13.04.2013 Views

quem apanha nunca esquece: um estudo de caso sobre a violência ...

quem apanha nunca esquece: um estudo de caso sobre a violência ...

quem apanha nunca esquece: um estudo de caso sobre a violência ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

física do outro. Minayo (2005, p.14-15) diz que “a <strong>violência</strong> física atinge a integrida<strong>de</strong><br />

corporal e que po<strong>de</strong> ser traduzida nos homicídios, agressões, violações e roubos a mão<br />

armada”. Esse tipo <strong>de</strong> <strong>violência</strong> é o mais falado e percebido cotidianamente, pois é muito<br />

mais notório ver as conseqüências <strong>de</strong> <strong>quem</strong> sofreu <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>violência</strong>, pois as suas marcas<br />

ficam visíveis em nosso corpo.<br />

A agressão verbal é menos notada por não <strong>de</strong>ixar marcas objetivas, só <strong>quem</strong> a sofreu<br />

sabe a dor e o constrangimento que tal agressão po<strong>de</strong> causar. Mesmo assim supomos ser o<br />

tipo mais freqüente, pois os agressores nem sempre consi<strong>de</strong>ram suas falas como <strong>violência</strong> e<br />

seguem agindo da mesma maneira. Torna-se também mais difícil a punição <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

agressão, pois não se prova fazendo <strong>um</strong> exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito como no <strong>caso</strong> da <strong>violência</strong><br />

física. Seria necessário <strong>um</strong>a gravação ou ter testemunhas validadas pela justiça para apuração<br />

do <strong>caso</strong>.<br />

Corbisier (1991, p.214) diz: “Aristóteles con<strong>de</strong>na o uso das palavras <strong>de</strong> baixo calão<br />

porque, da agressão verbal, passa-se facilmente à agressão física”. Com isso indagamos:<br />

Quem <strong>nunca</strong> presenciou, na escola, professores que falam frases <strong>de</strong>sse tipo para seus alunos:<br />

“Ainda não enten<strong>de</strong>u? Mas eu já falei mil vezes!”. Será que esse aluno terá coragem <strong>de</strong><br />

perguntar mais <strong>um</strong>a vez <strong>sobre</strong> a explicação ou vai permanecer com sua dúvida para não ser<br />

chamado <strong>de</strong> “burro” pelos colegas <strong>de</strong> classe? Risadinhas e olhares ofen<strong>de</strong>m profundamente<br />

esses alunos. Será que esse professor percebe que a sua atitu<strong>de</strong> se configura em <strong>um</strong> ato <strong>de</strong><br />

<strong>violência</strong> e constrangimento ao seu aluno?<br />

Nesse âmbito aproveitamos o ensejo para tratar <strong>sobre</strong> outra manifestação <strong>de</strong><br />

<strong>violência</strong> que se conhece e nos dispusemos a estudar. A <strong>violência</strong> simbólica vem ganhando<br />

espaço nas discussões acadêmicas e afora justamente porque a <strong>violência</strong> vem <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser<br />

vista e tratada como algo que cause apenas danos físicos e materiais.<br />

“A <strong>violência</strong> moral e simbólica é aquela que trata da dominação cultural, ofen<strong>de</strong>ndo<br />

a dignida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>srespeito aos direitos do outro”, diz Minayo (2005, p.15). De acordo com essa<br />

idéia percebemos que o ato que provoque <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>sconforto ao outro po<strong>de</strong> se<br />

configurar em <strong>violência</strong> simbólica. O conceito <strong>de</strong> <strong>violência</strong> simbólica, a partir <strong>de</strong> Bourdieu,<br />

citado por Socha (2010, p.46), diz que o termo:<br />

explicaria a a<strong>de</strong>são dos dominados em <strong>um</strong> campo: trata-se da dominação<br />

consentida, pela aceitação das regras e crenças partilhadas como se fossem<br />

“naturais”, e da incapacida<strong>de</strong> crítica <strong>de</strong> reconhecer o caráter arbitrário <strong>de</strong> tais<br />

regras impostas pelas autorida<strong>de</strong>s dominantes <strong>de</strong> <strong>um</strong> campo.<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!