48 > > novembro Economia Especulação global, crise financeira originada nos A EUA e que agora se espalha para o mundo é fruto da ganância por ganhos fáceis, pela falta de regulação sobre a emissão de derivativos e, na sua gênese, pelas baixas taxas de juros praticadas pelo Banco Central dos EUA na época de Alan Greenspan. Hoje há uma crise de confiança nos bancos, falta crédito que é o lubrificante da máquina econômica e a política monetária e financeira dos bancos centrais aparentam não surtir o efeito esperado. Uma crise financeira afeta, com alguma inércia, a economia real onde a perda não se mede pelo percentual de queda nas bolsas de valores, mas pelos percentuais que auferem o aumento da taxa de desemprego e o declínio na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). De fato, o Panorama Econômico Mundial recentemente divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que haverá desaceleração ou retração do PIB em vários países do mundo em decorrência da brincadeira do sistema financeiro norte-americano, comprada por parte significativa dos demais países desenvolvidos, com derivativos lastreados em hipotecas cujo valor despencou com o estouro da “bolha imobiliária”. A primeira estimativa do FMI é que a taxa de crescimento do PIB mundial caia de 3,9%, em 2008, para 3,0%, em 2009, não declinando mais graças ao desempenho dos países emergentes como o Brasil. De fato, as estimativas do FMI para o mundo desenvolvido entre este e o próximo ano são as seguintes: na Zona do Euro, o crescimento da economia cai de 1,3% para 0,2%, no Reino Unido, de 1,0% para -0,1%, nos EUA de 1,6% para 0,1% e no Japão de 0,7% para 0,5%. Ou seja, para esses paises que respondem por perto de 50% da economia mundial, o prognóstico é, no máximo de estagnação, na hipótese otimista de que algumas das medidas tomadas recentemente pelos governos e bancos centrais de mundo desenvolvido venham a funcionar. Obviamente, esses países vão comprar menos do resto do mundo, especialmente commodities industriais. Para os países emergentes, segundo o FMI, as perspectivas são menos dramáticas. A China reduziria seu crescimento de 9,7% para impacto local Jorge Jatobá jorgejatoba@revistaalgomais.com.br 9,3%, a Índia de 7,9% para 6,9% e no, caso do Brasil, esse crescimento cairia de 5,2 para 3,5% dentro de um contexto latino-americano onde o a desaceleração ocorreria de 4,6% para 3,2 %. Observe que, em termos relativos, o crescimento da economia brasileira sofreria uma redução mais acentuada do que o da China e Índia. O Brasil será afetado de várias maneiras. A primeira é pela escassez de crédito. Os exportadores, mas também os agentes econômicos mais voltados para o mercado interno já sentem que o dinheiro está escasso e mais caro. Em segundo lugar, o país será afetado pela desvalorização do Real. As importaçoes estão mais caras, inclusive as de bens de capital que são essenciais para o esforço de investimento, e as exportações, para um dado preço, mais rentável em reais, caso o exportador consiga colocar ao seu produto no exterior. Em terceiro lugar, houve enormes perdas no valor de mercado de importantes empresas brasileiras que hoje operam como global players. Isso significa também que muita gente, especialmente o pequeno investidor, perdeu dinheiro na bolsa especialmente se não agüentou ver seu dinheiro se pulverizar, realizando prejuízos que se refletirão em menor consumo. Pernambuco sofrerá os impactos que o resto do país sentirá. Ademais, pode ver planos de investimentos serem penalizados pela falta de crédito e de confiança dos investidores. Os negócios vinculados a petróleo e gás provavelmente serão pouco afetados. Isso envolve a refinaria e o estaleiro. Todavia, outros investimentos podem ser mais sensíveis, especialmente aqueles mais voltados para o comércio exterior como a fruticultura irrigada do Vale do São Francisco. Caso o nível de atividade caia, um menor superávit orçamentário ou em um déficit poderia comprometer investimentos públicos estratégicos que seriam realizados no Estado por todos os níveis de governo. O fato é que a crise é grave e cabe a todos nós torcer e agir para que os seus efeitos no Estado sejam menores. Teremos marolas e turbulências, mais de uma com certeza, mas esperase que sejam mais suaves do que em outras partes do país e do mundo.
novembro > > 49