ik O neoliberalismo e os desafios dos trabalhadores ik Combate ao ...
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Quinzena N 0 228 - 30/04/96 12 Trabalhadores<br />
Inglaterra: 8,3%<br />
França: 11,7%<br />
Essa substituição de homens por má-<br />
quinas, feita pela burguesia, trás mais um<br />
agravante: o desemprego estaitural. Quer<br />
dizer que, de um lado a economia cresce,<br />
e de outro o desemprego também. Só n<strong>os</strong><br />
Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> entre <strong>os</strong> an<strong>os</strong> 70 e 92, a<br />
economia cresceu 76%, por outro lado o<br />
emprego não passou da taxa de 45%. Na<br />
Europa, nesse mesmo período, o indice<br />
de crescimento chegou a 73%, enquanto<br />
que <strong>os</strong> nov<strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> de trabalho, ficaram<br />
em apenas 7%, No Brasil, o problema<br />
não é diferente. Na grande São Paulo,<br />
região mais industrializada do país, a taxa<br />
está na casa d<strong>os</strong> 13,2%. Isto em um pais<br />
que lança no mercado de trabalho 1,6<br />
milhão de pessoas a cada ano.<br />
"Qualidade total"<br />
mata <strong>trabalhadores</strong><br />
Só por esses element<strong>os</strong> acima, já terí-<br />
am<strong>os</strong> muita razão para lutar contra <strong>os</strong><br />
interesses d<strong>os</strong> patrões. Mas, como eles<br />
querem sugar até a última gota de san-<br />
gue do trabalhador, implantaram a "qua-<br />
lidade total", o toyotismo, etc, como for-<br />
ma de intensificar o ritmo da produção e<br />
aumentar a produtividade.<br />
Estes métod<strong>os</strong> que segundo <strong>os</strong> capita-<br />
listas "melhora a qualidade de vida do tra-<br />
balhador" tem provocado doenças como<br />
a LER (lesões por esforço repetitivo), a<br />
KAROCH (morte súbita) e muitas outras<br />
doenças ocupacionais, além de aumentar<br />
o nível do Stress e do suicídio.<br />
O Plano Real e seu<br />
objetivo: arrocho salarial<br />
Um terceiro expediente muito comum<br />
e que aigorda <strong>os</strong> bols<strong>os</strong> d<strong>os</strong> burgueses, é<br />
o arrocho salarial. O Estado capitalista,<br />
por meio de qualquer governo, lança pla-<br />
n<strong>os</strong> emais plan<strong>os</strong> com o objetivo de aper-<br />
tar mais ainda a corda no pescoço do tra-<br />
balhador. Isto aconteceu com o Caizado<br />
de Samey, o Plano Collor, e como não<br />
poderia deixar de ser, com o Plano Real.<br />
Apesar da propaganda que toda a<br />
imprensa burguesa vem fazendo, o pla-<br />
no deu <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> pass<strong>os</strong> d<strong>os</strong> anteriores.<br />
Primeiro, em março de 94, nivelou o sa-<br />
lário pela média d<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> quatro me-<br />
ses, enquanto que <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> subiram li-<br />
vremente e continuaram subindo no pe-<br />
ríodo da URV e do Real. Para piorar mais<br />
ainda as coisas do lado do trabalhador, o<br />
segundo passo foi dado em julho de 95,<br />
o governo acabou com a indexação, trans-<br />
ferindo para <strong>os</strong> patrões, parte do salário<br />
através da inflação não repassada.<br />
Como se não bastasse tudo isso, a<br />
burguesia procura impulsionar o arrocho,<br />
através da redução d<strong>os</strong> "encarg<strong>os</strong> traba-<br />
lhistas". Na verdade, diferente do que<br />
pensa e defende o presidente do Sindica-<br />
to d<strong>os</strong> Metalúrgic<strong>os</strong> e d<strong>os</strong> dirigentes da<br />
Força Sindical, o 13°, o descanso sema-<br />
nal, <strong>os</strong> feriad<strong>os</strong> pag<strong>os</strong>, etc, fazem parte<br />
do salário do trabalhador, que no Brasil<br />
tem a hora média mais baixa do mundo<br />
(US$ 2,9 horas) perdendo apenas para a<br />
China. Além do mais, a redução não au-<br />
menta o número de empreg<strong>os</strong>. Basta ver<br />
o exemplo da França de Jacques Chírac<br />
que implantou essa prop<strong>os</strong>ta e não hou-<br />
ve nenhum acréscimo na taxa de empre-<br />
go, ou se preferir, o exemplo da Inglater-<br />
ra, que na época da Margareth Tatcher,<br />
a taxa de desemprego era de 2% e depois<br />
da diminuição d<strong>os</strong> "aicarg<strong>os</strong>" o indice do<br />
desemprego pulou para 8,3%.<br />
A reforma do Estado<br />
Dando continuidade <strong>ao</strong> rebaixamen-<br />
to das condições de vida d<strong>os</strong> trabalhado-<br />
res, o governo FHC vem construindo a<br />
tão anunciada "reforma do Estado". E<br />
tod<strong>os</strong>, sem excessão, do governo à mídia,<br />
passando pel<strong>os</strong> parlamentares e empre-<br />
sári<strong>os</strong>, esforçam-se por vender a idéia de<br />
demitir funcionári<strong>os</strong> públic<strong>os</strong> federais,<br />
estaduais e municipais, como meio de<br />
reduzir o déficit.<br />
Mas é bom lembrar que o rombo hoje<br />
existente não foi feito com a folha de pa-<br />
gamento de funcionário, e sim, através<br />
da montagem da infraestrutura necessá-<br />
ria <strong>ao</strong> desaivolvimento do capitalismo no<br />
país, como o parque siderúrgico,<br />
petroquímico, hidreeiétncas, estradas,<br />
Petrobrás, Vale do Rio Doce entre outras<br />
que já estão sendo transferidas para a<br />
iniciativa privada, com argumento de que<br />
o Estado é um péssimo patrão.<br />
O que realmente está em jogo, na ver-<br />
dade, é a capacidade do Estado recom-<br />
por suas finanças. A venda dessas esta-<br />
tais (exploradoras como um patrão pri-<br />
vado), diga-se de passagem a preç<strong>os</strong> ir-<br />
risóri<strong>os</strong>, foi a fórmula encontrada para<br />
diminuir a dívida do Estado, e <strong>ao</strong> mesmo<br />
tempo, promover "doações" a<strong>os</strong> grandes<br />
gaip<strong>os</strong>, como é o caso do PROER (Pro-<br />
grama de Estímulo à Reestruturação Fi-<br />
nanceira Nacional), que somaite n<strong>os</strong> ban-<br />
"SE CALARMOS, AS PEDRAS GRITARÃO! 1<br />
c<strong>os</strong> Econômico e Nacional já injetou mais<br />
de 16 bilhões de reais, sem falar no pro-<br />
jeto Sivam (5 bilhões) e muit<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>.<br />
E ainda vem o governo fazer a "Re-<br />
forma da Previdência" e a "Reforma Ad-<br />
ministrativa" com discurso de contenção<br />
do déficit para investir na área social e<br />
no aumento do emprego. Isto na verdade<br />
é mais uma grande farsa que tem a cola-<br />
boração do "senhor" Vicentinho e de ou-<br />
tr<strong>os</strong> líderes, que iguais a ele, procuram<br />
ajudar a burguesia controlando <strong>os</strong> traba-<br />
lhadores através de mentiras e do PAC-<br />
TO SOCIAL.<br />
Como colocar o<br />
desenvolvimento tecnológico<br />
à serviço do trabalhador<br />
O que tem que ficar claro para nós<br />
<strong>trabalhadores</strong>, é que toda a Reforma do<br />
Estado objetiva restabelecer as condições<br />
de continuidade do sistema de explora-<br />
ção. Daí, o governo convidar a CUT, a<br />
Força Sindical e Sindicat<strong>os</strong>, para cola-<br />
borarem nesta ação, passando a imagem<br />
de que tudo isto é para defender um inte-<br />
resse comum. Uma grande mentira que<br />
não podem<strong>os</strong> aceitar. Onde já se viu, tra-<br />
balhador ficar contente com aumento de<br />
demissões e o roubo de suas conquistas?!?<br />
A Central Única d<strong>os</strong> Trabalhadores<br />
está apoiando tudo isto, apesar do jogo<br />
de cena para disfarçar o entreguismo,<br />
porque já não representa <strong>os</strong> INTERES-<br />
SES d<strong>os</strong> <strong>trabalhadores</strong>, porque fez um<br />
pacto social com a burguesia e rompeu<br />
na prática com a classe labori<strong>os</strong>a.<br />
Pois bem companheir<strong>os</strong>, n<strong>os</strong>sa luta<br />
neste momento passa a ser por uma de<br />
suas bandeiras mais importantes desde o<br />
inicio da história da classe operária: a<br />
bandeira da redução da jornada de tra-<br />
balho sem redução de salário. Não uma<br />
redução qualquer, como citam timida-<br />
mente alguns, mas de fato, uma redução<br />
que garanta o emprego atual, como tam-<br />
bém abra espaç<strong>os</strong> para que nov<strong>os</strong> traba-<br />
lhadores sejam incorporad<strong>os</strong> com a<br />
conseqüente diminuição n<strong>os</strong> níveis de<br />
exploração.<br />
Esta luta, porém, não pode ser feita<br />
pel<strong>os</strong> <strong>trabalhadores</strong> isolad<strong>os</strong>, enquanto<br />
"categonas". Não podem<strong>os</strong> partir para ela<br />
enquanto metalúrgic<strong>os</strong>, ou bancári<strong>os</strong>, ou<br />
químic<strong>os</strong>, ou petroleir<strong>os</strong>. Esta luta é do<br />
conjunto d<strong>os</strong> <strong>trabalhadores</strong>, é uma luta<br />
de classe e da classe exige uma ação<br />
unitária, coesa.