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27 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais

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ESTUDOS<br />

22 Março <strong>de</strong> 2010<br />

O art. 64, inciso II, da Lei Estadual<br />

n. 14.310, <strong>de</strong> 19/06/2002, e sua<br />

aplicabilida<strong>de</strong> disciplinar<br />

No ambiente <strong>do</strong> Direito Administrativo-Disciplinar,<br />

no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, o art. 64, inciso II, da Lei Estadual<br />

n. 14.310 – CEDM (Código <strong>de</strong> Ética e Disciplina<br />

<strong>do</strong>s <strong>Militar</strong>es), <strong>de</strong> 19/06/2002, tem proporciona<strong>do</strong> entendimento<br />

divergente, quanto a sua aplicabilida<strong>de</strong> disciplinar<br />

pelas instituições militares estaduais.<br />

Assim, há entendimentos no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o art. 64,<br />

inciso II, possui conotação disciplinar, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong>-se à<br />

instauração <strong>do</strong> PAD (Processo Administrativo-Disciplinar),<br />

sen<strong>do</strong> que a respectiva portaria <strong>de</strong> instauração, feita<br />

com base no mesmo artigo, não é genérica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

contenha a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s fatos imputa<strong>do</strong>s ao militar faltoso,<br />

permitin<strong>do</strong>-lhe o exercício <strong>do</strong> contraditório e da<br />

ampla <strong>de</strong>fesa, o que enseja o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, tornan<strong>do</strong><br />

este, portanto, aplicável nos casos disciplinares<br />

a que se propõe. Os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ssa tese colocam este<br />

artigo ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s arts. 13, 14 e 15 <strong>do</strong> CEDM, que possuem<br />

a tipificação das diversas infrações disciplinares<br />

que po<strong>de</strong>m vir a ser cometidas pelos militares estaduais,<br />

contu<strong>do</strong>, não se prestam a instaurar o PAD. Por isso mesmo,<br />

enten<strong>de</strong>m que aquele artigo possui tipificação própria,<br />

o que o diferencia <strong>de</strong>stes três artigos disciplinares<br />

menciona<strong>do</strong>s.<br />

Noutro norte, também há entendimentos <strong>de</strong> que o<br />

mesmo dispositivo legal não constitui tipo disciplinar, e<br />

tão somente <strong>de</strong>termina a submissão <strong>do</strong> militar ao PAD,<br />

não dispon<strong>do</strong>, em si, que este procedimento se <strong>de</strong>stina<br />

à <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> militar, e <strong>de</strong> que, consequentemente, a<br />

portaria <strong>de</strong> instauração <strong>do</strong> PAD ao qual o militar faltoso<br />

é submeti<strong>do</strong> se constitui em dispositivo genérico, sem<br />

especificar a transgressão disciplinar na qual se amolda<br />

Revista <strong>de</strong><br />

ESTUDOS&INFORMAÇÕES<br />

JOSÉ MARINHO FILHO<br />

Assessor Judiciário <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> <strong>Militar</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong><br />

Bacharel em Direito<br />

Especialista em Direito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

a conduta <strong>do</strong> faltoso, como também a sanção aplicável.<br />

A corrente estudiosa que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> essa tese enten<strong>de</strong> que<br />

apenas os arts. 13, 14 e 15 <strong>do</strong> CEDM possuem tipificação<br />

<strong>de</strong> infrações disciplinares e, portanto, somente nestes<br />

artigos po<strong>de</strong> o militar faltoso enquadrar-se, qualquer<br />

que seja a falta disciplinar cometida.<br />

Em face das duas correntes <strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>res, efetuamos<br />

exaustiva pesquisa sobre o tema, porém não logramos<br />

encontrar <strong>do</strong>utrina a respeito <strong>do</strong> <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> assunto,<br />

talvez pelo seu ineditismo.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, com base nas observações que o ambiente<br />

jurídico-militar nos proporciona e sustentan<strong>do</strong> visão<br />

e experiência jurídicas próprias, permitimo-nos abordar<br />

o tema com o propósito <strong>de</strong> contribuir para o seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Direito Administrativo-Disciplinar,<br />

no âmbito militar estadual.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, iniciamos o nosso estu<strong>do</strong>, a partir <strong>do</strong><br />

próprio teor <strong>do</strong> artigo em <strong>de</strong>bate, que transcrevemos:<br />

Art. 64 – Será submeti<strong>do</strong> a Processo Administrativo-<br />

Disciplinar o militar, com no mínimo três anos <strong>de</strong> efetivo<br />

serviço, que:<br />

I – vier a cometer nova falta disciplinar grave, se classifica<strong>do</strong><br />

no conceito “C”;<br />

II – praticar ato que afete a honra pessoal ou o <strong>de</strong>coro<br />

da classe, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> conceito em que<br />

estiver classifica<strong>do</strong>.<br />

A mim parece que o inciso I <strong>do</strong> art. 64 não enseja<br />

dúvida, porque a sua aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

o militar, com, no mínimo, três anos <strong>de</strong> efetivo servi-

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