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Jose_Cimar - UFF

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transitória.<br />

É nesse contexto que o Príncipe deve operar, sendo-lhe permitido utilizar todos os<br />

meios (independentemente da ética dos homens) desde que sejam justificados pelos fins.<br />

Dessa forma, ele separa as questões éticas da política e do poder, estabelece o Estado como o<br />

ator principal e isenta os governantes no que tange a seguir padrões de comportamento<br />

estabelecidos, submetendo suas decisões aos interesses deste mesmo Estado.<br />

No trato das origens do realismo são fundamentais, ainda, as assertivas introduzidas<br />

por Thomas Hobbes 6 sobre a natureza humana bem como suas influências nas relações sociais<br />

que, por sua vez, foram emuladas pelos pensadores realistas para explicar como são<br />

estabelecidas as relações entre os Estados.<br />

O fundamento dessa visão de mundo é o chamado estado de natureza, onde os homens<br />

viveriam, originalmente, em um eterno conflito, impelidos por três causas principais que<br />

seriam a competição, a desconfiança e a busca da glória. A primeira levaria os homens a<br />

atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, conduzi-los-ia à busca da segurança; e a<br />

terceira, a procura de reputação. A História, o tempo ou a vida social não transformariam a<br />

natureza dos homens. Os homens seriam tão iguais que um não poderia triunfar sobre o outro;<br />

somente fazer suposições malévolas sobre suas atitudes, de modo que o mais razoável para<br />

cada um é atacar o outro, ou para vencê-lo, ou simplesmente para evitar um provável ataque:<br />

assim há uma espécie de generalização da guerra entre eles.<br />

Para agravar essa situação, os homens ainda teriam: “O direito de natureza, a que os<br />

autores geralmente chamam jus naturale, que é a liberdade que cada homem possui de usar<br />

seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua própria natureza, ou seja,<br />

de sua vida; e conseqüentemente de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe<br />

indiquem como meios adequados a esse fim” 7 .<br />

Nesse sentido, o Estado hobbesiano, marcado pelo medo, é monstruoso e habitado por<br />

seres humanos belicosos que rompem com a tradição aristotélica do homem como zoon<br />

politikon 8 (que vive e desenvolve suas potencialidades em sociedade), ao mesmo tempo em<br />

que chama a atenção para a tensão que subsiste na convivência com os demais homens.<br />

Conhecendo os homens como eles são Hobbes tentou construir uma ciência para a<br />

política que permitisse a estruturação de Estados permanentes e não em constante guerra civil.<br />

Para isto sugeriu a figura monstruosa do Leviatã; isto é, um poder mais forte capaz de regular<br />

as relações humanas, à qual os homens se submeteriam em troca de paz e segurança, fórmula<br />

6 HOBBES, Thomas. “Leviatã” in Hobbes (col. Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1979.<br />

7 Idem, p. 78.<br />

8 Expressão aristotélica que significa animal (ser vivo) social (político).<br />

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