Política e Gestão da Educação - UFPB Virtual - Universidade ...
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<strong>Política</strong> e <strong>Gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong><br />
Diretrizes e Bases <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> e a Emen<strong>da</strong> Constitucional 53/2007 preverem tal instituto no<br />
âmbito nacional.<br />
Contesta-se não tanto o valor aprovado (R$ 950,00), que, além de se encontrar abaixo<br />
<strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des e expectativas do magistério, será garantido integralmente apenas àqueles que<br />
teriam 40 horas semanais de ativi<strong>da</strong>de docente a partir de janeiro de 2010. O maior<br />
questionamento refere-se à mu<strong>da</strong>nça quanto ao tempo de ativi<strong>da</strong>de fora de sala de aula que o<br />
docente passaria a ter direito e à fixação do piso como vencimento básico sob o qual devem ser<br />
acrescidos gratificações e outros benefícios fixados em Lei.<br />
Atualmente, na maioria dos planos de carreira, esse tempo dedicado à preparação de<br />
aulas, estudos, treinamento, qualificação, correção de provas e outras ativi<strong>da</strong>de de suporte <strong>da</strong><br />
docência é de 20% e passaria para 33%. Argumentam os governadores que tal medi<strong>da</strong> implicaria<br />
aumento do quantitativo de docentes e, em conseqüência, incremento <strong>da</strong> folha de pagamento<br />
com impactos avaliados em quase 10 bilhões de reais.<br />
Esse valor ain<strong>da</strong> está sujeito à comprovação, pois até o momento não há <strong>da</strong>dos<br />
auditáveis que comprovem esse impacto na folha de pagamento. Ademais, considerando-se que o<br />
Fundeb, mecanismo criado para financiar to<strong>da</strong> a educação básica, prevê um aporte de cerca de<br />
75 bilhões de reais, mais a complementação <strong>da</strong> União em 4,5 bilhões de reais a partir de 2009,<br />
mesmo que esses <strong>da</strong>dos fossem próximos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, o aumento seria possivelmente coberto<br />
pelo Fundo, o qual obriga um investimento mínimo em pagamento dos profissionais do magistério<br />
na ordem de 60%, isto é, pelo menos 48 bilhões de reais.<br />
O Supremo Tribunal Federal deferiu parcialmente a cautelar pedi<strong>da</strong> pelos governadores<br />
no sentido de que, até o julgamento final <strong>da</strong> ação, a referência do piso salarial seja a remuneração<br />
total e que o cálculo <strong>da</strong>s obrigações relativas ao piso se dê a partir de 1º de janeiro de 2009, mas<br />
não considerou inconstitucional a Lei 11.738/2008.<br />
Há um <strong>da</strong>do novo, porém, que não deve ser deixado de lado. A crise econômica pode<br />
implicar desaceleração no crescimento <strong>da</strong>s receitas do Fundeb. Considerando que o período de<br />
transição para que o Fundeb seja totalmente efetivado se encerrou em 2009 e <strong>da</strong>í por diante a<br />
evolução <strong>da</strong>s receitas será menos dinâmica, é importante acompanhar o comportamento dos<br />
impostos que fazem parte <strong>da</strong> cesta de recursos do fundo. É necessário ain<strong>da</strong> que sejam<br />
realiza<strong>da</strong>s pesquisas que tenham por objeto investigar se os ganhos salariais em tempos de<br />
Fundeb são suficientes para permitir um salto de quali<strong>da</strong>de na remuneração desses profissionais.<br />
Outro fator que representa um entrave para a valorização <strong>da</strong> categoria é a formação<br />
acadêmica desses profissionais. No Brasil, a escolari<strong>da</strong>de média do professor no ensino<br />
fun<strong>da</strong>mental é de 12 anos de estudo, quase o dobro <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> força de trabalho<br />
no país. Apesar desse elevado nível médio de escolari<strong>da</strong>de, em se comparando com o restante<br />
<strong>da</strong> força de trabalho no Brasil, não é suficiente para garantir a todos a licenciatura curta, que<br />
exigiria em média 13 anos de estudo. No Brasil, apenas 40% dos professores têm escolari<strong>da</strong>de de<br />
ao menos 13 anos. Os resultados são mais preocupantes por conta de haver no país cerca de 6%<br />
dos professores no ensino fun<strong>da</strong>mental que não têm qualquer formação secundária, além de 60%<br />
não possuírem formação superior (BARROS, MENDONÇA, BLANCO, 2001).<br />
Nas últimas déca<strong>da</strong>s, a escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mão-de-obra brasileira cresceu cerca de 2,4<br />
anos de estudo, passando de 3,9 para 6,2%. Nesse mesmo período, a escolari<strong>da</strong>de média dos<br />
professores cresceu apenas dois anos. Isto implica reconhecer que, quando se comparam esses<br />
<strong>da</strong>dos, a escolari<strong>da</strong>de dos professores experimentou um atraso relativo.