria, os marcos gerais<br />
desse universo particular.<br />
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