11.04.2013 Views

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade ...

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade ...

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

É sabido que há uma gran<strong>de</strong> divergência na forma como as diferentes<br />

ortografias alfabéticas representam os sons <strong>da</strong> língua, po<strong>de</strong>ndo as mesmas situar-se<br />

num contínuo entre as mais transparentes e as mais opacas. Se a ortografia <strong>da</strong> língua<br />

inglesa se encontra entre as mais opacas e a italiana e a serbo-croata se consi<strong>de</strong>ram<br />

representativas <strong>da</strong>s mais transparentes, já a língua portuguesa estará numa posição<br />

intermédia <strong>de</strong>ste contínuo, a ten<strong>de</strong>r para o pólo <strong>da</strong> relação grafema-fone mais<br />

transparente (Veloso, 2005, p. 59-60). De facto, na representação ortográfica do<br />

português europeu, e apesar <strong>de</strong> encontrarmos alguns casos em que as relações<br />

grafema-fone não são unívocas, isto é, em que dispomos <strong>de</strong> um grafema para<br />

representar mais do que um fone, a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>stas conversões estão regula<strong>da</strong>s<br />

e são previsíveis (cf. Castro & Gomes, 2000).<br />

Tendo presente as consi<strong>de</strong>rações já feitas, adoptámos como critério <strong>de</strong>finidor<br />

<strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, não só o facto <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do grafema po<strong>de</strong>r representar mais do que<br />

um fone, mas também o <strong>de</strong> que a respectiva conversão não fosse governa<strong>da</strong> por regras<br />

explícitas que tornassem essa conversão previsível. Para exemplificar a nossa opção,<br />

consi<strong>de</strong>re-se o caso do grafema . Este po<strong>de</strong> representar, na ortografia do português<br />

europeu, os seguintes sons: (i) mais frequentemente [k], antes <strong>de</strong> (como em<br />

casa, cola, cubo), mas também (ii) [s], antes <strong>de</strong> (como em cinto, cela), ou,<br />

ain<strong>da</strong>, (iii) [ø] (como em acto). Apenas o caso ilustrado pelo exemplo (iii) foi, por<br />

nós, consi<strong>de</strong>rado irregular, <strong>da</strong>do que, quer na leitura <strong>de</strong> (i), quer na <strong>de</strong> (ii) é possível<br />

ao leitor “calcular” a correcta conversão grafema-fone com recurso à respectiva regra<br />

explícita, a saber: lê-se [k] antes <strong>de</strong> ; lê-se [s] antes <strong>de</strong> .<br />

Assim e para seleccionarmos as palavras irregulares <strong>da</strong> PAL-PORT,<br />

consi<strong>de</strong>rámos os seguintes casos:<br />

- a ocorrência <strong>de</strong> uma consoante a prece<strong>de</strong>r outra consoante que, umas<br />

vezes, é mu<strong>da</strong> e, outras, se pronuncia (acto, pacto)<br />

- antes <strong>de</strong> ou que, umas vezes, se lê [k/g] e, outras,<br />

[kw/gw] (guia vs. água)<br />

- a consoante que po<strong>de</strong> ter vários valores: [] (caixa), [s]<br />

(máximo), [z] (exército) e [ks] [complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />

Situações <strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> como aquela que se verifica quando as vogais<br />

pretónicas grafa<strong>da</strong>s , e não sofrem o normal processo, no português<br />

europeu, <strong>de</strong> elevação e <strong>de</strong> redução (por exemplo, pa<strong>de</strong>iro, caveira, palavras em que<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!