Monografia do Vasco A. Muchanga 2012.pdf
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pobreza alia<strong>do</strong> a dependência económica, tal situação aconteceria em to<strong>do</strong>s contextos familiares<br />
onde as mulheres i<strong>do</strong>sas vivessem em situações de dependência económica.<br />
Tal situação leva-nos a acreditar que, para além da longevidade e da dependência económica, o<br />
vínculo social ou a ligação emocional entre o acusa<strong>do</strong>r e a mulher i<strong>do</strong>sa acusada de feiticeira,<br />
constitui um factor importante a considerar na análise <strong>do</strong> fenómeno de acusação da mulher i<strong>do</strong>sa<br />
de feiticeira. Acreditamos que, grau <strong>do</strong> vínculo social e a ligação emocional entre a pessoa i<strong>do</strong>sa<br />
e seu acusa<strong>do</strong>r pode influenciar na acusação de feitiçaria.<br />
Sobre este aspecto, a WLSA (2000) tenta explicar de forma geral, a situação da mulher em<br />
Moçambique. Segun<strong>do</strong> esta fonte, a mulher é ao mesmo tempo afectada pela crise<br />
social/económica e pela desestruturação/reestruturação <strong>do</strong>s valores. A constante violência contra<br />
ela é representada como componente da relação conjugal que assume diversas formas agressivas<br />
fisicamente. Se mulher mais pobre e residente em áreas rurais associa<strong>do</strong> a baixa escolaridade<br />
contribui para a representação negativa desta, colocan<strong>do</strong> numa situação de maior vulnerabilidade<br />
para violação <strong>do</strong>s seus direitos humanos (idem).<br />
Tal como outros autores acima cita<strong>do</strong>s nesta revisão da literatura, MAHUMANA (2008), na sua<br />
abordagem sobre as representações e percepções sobre crenças e tradições religiosas no Sul de<br />
Moçambique, especificamente no caso das Igrejas Zione, afirma que neste contexto acredita-se<br />
que a feitiçaria é a arma de alguém com inveja, ciúme ou é feita pela vontade de enriquecer.<br />
Nesta perspectiva, a inveja leva as pessoas a desejarem o mal a pessoas inimigas, o que chega a<br />
práticas de feitiçaria. Na perspectiva deste autor, as pessoas recorrem às crenças e tradições<br />
religiosas porque têm dificuldades em explicar certos acontecimentos que se verificam na sua<br />
vida quotidiano, como por exemplo um infortúnio.<br />
A partir da primeira perspectiva acima descrita, podemos perceber que no foco analítico <strong>do</strong>s<br />
autores cita<strong>do</strong>s, a acusação da mulher i<strong>do</strong>sa de prática de feitiçaria está ligada a factores tais<br />
como a longevidade e dependência económica da mulher i<strong>do</strong>sa da sua família, ciúmes e inveja.<br />
Nesta perspectiva, o factor económico constitui o motivo de conflitos sociais entre os ricos e<br />
pobres, geran<strong>do</strong> práticas de feitiçaria devi<strong>do</strong> a inveja e ciúmes, porque uns tem riquezas e outros<br />
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