11.04.2013 Views

D - DORIA, LILIAN FLEURY TEIXEIRA.pdf - Universidade Federal ...

D - DORIA, LILIAN FLEURY TEIXEIRA.pdf - Universidade Federal ...

D - DORIA, LILIAN FLEURY TEIXEIRA.pdf - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O texto só pode ser visto sob uma perspectiva expressionista, com<br />

traços épicos. O autor faz esta opção claramente, desde a primeira cena no<br />

cinema onde necessita de uma grande tela até os painéis coletivos que vão se<br />

sucedendo ao longo da peça. Numa montagem com recursos limitados (de<br />

cenários e número de atores), todo o início da peça que se baseia num painel<br />

social ficaria terrivelmente comprometido.<br />

O uso de recursos cinematográficos no contexto cênico tem, sem dúvida, função epicizante, já que<br />

acrescenta o amplo pano de fundo documentário que costuma faltar ao teatro. Ademais, acrescenta o<br />

horizonte de um narrador, o que relativiza a ação cênica. 39<br />

O autor tem necessidade de situar o personagem Vicente dentro<br />

de grupos de pessoas: no cinema, na estação, 110 trem, 11a cidade pequena, 11a<br />

família; para nos dar exatamente a dimensão do macrocosmo e do microcosmo<br />

e de sua relação dialética. Este homem, parece nos dizer o autor, é um homem<br />

qualquer numa cidade qualquer deste país. Vicente é um artista, um<br />

dramaturgo, mas é um homem tão comum como qualquer um de nós. E, por<br />

isto mesmo, é tão emblemático dentro da peça e dentro da obra de Jorge<br />

Andrade.<br />

O personagem Vicente aparece também na peça A Escada e é<br />

citado em O Telescópio. Mas ele volta com toda a sua força dramática em O<br />

Sumidouro, peça que trabalha as relações angustiadas entre criador e criatura,<br />

autor e personagem. Vicente de O Sumidouro é o mesmo Vicente de Rasto<br />

Atrás, após voltar da viagem a Jaborandi. E é este Vicente em O Sumidouro<br />

que nos diz: "Não sou (...) um homem sem rosto, com o rosto de cada um?<br />

Não vivo dividido em mil pedaços? 40<br />

39 ROSENFELD, Anatol. Op. cit., p. 117.<br />

40 O Sumidouro. In: ANDRADE, Jorge. Op. cit., p. 586.<br />

26

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!