Monografia do Vasco A. Muchanga 2012.pdf

Contudo, não se pode admitir de forma acrítica uma explicação dessa forma. A explicação deste
fenómeno, implica uma investigação profunda, empírica e contextualizada, que deve procurar
relacionar, não só os factores económicos, como também deve ter em consideração as relações
sociais, os papeis sociais, statu social, os aspectos culturais e processos identitários que
contribuem de forma significativa na forma como os indivíduos constroem as representações e
práticas sociais relacionadas com este fenómeno.
A partir das abordagens acima referenciadas, pode se compreender que a ênfase recai sobre os
factores longevidade e dependência económica da mulher idosa, a crença na feitiçaria e em
qualidade excepcionais das mulheres idosas que lhes dão poder de enfeitiçar.
Não temos nenhuma objecção em relação a constatação de que a acusação da mulher idosa de
feiticeira ocorre no contexto familiar, comunitário e da vizinhança. Embora sejam familiares da
mulher idosa, as pessoas que lhe acusam, nenhum das abordagens foi clara neste aspecto,
sobretudo na análise sobre o grau do vínculo social e da ligação emocional entre a mulher idosa
acusada de feiticeira e seu acusador. Trata-se de um aspecto que consideramos pertinente a sua
análise, como um factor que para além da dependência económica e da longevidade, constitui a
base das relações sociais em todas as sociedade.
Neste sentido, a questão que se coloca é: quais são os factores que contribuem para acusação da
mulher idosa de feiticeira e que relação existe entre eles?
A hipótese avançada neste estudo é que, a dependência económica, longevidade, aliados ao grau
do vínculo social entre o acusador e acusado influenciam na acusação da mulher idosa de
feiticeira, sobretudo nas famílias e comunidades onde as pessoas têm uma forte crença na
feitiçaria e nos poderes sobrenaturais como uma forma de interpretar a realidade social.
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