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Jose_Cimar - UFF

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internacionais propôs dois modelos: o primeiro deles multipolar, composto de diversas<br />

unidades políticas comparáveis em seu tamanho, seu poder econômico e militar, inexistente à<br />

época das suas pesquisas, embora recorrente na história das relações internacionais; o segundo<br />

bipolar, vigente na mesma época, no qual as forças em pauta abrigam-se em duas coalizões<br />

antagônicas em torno de quem se aglutinam as unidades políticas. Desnecessário enfatizar que<br />

foi este último modelo que presidiu o sistema internacional no período da Guerra Fria.<br />

Em resumo o realismo tem como elementos básicos das relações internacionais: o<br />

Estado como ator, unitário, soberano, indivisível e racional; agindo de forma egocêntrica,<br />

exclusivamente fundamentado nos interesses (nacionais) próprios; onde preponderam as<br />

relações de poder 12 e o mais forte se impõe; operando em um estado de natureza hobbesiano,<br />

de anarquia; submetido a uma lei de sobrevivência (já que cada qual, conta apenas consigo<br />

mesmo), o que implica no reforço das suas seguranças e defesas militares; cuja hipótese de<br />

paz repousa na necessidade do equilíbrio de poder entre os Estados Nacionais (ou das<br />

unidades políticas), mais particularmente, entre as potências, uma vez que - a partir da relação<br />

de forças entre estas unidades - surge o conflito; e, em cujo sistema, não restam alternativas<br />

aos Estados mais fracos, a não ser aderir a outros mais fortes, capazes de proporcionar<br />

segurança contra poderes ameaçadores.<br />

Nesse contexto de relativização do poder, faz-se necessário registrar o aporte<br />

representado por Kenneth Waltz, reconhecido pela ênfase que dá a estrutura do sistema como<br />

determinante para a dinâmica das relações internacionais.<br />

Waltz 13 , representante do neo-realismo 14 , apresentou uma abordagem ampliada do<br />

realismo, ao expandir, sem abandonar, a perspectiva estado-centrista com projeção<br />

essencialmente para o exterior. Suas idéias foram explicitadas em seu primeiro livro O<br />

Homem, o Estado e a Guerra: uma análise teórica, publicado em 1959, e, por isso, tem<br />

12 Para Guillaume DEVIN, in Sociologie des relations internationales, Paris: La Découverte, 2002, o Poder seria<br />

a capacidade de um ator conduzir outros atores a fazerem o que em outras circunstâncias eles não fariam e de<br />

não se submeter a constrangimentos. Para alcançar tal preponderância torna-se importante a disponibilidade de<br />

elementos políticos, militares, econômicos, psicossociais, geográficos, materiais, institucionais e morais, entre<br />

outros.<br />

13 Kenneth WALTZ, em Teoria das Relações Internacionais, Lisboa: Gradiva Publicações, 2002; e O Homem, o<br />

Estado e a Guerra: uma análise teórica, São Paulo: Martins Fontes, 2004. Embora tenha escrito suas<br />

interpretações posteriormente ao período ora em estudo, este autor introduziu um importante conceito para as<br />

análises deste trabalho que trata dos constrangimentos impostos pela estrutura do sistema internacional aos<br />

países que dele participam.<br />

14 O neorealismo consistiu na retomada da epistemologia realista clássica dentro de um contexto que procurava<br />

introduzir um maior rigor científico e objetividade conceitual, que evitasse as categorias consideradas vagas e<br />

mutáveis da corrente anterior, apoiando-se particularmente nos novos aportes teóricos do behaviorismo e das<br />

teorias da escolha racional e dos jogos – cuja metodologia deveria, por meio de critérios de objetividade<br />

científica, contribuir para a validação teórica das suas hipóteses. Para os autores dessa nova corrente teórica, a<br />

corrente clássica, entre outros erros, teria falhado em separar aspectos objetivos e subjetivos da política<br />

internacional e negado autonomia ao sistema internacional, atribuindo o papel central de suas análises sobre a<br />

dinâmica internacional a atores estatais desumanizados.<br />

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