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Edição 32 - Revista Algomais

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Cidadania<br />

Profetas do amanhã<br />

PRÊMIO | ONG pernambucana foi escolhida entre os melhores projetos<br />

sociais do Brasil e vai receber homenagem do presidente Lula em Brasília<br />

Por Carol Bradley<br />

As ruas e calçadas do Recife deveriam<br />

ser lugar apenas de passagem. Porém,<br />

para mais de 3.000 crianças, jovens e adolescentes,<br />

ali é também a sua moradia: onde<br />

eles comem, dormem, sobrevivem – quando<br />

conseguem. Aos olhos de boa parte da<br />

sociedade são invisíveis; um tipo de ser,<br />

menos humano, que aparece apenas em<br />

forma de ameaça, drogados, marginais.<br />

Este público, desprezado por quase todos,<br />

encontrou acolhida em uma instituição, a<br />

CPP – Comunidade dos Pequenos Profetas,<br />

única entidade de Pernambuco selecionada<br />

para receber das mãos do presidente Lula,<br />

em Brasília, o Prêmio Objetivos do Desenvolvimento<br />

do Milênio (ODM).<br />

O prêmio, coordenado pela Secretaria-<br />

Geral da Presidência da República, em parceria<br />

com o Programa Nacional das Nações<br />

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e<br />

com o Movimento Nacional pela Cidadania<br />

e Solidariedade, será entregue a 12 organizações<br />

da sociedade civil, escolhidas por um<br />

júri especializado. A finalidade é incentivar<br />

ações, programas e projetos que contribuam<br />

para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento<br />

do Milênio, conforme disposto no<br />

quadro ao lado. Esta, porém, não é a primeira<br />

vez que a CPP aparece em uma posição de<br />

destaque nacional. No ano passado, foi eleita<br />

pelas Nações Unidas, como uma das 50<br />

melhores práticas de desenvolvimento social<br />

em todo país.<br />

A ONG começou o trabalho há 25 anos,<br />

com a preocupação de atender meninos e<br />

meninas que ficavam no centro da cidade.<br />

“Quando eles chegam ao centro, já vêm<br />

expulsos das famílias. Lá, precisam roubar<br />

para sobreviver e se drogar para agüentar<br />

toda violência que sofrem, tanto meninos<br />

quanto meninas já a partir de sete anos de<br />

idade. O nosso objetivo sempre foi trabalhar<br />

40 > > novembro<br />

Alexandre Albuquerque<br />

n Demetrio Demetrius trabalha há mais de 20 anos com meninos de rua<br />

com esse público de rua, que é um público que<br />

perde totalmente o sentido da vida, e que o<br />

poder público também não atende. Para muitas<br />

organizações eles são projetos sem futuro,<br />

porque são drogados, se marginalizando. É um<br />

trabalho que tem que ter muita paciência para<br />

tentar restaurar o sentido da vida deles”, ex-<br />

n Objetivos do<br />

Desenvolvimento<br />

do Milênio<br />

estabelecidos<br />

pela ONU - 2000<br />

plica o educador social e coordenador da CPP,<br />

Demetrius Demetrio.<br />

O público atendido pela ONG é de extrema<br />

vulnerabilidade social: 83,3% estão<br />

em situação de rua; 25% em situação de<br />

exploração sexual; 58,3% não têm contato<br />

com a família; 43,3% são usuários de crack<br />

e 63,3% fumam maconha. Apesar<br />

da dificuldade, existem casos que<br />

comprovam que a recuperação é<br />

possível. “Meu pai bebia muito e<br />

era bastante agressivo, então eu<br />

vim pro centro. Passei dois anos<br />

morando na rua, e lá tinha muita<br />

violência, já tentaram me matar.<br />

Chegou um rapaz com uma faca<br />

para enfiar na minha barriga, eu<br />

acordei na hora e fugi. Eu consegui<br />

largar a droga, e é muito difícil<br />

deixar a droga quando você mora<br />

na rua. Na CPP tive educação,<br />

aprendi a ler, a escrever. Hoje, graças<br />

a Deus, vivo feliz, tranquilo. Eu<br />

não quero mais voltar para aquela

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