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sos em an<strong>da</strong>mento; formação <strong>do</strong>s casos<br />

que devem servir de paradigma; tu<strong>do</strong><br />

isso acho que pode ser enfrenta<strong>do</strong> com<br />

satisfatorie<strong>da</strong>de pelo Poder Judiciário.<br />

Nós temos uma cultura de litigiosi<strong>da</strong>de<br />

muito forte. Há aspectos de concepção<br />

<strong>do</strong>s próprios direitos individuais<br />

que levam a essa eternização, às vezes,<br />

<strong>da</strong>s deman<strong>da</strong>s. Acho que a própria ideologia<br />

cria<strong>da</strong> pela inflação contribuiu para<br />

isso, na medi<strong>da</strong> em que as pessoas de<br />

alguma forma partiam <strong>da</strong> idéia de que,<br />

enquanto não estivesse sen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong>,<br />

enquanto não transitasse em julga<strong>do</strong><br />

e o processo não fosse para execução,<br />

elas estariam acumulan<strong>do</strong> algum tipo de<br />

vantagem ou de vantagem, comparativa.<br />

Tu<strong>do</strong> isso levou a um especial desenvolvimento<br />

<strong>da</strong> litigiosi<strong>da</strong>de. O quadro<br />

inflacionário alimentou muito isso e hoje,<br />

mesmo num quadro quase que de ausência<br />

de inflação, essa prática continua.<br />

Acho que é isso que o Boaventura chama<br />

de uma litigiosi<strong>da</strong>de ativa.<br />

Nós temos, às vezes, nas Turmas <strong>do</strong><br />

STF, casos de empresas automobilísticas<br />

que recorrem de decisões <strong>do</strong> TST absolutamente<br />

pacifica<strong>da</strong>s. É muito provável<br />

que os custos, as multas impostas, to<strong>da</strong>s<br />

as sanções pela procrastinação ain<strong>da</strong><br />

sejam insuficientes para ter algum poder<br />

individual, ou que a conta custo-benefício<br />

ain<strong>da</strong> esteja positiva na relação benefíciocusto.<br />

Entendem que é melhor retar<strong>da</strong>r o<br />

cumprimento <strong>da</strong> sentença <strong>do</strong> que levá-la<br />

logo a uma execução. Quer dizer, isso<br />

talvez demande reformas no próprio<br />

modelo, retiran<strong>do</strong>-se alguns recursos,<br />

suprimin<strong>do</strong> outros, essa modernização<br />

processual de que se fala.<br />

Então, no fun<strong>do</strong>, as duas ações, a<br />

chama<strong>da</strong> morosi<strong>da</strong>de ativa e a morosi<strong>da</strong>de<br />

sistêmica, estão intimamente associa<strong>da</strong>s.<br />

Em geral, aqui se faz um pouco<br />

de “teoria <strong>do</strong>s jogos”. Quer dizer, se o<br />

sistema permite esse tipo de atitude,<br />

porque não tê-lo? O próprio Esta<strong>do</strong> tem<br />

um pouco essa lógica, embora na União<br />

já se venha quebrantan<strong>do</strong> essa prática,<br />

editan<strong>do</strong>-se súmulas e pratican<strong>do</strong>-se<br />

também essas formas racionaliza<strong>do</strong>ras,<br />

apesar de a massa de prefeituras, e as<br />

próprias administrações estaduais, às vezes<br />

insistirem em recursos que já sabem<br />

inviáveis. Isso tu<strong>do</strong> tem que passar por<br />

um processo de revisão cultural.<br />

O CNJ foi pensa<strong>do</strong> como uma<br />

forma de <strong>da</strong>r organici<strong>da</strong>de aos diversos<br />

sistemas judiciários. Passa<strong>do</strong>s<br />

quase três anos de sua instalação, V.<br />

Exª considera que os tribunais estão<br />

menos isola<strong>do</strong>s?<br />

Acho que sim. Mesmo com as<br />

tensões dialéticas verifica<strong>da</strong>s, a idéia de<br />

autonomia, por vezes de independência<br />

desenvolvi<strong>da</strong>, vem contribuin<strong>do</strong> para<br />

essa integração. Tenho dito até que o<br />

CNJ, muitas vezes, quan<strong>do</strong> identifica<br />

déficits ou traça linhas de conduta que<br />

devem ser segui<strong>da</strong>s de forma geral no<br />

Judiciário, acaba sen<strong>do</strong> um órgão de<br />

proteção <strong>do</strong> Poder Judiciário, e não um<br />

órgão que aponta erros ou déficits no<br />

que temos. Também quan<strong>do</strong> reprime<br />

determina<strong>da</strong>s condutas, e quan<strong>do</strong><br />

rejeita as impugnações eventualmente<br />

incabíveis ou desarrazoa<strong>da</strong>s, contribui<br />

para a própria produção <strong>do</strong> Poder Judiciário,<br />

evitan<strong>do</strong> aquelas condenações em<br />

massa <strong>do</strong> ponto de vista crítico, com as<br />

quais estamos muito acostuma<strong>do</strong>s e que<br />

levam às vezes a uma atitude niilista, em<br />

que na<strong>da</strong> funciona.<br />

O CNJ, hoje, passa a ser um<br />

termômetro, mostran<strong>do</strong> que há muita<br />

coisa em bom funcionamento, e pode<br />

mostrar os bons eventos que ocorrem<br />

no âmbito <strong>do</strong> Poder Judiciário. Veja que<br />

em matéria de Judiciário nós temos<br />

que ter muito cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, porque há um<br />

potencial de reclamação que envolve<br />

praticamente a metade <strong>do</strong>s agentes,<br />

<strong>do</strong>s protagonistas <strong>do</strong>s processos, há<br />

sempre uma metade insatisfeita e,<br />

por isso, se maximizarmos essas reclamações<br />

e traduzirmos isso depois<br />

em elemento de aferição <strong>do</strong> próprio<br />

Poder Judiciário, talvez nós tenhamos<br />

resulta<strong>do</strong>s distorci<strong>do</strong>s.<br />

A Magistratura <strong>Nacional</strong> convive<br />

com uma lei orgânica de quase 30<br />

anos, pré-constitucional, portanto.<br />

Qual o cronograma pensa<strong>do</strong> por V.<br />

Exª para o envio <strong>do</strong> novo estatuto<br />

<strong>da</strong> magistratura e quais as possibili<strong>da</strong>des<br />

de um prévio debate com os<br />

juízes sobre o projeto?<br />

Tenho impressão de que já há<br />

um texto bastante adianta<strong>do</strong>, mas<br />

certamente vai ter que ser acresci<strong>do</strong><br />

de algumas alterações para remessa ao<br />

Congresso <strong>Nacional</strong>. Acredito também<br />

que vamos poder ter um diálogo, sim,<br />

com as enti<strong>da</strong>des de classe a propósito<br />

desse texto. E creio que muitas <strong>da</strong>s<br />

pretensões dessas enti<strong>da</strong>des já foram<br />

pelo menos incorpora<strong>da</strong>s ao texto que<br />

foi encaminha<strong>do</strong> ao Congresso.<br />

REVISTA ANAMATRA 9 1º SEMESTRE DE 2008<br />

“Tenho impressão que<br />

parte <strong>da</strong>s questões<br />

liga<strong>da</strong>s à morosi<strong>da</strong>de<br />

(<strong>da</strong> Justiça) depende<br />

<strong>da</strong> nossa própria<br />

capaci<strong>da</strong>de de uma<br />

atuação pauta<strong>da</strong> por<br />

critérios de maior<br />

racionali<strong>da</strong>de<br />

Ain<strong>da</strong> sobre o novo Estatuto<br />

<strong>da</strong> Magistratura, quais as linhas gerais<br />

que nortearão sua elaboração?<br />

Dentro de sua construção, como<br />

estão sen<strong>do</strong> pensa<strong>da</strong>s a valorização<br />

e a preservação <strong>da</strong> Magistratura<br />

enquanto carreira de Esta<strong>do</strong>?<br />

Em linhas gerais <strong>da</strong> lei, acredito ser<br />

inequívoco o propósito <strong>da</strong> Comissão (no<br />

Congresso), e <strong>do</strong> próprio STF de valorizar<br />

o Judiciário de forma institucional.<br />

Tenho impressão que haverá muitas<br />

medi<strong>da</strong>s nesse senti<strong>do</strong>, e muitas delas<br />

já constam <strong>do</strong> próprio projeto. Do meu<br />

ponto de vista, podemos ter discrepâncias<br />

em relação a um ou outro aspecto,<br />

mas, no geral, creio que vamos ter um<br />

certo consenso quanto à valorização<br />

institucional <strong>do</strong> papel de juiz.

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