11.04.2013 Views

“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...

“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...

“Territórios imaginários”: a institucionalização do discurso ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

unidade política fragmentária, e que apenas se manteve unida ao organismo<br />

monárquico espanhol devi<strong>do</strong> a apoios e cessões estratégicos que estabilizavam sua<br />

dinâmica de relações constituintes.<br />

É de se notar que, no século XIX, foram aqueles agentes que relatam a<br />

sequência <strong>do</strong>s processos históricos de seus povos os mesmos indivíduos que<br />

pelejaram pela constituição de um pertencimento nacional. Na Catalunha oitocentista<br />

isto é geralmente váli<strong>do</strong>, pois, tal como anota Flocel Sabaté, “los mismos personajes<br />

que escriben sobre el passa<strong>do</strong> del país a menu<strong>do</strong> están comprometi<strong>do</strong>s con los retos<br />

del presente, y con facilidad mezclan las argumentaciones” (SABATÉ, 2007, p. 5). Há,<br />

pois, um esforço comanda<strong>do</strong> por aqueles em outorgar desde o medievo <strong>do</strong>s séculos IX<br />

e X um cabedal de instituições civis que condensariam a aparência de sua sociedade<br />

contemporânea. Com tanto, a criação de modelos que enlevariam o decréscimo das<br />

forças feudais baroniais em razão <strong>do</strong> progresso <strong>do</strong>s núcleos urbanos comanda<strong>do</strong>s por<br />

uma burguesia aliada <strong>do</strong> cetro real, conformam nisto a precocidade de um esta<strong>do</strong><br />

centraliza<strong>do</strong> com base nas “liberdades cristalizadas en específicas instituciones<br />

políticas y municipales y que, al conseguirlo, fundamentan y consolidan la identidad del<br />

país caracteriza<strong>do</strong>” (ibidem, p. 7).<br />

A saliência conferida ao seu corpus institucional marca, ainda, na preferência<br />

temática desses medievalistas <strong>do</strong> XIX, um afastamento <strong>do</strong> próprio feudalismo em<br />

câmbio de demonstrar o aglutinamento das instâncias coletivas libertas da “opressão<br />

tradicional” <strong>do</strong> senhor feudal:<br />

Sien<strong>do</strong> los señores feudales los responsables de la opresión de la alianza del conde<br />

con los estratos urbanos a la vez que se aprovecha la expansión fronteriza,<br />

prolongan<strong>do</strong> así la idealización de la burguesía en la interpretación de los destinos del<br />

país, participan<strong>do</strong> de las coetáneas visiones de las fronteras como tierras de libertad y<br />

contraponien<strong>do</strong> feudalismo con democracia […] (ibidem, p. 12).<br />

A tramitação anacrônica entre feudalismo (com to<strong>do</strong> o rol de franqueamentos<br />

institucionais advin<strong>do</strong> de sua experiência histórica) e o clamor de resgate cultural<br />

localista, devolven<strong>do</strong> à Catalunha a sua noção originária de païs, repercute nos<br />

autores <strong>do</strong> século XIX até boa parte <strong>do</strong> XX que vêem nisto uma razão para<br />

fundamentar a pujança da sociedade medieval graças ao protagonismo <strong>do</strong>s<br />

municípios, sob direção burguesa, em se sustentarem como os “únicos depositarios de<br />

la identidad nacional” (SABATÉ, 2000-2002, p. 12). Isto é facilmente en<strong>do</strong>ssa<strong>do</strong> por<br />

12

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!