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Jose_Cimar - UFF

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Considerando-se o recorte temporal que emoldura o presente estudo, assoma de<br />

importância uma dupla arquitetura de teorias. Em primeiro lugar as formulações chamadas<br />

realistas e, em seguida, as concepções ditas liberais; estas, apoiadas particularmente no<br />

sistema da Organização das Nações Unidas (ONU), secundadas por outras organizações,<br />

como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.<br />

Ressalta-se que, em que pese o fato de as formulações do idealismo já existirem e<br />

estarem operando no campo das relações internacionais, o período foi, preponderantemente,<br />

presidido pelas ideias realistas 1 , particularmente após o início da Guerra Fria que dividiu o<br />

mundo em dois blocos ideológicos e de poder. O Brasil aderiu ao bloco ocidental, liderado<br />

pelos EUA, assinando, no Rio de Janeiro, a 2 de setembro de 1947, o Tratado Interamericano<br />

de Assistência Recíproca (TIAR). Por intermédio desse acordo os Estados Nacionais<br />

participantes assumiam a interação em uma estrutura de segurança hemisférica e se<br />

comprometiam a defender uns aos outros na hipótese de agressão externa. Tais estruturas<br />

seriam replicadas na Ásia e Oceania e no Oriente Médio, por meio de Organizações (como a<br />

Organização do Tratado do Sudeste da Ásia - OTASE) e Tratados. A África e partes das<br />

fímbrias da Ásia permaneceriam como áreas em disputa, a zona de choque da Guerra Fria.<br />

A ameaça contra a qual se erigia tamanho aparato era clara: a expansão da ideologia<br />

comunista originária da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) 2 , inicialmente<br />

para o heartland eurasiático (o Leste Europeu e a própria Alemanha), prosseguindo para as<br />

estratégicas fímbrias (China, Coréia do Norte, Vietnam do Norte, Laos, Cambodja, entre<br />

outros) e, finalmente, espraiando-se para a periferia mundial, onde alcançaria Cuba, a partir de<br />

meados de 1959. Essa expansão representava, no imaginário 3 do mundo ocidental, o perigo da<br />

1 Essas formulações serão apresentadas em seguida. Para corroborar a assertiva, conforme Paulo Roberto<br />

Campos Tarrisse da FONTOURA, em O Brasil e as Operações de Manutenção de Paz das Nações Unidas,<br />

Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 1999, a ONU, desde a sua criação, com a Carta das Nações Unidas<br />

(CNU), assinada em São Francisco, a 26 de junho de 1945, até 1987, havia realizado apenas treze Operações de<br />

Manutenção da Paz, a sua melhor face idealista, todas no chamado Terceiro Mundo (sete no Oriente Médio,<br />

duas na Índia/ Paquistão e uma em: Congo, Nova Guiné, Chipre e República Dominicana); após 1987 e até 2004,<br />

já em consequência do colapso da URSS, a ONU realizou mais de trinta dessas operações, inclusive na Europa,<br />

fato que demonstra as limitações impostas ao idealismo pelo enrijecimento realista do sistema internacional na<br />

Guerra Fria . (Tabela n o 2 – Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas de 1948 a 1987, pp. 66 e 67)<br />

2 Clemente ANCONA em seu artigo “La influencia de 'De La Guerra' de Clausewitz en el pensamiento marxista<br />

de Marx y Lenin", em Clausewitz en el pensamiento marxista, México: Cuadernos de Pasado y Presente, 1979,<br />

pp. 7-38, cita que “Lênin repensou a práxis sob o ponto de vista da estratégia e das táticas políticas. Partindo do<br />

princípio que a luta de classes era uma espécie de ‘guerra civil oculta’, ele inverte a máxima do general<br />

prussiano e estrategista militar Carl von Clausewitz que afirmava ser a guerra uma simples continuação da<br />

política por outros meios, defendendo a concepção de que a política é a simples continuação da guerra por<br />

outros meios”. Tal interpretação tem profundos significados para a política e a estratégia.<br />

3 Para o Psicanalista Fábio LACOMBE a existência humana teria três registros: o imaginário, o simbólico e o<br />

real. Somente o simbólico seria capaz de acessar a realidade. O “imaginário é o mais primitivo dos registros,<br />

principalmente porque ele se quer real. O sujeito vive a imagem como real. Para ele sustentar essa posição, ele<br />

precisa evitar o simbólico, aquilo que faz o ser humano pensar.” Citado em Merval PEREIRA, Os Conflitos de<br />

Lula. O Globo, Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2010, p. 4. N.A.: a idéia original é de Jacques Lacan.<br />

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