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I Colóquio Internacional de Epistemologia e Psicologia ... - FUNDEPE

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troca nada mais é do que um sistema <strong>de</strong> correspondências simples ou <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>s, isto é, um<br />

‘agrupamento’, englobando os que são elaborados pelos parceiros mesmos”.<br />

Ao <strong>de</strong>screver o <strong>de</strong>senvolvimento da moral no sujeito epistêmico e os processos estruturantes das<br />

relações interindividuais, Piaget aponta uma possível solução para questões muito caras à filosofia moral.<br />

Ao nos perguntarmos como <strong>de</strong>vemos viver, vislumbramos agora um mundo <strong>de</strong> regras e tradições ao qual<br />

somos submetidos, mas, e nisso consiste a beleza <strong>de</strong>sta teoria, ao interagirmos com o outro e com o<br />

mundo, nos modificamos e o modificamos, construindo relações e valores que nos permitem chegar a<br />

outro questionamento: Que vida eu quero viver?<br />

Nesse estudo, procuramos <strong>de</strong>screver a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma teoria que, ao buscar a gênese do<br />

conhecimento humano, lança mais perguntas e sugere uma resposta que vai além dos dogmas, do senso<br />

comum e mesmo da dicotomia que sempre dividiu a psicologia, a biologia e a filosofia. À pergunta que<br />

não quer calar jamais, Piaget respon<strong>de</strong>u com a proposta da interação como meio mais provável <strong>de</strong><br />

solucionar gran<strong>de</strong>s dilemas da ciência cognitiva. Nem o meio nem o indivíduo, mas uma interação radical<br />

entre ambos possibilita o que enten<strong>de</strong>mos por conhecimento humano.<br />

E foi a partir <strong>de</strong>sse conhecer humano que procuramos pensar a ética. Apesar <strong>de</strong> não diferenciar os<br />

termos moral e ética, utilizando-se apenas do termo moral como genérico para a moralida<strong>de</strong>, Piaget<br />

<strong>de</strong>monstra uma realida<strong>de</strong> moral através da <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um sujeito heterônomo, que age segundo normas<br />

morais <strong>de</strong>vido à coação, medo <strong>de</strong> castigos físicos ou psicológicos, ou por consi<strong>de</strong>rá-las sagradas, preso à<br />

realida<strong>de</strong> social a qual pertence e, por outro lado, uma realida<strong>de</strong> ética que consiste num sujeito autônomo<br />

que através do entendimento da realida<strong>de</strong> das normas morais, chega a consenti-las no seu íntimo porque<br />

as enten<strong>de</strong> enquanto essenciais para a convivência e manutenção da socieda<strong>de</strong> justa. São duas realida<strong>de</strong>s<br />

psicológicas do sujeito moral que convivem e são, ora predominantes ora superáveis e compartilham<br />

ações e reflexões morais <strong>de</strong> cada sujeito, <strong>de</strong> cada ser.<br />

La Taille traduz na expressão “expansão <strong>de</strong> si próprio”, atribuída a Piaget, o conceito e o que<br />

constitui “o plano ético”: realida<strong>de</strong> energética (sentimentos e pulsões), sentido para viver (existencial),<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal (ser), tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> si. Isso quer dizer que para chegar a se preocupar com<br />

a indagação “que vida quero viver” (aceitando a existência <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> psicológica que também<br />

constitui o plano ético) o sujeito é “motivado” pelos sentimentos que impulsionam sua ação sem dominá-<br />

la totalmente, pois, do contrário, seríamos “escravos dos sentimentos”, mas a energética apenas dá a<br />

tônica da ação (agimos por raiva, medo, paixão, ódio, compaixão, etc.) não explica por que agimos. A<br />

tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> si próprio, o enxergar-se como um ser no mundo, é que proporciona o voltar-se<br />

para a existência e para o significado <strong>de</strong> estar no mundo e com o mundo, diferenciando-se dos <strong>de</strong>mais e,<br />

I <strong>Colóquio</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Epistemologia</strong> e <strong>Psicologia</strong> Genéticas 428

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