12.04.2013 Views

27 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais

27 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais

27 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da ação danosa, a expressão é tomada no senti<strong>do</strong> lato,<br />

abrangen<strong>do</strong>-a em sua dupla modalida<strong>de</strong>, <strong>do</strong>lo ou culpa,<br />

sen<strong>do</strong>, pois, irrelevante a distinção das hipóteses para a<br />

configuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar o dano.<br />

Assim, torna-se claro que nem to<strong>do</strong> dano ou prejuízo<br />

gerará o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar, sen<strong>do</strong> preciso que o prejuízo<br />

constitua um fato viola<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um interesse juridicamente<br />

tutela<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual a vítima seja titular, o que vem<br />

caracterizar, em princípio, a antijuridicida<strong>de</strong> como um<br />

requisito <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar.<br />

Os casos possíveis <strong>de</strong> gerar in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> dano causa<strong>do</strong><br />

pela prática <strong>de</strong> uma conduta <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> exercício<br />

<strong>de</strong> um direito, ou seja, causa<strong>do</strong> por ato lícito encontram-se<br />

espalha<strong>do</strong>s pela legislação civil brasileira.<br />

No âmbito <strong>do</strong> direito público, há <strong>de</strong> se ressaltar que,<br />

a partir <strong>de</strong> 1946, as constituições fe<strong>de</strong>rais vêm orientan<strong>do</strong><br />

que os órgãos estatais, inclusive suas autarquias,<br />

respondam pelo dano causa<strong>do</strong> a terceiros pelos seus servi<strong>do</strong>res,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da prova <strong>de</strong> culpa, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>,<br />

assim, o sistema da responsabilida<strong>de</strong> objetiva.<br />

A culpa e o <strong>do</strong>lo, nessas hipóteses, servem apenas<br />

como elementos necessários para o exercício <strong>do</strong> direito<br />

regressivo contra o funcionário, a fim <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong><br />

possa se ressarcir <strong>do</strong> que <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>u na obrigação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar<br />

o terceiro lesa<strong>do</strong> pela conduta <strong>de</strong> seu agente.<br />

A atual Constituição Fe<strong>de</strong>ral manteve-se fiel a esse<br />

entendimento e, ainda, esten<strong>de</strong>u a hipótese <strong>de</strong> aplicação<br />

da responsabilida<strong>de</strong> objetiva às pessoas jurídicas <strong>de</strong><br />

direito priva<strong>do</strong>, presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviço público, conforme<br />

expressa o art. 37, § 6º, nos seguintes termos:<br />

Art. 37. [...]<br />

[...]<br />

§ 6º - As pessoas jurídicas <strong>de</strong> direito público e as <strong>de</strong><br />

direito priva<strong>do</strong> presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços públicos respon<strong>de</strong>rão<br />

pelos danos que seus agentes, nessa qualida<strong>de</strong>,<br />

causarem a terceiros, assegura<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong><br />

regresso contra o responsável nos casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>lo ou<br />

culpa.<br />

Assim, frente à responsabilida<strong>de</strong> objetiva <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

cabe ao lesa<strong>do</strong>, apenas, a prova <strong>do</strong> nexo <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong><br />

entre a conduta <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r estatal e o dano, uma<br />

vez que o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar se estabeleceu no plano<br />

material.<br />

Ao se tratar da responsabilida<strong>de</strong> subjetiva, o <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar surge, necessariamente, da existência <strong>de</strong><br />

uma ação ou omissão <strong>do</strong> agente, que se ligue por uma<br />

relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> ao prejuízo sofri<strong>do</strong> pela vítima<br />

e, ainda, que essa conduta <strong>do</strong> agente tenha si<strong>do</strong> culposa<br />

ou <strong>do</strong>losa. A ausência <strong>de</strong> qualquer um <strong>de</strong>sses elementos<br />

faz <strong>de</strong>saparecer o <strong>de</strong>ver in<strong>de</strong>nizatório.<br />

A conduta ativa <strong>do</strong> agente, normalmente, se expressa<br />

através <strong>de</strong> um comportamento <strong>do</strong>loso ou impru<strong>de</strong>nte,<br />

ao passo que a conduta omissiva se caracteriza pela<br />

sua negligência comportamental. Primariamente, essa<br />

conduta ilícita fez surgir a teoria subjetiva, que conduz<br />

o agente <strong>do</strong> dano ao <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar.<br />

No campo da teoria objetiva, encontra-se a teoria <strong>do</strong><br />

risco, segun<strong>do</strong> a qual cada um <strong>de</strong>ve suportar os riscos<br />

da ativida<strong>de</strong> a que se <strong>de</strong>dica, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> in<strong>de</strong>nizar, nas hipóteses<br />

em que causar dano. Nosso Código Civil expressa<br />

esse entendimento ao estabelecer, no parágrafo<br />

único <strong>do</strong> art. 9<strong>27</strong>, que<br />

Art. 9<strong>27</strong> [...]<br />

Parágrafo único. Haverá obrigação <strong>de</strong> reparar o dano,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> culpa, nos casos especifica<strong>do</strong>s<br />

em lei, ou quan<strong>do</strong> a ativida<strong>de</strong> normalmente <strong>de</strong>senvolvida<br />

pelo autor <strong>do</strong> dano implicar, por sua natureza,<br />

risco para os direitos <strong>de</strong> outrem.<br />

A Constituição faz referência à responsabilida<strong>de</strong> civil<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ao expressar que as pessoas jurídicas <strong>de</strong><br />

direito público respon<strong>de</strong>rão pelos danos que seus agentes,<br />

nessa qualida<strong>de</strong>, causarem a terceiros, manten<strong>do</strong>,<br />

no or<strong>de</strong>namento jurídico nacional, a figura da responsabilida<strong>de</strong><br />

objetiva <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Em certas situações, embora aparentemente se encontrem<br />

presentes to<strong>do</strong>s os elementos que levam ao <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar, este não se concretiza. Tais situações<br />

configuram as <strong>de</strong>nominadas exclu<strong>de</strong>ntes da responsabilida<strong>de</strong><br />

civil.<br />

Na noção <strong>de</strong> ato ilícito, encontra-se o requisito da<br />

conduta antijurídica. Portanto, não há ilicitu<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong><br />

se atua em conformida<strong>de</strong> com o que prescreve o or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico. Por isso, o Código Civil, em seu<br />

art. 188, inciso I, expressa que os atos pratica<strong>do</strong>s no<br />

exercício regular <strong>de</strong> um direito reconheci<strong>do</strong> não constituem<br />

atos ilícitos.<br />

Revista <strong>de</strong><br />

ESTUDOS&INFORMAÇÕES<br />

Março <strong>de</strong> 2010 29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!