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Fundamentos de Educação em Saúde - CEAD - Unimontes

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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

Ministério da<br />

<strong>Educação</strong>


e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

Montes Claros - MG<br />

2011


Presidência da República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil<br />

Ministério da <strong>Educação</strong><br />

Secretaria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distância<br />

Ministro da <strong>Educação</strong><br />

Fernando Haddad<br />

Secretário <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distância<br />

Carlos Eduardo Bielschowsky<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Geral do e-Tec Brasil<br />

Iracy <strong>de</strong> Almeida Gallo Ritzmann<br />

Governador do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Antônio Augusto Junho Anastasia<br />

Secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia<br />

e Ensino Superior<br />

Alberto Duque Portugal<br />

Reitor<br />

João dos Reis Canela<br />

Vice-Reitora<br />

Maria Ivete Soares <strong>de</strong> Almeida<br />

Pró-Reitora <strong>de</strong> Ensino<br />

Anette Marília Pereira<br />

Diretor <strong>de</strong> Documentação e Informações<br />

Huagner Cardoso da Silva<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Ensino Profissionalizante<br />

Edson Crisóstomo dos Santos<br />

Diretor do Centro <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Profissonal e<br />

Tecnólogica - CEPT<br />

Juventino Ruas <strong>de</strong> Abreu Júnior<br />

Diretor do Centro <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> à Distância<br />

- <strong>CEAD</strong><br />

Jânio Marques Dias<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />

Rita Tavares <strong>de</strong> Mello<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Adjunta do e-Tec Brasil/<br />

CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Eliana Soares Barbosa Santos<br />

Coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> Cursos:<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Agronegócio<br />

Augusto Guilherme Dias<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Comércio<br />

Carlos Alberto Meira<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Meio<br />

Ambiente<br />

Edna Helenice Almeida<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Informática<br />

Fre<strong>de</strong>rico Bida <strong>de</strong> Oliveira<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong><br />

Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Simária <strong>de</strong> Jesus Soares<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Gestão<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Zaida Ângela Marinho <strong>de</strong> Paiva Crispim<br />

FUNDAMENTOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Elaboração<br />

Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

Projeto Gráfico<br />

e-Tec/MEC<br />

Supervisão<br />

Wen<strong>de</strong>ll Brito Mineiro<br />

Diagramação<br />

Hugo Daniel Duarte Silva<br />

Marcos Aurélio <strong>de</strong> Almeida e Maia<br />

Impressão<br />

Gráfica RB Digital<br />

Designer Instrucional<br />

Angélica <strong>de</strong> Souza Coimbra Franco<br />

Kátia Vanelli Leonardo Gue<strong>de</strong>s Oliveira<br />

Revisão<br />

Maria Ieda Almeida Muniz<br />

Patrícia Goulart Tondineli<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia Silva Dionísio<br />

L732f Lima, Joaquim Francisco <strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima. – Montes<br />

Claros : <strong>Unimontes</strong>, 2011.<br />

190 p. : il. ; 21 x 30 cm.<br />

Ca<strong>de</strong>rno didático e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> do Curso Técnico Vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong>.<br />

Bibliografia: p. 187-189<br />

ISBN 978-85-7739-262-9<br />

1. Ensino técnico. 2. Promoção da saú<strong>de</strong>. 3. Saú<strong>de</strong> - Planejamento. 4. Recursos<br />

audiovisuais. I. Escola Técnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil. II. Centro <strong>de</strong> Ensino<br />

Médio e Fundamental - CEMF. III. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Montes Claros - <strong>Unimontes</strong>.<br />

V. Título.<br />

CDD 373.246


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Apresentação e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />

Prezado estudante,<br />

B<strong>em</strong>-vindo ao e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong>!<br />

Você faz parte <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> nacional pública <strong>de</strong> ensino, a Escola<br />

Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro<br />

2007, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar o acesso ao ensino técnico público,<br />

na modalida<strong>de</strong> a distância. O programa é resultado <strong>de</strong> uma parceria entre<br />

o Ministério da <strong>Educação</strong>, por meio das Secretarias <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distancia<br />

(SEED) e <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Profissional e Tecnológica (SETEC), as universida<strong>de</strong>s e<br />

escola técnicas estaduais e fe<strong>de</strong>rais.<br />

A educação a distância no nosso país, <strong>de</strong> dimensões continentais e<br />

gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> regional e cultural, longe <strong>de</strong> distanciar, aproxima as pessoas<br />

ao garantir acesso à educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e promover o fortalecimento<br />

da formação <strong>de</strong> jovens moradores <strong>de</strong> regiões distantes, geograficamente<br />

ou economicamente, dos gran<strong>de</strong>s centros.<br />

O e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong> leva os cursos técnicos a locais distantes<br />

das instituições <strong>de</strong> ensino e para a periferia das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, incentivando<br />

os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas<br />

instituições públicas <strong>de</strong> ensino e o atendimento ao estudante é realizado <strong>em</strong><br />

escolas-polo integrantes das re<strong>de</strong>s públicas municipais e estaduais.<br />

O Ministério da <strong>Educação</strong>, as instituições públicas <strong>de</strong> ensino técnico,<br />

seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação<br />

profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica,<br />

– não só é capaz <strong>de</strong> promover o cidadão com capacida<strong>de</strong>s para produzir, mas<br />

também com autonomia diante das diferentes dimensões da realida<strong>de</strong>: cultural,<br />

social, familiar, esportiva, política e ética.<br />

Nós acreditamos <strong>em</strong> você!<br />

Desejamos sucesso na sua formação profissional!<br />

Ministério da <strong>Educação</strong><br />

Janeiro <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

3<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Indicação <strong>de</strong> ícones<br />

Os ícones são el<strong>em</strong>entos gráficos utilizados para ampliar as formas<br />

<strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e facilitar a organização e a leitura hipertextual.<br />

Atenção: indica pontos <strong>de</strong> maior relevância no texto.<br />

Saiba mais: oferece novas informações que enriquec<strong>em</strong> o assunto ou<br />

“curiosida<strong>de</strong>s” e notícias recentes relacionadas ao t<strong>em</strong>a estudado.<br />

Glossário: indica a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um termo, palavra ou expressão utilizada<br />

no texto.<br />

Mídias integradas: possibilita que os estudantes <strong>de</strong>senvolvam ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>pregando diferentes mídias: ví<strong>de</strong>os, filmes, jornais, ambiente AVEA e<br />

outras.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>: apresenta ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> diferentes níveis<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu<br />

domínio do t<strong>em</strong>a estudado.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

5<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Sumário<br />

Palavra do professor conteudista ........................................... 11<br />

Projeto instrucional ........................................................... 13<br />

Aula 1 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Evolução histórica ....................... 19<br />

1.1 Introdução ............................................................ 19<br />

1.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 19<br />

1.3 Conclusão ............................................................ 30<br />

Resumo ................................................................... 30<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 31<br />

Aula 2 - O território do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/Mapa/croqui 33<br />

2.1 Introdução ........................................................... 33<br />

2.2 Desenvolvimento ................................................... 34<br />

2.3 Conclusão ............................................................ 38<br />

Resumo ................................................................... 39<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 39<br />

Aula 3 – Território, conceitos/<strong>de</strong>finições ................................... 41<br />

3.1 Introdução ........................................................... 41<br />

3.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 41<br />

3.3 Conclusão ............................................................ 47<br />

Resumo ................................................................... 47<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 48<br />

Aula 4 – Processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> ................................ 51<br />

4.1 Introdução ........................................................... 51<br />

4.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 51<br />

4.3 Conclusão ............................................................ 54<br />

Resumo ................................................................... 55<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 55<br />

Aula 5 - Fatores pedagógicos/ as opções pedagógicos ................... 57<br />

5.1 Introdução ........................................................... 57<br />

5.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 58<br />

5.3 Conclusão ............................................................ 65<br />

Resumo ................................................................... 65<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 66<br />

Aula 6 – Do processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong> ensinar .......................... 67<br />

6.1 Introdução ........................................................... 67<br />

6.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 67<br />

6.3 Conclusão ............................................................ 75<br />

Resumo ................................................................... 75<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 75<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

7<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Aula 7 - Os quatros pilares da educação ................................... 77<br />

7.1 Introdução ............................................................ 77<br />

7.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 77<br />

7.3 Conclusão ............................................................ 79<br />

Resumo ................................................................... 79<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 80<br />

Aula 8 – <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ................................................. 81<br />

8.1 Introdução ........................................................... 81<br />

8.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 81<br />

8.3 Conclusão ............................................................ 88<br />

Resumo ................................................................... 88<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 89<br />

Aula 9 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção da saú<strong>de</strong> ...................... 91<br />

9.1 Introdução ............................................................ 91<br />

9.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 92<br />

9.3 Conclusão ............................................................ 95<br />

Resumo ................................................................... 95<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 96<br />

Aula 10 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e a promoção à saú<strong>de</strong>/ Declaração <strong>de</strong><br />

Jacarta .......................................................................... 99<br />

10.1 Introdução .......................................................... 99<br />

10.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................100<br />

10.3 Conclusão ..........................................................105<br />

Resumo ..................................................................106<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .........................................107<br />

Aula 11 - <strong>Educação</strong> e ação comunicativa ..................................109<br />

11.1 Introdução .........................................................109<br />

11.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 110<br />

11.3 Conclusão .......................................................... 121<br />

Resumo .................................................................. 121<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 121<br />

Aula 12 - Como as relações humanas ajudam no trabalho do Técnico<br />

<strong>de</strong> Vigilância .................................................................123<br />

12.1 Introdução ......................................................... 123<br />

12.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................123<br />

12.3 Conclusão .......................................................... 127<br />

Resumo .................................................................. 127<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ......................................... 127<br />

Aula 13 - Material Didático - Recursos audiovisuais ..................... 129<br />

13.1 Introdução ......................................................... 129<br />

13.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 129<br />

13.3 Conclusão .......................................................... 133<br />

Resumo .................................................................. 133<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................ 133<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 8 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Aula 14 - Material Didático – Cartilhas, cartazes e álbum seriado ..... 135<br />

14.1 Introdução ......................................................... 135<br />

14.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 135<br />

14.3 Conclusão .......................................................... 141<br />

Resumo .................................................................. 141<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 141<br />

Aula 15 - Técnica <strong>de</strong> apresentação ........................................ 143<br />

15.1 Introdução ......................................................... 143<br />

15.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................144<br />

15.3 Conclusão .........................................................146<br />

Resumo ..................................................................146<br />

Aula 16 - Técnicas educativas .............................................. 147<br />

16.1 Introdução ......................................................... 147<br />

16.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................148<br />

16.3 Conclusão .......................................................... 163<br />

Resumo .................................................................. 163<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................ 163<br />

Aula 17 - Diagnóstico <strong>de</strong> situação / informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ............. 165<br />

17.1 Introdução ......................................................... 165<br />

17.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 167<br />

17.3 Conclusão ..........................................................173<br />

Resumo ..................................................................173<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ......................................... 174<br />

Aula 18 - Planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e práticas locais .....................175<br />

18.1 Introdução .........................................................175<br />

18.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 176<br />

18.3 Conclusão ..........................................................185<br />

Resumo ..................................................................185<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ..........................................186<br />

Referências ....................................................................187<br />

Currículo do professor conteudista ........................................190<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 9<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Palavra do professor conteudista<br />

Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, das Escolas Técnicas<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – ET-SUS -, seja b<strong>em</strong>-vindo! Estamos iniciando a disciplina <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, que terá duração <strong>de</strong> 53 horas <strong>de</strong> estudo<br />

individual e 10 horas <strong>de</strong> estudo <strong>em</strong> grupo encontros presenciais e estágio que<br />

acontecerá <strong>em</strong> conjunto com as <strong>de</strong>mais disciplinas. Mesmo sendo um curso<br />

a distância, você estará apoiado pelo professor formador e pelos tutores<br />

(presenciais e a distância) na construção <strong>de</strong> conhecimentos, num processo<br />

<strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Muitas informações pertinentes serão trocadas ao longo <strong>de</strong>ste curso.<br />

Digo informações trocadas porque cada um chegou até aqui com um<br />

arcabouço <strong>de</strong> conhecimentos e vivências dos t<strong>em</strong>as que serão abordados<br />

e discutidos neste período. Como dizia o educador Paulo Freire, “ninguém<br />

sabe tudo e ninguém é totalmente uma tábua rasa”. Será possível juntar<br />

conhecimentos e sist<strong>em</strong>atizá-los para que, ao final <strong>de</strong>sta etapa, eles possam<br />

ser ampliados.<br />

O Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, nesse novo modo <strong>de</strong> fazer saú<strong>de</strong><br />

que nós quer<strong>em</strong>os construir, não está pronto e não vai ficar pronto no final<br />

<strong>de</strong>ste curso, ele vai se construir no processo. Nesta medida, é fundamental<br />

dimensionar <strong>de</strong> que maneira você, como profissional, se insere no contexto<br />

<strong>de</strong> sua atuação <strong>em</strong> relação ao sucesso da promoção e da manutenção da<br />

saú<strong>de</strong> nos ambientes <strong>em</strong> que atuará. Por isso, quero convidá-lo a aproveitar<br />

ao máximo cada uma das aulas <strong>de</strong>sta disciplina, através da leitura e da feitura<br />

<strong>de</strong> cada uma das ativida<strong>de</strong>s, pois “os objetivos da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

são <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver nas pessoas o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pela sua própria<br />

saú<strong>de</strong> e pela saú<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> a qual pertençam e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar<br />

da vida comunitária <strong>de</strong> uma maneira construtiva” (Declaração OMS e<br />

do Scientific group on research in health education - Grupo científico sobre<br />

pesquisa <strong>em</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>).<br />

Portanto é momento <strong>de</strong> aproveitar o curso para conhecer melhor a<br />

história da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, discutir sobre território e sua importância<br />

no processo-saú<strong>de</strong>-doença, analisando-o criticamente; aprofundar os estudos<br />

sobre o processo-ensino-aprendizag<strong>em</strong> e fatores pedagógicos que po<strong>de</strong>m<br />

orientar as ações educativas; analisar a importância da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

e ação comunicativa na promoção da saú<strong>de</strong>; estudar técnicas para o <strong>de</strong>spertar<br />

da comunida<strong>de</strong> e as técnicas educativas viáveis ao trabalho do Técnico<br />

<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, bom como, conhecer e <strong>de</strong>senvolver as técnicas <strong>de</strong><br />

diagnóstico e <strong>de</strong> planejamento situacional e participativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Boa Sorte e Bom Trabalho a todos e todas.<br />

Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

11<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Projeto instrucional<br />

Disciplina: <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (carga horária:<br />

63h. Estudo individual 53 horas e 10 horas estudo <strong>em</strong> grupo).<br />

Ementa: <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, das ciências sociais, <strong>de</strong><br />

meio ambiente; conceitos <strong>de</strong> território, do processo saú<strong>de</strong> e doença, indicadores<br />

sociais; informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>,<br />

a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e ação comunicativa na promoção da saú<strong>de</strong>; material<br />

didático e recursos audiovisuais, técnicas educativas; diagnóstico, planejamento<br />

e programação das ações <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS.<br />

AULA OBJETIVOS DE<br />

APRENDIZAGEM<br />

Aula 1.<br />

<strong>Educação</strong><br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> /<br />

Evolução<br />

histórica<br />

Aula 2.<br />

O território<br />

do Técnico <strong>de</strong><br />

Vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong>-Mapa/<br />

croqui.<br />

1. <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong><br />

implantação da educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong> no Brasil;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar os primeiros<br />

objetivos da educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar os dois<br />

eventos internacionais que<br />

influenciaram na educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>;<br />

4. <strong>de</strong>screver as diferenças<br />

das nomenclaturas, educação<br />

sanitária e educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar a área geográfica<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>;<br />

2. localizar limites, objetos<br />

construídos e naturais;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar as organizações<br />

que compõ<strong>em</strong> o território;<br />

4. diferenciar um croqui <strong>de</strong><br />

outros mapas, principalmente<br />

do mapa com formato digital.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

MATERIAIS CARGA<br />

HORÁRIA<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Régua <strong>de</strong> 30cm,<br />

lápis preto<br />

e colorido,<br />

borracha,<br />

cola branca,<br />

hidrocor, folha<br />

<strong>de</strong> papel <strong>em</strong><br />

branco ou<br />

quadriculado.<br />

2h<br />

4h<br />

13<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Aula 3.<br />

Território<br />

Aula 4.<br />

Processo<br />

<strong>de</strong> ensinoaprendizag<strong>em</strong><br />

Aula 5. Fatores<br />

pedagógicos/<br />

as opções<br />

pedagógicos<br />

Aula 6.<br />

Do processo<br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

ao <strong>de</strong> ensinar<br />

1. conceituar território;<br />

2. <strong>de</strong>screver as diversas coisas<br />

existentes no território que<br />

são usadas para facilitar a sua<br />

vida e a das pessoas;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar os objetos e as<br />

organizações que faz<strong>em</strong> parte<br />

do território e as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas por estas;<br />

4. distinguir os sist<strong>em</strong>as fluxos<br />

e fixos e a relação <strong>de</strong>stes com<br />

o processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s<br />

que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua<br />

localida<strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong><br />

ensinar, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve esse<br />

papel e quais os conteúdos/<br />

assuntos que são ensinados;<br />

2. <strong>de</strong>spertar para o novo<br />

conceito <strong>de</strong> ensinar;<br />

3. distinguir a relação entre<br />

apren<strong>de</strong>r e ensinar.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar as três correntes<br />

pedagógicas mais comumente<br />

presentes no cotidiano e suas<br />

implicações para o indivíduo e<br />

para a socieda<strong>de</strong>;<br />

2. comparar os fatores<br />

pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas <strong>de</strong>senvolvidas no<br />

seu território e a melhor que<br />

se adéque às suas ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar as possíveis<br />

consequências para o<br />

indivíduo e a socieda<strong>de</strong><br />

quando uma das pedagogias<br />

é exercida <strong>de</strong> maneira<br />

dominante durante um<br />

período prolongado.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar os dois<br />

el<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong><br />

(um sujeito que apren<strong>de</strong> e um<br />

objeto que é aprendido);<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

assimilação lógico-abstratos,<br />

lógico-concretos, preceptores<br />

e esqu<strong>em</strong>as sensoriais<br />

motores.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Régua <strong>de</strong> 30cm,<br />

lápis preto<br />

e colorido,<br />

borracha,<br />

cola branca e<br />

hidrocor.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 14 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

4h<br />

2h<br />

3h<br />

4h


Aula 7. Os<br />

quatros pilares<br />

da educação<br />

Aula 8.<br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong><br />

Aula 9.<br />

<strong>Educação</strong><br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

promoção da<br />

saú<strong>de</strong>.<br />

Aula 10.<br />

<strong>Educação</strong><br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

a promoção<br />

à saú<strong>de</strong>/<br />

Declaração <strong>de</strong><br />

Jacarta<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar os quatros<br />

pilares da educação e<br />

conceituar cada um <strong>de</strong>les;<br />

2. <strong>de</strong>screver os procedimentos<br />

didáticos que po<strong>de</strong>m ser<br />

adotados a partir dos quatro<br />

pilares;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar essas pr<strong>em</strong>issas<br />

<strong>de</strong>ntro do território e<br />

nos atores sociais que<br />

<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma<br />

forma, ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar e conceituar<br />

educação, saú<strong>de</strong> e educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

2. <strong>de</strong>screver as três etapas<br />

da educação profissional/<br />

educação institucionalizada<br />

ou não;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os<br />

meios pelos quais a situação<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida.<br />

1. conceituar promoção da<br />

saú<strong>de</strong>;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar o papel da<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na<br />

promoção da saú<strong>de</strong>;<br />

3. conceituar o agir educativo;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar os <strong>de</strong>terminantes<br />

da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> atuação;<br />

5. i<strong>de</strong>ntificar as ações <strong>de</strong><br />

promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu<br />

território.<br />

1. <strong>de</strong>senvolver trabalho <strong>em</strong><br />

grupo;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar as políticas<br />

públicas saudáveis<br />

<strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro do seu território,<br />

como a criação <strong>de</strong> meio<br />

ambientes que proteja a<br />

saú<strong>de</strong>, o fortalecimento<br />

da ação comunitária,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

habilida<strong>de</strong>s pessoais e a<br />

reorientação dos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Papel ofício,<br />

caneta<br />

esferográfica,<br />

outros.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 15<br />

2h<br />

3h<br />

3h<br />

2h<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Aula 11.<br />

<strong>Educação</strong><br />

e ação<br />

comunicativa.<br />

Aula 12.<br />

Relações<br />

humanas<br />

ajudam no<br />

trabalho.<br />

Aula 13.<br />

Material<br />

Didático -<br />

Recursos<br />

audiovisuais<br />

Aula 14.<br />

Material<br />

Didático –<br />

Cartilhas,<br />

cartazes e<br />

álbum seriado.<br />

1. conceituar a comunicação;<br />

2. <strong>de</strong>screver os vários tipos <strong>de</strong><br />

comunicação;<br />

3. citar o passo a passo da<br />

comunicação da social;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar mo<strong>de</strong>los e<br />

abordagens na comunicação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

5. refletir sobre o papel do<br />

Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong> na sua área <strong>de</strong> atuação.<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar os<br />

comportamentos que po<strong>de</strong>m<br />

criar barreiras ou bloqueios<br />

nas ativida<strong>de</strong>s com a<br />

comunida<strong>de</strong>/população;<br />

2. refletir sobre as suas<br />

atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> relação ao<br />

trabalho com a população;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar como as relações<br />

humanas po<strong>de</strong>m influenciar<br />

no trabalho do Técnico <strong>de</strong><br />

Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

1. conceituar material<br />

didático;<br />

2. <strong>de</strong>screver a classificação<br />

e os objetivos dos materiais<br />

didáticos;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar espaços<br />

privilegiados para a educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e construir<br />

estratégias <strong>de</strong> atuação<br />

a<strong>de</strong>quadas para o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar materiais<br />

didáticos a<strong>de</strong>quados às suas<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />

5. produzir e usar<br />

a<strong>de</strong>quadamente os<br />

audiovisuais.<br />

1. <strong>de</strong>screver a classificação<br />

e os objetivos dos materiais<br />

didáticos apresentados;<br />

2. discorrer críticas aos<br />

materiais impressos;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar materiais<br />

didáticos a<strong>de</strong>quados às suas<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />

4. <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s na<br />

confecção <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Fol<strong>de</strong>r, folhetos,<br />

panfletos, lápis<br />

colorido, lápis<br />

preto, borracha<br />

e papel<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Cartazes,<br />

cartilhas, álbum<br />

seriado,lápis<br />

colorido, lápis<br />

preto, borracha,<br />

papel kraft e<br />

papel ofício<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 16 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

3h<br />

2h<br />

3h<br />

3h


Aula 15.<br />

Técnica <strong>de</strong><br />

apresentação<br />

Aula 16.<br />

TÉCNICAS<br />

EDUCATIVAS<br />

(Contato,<br />

visita<br />

domiciliar,<br />

diagnóstico,<br />

reunião,<br />

palestra,<br />

dramatização<br />

e <strong>de</strong>mons-<br />

tração.)<br />

Aula 17.<br />

Diagnóstico<br />

<strong>de</strong> situação /<br />

informação.<br />

Aula 18.<br />

Planejamento<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

e práticas<br />

locais.<br />

1. <strong>de</strong>stacar ou <strong>de</strong>screver as<br />

dicas, para uma apresentação<br />

eficaz, que achou mais<br />

importante para ser<strong>em</strong> usadas<br />

<strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar<br />

comportamentos ina<strong>de</strong>quados<br />

<strong>em</strong> uma apresentação;<br />

3. procurar <strong>de</strong>senvolver<br />

apresentações buscando<br />

s<strong>em</strong>pre os comportamentos<br />

a<strong>de</strong>quados.<br />

1. conceituar as diversas<br />

técnicas educativas;<br />

2. <strong>de</strong>screver as formas <strong>de</strong><br />

contato;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar a importância<br />

das técnicas educativas para a<br />

comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar e listar os passos<br />

para a execução das técnicas<br />

apresentadas;<br />

5. <strong>de</strong>screver os objetivos<br />

<strong>de</strong>ssas técnicas educativas;<br />

6. elaborar uma pauta <strong>de</strong> uma<br />

reunião.<br />

1. conceituar o processo<br />

saú<strong>de</strong>-doença;<br />

2. diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo<br />

Unicausal ou se Causa Única<br />

dos <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver<br />

os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

informação utilizados <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

1. conceituar e <strong>de</strong>screver a<br />

importância do planejamento;<br />

2. <strong>de</strong>screver por que o<br />

planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

ser participativo, estratégico e<br />

situacional;<br />

3. elaborar a programação, o<br />

planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

do seu território.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

apostila e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Computador,<br />

ví<strong>de</strong>o, apostila<br />

e ambiente<br />

virtual.<br />

Papel Kraft,<br />

pincel atômico,<br />

lápis colorido e<br />

outros<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 17<br />

2h<br />

6h<br />

4h<br />

4h<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 1 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Evolução<br />

histórica<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, você possa <strong>de</strong>screver o processo histórico da<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no Brasil.<br />

Objetivos<br />

Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />

1. <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong> implantação da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no<br />

Brasil;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar os primeiros objetivos da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar os dois eventos internacionais que influenciaram na<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

4. <strong>de</strong>screver as diferenças das nomenclaturas, educação sanitária<br />

e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

1.1 Introdução<br />

Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, seja b<strong>em</strong> vindo a primeira<br />

aula <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é<br />

parte da saú<strong>de</strong> pública, portanto, quando estudamos esta disciplina <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />

levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração cada época e suas tendências <strong>de</strong>ntro da medicina e<br />

ou dos serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Antes <strong>de</strong> fazer qualquer juízo <strong>de</strong> valor<br />

é bom conhecer cada período, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> do higienista aos dias atuais. Pois a<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é dirigida para atuar sobre o conhecimento das pessoas,<br />

para que elas <strong>de</strong>senvolvam senso crítico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção sobre<br />

suas vidas e da coletivida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como sobre o ambiente com o qual interag<strong>em</strong>,<br />

criando condições para a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos melhor a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, vamos conhecer a<br />

evolução da sua história como disciplina <strong>de</strong> ensino e serviços, pois, como qualquer<br />

um <strong>de</strong> nós ou <strong>de</strong> qualquer lugar, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> t<strong>em</strong> a sua história.<br />

1.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

1.2.1 A orig<strong>em</strong> da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> - 1925<br />

Segundo Nelly Martins Ferreira Can<strong>de</strong>ias, do Departamento <strong>de</strong> Prática<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo -, <strong>em</strong> 1922, os serviços estaduais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública passaram a <strong>de</strong>sen-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

19<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


volver ativida<strong>de</strong>s inovadoras <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da atuação <strong>de</strong> GERALDO HO-<br />

RÁCIO DE PAULA SOUZA, diretor do Instituto <strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medicina <strong>de</strong> São Paulo. Ele também era responsável pela direção geral do<br />

Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública do Estado. Motivo pelo qual passou a se <strong>em</strong>penhar<br />

no estudo da organização do órgão que dirigia para, <strong>em</strong> 1925, propor a reestruturação<br />

global <strong>de</strong>ssa repartição estadual.<br />

Suas i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ser assim resumidas:<br />

• a <strong>de</strong>sinfecção terminal, símbolo <strong>de</strong> antiquada tendência, <strong>de</strong>veria<br />

<strong>de</strong>saparecer com todo o seu obsoleto material, por ser<br />

<strong>de</strong>snecessária e por não se fundamentar <strong>em</strong> nenhuma medida<br />

científica;<br />

• a ação sanitária local <strong>de</strong>veria realizar-se mediante um único órgão<br />

local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, o centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, criado, pela primeira<br />

vez, no Brasil e na América Latina;<br />

• o centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veria ser visto como um órgão estático<br />

à espera apenas <strong>de</strong> doentes ou <strong>de</strong> suspeitos interessados<br />

<strong>em</strong> procurá-lo. Esperava-se que sua ação fosse dinâmica, indo à<br />

procura <strong>de</strong> todos os m<strong>em</strong>bros da coletivida<strong>de</strong>, sãos, suspeitos ou<br />

doentes;<br />

• a política sanitária não po<strong>de</strong>ria ficar a gosto dos antigos dirigentes<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, <strong>de</strong>veria ser colocada <strong>em</strong> situação secundária,<br />

sendo utilizada como medicação excepcional. A população<br />

<strong>de</strong>veria assimilar os preceitos necessários <strong>de</strong> higiene individual<br />

através da educação sanitária.<br />

1.2.1.1 A reforma do Código Sanitário<br />

A reforma do Código Sanitário, <strong>de</strong>corrente do Decreto 3.876, <strong>de</strong> 11<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1925, aprovado e submetido à modificação pela Lei 2121, <strong>de</strong> 30<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong>sse mesmo ano, <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a um auxiliar, <strong>de</strong> nível médio,<br />

explícito nas referidas formulações. Entre outras inovações, propôs a criação<br />

da Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e <strong>de</strong> Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, e a inclusão <strong>de</strong><br />

Curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária no Instituto <strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />

<strong>de</strong> São Paulo. N<strong>em</strong> todos viram com bons olhos a proposta <strong>de</strong> inclusão<br />

do novo auxiliar no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong>. Ao contrário, muitos a<br />

consi<strong>de</strong>raram como “fantasia teórica”.<br />

De acordo com o Decredto 3.876, cabia à Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />

Sanitária ‘’promover a formação da consciência sanitária da população <strong>em</strong><br />

geral”. A expressão fora infeliz, pois, por ‘’consciência sanitária”, se compreendia,<br />

na época, a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> conhecimentos na área da saú<strong>de</strong>, a<br />

que se <strong>de</strong>nominava, também, <strong>de</strong> “educação higiênica”. De acordo com Paula<br />

Souza, a educação sanitária <strong>de</strong>veria se <strong>de</strong>senvolver com toda a generalida<strong>de</strong><br />

possível e pelos processos mais práticos, <strong>de</strong> modo a impressionar e convencer<br />

os educandos a implantar hábitos <strong>de</strong> higiene. Dirigia-se ao indivíduo,<br />

isoladamente, ou a grupos, se conviesse, sendo <strong>de</strong>senvolvida nos Centros <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> visitas domiciliares, <strong>em</strong> estabelecimentos escolares, hospitalares<br />

e fabris, entre outros.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 20 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Além da ina<strong>de</strong>quada utilização, da expressão “consciência sanitária”,<br />

algumas das apreciações a respeito do papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> da<br />

época eram, <strong>de</strong> fato, questionáveis, pois os custosos aparelhamentos s<strong>em</strong>pre<br />

formados <strong>de</strong> Higiene Pública, mantidos pelos governos, consumindo verbas<br />

consi<strong>de</strong>ráveis s<strong>em</strong> proveito apreciável, as inovações e arr<strong>em</strong>edos introduzidos<br />

s<strong>em</strong> critérios e as adaptações forçadas que não levaram <strong>em</strong> conta o meio<br />

e os hábitos do nosso povoserviram, entretanto, para <strong>de</strong>monstrar que, s<strong>em</strong> a<br />

consciência sanitária, nada se podia conseguir <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> higiene.<br />

Para Nelly Martins, Paula Souza foi um realizador hábil, não um<br />

teórico distanciado da realida<strong>de</strong>. Contudo, nos termos referidos por alguns,<br />

parecia-se sugerir, às vezes, que gran<strong>de</strong>s contingentes da população <strong>em</strong> nosso<br />

país pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> tomar <strong>de</strong>cisões, “com um pouco <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>”, s<strong>em</strong><br />

explicitar que, <strong>de</strong> fato, os riscos mais importantes não são autoimpostos,<br />

porém, sociais e ambientais.<br />

1.2.1.2 A i<strong>de</strong>ia da implantação da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Você po<strong>de</strong> estar se perguntando: <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> formar<br />

educadores <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>? Pois b<strong>em</strong>, a i<strong>de</strong>ia foi do próprio Geraldo Horácio <strong>de</strong><br />

Paula Souza, copiada dos Estados Unidos, on<strong>de</strong> ele permanecera por dois<br />

anos (1918-1920), fazendo o seu curso <strong>de</strong> doutoramento.<br />

Naquele país, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola reporta-se ao ano <strong>de</strong><br />

1840, quando Horace Mann (1796-1859), lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um movimento ligado à educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, passou a se manifestar sobre a importância <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inar<br />

conhecimentos oriundos das áreas <strong>de</strong> fisiologia e <strong>de</strong> higiene, recomendando<br />

a instrução <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. A proposta prendia-se, portanto, apenas ao nível cognitivo;<br />

a instrução <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> foi, <strong>de</strong> fato, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva histórica,<br />

o primeiro objetivo da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Sabe-se, hoje <strong>em</strong> dia, que<br />

não basta apenas informar — o que realmente importa é o que se faz com<br />

esse conhecimento. Há, pois, uma distinção fundamental entre educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong> e informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Isso nós vamos estudar <strong>em</strong> outras aulas .<br />

1.2.1.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola<br />

A literatura mostra que, no período <strong>de</strong> 1850 a 1900, muitos dos<br />

esforços <strong>em</strong> nível nacional, estadual e local visavam a estimular a educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola. Profissionalmente treinados, os educadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

na escola surgiram, precisamente, no referido período, tendo seu preparo<br />

se realizado <strong>em</strong> escolas normais. Anos <strong>de</strong>pois, como seria <strong>de</strong> se esperar, as<br />

universida<strong>de</strong>s passaram a oferecer cursos <strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> pós-graduação<br />

nessa área. O primeiro curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> realizou-se <strong>em</strong> 1921-22,<br />

na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública associada à Universida<strong>de</strong> Harvard (EUA) — MIT<br />

(Massachusetts Institute of Technology).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 21<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Profilática: medidas<br />

preventivas, formas <strong>de</strong><br />

combater ou controlar<br />

doenças. No contexto<br />

acima, <strong>de</strong>senvolver,<br />

nos centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

e escolas públicas, a<br />

educação higiênica,<br />

para evitar possíveis<br />

doenças.<br />

Figura 1: Os primórdios da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> na Escola. Uma educadora sanitária<br />

ministrando uma aula na escola Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais <strong>em</strong> 1920.<br />

Fonte: Disponivel <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong>: 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />

Como consta no artigo da Lei 2121, o curso, <strong>de</strong> nível médio, dirigia-<br />

-se a professores primários, regentes <strong>de</strong> classe. O objetivo expresso era ministrar<br />

conhecimentos teóricos e práticos <strong>de</strong> higiene para que esses professores<br />

os introduziss<strong>em</strong>, posteriormente, nos recém-criados Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

e <strong>em</strong> escolas públicas, a partir <strong>de</strong> uma proposta <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente profilática.<br />

1.2.1.3.1 Outros passos na direção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Outros passos na direção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no<br />

país foram dados por Carlos Sá e Cesar Leal Ferreira que, <strong>em</strong> 1924, criaram,<br />

no Município <strong>de</strong> São Gonçalo, no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, o primeiro Pelotão<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> uma escola estadual. No ano seguinte, Antonio Carneiro Leão,<br />

Diretor <strong>de</strong> Instrução Pública, mandou adotar o mesmo mo<strong>de</strong>lo nas escolas<br />

primárias do antigo Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Como relatamos acima, <strong>em</strong> 1925, Horácio <strong>de</strong> Paula Souza cria a<br />

Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e os Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “promover a formação da consciência sanitária<br />

da população e dos serviços <strong>de</strong> profilaxia geral e específica”. Surge, pela<br />

primeira vez, o título <strong>de</strong> educador sanitário, preparado pelo Instituto <strong>de</strong> Higiene<br />

do Estado, cuja responsabilida<strong>de</strong> principal era a divulgação <strong>de</strong> noções<br />

<strong>de</strong> higiene para alunos das escolas primárias estaduais.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 22 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Figura 2: 1º Grupo <strong>de</strong> educadores sanitários formados no antigo Instituto <strong>de</strong><br />

Higiene.<br />

Fonte: Disponível <strong>em</strong> . Acesso <strong>em</strong>: 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />

Na mesma época, era criada, <strong>em</strong> Pernambuco, por Amaury Me<strong>de</strong>iros,<br />

a Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Assistência.<br />

A fundação do Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> – mês -, ( MES - está<br />

referindo a sigla <strong>de</strong> Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> e não mês do ano) na<br />

década seguinte, cristalizou, na saú<strong>de</strong>, a centralização administrativa advinda<br />

do processo revolucionário <strong>de</strong> 1930, o que acabou gerando, além do<br />

sufocamento <strong>de</strong> todas as iniciativas estaduais, a concentração das ativida<strong>de</strong>s<br />

sanitárias nas cida<strong>de</strong>s, notadamente nas capitais, rarefazendo essas ações<br />

no interland brasileiro.<br />

A escola <strong>de</strong> higiene e saú<strong>de</strong> pública<br />

Em 1931, o Instituto <strong>de</strong> Higiene transformou-se na Escola <strong>de</strong> Higiene<br />

e Saú<strong>de</strong> Pública. Pouco antes <strong>de</strong> Arthur Neiva (1880-1943) afastar-se da<br />

Secretaria do Estado dos Negócios do Interior, <strong>de</strong>cidiu realizar importantes<br />

reformas <strong>em</strong> alguns dos <strong>de</strong>partamentos sujeitos àquela Secretaria, entre<br />

os quais se encontravam o Serviço Sanitário, o Ensino Normal, o Instituto<br />

Butantã e o Instituto <strong>de</strong> Higiene. O Decreto 4.917, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1931,<br />

transformou a Secretaria do Estado do Interior <strong>em</strong> Secretaria do Estado <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> Pública. A este, seguir-se-ia o Decreto 4.955, <strong>de</strong> 1o <strong>de</strong><br />

abril <strong>de</strong> 1931.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 23<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Artigo 1o - O Instituto <strong>de</strong> Hygiene <strong>de</strong> São Paulo, criado pelo Governo<br />

do Estado <strong>em</strong> collaboração com a Fundação Rockefeller, e officializado<br />

pela lei no 2018, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1924, fica reorganizado nos termos<br />

do presente <strong>de</strong>creto.<br />

Artigo 2o O Instituto <strong>de</strong> Hygiene <strong>de</strong> São Paulo, que é a Escola <strong>de</strong><br />

Hygiene e Saú<strong>de</strong> Pública do Estado, subordinado à Secretaria da <strong>Educação</strong><br />

e da Saú<strong>de</strong> Pública por meio <strong>de</strong> cursos regulares e outros <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência,<br />

servindo ao aperfeiçoamento e habilitação technica para funções sanitárais.<br />

Fonte Disponivel <strong>em</strong> Acesso 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />

1.2.2 Serviços <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Com a reestruturação do Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, do MES,<br />

foi transformado o “Serviço <strong>de</strong> Propaganda e <strong>Educação</strong> Sanitária” <strong>em</strong> “Serviço<br />

Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária”, com o objetivo <strong>de</strong> “formar na coletivida<strong>de</strong><br />

brasileira uma consciência familiarizada com probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.<br />

No âmbito dos estados, foram criadas réplicas dos serviços fe<strong>de</strong>rais, nos<br />

respectivos órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />

O Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>, reunindo essas duas funções paralelas,<br />

tinha condições <strong>de</strong> proporcionar aos administradores as oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> conjugá-las e, consequent<strong>em</strong>ente, prover um campo educacional<br />

extraordinário para o propósito <strong>de</strong> tornar a vida saudável. Como nos informa<br />

Brito Bastos, <strong>em</strong> seu relatório <strong>de</strong> 1969, “essa oportunida<strong>de</strong>, porém, não foi<br />

explorada na prática. Os Serviços <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária, quando muito, limitavam<br />

suas ativida<strong>de</strong>s à publicação <strong>de</strong> folhetos, livros, catálogos e cartazes;<br />

distribuíam na imprensa do país pequenas notas e artigos sobre assuntos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>; editavam periódicos sobre saú<strong>de</strong>; promoviam concursos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

lançavam mãos dos recursos audiovisuais para difundir os conceitos fundamentais<br />

da saú<strong>de</strong> e da doença. Os esforços se concentravam, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

na propaganda sanitária e, neste setor, já bastante reduzido, dava-se preferência<br />

às formas escritas, visuais, <strong>de</strong> propaganda, s<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar o gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> analfabetos no país, que era <strong>de</strong> 60%, <strong>em</strong> 1940. Esses analfabetos<br />

se concentravam, como era <strong>de</strong> se esperar, nas baixas camadas das populações<br />

urbanas e no campo”.<br />

1.2.2.1 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na FSESP<br />

A primeira gran<strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> nas ativida<strong>de</strong>s da<br />

educação sanitária ocorreu <strong>em</strong> 1942, com a criação do Serviço Especial <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública - SESP. Des<strong>de</strong> seu começo, o SESP reconheceu a educação<br />

sanitária como ativida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> seus planos <strong>de</strong> trabalho, atribuindo aos<br />

diversos profissionais, técnicos e auxiliares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> das<br />

tarefas educativas junto a grupos <strong>de</strong> gestantes, mães, adolescentes e à comunida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> geral. Foi o SESP qu<strong>em</strong> começou a preparar as professoras da<br />

re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino como agentes educacionais da saú<strong>de</strong>. Esse ex<strong>em</strong>plo<br />

<strong>de</strong> expandir essas ações para além dos limites dos órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> logo foi<br />

seguido pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> En<strong>de</strong>mias Rurais – DNERu.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 24 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Um bom ex<strong>em</strong>plo dos trabalhos da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> nessa época<br />

foi a experiência da participação dos professores rurais no controle do barbeiro<br />

(transmissor da Doença <strong>de</strong> Chagas) no município <strong>de</strong> Bambuí/MG., <strong>em</strong><br />

1974. “Bambuí está livre da presença do barbeiro, graças ao trabalho das<br />

professoras, cujo êxito po<strong>de</strong> ser atribuído ao processo <strong>de</strong> capacitação das<br />

mesmas, on<strong>de</strong> se procurou levar <strong>em</strong> conta suas experiências e vivências,<br />

reconhecendo sua autonomia, seus pontos <strong>de</strong> vista e sugestões. Em suma,<br />

houve o respeito à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo dos professores e da comunida<strong>de</strong>”.<br />

(João Carlos Pinto Dias).<br />

O Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>, ao se consolidar<strong>em</strong> <strong>em</strong> duas<br />

instituições autônomas, po<strong>de</strong>ria ter propiciado o fortalecimento da área <strong>de</strong><br />

<strong>Educação</strong> Sanitária/<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, mas isto só vai ocorrer alguns anos<br />

<strong>de</strong>pois, primeiro com Ruth Marcon<strong>de</strong>s e, posteriormente, com Brito Bastos,<br />

quando acontece a segunda transformação com a reformulação da estrutura<br />

do Serviço Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e a integração das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

educação no planejamento das ações dos <strong>de</strong>mais órgãos do Ministério da<br />

Saú<strong>de</strong>.<br />

Essas mudanças foram reflexo, também, <strong>de</strong> dois eventos internacionais.<br />

A 12ª Ass<strong>em</strong>bleia Mundial da Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Genebra (1958), reafirmou o<br />

conceito “que a educação sanitária abrange a soma <strong>de</strong> todas aquelas experiências<br />

que modificam ou exerc<strong>em</strong> influência nas atitu<strong>de</strong>s ou condutas <strong>de</strong> um<br />

indivíduo com respeito à saú<strong>de</strong> e dos processos expostos necessários para<br />

alcançar estas modificações”.<br />

Na 5ª Conferência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>Educação</strong> Sanitária, realizada <strong>em</strong> Filadélfia,<br />

<strong>em</strong> 1962, o diretor geral da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> assinalou<br />

que “os serviços <strong>de</strong> educação sanitária estão chamados a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar um<br />

papel <strong>de</strong> primeiríssima importância para saltar o abismo que continua existindo<br />

entre <strong>de</strong>scobrimentos científicos da medicina e sua aplicação na vida<br />

diária <strong>de</strong> indivíduos, famílias, escolas e distintos grupos da coletivida<strong>de</strong>”.<br />

1.2.2.2 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na SUCAM e FUNASA<br />

Nas diversas reorganizações administrativas do Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

entre 1964 e 1980, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser assinaladas a criação da Superintendência <strong>de</strong><br />

Campanhas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – SUCAM (pela fusão do DNERu com a CEM,<br />

Campanha <strong>de</strong> Erradicação da Malária), da Fundação SESP e, já <strong>em</strong> fins da<br />

década <strong>de</strong> 1970, da Divisão Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Secretaria<br />

Nacional <strong>de</strong> Ações Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. É importante ressaltar que, mais do<br />

que uma mudança terminológica, <strong>de</strong> educação sanitária para educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>, tentava-se uma nova transformação conceitual. Todas essas mudanças,<br />

entretanto, não contribuíram para o principal, que seria a introdução<br />

do componente <strong>de</strong> educação nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvidos pelo<br />

Ministério e pelas Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (as Secretarias Municipais<br />

só realizavam ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência, quando o faziam).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 25<br />

Ruth Marcon<strong>de</strong>s –<br />

Publicou vários livros<br />

na área <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Pública. Ex<strong>em</strong>plo:<br />

<strong>Educação</strong> e Promoção<br />

da Saú<strong>de</strong> e Saú<strong>de</strong> na<br />

Escola.<br />

Brito Bastos – Médico<br />

da Brigada Militar<br />

<strong>de</strong> Pernambuco;<br />

fundador, diretor<br />

e professor <strong>de</strong><br />

Higiene e Fisiologia<br />

do Curso Nacional<br />

<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física<br />

e, <strong>de</strong>pois, Escola<br />

<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física<br />

<strong>de</strong> Pernambuco;<br />

coor<strong>de</strong>nador da<br />

campanha nacional<br />

contra a varíola do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong>;<br />

superinten<strong>de</strong>nte da<br />

FSESP, entre outras<br />

funções.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Bancária: Segundo Paulo<br />

Freire, a educação<br />

bancária consiste na<br />

narração <strong>de</strong> conteúdos,<br />

pelo educador,<br />

para os educandos.<br />

“A narração [...]<br />

conduz os educandos<br />

à m<strong>em</strong>orização<br />

mecânica do conteúdo<br />

narrado. Mais ainda, a<br />

narração os transforma<br />

<strong>em</strong> ‘vasilhas’, <strong>em</strong><br />

recipientes a ser<strong>em</strong><br />

‘enchidos’ pelo<br />

educador.” (Vamos<br />

estudar este assunto<br />

na aula dos fatores<br />

pedagógicos).<br />

Mudança terminológica, <strong>de</strong> educação sanitária para<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>:<br />

A mudança <strong>de</strong> nomenclatura <strong>de</strong> educação sanitária para educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> diz respeito a mudanças nos paradigmas vigentes na prática educativa<br />

da época. A educação sanitária baseava-se na concepção <strong>de</strong> que o<br />

indivíduo tinha que apren<strong>de</strong>r a cuidar <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>, vista como ausência <strong>de</strong><br />

doença. A educação era entendida como um repasse <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, seguindo a educação tradicional e a educação “bancária”. O objetivo<br />

da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, por sua vez, não é o <strong>de</strong> informar para a saú<strong>de</strong>, mas<br />

<strong>de</strong> transformar saberes existentes. A prática educativa, nesta perspectiva,<br />

visa ao <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia e da responsabilida<strong>de</strong> dos indivíduos<br />

no cuidado com a saú<strong>de</strong>, porém, não mais pela imposição <strong>de</strong> um saber<br />

técnico-científico <strong>de</strong>tido pelo profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas sim pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da compreensão da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Objetiva-se, ainda, que essas<br />

práticas educativas sejam <strong>em</strong>ancipatórias. A estratégia valorizada por este<br />

mo<strong>de</strong>lo é a comunicação dialógica, que visa à construção <strong>de</strong> um saber sobre<br />

o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado que capacite os indivíduos a <strong>de</strong>cidir<strong>em</strong><br />

quais as estratégias mais apropriadas para promover, manter e recuperar<br />

sua saú<strong>de</strong> e a da comunida<strong>de</strong>.<br />

Fonte: Revista Baiana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública v.33, n.4, p.618-627. out./<strong>de</strong>z. 2009<br />

Figura 3: Curso <strong>de</strong> Agentes Indígenas <strong>de</strong> Saneamento. Capacitação dos<br />

indígenas Xakriabá <strong>em</strong> Saneamento Ambiental e <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Montes<br />

Claros/MG. Metodologia probl<strong>em</strong>atizadora, <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia e<br />

da responsabilida<strong>de</strong> dos indivíduos no cuidado com a saú<strong>de</strong> individual e da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 26 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Segundo os autores, a terceira transformação começa a acontecer,<br />

no entanto, ainda <strong>em</strong> meados da década <strong>de</strong> 1970, quando da implantação<br />

dos primeiros sist<strong>em</strong>as nacionais <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

Informações sobre Mortalida<strong>de</strong> (1976) e o Cadastro <strong>de</strong> Estabelecimentos <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (1979). No processo <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>sses sist<strong>em</strong>as, os veículos <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> massa foram chamados para colaborar na divulgação da importância<br />

<strong>de</strong> se contar com dados confiáveis sobre esses t<strong>em</strong>as e dos prazos<br />

<strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação dos sist<strong>em</strong>as. Aproveitava-se uma medida administrativa<br />

para informar à população as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento.<br />

Utilizou-se, também, pela primeira vez e <strong>de</strong> forma bastante tímida, a propaganda<br />

(ou marketing) subliminar, com o preenchimento <strong>de</strong> atestado <strong>de</strong> óbito<br />

<strong>em</strong> uma novela <strong>de</strong> televisão.<br />

Essa “terceira onda” da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se explicita <strong>em</strong> 1989,<br />

ao se incorporar ao Projeto Nor<strong>de</strong>ste II o financiamento, pelo Banco Mundial,<br />

<strong>de</strong> US$ 20 milhões para as ações <strong>de</strong> IEC - Informação, <strong>Educação</strong> e Comunicação.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se fazia evi<strong>de</strong>nte que os métodos e meios <strong>de</strong><br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> tradicionalmente utilizados não mais <strong>de</strong>monstravam eficiência,<br />

aprofundava-se o fosso do <strong>de</strong>sentendimento entre seus <strong>de</strong>fensores e<br />

aqueles que propugnavam a adoção da transmissão do conhecimento através<br />

dos mo<strong>de</strong>rnos meios e técnicas <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa.<br />

Surge, aí, o Programa <strong>de</strong> Controle das Doenças Endêmicas do Nor<strong>de</strong>ste<br />

– PCDEN -, do Ministério da Saú<strong>de</strong>, que restringiu a área da educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> a um serviço na Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que, mesmo s<strong>em</strong> estrutura<br />

administrativa a<strong>de</strong>quada e talvez s<strong>em</strong> pessoal técnico especializado,<br />

procurou <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar os componentes educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e mobilização<br />

comunitária nos Programas <strong>de</strong> Controle da Leshmaniose Visceral (calazar),<br />

doença <strong>de</strong> Chagas e da esquistossomose. Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atuavam<br />

na <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> ampliaram as ações educativas para os programas<br />

<strong>de</strong> controle da malária, da febre amarela, da <strong>de</strong>ngue, da tracoma, da<br />

peste bubônica e do bócio endêmico.<br />

Por mais que os programas do MS <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> contar com setor<br />

especializado para suporte <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, a população das áreas endêmicas<br />

receberam importantes insumos on<strong>de</strong> conheceram, enten<strong>de</strong>ram e<br />

modificaram sua condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O ex<strong>em</strong>plo disso foi a redução da transmissão<br />

vetorial da doença <strong>de</strong> Chagas.<br />

Em 1996, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se voltaram para os<br />

<strong>de</strong>mais projetos e programas do Ministério da Saú<strong>de</strong>, como o projeto Saú<strong>de</strong><br />

na Escola, integrado à TV Escola do MEC, que entrou <strong>em</strong> execução <strong>em</strong> 20<br />

<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997, compondo s<strong>em</strong>analmente a gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação <strong>de</strong><br />

50.000 escolas do ensino fundamental. Outro passo importante dado pela<br />

administração do MS foi a <strong>de</strong>finição, <strong>em</strong> 1998, <strong>de</strong> uma Diretoria <strong>de</strong> Programas<br />

para a área, o que naturalmente ampliou a abrangência da proposta,<br />

fazendo-a evoluir <strong>de</strong> um Projeto Saú<strong>de</strong> na Escola para um Programa <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 27<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Em 1999, houve a <strong>de</strong>scentralização, para os estados e municípios,<br />

das ações e serviços da Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no que se referia à Vigilância<br />

Epi<strong>de</strong>miológica, cabendo, a essa instituição, uma nova missão: “realizar<br />

ações <strong>de</strong> saneamento ambiental <strong>em</strong> todos os municípios brasileiros e <strong>de</strong><br />

atenção integral à saú<strong>de</strong> indígena, promovendo a saú<strong>de</strong> pública e a inclusão<br />

social, com excelência <strong>de</strong> gestão, <strong>em</strong> consonância com o SUS e com as novas<br />

metas do milênio.” (WWW.funasa.gov.br). A partir do ano 2000, a educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, nessa instituição, fica como parte integrante dos processos <strong>de</strong><br />

projetos <strong>de</strong> saneamento ambiental, “Projeto <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização<br />

Social – PESMS -”, que é financiado com recursos municipais como<br />

contrapartida e <strong>de</strong> execução direta da Funasa, nas comunida<strong>de</strong>s quilombolas,<br />

extrativistas, ribeirinhos, assentados (INCRA) e comunida<strong>de</strong>s indígenas.<br />

Foram várias experiências b<strong>em</strong> sucedidas por todo o país, com realizações<br />

<strong>de</strong> Oficinas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social e suas ações <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>.<br />

Ex<strong>em</strong>plo: comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio, <strong>em</strong> São Francisco/MG,<br />

Rio das Rãs, <strong>em</strong> Bom Jesus da Lapa/BA, Serra do Talhado <strong>em</strong> Santa<br />

Luzia/PB; al<strong>de</strong>ias indígenas <strong>de</strong> Caatinguinha e Peruaçu - Xakriabá e Vila Nova<br />

– Maxakali, <strong>em</strong> MG. (Relatórios mensais da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> da Funasa).<br />

Os servidores da Funasa cedidos aos estados e aos municípios levaram<br />

a experiência para as Regionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos estados e para as Secretarias<br />

Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Figura 4: Oficina <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na comunida<strong>de</strong><br />

quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 28 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Figura 5: Oficinas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na al<strong>de</strong>ia Vila Nova<br />

Maxakali- Bertópolis/MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

1.2.2.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na estratégia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família<br />

Na década <strong>de</strong> 1990, t<strong>em</strong> início a impl<strong>em</strong>entação da estratégia<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família que, no contexto da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> brasileira, t<strong>em</strong><br />

contribuído para a construção e consolidação do SUS. Dentre os diversos<br />

espaços dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacam-se os <strong>de</strong> atenção primária como<br />

um contexto privilegiado para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas educativas <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Isso <strong>de</strong>vido à particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses serviços, caracterizados pela<br />

maior proximida<strong>de</strong> com a população e pela ênfase nas ações preventivas<br />

e promocionais. Dentre as funções dos trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da atenção<br />

primária, <strong>de</strong>stacam-se: prestar atenção preventiva, curativa e reabilitadora,<br />

ser comunicador e educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Figura 6: Equipe, Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, comunida<strong>de</strong> quilombola Buriti do<br />

Meio – São Francisco-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 29<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


O programa <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, hoje, é abrangente a toda a<br />

atenção primária à saú<strong>de</strong> e às vigilâncias (ambiental, epi<strong>de</strong>miológica e sanitária),<br />

<strong>em</strong> todos os estados e <strong>em</strong> todos os municípios brasileiros.<br />

1.3 Conclusão<br />

Concluímos que a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é parte da saú<strong>de</strong> pública<br />

e, consequent<strong>em</strong>ente, da Medicina; cada época reflete as tendências <strong>de</strong>ssa<br />

área e acaba produzindo suas concepções, por isso, não po<strong>de</strong>mos criticar o<br />

período higienista e da educação sanitária s<strong>em</strong> analisar as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

e as suas tendências.<br />

Consi<strong>de</strong>rar a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> como disciplina <strong>de</strong> ação significa<br />

dizer que o trabalho é dirigido para atuar sobre o conhecimento das pessoas,<br />

para que elas <strong>de</strong>senvolvam juízo crítico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção sobre<br />

suas vidas e sobre o ambiente com o qual interag<strong>em</strong> e, assim, criar<strong>em</strong> condições<br />

para se apropriar<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua própria existência.<br />

As ativida<strong>de</strong>s educativas voltadas para os projetos e programas têm<br />

o objetivo <strong>de</strong> estabelecer o espaço <strong>de</strong> atuação entre a esperança do indivíduo<br />

e os projetos governamentais. Deve consi<strong>de</strong>rar a pessoa como ser<br />

vivente, com alma, com i<strong>de</strong>ias, com sentimentos e <strong>de</strong>sejos, como gente. E<br />

<strong>de</strong>ve aproximar as tecnologias do hom<strong>em</strong> comum e a ação governamental do<br />

cidadão que, por sua vez, exerce o controle social <strong>de</strong>ssas ações e serviços.<br />

A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> trabalha numa perspectiva <strong>de</strong> que a transmissão<br />

do conhecimento técnico-científico não po<strong>de</strong> ser ato <strong>de</strong> favor dos<br />

<strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r e do conhecimento. As pessoas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter acesso fácil,<br />

oportuno e compreensível, a dados e informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> sobre sua<br />

saú<strong>de</strong> (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o prontuário médico ou ficha clínica) e sobre as condições <strong>de</strong><br />

vida <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong>, município, estado e país, além <strong>de</strong> participar<br />

das sugestões, do planejamento e do controle.<br />

Resumo<br />

Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, que a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> surge a partir do<br />

<strong>em</strong>penho, da atuação <strong>de</strong> Geraldo Horácio <strong>de</strong> Paula Souza, diretor do Instituto<br />

<strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> São Paulo, e que ele mesmo trouxe<br />

a i<strong>de</strong>ia dos EUA (Estados Unidos da América), <strong>em</strong> 1920. Vimos também que,<br />

no período <strong>de</strong> 1850 a 1900, muitos dos esforços <strong>em</strong> nível nacional, estadual e<br />

local visavam a estimular a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong><br />

ao profissional auxiliar, <strong>de</strong> nível médio, e <strong>de</strong>pois, o educador sanitário.<br />

Foi possível conhecer que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu começo, a FSESP reconheceu<br />

a educação sanitária como ativida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> seus planos <strong>de</strong> trabalho,<br />

atribuindo aos diversos profissionais, técnicos e auxiliares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong><br />

das tarefas educativas junto a grupos <strong>de</strong> gestantes, mães, adolescentes<br />

e à comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral. Foi o SESP qu<strong>em</strong> primeiro preparou as<br />

professoras da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino como agentes educacionais da saú<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 30 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Foi entre 1964 e 1980 que sinalizaram e criaram a Superintendência<br />

<strong>de</strong> Campanhas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – SUCAM, pela fusão do DNERu, CEM, (Campanha<br />

<strong>de</strong> Erradicação da Malária), da Fundação SESP e, já <strong>em</strong> fins da década<br />

<strong>de</strong> 1970, da Divisão Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Secretaria Nacional<br />

<strong>de</strong> Ações Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Havendo, aí, a mudança terminológica, <strong>de</strong> educação<br />

sanitária para educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Em 1996, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se voltaram para os<br />

<strong>de</strong>mais projetos e programas do Ministério da Saú<strong>de</strong>, como o projeto Saú<strong>de</strong><br />

na Escola, integrado à TV Escola do MEC.<br />

A partir do ano 2000, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, na Funasa, fica como<br />

parte integrante dos processos <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> saneamento ambiental, “Projeto<br />

<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social – PESMS”, e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década<br />

<strong>de</strong> 1990, faz parte das ações da estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família que, no<br />

contexto da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> brasileira, t<strong>em</strong> contribuído para a construção<br />

e consolidação do SUS.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Geraldo Horácio passou a se <strong>em</strong>penhar no estudo da organização do órgão<br />

que dirigia (Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública do Estado) para propor a reestruturação<br />

global <strong>de</strong>ssa repartição. Isso aconteceu <strong>em</strong> que ano? E qual foi a sua i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>em</strong> relação ao Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>?<br />

2) De acordo com o <strong>de</strong>creto 3.876, o que cabia à Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />

Sanitária?<br />

3) O primeiro curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária foi oferecido aos professores primários<br />

e regentes <strong>de</strong> classe das escolas públicas. Qual foi o objetivo?<br />

4) O que gerou a centralização administrativa advinda do processo revolucionário<br />

<strong>de</strong> 1930?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 31<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


5) Sab<strong>em</strong>os que educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, é transformação.<br />

Baseando-se no texto, quando isso ocorre?<br />

6) A educação sanitária/educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> foi reafirmada <strong>em</strong> dois eventos<br />

internacionais; cite-os.<br />

7) Descrever a diferenças das nomenclaturas educação sanitária e educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

8) Qual o objetivo da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no Serviço <strong>de</strong> Propaganda e <strong>Educação</strong><br />

Sanitária?<br />

Retornar<strong>em</strong>os, na aula número 8, com os conceitos <strong>de</strong> educação,<br />

saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Para próxima aula (nº 02), escolha uma localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua preferência<br />

(bairro, vila, povoado, município, zona on<strong>de</strong> atua um agente <strong>de</strong> controle<br />

das en<strong>de</strong>mias, microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou território<br />

da equipe <strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família), po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual<br />

você mora ou já morou, po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você trabalha. Vamos<br />

estudar essa localida<strong>de</strong> escolhida por você. Vamos iniciar os nossos estudos<br />

<strong>de</strong>senhando essa localida<strong>de</strong>, portanto, para você ter um bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, é<br />

importante que tenha <strong>em</strong> mãos o material que se pe<strong>de</strong> para a aula.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 32 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 2 - O território Digital do Técnico <strong>de</strong> Vigi-<br />

lância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/Mapa/croqui<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa <strong>de</strong>senhar mapa/croqui da localida<strong>de</strong><br />

escolhida i<strong>de</strong>ntificando os limites, as organizações sociais (grupos) e<br />

os el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> o território.<br />

Objetivos<br />

Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar a área geográfica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>;<br />

2. localizar limites, objetos construídos e naturais;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar as organizações que compõ<strong>em</strong> o território;<br />

4. diferenciar um croqui <strong>de</strong> outros mapas, principalmente do mapa<br />

com formato digital.<br />

Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante que<br />

o aluno escolha uma localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua preferência (o município, um bairro,<br />

uma vila, um povoado, zona (área) on<strong>de</strong> atua um agente <strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias,<br />

microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, território da equipe<br />

<strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família); po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você mora<br />

ou já morou, po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você trabalha. É importante que<br />

tenha <strong>em</strong> mãos régua <strong>de</strong> 30cm, lápis preto e colorido, borracha, cola branca,<br />

hidrocor, folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco ou quadriculado e outros materiais que<br />

achar<strong>em</strong> necessários.<br />

2.1 Introdução<br />

Você já ouviu falar, muitas vezes, <strong>em</strong> território, não é verda<strong>de</strong>? Território<br />

da governança solidária. Território da equipe <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

da Família. Território do Acre (hoje, é um estado da União).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

33<br />

Croqui: É uma palavra<br />

francesa que também<br />

é usada por artistas<br />

quando quer<strong>em</strong> falar<br />

<strong>de</strong> um trabalho seu<br />

ainda inicial, uma obra<br />

inacabada, um ensaio,<br />

um esboço ou uma<br />

tentativa <strong>de</strong> organizar<br />

as i<strong>de</strong>ias <strong>em</strong> um papel,<br />

s<strong>em</strong> muita precisão.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 7: Mapa do Brasil a esquerda, <strong>de</strong>stacando o estado do Acre – quadro 02 a<br />

direita).<br />

Fonte: Disponível <strong>em</strong> . Acesso <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />

O que é um território?<br />

Pense! Não precisa respon<strong>de</strong>r agora; <strong>de</strong>pois, vamos estudar esse<br />

assunto, mas, antes, eu gostaria que você <strong>de</strong>senhasse (fazer o mapa, um<br />

croqui) a sua localida<strong>de</strong> do jeito que ela é. Não é um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> profissional,<br />

mas bastante artesanal, do seu jeito.<br />

2.2 Desenvolvimento<br />

Por on<strong>de</strong> começar a fazer um mapa? Papel e lápis na mão, momento<br />

<strong>de</strong> imaginação, visualização da localida<strong>de</strong> que você vai <strong>de</strong>senhar. De<br />

preferência, a localida<strong>de</strong> na qual você mora, mas po<strong>de</strong> ser outra <strong>de</strong> sua<br />

preferência e que tenha informações suficientes para começar o trabalho.<br />

Ex<strong>em</strong>plo: um bairro, uma vila, um povoado, zona (área) on<strong>de</strong> atua um agente<br />

<strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias, microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> –<br />

ACS -, território da equipe <strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família – ESF -, área <strong>de</strong><br />

abrangência <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ou Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Não esqueça o nome da localida<strong>de</strong>, os limites: ao norte, ao sul, ao<br />

leste e a oeste. Para facilitar essa localização, imagine você <strong>em</strong> pé, no meio<br />

da localida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> frente para on<strong>de</strong> o sol se põe, ou seja, para on<strong>de</strong> o sol entra<br />

(oeste ou poente); logo, as suas costas estão para o nascente ou leste; o<br />

braço direito está indicando o norte; o braço esquerdo indica o sul.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 34 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Imagine você o <strong>de</strong>senho dos pontos car<strong>de</strong>ais: uma pessoa <strong>de</strong> pé no<br />

centro da figura, com os braços abertos e, á sua frente, o sol se pondo.<br />

O que t<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse espaço que você vai <strong>de</strong>senhar?<br />

Isso mesmo!<br />

Ruas, casas, escolas, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, se<strong>de</strong> <strong>de</strong> órgãos e instituições<br />

públicas, se<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizações não governamentais – ONGs -, praças, oficinas,<br />

farmácias, supermercados, fábricas, lixões, encostas etc.<br />

Para enten<strong>de</strong>r melhor esse local que você escolheu, precisa <strong>de</strong><br />

muitas informações relevantes <strong>de</strong>ssa área. Po<strong>de</strong> começar colocando pontos<br />

representando o número <strong>de</strong> escolas, padarias, postos <strong>de</strong> gasolina, igrejas,<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> – UAPS - etc.; e pôr linhas para representar<br />

os limites da sua localida<strong>de</strong> escolhida (vila, povoado, bairro, cida<strong>de</strong>,<br />

área da equipe <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família etc.). Use, ainda, as linhas<br />

para dar contornos aos lotes, aos rios, às estradas, às ruas e outros.<br />

Para que o <strong>de</strong>senho tenha informações fi<strong>de</strong>dignas, é preciso que<br />

você faça uma caminhada pela localida<strong>de</strong>, com uma folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco,<br />

anotando todas as informações que acredita ser<strong>em</strong> interessantes. Primeiro,<br />

coloque pontos representando os objetos, <strong>de</strong>pois, dê nomes a esses<br />

objetos, agora, faça o traçado.<br />

Figura 8: Mapa/croqui 01,02 e 03.<br />

Fonte: Ilustração do autor.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 35<br />

Fi<strong>de</strong>dignas: confiáveis,<br />

verda<strong>de</strong>iras, autênticas,<br />

legítimas, reais.<br />

Escala: Escala é a<br />

medida ou sist<strong>em</strong>a<br />

métrico que utilizamos<br />

para fazer o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

uma coisa real. Ou seja,<br />

se eu for representar<br />

uma casa <strong>em</strong> uma folha<br />

<strong>de</strong> papel <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno<br />

(tamanho A4), para<br />

que o <strong>de</strong>senho seja<br />

s<strong>em</strong>elhante à casa <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>, eu preciso<br />

usar uma escala, uma<br />

medida que diminua<br />

as dimensões da casa<br />

para caber no papel<br />

e parecer real. Um<br />

centímetro para c<strong>em</strong><br />

centímetros, um<br />

centímetro para mil<br />

centímetros ou metros<br />

etc. Escala 1:100 (um<br />

para c<strong>em</strong>), 1:1000 (um<br />

para mil) etc.<br />

Legenda: Legenda,<br />

coisas que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

lidas; letreiro, rótulo,<br />

inscrição, dístico;<br />

texto explicativo<br />

que acompanha<br />

uma ilustração,<br />

uma gravura, numa<br />

reprodução <strong>de</strong> obra <strong>de</strong><br />

arte, <strong>em</strong> um mapa etc.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Se você tiver dificulda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> pedir ajuda a outras pessoas e profissionais,<br />

como os Agentes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da Funasa ou do município que<br />

trabalham no controle das en<strong>de</strong>mias <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong>.<br />

Para seu mapa/croqui ficar <strong>em</strong> um tamanho bom, use escala, e não<br />

se esqueça <strong>de</strong> colocar legenda para os objetos.<br />

Ex<strong>em</strong>plo: Quando <strong>de</strong>senhamos um bairro <strong>em</strong> uma folha <strong>de</strong> papel,<br />

geralmente usamos uma escala <strong>de</strong> 1:10.000 (um para <strong>de</strong>z mil). Se no campo<br />

um quarteirão t<strong>em</strong> 100 metros <strong>de</strong> comprimento, no mapa ele fica com 1<br />

centímetro. Se uma rua tiver 500 metros <strong>de</strong> comprimento, ela aparecerá no<br />

seu <strong>de</strong>senho com 5 centímetros.<br />

Olha, um mapa é, antes <strong>de</strong> tudo, uma forma <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> informações; se apenas a pessoa que o faz po<strong>de</strong> entendê-lo,<br />

então o mapa não serve para nada, afirma Barcellos (2003).<br />

Observe a figura acima, os três mapas (01, 02 e 03). Qual <strong>de</strong>les t<strong>em</strong><br />

mais informações? Isso mesmo, o três é b<strong>em</strong> mais fácil <strong>de</strong> ser entendido por<br />

uma pessoa que não participou da sua elaboração ou confecção. Não se esqueça!<br />

O mapa t<strong>em</strong> que ser i<strong>de</strong>ntificado com o nome do autor, da instituição<br />

a que pertence (o que não é o nosso caso), a data <strong>em</strong> que foi confeccionado,<br />

o nome da localida<strong>de</strong> à qual se refere o mapa. Se usar a escala, essa informação<br />

também t<strong>em</strong> que aparecer, b<strong>em</strong> como as orientações <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está o<br />

Norte do mapa.<br />

A seguir, t<strong>em</strong>os um croqui; geralmente, o caminho para confeccioná-lo<br />

é o inverso do que vimos nos mapas/croqui 01, 02 e 03. Na prática, primeiro<br />

se <strong>de</strong>senha a base <strong>de</strong> ruas, estradas, rios etc.; <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> cima <strong>de</strong>ssa<br />

base, se localizam os objetos que nos interessam.<br />

Figura 9: Foto <strong>de</strong> um mapa/croqui artesanal. Coor<strong>de</strong>nação Regional <strong>de</strong> Tocantins,<br />

Distrito Sanitário <strong>de</strong> Tocantins, município <strong>de</strong> Esplanada, localida<strong>de</strong> Lagoa.<br />

Fonte: Disponível no material didático do Proformar (O território e a Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>)<br />

www.fiocruz.gov.br. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 36 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Croqui - Esse tipo <strong>de</strong> mapa é tradicional na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e<br />

v<strong>em</strong> sendo usado para planejar as ações feitas no campo. Em uma área urbana,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, contém o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ruas, quarteirões, canais e outras<br />

referências que permit<strong>em</strong> ao agente se localizar no campo e planejar o seu<br />

trabalho. Esses mapas, geralmente, foram <strong>de</strong>senhados s<strong>em</strong> uma medição <strong>em</strong><br />

campo, por isso, não têm escala n<strong>em</strong> orientação. Isso significa que as distâncias<br />

medidas no mapa não po<strong>de</strong>m ser convertidas para o terreno. Para obter<br />

esse mapa, basta solicitar a um agente <strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias da Secretaria<br />

Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Qu<strong>em</strong> sabe o agente responsável pelo controle da<br />

<strong>de</strong>ngue que atua na zona próxima ou no local que você está <strong>de</strong>senhando. Primeiro,<br />

faça o seu mapa; <strong>de</strong>pois, busque ajuda para acrescentar informações.<br />

Verifique que as ruas são todas retas, formando quarteirões regulares.<br />

Você já viu um bairro ou uma cida<strong>de</strong> com ruas todas retas? É muito raro<br />

ter ruas e cida<strong>de</strong>s com ruas traçadas <strong>de</strong>sse jeito, <strong>em</strong> geral, são ruas curvas.<br />

Os objetos não têm o formato original ou como eles são <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, por isso,<br />

são chamados <strong>de</strong> “croqui”.<br />

Figura 10: Mapa digital.<br />

Fonte: Disponível <strong>em</strong> http://www.google.com.br/images?hl=pt-. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />

Para que serve o Mapa?<br />

Para localizar? Para i<strong>de</strong>ntificar ou para informar?<br />

Segundo Cristovam Barcellos (2003), quando pensamos <strong>em</strong> localização,<br />

uma das primeiras i<strong>de</strong>ias que surg<strong>em</strong> é a <strong>de</strong> ter um mapa/croqui. Uma<br />

das funções básicas dos mapas é situar, no espaço, rios, estradas, ruas, casas,<br />

praças, parques, plantações, indústrias, pontos <strong>de</strong> comércio, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Quando o mapa é b<strong>em</strong> elaborado, observando atentamente, po<strong>de</strong>mos<br />

conseguir várias informações, e <strong>de</strong>las é possível tirar inúmeras conclusões<br />

ao comparar os dados <strong>em</strong> cada região. Barcellos cita o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> que, se<br />

marcamos <strong>em</strong> um mapa os lugares on<strong>de</strong> as pessoas se queixaram da presença<br />

<strong>de</strong> ratos, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os ver se existe uma área <strong>em</strong> que há muitas marcações<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 37<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Você sabia que a<br />

maioria dos mapas do<br />

Brasil que ve<strong>em</strong> nas<br />

pare<strong>de</strong>s t<strong>em</strong> escala <strong>de</strong><br />

1: 10:000.000 (lê-se um<br />

para <strong>de</strong>z milhões)? Isso<br />

quer dizer que tudo o<br />

que existe no Brasil foi<br />

diminuído <strong>de</strong>z milhões<br />

<strong>de</strong> vezes. Se a distância<br />

entre Salvador-BA e<br />

Montes Claros-MG é <strong>de</strong><br />

1000 quilômetros, no<br />

mapa, vai dar apenas 10<br />

centímetros.<br />

Mapa digital: são<br />

mapas trabalhados<br />

no computador que<br />

possu<strong>em</strong> orientação<br />

especial através <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas geográficas<br />

(latitu<strong>de</strong> e longitu<strong>de</strong>).<br />

São excelentes para<br />

localizar eventos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, mapear riscos,<br />

verificar a distribuição<br />

<strong>de</strong> doenças e <strong>de</strong> todos<br />

os objetos geográficos<br />

<strong>de</strong> um território.<br />

GPS:<br />

Significa Sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> Posicionamento<br />

Global. É um aparelho<br />

que recebe, orienta<br />

e interpreta sinais<br />

<strong>de</strong> satélite que estão<br />

<strong>em</strong> volta da terra.<br />

Esse aparelho t<strong>em</strong><br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

calcular, através <strong>de</strong><br />

cálculos mat<strong>em</strong>áticos,<br />

o ponto exato on<strong>de</strong><br />

nos encontramos no<br />

momento <strong>em</strong> que ele<br />

está recebendo o sinal.<br />

Essa localização ou<br />

esse ponto no espaço é<br />

apresentado na tela do<br />

GPS.<br />

próximas, um lugar on<strong>de</strong> há muitos ratos. A mesma coisa acontece <strong>em</strong> relação<br />

ao mosquito Ae<strong>de</strong>s aegypti; tendo as vezes que se recebeu reclamações<br />

sobre a presença do mosquito, ao fazer a pesquisa, encontram-se criadouros<br />

b<strong>em</strong> próximos do local das reclamações, tanques <strong>de</strong>scobertos, piscinas <strong>de</strong>sativadas,<br />

etc.<br />

Segundo Barcellos, po<strong>de</strong>mos ainda completar esse mapa com outras<br />

informações que permitam enten<strong>de</strong>r melhor o probl<strong>em</strong>a. Como foi citado,<br />

se estamos <strong>de</strong>senhando os locais on<strong>de</strong> exist<strong>em</strong> ratos, po<strong>de</strong>ríamos recolher<br />

dados e também colocar no mesmo mapa os casos <strong>de</strong> leptospirose, uma doença<br />

muitas vezes transmitidas pela urina dos ratos; se trata-se do mosquito<br />

transmissor da <strong>de</strong>ngue, po<strong>de</strong>-se colocar os casos das doenças relacionadas a<br />

esse mosquito.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senhar, nesse mapa, usando outro símbolo, os locais<br />

com <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo, as borracharias, os chiqueiros, entulhos, esgotos a céu<br />

aberto, etc.<br />

Depois, ainda nas aulas <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

vamos estudar as causas e as consequências das doenças e, mais uma vez,<br />

vamos retornar nesse ex<strong>em</strong>plo citado sobre os ratos, assim, ver<strong>em</strong>os o potencial,<br />

a riqueza das informações dos mapas para analisar probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Olha, se a presença dos ratos é um probl<strong>em</strong>a, o lixo po<strong>de</strong> ser uma<br />

causa <strong>de</strong>sse probl<strong>em</strong>a. Os casos <strong>de</strong> leptospirose po<strong>de</strong>m ser consequência.<br />

Segundo Barcellos, se colocarmos todas essas informações juntas, estamos<br />

vendo ou fazendo uma leitura crítica dos diversos aspectos <strong>de</strong>sse probl<strong>em</strong>a.<br />

Também através do mapa po<strong>de</strong>mos planejar como evitar ou controlar esse probl<strong>em</strong>a,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo ações para eliminar os pontos <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> lixo.<br />

Você <strong>de</strong>ve estar se perguntando: o que t<strong>em</strong> a ver fundamentos <strong>de</strong><br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> com um mapa? Pois b<strong>em</strong>, “um mapa é s<strong>em</strong>pre um mo<strong>de</strong>lo<br />

simplificado da realida<strong>de</strong>. Retrata todo o território, mas <strong>em</strong> tamanho<br />

reduzido (um <strong>de</strong>senho)”. Para fazer um mapa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> muito estudo<br />

do território/localida<strong>de</strong>; somente estudando a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong> é<br />

possível propor ações para a mudança <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> para melhor.<br />

Nas prefeituras você po<strong>de</strong> encontrar mapas cadastrais, quer dizer,<br />

mapas <strong>em</strong> que aparec<strong>em</strong> as ruas, os quarteirões etc. Outro mapa mais completo<br />

é o que t<strong>em</strong> formato digital (MAPA DIGITAL), isto é, armazenados <strong>em</strong><br />

computador. São produzidos a partir <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas geográficas (latitu<strong>de</strong> e<br />

longitu<strong>de</strong>) tiradas com GPS.<br />

2.3 Conclusão<br />

Esse exercício teve como objetivo possibilitar a você, futuro Técnico<br />

<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, uma breve reflexão sobre a sua realida<strong>de</strong>. Primeiro<br />

porque você é cidadão/cidadã <strong>de</strong>sse território e, através do <strong>de</strong>senho, pô<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar melhor compreensão sobre a sua localização nesse espaço e sobre<br />

tudo o que o compõe. Não se esqueça <strong>de</strong> que, quando pensamos <strong>em</strong> lo-<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 38 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


calização, uma das primeiras i<strong>de</strong>ias que surg<strong>em</strong> é a <strong>de</strong> ter um mapa; uma das<br />

funções básicas dos mapas é situar, no espaço, rios, estradas, construções,<br />

praças, casas, fábricas, terrenos baldios, <strong>de</strong>ntre outros. Quando b<strong>em</strong> observados,<br />

os mapas po<strong>de</strong>m conseguir informações para tirar muitas conclusões<br />

ao comparar os dados <strong>em</strong> cada região. Portanto, vamos usar esse mapa/<br />

croqui <strong>em</strong> vários momentos <strong>de</strong>ste curso, principalmente nas nossas aulas.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível fazer uma reflexão sobre o lugar que<br />

você escolheu para fazer o croqui; i<strong>de</strong>ntificação da área geográfica; dos limites;<br />

dos objetos construídos (construídos pelo hom<strong>em</strong>) e dos objetos naturais<br />

(criados pela natureza). Neste estudo, na observação, você i<strong>de</strong>ntificou as<br />

organizações que compõ<strong>em</strong> esse território. Foi possível diferenciar um croqui<br />

<strong>de</strong> outros mapas, principalmente do mapa com formato digital, que t<strong>em</strong><br />

informações geográficas precisas, mas, para o nosso trabalho, precisam ser<br />

compl<strong>em</strong>entados.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

Faça um breve histórico da localida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senhou (Como<br />

ela começou. Quais foram os primeiros moradores? Como conseguiram o terreno?)<br />

e procure informações atuais sobre o número <strong>de</strong> habitantes e o que<br />

eles faz<strong>em</strong> para sobreviver.<br />

Em outras ativida<strong>de</strong>s, vamos solicitar outras informações <strong>de</strong>ssa<br />

área escolhida.<br />

Na próxima aula, vamos fazer um breve estudo sobre “Território”<br />

e, <strong>em</strong> seguida, concluir esse mapa com as informações que acharmos necessárias.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 39<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 3 – Território, conceitos/<strong>de</strong>finições<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> conceituar “Território”,<br />

i<strong>de</strong>ntificando objetos, sist<strong>em</strong>as, as organizações sociais (grupos) e as ativida<strong>de</strong>s<br />

que elas <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nesse espaço.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar território;<br />

2. <strong>de</strong>screver as diversas coisas existentes no território que são<br />

usadas para facilitar a sua vida e a das pessoas;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar os objetos e as organizações que faz<strong>em</strong> parte do território<br />

e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas por estas;<br />

4. distinguir os sist<strong>em</strong>as fluxos e fixos e a relação <strong>de</strong>stes com o<br />

processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />

Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante ter<br />

<strong>em</strong> mãos o croqui que você <strong>de</strong>senhou, régua <strong>de</strong> 30 cm, lápis preto e colorido,<br />

borracha, cola branca, hidrocor e outros materiais que achar<strong>em</strong> necessários,<br />

além <strong>de</strong> informações sobre o território <strong>de</strong>senhado.<br />

3.1 Introdução<br />

Na aula anterior, perguntei se você sabia o que era um “Território”<br />

e pedi que fizesse um mapa da sua localida<strong>de</strong> (na qual mora, na qual trabalha<br />

ou outra). E aí, já pensou o que é um território? Não precisa respon<strong>de</strong>r<br />

agora, daqui a pouco, vamos estudar esse assunto.<br />

O mapa/croqui está pronto? Que bom, concluiu o <strong>de</strong>safio, pois só vai<br />

ter condição <strong>de</strong> continuar a discussão se você cumpriu o estabelecido até aqui.<br />

3.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

3.2.1 Território<br />

Segundo Luiz Jacintho da Silva, para que a socieda<strong>de</strong> exista, é necessário<br />

adaptar o espaço <strong>em</strong> que ela se <strong>de</strong>senvolve. O espaço, aqui entendido<br />

como tudo o que existe à nossa volta, é como o palco on<strong>de</strong> se encena essa<br />

peça chamada vida. Às vezes, uma tragédia, às vezes, um romance, às vezes,<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

41<br />

Território:<br />

Mini Aurélio:<br />

extensão<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> terra;<br />

área dum país, <strong>de</strong><br />

uma província; base<br />

geográfica do Estado<br />

(solo, rios, lagos,<br />

baías, portos, etc.)<br />

sobre a qual exerce<br />

ele a sua soberania.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Luiz Jacintho da Silva<br />

Professor titular<br />

<strong>de</strong> Infectologia,<br />

Departamento <strong>de</strong><br />

Clínica Médica,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

Médicas da Unicamp.<br />

Subjetivas: individuais,<br />

pessoais e particulares.<br />

uma comédia, mas s<strong>em</strong>pre se transformando, s<strong>em</strong>pre se alterando. Com ela,<br />

as doenças. Segundo ele, Luiz Jacinto, isso é como no teatro, para enten<strong>de</strong>rmos<br />

o enredo da peça, precisamos enten<strong>de</strong>r o cenário. Olhar o território e<br />

buscar entendê-lo é mais do que dominar um conjunto <strong>de</strong> técnicas, é assumir<br />

uma forma <strong>de</strong> raciocínio, adotar uma lógica diferente para a compreensão<br />

do processo da vida.<br />

Muito se fala sobre o papel da <strong>de</strong>terminação social, econômica e<br />

política da doença; no entanto, pouco se faz <strong>de</strong> prático para permitir a sua<br />

compreensão. As reflexões que segu<strong>em</strong> a seguir ajudarão você na conclusão<br />

da elaboração do mapa e no estudo da sua localida<strong>de</strong>. Esse estudo dará uma<br />

interpretação simples e agradável aos processos lógicos necessários para,<br />

no futuro, conhecermos as doenças a partir do conhecimento do território,<br />

assim como a construção <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A <strong>de</strong>manda atual é <strong>de</strong> profissionais com uma visão do todo, visão<br />

abrangente, para isso, nada melhor do que estudar o seu próprio território.<br />

Para Luiz Jacinto, o “Território” é mais do que o chão <strong>em</strong> que pisamos,<br />

como a vigilância é mais do que o registro cartorial <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doença.<br />

Na sua concepção, o que é um TERRITÓRIO?<br />

Bom, vamos ver o que alguns estudiosos nos falam sobre “Território”.<br />

Segundo Haesbaert, 2004, o termo território, originalmente, é formado<br />

pela junção <strong>de</strong> duas palavras latinas, terri (terra) e torium (pertencente<br />

a), e foi <strong>em</strong>pregado para <strong>de</strong>nominar as terras sob jurisdição das cida<strong>de</strong>s<br />

antigas; no mundo mo<strong>de</strong>rno, é utilizado para <strong>de</strong>nominar as terras dos reinos.<br />

Essa compreensão, por ser muito antiga, é a mais diss<strong>em</strong>inada. Assim, no<br />

senso comum, território refere-se ao espaço <strong>de</strong>limitado e controlado por<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, geralmente o po<strong>de</strong>r do Estado. Neste caso, estudar o território<br />

brasileiro é analisar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional formada pela convivência<br />

<strong>de</strong> muitas gerações <strong>de</strong> pessoas organizadas politicamente, <strong>em</strong> um espaço<br />

on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r é exercido por um governo soberano, falando a mesma língua<br />

e obe<strong>de</strong>cendo as mesmas leis. Mas o <strong>de</strong>senvolvimento da noção <strong>de</strong> território<br />

não se restringe apenas a esta dimensão política. Viver no território nacional<br />

também po<strong>de</strong> ser visto como produto da apropriação e da valorização simbólica<br />

<strong>de</strong> grupos sociais que preservam seus laços culturais. Neste sentido,<br />

o território é o que é mais próximo <strong>de</strong> nós e que nos liga ao mundo, o que<br />

reforça uma dimensão territorial simbólica, produzida nas interações subjetivas<br />

dos sujeitos que compartilham suas experiências sociais. (Monken e<br />

Barcellos, 2005).<br />

Para Rogério Haesbaert, ainda que não seja a concepção mais difundida,<br />

o território também po<strong>de</strong> ser entendido como espaço dominado e/<br />

ou apropriado; manifesta, hoje, um sentido multiescalar e multidimensional<br />

que só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente apreendido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong><br />

multiplicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma multiterritorialida<strong>de</strong>. Toda ação que efetivamente<br />

se pretenda ser transformadora, hoje, necessita, obrigatoriamente, encarar<br />

esta questão: ou se trabalha com a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos territórios ou<br />

não se alcançará nenhuma mudança positivamente inovadora.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 42 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


3.2.2 Lugares e Transformações<br />

A foto abaixo mostra um lugar se transformando, casas <strong>de</strong> taipa<br />

estão dando lugar as casas <strong>de</strong> tijolo. A mata foi <strong>de</strong>rrubada para dar lugar as<br />

pastagens dos fazen<strong>de</strong>iros e agora às casas e outras construções dos indígenas<br />

Maxakali).<br />

Figura 11: A<strong>de</strong>ia Pradinho, etnia Maxakali, Bertópolis-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

Segundo Christovam Barcellos e Luisa Iñigues Rojas, todos nós viv<strong>em</strong>os<br />

<strong>em</strong> um espaço geográfico. Neste espaço, exist<strong>em</strong> diversas coisas que<br />

usamos para facilitar a nossa vida: nossa casa, nosso local <strong>de</strong> trabalho, um<br />

lugar para encontrar os amigos, para comprar alimentos, para estudar etc.<br />

Para os autores, da mesma forma, para que a socieda<strong>de</strong> exista, é necessário<br />

adaptar esse espaço <strong>em</strong> que ela se <strong>de</strong>senvolve. Segundo eles, basta olhar<br />

pela janela e ver todas as construções feitas no espaço, como as ruas, estradas,<br />

prédios e casas. Todas essas obras são modificadas na natureza, feitas<br />

para criar um novo ambiente que seja mais adaptado à vida humana.<br />

Quantas vezes você mesmo já observou e/ou já acompanhou essas<br />

transformações, como a <strong>de</strong>rrubada das árvores para construir casas ou fazer<br />

roça, a <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> uma casa velha, a construção <strong>de</strong> uma estrada, <strong>de</strong> uma<br />

barrag<strong>em</strong> etc.? Essas ações humanas mudam a paisag<strong>em</strong> e o modo <strong>de</strong> viver<br />

das pessoas.<br />

É raro, mas ainda exist<strong>em</strong>, <strong>em</strong> sua região, locais que conservam as<br />

características naturais <strong>de</strong> épocas passadas pouco modificadas pelo hom<strong>em</strong>:<br />

os rios, as montanhas, as florestas. Em geral, quanto mais mo<strong>de</strong>rna é uma<br />

socieda<strong>de</strong>, mais ela transforma o espaço.<br />

Como é a socieda<strong>de</strong> brasileira?<br />

Todos viv<strong>em</strong> do mesmo jeito? Nas mesmas condições?<br />

É isso mesmo, a socieda<strong>de</strong> brasileira é bastante <strong>de</strong>sigual, e, além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sigual, injusta. Os brasileiros viv<strong>em</strong> <strong>de</strong> maneira diferente e <strong>em</strong> condições<br />

adversas. Observe, na sua cida<strong>de</strong>, o local on<strong>de</strong> viv<strong>em</strong> as pessoas com menor<br />

po<strong>de</strong>r aquisitivo t<strong>em</strong> aspectos diferentes dos lugares on<strong>de</strong> viv<strong>em</strong> aqueles<br />

com maior renda.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 43<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 12: Al<strong>de</strong>ia Cachoeira - Maxakali, município <strong>de</strong> Santa Helena <strong>de</strong> Minas-MG. e<br />

do outro lado a Avenida Paulista – SP.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

Falamos que os lugares estão s<strong>em</strong>pre se transformando. Como são<br />

essas transformações? Harmoniosas ou conflituosas? Elas po<strong>de</strong>m ser tanto<br />

harmoniosas como conflituosas porque são situações diferentes, com atores<br />

diferentes, portanto, não são iguais. Cada pessoa vive <strong>de</strong> um jeito, faz coisas<br />

diferentes, com ocupações diversas, com o seu jeito <strong>de</strong> relacionar e conviver<br />

com o ambiente. Os diferentes “atores sociais” existentes no lugar viv<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

constante luta entre si.<br />

Mas porque essa divergência entre os diversos atores sociais?<br />

Como falamos, cada um é diferente, vive diferente e pensa diferente.<br />

Segundo Barcellos e Iñigues, essa dinâmica acontece porque “para uns, o<br />

lugar <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> uma maneira e, para outros, <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> outra. Por<br />

isso, exist<strong>em</strong> conflitos entre esses grupos, e o lugar é s<strong>em</strong>pre o resultado<br />

<strong>de</strong>sses conflitos”. Além disso, para os autores, o mesmo lugar é usado <strong>de</strong><br />

forma diferente pelos grupos e, mesmo que não estejam escritas, exist<strong>em</strong><br />

regras para a vida e para os lugares, isto é, que regulam o uso do lugar.<br />

Para que serv<strong>em</strong> as casas? Para que serv<strong>em</strong> as igrejas? E as áreas <strong>de</strong> lazer?<br />

Pois b<strong>em</strong>, casas serv<strong>em</strong> para morar, igrejas para rezar e áreas <strong>de</strong><br />

lazer para se divertir. Agora, tente imaginar o que aconteceria se essas regras<br />

foss<strong>em</strong> trocadas! Que confusão daria.<br />

O que precisa uma pessoa comum fazer para viver?<br />

Exatamente, para viver, precisa trabalhar, fazer compras, encontrar<br />

outras pessoas, ter lazer etc. Diariamente, as pessoas estabelec<strong>em</strong> relações<br />

com outras pessoas e, por isso, com o seu lugar.<br />

Agora imagine uma fábrica! Ela é um lugar <strong>em</strong> que se preparam<br />

produtos para, <strong>de</strong>pois, ven<strong>de</strong>r. Para isso, precisa <strong>de</strong> trabalhadores, <strong>de</strong> materiais<br />

usados na fabricação, <strong>de</strong> equipamentos etc. Imaginando b<strong>em</strong>, na rotina<br />

<strong>de</strong>sse local, todos os dias, chegam e sa<strong>em</strong> coisas e pessoas. Vocês já viram<br />

fábrica só com o prédio vazio? Com certeza não; s<strong>em</strong> esses fluxos <strong>de</strong> mate-<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 44 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


iais e pessoas, as fábricas não existiriam. Quando i<strong>de</strong>ntificamos uma fábrica<br />

no nosso trabalho <strong>de</strong> campo, na verda<strong>de</strong>, estamos apontando para um lugar<br />

que t<strong>em</strong> uma localização, uma forma e também uma função. Qualquer objeto<br />

geográfico t<strong>em</strong> fluxos. Milton Santos (1999) dizia que a geografia <strong>de</strong> um<br />

lugar é formada por fluxos e fixos. Quando se elabora um mapa, ou quando<br />

simplesmente se observa o campo <strong>de</strong> trabalho, são <strong>de</strong>stacados os fixos, representados<br />

pelas casas, ruas, fábricas, igrejas etc. Mas é preciso saber que<br />

nesses fixos exist<strong>em</strong> também fluxos.<br />

Figura 13: Shopping Popular <strong>em</strong> Montes Claros-MG. Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> fixo e fluxo.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

Figura 14: Praça Dr. Carlos <strong>em</strong> Montes Claros-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 45<br />

Fluxos: São sist<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> circulação e <strong>de</strong><br />

troca que animam e<br />

dão vida aos lugares,<br />

aos territórios. Os<br />

fluxos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />

diferentes naturezas<br />

- <strong>de</strong> informações, <strong>de</strong><br />

produtos, <strong>de</strong> pessoas,<br />

<strong>de</strong> automóveis, <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong> cultura,<br />

<strong>de</strong> dinheiro, e até <strong>de</strong><br />

drogas e doenças.<br />

Esses fluxos po<strong>de</strong>m até<br />

extrapolar os limites<br />

dos territórios locais,<br />

tornando-se fluxos<br />

regionais, nacionais e<br />

até transnacionais. A<br />

combinação <strong>de</strong> alguns<br />

<strong>de</strong>les po<strong>de</strong>, se não<br />

for b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida e<br />

conhecida, causar uma<br />

série <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida das pessoas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a poluição ambiental,<br />

passando pela<br />

importação <strong>de</strong> doenças<br />

<strong>de</strong> outros lugares, até<br />

questões econômicas<br />

sérias, como a lavag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> dinheiro resultante<br />

do tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />

Fixos: São sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

objetos que compõ<strong>em</strong> a<br />

paisag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um lugar,<br />

<strong>de</strong> um território. Po<strong>de</strong>m<br />

ser naturais – morros,<br />

rios, lagoas etc. - e<br />

po<strong>de</strong>m ser construídos<br />

pelo hom<strong>em</strong> – casas,<br />

fábricas, estradas,<br />

automóveis, escolas<br />

etc. Depen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />

suas localizações no<br />

território, da função e<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

um <strong>de</strong>sses objetos,<br />

eles po<strong>de</strong>m ampliar ou<br />

diminuir os riscos para<br />

a produção da saú<strong>de</strong> ou<br />

da doença.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Objetos:<br />

Geralmente, pensamos<br />

nos objetos como coisas<br />

pequenas, mas, uma<br />

casa, uma fábrica, uma<br />

plantação ou até mesmo<br />

uma cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>rados objetos.<br />

Objetos geográficos:<br />

Para o geógrafo Milton<br />

Santos, os objetos são<br />

tudo o que existe na<br />

superfície da terra,<br />

toda a herança da<br />

história natural e<br />

todo o resultado da<br />

produção humana<br />

que se concretizou.<br />

São objetos móveis e<br />

imóveis, tal como uma<br />

cida<strong>de</strong>, uma barrag<strong>em</strong>,<br />

uma estrada <strong>de</strong><br />

rodag<strong>em</strong>, um porto, um<br />

prédio, uma floresta,<br />

uma plantação, um<br />

lago ou uma montanha.<br />

Aquilo que se cria fora<br />

do hom<strong>em</strong> e se torna<br />

instrumento material<br />

<strong>de</strong> sua vida. O espaço<br />

geográfico supõe todos<br />

os objetos existentes<br />

numa extensão<br />

contínua, todos, s<strong>em</strong><br />

exceção. O uso <strong>de</strong>les<br />

pelas pessoas possibilita<br />

e potencializa as ações<br />

humanas e po<strong>de</strong>m<br />

produzir ou ampliar,<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua<br />

utilização e qualida<strong>de</strong>,<br />

probl<strong>em</strong>as para a saú<strong>de</strong><br />

humana.<br />

A mesma coisa acontece com os outros objetos, como um domicílio,<br />

um bar, uma Policlínica ou uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> - UAPS.<br />

Quando falamos <strong>em</strong> função dos objetos geográficos, estamos falando dos<br />

fluxos e das regras existentes. Esses objetos só têm razão <strong>de</strong> ser se tiver<strong>em</strong><br />

fluxos que dão vida a esses objetos.<br />

Os lugares com condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sfavoráveis são, <strong>em</strong> geral, marcados<br />

pelo saneamento precário, pela contaminação das águas, do ar, dos<br />

solos ou dos alimentos, por conflitos no relacionamento interpessoal, pela<br />

falta <strong>de</strong> recursos econômicos. São, <strong>em</strong> geral, lugares com enormes limitações<br />

para o consumo <strong>de</strong> bens e serviços, incluindo os mais el<strong>em</strong>entares –<br />

beber água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, alimentar-se três vezes ao dia, as crianças ir<strong>em</strong> à<br />

escola etc.<br />

Assim, as condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> grupos sociais nos territórios <strong>de</strong>fin<strong>em</strong><br />

um conjunto <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, necessida<strong>de</strong>s e insatisfações que variam no<br />

t<strong>em</strong>po. Essas condições po<strong>de</strong>m melhorar ou piorar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da efetiva<br />

participação <strong>de</strong> instituições e organizações formais, não formais e da própria<br />

população. (Fiocruz, 2003, p.39)<br />

O território na saú<strong>de</strong> coletiva.<br />

Você sabia que, segundo Barcelos e Iñiguez, para nós, trabalhadores<br />

na área da saú<strong>de</strong>, o território t<strong>em</strong> várias conotações: por um lado, os sist<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se organizam sobre uma base territorial, o que significa que<br />

a distribuição dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> segue a uma lógica <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong> abrangência que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser coerentes com os três níveis <strong>de</strong> atenção<br />

- primário, secundário e terciário.<br />

Por outro lado, na organização das práticas <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

é fundamental o reconhecimento do território, ou seja, i<strong>de</strong>ntificar e<br />

interpretar a organização e a dinâmica das populações que nele habitam, as<br />

condições <strong>de</strong> vida da população e as diferentes situações ambientais que os<br />

afetam.<br />

(...) Em alguns momentos, po<strong>de</strong>m acontecer fenômenos ou eventos,<br />

que mudam as condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> forma drástica, como por ex<strong>em</strong>plo as<br />

intensas chuvas, que po<strong>de</strong>m danificar os lugares habitados, principalmente<br />

as invasões ou favelas, ou áreas <strong>de</strong> ocupação irregulares, situadas <strong>em</strong> locais<br />

elevados, ou áreas baixas por causa <strong>de</strong> inundações. Dentro do território, famílias<br />

po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r o <strong>em</strong>prego e mudar completamente suas condições <strong>de</strong><br />

vida, <strong>em</strong> relação com o consumo <strong>de</strong> bens e serviços, e, <strong>em</strong> casos extr<strong>em</strong>os,<br />

até per<strong>de</strong>r a moradia. Claro que essas situações terão rapidamente consequências<br />

sobre a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas populações.<br />

Os processos que acontec<strong>em</strong> no território durante o t<strong>em</strong>po produz<strong>em</strong><br />

a saú<strong>de</strong> ou a doença <strong>de</strong> seus habitantes, tanto para aqueles que moram<br />

permanent<strong>em</strong>ente como para os que resi<strong>de</strong>m durante períodos <strong>de</strong>terminados<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> respon<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas diferentes<br />

<strong>de</strong> acordo com essa dinâmica dos lugares.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 46 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Portanto, a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve entre o reconhecimento<br />

do espaço populacional, dos lugares e a vida nesses lugares, as<br />

mudanças cotidianas – periódicas ou circunstanciais -, que também po<strong>de</strong>m<br />

provocar mudanças nos probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Cristovam Barcelos<br />

Luíza Iñguez Rojas<br />

Depois <strong>de</strong> preencher a lista, pense <strong>em</strong> todos os objetos geográficos<br />

que você visitou ou passou <strong>em</strong> apenas um dia. Em alguns, você ficou pouco<br />

t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> outros, po<strong>de</strong> ter ficado um t<strong>em</strong>po maior.<br />

L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> quantas pessoas você viu <strong>em</strong> cada um <strong>de</strong>sses lugares.<br />

Elas po<strong>de</strong>m ter um dia bastante diferente do seu, mas vocês se encontraram<br />

<strong>em</strong> algum <strong>de</strong>sses lugares. L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>: esses objetos são pontos fixos no<br />

território. Mas porque neles passam várias pessoas durante o dia? Em todos<br />

os horários t<strong>em</strong> o mesmo fluxo? Claro que não! Em <strong>de</strong>terminado horário do<br />

dia os objetos (lugares) são mais movimentados do que <strong>em</strong> outros. Por isso,<br />

parece estranho ver um banco, uma padaria, uma lanchonete que estavam<br />

tão cheios <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado horário e, às vezes, tão vazios <strong>em</strong> outros. Esta é<br />

uma regra <strong>de</strong>sses objetos.<br />

Já pensou que, se fizéss<strong>em</strong>os essa lista para todos os objetos geográficos<br />

do seu território e <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s das pessoas que passaram<br />

por eles, teríamos um retrato exato <strong>de</strong> como funciona esse território.<br />

3.3 Conclusão<br />

Após este estudo, concluímos que o território é s<strong>em</strong>pre um campo<br />

<strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong> expressão do po<strong>de</strong>r público, privado, governamental ou<br />

nãogovernamental e, sobretudo, populacional. Cada território t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

área, uma população e uma instância <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; além disto, a<br />

vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> também se <strong>de</strong>senvolve no espaço populacional.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que “Território é espaço geográfico e neste<br />

espaço, exist<strong>em</strong> diversas coisas que usamos para facilitar nossa vida: nossa<br />

casa, nosso local <strong>de</strong> trabalho, um lugar para encontrar os amigos, para comprar<br />

alimentos, etc.” Vimos, ainda, que fluxos são sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> circulação<br />

e <strong>de</strong> troca que animam e dão vida aos lugares, aos territórios. Com essas<br />

informações, completamos o nosso mapa/croqui.<br />

Chegamos à conclusão que Território:<br />

• s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> limites que po<strong>de</strong>m ser político-administrativo;<br />

• contém as relações entre seus habitantes;<br />

• é uma construção social <strong>em</strong> permanente mudança;<br />

• é relativamente homogêneo internamente, com uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

que vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da história <strong>de</strong> sua construção;<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 47<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• e o mais importante: ele é portador <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Nele, constro<strong>em</strong>-se<br />

e se exercitam os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> atuação, tanto do governo<br />

como <strong>de</strong> seus habitantes.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Baseado no seu <strong>de</strong>senho do mapa/croqui e nos três conceitos dados anteriormente,<br />

dê a sua <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> território.<br />

2) Baseado nos relatos acima, <strong>de</strong> Barcelos e Luísa, <strong>de</strong>screva as diversas coisas<br />

existentes no seu território que são usadas para facilitar a sua vida e a das<br />

pessoas que ali resi<strong>de</strong>m e/ou passam.<br />

3) Agora, separam <strong>em</strong> dois grupos: “a”, pelas coisas construídas pelo hom<strong>em</strong>,<br />

“b”, formado pelas coisas naturais.<br />

a)<br />

b)<br />

4) Descreva os probl<strong>em</strong>as que marcam os lugares com condições <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis.<br />

5) Para investigar a estrutura e o funcionamento do território a partir do seu<br />

próprio dia a dia, faça uma lista <strong>de</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s que você realiza <strong>em</strong><br />

um dia <strong>de</strong> trabalho. Anote, ao lado, on<strong>de</strong> realiza essas ativida<strong>de</strong>s e o horário.<br />

Ativida<strong>de</strong> Local Horário<br />

Acordar e escovar os <strong>de</strong>ntes, tomar café... Minha casa 6:00 às 7:15<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 48 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


6) Voltando ao mapa/croqui.<br />

Agora, observe todos os <strong>de</strong>talhes que você <strong>de</strong>senhou, i<strong>de</strong>ntificando sist<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> circulação e <strong>de</strong> troca que animam e dão vida ao lugar, ao território, fluxos<br />

e fixos, objetos e objetos geográficos e responda às questões a seguir.<br />

1. Como as pessoas se comunicam?<br />

2. Quais são os grupos que elas participam?<br />

3. On<strong>de</strong> trabalham ou retiram a sua sobrevivência?<br />

4. T<strong>em</strong> algum grupo, órgão ou instituição que <strong>de</strong>senvolve alguma ativida<strong>de</strong>?<br />

Que ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>senvolvidas?<br />

5. T<strong>em</strong> Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ou Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> (UAPS)?<br />

(Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do PSF).<br />

A) Qu<strong>em</strong> aten<strong>de</strong>?<br />

B) Como aten<strong>de</strong>?<br />

C) Quais as condições <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?<br />

6. Como são as ruas, avenidas, praças e jardins?<br />

7. Você conhece outras localida<strong>de</strong>s, outros espaços?<br />

8. Qual a diferença <strong>de</strong>sses espaços com a localida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senhou e<br />

quais as s<strong>em</strong>elhanças?<br />

Bom trabalho!...<br />

(Ativida<strong>de</strong> citada acima terá duração <strong>de</strong> 4 horas, incluindo o levantamento<br />

das informações <strong>de</strong> campo)<br />

Continue observando o seu território e faça uma relação (lista) <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong> ensinar<br />

ou <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas ativida<strong>de</strong>s e quais os conteúdos/<br />

assuntos que são ensinados, porque, na próxima aula, vamos fazer uma avaliação/<br />

análise <strong>de</strong> como as pessoas ensinam, qu<strong>em</strong> ensinam, o que ensinam,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, procurar<strong>em</strong>os <strong>de</strong>scobrir qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong> e como apren<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 49<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 4 – Processo Digital <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar as formas <strong>de</strong> ensinar<br />

e apren<strong>de</strong>r no território, qu<strong>em</strong> as ensinam e o que é ensinado.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong><br />

com o objetivo <strong>de</strong> ensinar, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve esse papel e<br />

quais os conteúdos/assuntos que são ensinados;<br />

2. <strong>de</strong>spertar para o novo conceito <strong>de</strong> ensinar;<br />

3. distinguir a relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar.<br />

Para o maior sucesso <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ter feito uma relação<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong> (localida<strong>de</strong> que você<br />

<strong>de</strong>senhou) com o objetivo <strong>de</strong> ensinar ou <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas<br />

ativida<strong>de</strong>s e quais os conteúdos/assuntos que são ensinados.<br />

4.1 Introdução<br />

Futuros Técnicos <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, começamos nossas aulas<br />

<strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> partindo <strong>de</strong> uma reflexão sobre a<br />

sua realida<strong>de</strong> através do <strong>de</strong>senho do seu território. Com o <strong>de</strong>senho e o t<strong>em</strong>a<br />

território, foi possível refletir a forma <strong>de</strong> organização social, as transformações,<br />

a cobertura geográfica do espaço <strong>em</strong> que mora, i<strong>de</strong>ntificando el<strong>em</strong>entos<br />

que compõ<strong>em</strong> esse território: fixos e os fluxos etc.<br />

Nesta aula, vamos continuar focados no território que você <strong>de</strong>senhou.<br />

Entusiasmado ou otimista? Então, vamos lá.<br />

4.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Faça uma reflexão sobre as ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas no seu<br />

território (a comunida<strong>de</strong> que você escolheu para estudo) com o propósito <strong>de</strong><br />

ensinar <strong>em</strong> especial as questões dadas a seguir:<br />

• Quais as formas usadas <strong>em</strong> sua comunida<strong>de</strong> para ensinar alguma coisa?<br />

• Qu<strong>em</strong> ensina?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

51<br />

Entusiasmado:<br />

Uma pessoa<br />

entusiasmada é aquela<br />

acelerada, acendida,<br />

animada, energizada,<br />

pessoa que luta com<br />

todas as forças para que<br />

as coisas aconteçam.<br />

Otimista:<br />

A pessoa otimista é<br />

aquela que julga tudo<br />

o melhor possível, que<br />

tudo vai b<strong>em</strong>, porém<br />

pouco faz para alcançar<br />

os objetivos ou mudar<br />

uma realida<strong>de</strong>. Uma<br />

eterna torcedora.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• O que é ensinado?<br />

• Qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>?<br />

• Como apren<strong>de</strong>?<br />

Agora que já refletiu sobre as questões, responda:<br />

O que é processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>?<br />

Nós apren<strong>de</strong>mos e ensinamos a todo o momento. Na rua, no trabalho,<br />

<strong>em</strong> casa, no supermercado, no ônibus, enfim, on<strong>de</strong> quer que estejamos<br />

<strong>em</strong> contato com alguém po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os trocar experiências acionando um processo<br />

<strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> recíproco.<br />

Mesmo quando não trocamos palavras, esse processo po<strong>de</strong> ocorrer<br />

porque, ao observarmos o outro, apren<strong>de</strong>mos, e, ao sermos observados,<br />

transformamo-nos <strong>em</strong> instrumentos <strong>de</strong> ensino.<br />

Quanto mais aberto é o indivíduo, maior será a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interagir no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, porque estará receptivo às<br />

diversas formas <strong>de</strong> se ver e pensar o mundo. Essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura implica<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver um espírito investigador, que indaga, pesquisa, analisa,<br />

experimenta, busca compreen<strong>de</strong>r e contribuir, oferecendo alternativas para<br />

o progresso da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que se insere.<br />

Mas como isso ocorre? Vejamos.<br />

4.2.1 O que é ensinar?<br />

Etimologicamente, ensinar significa colocar <strong>de</strong>ntro, gravar no espírito.<br />

Dessa i<strong>de</strong>ia surgiu o conceito tradicional <strong>de</strong> que ensinar seria tão<br />

somente transmitir conhecimentos. O saber visto sob este prisma é dado<br />

pronto e acabado, quase s<strong>em</strong>pre é imposto, autoritário. Ao educando, resta<br />

<strong>de</strong>corar fórmulas, ouvir silenciosamente e s<strong>em</strong> questionar o que lhe transmite<br />

o professor, <strong>de</strong>tentor absoluto do conhecimento.<br />

Hoje, felizmente, o conceito <strong>de</strong> ensinar evoluiu: ensinar consiste<br />

<strong>em</strong> propiciar ao educando condições <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Ensinar, pois, é criar condições<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>ática, planejada, orientada, controlada.<br />

Mas, para alcançar este mister, o processo <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>ve partir <strong>de</strong><br />

dois princípios básicos:<br />

• todo ser humano possui <strong>em</strong> si próprio as potencialida<strong>de</strong>s para<br />

buscar <strong>de</strong> forma ativa os estímulos <strong>de</strong> que necessita para o seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento;<br />

• o ser humano não se resume <strong>em</strong> um mero vaso repositório <strong>de</strong><br />

informações. Mais do que isso, é um ser integral, um diamante <strong>de</strong> múltiplas<br />

faces – física, biológica, <strong>em</strong>ocional, intelectual, espiritual –, que se interag<strong>em</strong><br />

com igual importância, <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> níveis distintos.<br />

Por tudo isso, importa ao Técnico <strong>de</strong> Vigilância, <strong>em</strong> seu papel <strong>de</strong><br />

educador, procurar <strong>de</strong>senvolver dois requisitos fundamentais:<br />

• conhecimento sobre o processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />

• capacitação e competência técnica e metodológica para criar<br />

condições <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 52 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Ninguém ensina s<strong>em</strong> os seguintes pressupostos:<br />

• valorizar o que o outro apren<strong>de</strong>u (estímulo à autoconfiança);<br />

• <strong>de</strong>ixar que o outro expresse seu ponto <strong>de</strong> vista (verificação da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar pensamentos e formas <strong>de</strong> expressão);<br />

• fazer comparações valorativas sobre o que o educando produziu<br />

(<strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com confiança e<br />

segurança para saber que não está só na produção <strong>de</strong> seu conhecimento);<br />

• chamar o outro à responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.<br />

4.2.2 O que é apren<strong>de</strong>r?<br />

Os dicionários, <strong>de</strong> um modo geral, dão, ao termo APRENDER, o significado<br />

<strong>de</strong> “ficar sabendo, instruir-se, adquirir conhecimento <strong>de</strong>”. Analis<strong>em</strong>os,<br />

porém, um conceito mais elaborado, do educador Piletti, para qu<strong>em</strong><br />

apren<strong>de</strong>r é “processo <strong>de</strong> aquisição e assimilação, mais ou menos consciente,<br />

<strong>de</strong> novos padrões e novas formas <strong>de</strong> perceber, ser, pensar e agir”.<br />

Desse conceito, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que apren<strong>de</strong>r é um processo ativo e<br />

intrínseco, através do qual o indivíduo busca satisfazer a <strong>de</strong>terminadas necessida<strong>de</strong>s<br />

e interesses seus.<br />

A aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudança permanente <strong>de</strong> comportamento,<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novas experiências que se conectam a conhecimentos<br />

anteriores através <strong>de</strong> estímulos e respostas, po<strong>de</strong>ndo ratificá-los ou transformá-los,<br />

gerando novas atitu<strong>de</strong>s.<br />

A aprendizag<strong>em</strong> é um processo qualitativo, pelo qual o educando lança<br />

mão <strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s tornando-se melhor preparado para novas aprendizagens,<br />

interagindo com o ambiente on<strong>de</strong> se encontra e assimilando novas<br />

formas <strong>de</strong> perceber o mundo e a si mesmo, <strong>de</strong> criar, <strong>de</strong> agir. Apren<strong>de</strong>r é crescer.<br />

4.2.3 Relações entre ensino e aprendizag<strong>em</strong><br />

Apren<strong>de</strong>r e ensinar, <strong>em</strong>bora sejam coisas distintas, guardam entre<br />

si profunda relação. Com efeito, o ensino é um processo motivador da<br />

aprendizag<strong>em</strong>. É papel do educador estimular intelectualmente o indivíduo,<br />

orientando-o na formação ou reformulação <strong>de</strong> novas percepções, novos pensamentos,<br />

novas ações, novos comportamentos. De outro lado, apren<strong>de</strong>r é<br />

um processo <strong>de</strong> transformação do educando, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só <strong>de</strong>le. Ninguém é<br />

ensinado, mas motivado, estimulado a apren<strong>de</strong>r.<br />

Por isso, um necessita do outro para que o ciclo se cumpra. Não é<br />

possível ensinar aquele que não o <strong>de</strong>seje e, por esta razão, um dos maiores<br />

<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina é <strong>de</strong>senvolver mecanismos que estimul<strong>em</strong> o educando<br />

a buscar o conhecimento, o aperfeiçoamento.<br />

Daí, infere-se que o bom êxito do processo ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />

implica <strong>em</strong> o educador consi<strong>de</strong>rar que:<br />

• os envolvidos nesse processo são pessoas que afetam diretamente<br />

a dinâmica;<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 53<br />

Apren<strong>de</strong>r: “ficar<br />

sabendo, instruir-se,<br />

adquirir conhecimento<br />

<strong>de</strong>”; “processo <strong>de</strong><br />

aquisição e assimilação,<br />

mais ou menos<br />

consciente, <strong>de</strong> novos<br />

padrões e novas formas<br />

<strong>de</strong> perceber, ser, pensar<br />

e agir”.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• o conteúdo não só <strong>de</strong>ve ser dominado inteiramente pelo educador<br />

como a<strong>de</strong>quado às necessida<strong>de</strong>s e interesses do educando;<br />

• o ambiente e os recursos materiais são instrumentos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

guardar a<strong>de</strong>quação com o conteúdo e os participantes;<br />

• é preciso adquirir, igualmente, domínio técnico-metodológico<br />

que permita ao educador lidar com imprevistos, s<strong>em</strong>, contudo,<br />

priorizar a forma <strong>em</strong> prejuízo do conteúdo.<br />

Convém, ainda, lançar mão das seguintes regras básicas:<br />

• oferecer o conteúdo <strong>em</strong> um ambiente prazeroso, tanto quanto<br />

o ensino;<br />

• usar vários canais <strong>de</strong> percepção na apresentação do conteúdo<br />

(visual, auditivo, tátil, experiencial etc.);<br />

• incentivar a curiosida<strong>de</strong>;<br />

• estabelecer relações e estimular associações entre o conteúdo<br />

oferecido e aquele já existente na m<strong>em</strong>ória.<br />

Vamos nos aprofundar nesse estudo nas aulas <strong>de</strong> recursos didáticos<br />

e instrucionais.<br />

Você po<strong>de</strong> observar quantos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que poss<strong>em</strong><br />

muita informação sobre o fumo, inclusive os malefícios que traz<strong>em</strong> para<br />

a sua saú<strong>de</strong> ou a <strong>de</strong> qualquer outro usuário, mas, mesmo assim, continua<br />

fumando. Isso nos leva a crer que a pessoa po<strong>de</strong> ter informação, mas não<br />

apren<strong>de</strong>u, não mudou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, e, se não mudou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, não houve<br />

aprendizag<strong>em</strong>.<br />

4.3 Conclusão<br />

Vimos que a aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudanças permanentes <strong>de</strong><br />

comportamento, advindas <strong>de</strong> novas experiências que se juntam aos conhecimentos<br />

adquiridos anteriormente através <strong>de</strong> estímulos e resultados, po<strong>de</strong>ndo<br />

ratificá-los ou transformá-los, gerando novas atitu<strong>de</strong>s. A mudança <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> é que vai ser o indicador da aprendizag<strong>em</strong> adquirida; somente ter<br />

informações <strong>em</strong> relação a algo ou a alguma coisa não é o suficiente para<br />

<strong>de</strong>monstrar que apren<strong>de</strong>u ou que houve aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Todos nós apren<strong>de</strong>mos e ensinamos ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> todos os<br />

momentos da nossa vida, mas exist<strong>em</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s mais elaboradas<br />

para <strong>de</strong>senvolver esse processo, e isso é que foi solicitado para ser observado<br />

no seu território, pois t<strong>em</strong> muita gente que, com <strong>de</strong>dicação, apren<strong>de</strong> e ensina.<br />

Se o ensino é um processo motivador da aprendizag<strong>em</strong>, ele <strong>de</strong>ve ser<br />

exercido pelo Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, como educador ou facilitador<br />

que vai ter o papel <strong>de</strong> estimular e orientar na formação ou reformulação <strong>de</strong><br />

novas percepções, novos pensamentos, novas ações, novos comportamentos<br />

da comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que está atuando ou que vai atuar. O apren<strong>de</strong>r é um<br />

processo <strong>de</strong> transformação do educando, no nosso caso, a comunida<strong>de</strong>, a<br />

população, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>de</strong>la.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 54 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Resumo<br />

Não se esqueça, a aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudança permanente<br />

<strong>de</strong> comportamento, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novas experiências que se conectam a<br />

conhecimentos anteriores através <strong>de</strong> estímulos e respostas, po<strong>de</strong>ndo ratificá-los<br />

ou transformá-los, gerando novas atitu<strong>de</strong>s. A pessoa po<strong>de</strong> ter muita<br />

informação <strong>em</strong> relação a algo ou a alguma coisa, mas só vai <strong>de</strong>monstrar que<br />

apren<strong>de</strong>u ou que houve aprendizag<strong>em</strong> se houver a mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>.<br />

O apren<strong>de</strong>r e o ensinar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> muita <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina<br />

e <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>, por isso, guardam entre si profunda relação. O ensino<br />

é um processo motivador da aprendizag<strong>em</strong> e é exercido pelo educador,<br />

monitor, facilitador, que t<strong>em</strong> o papel <strong>de</strong> estimular, orientando-o na formação<br />

ou reformulação <strong>de</strong> novas percepções, novos pensamentos, novas ações,<br />

novos comportamentos. Já o apren<strong>de</strong>r é um processo <strong>de</strong> transformação do<br />

educando e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>de</strong>le. Como vimos anteriormente, ninguém é<br />

ensinado, mas motivado, estimulado a apren<strong>de</strong>r.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

Discuta com algumas pessoas do seu trabalho e da comunida<strong>de</strong> que você<br />

escolheu para estudo (a que você <strong>de</strong>senhou) e, se possível, com os colegas e<br />

responda as questões a sguir<br />

1) Quais as formas usadas <strong>em</strong> sua comunida<strong>de</strong> para ensinar alguma coisa?<br />

2) Qu<strong>em</strong> ensina?<br />

3) O que é ensinado?<br />

4) Qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>?<br />

5) Como apren<strong>de</strong>?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 55<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Baseando-se na observação das ativida<strong>de</strong>s que têm o papel <strong>de</strong> ensinar <strong>de</strong>ntro<br />

do território e do que foi discutido na aula, responda às questões a seguir.<br />

1) Quando apren<strong>de</strong>mos e ensinamos?<br />

2) Nos dias <strong>de</strong> hoje, qual é o conceito <strong>de</strong> ensinar?<br />

3) Quais os pressupostos que você acredita ser<strong>em</strong> importantes para ensinar?<br />

4) Para você, o que é apren<strong>de</strong>r?<br />

5) Qual a relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar?<br />

Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, vamos estudar<br />

os fatores pedagógicos/as opções pedagógicas, on<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong>os as três<br />

correntes pedagógicas mais comumente presentes no cotidiano e as suas<br />

implicações para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong>.<br />

Aula foi elaborada baseada no texto extraído da apostila do Curso<br />

<strong>de</strong> Capacitação <strong>de</strong> Instrutores e Facilitadores da Copyright @ 2000 Gestão<br />

consultoria e Treinamento Ltda.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 56 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 5 - Fatores Digital pedagógicos/ as opções<br />

pedagógicos<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o educando possa i<strong>de</strong>ntificar as possíveis consequências<br />

para o indivíduo e a socieda<strong>de</strong> quando uma das pedagogias é<br />

exercida <strong>de</strong> maneira dominante durante um período prolongado e qual a<br />

melhor para aplicação <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s diárias.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar as três correntes pedagógicas mais comumente presentes<br />

no cotidiano e suas implicações para o indivíduo e para<br />

a socieda<strong>de</strong>;<br />

2. comparar os fatores pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong>senvolvidas<br />

no seu território e a melhor que se adéque às suas<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar as possíveis consequências para o indivíduo e a socieda<strong>de</strong><br />

quando uma das pedagogias é exercida <strong>de</strong> maneira dominante<br />

durante um período prolongado.<br />

O aluno <strong>de</strong>verá ler atentamente as três respostas pedagógicas e,<br />

baseados nos seus conhecimentos, respon<strong>de</strong>r o que se pe<strong>de</strong>; <strong>em</strong> seguida,<br />

ler a aula que trata do assunto para retornar às respostas e acrescentar ou<br />

retirar o que for necessário.<br />

5.1 Introdução<br />

Seja b<strong>em</strong>-vindo a mais uma aula!<br />

A aula <strong>de</strong> hoje será baseada no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave. Texto este<br />

que foi adaptado <strong>de</strong> um artigo maior publicado sob o título “A transferência<br />

<strong>de</strong> tecnologia apropriada ao pequeno agricultor”. Porém, s<strong>em</strong> nenhuma<br />

ina<strong>de</strong>quação, já foi usado <strong>em</strong> várias capacitações na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois a<br />

sua essência refere-se aos processos pedagógicos comuns a qualquer ação<br />

educativa. Trata-se <strong>de</strong> uma educação voltada para o trabalho, mas n<strong>em</strong> por<br />

isso mecanicista: procura, todo o t<strong>em</strong>po, ressaltar a importância do aprendizado<br />

pela <strong>de</strong>scoberta e, portanto, o crescimento do indivíduo como um<br />

todo. Faz crítica à simples transferência do conhecimento feita por métodos<br />

tradicionais e não reflexivos, evi<strong>de</strong>nciando sua superficialida<strong>de</strong> e a baixa re-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

57<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Bor<strong>de</strong>nave<br />

Juan E. Dias Bor<strong>de</strong>nave,<br />

consultor autônomo,<br />

especialista <strong>em</strong><br />

Comunicação e<br />

<strong>Educação</strong>, paraguaio,<br />

t<strong>em</strong> vasta experiência<br />

<strong>em</strong> educação <strong>de</strong><br />

adultos, principalmente<br />

aqueles <strong>de</strong><br />

escolarização precária,<br />

típica das classes menos<br />

favorecidas dos países<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

ou <strong>em</strong>ergentes, assim<br />

como no nosso Brasil.<br />

tenção do conhecimento. Esclarece sobre as várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> “ensinar-<br />

-apren<strong>de</strong>r-ensinar”, <strong>de</strong>ixando flexível a escolha <strong>em</strong> função dos objetivos que<br />

se quer atingir. Em seus textos, Bor<strong>de</strong>nave usou linguag<strong>em</strong> direta, acessível<br />

e clara, facilitando a compreensão do conteúdo por parte <strong>de</strong> profissionais<br />

<strong>de</strong> diferentes áreas que, por necessida<strong>de</strong>s diversas, se <strong>de</strong>param com a tarefa<br />

<strong>de</strong> ensinar, como é o caso, agora, do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

É imprescindível l<strong>em</strong>brar que, quando ensinamos, não basta o domínio do<br />

conteúdo, <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> conta “como ensinar”, o que implica o mínimo<br />

<strong>de</strong> formação pedagógica para que se alcance o <strong>de</strong>sejado: a transformação<br />

da realida<strong>de</strong> a partir da mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s/comportamento pela aquisição<br />

<strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />

5.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

5.2.1 Três respostas pedagógicas para uma situação -<br />

probl<strong>em</strong>a<br />

(Exercício inicial)<br />

O caso<br />

Ao observar<strong>em</strong> a conduta adotada para a esterilização <strong>de</strong> pinças<br />

para curativos, os técnicos/mediadores constataram que o aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong><br />

limitava-se a colocá-las <strong>em</strong> imersão <strong>em</strong> água fervente, afirmando<br />

que, assim, conseguia esterilizá-las muito b<strong>em</strong>.<br />

Analisando esse caso, os técnicos/mediadores chegaram à conclusão<br />

<strong>de</strong> que era necessário encontrar alternativas <strong>de</strong> ensino que diminuíss<strong>em</strong><br />

a incidência <strong>de</strong> fatos s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Da discussão, <strong>em</strong> três grupos <strong>de</strong> técnicos/mediadores, surgiram as<br />

respostas pedagógicas expostas a seguir.<br />

RESPOSTA “A”<br />

1. Técnico/professor realiza palestra para os alunos sobre a técnica<br />

<strong>de</strong> esterilização, <strong>de</strong>stacando os diversos aspectos do processamento do material<br />

(lavag<strong>em</strong> prévia, métodos <strong>de</strong> esterilização, t<strong>em</strong>peratura e t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

exposição <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> material).<br />

2. Técnico/professor apresenta um resumo, <strong>em</strong> transparência, dos<br />

tópicos mais importantes do conteúdo, utilizando retroprojetor.<br />

3. Os alunos realizam prática simulada <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> artigos<br />

hospitalares sob supervisão do técnico/professor<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 58 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


RESPOSTA “B”<br />

1. Técnico/professor apresenta aos alunos o material utilizado para<br />

curativos e solicita que os mesmos simul<strong>em</strong> uma situação <strong>de</strong> trabalho na<br />

qual este material é esterilizado. São anotados os diferentes procedimentos<br />

adotados por cada participante e comparados entre si.<br />

2. Técnico/professor indaga aos alunos o motivo pelo qual optaram<br />

por um dado procedimento, levando a discussão para as “diferenças entre<br />

sujo e limpo, contaminado e estéril”. A seguir, os alunos observam ao microscópio<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> micro-organismos.<br />

3. O próximo passo é a leitura e a discussão <strong>de</strong> texto sobre a classificação<br />

dos micro-organismos, ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> doenças, conceito<br />

<strong>de</strong> contaminação e métodos <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> material (com ênfase <strong>em</strong><br />

forma, t<strong>em</strong>peratura, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> exposição).<br />

4. Em seguida, os alunos, com a orientação do técnico/professor,<br />

sist<strong>em</strong>atizam os princípios e procedimentos para o processamento <strong>de</strong> artigos<br />

hospitalares e part<strong>em</strong> para a prática <strong>em</strong> serviço. Técnico/professor indaga<br />

o porquê <strong>de</strong> cada procedimento do aluno controlando, <strong>de</strong>ssa forma, a eficiência.<br />

RESPOSTA “C”<br />

1. Técnico/professor <strong>de</strong>monstra aos alunos os métodos <strong>de</strong> esterilização<br />

<strong>de</strong> material hospitalar, enfatizando os aspectos <strong>de</strong> limpeza, preparo e<br />

acondicionamento <strong>de</strong> materiais, t<strong>em</strong>po e formas <strong>de</strong> exposição, t<strong>em</strong>peratura<br />

a<strong>de</strong>quada etc.<br />

2. Técnico/professor projeta para os alunos um filme <strong>de</strong>monstrando<br />

as diferentes técnicas <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> artigos hospitalares, reforçando<br />

cada etapa dos procedimentos e a sequência correta dos passos.<br />

3. Os alunos repet<strong>em</strong> todos os passos <strong>de</strong> cada técnica até que sejam<br />

capazes <strong>de</strong> reproduzir com fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e segurança todas as operações requeridas<br />

para tornar os materiais efetivamente estéreis.<br />

4. Os alunos <strong>de</strong> melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho com as técnicas utilizadas passam<br />

a colaborar com o professor nas <strong>de</strong>monstrações até que todo o grupo<br />

seja capaz <strong>de</strong> reproduzir os passos.<br />

Proposta <strong>de</strong> trabalho<br />

• Analise as três respostas apresentadas procurando compará-las<br />

e distinguindo suas diferenças no que diz respeito ao papel do<br />

técnico/professor e ao papel do aluno no processo.<br />

• I<strong>de</strong>ntifique qual o conceito <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> que orienta cada<br />

uma das respostas.<br />

• Escolha a resposta que você consi<strong>de</strong>ra mais a<strong>de</strong>quada para a<br />

resolução do probl<strong>em</strong>a e justifique.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 59<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


5.2.2 Fatores pedagógicos<br />

Segundo Bor<strong>de</strong>nave, quando se fala <strong>em</strong> fatores pedagógicos, inclu<strong>em</strong>-se<br />

nesta categoria todos os processos relacionados com o ensino-<br />

-aprendizag<strong>em</strong> das tecnologias que um <strong>de</strong>terminado grupo elegeu como<br />

apropriada para seu sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> bens ou serviços.<br />

Todos os processos educativos, assim como os métodos e os meios<br />

<strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, baseiam-se <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada pedagogia, ou<br />

seja, na concepção <strong>de</strong> como conseguir que as pessoas aprendam e modifiqu<strong>em</strong><br />

o seu comportamento. Esta pedagogia, por sua vez, fundamenta-se <strong>em</strong><br />

uma <strong>de</strong>terminada teoria do conhecimento.<br />

As opções pedagógicas adotadas por um <strong>de</strong>terminado país são influenciadas<br />

pela i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> classe ou classes dominantes. Assim, cada opção<br />

pedagógica, quando se exerce <strong>de</strong> maneira dominante durante um período<br />

prolongado, t<strong>em</strong> consequências sobre a conduta individual e sobre o<br />

comportamento da socieda<strong>de</strong>. Embora existam numerosas opções pedagógicas,<br />

<strong>de</strong>stacar<strong>em</strong>os três:<br />

a) a pedagogia da transmissão;<br />

b) a pedagogia do condicionamento; e<br />

c) a pedagogia da probl<strong>em</strong>atização.<br />

A) Pedagogia da transmissão<br />

A pedagogia da transmissão parte da pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ias e<br />

os conhecimentos são os principais fatores da educação e, portanto, a experiência<br />

fundamental que o aluno <strong>de</strong>ve vivenciar é a <strong>de</strong> receber informações<br />

oferecidas pelo professor ou os livros. Nesta pedagogia, chamada por Paulo<br />

Freire <strong>de</strong> “educação bancária”, o aluno é consi<strong>de</strong>rado como uma “página <strong>em</strong><br />

branco”, “tábua rasa”, “vasilhame vazio”.<br />

Ainda que tradicionalmente a pedagogia <strong>de</strong> transmissão venha<br />

acompanhada pela exposição oral do professor, a verda<strong>de</strong> é que, <strong>em</strong> muitos<br />

casos, a mo<strong>de</strong>rna tecnologia educacional, com seus complicados conjuntos<br />

multimídias, po<strong>de</strong> não ser nada mais do que um veículo sofisticado <strong>de</strong> mera<br />

transmissão.<br />

É necessário observar que a pedagogia <strong>de</strong> transmissão não está<br />

circunscrita somente nas situações <strong>de</strong> educação formal, mas quase s<strong>em</strong>pre<br />

po<strong>de</strong> estar presente nas situações <strong>de</strong> educação não formal. Assim, quando<br />

um Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, usar um estilo autoritário<br />

e vertical na transmissão <strong>de</strong> conhecimentos técnicos, ele estará<br />

usando essa pedagogia.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 60 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Veja como essa pedagogia po<strong>de</strong> ser representada:<br />

Figura 15: A pedagogia da transmissão.<br />

Fonte: Ilustração do autor baseado no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave.<br />

Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia.<br />

Em nível individual:<br />

• elevada absorção <strong>de</strong> informação;<br />

• hábito <strong>de</strong> tomar notas e m<strong>em</strong>orizar;<br />

• passivida<strong>de</strong> do aluno e falta <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> crítica;<br />

• profundo respeito às fontes <strong>de</strong> informação, sejam elas o professor<br />

ou os livros;<br />

• distância entre a teoria e a prática;<br />

• preferência pelas especulações teóricas;<br />

• <strong>de</strong>sconhecimento da realida<strong>de</strong>.<br />

Em nível social:<br />

• adoção <strong>de</strong> informação científica e tecnológica <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos;<br />

• adoção indiscriminada <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> pensamentos elaborados<br />

<strong>em</strong> outras regiões;<br />

• individualismo e falta <strong>de</strong> cooperação e participação;<br />

• manutenção da divisão <strong>de</strong> classes sociais;<br />

Parece evi<strong>de</strong>nte que a pedagogia <strong>de</strong> transmissão não coinci<strong>de</strong> com<br />

as aspirações <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento baseado na transformação das estruturas,<br />

o crescimento pleno das pessoas e a sua participação ativa no processo<br />

<strong>de</strong> mudança, evolução.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 61<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


É bom l<strong>em</strong>brar que, no processo ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> capacitação,<br />

existe um sério perigo <strong>de</strong> adotar a pedagogia da transmissão: o fato <strong>de</strong><br />

que o que se transmite não seja só conhecimentos ou i<strong>de</strong>ias, mas também<br />

procedimentos e práticas; não altera o caráter transmissivo do fenômeno, já<br />

que os procedimentos inculcados provêm integralmente <strong>de</strong> uma fonte que<br />

já o possui e o aluno não faz outra coisa senão receber e adotar (por repetição).<br />

Assim sendo, fica evi<strong>de</strong>nciada a falta <strong>de</strong> uma postura reflexiva diante<br />

<strong>de</strong> possíveis probl<strong>em</strong>as que venham a surgir.<br />

B) A pedagogia do condicionamento<br />

Segundo Bor<strong>de</strong>nave, a pedagogia do condicionamento não consi<strong>de</strong>ra<br />

a transmissão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e conhecimentos como fator importante do<br />

processo educativo. Sua ênfase recai nos resultados comportamentais, nas<br />

manifestações <strong>em</strong>píricas e operacionais da mudança <strong>de</strong> conhecimentos, atitu<strong>de</strong>s<br />

e <strong>de</strong>strezas.<br />

O processo ocorre a partir da elaboração <strong>de</strong> objetivos instrucionais<br />

quantitativamente mensuráveis para ser<strong>em</strong> aplicadas <strong>em</strong> uma sequência <strong>de</strong><br />

pequenos passos. O reforço ou recompensa será dado à medida que as respostas<br />

coincidir<strong>em</strong> com a resposta esperada. Mediante a repetição da associação<br />

estímulo-resposta-reforço, o aprendiz é condicionado a dar respostas<br />

<strong>de</strong>sejadas s<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um reforço contínuo.<br />

Muito da chamada tecnologia educacional mo<strong>de</strong>rna utiliza a pedagogia<br />

condutiva, começando pela instrução programada e terminando pelo<br />

enfoque mais amplo do ensino para a competência ou o domínio. O método<br />

dos módulos po<strong>de</strong> ser incluído nesta pedagogia se os instrutores que o elaboram<br />

colocam mais ênfase na obtenção <strong>de</strong> objetivos preestabelecidos do<br />

que no <strong>de</strong>senvolvimento integral do aluno como pessoa individual ou social.<br />

Figura 16: El<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong> condicional.<br />

Fonte: Ilustração do autor baseado no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 62 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Até pouco t<strong>em</strong>po, os cursinhos <strong>de</strong> pré-vestibular agiam <strong>de</strong>ssa forma,<br />

repetição da associação estímulo-resposta-reforço; o aluno teria que<br />

m<strong>em</strong>orizar para sair b<strong>em</strong> nas provas do vestibular, alcançando os primeiros<br />

lugares nos melhores cursos. Hoje, com o Exame Nacional do Ensino Médio<br />

ENEM, nova forma <strong>de</strong> ingressar nas Faculda<strong>de</strong>s ou Universida<strong>de</strong>s, a metodologia<br />

t<strong>em</strong> mudado bastante nesses cursinhos. Outro ex<strong>em</strong>plo é quando um<br />

trabalhador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> promete algo à população <strong>em</strong> troca <strong>de</strong> alguns serviços<br />

que venham beneficiar a própria população. Ex<strong>em</strong>plo do combate à <strong>de</strong>ngue:<br />

“Qu<strong>em</strong> mantiver o quintal livre <strong>de</strong> recipientes/vasilhames que possam acumular<br />

água por X s<strong>em</strong>anas vai ganhar um kit <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> limpeza.” A pessoa<br />

po<strong>de</strong> manter o seu quintal limpo só para ganhar o prêmio e <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong><br />

voltar ao que era antes. A ênfase está no prêmio, e não na vida saudável que<br />

<strong>de</strong>ve ser proporcionada ao ficar livre do mosquito transmissor da <strong>de</strong>ngue.<br />

Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia<br />

Em nível individual:<br />

• aluno ativo, <strong>em</strong>itindo as respostas que o sist<strong>em</strong>a propõe e permite;<br />

• alta eficiência <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> dos dados e processos;<br />

• o aluno não questiona e não participa da seleção dos objetivos e<br />

dos métodos e não questiona os conteúdos do programa;<br />

• o aluno não probl<strong>em</strong>atiza a realida<strong>de</strong> e não lhe solicitam uma<br />

análise crítica da mesma;<br />

• tendência ao individualismo, salvo quando o programa estabelece<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação;<br />

• tendência à competitivida<strong>de</strong>, pois o aluno mais rápido ganha<br />

status e t<strong>em</strong> acesso a materiais ulteriores;<br />

• eliminação da criativida<strong>de</strong> e originalida<strong>de</strong>, pois as respostas corretas<br />

são preestabelecidas.<br />

Em nível social:<br />

• tendência à robotização da população com maior ênfase na produtivida<strong>de</strong><br />

e eficiência;<br />

• <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> fonte externa para o estabelecimento <strong>de</strong> objetivos,<br />

métodos e reforços, criando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lí<strong>de</strong>r;<br />

• falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da consciência crítica e cooperação.<br />

A partir <strong>de</strong>sta lista <strong>de</strong> consequências po<strong>de</strong>-se inferir que a utilização<br />

exclusiva <strong>de</strong>sta pedagogia reforça a <strong>de</strong>pendência mental, tecnológica,<br />

política e socioeconômica das pessoas, impedindo-as <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> a<br />

consciência crítica a partir da probl<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>.<br />

C) A pedagogia da probl<strong>em</strong>atização<br />

A pedagogia da probl<strong>em</strong>atização parte do princípio <strong>de</strong> que, num<br />

mundo <strong>de</strong> mudanças rápidas e profundas, o importante não são os conhecimentos<br />

ou i<strong>de</strong>ias, n<strong>em</strong> os comportamentos corretos e fiéis ao esperado,<br />

senão o aumento da capacida<strong>de</strong> do aluno para <strong>de</strong>tectar os probl<strong>em</strong>as reais e<br />

buscar-lhes solução original e criativa. A experiência <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser valorizada<br />

é a observação grupal da própria realida<strong>de</strong>, o diálogo e a participação<br />

na ação transformadora das condições <strong>de</strong> vida.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 63<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


O diagrama a seguir, <strong>de</strong>nominado por Chaves Maguerez <strong>de</strong><br />

“o método do arco”, ajudará na representação <strong>de</strong>sta pedagogia.<br />

Figura 17: O esqu<strong>em</strong>a da educação probl<strong>em</strong>atizadora baseado no Arco <strong>de</strong> Mangarez.<br />

Fonte: Ilustração do autor baseado no Arco <strong>de</strong> Mangarez.<br />

Conforme o proposto no diagrama, o processo ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>ve se iniciar a partir da observação da realida<strong>de</strong>, permitindo às pessoas<br />

expressar<strong>em</strong> suas percepções, fazendo, assim, uma primeira leitura sincrética<br />

ou ingênua da realida<strong>de</strong>. Em um segundo momento, os alunos selecionam<br />

as informações e i<strong>de</strong>ntificam os pontos-chaves do probl<strong>em</strong>a, levantando as<br />

variáveis que <strong>de</strong>terminam a situação encontrada.<br />

A etapa <strong>de</strong> teorização consiste no levantamento <strong>de</strong> questões sobre<br />

as causas do probl<strong>em</strong>a observado. Aqui, é necessário recorrer aos conhecimentos<br />

científicos que auxiliam o raciocínio das pessoas na compreensão<br />

do probl<strong>em</strong>a, não só <strong>em</strong> suas manifestações <strong>em</strong>píricas, mas nos princípios<br />

teóricos que o explicam.<br />

Confrontada a realida<strong>de</strong> com a sua teorização, o indivíduo se vê,<br />

naturalmente, movido a formular hipóteses <strong>de</strong> solução para o probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong><br />

estudo. Esta etapa <strong>de</strong>ve permitir, ainda, a comprovação da viabilida<strong>de</strong> das<br />

hipóteses através do confronto com a própria realida<strong>de</strong>.<br />

Em última fase, o indivíduo compreen<strong>de</strong> e pratica soluções que o grupo<br />

consi<strong>de</strong>rou viáveis e aplicáveis à realida<strong>de</strong>, preparando-se para transformá-la.<br />

Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia<br />

Em nível individual:<br />

• aluno constant<strong>em</strong>ente ativo, observando, formulando perguntas,<br />

expressando percepções e opiniões;<br />

• aluno motivado pela percepção <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as reais cuja solução<br />

se converte num reforço;<br />

• aprendizag<strong>em</strong> ligada a aspectos significativos da realida<strong>de</strong>;<br />

• <strong>de</strong>senvolvimento das habilida<strong>de</strong>s intelectuais <strong>de</strong> observação,<br />

análise, avaliação, compreensão e extrapolação pelos <strong>de</strong>mais<br />

m<strong>em</strong>bros dos grupos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 64 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Em nível social:<br />

• população conhecedora da sua realida<strong>de</strong>, reagindo aos valores e<br />

imitação do que é <strong>de</strong> fora;<br />

• cooperação na busca <strong>de</strong> soluções a probl<strong>em</strong>as comuns;<br />

• métodos e recursos a<strong>de</strong>quados à realida<strong>de</strong>;<br />

• criação <strong>de</strong> tecnologia viáveis e culturalmente compatíveis com a<br />

realida<strong>de</strong>;<br />

• resistência à dominação.<br />

5.3 Conclusão<br />

Todos nós fomos educados <strong>de</strong>ntro da pedagogia da transmissão e,<br />

<strong>em</strong> outros momentos, a do condicionamento, assim, é muito difícil pensarmos<br />

<strong>em</strong> outra opção <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado momento da nossa vida, pois muito da<br />

tecnologia educacional mo<strong>de</strong>rna se baseia na pedagogia conducionista, que<br />

citamos anteriormente, começando pela instrução programada e terminando<br />

pelo enfoque mais amplo do ensino para a competência ou o domínio. O<br />

método dos módulos po<strong>de</strong> também ser incluído na pedagogia do condicionamento<br />

se as instruções que a realizam enfatizar<strong>em</strong> a obtenção <strong>de</strong> objetivos<br />

preestabelecidos, ao invés do <strong>de</strong>senvolvimento integral do aluno como ser<br />

individual e social.<br />

As consequências citadas da pedagogia do condicionamento são<br />

alarmantes para países do terceiro mundo, <strong>em</strong>penhados como estão <strong>em</strong> lograr<br />

sua in<strong>de</strong>pendência mental associada à in<strong>de</strong>pendência tecnológica, política<br />

e socioeconômica.<br />

Na pedagogia da probl<strong>em</strong>atização, os educandos ou comunida<strong>de</strong><br />

faz a leitura da sua realida<strong>de</strong>, levanta os probl<strong>em</strong>as, pontos-chaves e<br />

passam à teorização do probl<strong>em</strong>a ao se perguntar o porquê das coisas<br />

observadas, ainda que o papel do professor ou técnico sejam s<strong>em</strong>pre<br />

importantes como estímulo para que os alunos/comunida<strong>de</strong> particip<strong>em</strong><br />

ativamente. Nesta fase <strong>de</strong> teorização, sua contribuição é fundamental,<br />

pois a tarefa <strong>de</strong> teorizar é s<strong>em</strong>pre difícil, ainda mais quando não se possui<br />

o hábito <strong>de</strong> fazê-lo, como é, <strong>em</strong> geral, o caso <strong>de</strong> adultos <strong>em</strong> treinamento.<br />

Corre o risco <strong>de</strong> apelar para conhecimentos científicos contidos no dia a<br />

dia e outras <strong>de</strong> maneira simplificada e fácil <strong>de</strong> comprovação, voltando a<br />

usar a pedagogia na qual foi formado.<br />

Resumo<br />

Vimos, nesta aula, que, segundo Bor<strong>de</strong>nave, todos os processos<br />

educativos, assim como suas respectivas metodologias e meios, têm por<br />

base uma <strong>de</strong>terminada pedagogia, isto é, uma concepção <strong>de</strong> como se consegue<br />

que as pessoas aprendam alguma coisa e, a partir daí, modifiqu<strong>em</strong> seu<br />

comportamento. A pedagogia escolhida, por sua vez, se fundamenta <strong>em</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada teoria do conhecimento.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 65<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Cada opção pedagógica, quando exercida <strong>de</strong> maneira dominante<br />

durante um período prolongado, t<strong>em</strong> consequências discerníveis sobre a conduta<br />

individual e também, o que é mais importante, sobre o comportamento<br />

da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu conjunto.<br />

As opções pedagógicas estudadas foram: a pedagogia da transmissão,<br />

pedagogia do condicionamento e a pedagogia da probl<strong>em</strong>atização.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Releia a parte A, B, e C da aula, caracterize cada uma das pedagogias<br />

abordadas e aponte as possíveis consequências para o indivíduo e para a<br />

socieda<strong>de</strong> quando elas são exercidas <strong>de</strong> maneira dominante durante um período<br />

prolongado.<br />

2) Faça uma reflexão e <strong>de</strong>screva como essas opções pedagógicas se apresentam<br />

nas ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong>senvolvidas no seu território e a melhor que<br />

se adéque às suas ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />

3) Refaça a análise das respostas pedagógicas A, B e C.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 66 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 6 – Do processo Digital <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong><br />

ensinar<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> assimilação lógico-abstratos, lógico-concretos, preceptores e esqu<strong>em</strong>as<br />

sensoriais motores.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar os dois el<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong> (um sujeito que<br />

apren<strong>de</strong> e um objeto que é aprendido);<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação lógico-abstratos, lógico-<br />

-concretos, preceptores e esqu<strong>em</strong>as sensoriais motores.<br />

Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante você<br />

disponibilizar no mínimo duas horas para leitura e reflexão do t<strong>em</strong>a que será<br />

abordado.<br />

6.1 Introdução<br />

Como apren<strong>de</strong>mos? Des<strong>de</strong> quando começa o nosso aprendizado?<br />

Na aula anterior, i<strong>de</strong>ntificamos as três correntes pedagógicas mais frequentes<br />

no cotidiano e suas implicações para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong>,<br />

b<strong>em</strong> como comparamos os fatores pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s educativas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no território, <strong>de</strong>stacando aquela que melhor se a<strong>de</strong>quava às<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas. Na aula <strong>de</strong> hoje, vamos conhecer melhor o processo<br />

<strong>de</strong> assimilação. Discorrer<strong>em</strong>os <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esqu<strong>em</strong>as sensoriais motores até os<br />

abstratos.<br />

6.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Futuros Técnicos <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, vamos, na aula <strong>de</strong> hoje,<br />

estudar algumas linhas teóricas que orientam o mo<strong>de</strong>lo pedagógico que busca<br />

uma nova forma <strong>de</strong> organizar o trabalho pedagógico nas instituições <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Além da exposição e reflexão dos aspectos teóricos, procurar<strong>em</strong>os,<br />

também, orientar o processo <strong>de</strong> reflexão-criação, implícitos <strong>em</strong> qualquer<br />

ação pedagógica.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

67<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Para Davini, a maioria das experiências realizadas t<strong>em</strong> se preocupado<br />

<strong>em</strong> como ensinar, isto é, como mostrar melhor para inculcar melhor.<br />

Segunda ela, isto po<strong>de</strong> ser observado não apenas nas formas clássicas <strong>de</strong> palestras<br />

e treinamento, mas também <strong>em</strong> algumas formas aparent<strong>em</strong>ente mo<strong>de</strong>rnas<br />

que adotam um leque <strong>de</strong> meios técnicos audiovisuais. Na realida<strong>de</strong>,<br />

todas elas se organizam sobre a mesma base <strong>de</strong> “mostrar-informar–inculcar”,<br />

preten<strong>de</strong>ndo que o aprendiz consiga reproduzir mais ou menos fielmente o<br />

que é ensinado.<br />

Outras experiências, procurando quebrar a tradição anterior, adotaram<br />

a metodologia dialogal. O educando já não é mais visto como um<br />

objeto, mas consi<strong>de</strong>rado com a riqueza <strong>de</strong> suas experiências. Contudo, a<br />

falta <strong>de</strong> uma reflexão teórica sólida sobre este processo e sobre sua correspon<strong>de</strong>nte<br />

sist<strong>em</strong>atização faz<strong>em</strong> com que tais experiências se enfrent<strong>em</strong> com<br />

dois perigos:<br />

• ou não se avança mais além do diálogo, subestimando os aportes<br />

científicos e, com isso, afetando seriamente a eficiência do pessoal;<br />

• ou se quebra o diálogo <strong>em</strong> algum momento do processo, partindo<br />

para uma segunda etapa <strong>de</strong> informação/inculcação do melhor<br />

tipo tradicional.<br />

Na verda<strong>de</strong>, a questão central é habitualmente esquecida: mais do<br />

que preocupar-se <strong>em</strong> como ensinar (por inculcação ou por diálogo), é fundamental<br />

começar por questionar-se como se apren<strong>de</strong>. Ou seja, quais são os<br />

processos internos e a que caminhos recorre um <strong>de</strong>terminado sujeito para<br />

apren<strong>de</strong>r (no nosso caso, as pessoas da comunida<strong>de</strong>/território que o Técnico<br />

<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> atua). Felizmente, algumas experiências realizadas<br />

já se orientam <strong>em</strong> função <strong>de</strong>ssa questão.<br />

Como ponto <strong>de</strong> partida, dir<strong>em</strong>os que uma situação <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

é uma relação dinâmica entre dois el<strong>em</strong>entos: um sujeito que apren<strong>de</strong><br />

e um objeto que é aprendido.<br />

S<br />

Nenhum <strong>de</strong>stes dois polos da relação são “caixas vazias”. Por um<br />

lado, o sujeito é um ser ativo, portador <strong>de</strong> concepções, costumes e hábitos,<br />

e <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas formas <strong>de</strong> pensar e atuar sobre a realida<strong>de</strong>. Por outro<br />

lado, o objeto ou assunto a ser aprendido t<strong>em</strong> uma estrutura que lhe é própria:<br />

até a mais simples técnica <strong>de</strong> separar o lixo doméstico t<strong>em</strong> como suporte<br />

e justificativa uma série <strong>de</strong> conhecimentos científicos que lhe confere<br />

seu verda<strong>de</strong>iro sentido.<br />

Ter<strong>em</strong>os, então, diante <strong>de</strong> nós, duas questões centrais.<br />

• Quais são as formas <strong>de</strong> conhecer e <strong>de</strong> pensar das pessoas as ser<strong>em</strong><br />

capacitadas/orientadas?<br />

• Qual é a estrutura do conhecimento que <strong>de</strong>verá ser assimilado?<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 68 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

O


Ambas as questões são complexas e não exist<strong>em</strong> fórmulas prontas<br />

para tais interrogantes. No entanto, exist<strong>em</strong> alguns aportes teóricos, suficient<strong>em</strong>ente<br />

comprovados, que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> base sólida para a busca <strong>de</strong><br />

respostas a<strong>de</strong>quadas. Buscá-las é uma tarefa indiscutível se quiser conduzir<br />

um processo que leve até uma aprendizag<strong>em</strong> verda<strong>de</strong>ira. Para Davini, só<br />

indagando como se produz essa dinâmica <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> é que caminhar<strong>em</strong>os<br />

mais seguros até a pergunta sobre como ensinar. Isto representa uma<br />

real inversão da or<strong>de</strong>m dos questionamentos.<br />

A primeira pergunta que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os fazer é:<br />

I- Como o sujeito apren<strong>de</strong>?<br />

Começar<strong>em</strong>os pela primeira questão, referente às formas <strong>de</strong> pensar<br />

e <strong>de</strong> conhecer do sujeito da aprendizag<strong>em</strong>, como, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> nosso<br />

caso, a comunida<strong>de</strong>, a população <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado território. Quando<br />

falamos <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> pensar e conhecer, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os levar <strong>em</strong> conta duas variáveis<br />

principais:<br />

esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> assimilação.<br />

Formas <strong>de</strong> pensar e conhecer<br />

padrões culturais.<br />

Para refletirmos sobre a primeira, Davini utiliza conceitos centrais<br />

da Psicologia Genética <strong>de</strong> Jean Piaget; quanto à segunda, consi<strong>de</strong>ra os aportes<br />

<strong>de</strong> diversos autores da Sociologia e da Antropologia Social.<br />

Por esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação, <strong>de</strong>fine as formas <strong>de</strong> ação que um<br />

sujeito <strong>de</strong>senvolve para conhecer alguma coisa. Essas formas <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong>m<br />

ser externas e visíveis (ações materiais), como manipular uma ferramenta <strong>de</strong><br />

trabalho, ou po<strong>de</strong>m ser internas e não visíveis, como a ação <strong>de</strong> conceituar<br />

(operações mentais).<br />

Será que esses esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação são iguais para todas as<br />

pessoas?<br />

Clara que não! Os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação variam <strong>de</strong> sujeito para<br />

sujeito, mas existe uma pauta <strong>de</strong> evolução comum <strong>de</strong> acordo com o processo<br />

<strong>de</strong> maturação. Neste processo, que começa a partir do nascimento e culmina<br />

na ida<strong>de</strong> adulta, se produz uma verda<strong>de</strong>ira transformação progressiva que<br />

vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação mais simples aos mais complexos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os mais concretos aos mais abstratos.<br />

Como acontece essa evolução?<br />

1) O sujeito conhece através da manipulação concreta <strong>de</strong> objetos<br />

materiais: toca, pega, apalpa, saco<strong>de</strong>, golpeia etc. Estes são os esqu<strong>em</strong>as<br />

sensórios-motores, através dos quais são formadas as primeiras noções práticas<br />

<strong>de</strong> peso, volume, consistência etc. São próprios dos primeiros anos <strong>de</strong><br />

vida, porém, se mantêm nos anos subsequentes, mesmo na ida<strong>de</strong> adulta,<br />

integrados <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>as mais complexos.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 69<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


2) O sujeito se torna gradualmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da manipulação,<br />

quando a situação o requer, e po<strong>de</strong> conhecer observando objetos materiais.<br />

No entanto, não consegue pensar além do que vê. São os esqu<strong>em</strong>as perceptivos,<br />

próprios da fase <strong>de</strong> dois a sete anos e mantidos nas fases subsequentes.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo: um menino <strong>de</strong> cinco anos, na situação a seguir, diz que exist<strong>em</strong><br />

mais fichas pretas do que brancas.<br />

O adulto também apela para esqu<strong>em</strong>as perceptivos, nos casos <strong>em</strong><br />

que o assunto é inteiramente <strong>de</strong>sconhecido, dando explicações mecânicas<br />

sobre ele mesmo, aferrando-se somente às características visíveis do fenômeno.<br />

3) O sujeito po<strong>de</strong> pensar mais além do que vê: agora, já procura explicações<br />

diferentes e até divergentes a respeito das características visíveis<br />

do objeto. Contudo, não po<strong>de</strong> “pensar s<strong>em</strong> ver”, ou seja, não po<strong>de</strong> refletir<br />

no abstrato, só po<strong>de</strong> fazê-lo a partir <strong>de</strong> dados concretos materiais <strong>de</strong> sua<br />

experiência direta. Estes são os esqu<strong>em</strong>as lógico-concretos, próprios da fase<br />

que vai dos sete aos 12 anos e mantidos na etapa seguinte para ser<strong>em</strong> usados<br />

quando necessários. De fato, quando o adulto não domina conceitualmente<br />

um assunto, ou quando este se apresenta <strong>de</strong> maneira confusa, necessita o<br />

apoio <strong>de</strong> “ver” as manifestações concretas para compreen<strong>de</strong>r a questão.<br />

4) O sujeito po<strong>de</strong> tornar-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos materiais ou dos concretos<br />

e refletir sobre i<strong>de</strong>ias ou símbolos, abstrair, generalizar e estabelecer<br />

relações cada vez mais amplas e complexas. Estes são os esqu<strong>em</strong>as lógico-<br />

-abstratos, próprios da adolescência e da vida adulta. Para chegar a este<br />

estágio, é indispensável que o sujeito tenha tido experiências e oportunida<strong>de</strong>s<br />

sociais que o estimul<strong>em</strong>. É também indispensável que tenha exercitado<br />

suficient<strong>em</strong>ente os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação mais simples, que serv<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

ponte para os mais complexos. Para refletir sobre abstrações e alcançar os<br />

argumentos conceituais, requere-se, como primeiro passo, que tenha agrupado<br />

objetos materiais e relacionado dados concretos. S<strong>em</strong> dúvida, o adulto<br />

que dispõe <strong>de</strong> esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos teve que recorrer às etapas correspon<strong>de</strong>ntes<br />

aos esqu<strong>em</strong>as mais simples, que lhes serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> base, esqu<strong>em</strong>as<br />

estes que se conservam, ainda que subordinados aos mais complexos, para<br />

aplicá-los <strong>em</strong> situações <strong>em</strong> que as abstrações não lhes sirvam para resolver<br />

um <strong>de</strong>terminado probl<strong>em</strong>a.<br />

É neste sentido que po<strong>de</strong>mos dizer que os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação<br />

são produtos <strong>de</strong> uma construção progressiva através da própria prática<br />

ativa do sujeito ao longo <strong>de</strong> sua vida, mas esta construção progressiva não<br />

se realiza obrigatoriamente: é necessário que existam estímulos ambientais<br />

para que o sujeito sinta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar novas respostas e, então,<br />

<strong>de</strong>senvolver novos esqu<strong>em</strong>as cognitivos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 70 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


É aqui que se faz necessário <strong>de</strong>stacar o peso dos fatores socioculturais,<br />

não só a respeito da classe social a que o sujeito pertence, mas,<br />

especialmente, quanto aos padrões culturais (visão do mundo, mitos, tradições,<br />

estrutura familiar etc). Estes têm fundamental importância, já que<br />

conformam no sujeito os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> percepção e <strong>de</strong> pensamento sobre<br />

a realida<strong>de</strong>, esqu<strong>em</strong>as que são incorporados a ele <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Assim<br />

como os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação anteriormente referidos levam a evolução<br />

intelectual, individual, os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> percepção e <strong>de</strong> pensamento, agora<br />

consi<strong>de</strong>rados, são socialmente construídos através da história <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

grupo social.<br />

Na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é importante refletir sobre como este grupo social<br />

concebe <strong>em</strong> seu próprio corpo a relação entre saú<strong>de</strong>, doença, meio ambiente,<br />

modos <strong>de</strong> viver e trabalhar <strong>de</strong> uma população. Do mesmo modo, como<br />

pensam a relação médico-paciente-instituição e o seu papel nesta dinâmica.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista pedagógico, segundo Davini, torna-se indispensável<br />

analisar as formas <strong>de</strong> pensar e conhecer dos educandos para <strong>de</strong>senvolver<br />

uma estratégia <strong>de</strong> ensino que parta das condições reais dos mesmos, estimulando-os<br />

a aplicar<strong>em</strong> seus esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação e a refletir<strong>em</strong> sobre<br />

suas próprias percepções dos processos, <strong>de</strong> modo que avanc<strong>em</strong> <strong>em</strong> seus conhecimentos<br />

e <strong>em</strong> suas formas próprias <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> conhecer a realida<strong>de</strong>.<br />

II. Estrutura do objeto<br />

Agora, vamos refletir sobre a estrutura do objeto ou o assunto a ser<br />

assimilado, objeto da aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Como já foi mencionado, até as técnicas aparent<strong>em</strong>ente mais simples<br />

e rotineiras têm seus porquês na estrutura do conhecimento científico<br />

que lhes dão suporte, justificando-as, indicando suas “razões <strong>de</strong> ser”. Resta,<br />

pois, uma <strong>de</strong>cisão: ou se rotiniza o treinamento pela inclusão mecânica dos<br />

passos <strong>de</strong> uma técnica ou se orienta o processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> modo<br />

que ele mesmo chegue a apropriar-se dos conhecimentos ou dos porquês do<br />

que faz. A <strong>de</strong>cisão não só correspon<strong>de</strong> à “ética pessoal”, como também t<strong>em</strong><br />

que levar <strong>em</strong> conta indicadores práticos. A maioria dos treinamentos, baseados<br />

na reprodução mecânica <strong>de</strong> ações, t<strong>em</strong> dado resultados pouco satisfatórios.<br />

E, o que é pior, esses treinamentos <strong>em</strong> “saber fazer” supõ<strong>em</strong> situa-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 71<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


ções ambientais estáveis, coisa que, na realida<strong>de</strong> cotidiana, não acontece.<br />

O treinamento pela mecanização <strong>de</strong> ações não oferece ao sujeito nenhuma<br />

autonomia <strong>de</strong> ação diante dos diversos probl<strong>em</strong>as que se colocam.<br />

Por isso, é importante procurar que o sujeito se aproprie dos conhecimentos<br />

que sustentam as técnicas. Então, segundo Davini, é necessário<br />

começar por refletir sobre a estrutura do conhecimento que regula o<br />

“fazer” cotidiano dos Técnicos <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> no seu serviço. Mas<br />

esses conhecimentos não se apresentam <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>sorganizado, como uma<br />

gran<strong>de</strong> lista <strong>de</strong> assuntos s<strong>em</strong> nenhuma ou com pouca relação entre si. Pelo<br />

contrário, eles terão uma vinculação muito estreita, organizando-se hierarquicamente,<br />

como uma re<strong>de</strong> ou “árvore” <strong>de</strong> conhecimentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais<br />

abrangentes até os mais específicos. Na verda<strong>de</strong>, toda essa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> conhecimentos<br />

po<strong>de</strong> ser reduzida a uns poucos conceitos chaves a partir dos quais<br />

se abriria toda essa re<strong>de</strong>. Por ex<strong>em</strong>plo, o conceito <strong>de</strong> contaminação po<strong>de</strong><br />

estar informando e dando suporte a várias técnicas específicas <strong>de</strong> rotina,<br />

como as <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção e esterilização <strong>de</strong> materiais e antissepsia <strong>em</strong> curativos.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, este mesmo conceito po<strong>de</strong> dar fundamento a medidas<br />

<strong>de</strong> saneamento básico e do meio ambiente. Estamos, então, diante do que<br />

chamamos conceito chave: conceito <strong>de</strong> um relativo alcance <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong><br />

que, subjazendo ao exercício prático <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas técnicas estruturais,<br />

sist<strong>em</strong>atiza e organiza a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos específicos correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a tais técnicas.<br />

Mas, por sua vez, o conceito <strong>de</strong> contaminação e outros mais, como<br />

o <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> resistência etc., po<strong>de</strong>m estar subordinados a um conceito<br />

chave <strong>de</strong> maior alcance, como “transmissibilida<strong>de</strong> das doenças”, completando-se<br />

a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceitos que estruturam toda uma área <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

técnico-profissional.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 72 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Não se trata <strong>de</strong> reconstruir toda a re<strong>de</strong> ou matriz <strong>de</strong> conhecimento<br />

<strong>de</strong> toda a ciência, mas, sim, somente aquela matriz necessária ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

técnico específico. Trabalhar <strong>de</strong>sta maneira t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> organizar<br />

os conhecimentos a ser<strong>em</strong> assimilados. E mais, t<strong>em</strong> o gran<strong>de</strong> valor <strong>de</strong><br />

sist<strong>em</strong>atizar a ação pedagógica, <strong>de</strong> modo que o educando chegue a integrar<br />

seus conhecimentos e a compreen<strong>de</strong>r seus fundamentos últimos, evitando<br />

que fique reduzido à rotinização <strong>de</strong> técnicas ou à acumulação <strong>de</strong> informações<br />

soltas. Apropriar-se <strong>de</strong>stes fundamentos oferecerá autonomia <strong>de</strong> ação<br />

<strong>em</strong> cada nova circunstância.<br />

III ) A dinâmica da aprendizag<strong>em</strong> e o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> como educador.<br />

Nos pontos anteriores, tentamos colocar para a reflexão duas questões<br />

importantes, que são dadas a seguir.<br />

• Quais são as diferentes formas <strong>de</strong> conhecer do pessoal dos serviços<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong> (esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação predominantes e<br />

padrões culturais <strong>de</strong> percepção da realida<strong>de</strong>)?<br />

• Qual é a estrutura do conhecimento a ser assimilado para seu<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho técnico?<br />

Resta, agora, terminar com dois assuntos <strong>de</strong> fundamental interesse:<br />

• Como se apren<strong>de</strong>, ou seja, como se traduz essa relação dinâmica<br />

entre este sujeito concreto e este objeto a ser assimilado?<br />

• Qual é o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> neste processo?<br />

O que foi colocado até aqui já nos encaminha para a resposta da<br />

primeira pergunta. Assim, po<strong>de</strong>mos dizer que o sujeito apren<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong><br />

sucessivas aproximações à estrutura do objeto, e que estas aproximações<br />

são alcançadas pela aplicação ativa dos esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação <strong>de</strong> que<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 73<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


dispõe e a partir <strong>de</strong> sua percepção social inicial. Melhor dizendo: a aprendizag<strong>em</strong><br />

não se processa <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado momento, como um abrir e<br />

fechar <strong>de</strong> olhos. Pelo contrário, requer um t<strong>em</strong>po no qual o sujeito “investigue<br />

ativamente”, aplicando suas formas <strong>de</strong> conhecer e aproximando-se cada<br />

vez mais da matriz interna do assunto, <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> idas e vindas <strong>de</strong><br />

reflexão e ação.<br />

S<br />

Po<strong>de</strong>-se chamar <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> tateio, porém, não <strong>de</strong> um tatear<br />

assist<strong>em</strong>ático ou “às cegas”, como na pedagogia mecanicista, mas <strong>de</strong> tateio<br />

sist<strong>em</strong>ático, guiado pela ação inteligente, seja esta prática ou abstrata. Este<br />

processo, <strong>de</strong> ação assimiladora e aproximação sucessiva, s<strong>em</strong>pre se inicia a<br />

partir da primeira visão que o sujeito t<strong>em</strong> do assunto; visão altamente carregada<br />

<strong>de</strong> costumes e tradições. Mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre tais costumes e tradições<br />

serão eliminados durante o processo. Muitos se transformarão, enriquecidos<br />

pelo novo conteúdo a ser assimilado; outros permanecerão, na medida <strong>em</strong><br />

que não entr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contradição com o que foi aprendido. A visão baseada <strong>em</strong><br />

costumes e tradições se transformará na medida <strong>em</strong> que o educando/povo<br />

sinta necessida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> sua própria reflexão e busca ativa durante o<br />

processo. E é assim que, a cada momento <strong>de</strong> aproximação ao fundamental<br />

do assunto, o sujeito construirá ativamente novas regulações, melhor dizendo,<br />

novos comportamentos, cada vez mais ajustados ao objeto <strong>em</strong> questão.<br />

Construindo gradualmente sua própria síntese, modificará sua própria ação<br />

prática, abandonando os comportamentos anteriores. Assim, não avançará<br />

isoladamente no conhecimento, mas terá tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avançar <strong>em</strong><br />

seus próprios esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação pelo exercício <strong>de</strong> ação intelectual.<br />

A respeito do papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/educador<br />

neste processo, po<strong>de</strong>mos afirmar que sua função é organizar sist<strong>em</strong>aticamente<br />

uma série gradual e enca<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> situações para que este processo<br />

se produza. Esta partirá da própria percepção que o educando tenha do<br />

assunto e <strong>de</strong> sua própria prática. Através da observação e da reflexão, o educador<br />

apresentará probl<strong>em</strong>as e ativida<strong>de</strong>s-estímulo previamente planejados<br />

para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a busca sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> respostas que, à medida que sejam<br />

alcançadas, <strong>de</strong>verão ser s<strong>em</strong>pre submetidas ao teste da prática numa sequência<br />

não interrompida <strong>de</strong> reflexão e ação <strong>de</strong> prática-teoria-prática.<br />

A tarefa <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> orienta a aprendizag<strong>em</strong> é quase artesanal, <strong>de</strong><br />

criação e recriação <strong>de</strong> alternativas pedagógicas que encaminh<strong>em</strong> este processo,<br />

ajustando-as cada vez mais à sua realida<strong>de</strong> específica e corrigindo<br />

<strong>de</strong>svios. O próprio técnico/educador se verá também envolvido num processo<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> permanente.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 74 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

O


6.3 Conclusão<br />

A aula <strong>de</strong> hoje nos fez refletir sobre os vários esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação,<br />

pois enten<strong>de</strong>r esses esqu<strong>em</strong>as é bom para o Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> elaborar e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar ações educativas junto à população do<br />

território <strong>de</strong> forma eficaz.<br />

Todos nós passamos e absorv<strong>em</strong>os os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação sensoriais<br />

motores, perceptuais, lógico-concretos e esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />

Mesmo aquelas populações/etnias que viv<strong>em</strong> com pouco contato com o mundo<br />

<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os alcançam, <strong>em</strong> fase adulta, os esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />

Como referimos anteriormente, acumulamos esses esqu<strong>em</strong>as e os<br />

usamos quando achamos conveniente, não é a toa que nos museus t<strong>em</strong> placas<br />

<strong>de</strong> “proibido pegar”. Quantas vezes achamos uma coisa bonita e a pegamos?<br />

Será que enxergamos é com as mãos ou porque, <strong>de</strong> forma involuntária,<br />

retornamos a esqu<strong>em</strong>as iniciais da nossa vida? T<strong>em</strong> muitos são Tomé por aí<br />

que “acreditam no que vêm, no que tocam, no que sent<strong>em</strong>”.<br />

Sab<strong>em</strong>os que, nos dias <strong>de</strong> hoje, com o avanço das tecnologias, as<br />

crianças têm se <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> forma muito mais rápida, amadurec<strong>em</strong> mais<br />

cedo, porém, a sua aprendizag<strong>em</strong> continua num processo contínuo e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da sua ida<strong>de</strong> e dos estímulos recebidos.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível i<strong>de</strong>ntificar e refletir os dois el<strong>em</strong>entos<br />

da aprendizag<strong>em</strong>, ou seja, um sujeito que apren<strong>de</strong> e um objeto que é<br />

aprendido; para que haja aprendizag<strong>em</strong>, são necessários os estímulos para<br />

que aconteçam os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação: sensoriais motores, perceptuais,<br />

lógico-concretos e esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Releia o It<strong>em</strong> I e analise quais são as formas <strong>de</strong> conhecer (esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

assimilação e padrões culturais). Cite ex<strong>em</strong>plos do it<strong>em</strong>.<br />

2) Releia o It<strong>em</strong> II e reflita sobre as diferenças entre o ensino por técnicas e<br />

o ensino através da estrutura do conhecimento. Anote as conclusões.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 75<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


3) Releia o It<strong>em</strong> III e reflita sobre o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

no processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> das pessoas da comunida<strong>de</strong>. Anote as conclusões.<br />

(Aula baseada no texto elaborado para a Capacitação Pedagógica <strong>de</strong> Instrutores/Supervisores<br />

do Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Médio <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (Projeto Larga Escala) mediante consultoria à OPAS, Brasília, 1983.<br />

Maria Cristina Davini - ex-consultora da Organização Pan-Americana da<br />

Saú<strong>de</strong>).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 76 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 7 - Os quatros pilares da educação<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os quatro pilares da<br />

educação, i<strong>de</strong>ntificando-os.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar os quatros pilares da educação e conceituar cada um<br />

<strong>de</strong>les;<br />

2. <strong>de</strong>screver os procedimentos didáticos que po<strong>de</strong>m ser adotados<br />

a partir dos quatro pilares;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar essas pr<strong>em</strong>issas <strong>de</strong>ntro do território e nos atores sociais<br />

que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />

7.1 Introdução<br />

Para aprofundarmos os nossos conhecimentos e fazermos uma reflexão<br />

sobre o processo <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r <strong>em</strong> nossas práticas no cotidiano,<br />

nada melhor do que falarmos dos quatros pilares da educação <strong>de</strong><br />

Jacques Delors (1998).<br />

7.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

7.2.1 Os quatros pilares da <strong>Educação</strong><br />

O livro <strong>Educação</strong>, um tesouro a <strong>de</strong>scobrir, sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Jacques Delors, aborda, <strong>de</strong> forma bastante didática e com muita proprieda<strong>de</strong>,<br />

os quatro pilares <strong>de</strong> uma educação para o século XXI, associando-os<br />

e i<strong>de</strong>ntificando-os com algumas máximas da Pedagogia prospectiva e subsidiando<br />

o trabalho <strong>de</strong> pessoas comprometidas com a busca por uma educação<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Diz o texto, na página 89: “À educação cabe fornecer, <strong>de</strong><br />

algum modo, os mapas <strong>de</strong> um mundo complexo e constant<strong>em</strong>ente agitado e,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, a bússola que permite navegar através <strong>de</strong>le”.<br />

Segundo o autor, a analogia com a prática pedagógica se mostra<br />

quando diz que a educação <strong>de</strong>ve preocupar-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver quatro aprendizagens<br />

fundamentais, que serão, para cada indivíduo, os pilares do conhe-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

77<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Jacques Delors<br />

(1998) aponta, como<br />

principal consequência<br />

da socieda<strong>de</strong> do<br />

conhecimento, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

aprendizag<strong>em</strong> ao<br />

longo <strong>de</strong> toda vida,<br />

fundamentada <strong>em</strong><br />

quatro pilares que são,<br />

concomitant<strong>em</strong>ente,<br />

pilares do conhecimento<br />

e da formação<br />

continuada.<br />

cimento: apren<strong>de</strong>r a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento<br />

que verda<strong>de</strong>iramente liberta da ignorância; apren<strong>de</strong>r a fazer mostra a<br />

corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> executar, <strong>de</strong> correr riscos, <strong>de</strong> errar mesmo na busca <strong>de</strong> acertar;<br />

apren<strong>de</strong>r a conviver: aqui, t<strong>em</strong>os o <strong>de</strong>safio da convivência, que apresenta o<br />

respeito a todos e o exercício <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> como caminho do entendimento;<br />

e, finalmente; apren<strong>de</strong>r a ser, visto, talvez, como o mais importante, por<br />

explicitar, aí, o papel do cidadão e o objetivo <strong>de</strong> viver.<br />

Os pilares são quatro, os saberes e as competências a se adquirir<br />

são apresentados, aparent<strong>em</strong>ente, divididos. Essas quatro vias não po<strong>de</strong>m,<br />

no entanto, se dissociar por estar<strong>em</strong> imbricadas, constituindo interação com<br />

o fim único <strong>de</strong> uma formação holística do indivíduo.<br />

A seguir, uma síntese dos quatro pilares para a educação do século XXI.<br />

Apren<strong>de</strong>r a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>scobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que<br />

não seja efêmero, para que se mantenha através do t<strong>em</strong>po, para que valorize<br />

a curiosida<strong>de</strong>, a autonomia e a atenção permanent<strong>em</strong>ente. É preciso<br />

também pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar.<br />

Apren<strong>de</strong>r a fazer - Não basta se preparar com cuidado para se<br />

inserir no setor do trabalho. A rápida evolução por qual passam as profissões<br />

pe<strong>de</strong> que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e<br />

a trabalhar <strong>em</strong> equipe, <strong>de</strong>senvolvendo espírito cooperativo e <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong><br />

na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho<br />

coletivo. Ter iniciativa, gostar <strong>de</strong> certa dose <strong>de</strong> risco, ter intuição, saber se<br />

comunicar, saber resolver conflitos e ser flexível. Apren<strong>de</strong>r a fazer envolve<br />

uma série <strong>de</strong> técnicas a ser<strong>em</strong> trabalhadas.<br />

Apren<strong>de</strong>r a viver juntos, apren<strong>de</strong>r a viver com os outros - No<br />

mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado, por ser valorizado<br />

aquele que apren<strong>de</strong> a viver com os outros, a compreen<strong>de</strong>r os outros, a <strong>de</strong>senvolver<br />

a percepção <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência, a administrar conflitos, a participar<br />

<strong>de</strong> projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.<br />

Apren<strong>de</strong>r a ser - É importante <strong>de</strong>senvolver sensibilida<strong>de</strong>, sentido<br />

ético e estético, responsabilida<strong>de</strong> pessoal, pensamento autônomo e crítico,<br />

imaginação, criativida<strong>de</strong>, iniciativa e <strong>de</strong>senvolvimento integral da pessoa <strong>em</strong><br />

relação à inteligência. A aprendizag<strong>em</strong> precisa ser integral, não negligenciando<br />

nenhuma das potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada indivíduo.<br />

Veja!<br />

A partir <strong>de</strong>ssa visão dos quatro pilares do conhecimento, po<strong>de</strong>m-se<br />

prever gran<strong>de</strong>s consequências na educação. O ensino-aprendizag<strong>em</strong> voltado<br />

apenas para a absorção <strong>de</strong> conhecimento, que t<strong>em</strong> sido objeto <strong>de</strong> preocupação<br />

constante <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina, <strong>de</strong>verá dar lugar ao ensinar a pensar,<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 78 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


saber se comunicar, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e<br />

elaborações teóricas, ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônomo, enfim, ser socialmente<br />

competente.<br />

Uma educação fundamentada nos quatro pilares elencados sugere<br />

alguns procedimentos didáticos que lhes sejam condizentes, como:<br />

• relacionamento do t<strong>em</strong>a com a experiência do estudante e <strong>de</strong><br />

outros personagens do contexto social;<br />

• <strong>de</strong>senvolvimento da pedagogia da pergunta (Paulo Freire e Antonio<br />

Faun<strong>de</strong>z - Por uma Pedagogia da Pergunta - Paz e Terra,<br />

1985);<br />

• relação dialógica com o estudante;<br />

• envolvimento do estudante num processo que conduz a resultados,<br />

conclusões ou compromissos com a prática;<br />

• processo <strong>de</strong> autoaprendizag<strong>em</strong>, corresponsabilida<strong>de</strong> no processo<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>;<br />

• utilização do jogo pedagógico com o princípio <strong>de</strong> construir o<br />

texto.<br />

7.3 Conclusão<br />

Presenciamos um momento muito importante <strong>em</strong> nosso país, o da<br />

<strong>de</strong>manda por educação que, ao crescer, faz com que a socieda<strong>de</strong> e as instituições,<br />

<strong>em</strong> uníssono, moviment<strong>em</strong>-se no atendimento a esta urgência nacional.<br />

Esta é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça.<br />

T<strong>em</strong>os materiais e t<strong>em</strong>os i<strong>de</strong>ias. É preciso pôr <strong>em</strong> prática todos os estudos<br />

e projetos para a mo<strong>de</strong>rnização da educação. Para mudar nossa história e<br />

lograr conquistas, precisamos ousar <strong>em</strong> cortar as cordas que impe<strong>de</strong>m o<br />

próprio crescimento, Exercitar a cidadania plena, apren<strong>de</strong>r a usar o po<strong>de</strong>r<br />

da visão crítica, enten<strong>de</strong>r o contexto <strong>de</strong>sse mundo, ser o autor e ator da<br />

própria história, cultivar o sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, lutar por uma socieda<strong>de</strong><br />

mais justa e solidária e, acima <strong>de</strong> tudo, acreditar s<strong>em</strong>pre no po<strong>de</strong>r<br />

transformador da educação.<br />

Resumo<br />

Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, os quatros pilares da educação, pr<strong>em</strong>issas<br />

estas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na socieda<strong>de</strong><br />

cont<strong>em</strong>porânea. Portanto, não se esqueça!<br />

Apren<strong>de</strong>r a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento<br />

que verda<strong>de</strong>iramente liberta da ignorância;<br />

Apren<strong>de</strong>r a fazer mostra a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> executar, <strong>de</strong> correr riscos,<br />

<strong>de</strong> errar, mesmo na busca <strong>de</strong> acertar.<br />

Apren<strong>de</strong>r a conviver, <strong>de</strong>safio da convivência que apresenta o respeito<br />

a todos e o exercício <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> como caminho do entendimento.<br />

Apren<strong>de</strong>r a ser, visto, talvez, como o mais importante por explicitar,<br />

aí, o papel do cidadão e o objetivo <strong>de</strong> viver.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 79<br />

Paulo Freire (Recife,<br />

1921 - São Paulo, 1997),<br />

ainda hoje, figura<br />

entre as mais acatadas<br />

personalida<strong>de</strong>s na<br />

área da Pedagogia.<br />

Foi docente na<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Pernambuco. Mais<br />

tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou<br />

a função <strong>de</strong> consultor<br />

especial para assuntos<br />

<strong>de</strong> educação no<br />

Ministério da <strong>Educação</strong><br />

e Cultura. Atuou pela<br />

UNESCO para servir<br />

<strong>em</strong> Santiago do Chile,<br />

on<strong>de</strong> trabalhou na<br />

formulação do Plano<br />

<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Massa<br />

durante o governo Frey.<br />

Pronunciou conferências<br />

nos Estados Unidos, na<br />

Europa e na África. Seus<br />

livros são regularmente<br />

editados nos principais<br />

países do mundo<br />

oci<strong>de</strong>ntal. (Crédito<br />

da foto: maldonado.<br />

squarespace.com)<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Procure i<strong>de</strong>ntificar os quatros pilares da educação conceituando cada um<br />

<strong>de</strong>les.<br />

2) Baseado nos quatro pilares da educação, o autor sugere alguns procedimentos<br />

didáticos, cite os.<br />

3) Faça uma correlação do t<strong>em</strong>a com a sua experiência e a <strong>de</strong> outros personagens<br />

do seu território (atores sociais que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 80 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 8 – <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver o conceito <strong>de</strong><br />

educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Objetivos<br />

Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />

1. i<strong>de</strong>ntificar e conceituar educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

2. <strong>de</strong>screver as três etapas da educação profissional/educação institucionalizada<br />

ou não;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os meios pelos quais a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

é produzida.<br />

8.1 Introdução<br />

Fiz<strong>em</strong>os uma análise das formas <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro do<br />

seu território e passamos várias aulas aprofundando nos conceitos <strong>de</strong> ensino-<br />

-aprendizag<strong>em</strong>, agora, precisamos retomar ao nosso propósito, <strong>Fundamentos</strong><br />

da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Primeiro, faça uma reflexão sobre o que significa para você educação,<br />

saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Você sabe muita coisa sobre esses termos, não é verda<strong>de</strong>? Conviv<strong>em</strong>os<br />

com a educação e com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nosso nascimento ou até b<strong>em</strong><br />

antes <strong>de</strong> nascermos, pois os nossos pais já cuidavam <strong>de</strong>ste assunto.<br />

Diante <strong>de</strong> tudo que já foi estudado e com a sua experiência <strong>de</strong> vida,<br />

procure relacionar, numa folha <strong>de</strong> papel a parte, palavras que expressam o<br />

seu conhecimento sobre educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Faça uma<br />

análise sobre o papel <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las na sua vida e na da socieda<strong>de</strong>.<br />

(Você <strong>de</strong>ve reservar 30 minutos para essa ativida<strong>de</strong>).<br />

8.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

8.2.1 <strong>Educação</strong><br />

Depois que você já fez a reflexão sobre educação, saú<strong>de</strong> e educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, vejamos o que certos autores falaram sobre o assunto.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

81<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


<strong>Educação</strong>:<br />

catequização, ensino,<br />

instrução, criação.<br />

“Educar significa<br />

acionar, através <strong>de</strong><br />

uma ação externa, os<br />

mecanismos internos<br />

do educando para<br />

que ele seja capaz <strong>de</strong><br />

utilizar plenamente<br />

sua capacida<strong>de</strong><br />

humana, que é <strong>de</strong><br />

natureza intelectual<br />

e racional, para<br />

promover o seu próprio<br />

auto<strong>de</strong>senvolvimento<br />

como sujeito livre e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte daqueles<br />

que o estão gerando<br />

como ser humano”.<br />

“Ninguém educa<br />

ninguém, ninguém é<br />

educado por ninguém.<br />

As pessoas se educam<br />

umas com as outras, <strong>em</strong><br />

comunhão”.<br />

(Paulo Freire).<br />

Aproveitando a leitura, faça uma análise do exposto e <strong>de</strong>staque o que mais<br />

chama a sua atenção para facilitar as indagações com o seu tutor e/ou professor<br />

formador.<br />

8.2.1.1 A educação e o ser humano<br />

Kant, filósofo do século XVIII, afirma que “o hom<strong>em</strong> é o único animal<br />

que precisa ser educado”.<br />

Pois b<strong>em</strong>: por que o hom<strong>em</strong> é o único animal que precisa ser educado?<br />

(Só para pensar!).<br />

Isso nos indica que o HOMEM não se <strong>de</strong>fine como tal no próprio<br />

ato <strong>de</strong> seu nascimento. Logo, ninguém nasce HOMEM, isto é, ser humano. O<br />

animal hom<strong>em</strong>, ao nascer, precisa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, ser educado para po<strong>de</strong>r se<br />

transformar, se recriar como SER HUMANO. O Ser Humano é portador <strong>de</strong> uma<br />

natureza <strong>em</strong> tudo distinta dos outros seres naturais. Se esse animal hom<strong>em</strong>,<br />

a partir do seu nascimento, não receber a <strong>Educação</strong>, ele não se tornará SER<br />

HUMANO. Por isso se diz que Educar é formar o ser humano.<br />

Esse animal hom<strong>em</strong> precisa ser educado, isto é, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

que haja uma ação externa a ele. Ninguém se autoeduca e, por isso, a educação,<br />

isto é, a formação humana resulta <strong>de</strong> um ato intencional <strong>de</strong> outro que<br />

transforma a matéria-prima <strong>em</strong> um novo ser. Neste sentido é que se diz que<br />

“uma geração mais velha educa a geração mais nova”.<br />

Educar significa acionar, através <strong>de</strong> uma ação externa, os mecanismos<br />

internos do educando para que ele seja capaz <strong>de</strong> utilizar plenamente<br />

sua capacida<strong>de</strong> humana, que é <strong>de</strong> natureza intelectual e racional, para promover<br />

o seu próprio auto<strong>de</strong>senvolvimento como sujeito livre e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

daqueles que o estão gerando como ser humano. Deve-se educar o indivíduo<br />

para que, a partir <strong>de</strong> certo momento, ele adquira a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoconduzir<br />

o seu próprio processo formativo. Isto é, <strong>de</strong>senvolver a ação <strong>de</strong> sentido<br />

inverso: <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro pra fora.<br />

E, diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> outros animais, para o hom<strong>em</strong>, ser formado<br />

significa fazer do ser nascente algo diferente do que é. Fazer-se <strong>de</strong>le um projeto,<br />

uma intenção <strong>de</strong> futuro, dar-lhe uma vida para além da simples sobrevivência,<br />

pois sua vida <strong>de</strong>verá ser plena <strong>de</strong> outras condições e possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>terminadas por sua vonta<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong>.<br />

O ser humano não é um ser previamente <strong>de</strong>terminado, mas um ser<br />

<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. Deve, pois, ser educado para rejeitar o que lhe é dado no nascimento,<br />

como natureza, para se tornar algo novo num mundo igualmente<br />

novo: uma vida inserida no mundo da cultura. Uma cultura que não é fixa<br />

n<strong>em</strong> imutável. Por isso a educação é uma totalida<strong>de</strong>, porque ela diz respeito<br />

a todos os modos <strong>de</strong> ser próprios do ser humano. Ele precisa adquirir um<br />

novo modo <strong>de</strong> olhar o mundo, <strong>de</strong> percebê-lo, <strong>de</strong> se relacionar com ele, <strong>de</strong> se<br />

reconhecer, <strong>de</strong> afirmar sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 82 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


8.2.1.2 <strong>Educação</strong> é influência<br />

Como relata Chiavenato (2006), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento até a morte,<br />

o ser humano vive <strong>em</strong> constante interação com seu meio ambiente, recebendo<br />

e exercendo influências <strong>em</strong> suas relações com ele. Por isso que educação<br />

é toda influência que o ser humano recebe do ambiente social durante a<br />

sua existência, no sentido <strong>de</strong> se adaptar a normas e valores sociais vigentes<br />

e aceitos. O ser humano, todavia, recebe essas influências, assimila-as <strong>de</strong><br />

acordo com suas inclinações e predisposições, enriquec<strong>em</strong> ou modificam seu<br />

comportamento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus próprios padrões pessoais.<br />

8.2.1.3 A <strong>Educação</strong> po<strong>de</strong> ser institucionalizada<br />

Segundo ele, Chiavenato (2006), a educação po<strong>de</strong> ser institucionalizada<br />

e exercida <strong>de</strong> modo organizado e sist<strong>em</strong>ático, como as escolas e<br />

igrejas, obe<strong>de</strong>cendo a um plano pré-estabelecido, como também po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> modo difuso, <strong>de</strong>sorganizado e assist<strong>em</strong>ático, como no lar e<br />

nos grupos sociais aos quais o indivíduo pertence, s<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cer a qualquer<br />

plano pré-estabelecido. A educação é o preparo para a vida e pela vida.<br />

Po<strong>de</strong>-se falar <strong>em</strong> vários tipos <strong>de</strong> educação: social, religiosa, cultural, política,<br />

moral, profissional etc.<br />

Para Chiavenato (2003), a educação profissional é a educação institucionalizada<br />

ou não, que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional.<br />

Compreen<strong>de</strong> três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas.<br />

8.2.1.3.1 Formação profissional<br />

É aquela educação que prepara a pessoa para a profissão <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho. Seus objetivos são amplos, situados no longo<br />

prazo, visando qualificar a pessoa para uma futura profissão. A formação<br />

profissional po<strong>de</strong> ser dada <strong>em</strong> escolas e mesmo <strong>de</strong>ntro das próprias organizações.<br />

8.2.1.3.2 Desenvolvimento profissional<br />

É a educação que aperfeiçoa o hom<strong>em</strong> para uma carreira <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma profissão. Seus objetivos são menos amplos do que os da formação e<br />

são situados no médio prazo, visando proporcionar conhecimentos que transcen<strong>de</strong>m<br />

o que é exigido no cargo atual, preparando-a para assumir funções<br />

mais complexas.<br />

8.2.1.3.3 Treinamento<br />

É a educação profissional que adapta a pessoa para um cargo ou<br />

função. Seus objetivos situados no curto prazo são restritos e imediatos, vi-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 83<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


sando dar ao hom<strong>em</strong> os el<strong>em</strong>entos essenciais para o exercício <strong>de</strong> um cargo,<br />

preparando-o a<strong>de</strong>quadamente para ele. Po<strong>de</strong> ser aplicado a todos os níveis<br />

ou setores da <strong>em</strong>presa.<br />

8.2.1.4 A educação e o Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />

Portanto, comec<strong>em</strong>os afirmando que o Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como todo trabalhador da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha um papel educativo<br />

que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas que <strong>de</strong>senvolve, tornando-se<br />

mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para a prevenção e a promoção da<br />

saú<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, há diferentes concepções <strong>de</strong> educação que po<strong>de</strong>m se<br />

expressar no trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A compreensão <strong>de</strong> educação como um ato normativo, on<strong>de</strong> a prescrição<br />

e a instrumentalização predominam, reduzindo o sujeito da educação<br />

a objeto passivo da intervenção educativa, correspon<strong>de</strong> a uma compreensão<br />

limitada <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em outras palavras, essa concepção <strong>de</strong> educação reduz<br />

qu<strong>em</strong> educa – no caso, o trabalhador da saú<strong>de</strong> – a um mero reprodutor <strong>de</strong><br />

normas, e o aprendiz – a população atendida – a um simples <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

informações.<br />

Outra forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r educação é vê-la como um processo<br />

que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />

sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas possibilitar que ele se perceba como o<br />

construtor <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, portanto, alterá-la.<br />

Precisamos <strong>de</strong>stacar que educar é comunicar, portanto, o trabalhador<br />

que educa, <strong>de</strong> fato, está comunicando; ele realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />

entre o conhecimento que adquiriu na área da saú<strong>de</strong> e a população à<br />

qual visa informar a respeito <strong>de</strong>sse mesmo conhecimento.<br />

Da mesma forma, a população também comunica um conhecimento<br />

adquirido através da experiência vivida e realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />

entre este conhecimento da realida<strong>de</strong> e o trabalhador da saú<strong>de</strong> com qu<strong>em</strong><br />

dialoga.<br />

8.2.2 Saú<strong>de</strong><br />

8.2.2.1 Conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

E o que é Saú<strong>de</strong>?<br />

Quando se faz essa pergunta na introdução das capacitações, os<br />

seus participantes, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários níveis e ou usuários dos<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> todas as etnias (quilombolas, indígenas), têm respondido<br />

s<strong>em</strong>pre a mesma coisa. Saú<strong>de</strong> é qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, trabalho, ter renda,<br />

lazer, moradia digna, saneamento básico, ambiente saudável, ter alimentação<br />

<strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, viver <strong>em</strong> harmonia, ter escola, segurança,<br />

ter os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> funcionando com todos os profissionais contentes; é<br />

ter seus direitos respeitados.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 84 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Conceito bastante ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e que parece mais ficção, mas<br />

é isso que a maioria das pessoas com o mínimo <strong>de</strong> conhecimento enten<strong>de</strong>.<br />

Aproveitando esse entendimento, muitos gestores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> tiraram proveito<br />

das verbas públicas da saú<strong>de</strong> para aplicar<strong>em</strong> <strong>em</strong> órgãos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> gastar<br />

os recursos do seu próprio orçamento para a promoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

das pessoas.<br />

Ainda que não seja uma realida<strong>de</strong>, o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarado<br />

pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – OMS -, <strong>em</strong> 1948, simboliza um compromisso.<br />

Saú<strong>de</strong> não é estática; sua própria compreensão possui certo grau <strong>de</strong><br />

subjetivida<strong>de</strong>, uma vez que os indivíduos e a socieda<strong>de</strong> acreditam ter mais<br />

ou menos saú<strong>de</strong> conforme o momento.<br />

Já foram feitas diversas tentativas para se construir um conceito<br />

mais dinâmico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que não seja entendida apenas como um compl<strong>em</strong>ento<br />

da doença, mas como a construção permanente <strong>de</strong> cada sujeito e<br />

comunida<strong>de</strong>, tomando consciência e ampliando suas potencialida<strong>de</strong>s para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a vida.<br />

Nenhum ser humano (ou população) será totalmente saudável ou<br />

totalmente doente. Viverá condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua<br />

existência, <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com suas potencialida<strong>de</strong>s e condições <strong>de</strong> vida.<br />

Precisa-se romper com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a saú<strong>de</strong> do sujeito é <strong>de</strong>terminada<br />

unicamente por ele, inclusive pela genética, ou pelas condições que a<br />

socieda<strong>de</strong> ou o po<strong>de</strong>r público lhe oferec<strong>em</strong>.<br />

8.2.2.1.1 A importância do conceito ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

A Medicina e a Biologia – ciência <strong>em</strong> que se baseia a maior parte das<br />

práticas médicas – foram, por muito t<strong>em</strong>po, as principais, talvez as únicas<br />

referências para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ou seja, para a criação<br />

das i<strong>de</strong>ias <strong>em</strong> torno das quais po<strong>de</strong>mos dizer o-que-é-ter e o-que-é-não-ter<br />

saú<strong>de</strong>, o-que-é e o-que-não-é uma vida saudável.<br />

Resulta disso, ainda nos dias <strong>de</strong> hoje, um entendimento <strong>de</strong> que ter<br />

saú<strong>de</strong> é não estar fisicamente doente, e não ter saú<strong>de</strong> é estar doente.<br />

Por ser muito simples e por ter sido criada a partir da área <strong>de</strong> maior<br />

po<strong>de</strong>r e prestígio <strong>de</strong>ntre aquelas que se <strong>de</strong>dicam a lidar com questões <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> – a Medicina –, esse conceito ganhou gran<strong>de</strong> aceitação.<br />

Daí, perguntamos: Ele é simples ou é apenas reduzido?<br />

Ao nosso ver, quando diz<strong>em</strong>os que um conceito é simples, estamos<br />

fazendo um elogio. Isto porque, para ser consi<strong>de</strong>rado simples, ele <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong> fácil entendimento e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, oferecer uma explicação correta<br />

e profunda <strong>de</strong> uma situação. No nosso caso, se aceitáss<strong>em</strong>os que saú<strong>de</strong> é<br />

apenas a ausência <strong>de</strong> doença, estaríamos aceitando também que, para ter<br />

saú<strong>de</strong>, basta não ter doença.<br />

A partir daí, provavelmente achar<strong>em</strong>os que, para solucionar os probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, precisaríamos apenas curar as doenças e talvez nossas<br />

necessida<strong>de</strong>s seriam, assim, reduzidas a médicos, hospitais e r<strong>em</strong>édios.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 85<br />

Saú<strong>de</strong>: é o estado <strong>de</strong><br />

completo b<strong>em</strong>-estar<br />

físico, mental e social,<br />

e não apenas a ausência<br />

<strong>de</strong> doença” (OMS, apud<br />

BRASIL, p.89).<br />

Subjetivida<strong>de</strong>: que é<br />

próprio <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong><br />

vários sujeitos e que<br />

não é válido para todos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Bom, vejamos então.<br />

“Saú<strong>de</strong> é a resultante<br />

das condições <strong>de</strong><br />

habitação, educação,<br />

renda, meio<br />

ambiente, trabalho,<br />

transporte, <strong>em</strong>prego,<br />

lazer, liberda<strong>de</strong>,<br />

acesso e posse da<br />

terra e acesso aos<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.<br />

Interferir sobre o<br />

processo saú<strong>de</strong>/<br />

doença está ao<br />

alcance <strong>de</strong> todos.<br />

Mas a vida real nos mostra – a mim, a você e a todos os profissionais<br />

envolvidos com as discussões sobre saú<strong>de</strong> – que a coisa vai muito além. A experiência<br />

nos faz perceber que tal conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é reduzido, pois levanta<br />

tão somente uma parte dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e das ações necessárias<br />

e soluções possíveis para resolvê-los. Qu<strong>em</strong> trabalha <strong>em</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

sabe b<strong>em</strong> que muitos dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que a população enfrenta têm<br />

sua orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> questões ambientais como o saneamento. Isto quer dizer que,<br />

na prática, vocês já pensam na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo ampliado.<br />

A tentativa <strong>de</strong> ultrapassar o conceito reduzido <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> obteve<br />

sucesso no campo da saú<strong>de</strong> pública. Diversas formas <strong>de</strong> pensar a saú<strong>de</strong> mostram-nos<br />

que não existe a saú<strong>de</strong> totalmente separada da doença, e sim um<br />

processo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-doença. Apren<strong>de</strong>mos que situações <strong>de</strong> doença po<strong>de</strong>m fazer<br />

parte da vida, <strong>em</strong> função do modo como os seres humanos relacionam-se<br />

entre si e com a natureza. Mas apren<strong>de</strong>mos mais do que isso. Hoje, acreditamos<br />

que a saú<strong>de</strong> é uma conquista, não apenas <strong>de</strong> cada indivíduo na sua vida<br />

particular, mas dos sujeitos sociais que têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar coletivamente<br />

para transformar a si mesmo e ao mundo e, assim, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> alcançar<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida que favoreça a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos. (Fonseca, et.. al, 2004).<br />

Quando falamos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, preten<strong>de</strong>ndo relacionar essa<br />

i<strong>de</strong>ia à <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, estamos apenas reforçando o conceito presente na VIII<br />

Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (1986).<br />

T<strong>em</strong>os, aqui, portanto, um conceito ampliado, pois nos faz ver a<br />

saú<strong>de</strong> como algo a mais que a ausência <strong>de</strong> doença, o que nos compromete<br />

com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que uma situação <strong>de</strong> vida saudável não se resolve somente<br />

com a garantia do acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – o que também é fundamental<br />

– mas, sobretudo, com condições dignas <strong>de</strong> vida que, <strong>em</strong> conjunto, po<strong>de</strong>m<br />

nos proporcionar essa situação.<br />

8.2.2.2 Território, condições <strong>de</strong> vida e situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Segundo os autores Barcelos e Iñguez, a saú<strong>de</strong> é muito mais do que<br />

não ter uma doença e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como um estado que, no nível<br />

individual, pressupõe a sensação <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar. No nível coletivo, populacional,<br />

a saú<strong>de</strong> e a doença, ou melhor, a saú<strong>de</strong> e os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são<br />

construídos socialmente, mediante processos. Os fatores gerais que participam<br />

<strong>de</strong>sses processos são <strong>de</strong> várias origens e todos atuam <strong>em</strong> uma teia: a<br />

biologia humana, o ambiente, o comportamento e o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

É no dia a dia que as pessoas se expõ<strong>em</strong> a situações que beneficiam<br />

ou prejudicam sua saú<strong>de</strong>. Na vida cotidiana, construímos socialmente nosso<br />

b<strong>em</strong>-estar e nossa saú<strong>de</strong>. No território, como vimos na aula 03, as pessoas<br />

estudam, produz<strong>em</strong> e consom<strong>em</strong>. A exposição às situações que prejudicam<br />

a saú<strong>de</strong> não é, <strong>em</strong> geral, escolha dos indivíduos n<strong>em</strong> das famílias, mas o<br />

resultado da falta <strong>de</strong> opções para evitar ou eliminar as situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>,<br />

do <strong>de</strong>sconhecimento e, <strong>em</strong> algumas ocasiões, a exposição po<strong>de</strong> ser<br />

aci<strong>de</strong>ntal. (Cristovam Barcelos e Luíza Iñguez Rojas).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 86 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


8.2.2.3 A saú<strong>de</strong> e os meios que a <strong>de</strong>terminam.<br />

A situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico, social e<br />

cultural. E isso <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração para se tentar transformar<br />

a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo ou comunida<strong>de</strong>.<br />

• Meios biológicos que interfer<strong>em</strong> nas situações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença:<br />

ida<strong>de</strong>, sexo, características pessoais genéticas, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

exposição aos vírus, ás bactérias, aos insetos transmissores <strong>de</strong><br />

doenças.<br />

• Meios físicos: condições <strong>de</strong> saneamento, ocupação e moradia,<br />

fontes <strong>de</strong> água para consumo, qualida<strong>de</strong> dos alimentos, <strong>de</strong>ntre<br />

outros.<br />

• Meio socioeconômico e cultural: renda, acesso à educação formal,<br />

lazer, hábitos, liberda<strong>de</strong> e, claro, acesso aos serviços <strong>de</strong><br />

promoção e recuperação da saú<strong>de</strong>.<br />

Para que essa transformação aconteça, a interseção entre educação<br />

e saú<strong>de</strong> torna-se fundamental. Seu aprimoramento é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<br />

para os profissionais, atores e interlocutores <strong>de</strong>ssas duas áreas.<br />

8.2.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Para Brasil (2007), a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é um processo sist<strong>em</strong>ático,<br />

contínuo e permanente que objetiva a formação e o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

consciência crítica do cidadão, estimulando a busca <strong>de</strong> soluções coletivas<br />

para os probl<strong>em</strong>as vivenciados e a sua participação real no exercício do controle<br />

social. Participação é tomar parte <strong>de</strong>; assumir o que é seu <strong>de</strong> direito;<br />

é ser sujeito e ator; é assumir o controle social. Segundo João Bosco Pinto,<br />

1984, “a participação real é a que se i<strong>de</strong>ntifica com as reivindicações da<br />

população para assumir parte das <strong>de</strong>cisões sociais”.<br />

Segundo Brasil (2007), a finalida<strong>de</strong> da ação <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

é a transformação. Esta ação, como área do conhecimento, contribui <strong>de</strong><br />

forma <strong>de</strong>cisiva para a consolidação dos princípios e diretrizes do SUS. A sua<br />

clientela é composta <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, grupos sociais e população<br />

<strong>em</strong> geral, respeitando as suas formas <strong>de</strong> organização.<br />

A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ocorre nas relações que se estabelec<strong>em</strong> entre<br />

os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e saneamento e <strong>de</strong>stes com os serviços na sua<br />

organização, gestão participativa e escolha dos melhores caminhos a percorrer,<br />

que suscit<strong>em</strong> a maior participação da comunida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> suas<br />

necessida<strong>de</strong>s e das formas <strong>de</strong> atuar <strong>de</strong>ntro do próprio serviço, na <strong>de</strong>mocratização<br />

do atendimento e da informação à comunida<strong>de</strong> e aos seus grupos sociais;<br />

e <strong>de</strong>la, a comunida<strong>de</strong>, com os serviços, quando <strong>de</strong> posse da informação<br />

e no exercício da participação, influi nas mudanças necessárias à promoção<br />

da saú<strong>de</strong> coletiva e exerce o controle social sobre o sist<strong>em</strong>a.<br />

Freire (1921) já afirmava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que educadores e educandos<br />

se posicionass<strong>em</strong> criticamente ao vivenciar<strong>em</strong> a educação, separando<br />

as posturas ingênuas ou astutas, negando, <strong>de</strong> uma vez por todas, a pretensa<br />

neutralida<strong>de</strong> da educação.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 87<br />

A saú<strong>de</strong>, portanto, é<br />

algo que se constrói<br />

durante toda a vida,<br />

nas relações sociais e<br />

culturais. A educação,<br />

por sua vez, é apontada<br />

como um dos fatores<br />

mais significativos para<br />

a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Ao educar para a saú<strong>de</strong>,<br />

contribui-se para a<br />

formação <strong>de</strong> cidadãos<br />

capazes <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong><br />

favor da melhoria dos<br />

níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pessoais<br />

e da coletivida<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Ação educativa e trabalho educativo.<br />

Ao comentarmos que todas as relações sociais são potencialmente<br />

educativas, estamos consi<strong>de</strong>rando que a ação educativa po<strong>de</strong> ocorrer<br />

espontaneamente, s<strong>em</strong> que haja necessariamente uma consciência sobre<br />

ela ou, ainda, uma reflexão sobre a intenção. Dito <strong>de</strong> outra maneira,<br />

compreen<strong>de</strong>mos que a educação, no seu sentido amplo <strong>de</strong> humanização,<br />

se dá ao longo <strong>de</strong> toda a vida, acontecendo <strong>em</strong> lugares sociais – no ambiente<br />

familiar, no trabalho, na rua, na igreja, na escola etc. Mas, quando<br />

afirmamos que parte do trabalho exercido pelo profissional da vigilância<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é educativo, estamos dizendo que ele traz uma intenção e<br />

<strong>de</strong>ve, portanto, incluir reflexão sobre os objetivos a ser<strong>em</strong> alcançados e<br />

as formas através das quais caminhamos para <strong>de</strong>les nos aproximarmos. O<br />

trabalho educativo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado por pessoas que receberam<br />

uma qualificação especial para isso.<br />

8.3 Conclusão<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que educar significa acionar, através <strong>de</strong><br />

estímulos externos, os mecanismos internos do educando para que ele seja<br />

capaz <strong>de</strong> utilizar plenamente a sua capacida<strong>de</strong> humana e correlacioná-la<br />

com a saú<strong>de</strong>.<br />

A saú<strong>de</strong> é o estado <strong>de</strong> completo b<strong>em</strong>-estar físico, mental e social,<br />

e não apenas a ausência <strong>de</strong> doença. Educar para a saú<strong>de</strong> contribui para a<br />

formação <strong>de</strong> cidadãos capazes <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong> favor da melhoria dos níveis <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pessoais e da coletivida<strong>de</strong>. Finalmente, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é um<br />

processo sist<strong>em</strong>ático, contínuo e permanente que objetiva a formação e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a busca <strong>de</strong><br />

soluções coletivas para os probl<strong>em</strong>as vivenciados e a sua participação real<br />

no exercício do controle social.<br />

Resumo<br />

A situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico, social e<br />

cultural. E isso <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração para se tentar transformar<br />

a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo ou comunida<strong>de</strong>.<br />

A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ocorre nas relações que se estabelec<strong>em</strong> entre<br />

os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e saneamento e <strong>de</strong>stes com os serviços na sua<br />

organização, suscitando a participação da comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finindo suas priorida<strong>de</strong>s<br />

e formas <strong>de</strong> atuar, exercendo o controle social e a cidadania.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 88 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Qual o significado <strong>de</strong> educação?<br />

2) Por que Chiavenato (2006) relata que a educação ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento<br />

até a morte?<br />

3) Para Chiavenato (2003), a educação profissional é a educação institucionalizada<br />

ou não, que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional. Quais<br />

as três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas citadas por ele?<br />

4) Acesse a plataforma virtual e leia a “História <strong>de</strong> Luís” para melhor enten<strong>de</strong>r<br />

os fatores do processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />

5) Então, para você, o que é ter saú<strong>de</strong>?<br />

6) Como você viu anteriormente, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios<br />

biológico, físico, social e cultural. Em seu território, o que você acredita que<br />

t<strong>em</strong> maior peso na geração <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença e por quê?<br />

7) A partir dos conceitos <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong> apresentados, construa o seu<br />

conceito <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 89<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


8) Diante <strong>de</strong> todo exposto na aula, para você, o que é ter saú<strong>de</strong>?<br />

9) Como você viu, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico,<br />

social e cultural. Em seu território, o que você acredita que t<strong>em</strong> maior<br />

peso na geração <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença e por quê?<br />

10) A educação é o preparo para a vida e pela vida. Po<strong>de</strong>-se falar <strong>em</strong> vários<br />

tipos <strong>de</strong> educação; quais são elas?<br />

11) Para Chiavenato, a educação profissional é a educação institucionalizada<br />

ou não que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional. Compreen<strong>de</strong><br />

três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas; cite-as e comente<br />

as diferenças entre elas.<br />

12) Qual a diferença entre ação educativa e trabalho educativo?<br />

Na próxima aula, vamos aprofundar os estudos sobre a educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 90 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 9 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção<br />

da saú<strong>de</strong><br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> conceituar a promoção<br />

da saú<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificando o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> neste processo, além<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver algumas ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> que acontec<strong>em</strong> no seu<br />

território.<br />

Objetivos<br />

Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar promoção da saú<strong>de</strong>;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>;<br />

3. conceituar o agir educativo;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> atuação;<br />

5. i<strong>de</strong>ntificar as ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu território.<br />

9.1 Introdução<br />

O que é promoção da saú<strong>de</strong>?<br />

A promoção da saú<strong>de</strong> é uma proposta que constitui novas relações<br />

entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>; suas ações estão projetadas pela construção<br />

imaginária das transformações <strong>de</strong>sejadas. É papel da educação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong> refletir a realida<strong>de</strong>, priorizar probl<strong>em</strong>as, buscar suas causas e consequências,<br />

teorizar, levantar hipótese <strong>de</strong> solução e agir para a mudança<br />

da realida<strong>de</strong>. Isso po<strong>de</strong> acontecer na vigilância ambiental, epi<strong>de</strong>miológica e<br />

sanitária, b<strong>em</strong> como na atenção à saú<strong>de</strong>. Esse novo olhar do cidadão, com a<br />

mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, é que chamamos <strong>de</strong> agir educativo. Neste sentido, as<br />

ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> são voltadas para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

91<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 18: O diagrama mostra as ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltadas para a<br />

promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Fonte: Arquivo pessoal do autor;<br />

Assim, o agir educativo é a ação esperada <strong>de</strong> cada cidadão que<br />

vive numa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> sujeito social.<br />

Nesses espaços, ocorre, <strong>de</strong> forma mais nítida, a relação comunicação, educação<br />

e promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

9.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Os termos educação, saú<strong>de</strong>, educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção da<br />

saú<strong>de</strong>, ainda que apresent<strong>em</strong> diferentes conceituações, possu<strong>em</strong> significados<br />

que se compl<strong>em</strong>entam.<br />

As práticas originadas <strong>de</strong>sses termos possu<strong>em</strong> características que<br />

se diferenciam conforme a organização <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> (governamental<br />

e não governamental), os atores que a produz<strong>em</strong> e os espaços on<strong>de</strong><br />

acontec<strong>em</strong> (movimentos sociais, serviços e instituições).<br />

O conceito <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> encontra-se vinculado às intervenções<br />

voltadas para os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Determinantes da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> intervenção.<br />

Eliminação da pobreza: renda, alimentação e segurança<br />

Reconhecimento dos direitos<br />

sociais e econômicos<br />

SAÚDE Justiça social<br />

Mudança, proteção e conservação ambiental<br />

Portanto, as ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> envolv<strong>em</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> recursos materiais e humanos voltado para o enfrentamento das questões<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 92 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


<strong>em</strong>ergentes dos <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> (reconhecimento dos direitos sociais<br />

e econômicos; eliminação da pobreza: renda, alimentação e segurança;<br />

mudança, proteção, conservação ambiental e justiça social). Seus resultados<br />

e efeitos são perfeitamente i<strong>de</strong>ntificados na situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida da comunida<strong>de</strong> ou população.<br />

Na área da saú<strong>de</strong>, a promoção da saú<strong>de</strong> t<strong>em</strong> se constituído a partir<br />

do conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e, ainda, a partir do pressuposto<br />

<strong>de</strong> que a solução dos probl<strong>em</strong>as está no potencial <strong>de</strong> mobilização e<br />

participação efetiva da socieda<strong>de</strong>, o princípio da autonomia dos indivíduos e<br />

das comunida<strong>de</strong>s e o reforço do planejamento e po<strong>de</strong>r local.<br />

Figura 19: A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Fonte: Arquivo pessoal do autor.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se a promoção da saú<strong>de</strong> como proposta instituinte <strong>de</strong><br />

novas relações entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>, suas ações estão projetadas<br />

no <strong>de</strong>vir, no futuro antecipado pela construção imaginária das transformações<br />

<strong>de</strong>sejadas. Neste sentido, as ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltadas<br />

para a promoção da saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r-se-iam <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> agir educativo.<br />

Assim, a promoção da saú<strong>de</strong> possui um projeto que t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong><br />

a produção <strong>de</strong> novos sentidos entre a população e o território.<br />

O agir educativo é a ação esperada <strong>de</strong> cada cidadão que vive numa<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> sujeito social. Nesses<br />

espaços, ocorre, <strong>de</strong> forma mais nítida, a relação comunicação, educação e<br />

promoção da saú<strong>de</strong>. Relação que se torna probl<strong>em</strong>ática no contexto brasileiro,<br />

on<strong>de</strong> a comunicação ocorre entre <strong>de</strong>siguais; palavras e mensagens<br />

não adquir<strong>em</strong> sentido quando são lidas ou ouvidas, são apenas ruídos para a<br />

maioria da população.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 93<br />

Para a concretização<br />

das estratégias <strong>de</strong><br />

promoção da saú<strong>de</strong>,<br />

a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong> sido apontada<br />

como um conjunto <strong>de</strong><br />

práticas pedagógicas<br />

direcionadas à<br />

população, aos gestores<br />

e aos movimentos<br />

sociais como forma <strong>de</strong><br />

sensibilizá-los para a<br />

a<strong>de</strong>são aos projetos<br />

propostos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Agir educativo: é a<br />

ação esperada <strong>de</strong> cada<br />

cidadão que vive numa<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática,<br />

consciente <strong>de</strong> seu papel<br />

<strong>de</strong> sujeito social.<br />

Para que um projeto <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se concretize, faz-se<br />

necessário um trabalho <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> informações capaz <strong>de</strong> gerar el<strong>em</strong>entos<br />

que contribuam, efetivamente, para uma educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltada<br />

para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

No nível institucional, o agir educativo é exercido pelas organizações<br />

governamentais e não governamentais que participam da elaboração e<br />

da implantação da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, visando construir a viabilida<strong>de</strong> do projeto<br />

<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, planejando a intervenção, <strong>de</strong>finindo programas,<br />

ativida<strong>de</strong>s, orçamento etc.<br />

Em nível da base, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se apresenta como uma<br />

ação fundamental do educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Ele possui o <strong>de</strong>safio, <strong>de</strong>ntre tantos<br />

outros, <strong>de</strong> estimular a participação da comunida<strong>de</strong>, possibilitar a produção<br />

<strong>de</strong> novos conceitos, hábitos, crenças nas pessoas <strong>em</strong> relação à sua saú<strong>de</strong>, à<br />

doença e à visibilida<strong>de</strong> das instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, analisando a educação e a promoção da saú<strong>de</strong> no SUS,<br />

surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se esclarecer que <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se fala.<br />

Uma posição crítica a esse respeito apresenta a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> como<br />

impositiva, que almeja a prescrição <strong>de</strong> comportamentos i<strong>de</strong>ais, muitas vezes<br />

distantes dos sujeitos. Esse processo <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> também apresenta<br />

intervenções muitas vezes preconceituosas, coativas e punitivas.<br />

Uma crítica positiva à educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> a consi<strong>de</strong>ra como uma<br />

prática que possibilita a participação ativa da comunida<strong>de</strong>, proporcionando<br />

informação na atenção primária a saú<strong>de</strong>/vigilâncias, mudança ou aperfeiçoamento<br />

<strong>de</strong> hábitos e atitu<strong>de</strong>s.<br />

Figura 20: a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong> no SUS.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 94 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


9.3 Conclusão<br />

As ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, como o nome já diz, promov<strong>em</strong><br />

a saú<strong>de</strong> a partir do <strong>de</strong>spertar da consciência crítica do cidadão. A mudança<br />

da realida<strong>de</strong> local vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do agir educativo <strong>de</strong> sua população e das<br />

instituições que ali atuam.<br />

Atualmente, os estudos têm <strong>de</strong>monstrado que muitos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> estão relacionados com o estilo <strong>de</strong> vida das pessoas. Uma das vias para<br />

promover a modificação <strong>de</strong> comportamentos é a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e ou<br />

a educação para a saú<strong>de</strong>, pelo impacto positivo que po<strong>de</strong> ter na saú<strong>de</strong> das<br />

pessoas. “Direito <strong>de</strong> todos os cidadãos <strong>em</strong> qualquer fase da sua vida, conforme<br />

está reconhecido na carta <strong>de</strong> Ottawa” (WHO, 1986). Este trabalho <strong>de</strong>ve<br />

começar na família, continuar <strong>em</strong> todas as fases do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino (<strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o básico até ao universitário), prolongar-se no local <strong>de</strong> trabalho, na comunida<strong>de</strong><br />

(público alvo), nos meios <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong>ntre outros, promovendo<br />

e reforçando as políticas <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

A promoção para a saú<strong>de</strong> através da educação para a saú<strong>de</strong> constitui<br />

uma estratégia chave <strong>de</strong> atuação sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

modo a favorecer e reforçar os hábitos <strong>de</strong> vida saudáveis. No entanto, essa<br />

ação não po<strong>de</strong> ser isolada e n<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser ao cargo <strong>de</strong> uma única instituição<br />

ou entida<strong>de</strong>. A mesma <strong>de</strong>ve ser fruto <strong>de</strong> planejamento conjunto, soma <strong>de</strong><br />

esforços inter e intra institucional, on<strong>de</strong> o envolvimento e a participação<br />

comunitária é indispensável.<br />

Resumo<br />

Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, que a promoção da saú<strong>de</strong> é uma proposta<br />

que constitui novas relações entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>; suas ações<br />

estão projetadas pela construção imaginária das transformações <strong>de</strong>sejadas.<br />

É papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> refletir a realida<strong>de</strong>, priorizar probl<strong>em</strong>as,<br />

buscar suas causas e consequências, teorizar, levantar hipótese <strong>de</strong><br />

solução e agir para a mudança da realida<strong>de</strong>. Vimos, também, que o conceito<br />

<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> encontra-se vinculado às intervenções voltadas para<br />

os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como: eliminação da pobreza - geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego<br />

e renda, aumento da oferta dos alimentos <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>,<br />

segurança; justiça social - o reconhecimento dos direitos sociais e econômicos,<br />

proteção e conservação ambiental.<br />

Foi possível ver, também, que o agir educativo é a ação esperada<br />

<strong>de</strong> cada cidadão que vive numa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu<br />

papel <strong>de</strong> sujeito social. Este participa ativamente <strong>de</strong> todo o processo <strong>de</strong> um<br />

projeto <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong>, começando na observação da sua realida<strong>de</strong>,<br />

priorização, solicitação, planejamento, elaboração, execução e avaliação.<br />

Ainda, <strong>em</strong> nível institucional, o agir educativo é exercido pelas organizações<br />

governamentais e não governamentais que participam da elaboração e da<br />

implantação da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, visando construir a viabilida<strong>de</strong> do projeto,<br />

planejando a intervenção, <strong>de</strong>finindo programas, ativida<strong>de</strong>s, orçamento etc.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 95<br />

As ações <strong>de</strong> educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> estão<br />

evi<strong>de</strong>nciadas no<br />

contexto da legislação<br />

do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> – SUS -, Lei<br />

8080/90, garantindo<br />

efetivamente a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

impl<strong>em</strong>entação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


www.sau<strong>de</strong>.gov.br;<br />

www.sau<strong>de</strong>.mg.gov.br<br />

http://www.misau.gov.<br />

mz<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Ex<strong>em</strong>plifique uma ação que represente o agir educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível<br />

institucional e uma ação que represente o agir educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível<br />

da base. Para buscar os ex<strong>em</strong>plos, procure se l<strong>em</strong>brar <strong>de</strong> ações educativas<br />

que você já tenha participado, que já aconteceram <strong>em</strong> seu bairro ou escola.<br />

Pesquise no site do Ministério da Saú<strong>de</strong> (www.sau<strong>de</strong>.gov.br) ou nos sites das<br />

secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estaduais ou municipais (como você preferir).<br />

2) Consi<strong>de</strong>rando-se as duas situações fictícias apresentadas a seguir, aponte<br />

os novos sentidos entre a população e o território que seriam esperados após<br />

uma ação educativa. Ou seja: quais são os novos conhecimentos e posturas<br />

que a população <strong>de</strong>ve adotar?<br />

a) Em <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong>, exist<strong>em</strong> inúmeros lotes vagos que acabam<br />

servindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo e entulho para as famílias, carroceiros e outros<br />

sujeitos. Esta situação acabou criando um verda<strong>de</strong>iro foco <strong>de</strong> animais peçonhentos<br />

que têm invadido as residências.<br />

b) Em sua maioria, a população dos bairros <strong>de</strong> classe média alta e classe alta<br />

do município Gente Feliz não permite a entrada e a vistoria dos agentes <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> nas suas residências. Estão receosos <strong>de</strong> que sejam oportunistas que se<br />

passam por agentes da prefeitura para ter acesso às casas. Esta atitu<strong>de</strong> t<strong>em</strong><br />

impossibilitado o trabalho dos agentes e contribuído para que estes bairros<br />

possuam um alto número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue.<br />

3) Conceitue promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

4) Qual o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>?<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 96 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


5) Baseado no conteúdo da aula, o que é o agir educativo?<br />

6) Cite alguns <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e suas áreas <strong>de</strong> atuação.<br />

7) I<strong>de</strong>ntifique pelo menos três ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu território.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 97<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 10 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e a pro-<br />

moção à saú<strong>de</strong>/ Declaração <strong>de</strong> Jacarta<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar as estratégias propugnadas<br />

na Carta <strong>de</strong> Ottawa que estão sendo <strong>de</strong>senvolvidas no seu município<br />

ou localida<strong>de</strong> (elaboração <strong>de</strong> política pública saudável, criação <strong>de</strong> meio<br />

ambientes que proteja a saú<strong>de</strong>, fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais e reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>).<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. <strong>de</strong>senvolver trabalho <strong>em</strong> grupo;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar as políticas públicas saudáveis <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro do seu território, como a criação <strong>de</strong> meio ambientes<br />

que proteja a saú<strong>de</strong>, o fortalecimento da ação comunitária, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais e a reorientação dos<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Para melhor aproveitamento da aula, o aluno <strong>de</strong>verá acessar a plataforma<br />

virtual e ler o documento “Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção<br />

da Saú<strong>de</strong> no Século XXI” e possuir disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para <strong>de</strong>senvolver<br />

um estudo e uma discussão <strong>em</strong> grupo.<br />

10.1 Introdução<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, você vai fazer uma leitura individual da Declaração<br />

<strong>de</strong> Jacarta (Jakarta); esta Declaração fala sobre a promoção da saú<strong>de</strong> e<br />

oferece uma visão e um enfoque para a promoção da saú<strong>de</strong> neste século. Reflete<br />

o compromisso firme dos participantes da 4ª Conferência Internacional<br />

sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer à mais ampla gama <strong>de</strong> recursos para<br />

enfrentar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />

Após a leitura, você <strong>de</strong>verá acessar a plataforma virtual e fazer<br />

uma releitura do texto <strong>em</strong> conjunto com os <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong>bros do seu grupo <strong>de</strong><br />

trabalho. “O documento (Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong><br />

no Século XXI) se constitui num consolidado das questões discutidas durante<br />

a 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>”. Após a leitura, você e<br />

os m<strong>em</strong>bros do seu grupo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> discutir sobre a promoção da saú<strong>de</strong> no seu município<br />

ou comunida<strong>de</strong> e, <strong>em</strong> seguida, <strong>de</strong>senvolver a ativida<strong>de</strong> que se pe<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

99<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Jacarta:<br />

Jacarta, <strong>em</strong> língua<br />

indonésia Jakarta,<br />

capital e maior cida<strong>de</strong><br />

da Indonésia. Situase<br />

na ilha <strong>de</strong> Java<br />

e conta com cerca<br />

<strong>de</strong> 18,2 milhões <strong>de</strong><br />

habitantes na sua área<br />

metropolitana. Foi<br />

fundada <strong>em</strong> 1619 pelos<br />

neerlan<strong>de</strong>ses com o<br />

nome <strong>de</strong> Batávia, junto<br />

à al<strong>de</strong>ia javanesa <strong>de</strong><br />

Jacarta. Foi ocupada<br />

pelos ingleses entre<br />

1811 e 1814. Tomou o<br />

nome atual <strong>em</strong> 1949.<br />

10.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI<br />

Adaptado na 4ª Conferência Internacional<br />

sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, 21-25 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1997,<br />

Jacarta, República da Indonésia.<br />

10.2.1 Antece<strong>de</strong>ntes<br />

A 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> — Novos<br />

Protagonistas para uma Nova Era: Orientando a Promoção da Saú<strong>de</strong> pelo Século<br />

XXI a<strong>de</strong>ntro — t<strong>em</strong> lugar <strong>em</strong> um momento crítico das estratégias internacionais<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>. Quase 20 anos se passaram<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os estados m<strong>em</strong>bros da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, através<br />

da Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, assumiram um compromisso ambicioso para<br />

com uma estratégia mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para todos e para com os princípios<br />

<strong>de</strong> atendimento primário à saú<strong>de</strong>. Dez anos já se passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a realização<br />

da Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> Ottawa,<br />

Canadá. Desta Conferência, resultou a publicação da Carta <strong>de</strong> Ottawa para<br />

a Promoção da Saú<strong>de</strong> que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época, t<strong>em</strong> servido como fonte<br />

orientadora e <strong>de</strong> inspiração para a promoção da saú<strong>de</strong>. Conferências e reuniões<br />

internacionais subsequentes têm <strong>de</strong>ixado ainda mais clara a relevância<br />

e o significado das principais estratégias <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, incluindo<br />

políticas públicas saudáveis (<strong>em</strong> A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, 1988) e meio ambientes favoráveis<br />

à saú<strong>de</strong> (<strong>em</strong> Sundsvall, 1991).<br />

Carta <strong>de</strong> Ottawa<br />

A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI<br />

Tradução da OPS/OMS, Washington, DC. A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre<br />

a promoção da saú<strong>de</strong> oferece uma visão e um enfoque para a promoção da<br />

saú<strong>de</strong> no próximo século. Reflete o compromisso firme dos participantes da 4ª<br />

Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer à mais ampla<br />

gama <strong>de</strong> recursos para enfrentar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />

Documento elaborado na Primeira Conferência Internacional sobre<br />

Promoção da Saú<strong>de</strong>, realizada <strong>em</strong> Ottawa, Canadá, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986,<br />

apresenta, neste apontamento, sua Carta <strong>de</strong> Intenções, que seguramente<br />

contribuirá para se atingir a saú<strong>de</strong> para todos no ano 2000 e anos subsequentes.<br />

Essa Conferência foi, antes <strong>de</strong> tudo, uma resposta às crescentes<br />

expectativas por uma nova saú<strong>de</strong> pública, movimento que v<strong>em</strong> ocorrendo<br />

<strong>em</strong> todo o mundo. As discussões focalizaram principalmente as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> nos países industrializados, <strong>em</strong>bora tenham levado <strong>em</strong> conta<br />

necessida<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>elhantes <strong>de</strong> outras regiões do globo. As discussões foram<br />

baseadas nos progressos alcançados com a Declaração <strong>de</strong> Alma-Ata para os<br />

cuidados primários <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, com o documento da OMS sobre saú<strong>de</strong> para<br />

todos, assim como com o <strong>de</strong>bate ocorrido na Ass<strong>em</strong>bleia Mundial da Saú<strong>de</strong><br />

sobre as ações intersetoriais necessárias para o setor.<br />

Fonte: http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Ottawa.pdf).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 100 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


A 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, realizada<br />

<strong>em</strong> Jacarta, é a primeira a ocorrer <strong>em</strong> um país <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

a incluir o setor privado no apoio à promoção da saú<strong>de</strong>. Ela oferece uma<br />

oportunida<strong>de</strong> para refletir sobre o que se apren<strong>de</strong>u a respeito da promoção<br />

da saú<strong>de</strong>, para reexaminar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e para i<strong>de</strong>ntificar as<br />

direções e as estratégias necessárias para enfrentar os <strong>de</strong>safios da promoção<br />

da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />

10.2.2 A promoção da saú<strong>de</strong> é um investimento valioso<br />

A saú<strong>de</strong> é um direito humano fundamental e essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e econômico.<br />

A promoção da saú<strong>de</strong> está sendo reconhecida cada vez mais como<br />

um el<strong>em</strong>ento essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento da saú<strong>de</strong>. É um processo<br />

para permitir que as pessoas tenham maior controle sobre sua saú<strong>de</strong> e para<br />

melhorá-la. A promoção da saú<strong>de</strong>, mediante investimentos e ações, atua<br />

sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> para criar o maior benefício para os povos,<br />

para contribuir <strong>de</strong> maneira significativa para a redução das iniquida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />

questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para assegurar os direitos humanos e para a formação do<br />

capital social. Sua meta primordial é aumentar as expectativas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

reduzir a brecha quanto à expectativa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entre países e grupos.<br />

10.2.3 Determinantes da saú<strong>de</strong>: novos <strong>de</strong>safios<br />

Os pré-requisitos para a saú<strong>de</strong> são: paz, abrigo, instrução, segurança<br />

social, relações sociais, alimento, renda, direito <strong>de</strong> voz das mulheres, um<br />

ecossist<strong>em</strong>a estável, uso sustentável dos recursos, justiça social, respeito<br />

aos direitos humanos e equida<strong>de</strong>. A pobreza é, acima <strong>de</strong> tudo, a maior ameaça<br />

à saú<strong>de</strong>.<br />

As tendências <strong>de</strong>mográficas, tais como a urbanização, o aumento<br />

no número <strong>de</strong> pessoas idosas e a prevalência <strong>de</strong> doenças crônicas, um comportamento<br />

mais se<strong>de</strong>ntário, a resistência a antibióticos e a outros medicamentos<br />

disponíveis, o uso abusivo <strong>de</strong> drogas e a violência civil e doméstica<br />

ameaçam a saú<strong>de</strong> e o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Doenças infecciosas novas e re<strong>em</strong>ergentes e o maior reconhecimento<br />

sobre os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental requer<strong>em</strong> uma providência urgente. É vital<br />

que a promoção da saú<strong>de</strong> evolua para fazer frente aos <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>.<br />

Os fatores transnacionais também representam um impacto significativo<br />

para a saú<strong>de</strong>. Inclu<strong>em</strong>-se, entre estes, a integração da economia<br />

global, os mercados financeiros e o comércio, o acesso aos meios <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong> massa e à tecnologia <strong>de</strong> comunicações, assim como a <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental <strong>de</strong>vido ao uso irresponsável dos recursos.<br />

Essas mudanças moldam os valores, os estilos <strong>de</strong> vida durante toda<br />

a existência das pessoas e as condições <strong>de</strong> vida <strong>em</strong> todo o mundo. Algumas<br />

têm gran<strong>de</strong> potencial para a saú<strong>de</strong>, tal como o <strong>de</strong>senvolvimento da tecnolo-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 101<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


gia das comunicações, já outras, como o comércio internacional do tabaco,<br />

têm um enorme impacto negativo.<br />

As pesquisas e os estudos <strong>de</strong> casos realizados mundialmente apresentam<br />

provas convincentes <strong>de</strong> que a promoção da saú<strong>de</strong> funciona. As estratégias<br />

<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m provocar e modificar estilos <strong>de</strong> vida,<br />

assim como as condições sociais, econômicas e ambientais que <strong>de</strong>terminam a<br />

saú<strong>de</strong>. A promoção da saú<strong>de</strong> é um enfoque prático para a obtenção <strong>de</strong> maior<br />

equida<strong>de</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

10.2.4 As cinco estratégias propugnadas na Carta <strong>de</strong><br />

Ottawa<br />

• elaboração <strong>de</strong> política pública saudável;<br />

• criação <strong>de</strong> meio ambientes que protejam a saú<strong>de</strong>;<br />

• fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária;<br />

• <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais;<br />

• reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Exist<strong>em</strong>, hoje, provas claras <strong>de</strong> que:<br />

• os enfoques abrangentes ao <strong>de</strong>senvolvimento da saú<strong>de</strong> são os<br />

mais eficientes. Os que utilizam combinações das cinco estratégias<br />

são mais eficazes do que os enfoques mais limitados;<br />

• as localida<strong>de</strong>s oferec<strong>em</strong> oportunida<strong>de</strong>s práticas para a impl<strong>em</strong>entação<br />

<strong>de</strong> estratégias abrangentes. Inclu<strong>em</strong>-se, entre elas,<br />

metrópoles, ilhas, cida<strong>de</strong>s, municipalida<strong>de</strong>s e comunida<strong>de</strong>s locais,<br />

seus mercados, escolas, locais <strong>de</strong> trabalho e estabelecimentos<br />

<strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong>;<br />

• a participação é essencial para dar apoio ao esforço. Para ser<br />

eficaz, é necessário que as pessoas estejam envolvidas na ação<br />

<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e no processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão;<br />

• apren<strong>de</strong>r sobre saú<strong>de</strong> fomenta a participação. O acesso à instrução<br />

e à informação é essencial para conseguir a participação<br />

eficaz e o direito <strong>de</strong> voz das pessoas e das comunida<strong>de</strong>s.<br />

Essas estratégias são os el<strong>em</strong>entos essenciais da promoção da saú<strong>de</strong><br />

e são relevantes para todos os países.<br />

Necessitam-se novas respostas<br />

Para respon<strong>de</strong>r às ameaças <strong>em</strong>ergentes à saú<strong>de</strong>, são necessárias<br />

novas ações. O <strong>de</strong>safio para os próximos anos será <strong>de</strong>stravar o potencial para<br />

a promoção da saú<strong>de</strong> inerente <strong>em</strong> muitos setores da socieda<strong>de</strong>, nas comunida<strong>de</strong>s<br />

e nas famílias.<br />

Existe uma flagrante necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar as fronteiras tradicionais<br />

<strong>de</strong>ntro dos setores públicos, entre organizações governamentais e<br />

não governamentais e entre os setores público e privado. A cooperação é<br />

essencial. Em termos específicos, isto requer a criação <strong>de</strong> novas parcerias<br />

<strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>, com condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre os diferentes setores,<br />

<strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governo.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 102 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


10.2.5 Priorida<strong>de</strong>s para a promoção da saú<strong>de</strong> no<br />

século XXI<br />

10.2.5.1 Promover a responsabilida<strong>de</strong> social para com a saú<strong>de</strong><br />

Os tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar firm<strong>em</strong>ente comprometidos<br />

com a responsabilida<strong>de</strong> social. Tanto o setor público quanto o privado <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

promover a saú<strong>de</strong> indo ao encalço <strong>de</strong> políticas e práticas que:<br />

• evit<strong>em</strong> prejudicar a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros indivíduos;<br />

• protejam o meio ambiente e assegur<strong>em</strong> o uso sustentável dos<br />

recursos;<br />

• restrinjam a produção e o comércio <strong>de</strong> produtos e substâncias<br />

inerent<strong>em</strong>ente prejudiciais, tais como o tabaco e as armas, assim<br />

como práticas <strong>de</strong> mercado não saudáveis;<br />

• salvaguar<strong>de</strong>m tanto a pessoa no mercado como a pessoa no local<br />

<strong>de</strong> trabalho;<br />

• incluam uma avaliação do impacto sobre a saú<strong>de</strong> focalizado na<br />

equida<strong>de</strong> como parte integral da elaboração <strong>de</strong> políticas.<br />

10.2.5.2 Aumentar os investimentos para fomentar a saú<strong>de</strong><br />

Em muitos países, o investimento atualmente feito no setor da saú<strong>de</strong><br />

é ina<strong>de</strong>quado e, muitas vezes, ineficaz. Um aumento do investimento para<br />

o fomento da saú<strong>de</strong> requer um enfoque realmente multissetorial, incluindo<br />

recursos adicionais para a educação e para a habitação, como também para<br />

o setor da saú<strong>de</strong>. Um maior investimento para a saú<strong>de</strong> e uma reorientação<br />

dos investimentosexistentes — tanto <strong>de</strong>ntro dos países como entre países —<br />

t<strong>em</strong> o potencial <strong>de</strong> avançar significativamente o <strong>de</strong>senvolvimento humano, a<br />

saú<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Os investimentos <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam refletir as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

certos grupos, tais como mulheres, crianças, pessoas idosas, indígenas, pobres<br />

e marginalizados.<br />

10.2.5.3 Consolidar e expandir parcerias <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong><br />

A promoção da saú<strong>de</strong> requer parcerias para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />

e da saú<strong>de</strong> entre os diferentes setores <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governança<br />

e da socieda<strong>de</strong>. As parcerias já existentes necessitam ser reforçadas e o<br />

potencial para novas parcerias t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser explorado.<br />

As parcerias oferec<strong>em</strong> benefício mútuo para a saú<strong>de</strong> através do<br />

compartilhamento <strong>de</strong> especializações, habilida<strong>de</strong>s e recursos. Cada parceria<br />

t<strong>em</strong> que ser transparente e responsável pela prestação <strong>de</strong> contas e ser<br />

fundamentada <strong>em</strong> princípios éticos concordados, compreensão e respeito<br />

mútuos. As diretrizes da OMS <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser obe<strong>de</strong>cidas.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 103<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


10.2.5.4 Aumentar a capacida<strong>de</strong> comunitária e dar direito <strong>de</strong><br />

voz ao indivíduo<br />

A promoção da saú<strong>de</strong> efetua-se pelo e com o povo, e não sobre e<br />

para o povo. Ela melhora tanto a habilida<strong>de</strong> das pessoas para agir como a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos, organizações ou comunida<strong>de</strong>s para exercer influencia<br />

sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>.<br />

Melhorar a capacida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s para promover a saú<strong>de</strong><br />

requer instrução prática, treinamento <strong>em</strong> li<strong>de</strong>rança e acesso aos recursos.<br />

Dar o direito <strong>de</strong> voz às pessoas requer acesso mais consistente ao processo<br />

<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e às habilida<strong>de</strong>s e ao conhecimento essenciais para<br />

efetuar a mudança.<br />

Tanto a comunicação tradicional como os novos meios <strong>de</strong> informação<br />

apoiam este processo. É necessário utilizar os recursos sociais, culturais<br />

e espirituais <strong>de</strong> maneiras inovadoras.<br />

10.2.5.5 Assegurar uma infraestrutura para a promoção da saú<strong>de</strong><br />

Para conseguir uma infraestrutura para a promoção da saú<strong>de</strong>, é<br />

necessário encontrar novos mecanismos para seu custeio <strong>em</strong> nível local, nacional<br />

e mundial. Dev<strong>em</strong>-se criar incentivos para influenciar as ações <strong>de</strong> organizações<br />

governamentais e não governamentais, instituições educacionais<br />

e o setor privado a fim <strong>de</strong> assegurar que a mobilização <strong>de</strong> recursos para a<br />

promoção da saú<strong>de</strong> seja maximizada.<br />

Localida<strong>de</strong>s para a saú<strong>de</strong> representam a base organizacional da infraestrutura<br />

necessária para a promoção da saú<strong>de</strong>. Novos <strong>de</strong>safios <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

significam que re<strong>de</strong>s novas e diversificadas têm <strong>de</strong> ser criadas para conseguir<br />

a colaboração intersetorial. Tais re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam prestar assistência mútua<br />

<strong>de</strong>ntro e entre países e facilitar o intercâmbio <strong>de</strong> informações sobre que estratégias<br />

são eficazes e <strong>em</strong> quais localida<strong>de</strong>s.<br />

Deve-se incentivar o treinamento e a prática das habilida<strong>de</strong>s da<br />

li<strong>de</strong>rança local para apoiar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>. Deve-se<br />

intensificar a documentação <strong>de</strong> experiências <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong> através<br />

<strong>de</strong> pesquisas e relatos sobre projetos a fim <strong>de</strong> aprimorar o planejamento, a<br />

impl<strong>em</strong>entação e a avaliação.<br />

Todos os países <strong>de</strong>veriam criar o ambiente político, jurídico, educacional,<br />

social e econômico apropriado e necessário para apoiar a promoção<br />

da saú<strong>de</strong>.<br />

10.2.6 Recomendações para a ação<br />

Os participantes se compromet<strong>em</strong> a compartilhar as mensagenschave<br />

da <strong>de</strong>claração com seus governos, instituições e comunida<strong>de</strong>s, a pôr<br />

<strong>em</strong> prática as ações propostas e a apresentar um relatório à 5ª Conferência<br />

Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 104 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


A fim <strong>de</strong> acelerar o progresso para a promoção da saú<strong>de</strong> mundial, os<br />

participantes referendam a formulação <strong>de</strong> uma aliança mundial para a promoção<br />

da saú<strong>de</strong>. A meta <strong>de</strong>ssa aliança é promover as priorida<strong>de</strong>s das ações<br />

para a promoção da saú<strong>de</strong> expressadas nesta <strong>de</strong>claração.<br />

10.2.6.1 Inclu<strong>em</strong>-se entre as priorida<strong>de</strong>s para a aliança:<br />

• aumento da sensibilização sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

constante mudança;<br />

• apoio à criação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração e <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sanitário;<br />

• mobilização <strong>de</strong> recursos para a promoção da saú<strong>de</strong>;<br />

• acumulação <strong>de</strong> conhecimentos sobre as melhores práticas;<br />

• facilitação do aprendizado compartilhado;<br />

• promoção <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ação;<br />

• promoção da transparência e da responsabilida<strong>de</strong> pública <strong>de</strong><br />

prestação <strong>de</strong> contas <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Faz-se um apelo aos governos nacionais para que tom<strong>em</strong> a iniciativa<br />

<strong>de</strong> impulsionar e patrocinar re<strong>de</strong>s para a promoção da saú<strong>de</strong>, tanto <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> seus países como entre países.<br />

Os participantes da Jacarta 1997 solicitaram à OMS que assumisse a<br />

li<strong>de</strong>rança na formação <strong>de</strong> uma aliança mundial <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e que<br />

facilitasse aos estados m<strong>em</strong>bros a impl<strong>em</strong>entar os resultados da Conferência<br />

<strong>de</strong> Jacarta. Uma parte essencial <strong>de</strong>sse papel é para a OMS exortar as organizações<br />

governamentais e não governamentais, bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

agências da ONU, órgãos inter-regionais, agências bilaterais, sindicatos e cooperativas,<br />

assim como o setor privado, a promover as ações <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong><br />

para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

10.3 Conclusão<br />

Esta aula teve como objetivo <strong>de</strong>senvolver a habilida<strong>de</strong> do aluno<br />

<strong>em</strong> realizar trabalho <strong>em</strong> grupo, trabalho este que, baseado nos conhecimentos<br />

adquiridos até o momento, buscou i<strong>de</strong>ntificar as políticas públicas<br />

saudáveis <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do seu território/município, como<br />

a criação <strong>de</strong> meio ambientes que protejam a saú<strong>de</strong>, o fortalecimento <strong>de</strong><br />

ação comunitária, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais, a reorientação<br />

dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros. Este trabalho leva o aluno<br />

a exercitar a participação <strong>em</strong> planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, pois elabora um<br />

documento como o ex<strong>em</strong>plo da Declaração <strong>de</strong> Jacarta e o encaminha para<br />

o gestor municipal do SUS.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 105<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível ver um pouco do que aconteceu antes<br />

da 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, como a Carta <strong>de</strong><br />

Ottawa e a Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, marcos <strong>de</strong> novos Protagonistas para<br />

uma nova era, que orienta para a promoção da saú<strong>de</strong> no século XXI. Deixa<br />

claro que a promoção da saú<strong>de</strong> é um investimento valioso e que a saú<strong>de</strong> é<br />

um direito humano fundamental e essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />

e econômico.<br />

Na Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, assumiu-se um compromisso ambicioso<br />

para com uma estratégia mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para todos e para com os<br />

princípios <strong>de</strong> atendimento primário à saú<strong>de</strong>. Pensou-se <strong>em</strong> alguns <strong>de</strong>terminantes<br />

da saú<strong>de</strong> com novos <strong>de</strong>safios e, entre eles, alguns pré-requisitos<br />

para a saú<strong>de</strong>, como: paz, abrigo, instrução, segurança social, relações sociais,<br />

alimento, renda, direito <strong>de</strong> voz das mulheres, um ecossist<strong>em</strong>a estável,<br />

uso sustentável dos recursos, justiça social, respeito aos direitos humanos e<br />

equida<strong>de</strong>. Reconheceram que a pobreza é, acima <strong>de</strong> tudo, a maior ameaça<br />

à saú<strong>de</strong>.<br />

A Declaração <strong>de</strong> Jacarta, com a visão <strong>de</strong> um enfoque para a promoção<br />

da saú<strong>de</strong>, levou <strong>em</strong> conta as tendências <strong>de</strong>mográficas; as doenças<br />

infecciosas novas e re<strong>em</strong>ergentes; os fatores transnacionais, incluindo entre<br />

estes a integração da economia global, os mercados financeiros e o comércio;<br />

acesso aos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa e à tecnologia <strong>de</strong> comunicações,<br />

assim como a <strong>de</strong>gradação ambiental.<br />

Sugeriram nas cinco estratégias propugnadas pela Carta <strong>de</strong> Ottawa:<br />

elaboração <strong>de</strong> política pública saudável, criação <strong>de</strong> meio ambientes que<br />

protejam a saú<strong>de</strong>, fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

habilida<strong>de</strong>s pessoais, reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Não se esquecera da promoção da responsabilida<strong>de</strong> social dos tomadores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tanto o setor público quanto o privado, <strong>de</strong> estar<strong>em</strong><br />

firm<strong>em</strong>ente comprometidos, <strong>de</strong>vendo promover a saú<strong>de</strong>, indo ao encalço <strong>de</strong><br />

políticas e práticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a não prejudicar a saú<strong>de</strong> dos outros até a avaliação<br />

do impacto <strong>de</strong>ssas políticas na saú<strong>de</strong> da população e do planeta.<br />

L<strong>em</strong>brou-se da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar os investimentos para fomentar<br />

a saú<strong>de</strong>, assunto que está s<strong>em</strong>pre presente nos <strong>de</strong>bates quando se<br />

fala <strong>de</strong> promoção a saú<strong>de</strong>. L<strong>em</strong>brou-se também <strong>de</strong> que para ter avanços<br />

neste processo é preciso consolidar e expandir parcerias <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>,<br />

pois a promoção da saú<strong>de</strong> requer parcerias para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />

e da saú<strong>de</strong> entre os diferentes setores <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governo e da<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

Reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar uma infraestrutura para a<br />

promoção da saú<strong>de</strong> e que, para conseguir essa infraestrutura, é necessário<br />

encontrar novos mecanismos para o seu custeio <strong>em</strong> nível local, nacional e<br />

mundial.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 106 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Os participantes da Conferência <strong>de</strong> Jacarta 1997 <strong>de</strong>finiram uma gerência<br />

para a impl<strong>em</strong>entação dos resultados <strong>de</strong>ssa conferência à Organização<br />

Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – OMS -, que tinha e t<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r para a formação <strong>de</strong> uma<br />

aliança mundial <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> entre organizações governamentais e<br />

não governamentais, bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, agências da ONU, órgãos<br />

inter-regionais, sindicatos e cooperativas, assim como o setor privado.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Vá até plataforma virtual e acesse o texto “A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre<br />

Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI”, <strong>em</strong> Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grupo, 01.<br />

2) Faça a releitura do texto <strong>em</strong> conjunto com os <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong>bros do seu<br />

grupo <strong>de</strong> trabalho.<br />

O documento (Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século<br />

XXI) se constitui num consolidado das questões discutidas durante a 4ª Conferência<br />

Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>.<br />

3) Após a leitura do texto, você e os m<strong>em</strong>bros do grupo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> discutir sobre<br />

a promoção da saú<strong>de</strong> no seu município ou comunida<strong>de</strong> os quatro itens a<br />

seguir.<br />

a) Os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>, como: diminuição da pobreza; saneamento<br />

básico; escolarida<strong>de</strong> básica da população; acesso às informações etc.<br />

b) Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm reorientado sua prática, quais? T<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado<br />

comprometimento com a educação da população?<br />

c) A ação comunitária t<strong>em</strong> sido fortalecida? As li<strong>de</strong>ranças e movimentos sociais<br />

têm tido vez e voz nas discussões e <strong>de</strong>cisões da saú<strong>de</strong>?<br />

d) Outras questões que o grupo achar pertinente.<br />

Se for preciso, o grupo po<strong>de</strong> consultar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (servidores, usuários,<br />

gestores) e li<strong>de</strong>ranças locais.<br />

Após a discussão, o grupo vai elaborar um documento (a ex<strong>em</strong>plo da Declaração<br />

<strong>de</strong> Jacarta) que contenha as questões discutidas, seus resultados e,<br />

principalmente, recomendações para os gestores, li<strong>de</strong>ranças sociais e comunida<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> geral.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 107<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 11 - <strong>Educação</strong> e ação comunicativa<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa conceituar a comunicação,<br />

citando os vários tipos e <strong>de</strong>screvendo o passo a passo da comunicação da<br />

social, além <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o seu papel como Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar a comunicação;<br />

2. <strong>de</strong>screver os vários tipos <strong>de</strong> comunicação;<br />

3. citar o passo a passo da comunicação da social;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

5. refletir sobre o papel do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> na sua<br />

área <strong>de</strong> atuação.<br />

11.1 Introdução<br />

Hoje, vamos conversar sobre a educação e a ação comunicativa,<br />

mas, antes <strong>de</strong> começarmos a aula, veja a síntese que Tânia Celeste Matos<br />

Nunes , Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ensino e Recursos Humanos – Fiocruz -, fala sobre<br />

o assunto.<br />

“A <strong>Educação</strong> e Ação Comunicativa é como se houvesse duas ruas<br />

diferentes - Rua <strong>Educação</strong> e Rua Saú<strong>de</strong> - que chegass<strong>em</strong> a um cruzamento a<br />

partir do qual elas se encontrass<strong>em</strong> e caminhass<strong>em</strong> juntas, transformando-<br />

-se na Avenida Trabalho Educativo <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, e nós, os trabalhadores, a<br />

percorrêss<strong>em</strong>os no carro da comunicação, com o bagageiro da cultura. Esta<br />

síntese parece ser ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> forma didática e integradora que os autores<br />

<strong>de</strong>ste módulo procuraram <strong>em</strong>pregar para ressaltar que o trabalho <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

se dá na interface da saú<strong>de</strong>, da educação e da comunicação. É uma maneira<br />

criativa e oportuna <strong>de</strong> abordar o caráter interdisciplinar da prática educativa<br />

da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

(...) a relação da educação com a comunicação está presente <strong>em</strong><br />

muitas ações <strong>de</strong>senvolvidas no interior do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e aparece<br />

com niti<strong>de</strong>z nas Campanhas <strong>de</strong> Vacinação a partir da década <strong>de</strong> 1980, nas<br />

ações <strong>de</strong> educação sanitária ao longo <strong>de</strong> toda a segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

XX, e nas Campanhas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> que historicamente buscaram<br />

a mudança <strong>de</strong> hábitos para a ’reversão <strong>de</strong> comportamentos‘ consi<strong>de</strong>rados<br />

indutores <strong>de</strong> risco ao adoecimento e à morte. As ações que <strong>de</strong>veriam esti-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

109<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


mular a ação dialógica entre o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a socieda<strong>de</strong> adotaram,<br />

<strong>em</strong> muitas experiências, a linha prescritiva, culpabilizando as pessoas pelo<br />

não-cumprimento das ações que as ’dotariam‘ <strong>de</strong> mais saú<strong>de</strong> e, portanto, <strong>de</strong><br />

mais felicida<strong>de</strong>, com mensagens direcionadas tanto ao individual quanto ao<br />

coletivo. As aulas a seguir apresentam uma visão claramente diferenciada e<br />

part<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma didática sobre o trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> calcado na reflexão<br />

e na ação, na busca da transformação da realida<strong>de</strong> e na compreensão<br />

da educação como um processo que possibilita ver o hom<strong>em</strong> como autor dos<br />

acontecimentos vividos <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>, sendo capaz <strong>de</strong> alterá-la. (...)<br />

(...) Sendo assim, não há dúvida que o profissional do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, apoiado <strong>em</strong> um conceito ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, está impregnado <strong>de</strong> uma<br />

visão crítica da educação e enten<strong>de</strong> que ’saú<strong>de</strong> é uma conquista dos sujeitos<br />

sociais que têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar coletivamente para transformar<strong>em</strong> a<br />

si mesmos e o mundo e, assim, aproximar<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida que favoreça a todos‘. Também atua com a compreensão <strong>de</strong> que<br />

’através do trabalho junto à população se <strong>de</strong>scobre e se constrói um conjunto<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação que vão se alterando com a realida<strong>de</strong>‘. Po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar que a prática <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong>ve tomar o conhecimento como ’produto<br />

das relações dos seres humanos entre si e com o mundo, on<strong>de</strong> homens e<br />

mulheres são <strong>de</strong>safiados a encontrar soluções para situações para as quais é<br />

preciso dar respostas a<strong>de</strong>quadas. Para isso, precisam reconhecer a situação,<br />

compreen<strong>de</strong>-la, imaginar formas alternativas <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r e selecionar a<br />

resposta mais a<strong>de</strong>quada’.” (FREIRE, 1975).<br />

Tânia Celeste Matos Nunes<br />

Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ensino<br />

e Recursos Humanos – Fiocruz.<br />

Apresentamos, nesta aula, uma série <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> comunicação<br />

como prática educativa mo<strong>de</strong>rna, que os autores abordam como comunicação<br />

como ato social que se exercita <strong>de</strong> diversos modos; procuramos <strong>de</strong>spertar<br />

a concepção dialógica <strong>de</strong>sse ator, procurando a compreensão <strong>de</strong> que<br />

“não existe o que sabe e o outro que não sabe, mas sim saberes diferentes e<br />

igualmente válidos para ação humana” (FREIRE, 1975). Portanto, você, futuro<br />

Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e a população, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong>sses saberes<br />

(saberes diversos), procur<strong>em</strong> construir e a partilhar novos conhecimentos,<br />

tomando s<strong>em</strong>pre por base o território que você escolheu para trabalhar neste<br />

curso. Vamos conhecer como a comunicação está profundamente inserida<br />

na atuação do Técnico <strong>em</strong> Vigilância.<br />

11.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

11.2.1 Introdução - comunicação e saú<strong>de</strong> (Brani Rez<strong>em</strong>berg<br />

e Caco Xavier)<br />

As perguntas que, neste momento, se colocam são as dadas a seguir.<br />

• “O que estamos fazendo com os (novos) conhecimentos acumulados?”<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 110 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


• “Para que estão servindo?”<br />

• “De que modo nós preten<strong>de</strong>mos, a partir <strong>de</strong>les, interferir na<br />

realida<strong>de</strong>, nos processos <strong>de</strong> trabalho e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

comunida<strong>de</strong> e das pessoas?”<br />

• “Nós t<strong>em</strong>os partilhado o conhecimento adquirido?”<br />

• “Esse conhecimento modificou ou vai modificar a nossa percepção<br />

da realida<strong>de</strong>, a nossa maneira <strong>de</strong> escutar e conversar com as<br />

pessoas?”<br />

Roz<strong>em</strong>berg jogou essas perguntas para que entendêss<strong>em</strong>os que o<br />

conhecimento adquire maior relevância quando é aplicado, colocado <strong>em</strong> prática,<br />

partilhado. (Roz<strong>em</strong>berg et al.2004).<br />

A ação educativa implica s<strong>em</strong>pre uma ação comunicativa!<br />

Na verda<strong>de</strong>, segundo os autores, é impossível falar <strong>em</strong> educação<br />

s<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> conta a comunicação, e vice-versa. Para alguns autores, a comunicação<br />

e a educação estão tão próximas que po<strong>de</strong>ríamos inverter a posição<br />

dos termos: COMUNICAR É EDUCAR; EDUCAR É COMUNICAR. Já outros<br />

autores preocupam-se com as diferenças; entretanto, todos concordam que<br />

aquilo que as une e as torna s<strong>em</strong>elhantes é muito mais forte e relevante do<br />

que aquilo que as distingue. (Roz<strong>em</strong>berg e Xavier).<br />

11.2.2 Comunicação<br />

Mas o que é comunicação?<br />

Comunicação é o ato ou efeito <strong>de</strong> <strong>em</strong>itir, transmitir e receber mensagens<br />

por meio <strong>de</strong> métodos e/ou processos convencionados, quer através da<br />

linguag<strong>em</strong> falada ou escrita, quer <strong>de</strong> outros sinais, signos ou símbolos, quer<br />

<strong>de</strong> aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual.<br />

Será que comunicar é somente transmitir e receber mensagens?<br />

Claro que não; isto, até as máquinas faz<strong>em</strong>.<br />

• “Comunicação é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar ou discutir i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong><br />

dialogar, <strong>de</strong> conversar, com vistas ao bom entendimento entre<br />

as pessoas”.<br />

• “Convivência, trato, convívio”.<br />

É bom l<strong>em</strong>brar ainda que exist<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> comunicação.<br />

A comunicação interpessoal, direta, estabelecida entre duas ou<br />

mais pessoas frente a frente, ou por carta, telefone, e-mail ou bate-papo<br />

virtual.<br />

A comunicação <strong>de</strong> massa, dirigida a uma faixa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> público –<br />

anônimo, disperso e abrangente -, efetuada por meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

massa, como jornais, revistas, TV, rádio etc.<br />

A comunicação não verbal, baseada <strong>em</strong> signos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da<br />

linguag<strong>em</strong> falada, como as imagens, a música etc.<br />

(Foto <strong>de</strong> carinha triste, alegre, pessoas cantando, sinais <strong>de</strong> segurança,<br />

sinais <strong>de</strong> trânsito etc.)<br />

Mas o que significa e qual a orig<strong>em</strong> da palavra comunicar?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 111<br />

Relevância: algo que<br />

t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> valor<br />

ou interesse; o que<br />

é importante ou<br />

necessário.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Comunicar v<strong>em</strong> da palavra latina communicare, que quer dizer<br />

“tornar comum, partilhar, repartir, associar”.<br />

L<strong>em</strong>bramos que a comunicação é um ato social e está na raiz do<br />

que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>. A comunicação permite que experiências,<br />

sensações, i<strong>de</strong>ias ou pensamentos possam ser compartilhados com<br />

outros. Comunicar significa “estar <strong>em</strong> relação com”, representa a ação <strong>de</strong><br />

“pôr <strong>em</strong> comum”.<br />

Neste sentido, i<strong>de</strong>ntifica-se com um processo social básico, a interação.<br />

Esta, inclusive, é o melhor sentido da expressão comunida<strong>de</strong>. Assim,<br />

comunida<strong>de</strong> é b<strong>em</strong> mais do que um grupo <strong>de</strong> pessoas que têm algo <strong>em</strong> comum<br />

ou que simplesmente moram na mesma região, mas um ambiente no<br />

qual as experiências e o conhecimento possam ser postos <strong>em</strong> comum, on<strong>de</strong><br />

há diálogo e interação social.<br />

Como se dá a comunicação?<br />

A comunicação não se dá apenas pela fala. E, mesmo na fala, há<br />

diferentes entonações <strong>de</strong> voz, silêncios, pausas, alterações <strong>de</strong> volume que<br />

também são signos, isto é, formam um sentido para aquele que ouve.<br />

T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> l<strong>em</strong>brar que nossa presença fala e, ainda, que nosso corpo<br />

fala enquanto falamos. Chamamos a isso <strong>de</strong> comunicação não verbal. Erguer<br />

a sobrancelha, sorrir, apertar as mãos, mexer no cabelo, fechar os olhos,<br />

movimentar a cabeça, além da própria postura e posição do corpo frente ao<br />

outro, tudo isto também diz muita coisa, t<strong>em</strong> um significado, um sentido no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma fala, o qual apren<strong>de</strong>mos intuitivamente a reconhecer.<br />

Além disso, a comunicação é uma via <strong>de</strong> mão dupla, ou seja, todos<br />

os envolvidos <strong>em</strong> uma situação <strong>de</strong> interlocução <strong>em</strong>it<strong>em</strong> signos. Enquanto<br />

ouve, uma pessoa mostra suas reações: sorri, franze a testa, mexe-se, muda<br />

sua postura corporal. Todos enten<strong>de</strong>m simultaneamente esses sinais. A comunicação<br />

é um jogo dinâmico, simultâneo e rico, mesmo que se trate <strong>de</strong><br />

uma simples conversa entre duas pessoas que se conhec<strong>em</strong>.<br />

Calcule, então, como é complexa a relação <strong>de</strong> comunicação entre o<br />

profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a comunida<strong>de</strong> para a qual ele trabalha. seu uniforme,<br />

sua abordag<strong>em</strong>, o veículo que o trouxe, seus contatos locais, o andamento<br />

<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s anteriores na localida<strong>de</strong> traz<strong>em</strong> inúmeras outras informações<br />

que interfer<strong>em</strong> no que ele, intencionalmente, preten<strong>de</strong> comunicar.<br />

Chamamos a isso <strong>de</strong> contexto da comunicação, isto é, as situações externas<br />

e internas <strong>em</strong> que a comunicação está ocorrendo.<br />

Em torno da ação comunicativa, há relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> concentra<br />

a informação concentra o po<strong>de</strong>r. São muitas as situações <strong>em</strong> que uma<br />

pessoa ou grupo comanda,<strong>em</strong> benefício próprio e segundo os seus interesses<br />

o uso do po<strong>de</strong>r da informação, enquanto outro grupo é comandado e passa a<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r e a reverenciar o “saber” do outro.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 112 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


O importante é ter s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> mente que todo o fazer estratégico<br />

da área da saú<strong>de</strong> implica comunicação, e que o comunicar traz <strong>em</strong> si um <strong>de</strong>ver<br />

e uma responsabilida<strong>de</strong>. Há, ainda, as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r envolvidas que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração.<br />

11.2.2.1 Estratégias Intencionais <strong>de</strong> Comunicação<br />

Há casos que são necessários esforços mais específicos <strong>de</strong> comunicação.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, alcançar mais pessoas <strong>em</strong> menos t<strong>em</strong>po ou transmitir<br />

certas informações <strong>de</strong> uma maneira localizada e aprofundada.<br />

Nesses casos, é preciso enten<strong>de</strong>r que a comunicação po<strong>de</strong> ter missões<br />

múltiplas e distintas, tais como:<br />

• educar – o que envolve valores, ex<strong>em</strong>plos e formação <strong>de</strong> vínculos;<br />

• entreter – <strong>de</strong>finindo b<strong>em</strong> a qu<strong>em</strong> e <strong>em</strong> que condições;<br />

• informar – a<strong>de</strong>quando os conteúdos que preten<strong>de</strong> incluir no trabalho;<br />

• orientar – <strong>de</strong>monstrando um procedimento ou uma ação;<br />

• legitimar – alguns t<strong>em</strong>as na agenda pública;<br />

• reforçar – papéis sociais ou subvertê-los.<br />

11.2.2.1.1 - O passo a passo da comunicação social<br />

a) Pesquisa do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> seu contexto (Que conteúdos serão<br />

abordados?).<br />

b) Definição da população ou do público a que se dirige a mensag<strong>em</strong><br />

(A qu<strong>em</strong> quer<strong>em</strong>os chegar?).<br />

c) Definição dos objetivos (O que quer<strong>em</strong>os lhes dizer?).<br />

d) Seleção das estratégias (Como? Através <strong>de</strong> quais formatos? On<strong>de</strong>?<br />

Através <strong>de</strong> quais meios e canais?).<br />

e) Produção (façamos).<br />

f) Avaliação (Fiz<strong>em</strong>os b<strong>em</strong>? Quais as <strong>de</strong>corrências, esperadas ou<br />

não, do que fiz<strong>em</strong>os?).<br />

Há situações que envolv<strong>em</strong> objetivamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratégias<br />

intencionais <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> comunicação.<br />

1º Pesquisa do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> seu contexto: a importância da pesquisa<br />

<strong>em</strong> comunicação e algumas dicas.<br />

Já <strong>de</strong>u para perceber que é preciso conhecer b<strong>em</strong> o contexto antes<br />

<strong>de</strong> sair por aí produzindo mensagens.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 113<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


A pesquisa <strong>em</strong> comunicação po<strong>de</strong> ser feita através <strong>de</strong> entrevistas,<br />

<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> discussão focal, <strong>de</strong> observações e notas <strong>de</strong> campo ou <strong>de</strong> questionários,<br />

e po<strong>de</strong> ser realizada diretamente com grupos populacionais ou<br />

ocupacionais como, por ex<strong>em</strong>plo, estudos específicos com estudantes, prostitutas,<br />

garis ou com portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada infecção.<br />

A pesquisa indicada para estudos <strong>de</strong> comunicação é essencialmente<br />

qualitativa; ela verifica motivações, interesses e lógicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

comportamentos práticos.<br />

Assim, a pesquisa qualitativa permitirá:<br />

• compreen<strong>de</strong>r ou visualizar, a partir da sua inserção na comunida<strong>de</strong>,<br />

o probl<strong>em</strong>a vivenciado por pessoas e grupos;<br />

• aprofundar o conhecimento acerca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, noções ou crenças<br />

que estejam circulando nas populações;<br />

• enten<strong>de</strong>r logicamente um comportamento;<br />

• realizar pré-testes <strong>de</strong> materiais educativos;<br />

• gerar i<strong>de</strong>ias junto com grupos específicos.<br />

Quando existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer a intensida<strong>de</strong> e a distribuição<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado probl<strong>em</strong>a nas populações, torna-se importante compl<strong>em</strong>entar<br />

a pesquisa com levantamentos quantitativos ou, pelo menos, com<br />

uma boa consulta aos dados e às pesquisas pré-existentes nas prefeituras,<br />

secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, censos etc.<br />

2º e 3º A <strong>de</strong>finição dos públicos ou segmentação da audiência.<br />

Quando <strong>de</strong>finimos b<strong>em</strong> o público <strong>de</strong> nossas mensagens <strong>em</strong> comunicação,<br />

torna-se possível trabalhar conhecendo os interesses, as vivências<br />

prévias, as racionalida<strong>de</strong>s e as expectativas do grupo com o qual se trabalha.<br />

Reconhec<strong>em</strong>os a diversida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>, rompendo com uma visão<br />

unificada <strong>de</strong> público, população ou comunida<strong>de</strong>. Segundo ROZEMBERG.<br />

Brani.. et al. (2004), é preciso reconhecer que exist<strong>em</strong> inúmeros públicos<br />

na i<strong>de</strong>ia genérica <strong>de</strong> público e muitas subpopulações inseridas na população.<br />

Para Martim-Barbero (2003), um estudioso da comunicação na América Latina,<br />

as Políticas Nacionais <strong>de</strong> Comunicação, <strong>em</strong> nossos países, até a década<br />

<strong>de</strong> 1980, s<strong>em</strong>pre fracassavam pelo fato <strong>de</strong> não ter<strong>em</strong> nunca levado <strong>em</strong> conta<br />

a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores da socieda<strong>de</strong> civil, seus interesses e particularida<strong>de</strong>s.<br />

Eram políticas pensadas por intelectuais e por políticos que não levavam<br />

<strong>em</strong> conta os diferentes modos <strong>de</strong> ver, <strong>de</strong> ler e <strong>de</strong> escutar dos grupos sociais.<br />

Eles achavam que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>finir e legislar sobre o que era a vonta<strong>de</strong> do<br />

povo. O resultado? Produziram mensagens que falavam com todos e com<br />

ninguém.<br />

A última dica sobre a segmentação da audiência: cuidado para não<br />

focalizar as mensagens apenas nas mudanças <strong>de</strong> comportamento, pois, quando<br />

isso ocorre, acabamos <strong>de</strong>sviando a atenção dos outros fatores e <strong>de</strong>terminantes<br />

sociais das doenças. E, já que estar<strong>em</strong>os falando com públicos<br />

específicos, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os gerar a falsa impressão <strong>de</strong> que eles são os culpados<br />

ou os únicos responsáveis pelo probl<strong>em</strong>a.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 114 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


4° e 5º Sobre a escolha dos meios e formatos.<br />

De um modo geral, <strong>em</strong> comunicação, os meios po<strong>de</strong>m ser divididos<br />

<strong>em</strong>:<br />

a. meios gráficos: peças escritas, ilustradas, jornais, folhetos, cartazes,<br />

slogans, cartilhas, livretos, gibis etc.;<br />

b. meios orais: rádios, palestras, painéis, <strong>de</strong>bates etc.;<br />

c. meios dramatizados: teatro, mamulengos, fantoches etc.;<br />

d. meios audiovisuais: ví<strong>de</strong>oprodução (dramatizações ou documentários)<br />

ou reprodução simples (outros ví<strong>de</strong>os já existentes, gravação<br />

<strong>de</strong> eventos etc.);<br />

e. Outras artes: música, dança, etc.<br />

Figura 21: Abertura do JIM – Colégio<br />

Marista São José - Montes Claros – MG.<br />

Foto: Joaquim Lima.<br />

Figura 22: Grupo <strong>de</strong> Reis da<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do<br />

Meio. São Francisco-MG.<br />

Fonte: Joaquim Lima.<br />

Figura 23: Grupo Reviver da Vila Atlântica. Montes Claros/MG. (Dança <strong>de</strong> São<br />

Gonçalo) .<br />

Fonte: Joaquim Lima.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 115<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


É importante conhecer todos os meios disponíveis, b<strong>em</strong> como os<br />

diversos formatos <strong>em</strong> que os conteúdos po<strong>de</strong>m ser compartilhados. Mais é<br />

ainda mais importante reconhecer a a<strong>de</strong>quação entre o meio escolhido, o<br />

conteúdo a ser compartilhado, os objetivos a ser<strong>em</strong> alcançados e o segmento<br />

<strong>de</strong> público ao qual tal conteúdo é <strong>de</strong>stinado, incluindo as próprias aptidões<br />

e inclinações do grupo.<br />

6º Avaliando a comunicação (estudos <strong>de</strong> recepção)<br />

São as pesquisas para verificar como as mensagens estão sendo<br />

recebidas pelos públicos. A comunicação é avaliada para verificar: sua eficiência<br />

na transmissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados conteúdos, as relações entre custo e<br />

benefício, o alcance das mensagens <strong>em</strong> diversos públicos. Entretanto, para<br />

os estudos <strong>de</strong> recepção, importa principalmente conhecer qual foi o sentido<br />

produzido por aquela comunicação, ou seja, avaliamos quais os sentidos que<br />

foram atribuídos àquela experiência <strong>de</strong> comunicação.<br />

Segundo ROZEMBERG. Brani.. et al. (2004) a avaliação da comunicação<br />

inclui estudar os significados da mensag<strong>em</strong> para os receptores. Porém,<br />

procura levar <strong>em</strong> conta o processo comunicativo como um todo, não só a<br />

mensag<strong>em</strong>. Par ROZEMBERG. o i<strong>de</strong>al é que o processo comunicativo seja<br />

monitorado, na medida do possível, através <strong>de</strong> registros, notas, questionamentos,<br />

para que seja possível corrigir os rumos <strong>de</strong> nossas ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />

andamento. Assim, a pesquisa nos é útil antes, <strong>de</strong>pois e também durante a<br />

realização das ativida<strong>de</strong>s comunicativas intencionais.<br />

Ao fazer a sua avaliação, l<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que as pessoas receb<strong>em</strong><br />

informações <strong>de</strong> outros referenciais, como da TV, <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong> seu grupo<br />

social etc. Assim, sua voz não é a única a falar sobre o t<strong>em</strong>a. Seja a<br />

mensag<strong>em</strong> sobre saneamento, uso <strong>de</strong> preservativos ou sobre a <strong>de</strong>ngue, ela<br />

concorre com o que diz a TV sobre esses assuntos, com o que fala o médico<br />

no posto, com a opinião da igreja, com o artigo que saiu na s<strong>em</strong>ana passada<br />

no jornal e com a própria m<strong>em</strong>ória que as pessoas têm <strong>de</strong> experiências anteriores<br />

com o assunto. (Roz<strong>em</strong>berg.et al., 2004).<br />

11.2.2.3 Uma i<strong>de</strong>ia geral dos mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

11.2.2.3.1 Mo<strong>de</strong>lo mecânico<br />

O objetivo da comunicação, neste mo<strong>de</strong>lo, é fazer chegar a informação,<br />

um significado já pronto e construído (mensag<strong>em</strong>) <strong>de</strong> um polo ao outro.<br />

Tudo o que interferir nessa transmissão é chamado <strong>de</strong> ruído, e só servirá<br />

para atrapalhar a comunicação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 116 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


É evi<strong>de</strong>nte que tal mo<strong>de</strong>lo não dá conta da interação humana, por<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora o que qs teorias mais recentes da comunicação consi<strong>de</strong>ram<br />

como o mais importante: todos esses ruídos. A comunicação é um processo<br />

vivo e não po<strong>de</strong> ser reduzida a um esqu<strong>em</strong>a mecânico <strong>de</strong> passa-informação-<br />

-prá-lá, <strong>de</strong>volve-informação-prá-cá. Neste mo<strong>de</strong>lo, não há espaço para verda<strong>de</strong>iros<br />

atores ou reais intercâmbios.<br />

Para ROZEMBERG. Brani.. et al. (2004) nossos <strong>de</strong>stinatários não<br />

são máquinas que “<strong>de</strong>codificam mensagens”, eles atribu<strong>em</strong> sentido a todas<br />

aquelas mensagens que lhes são r<strong>em</strong>etidas. (...).<br />

Figura 22: Mo<strong>de</strong>lo Shannon & Weaver.<br />

Fonte: Shannon &Weaver, 1949.<br />

Veja que, neste mo<strong>de</strong>lo, existe um que fala: a fonte ou <strong>em</strong>issor;<br />

um que escuta: o receptor; a mensag<strong>em</strong> e um canal ou meio por on<strong>de</strong> passa<br />

mensag<strong>em</strong> e, para ser recebida pela estrutura receptora, ela é <strong>de</strong>codificada.<br />

11.2.2.3.2 - Abordag<strong>em</strong> dialógica da comunicação<br />

Para Roz<strong>em</strong>berg e Caco Xavier, a abordag<strong>em</strong> dialógica não chega a<br />

se constituir como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comunicação, mas influenciou profundamente<br />

toda uma geração <strong>de</strong> educadores e profissionais da comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Surgiu, na década <strong>de</strong> 1960, como reação política ao imperialismo e ao <strong>de</strong>senvolvimentismo,<br />

na forma <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> valorização da cultura e do<br />

saber popular. Educadores como Paulo Freire (1975) e seus seguidores representam<br />

b<strong>em</strong> a crítica ao autoritarismo e ao mo<strong>de</strong>lo mecânico <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> conhecimento. Para essa educação transformadora, profundamente<br />

humanista, não existe um que sabe e outro que não sabe, mas sim saberes<br />

diferentes e igualmente válidos para a ação humana. A abordag<strong>em</strong> dialógica<br />

propõe, <strong>de</strong>ssa forma, que técnicos e população sejam ambos portadores <strong>de</strong><br />

saberes e que haja o diálogo e a construção partilhada <strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />

(Roz<strong>em</strong>berget al., 2004).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 117<br />

Imperialismo: referese<br />

à forma política e<br />

econômica que alguns<br />

países ricos utilizam<br />

para se relacionar<br />

com outros países<br />

– como se fosse um<br />

império, on<strong>de</strong> o mais<br />

po<strong>de</strong>roso domina<br />

os mais fracos e os<br />

submet<strong>em</strong> às suas<br />

<strong>de</strong>cisões.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Desenvolvimentismo:<br />

Desenvolvimentismo<br />

– regime econômico<br />

que t<strong>em</strong> como<br />

priorida<strong>de</strong> o<br />

crescimento material<br />

da socieda<strong>de</strong>, e não<br />

as questões sociais,<br />

como a saú<strong>de</strong> e a<br />

educação, <strong>de</strong>ntre<br />

outras.<br />

Humanista:<br />

Partindo do universo<br />

vocabular das<br />

camadas populares e<br />

<strong>de</strong> suas condições <strong>de</strong><br />

vida e educacionais,<br />

Paulo Freire criou uma<br />

pedagogia humanista,<br />

alicerçada no diálogo e<br />

baseada nas condições<br />

concretas dos sujeitos<br />

sociais. (PCAU ARAÚJO<br />

- paulofreire.org).<br />

11.2.2.3.3 - Outras abordagens e olhares sobre a prática comunicativa.<br />

O texto <strong>de</strong>sta aula foi influenciado por autores latino-americanos<br />

que se <strong>de</strong>dicam aos estudos <strong>de</strong> recepção e reflexões sobre a produção <strong>de</strong><br />

sentido. As teorias mais recentes, como a das mediações, por ex<strong>em</strong>plo, acabaram<br />

por <strong>de</strong>stacar a relevância <strong>de</strong> tudo aquilo que antes era consi<strong>de</strong>rado<br />

ruído na comunicação. Além disso, os autores procuram compreen<strong>de</strong>r as<br />

questões geradas pela mídia nas socieda<strong>de</strong>s cont<strong>em</strong>porâneas. Novas teorias<br />

e mo<strong>de</strong>lagens buscam <strong>de</strong>screver a forma como as mensagens, vindas <strong>de</strong> diferentes<br />

<strong>em</strong>issores ao mesmo t<strong>em</strong>po, circulam, compet<strong>em</strong> e interag<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

situações concretas, e como as pessoas ou grupos selecionam, negociam e<br />

compet<strong>em</strong> para fazer valer suas verda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> um mundo no qual, como todos<br />

nós sab<strong>em</strong>os, informação é po<strong>de</strong>r.<br />

11.2.4 <strong>Educação</strong> e saú<strong>de</strong><br />

11.2.4.1 Introdução<br />

Já vimos anteriormente alguns conceitos <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>, mas<br />

qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas ações educativas <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>? Muitas pessoas, não é<br />

verda<strong>de</strong>? Dentre essas pessoas, po<strong>de</strong>mos afirmar que o trabalhador da saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha um papel educativo que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas<br />

que <strong>de</strong>senvolve, tornando-se mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para a<br />

prevenção e a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, há diferentes concepções <strong>de</strong> educação que po<strong>de</strong>m se<br />

expressas no trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A compreensão <strong>de</strong> educação como um ato normativo, on<strong>de</strong> a prescrição<br />

e a instrumentalização predominam, reduzindo o sujeito da educação<br />

a objeto passivo da intervenção educativa, correspon<strong>de</strong> a uma compreensão<br />

limitada <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em outras palavras, esta concepção <strong>de</strong> educação reduz<br />

qu<strong>em</strong> educa – no caso, o trabalhador da saú<strong>de</strong> – a um mero reprodutor <strong>de</strong><br />

normas, e o aprendiz – a população atendida – a um simples <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

informações. L<strong>em</strong>bra-se da pedagogia da transmissão? Aqui, está b<strong>em</strong> representada<br />

no trabalhador da saú<strong>de</strong>, que transmite, e na população, que recebe<br />

as informações passivamente.<br />

Outra forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a educação é vê-la como um processo<br />

que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />

sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas possibilitar que ele se perceba como o<br />

construtor <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, portanto, alterá-la. Aqui, o trabalhador<br />

da saú<strong>de</strong> é probl<strong>em</strong>atizador, e a população, sujeito.<br />

Precisamos <strong>de</strong>stacar que educar é comunicar, portanto, o trabalhador<br />

que educa, <strong>de</strong> fato, está se comunicando; ele realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />

entre o conhecimento que adquiriu na área da saú<strong>de</strong> e a população à<br />

qual visa informar a respeito <strong>de</strong>sse mesmo conhecimento. Da mesma forma,<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 118 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


a população também comunica um conhecimento adquirido através da experiência<br />

vivida e realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação entre esse conhecimento<br />

da realida<strong>de</strong> e o trabalhador da saú<strong>de</strong> com qu<strong>em</strong> dialoga. (ROZEMBERG.<br />

Brani et al, 2004).<br />

11.2.4.2 Notas sobre educação e saú<strong>de</strong><br />

Quando falamos <strong>em</strong> educação, que i<strong>de</strong>ias lhe vêm à cabeça?<br />

<strong>Educação</strong> r<strong>em</strong>ete-nos a duas situações mais comuns:<br />

a escola?<br />

a família?<br />

Para Roz<strong>em</strong>berg, “(...) é preciso l<strong>em</strong>brar que muitas formas <strong>de</strong> agir<br />

na relação com a comunida<strong>de</strong> e com o território têm como resultado uma<br />

ação educativa, algo que po<strong>de</strong> gerar, nos espaços da convivência cotidiana,<br />

novas maneiras <strong>de</strong> perceber, atuar e refletir sobre questões relacionadas à<br />

saú<strong>de</strong> e ao ambiente”.<br />

Mas, no caso <strong>de</strong> nossa discussão, e para fins <strong>de</strong> qualificação do trabalhador<br />

<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, quer<strong>em</strong>os sinalizar outro aspecto. Trata-se<br />

do fato <strong>de</strong> que parte do seu trabalho po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como educativa.<br />

(FIOCRUZ/ENSPEJV/PRRROFORMAR, 2004).<br />

11.2.4.2.1 Ação educativa e trabalho educativo<br />

Qual seria a importância <strong>de</strong>sta diferença?<br />

Segundo Roz<strong>em</strong>berg, ao comentarmos que todas as relações sociais<br />

são potencialmente educativas, estamos consi<strong>de</strong>rando que a ação educativa<br />

po<strong>de</strong> ocorrer espontaneamente, s<strong>em</strong> que haja necessariamente uma consciência<br />

sobre ela ou ainda uma reflexão sobre a sua intenção. Dito <strong>de</strong> outra<br />

maneira, compreen<strong>de</strong>mos que a educação, no seu sentido amplo <strong>de</strong> humanização,<br />

se dá ao longo <strong>de</strong> toda a vida, acontecendo <strong>em</strong> lugares sociais – no<br />

ambiente familiar, no trabalho, na rua, na igreja, na escola.<br />

“(...) Quando afirmamos que uma parte do trabalho exercido pelo<br />

profissional <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é educativo (sic), estamos dizendo que<br />

ele (sic) traz uma intenção e <strong>de</strong>ve, portanto, incluir reflexões sobre os objetivos<br />

a ser<strong>em</strong> alcançados e as formas através das quais “caminhamos” para<br />

<strong>de</strong>les nos aproximarmos.<br />

(...) No campo <strong>em</strong> que este nosso texto se insere, ou seja, o campo<br />

das teorias críticas (ou progressistas), t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> comum o fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> a<br />

favor <strong>de</strong> uma educação <strong>em</strong>ancipadora que visa à construção <strong>de</strong> um cidadão<br />

questionador, crítico e ativo. Também é comum a essas teorias a compreensão<br />

<strong>de</strong> que a educação t<strong>em</strong> um componente ético e que precisa promover<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a solidarieda<strong>de</strong> é necessária para a construção <strong>de</strong> um mundo<br />

melhor, menos violento e, portanto, mais saudável.” (FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />

PRRROFORMAR, 2004).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 119<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


11.2.4.3 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e cotidiano<br />

Defen<strong>de</strong>mos que a ação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se dá no cotidiano e, na maior<br />

parte das vezes, espontaneamente. O trabalho educativo também acontece<br />

no cotidiano, mas não como uma experiência que ocorre mecanicamente.<br />

Pensamos ser nosso <strong>de</strong>ver enfatizar o inverso, ou seja, o ponto principal do<br />

trabalho educativo é “jogar uma luz” sobre as experiências do dia a dia.<br />

Muitas vezes, essa luz v<strong>em</strong> do conhecimento científico que o educador t<strong>em</strong><br />

e consi<strong>de</strong>ra importante partilhar.<br />

“(...) Para finalizar este it<strong>em</strong>, é preciso dizer que, ao chamarmos a<br />

atenção para a ação educativa, estejamos sinalizando que o profissional da<br />

vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> não possa mais ser espontâneo no trato com a comunida<strong>de</strong>,<br />

por ser ele um educador s<strong>em</strong>pre atento quanto a isso. O que precisamos<br />

reconhecer é que exist<strong>em</strong> aspectos que você e o seu grupo <strong>de</strong> trabalho, a<br />

sua instituição, po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar como importantes o bastante para compor<br />

o seu trabalho educativo. E sobre esses t<strong>em</strong>as será s<strong>em</strong>pre preciso refletir<br />

como educador”. (FIOCRUZ/ENSPEJV/PRRROFORMAR, 2004)<br />

11.2.4.4 <strong>Educação</strong> para a saú<strong>de</strong><br />

Para ROZEMBERG ... et al. (2004) Gran<strong>de</strong> parte da história da educação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser contada através <strong>de</strong> inúmeras ações voltadas para<br />

mudanças no corpo dos indivíduos. As campanhas antitabagistas ou para o<br />

uso <strong>de</strong> preservativos são ex<strong>em</strong>plos bastante conhecidos. Por conta <strong>de</strong>ssa<br />

longa história – e também da aceitação que o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> vinculado<br />

apenas à ausência <strong>de</strong> doença teve –, é comum a compreensão <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong><br />

educação que aqui chamar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> educação para a saú<strong>de</strong>.<br />

Para o autor a educação para a saú<strong>de</strong> privilegia as informações sobre<br />

o autocuidado e acredita firm<strong>em</strong>ente que a saú<strong>de</strong> é uma questão apenas<br />

biológica.<br />

“(...) o processo educacional, <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong>ve apontar para objetivos<br />

que se constro<strong>em</strong> e se esten<strong>de</strong>m no t<strong>em</strong>po. Não é raro que as transformações<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, baseadas na educação, <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m um t<strong>em</strong>po prolongado<br />

para acontecer, sobretudo porque a educação não transforma diretamente;<br />

ela busca, através do compartilhamento <strong>de</strong> seus conhecimentos, percepções,<br />

conceitos éticos e criar as condições para que os atores sociais produzam<br />

as transformações que nos permitam viver melhor.<br />

(...) O <strong>de</strong>safio é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir os preconceitos que amarram<br />

as nossas práticas, experimentarmos o inusitado, inventando junto com<br />

a população novos modos <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong> conhecer o mundo, <strong>de</strong> driblar<br />

as adversida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> enfrentá-las quando possível”. (FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />

PRRROFORMAR, 2004).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 120 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


11.3 Conclusão<br />

A primeira parte do texto <strong>de</strong>sta aula foi influencia por autores latino-americanos<br />

que se <strong>de</strong>dicam aos estudos <strong>de</strong> recepção e reflexões sobre a<br />

produção <strong>de</strong> sentido. As teorias mais recentes, como a das mediações, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, acabaram por <strong>de</strong>stacar a relevância <strong>de</strong> tudo aquilo que antes era<br />

consi<strong>de</strong>rado ruído na comunicação. Além disso, os autores procuram compreen<strong>de</strong>r<br />

as questões geradas pela mídia nas socieda<strong>de</strong>s cont<strong>em</strong>porâneas.<br />

Novas teorias e mo<strong>de</strong>lagens buscam <strong>de</strong>screver a forma como as mensagens,<br />

vindas <strong>de</strong> diferentes <strong>em</strong>issores ao mesmo t<strong>em</strong>po, circulam, compet<strong>em</strong> e interag<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> situações concretas, e como as pessoas ou grupos selecionam,<br />

negociam e compet<strong>em</strong> para fazer valer suas verda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> um mundo no qual,<br />

como todos sab<strong>em</strong>os, informação é po<strong>de</strong>r.<br />

Na segunda parte, refletimos sobre o papel educativo do trabalhador<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, no caso, você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> suas ações<br />

voltadas para essa área. L<strong>em</strong>bramos que o trabalhador da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha<br />

um papel educativo que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas que<br />

<strong>de</strong>senvolve, tornando-se mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para prevenção<br />

e promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, foi possível estudar a orig<strong>em</strong> da palavra comunicação,<br />

conceituando-a e i<strong>de</strong>ntificando suas várias formas, como: a comunicação interpessoal,<br />

<strong>de</strong> massa e comunicação não verbal, b<strong>em</strong> como as estratégias<br />

intencionais <strong>de</strong> comunicação no trabalho do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>screvendo o passo a passo da comunicação social.<br />

Estudamos, também, a educação e a saú<strong>de</strong>; algumas notas sobre a<br />

educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, através das quais se vê a educação como um processo<br />

que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />

sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas fazê-lo se perceber como o construtor,<br />

autor e ator do seu próprio pensar e agir.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Conceitue comunicação.<br />

2) Cite os vários tipos <strong>de</strong> comunicação.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 121<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


3) Citar o passo a passo da comunicação social.<br />

4) I<strong>de</strong>ntifique os mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 122 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula 12 - Como as relações humanas<br />

ajudam Alfabetização no trabalho Digitaldo<br />

Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa preparar e executar ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas respeitando as diversida<strong>de</strong>s étnicas, sociais, raciais, religiosas ou<br />

culturais do seu território <strong>de</strong> atuação.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

a. i<strong>de</strong>ntificar os comportamentos que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou bloqueios<br />

nas ativida<strong>de</strong>s com a comunida<strong>de</strong>/população;<br />

b. refletir sobre as suas atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> relação ao trabalho com a<br />

população;<br />

c. i<strong>de</strong>ntificar como as relações humanas po<strong>de</strong>m influenciar no trabalho<br />

do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

12.1 Introdução<br />

Você, futuro Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, sabe que nós trabalharmos<br />

com as diversida<strong>de</strong>s, sejam elas étnicas, sociais, raciais, religiosas<br />

ou culturais; é um <strong>de</strong>safio que o Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, como cidadão<br />

e como educador, precisa e t<strong>em</strong> <strong>de</strong> enfrentar.<br />

Sab<strong>em</strong>os que, além <strong>de</strong> fisicamente diferentes, as pessoas também<br />

se difer<strong>em</strong> no nível mental, <strong>em</strong>ocional, social, cultural etc., portanto, antes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvermos alguma ativida<strong>de</strong> junto a <strong>de</strong>terminada população, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />

levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração algumas atitu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou<br />

bloqueios. Olha! Da mesma forma que não po<strong>de</strong>mos esperar encontrar dois<br />

indivíduos iguais, também não po<strong>de</strong>mos esperar que alguém seja exatamente<br />

como achamos que <strong>de</strong>ve ser.<br />

O texto a seguir já ajudou os Agentes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que trabalham no<br />

controle das en<strong>de</strong>mias, e os Agentes Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no Sertão da<br />

Bahia e no Norte <strong>de</strong> Minas, a refletir<strong>em</strong> sobre as suas ativida<strong>de</strong>s com a população,<br />

acredito que vai servir <strong>de</strong> subsídio para você também.<br />

12.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Leia o texto fazendo uma reflexão após cada parágrafo e faça uma<br />

correlação com as ativida<strong>de</strong>s que já são <strong>de</strong>senvolvidas na comunida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

123<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Em um trabalho<br />

comunitário no norte<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

as educadoras <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong> da SUCAM<br />

(Superintendência<br />

<strong>de</strong> Campanha <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública), que<br />

pretendiam discutir<br />

com a comunida<strong>de</strong><br />

formas <strong>de</strong> controle<br />

do barbeiro (inseto<br />

transmissor da doença<br />

<strong>de</strong> Chagas nesta região),<br />

mas, ao levantar<strong>em</strong><br />

às priorida<strong>de</strong>s<br />

da comunida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>scobriram que esta<br />

queria um c<strong>em</strong>itério,<br />

pois não tinham lugar<br />

para enterrar os seus<br />

entes queridos.<br />

12.2.1 Sugestões para você que trabalha com o povo<br />

Em suas ativida<strong>de</strong>s diretas e constantes com a gente da comunida<strong>de</strong>,<br />

transmitindo conhecimentos e procurando conseguir a colaboração das<br />

famílias, você representa um papel muito importante no trabalho. Você está<br />

ajudando a educar essas pessoas, fazendo com que elas compreendam a<br />

importância da saú<strong>de</strong>.<br />

Lidar com o povo é constant<strong>em</strong>ente motivo <strong>de</strong> satisfação. Adquirimos<br />

experiências novas e boas amiza<strong>de</strong>s. Mas conseguir que os outros façam<br />

aquilo que julgamos ser correto, às vezes, é muito difícil.<br />

Para que as pessoas compreendam melhor e aceit<strong>em</strong> com mais rapi<strong>de</strong>z<br />

as informações e orientações, é preciso que, ao falar com elas, você<br />

leve <strong>em</strong> conta uma série <strong>de</strong> circunstâncias que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou<br />

bloqueios.<br />

12.2.1.1 Probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s<br />

Cada família t<strong>em</strong> seus próprios probl<strong>em</strong>as. A falta <strong>de</strong> um banheiro<br />

ou a presença <strong>de</strong> uma pessoa doente na família po<strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>les, mas,<br />

certamente, há muitos outros: alimentação, vestuário e habitação. Nós, <strong>em</strong>bora<br />

preocupados com a diarreia, a <strong>de</strong>snutrição, a tuberculose, a <strong>de</strong>ngue, a<br />

doença <strong>de</strong> Chagas, não po<strong>de</strong>mos, às vezes, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dar ouvidos a outras<br />

dificulda<strong>de</strong>s. Tais probl<strong>em</strong>as provocam necessida<strong>de</strong>s, como, por ex<strong>em</strong>plo:<br />

maior quantida<strong>de</strong> e melhor qualida<strong>de</strong> dos alimentos, dinheiro para comprar<br />

vestimentas, material para consertar a casa etc. Portanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os compreen<strong>de</strong>r<br />

que aquilo que esperamos <strong>de</strong>ssas pessoas é apenas uma das muitas<br />

coisas que elas têm para fazer, e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é o que consi<strong>de</strong>ram mais importante.<br />

Assim sendo, precisamos ser compreensíveis, tolerantes e perseverantes.<br />

Em outras palavras, reconhecer que cada família t<strong>em</strong> seus probl<strong>em</strong>as,<br />

manter a calma e o bom humor diante <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong> e persistir<br />

s<strong>em</strong>pre até alcançar o que se <strong>de</strong>seja. Ou seja, trabalhar a necessida<strong>de</strong> da<br />

comunida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r o seu foco (seu objetivo principal).<br />

12.2.1.2 Tabus e preconceitos<br />

Toda comunida<strong>de</strong> está sujeita a uma série <strong>de</strong> superstições e crendices<br />

que faz<strong>em</strong> parte dos costumes e da tradição local. A orig<strong>em</strong> e a razão <strong>de</strong> ser<br />

muitas vezes são ignoradas. Em <strong>de</strong>terminadas regiões, por ex<strong>em</strong>plo, há um tabu<br />

<strong>em</strong> relação à coleta <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico da malária; muitas pessoas<br />

acham que esse sangue é para ser entregue ao diabo; já <strong>em</strong> outra região, solicita-se<br />

o exame <strong>de</strong> sangue mesmo não sendo prescrito pelo profissional médico<br />

(Ex. Yanomami – Xingu e tantos <strong>de</strong> nós quando vamos ao médico).<br />

Os tabus e os preconceitos são transmitidos <strong>de</strong> geração para geração<br />

e, frequent<strong>em</strong>ente, contam com o apoio <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança local.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 124 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Os tabus e os preconceitos só po<strong>de</strong>rão ser eliminados através <strong>de</strong> um<br />

trabalho cauteloso e <strong>de</strong> persuasão, com compreensão e apoio dos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />

opinião.<br />

12.2.1.3 Experiências anteriores<br />

Antes <strong>de</strong> você começar a trabalhar <strong>em</strong> uma comunida<strong>de</strong>, possivelmente<br />

outras pessoas estranhas ao meio já estiveram lá com propósitos<br />

s<strong>em</strong>elhantes aos seus. Algumas b<strong>em</strong> sucedidas, outras, não.<br />

De qualquer maneira, é importante que você procure saber das<br />

experiências anteriores da comunida<strong>de</strong> com pessoas <strong>de</strong> fora e com i<strong>de</strong>ias<br />

novas, principalmente situações relacionadas com a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

melhorias sanitárias e habitacionais.<br />

12.2.1.4 Atitu<strong>de</strong>s<br />

Quando uma pessoa gosta <strong>de</strong> trabalhar, <strong>de</strong> conversar, <strong>de</strong> conviver<br />

ou <strong>de</strong> estar <strong>em</strong> companhia <strong>de</strong> outra pessoa, diz<strong>em</strong>os que a primeira t<strong>em</strong> uma<br />

atitu<strong>de</strong> positiva, favorável ou construtiva <strong>em</strong> relação à outra. Caso contrário,<br />

a atitu<strong>de</strong> seria negativa, <strong>de</strong>sfavorável ou <strong>de</strong>strutiva.<br />

Para <strong>de</strong>senvolver uma atitu<strong>de</strong> positiva na comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação à<br />

sua pessoa e ao seu trabalho, é preciso que você, através da observação <strong>de</strong><br />

princípios <strong>de</strong> relações humanas e da adoção <strong>de</strong> relações públicas, procure<br />

criar imagens favoráveis, respectivamente, da sua própria pessoa e da instituição<br />

a qual você representa.<br />

Atenção!<br />

Imagine você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, visitando os usuários<br />

<strong>de</strong> SUS (população do seu território), levando informações sobre como<br />

ter mais saú<strong>de</strong> e, quando for à noite ou <strong>em</strong> um final <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana, essa mesma<br />

população te encontra jogado na rua, alcoolizado e s<strong>em</strong> nenhuma noção do<br />

que está acontecendo. Será que você não está criando uma imag<strong>em</strong> negativa<br />

sua e da instituição na qual você trabalha? Será que você receberá a mesma<br />

atenção <strong>de</strong> antes na execução das suas ativida<strong>de</strong>s?<br />

Dificilmente terá a mesma credibilida<strong>de</strong> porque as pessoas não costumam<br />

separar o cidadão do trabalho com o <strong>de</strong> outro momento, e têm razão,<br />

pois não po<strong>de</strong>mos ter personalida<strong>de</strong>s diferentes <strong>em</strong> ambientes diferentes,<br />

somos um só com as nossas diferenças.<br />

12.2.1.5 Cultura<br />

Exist<strong>em</strong> mundos culturais distintos. Po<strong>de</strong> haver diferenciações consi<strong>de</strong>ráveis<br />

quanto aos gostos, aos hábitos e aos conhecimentos. O hom<strong>em</strong><br />

do interior leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o espaço e o t<strong>em</strong>po (o sol, a lua). Ele se<br />

preocupa <strong>de</strong> maneira quase exclusiva com o que lhe afeta diretamente. É<br />

importante que você conheça e respeite as limitações <strong>de</strong>ssa gente.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 125<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


“Colocar nos sapatos<br />

<strong>de</strong>le” é o mesmo que<br />

se colocar no lugar do<br />

outro. Para fazermos<br />

uma crítica a alguém,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os nos colocar<br />

no seu lugar e fazer<br />

uma análise <strong>de</strong> que,<br />

se fosse eu, será que<br />

estaria fazendo o<br />

mesmo ou eu faria<br />

pior? Imagine um<br />

hom<strong>em</strong> que, ao<br />

levantar pela manhã,<br />

vê os seus filhos<br />

chorando com fome<br />

e ele não t<strong>em</strong> o que<br />

oferecer; o que é<br />

capaz <strong>de</strong> fazer? Pense<br />

nisso!<br />

Nesta socieda<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os,<br />

as oportunida<strong>de</strong>s<br />

são diferentes e são<br />

muitos os <strong>de</strong>safios<br />

que o Técnico <strong>em</strong><br />

Vigilância t<strong>em</strong> que<br />

enfrentar.<br />

É importante que o Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre escute<br />

e respeite as pessoas, sejam elas do campo ou da cida<strong>de</strong>; cada um t<strong>em</strong> o<br />

seu modo <strong>de</strong> ser e t<strong>em</strong> suas ocupações, portanto, antes <strong>de</strong> marcar qualquer<br />

compromisso na comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o melhor horário<br />

para a maioria.<br />

12.2.1.6 Valores<br />

É a noção <strong>de</strong> certo e errado, justo e injusto, bom ou mau, gran<strong>de</strong><br />

ou pequeno, que varia enorm<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> pessoa para pessoa e até na<br />

mesma pessoa, <strong>de</strong> uma época para outra <strong>de</strong> sua existência. Cada um<br />

orienta a sua conduta <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com os seus padrões individuais<br />

<strong>de</strong> valores.<br />

Para observar o comportamento <strong>de</strong> um indivíduo, você <strong>de</strong>ve “se<br />

colocar nos sapatos <strong>de</strong>le”. Isto é, analisar o comportamento <strong>de</strong>le e o seu<br />

próprio, unicamente <strong>em</strong> função dos valores <strong>de</strong>ssa pessoa.<br />

12.2.1.7 Vocabulário<br />

Muito cuidado com o que você diz. Embora aqueles com qu<strong>em</strong> você<br />

trabalha também fal<strong>em</strong> português, muitas vezes se utilizam <strong>de</strong> expressões<br />

b<strong>em</strong> diferentes do seu vocabulário mais comum. Além disso, as palavras n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre têm o mesmo significado para todos.<br />

Assim sendo, use palavras a<strong>de</strong>quadas ao vocabulário da localida<strong>de</strong>.<br />

S<strong>em</strong>pre que necessário, recorra aos auxílios audiovisuais. Tome cuidado com<br />

os seus gestos e expressões fisionômicas que, muitas vezes, “falam” mais<br />

alto do que você po<strong>de</strong>rá pensar. Faça perguntas e estimule perguntas, pois<br />

só assim você po<strong>de</strong>rá se assegurar <strong>de</strong> que os outros realmente enten<strong>de</strong>ram<br />

o que foi dito.<br />

12.2.1.8 Diferenças individuais<br />

Além <strong>de</strong> fisicamente diferentes, as pessoas também se difer<strong>em</strong><br />

mental e <strong>em</strong>ocionalmente. Da mesma forma que não po<strong>de</strong>mos esperar encontrar<br />

dois indivíduos iguais, também não po<strong>de</strong>mos esperar que alguém<br />

seja exatamente como achamos que <strong>de</strong>ve ser.<br />

Procure tratar cada um <strong>de</strong> acordo com as suas características<br />

individuais. Com certas pessoas, você po<strong>de</strong> se limitar a falar o essencial,<br />

enquanto, com outras, você <strong>de</strong>ve repetir os conceitos. Há indivíduos que<br />

necessitam <strong>de</strong> estímulo e encorajamento, no entanto, o t<strong>em</strong>peramento <strong>de</strong><br />

outros dispensa este tipo <strong>de</strong> tratamento. Uns aceitam as i<strong>de</strong>ias rapidamente,<br />

às vezes, até precipitadamente, outros necessitam <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para pensar ou<br />

para se aconselhar com terceiros.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 126 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


12.3 Conclusão<br />

Essas dicas <strong>de</strong> Relações Humanas não servirão somente para melhorar<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

junto ás comunida<strong>de</strong>s que você trabalha, mas servirão também para melhorar<br />

o relacionamento no seu dia a dia no convívio familiar e social.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que, antes <strong>de</strong> trabalharmos <strong>em</strong> alguma comunida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os primeiro ouvir as li<strong>de</strong>ranças para enten<strong>de</strong>rmos se alguém<br />

já esteve ali com o mesmo propósito do seu, e que cada pessoa t<strong>em</strong><br />

o seu próprio mundo, seu próprio jeito <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> agir, portanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />

tratar cada um com equida<strong>de</strong>, tratar os diferentes <strong>de</strong> forma diferente. Por<br />

mais que queiramos passar uma mensag<strong>em</strong> educativa <strong>em</strong> relação a <strong>de</strong>terminada<br />

doença, nunca <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dar ouvidos às queixas <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> nós<br />

quer<strong>em</strong>os que nos escut<strong>em</strong>.<br />

Vimos, também, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os construir s<strong>em</strong>pre imagens positivas<br />

<strong>em</strong> relação a nós mesmos e à instituição a qual representamos. Que cada<br />

um t<strong>em</strong> o seu mundo distinto e é preciso respeitar a sua cultura, seus hábitos<br />

e costumes. A cultura está nas entranhas do nosso comportamento e o<br />

que aparecesão as manifestações culturais, por isso, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os respeitar os<br />

valores, o vocabulário, as diferenças individuais. Precisa-se tratar as pessoas<br />

com equida<strong>de</strong>, ou seja, tratar os diferentes <strong>de</strong> formas diferentes, e não<br />

iguais ,como muita gente pensa. É importante, <strong>em</strong> todos os momentos, ser<br />

educado, cortês e sábio para que não se cri<strong>em</strong> barreiras ou bloqueios no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das suas ativida<strong>de</strong> e <strong>em</strong>baraços na vida cotidiana.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Muitos projetos não dão certos porque qu<strong>em</strong> vai impl<strong>em</strong>entar/executar<br />

não escuta as necessida<strong>de</strong>s das comunida<strong>de</strong>s.<br />

Você conhece <strong>em</strong> sua região algum caso parecido? O que aconteceu?<br />

2) Você conhece algum caso <strong>de</strong>sta natureza? Cite-o.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 127<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


3)Entrevistar alguém da sua comunida<strong>de</strong> que trabalha com a população na<br />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, observando os relatos da sua experiência <strong>em</strong> relação às:<br />

a) dificulda<strong>de</strong>s encontradas nas abordagens;<br />

b) atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissionais e população, on<strong>de</strong> sobressai algo ligado à cultura,<br />

aos valores, aos gestos e ao vocabulário usado.<br />

4) Faça um resumo e envie para o seu professor formador.<br />

Na próxima aula, vamos estudar sobre recursos auditivos, visuais e<br />

audiovisuais. Até lá!<br />

(Retirado da Apostila <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. SUCAM – DRMG, 1989.<br />

Adaptada por Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

– Funasa//MOC, 1995. Revisado <strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 2010.)<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 128 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 13 - Material Digital Didático - Recursos<br />

audiovisuais<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os materiais didáticos<br />

a<strong>de</strong>quados para auxiliá-lo <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar material didático;<br />

2. <strong>de</strong>screver a classificação e os objetivos dos materiais didáticos;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar espaços privilegiados para a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

construir estratégias <strong>de</strong> atuação a<strong>de</strong>quadas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar materiais didáticos a<strong>de</strong>quados às suas ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas;<br />

5. produzir e usar a<strong>de</strong>quadamente os audiovisuais.<br />

O cursista <strong>de</strong>verá ter <strong>em</strong> mãos régua <strong>de</strong> 30cm, lápis preto e colorido,<br />

borracha, cola branca, hidrocor, folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco ou colorida,<br />

cartolina e outros materiais que achar necessários.<br />

13.1 Introdução<br />

Para <strong>de</strong>senvolvermos trabalho educativo, s<strong>em</strong>pre vamos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> material didático, pois esses recursos físicos são usados a<br />

fim <strong>de</strong> auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (educador) a transmitir a sua mensag<strong>em</strong><br />

ao educando/comunida<strong>de</strong>, facilitando, assim, a sua aprendizag<strong>em</strong>. Portanto,<br />

vamos procurar conhecer a <strong>de</strong>scrição, ver a classificação e os objetivos<br />

dos materiais didáticos, buscar i<strong>de</strong>ntificar os espaços privilegiados para a<br />

execução das ativida<strong>de</strong>s educativas para a saú<strong>de</strong>, construindo estratégias <strong>de</strong><br />

atuação a<strong>de</strong>quadas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, além <strong>de</strong> conhecer e i<strong>de</strong>ntificar<br />

materiais didáticos a<strong>de</strong>quados a essas ativida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> como produzir e<br />

distribuir materiais educativos <strong>de</strong> forma eficaz.<br />

13.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Mas, o que é e quais são os materiais didáticos? O texto a seguir<br />

po<strong>de</strong> nos ajudar nessas respostas. Vamos lê-lo?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

129<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


13.2.1 Materiais didáticos / recursos audiovisuais<br />

13.2.1.1 Introdução<br />

Material didático é todo e qualquer recurso físico usado a fim <strong>de</strong><br />

auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/educador a transmitir a sua mensag<strong>em</strong> ao<br />

educando, o mais eficient<strong>em</strong>ente possível, para realizar a sua aprendizag<strong>em</strong>.<br />

O material didático <strong>de</strong>verá auxiliar o profissional nos eventos, e não<br />

substituí-lo.<br />

13.2.1.2 Classificação<br />

Recursos auditivos: rádio, disco e fita cassete.<br />

Recursos visuais: quadro <strong>de</strong> giz, cartaz, fol<strong>de</strong>r, folheto, panfleto,<br />

gravura, filme, fotografia, álbum seriado, mural, gráfico, mapa, objeto,<br />

transparência, sli<strong>de</strong>, painel <strong>de</strong> projeção, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Recursos audiovisuais: cin<strong>em</strong>a, televisão, diapositivos com som,<br />

DVD, ví<strong>de</strong>o cassete, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

13.2.1.3 Objetivos<br />

• Aproximar a comunida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong> que se queira ensinar,<br />

dando uma noção mais exata dos fenômenos ou fatos <strong>em</strong> estudo.<br />

• Estimular, <strong>de</strong>spertar e pren<strong>de</strong>r a atenção.<br />

• Concretizar e ilustrar o que esteja sendo exposto verbalmente –<br />

auxiliar a formação da imag<strong>em</strong> e a sua retenção.<br />

• D<strong>em</strong>onstrar situações que não po<strong>de</strong>mos ver a olho nu.<br />

• Ilustrar a apresentação com experiências <strong>de</strong> trabalhos <strong>em</strong> outras<br />

comunida<strong>de</strong>s.<br />

• Mostrar situações i<strong>de</strong>ais <strong>em</strong> relação às medidas preventivas das<br />

doenças.<br />

13.2.1.4 El<strong>em</strong>entos básicos dos recursos audiovisuais<br />

• Exatidão – representando fielmente os dados ou a essência <strong>de</strong><br />

um fato.<br />

• Atualida<strong>de</strong> – as informações <strong>de</strong>verão ser revisadas periodicamente.<br />

• Qualida<strong>de</strong> – relativa aos aspectos <strong>de</strong> apresentação (cores, material,<br />

conservação, tamanho das letras etc.) e <strong>de</strong> informação.<br />

• Simplicida<strong>de</strong> – mas que consiga transmitir a mensag<strong>em</strong>.<br />

• Interesse e compreensão – observar se é a<strong>de</strong>quado ao público<br />

que está assistindo.<br />

• Tamanho a<strong>de</strong>quado – se o que está sendo utilizado é a<strong>de</strong>quado<br />

ao tipo <strong>de</strong> plateia.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 130 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


13.2.1.5 Recomendações quanto ao uso dos recursos audiovisuais<br />

Nenhum recurso audiovisual é, <strong>em</strong> si mesmo, eficaz ou ineficaz;<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os observar:<br />

• a habilida<strong>de</strong> do técnico/educador <strong>em</strong> manipular os materiais;<br />

• o uso <strong>de</strong> instrumentos a<strong>de</strong>quados ao tamanho do grupo;<br />

• os equipamentos, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar <strong>em</strong> bom estado <strong>de</strong> funcionamento;<br />

• se o que vai ser apresentado é coerente com o t<strong>em</strong>po disponível;<br />

• as características individuais do público alvo (interesse, ambições,<br />

ida<strong>de</strong> etc.);<br />

• se o material realmente compl<strong>em</strong>enta o que foi apresentado.<br />

13.2.1.6 Cores<br />

As cores são excelentes auxiliares dos recursos audiovisuais, facilitando<br />

a apreensão <strong>de</strong> formas e conteúdos no processo <strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong><br />

ou na transmissão <strong>de</strong> mensagens.<br />

Ex<strong>em</strong>plos:<br />

• amarelo, laranja e vermelho → transmit<strong>em</strong> calor, vivacida<strong>de</strong> e<br />

alegria;<br />

• azul, ver<strong>de</strong> e violeta → transmit<strong>em</strong> tranquilida<strong>de</strong>, quietu<strong>de</strong> e<br />

frescor.<br />

As combinações <strong>de</strong> cores que proporcionam mais visibilida<strong>de</strong> são:<br />

• preto no amarelo e vice-versa;<br />

• preto no branco e vice-versa;<br />

• ver<strong>de</strong> no branco e vice-versa.<br />

13.2.2 Projeções<br />

13.2.2.1 Por que as projeções são importantes?<br />

• Porque ating<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />

• Porque mostram outras realida<strong>de</strong>s.<br />

• Porque apresentam processos que não são vistos a olho nu.<br />

13.2.2.2 Pontos a se observar antes da projeção<br />

13.2.2.2.1 Selecionar o filme a<strong>de</strong>quado consi<strong>de</strong>rando:<br />

• o assunto;<br />

• a ida<strong>de</strong> do público a que se <strong>de</strong>stina;<br />

• o nível intelectual;<br />

• o interesse do público;<br />

• o t<strong>em</strong>po disponível.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 131<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


13.2.2.2.2 Aspectos operacionais:<br />

• filme (qualida<strong>de</strong> e duração);<br />

• ví<strong>de</strong>o, data show (funcionamento, voltag<strong>em</strong>);<br />

• alto-falante (se necessário);<br />

• sala apropriada (escurecida e ventilada);<br />

• observar ligações elétricas;<br />

• a<strong>de</strong>quar a visualização do aparelho <strong>de</strong> TV ou tela para todo o<br />

público;<br />

• acomodação das pessoas que irão assistir ao filme.<br />

13.2.3 Detalhamento <strong>de</strong> materiais.<br />

Vamos <strong>de</strong>talhar alguns <strong>de</strong>sses materiais!<br />

13.2.3.1 Panfleto/Folheto/Fol<strong>de</strong>r<br />

Panfleto é um material simples <strong>de</strong> uma única folha, s<strong>em</strong> dobra, com<br />

mensagens curtas e letras gran<strong>de</strong>s; po<strong>de</strong> ser ou não ilustrado, a cores ou <strong>em</strong><br />

preto e branco; apresenta um t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> sequência lógica <strong>de</strong> forma agradável<br />

à vista.<br />

Atenção, quando essa folha não t<strong>em</strong> dobras, o material é chamado<br />

<strong>de</strong> panfleto ou volante; se t<strong>em</strong> uma única dobra é <strong>de</strong>nominado folheto; e se<br />

t<strong>em</strong> duas dobras ou mais é o fol<strong>de</strong>r. Em todos estes tipos <strong>de</strong> recurso, <strong>de</strong>ve<br />

constar a instituição <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> da mensag<strong>em</strong> e o patrocinador.<br />

13.2.3.1.1 Características básicas<br />

• Ser escrito com palavras simples e frases claras.<br />

• Ser atraente, para <strong>de</strong>spertar a atenção.<br />

• Apresentar coerência entre o texto e a ilustração, se houver.<br />

13.2.3.1.2. Vantagens<br />

• É <strong>de</strong> baixo custo.<br />

• Economiza papel.<br />

• É simples <strong>de</strong> confeccionar.<br />

• Desperta interesse pelo t<strong>em</strong>a.<br />

• Facilita a compreensão e a m<strong>em</strong>orização dos pontos essenciais<br />

do t<strong>em</strong>a.<br />

13.2.3.1.3 Restrição<br />

O seu limite é que a pessoa <strong>de</strong>ve saber ler ou que alguém leia<br />

para ela.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 132 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


13.3 Conclusão<br />

Sab<strong>em</strong>os que exist<strong>em</strong> inúmeros materiais didáticos/recursos audiovisuais,<br />

porém, nesta aula, procuramos chamar atenção para o assunto;<br />

agora, cabe a você pesquisar e <strong>de</strong>scobrir outras opções, mas fique sabendo<br />

que nenhum material substitui o técnico/educador, este <strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre<br />

preparado para as suas apresentações.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos a classificação, os el<strong>em</strong>entos básicos e os<br />

objetivos dos materiais didáticos; foi possível, através da leitura, i<strong>de</strong>ntificar<br />

os mais a<strong>de</strong>quados às ativida<strong>de</strong>s educativas a ser<strong>em</strong> realizadas, levando-<br />

-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o público alvo. Foi possível distinguir a diferença entre<br />

fol<strong>de</strong>r, folheto e panfleto e houve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar uma amostra<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>les.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

Releia toda a aula e <strong>de</strong>staque os pontos mais importantes ou que<br />

você tenha ficado <strong>em</strong> dúvida e procure entrar <strong>em</strong> contato com o seu professor<br />

formador para esclarecimentos.<br />

1) O que é e quais são os materiais didáticos?<br />

2) Procure encontrar, <strong>em</strong> algum lugar, ex<strong>em</strong>plares dos materiais <strong>de</strong>scritos<br />

anteriormente e faça uma crítica/observação à sua confecção/ layout.<br />

3) Escolha um t<strong>em</strong>a já trabalhado neste eixo t<strong>em</strong>ático (Planejamento Urbano,<br />

Biologia, Processo Saú<strong>de</strong>/Doença e Política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Segurança e Saú<strong>de</strong><br />

do Trabalhador, <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>) e confeccione um<br />

ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> um dos materiais apresentados (fol<strong>de</strong>r, folheto ou panfleto).<br />

Continuando algumas dicas <strong>de</strong> materiais, na próxima aula, estudar<strong>em</strong>os<br />

sobre cartilha, cartazes e álbum seriado.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 133<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 14 - Material Digital Didático – Cartilhas,<br />

cartazes e álbum seriado<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa discorrer críticas aos materiais<br />

impressos, i<strong>de</strong>ntificando os a<strong>de</strong>quados para auxiliá-lo <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. <strong>de</strong>screver a classificação e os objetivos dos materiais didáticos<br />

apresentados;<br />

2. discorrer críticas aos materiais impressos;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar materiais didáticos a<strong>de</strong>quados às suas ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas;<br />

4. <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s na confecção <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares.<br />

14.1 Introdução<br />

Na aula anterior, vimos a parte teórica sobre material didático e<br />

tiv<strong>em</strong>os a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e confeccionar panfleto/folheto/fol<strong>de</strong>r;<br />

hoje, vamos conhecer outros materiais que po<strong>de</strong>m nos ajudar <strong>em</strong> nossas<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas. Para que esse material tenha melhor influência no<br />

aprendizado, é preciso estar a<strong>de</strong>quado à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> vai receber o conhecimento.<br />

L<strong>em</strong>bra-se do que falamos? Os recursos físicos são usados a fim<br />

<strong>de</strong> auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/educador a transmitir a sua mensag<strong>em</strong> ao<br />

educando/comunida<strong>de</strong>, facilitando, assim, a sua aprendizag<strong>em</strong>. O material<br />

didático <strong>de</strong>verá auxiliar o profissional nos eventos, e não substituí-lo.<br />

Os materiais que vamos estudar hoje são: CARTILHA, CARTAZ E<br />

ÁLBUM SERIADO.<br />

14.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

14.2.1 Cartilhas<br />

O que é cartilha e on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser utilizada?<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

135<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Cartilha é uma representação <strong>em</strong> histórias da relação doença X<br />

comunida<strong>de</strong>. Deverá ter um sumário, uma pequena introdução, conceitos<br />

básicos e as referências bibliográficas. Na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, trabalham-se os<br />

conceitos básicos das doenças, a transmissão, os vetores, as medidas preventivas,<br />

a sintomatologia e o tratamento. Deverá ser utilizada <strong>em</strong> trabalhos<br />

mais elaborados com segmentos específicos da comunida<strong>de</strong>. Depen<strong>de</strong>ndo da<br />

linguag<strong>em</strong>, selecione o público alvo e a metodologia a ser utilizada (Ex.: distribuir<br />

após as palestras com escolares, <strong>em</strong> s<strong>em</strong>inários, feiras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> etc.).<br />

14.2.2 CARTAZES<br />

Destinam se a atrair imediatamente o olhar das pessoas.<br />

Po<strong>de</strong>m servir para:<br />

Motivação. Ex<strong>em</strong>plos:<br />

Instrução – relacionados ás informações técnicas.<br />

Propaganda – ex<strong>em</strong>plos:<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 136 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Campanhas educativas. Ex<strong>em</strong>plos:<br />

Fonte: www.sau<strong>de</strong>.gov.br Fonte: www.sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

14.2.2.1 T<strong>em</strong>a<br />

Importante observar:<br />

Deverá conter uma mensag<strong>em</strong> a ser transmitida. Se utilizar símbolos<br />

ou siglas, estes <strong>de</strong>verão ser conhecidos.<br />

14. 2.2.2 Ilustração<br />

Deverá conter uma autoi<strong>de</strong>ntificação com a comunida<strong>de</strong>. É aconselhável<br />

o uso <strong>de</strong> pessoas. O humor é aceitável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja abusos.<br />

Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senhados ou montados com fotografias, gravuras, recortes <strong>de</strong><br />

jornais ou revistas e até mesmo impressos.<br />

14. 2.2.3 Texto<br />

As frases <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser curtas e expressar diretamente o assunto tratado.<br />

O uso <strong>de</strong> motivos (slogans, ditados,) ajuda a gravar a mensag<strong>em</strong>.<br />

14.2.2.4 Layout<br />

A disposição geral é fator importantíssimo e <strong>de</strong>ve ser estudado antes,<br />

através <strong>de</strong> esboços.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 137<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


14.2.2.5 Cores<br />

Serve para atrair a atenção e <strong>de</strong>spertar o interesse. Não <strong>de</strong>ve ter<br />

mais <strong>de</strong> três cores.<br />

14.2.2.6 Tipo <strong>de</strong> letras<br />

Dev<strong>em</strong> ser simples, para que torn<strong>em</strong> fácil a leitura. As letras não<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser pequenas, pois, conforme a distância e a altura do cartaz, tornará<br />

difícil a sua leitura.<br />

14.2.3 Álbum seriado<br />

14.2.3.1 Conceito<br />

O álbum seriado é uma coleção <strong>de</strong> folhas com uma série <strong>de</strong> informações<br />

graficamente representadas, colocadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência lógica,<br />

que t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>atizar e objetivar uma explanação oral.<br />

Inúmeras são as vantagens <strong>de</strong>ste auxílio visual no trabalho didático-<br />

-pedagógico on<strong>de</strong>, naturalmente, <strong>em</strong> função do público, a sua utilização se<br />

torna imprescindível.<br />

14.2.3.2 Sob o ponto <strong>de</strong> vista didático<br />

• Serve para concretizar a i<strong>de</strong>ia.<br />

• Desperta a atenção do público através da novida<strong>de</strong> que representa<br />

cada página.<br />

• Realça os pontos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> real importância.<br />

• É altamente eficaz, pois se dirige, simultaneamente, a dois sentidos:<br />

“VISÃO E AUDIÇÃO”.<br />

14.2.3.3 Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> execução<br />

• É <strong>de</strong> fácil confecção, pois utilizamos letreiros e algumas ilustrações.<br />

• Permite que o instrutor/educador participe na confecção do seu<br />

álbum seriado, o que representa maior objetivida<strong>de</strong> no assunto<br />

a ser abordado, pois o mesmo será feito <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong><br />

e o tipo <strong>de</strong> público a que se <strong>de</strong>stina.<br />

• É econômico, o que representa uma gran<strong>de</strong> vantag<strong>em</strong>, trazendo,<br />

com isso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização por parte <strong>de</strong> qualquer<br />

técnico, educador ou entida<strong>de</strong>.<br />

• Gastam-se apenas papel, tinta e t<strong>em</strong>po, que serão naturalmente<br />

recuperados pela maior facilida<strong>de</strong> na compreensão daquilo que<br />

estamos transmitindo.<br />

• É fácil <strong>de</strong> transportar, não havendo probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> peso porque<br />

basta colocá-lo sob os braços que o levar<strong>em</strong>os s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

para os locais <strong>de</strong> reuniões, para a sala <strong>de</strong> aula etc.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 138 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


14.2.3.4 Conselhos a ser<strong>em</strong> observados no planejamento <strong>de</strong> um<br />

álbum seriado<br />

• Dev<strong>em</strong>os escolher um assunto que se adapte à finalida<strong>de</strong> do álbum<br />

seriado, pois <strong>de</strong>terminados assuntos po<strong>de</strong>rão ser melhor<br />

apresentados através <strong>de</strong> outros auxílios didáticos, como uma<br />

lâmina <strong>de</strong> transparência etc.<br />

• A primeira folha s<strong>em</strong>pre será utilizada para escrevermos o t<strong>em</strong>a,<br />

b<strong>em</strong> sugestivo, que permitirá a melhor motivação do grupo sobre<br />

a importância do assunto a ser abordado.<br />

• É necessário conhecermos o público a que se <strong>de</strong>stina o t<strong>em</strong>a,<br />

como também consi<strong>de</strong>rar o local, para falarmos e mostrar com<br />

a máxima objetivida<strong>de</strong> possível.<br />

• Antes <strong>de</strong> confeccionarmos o álbum seriado, é necessário elaborarmos<br />

o roteiro que possibilitará colocar o assunto numa sequência<br />

<strong>de</strong> exposição.<br />

• Com base no roteiro, extrair<strong>em</strong>os o que <strong>de</strong>verá ser mostrado no<br />

álbum seriado. Somente o que consi<strong>de</strong>rarmos importante, ou<br />

seja, os pontos-chaves serão escritos no álbum, assim mesmo<br />

utilizando-se frases curtas.<br />

• A fim <strong>de</strong> melhor utilizar o álbum seriado, é indispensável que o<br />

técnico ou educador observe a dosag<strong>em</strong> do número <strong>de</strong> páginas,<br />

para não trazer o que <strong>de</strong>nominamos MONOTONIA VISUAL. É importante<br />

usarmos o bom senso. Para facilitar a compreensão,<br />

admite-se que, para uma palestra <strong>de</strong>stinada a um <strong>de</strong>terminado<br />

público, com duração média <strong>de</strong> 50 minutos, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar<br />

aproximadamente 10 páginas para ilustrar o assunto.<br />

14.2.3.5 As ilustrações, letras e cores<br />

São fatores importantes na confecção <strong>de</strong> qualquer auxílio visual,<br />

assim, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os procurar seguir os conceitos dados a seguir.<br />

14.2.3.5.1 Ilustrações<br />

• Exerc<strong>em</strong> fundamental importância no álbum seriado e <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre ser colocadas quando houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se concretizar<br />

um conceito ou uma i<strong>de</strong>ia. Porém, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os l<strong>em</strong>brar que<br />

essas ilustrações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser simples, reais, que atraiam, que estejam<br />

s<strong>em</strong>pre colocadas junto ao texto ao qual se refer<strong>em</strong> e<br />

sejam <strong>de</strong>senhadas representando a aparência natural do objeto,<br />

por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho a traço ou caricatura, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>scambar, todavia,<br />

para o campo do ridículo.<br />

14.2.3.5.2 Letreiros<br />

• Ao escrevermos os pontos-chaves, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar letras <strong>de</strong><br />

construção simples, b<strong>em</strong> legíveis, uniformes e b<strong>em</strong> separadas<br />

a fim <strong>de</strong> permitir a tão <strong>de</strong>sejada comunicação visual. De preferência,<br />

us<strong>em</strong> letra “tipo <strong>de</strong> imprensa”, pois são os símbolos mais<br />

conhecidos.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 139<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


14.2.3.5.3 Cores<br />

• É através das cores que conseguimos atrair a atenção do público;<br />

assim, utilizar<strong>em</strong>os cores que tenham impacto forte, como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo:<br />

• PRETO sobre BRANCO;<br />

• VERMELHO sobre BRANCO;<br />

• AZUL sobre BRANCO;<br />

• PRETO sobre AMARELO;<br />

• VERMELHO sobre AMARELO etc.<br />

Ao escolhermos as cores para fazermos o álbum seriado, é importante<br />

assinalar que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar apenas três cores DIFERENTES.<br />

Utilizando os conselhos e os conceitos aqui <strong>em</strong>itidos, o técnico ou<br />

educador estará mais capacitado para promover a transferência <strong>de</strong> seus conhecimentos<br />

a outr<strong>em</strong> através da comunicação visual.<br />

14.2.3.6 Como utilizar o álbum seriado?<br />

• Coloque-o <strong>em</strong> lugar a<strong>de</strong>quado para que todos os participantes<br />

possam vê-los, s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s.<br />

• Para não cobrir a frente do álbum seriado, ao apontá-lo, use<br />

uma ponteira (régua).<br />

• Desenvolva somente a página exposta.<br />

• Focalize, por escrito, somente os pontos básicos. As explicações<br />

mais extensas, faça-as oralmente.<br />

• Cui<strong>de</strong> para que a exposição não contrarie aquilo que o álbum seriado<br />

<strong>de</strong>clara. Se a mensag<strong>em</strong> for positiva e otimista, não torná-<br />

-la negativa com alusões ou observações pessimistas.<br />

O álbum seriado é ótimo como técnica <strong>de</strong> aula; também é <strong>de</strong> fácil<br />

confecção. Só isso bastaria para a sua adoção, mas, o que talvez o torne <strong>de</strong><br />

real interesse, é o fato <strong>de</strong> ser um excelente auxílio para o técnico ou educador,<br />

pois o seu uso lhe trará as vantagens listadas a seguir.<br />

14.2.3.7 Sob o ponto <strong>de</strong> vista do técnico EDUCADOR/instrutor<br />

• Permite a explanação do assunto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência absolutamente<br />

lógica.<br />

• Possibilita, <strong>de</strong> maneira eficaz, uma total segurança na apresentação<br />

da matéria ou do assunto a ser tratado.<br />

• Facilita a m<strong>em</strong>orização, pois, a cada ponto-chave escrito ou ilustração<br />

apresentada, l<strong>em</strong>bramo-nos dos assuntos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />

abordar.<br />

• Faz com que o público fique s<strong>em</strong>pre atento e interessado.<br />

• Proporciona uma global compreensão por parte do público através<br />

da disciplina no raciocínio.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 140 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


• A recapitulação é facilitada e objetiva, pois bastará voltarmos à<br />

<strong>de</strong>terminada página e conseguimos, <strong>de</strong>ntro da mesma linha <strong>de</strong><br />

raciocínio, tirar as dúvidas porventura existentes.<br />

• Po<strong>de</strong>mos dizer, ainda, que o auxílio visual economiza t<strong>em</strong>po.<br />

14.3 Conclusão<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível ampliar os conhecimentos <strong>em</strong> relação<br />

aos materiais didáticos/recursos, como a cartilha, os cartazes e o álbum seriado.<br />

Conforme citado na aula anterior, procuramos chamar atenção para o<br />

assunto, mas cabe ao técnico/educador pesquisar e <strong>de</strong>scobrir outras opções<br />

e usá-las conforme a realida<strong>de</strong> local.<br />

Resumo<br />

Foi possível estudar, na aula <strong>de</strong> hoje, sobre cartilha, cartaz e álbum<br />

seriado. A CARTILHA é uma representação <strong>em</strong> histórias da relação doença<br />

X comunida<strong>de</strong>, abrangendo os conceitos das doenças, a transmissão, os vetores,<br />

as medidas preventivas, a sintomatologia e o tratamento. Deverá ser<br />

utilizada <strong>em</strong> trabalhos mais elaborados, como nas palestras, feiras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

etc. Já os CARTAZES <strong>de</strong>stinam-se a atrair imediatamente o olhar das pessoas;<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser confeccionados com letras gran<strong>de</strong>s e legíveis; po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />

motivação, instrução ou <strong>de</strong> propaganda. O ÁLBUM SERIADO é uma coleção<br />

<strong>de</strong> folhas com uma série <strong>de</strong> informações graficamente representadas, colocadas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência lógica que, sob o ponto <strong>de</strong> vista didático,<br />

é altamente eficaz, pois se dirige simultaneamente a dois sentidos: “VISÃO<br />

E AUDIÇÃO”; sob o ponto <strong>de</strong> vista da execução, é <strong>de</strong> fácil feitio, permite<br />

que o instrutor/educador participe na confecção, facilitando a a<strong>de</strong>quação ao<br />

público ao qual se <strong>de</strong>stina, e é econômico, gastam-se apenas papel, tinta e<br />

t<strong>em</strong>po; facilita o manuseio e é facilmente transportado.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Procure adquirir, nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ex<strong>em</strong>plares dos materiais <strong>de</strong>scritos<br />

anteriormente (cartilhas, cartazes e álbum seriado) e faça uma crítica/<br />

observação à sua confecção/layout ou layout/<strong>de</strong>senho, letras, tamanho das<br />

letras, cores etc.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 141<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


2) Em qual ativida<strong>de</strong> você usaria cada um <strong>de</strong>les e por quê?<br />

3) Escolha um t<strong>em</strong>a já trabalhado neste eixo t<strong>em</strong>ático (Planejamento Urbano,<br />

Biologia, Processo Saú<strong>de</strong> Doença e Política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Segurança e Saú<strong>de</strong><br />

do Trabalhador e <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>) e confeccione um<br />

ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> um dos materiais apresentados (cartilha, cartaz e álbum seriado).<br />

Faça apenas um esboço e envie para o seu professor formador.<br />

(Adaptação: Apostila <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, elaborada pela educadora<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/SUCAM Vanessa Moreira, <strong>em</strong> 1984, e adaptada pelos educadores<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/FNS/MOC Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco<br />

<strong>de</strong> Lima, 1995. Revisado <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 2010).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 142 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 15 - Técnica <strong>de</strong> apresentação<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os comportamentos<br />

a<strong>de</strong>quados para uma apresentação eficaz.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

1. <strong>de</strong>stacar ou <strong>de</strong>screver as dicas, para uma apresentação eficaz, que<br />

achou mais importante para ser<strong>em</strong> usadas <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s;<br />

2. i<strong>de</strong>ntificar comportamentos ina<strong>de</strong>quados <strong>em</strong> uma apresentação;<br />

3. procurar <strong>de</strong>senvolver apresentações buscando s<strong>em</strong>pre os comportamentos<br />

a<strong>de</strong>quados.<br />

15.1 Introdução<br />

Prezado cursista, já discutimos muitos assuntos e até já <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os<br />

algumas práticas; por último, vimos e elaboramos materiais didáticos<br />

para as apresentações. Falamos que os materiais audiovisuais serv<strong>em</strong> para<br />

auxiliar o instrutor/educador, no caso, você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

e não para substituí-lo. Sendo assim, precisamos preparar b<strong>em</strong> as nossas<br />

apresentações, organizando o material didático, mas também nos preparando<br />

para fazer a exposição do assunto. Como fazer isto? Segu<strong>em</strong> algumas<br />

dicas que servirão, e muito, para que suas apresentações jamais sejam as<br />

mesmas. Olhe! Depois <strong>de</strong>sta aula, da sua reflexão e prática, sei que você vai<br />

i<strong>de</strong>ntificar alguns probl<strong>em</strong>as no comportamento e na elaboração <strong>de</strong> alguns<br />

materiais <strong>de</strong> expositores, e que isto sirva <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo para você; que possa,<br />

assim, aperfeiçoar as suas apresentações, sejam elas palestras, reuniões,<br />

s<strong>em</strong>inários, <strong>de</strong>ntre outros. Aproveit<strong>em</strong> bastante esta oportunida<strong>de</strong>.<br />

Esta aula foi preparada baseada no texto extraído do material organizado<br />

pela profª. Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg, extraído dos originais elaborados<br />

pelos professores Carlos Alexandre Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo<br />

e adaptado pela socióloga Carlúcia Maria Rodrigues e Lima. (Montes Claros<br />

– MG, 1997) Revisto <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1999 e abril <strong>de</strong> 2000, tornando a linguag<strong>em</strong><br />

negativa “o que não po<strong>de</strong> fazer” uma atitu<strong>de</strong> positiva “o que <strong>de</strong>ve<br />

ser feito”.<br />

Boa leitura!<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

143<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Calão:<br />

Gíria caracterizada pelo<br />

uso <strong>de</strong> termos baixos e<br />

grosseiros.<br />

Baixo calão - Palavra ou<br />

expressão grosseira ou<br />

obscena.<br />

(Ferreira. 1999).<br />

Ênfase:<br />

Ênfase é realce,<br />

<strong>de</strong>staque, relevo. É<br />

entonação especial para<br />

fazer ressaltar alguma<br />

palavra ou expressão.<br />

(Ferreira. 1999).<br />

15.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

COMPORTAMENTOS ADEQUADOS DURANTE UMA APRESENTAÇÃO<br />

“DICAS PARA UMA APRESENTAÇÃO EFICAZ”<br />

2.1 - Estar vestido <strong>de</strong> maneira discreta, s<strong>em</strong> causar impacto visual.<br />

Se necessário, estar s<strong>em</strong>pre uniformizado durante a execução do trabalho.<br />

Sapatos/calçados e roupas limpos; fazer a barba; evitar mascar chiclete ou<br />

comer outros alimentos no momento <strong>em</strong> que estiver falando.<br />

2.2 - Arrumar a sala e os recursos auxiliares <strong>de</strong> ensino, facilitando<br />

para que todo o público veja o material durante a exposição.<br />

2.3 - Cuidar para que o material esteja limpo e <strong>em</strong> bom estado para<br />

a apresentação.<br />

2.4 - Utilizar visual (material didático) com gramática correta.<br />

2.5 - Usar auxílio visual e audiovisual <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> suficiente para<br />

ilustrar o assunto, s<strong>em</strong> exagerar.<br />

2.6 - Usar transparências legíveis, s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

informações escritas (quando digitadas, usar, no mínimo, fonte 22).<br />

2.7 - Ter conhecimento do aparelho audiovisual a ser operado ou<br />

pedir ajuda a qu<strong>em</strong> sabe manuseá-lo (se possível, agilizar isto antes do início<br />

da apresentação).<br />

2.8 - Ao iniciar uma apresentação, fique na frente, parado, e dê<br />

uma “varredura visual” (olhada <strong>em</strong> geral) no grupo.<br />

2.9 - Posicionar-se <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada. Manter o corpo livre para<br />

uma boa movimentação, evitando o apoio físico <strong>em</strong> mesa, ca<strong>de</strong>ira, aparelho<br />

retroprojetor; evitar, também, a permanência <strong>de</strong> braços cruzados, mãos<br />

<strong>de</strong>ntro do bolso etc.<br />

2.10 - Mostrar-se preparado, seguro e tranquilo para a apresentação.<br />

2.11 - Apresentar-se dizendo sua formação e/ou função, seu nome,<br />

o da instituição, o objetivo e a importância do t<strong>em</strong>a a ser apresentado.<br />

2.12 - Ser simpático e agradável com o público ou grupo.<br />

2.13 - Reservar um espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para que o(s) participante(s)<br />

possa(m) fazer pergunta(s).<br />

2.14 - Fazer perguntas direcionadas ao público <strong>em</strong> geral, antes e<br />

durante a exposição, motivando-o e <strong>de</strong>spertando-o para o assunto.<br />

2.15 - Dar atenção a qu<strong>em</strong> ocupa posição hierarquicamente superior,<br />

s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r no contato visual e/ou outros tipos <strong>de</strong> referências.<br />

2.16 - Olhar para todos os participantes, inclusive para os menos<br />

falantes. Promover, facilitar o contato visual, evitar o uso <strong>de</strong> óculos escuros.<br />

2.17 - Manter os sentidos voltados para <strong>de</strong>ntro do ambiente, s<strong>em</strong><br />

vagar o olhar para fora da sala.<br />

2.18 - Evitar olhar frequent<strong>em</strong>ente para o chão e para o teto.<br />

2.19 - Planejar, preparar sua apresentação <strong>de</strong> acordo com o t<strong>em</strong>po<br />

disponível para a execução da mesma. Quando necessário, olhar o relógio <strong>de</strong><br />

pulso <strong>de</strong> maneira imperceptível pelo grupo.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 144 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


2.20 - Pronunciar uma linguag<strong>em</strong> clara, simples e objetiva. Evitar<br />

gírias ou palavras <strong>de</strong> baixo calão.<br />

2.21 - Aumentar ou diminuir a voz <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong>,<br />

observando se todos estão ouvindo b<strong>em</strong>.<br />

2.22 - Falar com ênfase, quando preciso, evitando a monotonia.<br />

2.23 - Pronunciar as palavras <strong>de</strong> forma tranquila, não exagerando<br />

na lentidão ou na pressa.<br />

2.24 - Gesticular com as mãos, s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r nos movimentos.<br />

2.25 - Evitar os vícios <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> (maneirismos): “tá”, “ok”, “então”,<br />

“né”, “enten<strong>de</strong>u”.<br />

2.26 - Dizer “nós” e evitar a repetição <strong>de</strong> “a gente”.<br />

2.27 - Falar “eu acredito que”, “minha opinião é” ou “eu penso<br />

que” para expressar sua i<strong>de</strong>ia ou ponto <strong>de</strong> vista; evitar o “eu acho que”.<br />

2.28 - Evitar o uso ou excesso <strong>de</strong> palavras <strong>em</strong> língua estrangeira.<br />

2.29 - Utilizar e valorizar a experiência que o grupo t<strong>em</strong> sobre o<br />

assunto.<br />

2.30 - Manter as mãos <strong>de</strong>socupadas e, se for preciso, utilizar apenas<br />

o objeto necessário para o momento (régua, ponteira etc.), para enfatizar o<br />

auxílio visual.<br />

2.31 - Não fumar durante a apresentação ou <strong>em</strong> qualquer situação<br />

<strong>de</strong> trabalho.<br />

2.32 - Ter bom humor, não contar piada s<strong>em</strong> graça ou consi<strong>de</strong>rada<br />

imoral.<br />

2.33 - Quando necessitar ultrapassar o horário previsto para o término<br />

da apresentação, comunicar aos ouvintes com antecedência.<br />

2.34 - Interromper a apresentação mediante o surgimento <strong>de</strong> ruído<br />

excessivo ou outra fonte <strong>de</strong> distração potente e inesperada.<br />

2.35 - Elogiar a participação dos ouvintes.<br />

2.36 - Ficar <strong>de</strong> frente para o auditório e, quando necessário, virar<br />

as costas, mas o faça rapidamente.<br />

2.37 - Enquadrar corretamente a imag<strong>em</strong> do sli<strong>de</strong> e transparência<br />

na tela, cuidando para que o foco proporcione uma projeção nítida. Se possível,<br />

utilizar transparência com moldura.<br />

2.38 - Desligar o aparelho retroprojetor durante a explanação. Projete<br />

a transparência, chame a atenção para a imag<strong>em</strong> e <strong>de</strong>sligue o aparelho<br />

para comentar sobre o assunto.<br />

2.39 - Usar as expressões: “Fui claro?”, “Devo repetir?”, “Consegui<br />

me explicar?”.<br />

2.40 - Saber ouvir com atenção.<br />

2.41 - Usar expressão verbal correta, s<strong>em</strong> erros <strong>de</strong> concordância,<br />

regência e outros.<br />

2.42 - Repetir <strong>em</strong> voz alta a pergunta feita por participantes.<br />

2.43 - Quando um participante obstinado insistir com perguntas,<br />

tornando-se polêmico, peça-o para vocês continuar<strong>em</strong> a discussão após a<br />

apresentação.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 145<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Maneirismo:<br />

Maneirismo, ausência<br />

<strong>de</strong> naturalida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong><br />

nas atitu<strong>de</strong>s, na<br />

linguag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> especial<br />

nas manifestações<br />

literárias e artísticas;<br />

amaneiramento,<br />

artificialismo. (Ferreira.<br />

1999).<br />

2.44 - Quando concluir a apresentação antes do horário previsto,<br />

preencher o t<strong>em</strong>po com falas úteis ou dispensar os ouvintes.<br />

2.45 - Finalizar a apresentação manifestando sua satisfação <strong>em</strong> tê-<br />

-la realizado.<br />

15.3 Conclusão<br />

E aí, como está se sentindo? Durante a leitura, <strong>de</strong>u para i<strong>de</strong>ntificar<br />

o maneirismo <strong>em</strong> sua fala ou na fala <strong>de</strong> alguém? Claro que você não vai corrigir<br />

esses erros <strong>de</strong> um dia pra noite; vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> muito exercício e atenção<br />

cada vez que for fazer uma exposição <strong>em</strong> público, mas começe a praticar<br />

<strong>em</strong> casa, <strong>em</strong> frente ao espelho, e, se possível, peça para alguém observar e<br />

anotar o que acredita que você precisa melhorar. Dedique-se bastante, você<br />

vai precisar disto no <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>em</strong> todos os<br />

estágios e também nas apresentações nos dias presenciais do curso.<br />

Resumo<br />

Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, as dicas para uma apresentação eficaz;<br />

foi possível <strong>de</strong>stacar as mais importantes para ser<strong>em</strong> usadas nas ativida<strong>de</strong>s<br />

diárias do técnico <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Envolv<strong>em</strong> várias questões, como marketing pessoal, cuidado com o<br />

ambiente, técnica <strong>de</strong> apresentação, confecção <strong>de</strong> material didático, postura<br />

pessoal, relações humanas (boas maneiras), vício <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e planejamento.<br />

(Texto adaptado pela socióloga Carlúcia Maria Rodrigues e Lima.<br />

(Montes Claros – MG, 1997). Revisto <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1999 e abril <strong>de</strong> 2000,<br />

tendo como referência texto extraído do material organizado pela Profª.<br />

Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg, baseado nos originais elaborados pelos Professores<br />

Carlos Alexandre Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 146 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 16 - Técnicas educativas<br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o cursista tenha condições <strong>de</strong> planejar e executar<br />

ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong> forma participativa.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar as diversas técnicas educativas;<br />

2. <strong>de</strong>screver as formas <strong>de</strong> contato;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar a importância das técnicas educativas para a comunicação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

4. i<strong>de</strong>ntificar e listar os passos para a execução das técnicas apresentadas;<br />

5. <strong>de</strong>screver os objetivos <strong>de</strong>ssas técnicas educativas;<br />

6. elaborar uma pauta <strong>de</strong> uma reunião.<br />

16.1 Introdução<br />

Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

Para se planejar e <strong>de</strong>senvolver educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar<br />

que as ações educativas na saú<strong>de</strong> têm o seu loco nos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, mas não se restring<strong>em</strong> a eles.<br />

As técnicas educativas são bastante usadas para as ações educativas<br />

e <strong>de</strong> comunicação social no trabalho do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Como vimos, a promoção da saú<strong>de</strong> envolve ações educativas que<br />

são dirigidas a grupos específicos da população: crianças, adolescentes, jovens,<br />

mulheres, idosos, <strong>de</strong>ntre outros. Também envolve ações mais amplas<br />

<strong>de</strong> comunicação social, dirigidas à população <strong>em</strong> geral.<br />

As ações educativas po<strong>de</strong>m ser realizadas <strong>em</strong> vários espaços – na<br />

casa das pessoas, durante visita domiciliar; nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; nas escolas;<br />

nas creches, nas associações comunitárias, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

As ações <strong>de</strong> comunicação social, <strong>de</strong> um modo geral, vão além do<br />

aspecto educativo, voltado para a apropriação <strong>de</strong> conhecimentos e incorporação<br />

<strong>de</strong> comportamentos saudáveis. Envolv<strong>em</strong> a difusão <strong>de</strong> informações<br />

que possibilit<strong>em</strong> a sensibilização e a mobilização das pessoas <strong>em</strong> torno dos<br />

probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> âmbito individual e coletivo. Essas ações po<strong>de</strong>m ser<br />

realizadas através dos chamados meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, como vi-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

147<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Mesclar:<br />

Mesclar é miscigenar,<br />

misturar, compor.<br />

(Ferreira. 1999).<br />

mos, tais como: jornais, rádio e televisão, contendo mensagens específicas<br />

relativas aos programas e ações prioritárias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou a ações setoriais e<br />

intersetoriais voltadas à preservação ambiental e à melhoria das condições<br />

<strong>de</strong> vida.<br />

Na prática, por vezes, as ações <strong>de</strong> educação e comunicação se<br />

mesclam, po<strong>de</strong>ndo vir a ser <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> várias maneiras e, para melhor<br />

enten<strong>de</strong>r e praticar, vejamos algumas técnicas que nos auxiliam nessa<br />

comunicação. (Contato, reunião, visita domiciliar, palestra, dramatização,<br />

<strong>de</strong>monstração e outros).<br />

O profissional da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> articular parcerias com<br />

a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família, com o pessoal da re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (postos/<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>), escolas e até mesmo incentivar a formação <strong>de</strong> grupos na<br />

comunida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> preservação do ambiente<br />

físico do território.<br />

16.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

16.2.1 Contato<br />

16.2.1.1 Conceito.<br />

O que é um contato?<br />

Contato é uma técnica que se caracteriza pela forma <strong>de</strong> relacionamento<br />

humano estabelecido, face a face ou <strong>de</strong> outra forma, entre duas ou<br />

mais pessoas.<br />

16.2.1.2 Objetivo<br />

Qual é o seu objetivo <strong>de</strong> um contato? Para que serve e quando <strong>de</strong>ve<br />

ser feito?<br />

O objetivo do contato é realizar primeiras abordagens às autorida<strong>de</strong>s<br />

e li<strong>de</strong>ranças técnicas e comunitárias. Esse contato <strong>de</strong>ve antece<strong>de</strong>r a<br />

todas as ações educativas.<br />

16.2.1.3 Passos a ser<strong>em</strong> dados<br />

• Cuidar da aparência.<br />

• Ter segurança do t<strong>em</strong>a a ser abordado.<br />

• Apresentação (nome e instituição a qual pertence).<br />

• Exposição do assunto (falar aquilo que planejou).<br />

• Pedir participação e colocar-se à disposição para parceria (após<br />

falar o que planejou para o contato, solicitar a participação daquela<br />

pessoa na ativida<strong>de</strong>, se for o caso, e colocar-se à disposição,<br />

qu<strong>em</strong> sabe ela precisará <strong>de</strong> você, t<strong>em</strong> que ser solícito).<br />

• Conclusão (agra<strong>de</strong>cer e <strong>de</strong>spedir com presteza/prontidão).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 148 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.2.2 Visita domiciliar<br />

Figura 23: Visita domiciliar na al<strong>de</strong>ia Maria Diva, município <strong>de</strong> Santa Helena <strong>de</strong><br />

Minas-MG, etnia Maxakali, para Diagnóstico Situacional, Funasa-Core/MG. Ascom/<br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Maio <strong>de</strong> 2010.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

A visita domiciliar, hoje <strong>em</strong> dia, t<strong>em</strong> se tornado uma ativida<strong>de</strong> cansativa<br />

e repetitiva, tendo <strong>em</strong> vista o maior <strong>de</strong>senvolvimento das localida<strong>de</strong>s<br />

urbanas e rurais e, consequent<strong>em</strong>ente, aumento dos aglomerados <strong>de</strong> casa,<br />

maior número <strong>de</strong> moradores por localida<strong>de</strong>, muita gente fazendo visitas e os<br />

moradores com muito a fazer e menor disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

Assim sendo, a visita domiciliar, como “rotina <strong>de</strong> trabalho”, às vezes,<br />

não é muito produtiva, pois se torna muito dispendiosa, cansativa e <strong>de</strong>ixa<br />

muito a <strong>de</strong>sejar quando se consi<strong>de</strong>ra o número <strong>de</strong> pessoas atingidas, ou<br />

quando espera-se uma <strong>de</strong>cisão coletiva, e não apenas individual, <strong>em</strong> relação<br />

a <strong>de</strong>terminado assunto.<br />

Além disso, é importante consi<strong>de</strong>rar que o hom<strong>em</strong> é um ser social<br />

e que, naturalmente, busca seus s<strong>em</strong>elhantes, associando-se <strong>em</strong> grupos naturais,<br />

seja por amiza<strong>de</strong>, simpatia, i<strong>de</strong>ias, probl<strong>em</strong>as ou objetivos comuns.<br />

Portanto, é fundamental que se procure valorizar esses grupos, <strong>de</strong>senvolvendo-se<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maneira mais abrangente, através <strong>de</strong> palestras, reuniões,<br />

<strong>de</strong>monstrações, mutirões etc.<br />

16.2.2.1 Uma visita <strong>de</strong>ve ser programada, executada e avaliada.<br />

16.2.2.1.1 Ao planejá-la, é importante:<br />

• <strong>de</strong>terminar os objetivos;<br />

• <strong>de</strong>finir a qu<strong>em</strong> visitar;<br />

• averiguar a disponibilida<strong>de</strong> do visitado;<br />

• programar a duração aproximada;<br />

• preparar o assunto.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 149<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


16.2.2.1.2 No momento da execução, torna-se imprescindível:<br />

• apresentar-se com simplicida<strong>de</strong>;<br />

• pedir permissão para entrar <strong>em</strong> casa;<br />

• manter a cordialida<strong>de</strong>;<br />

• comportar-se <strong>de</strong> acordo com os costumes da região, s<strong>em</strong> exageros;<br />

• tratar do assunto da visita com clareza e s<strong>em</strong> pressa;<br />

• conversar <strong>de</strong> maneira natural, utilizando vocabulários simples;<br />

• ouvir com atenção.<br />

16.2.2.1.3 Avaliação<br />

Como todas as ativida<strong>de</strong>s, a visita domiciliar <strong>de</strong>ve ser avaliada durante<br />

e <strong>de</strong>pois da visita.<br />

Durante a execução, é importante observar a aceitação da visita<br />

por parte do visitado; se perceber que está incomodando, é melhor marcar<br />

outro horário.<br />

Após a visita, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se avaliar vários pontos:<br />

• horário da visita;<br />

• forma <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>;<br />

• t<strong>em</strong>po gasto;<br />

• relevância do assunto;<br />

• se os objetivos foram alcançados e, se não foram, rever outras<br />

formas para alcançá-los.<br />

Figura 24: Visita domiciliar na al<strong>de</strong>ia Vila Nova, município <strong>de</strong> Bertópolis-MG,<br />

e al<strong>de</strong>ia Maria Diva, Santa Helena <strong>de</strong> Minas, etnia Maxakali, para Diagnóstico<br />

Situacional, Funasa-Core/MG., Ascom/<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Set<strong>em</strong>bro, 2009.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 150 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.2.3 Diagnóstico rápido participativo – drp<br />

16.2.3.1 Conceito<br />

Conjunto <strong>de</strong> dados que proporcionam o conhecimento <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong><br />

(localida<strong>de</strong>, situação), <strong>em</strong> menor t<strong>em</strong>po possível e com a participação<br />

da população local.<br />

16.2.3.2 Objetivo<br />

I<strong>de</strong>ntificar a relação existente entre a saú<strong>de</strong>, as doenças, os serviços<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, os modos <strong>de</strong> morar, <strong>de</strong> trabalhar e <strong>de</strong> lazer da população.<br />

16.2.3.3 Fases<br />

Objetivos específicos:<br />

• I<strong>de</strong>ntificar pessoas, grupos e instituições na localida<strong>de</strong> a ser trabalhada.<br />

• Verificar as condições socioeconômicas, culturais, ambientais e<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na área a ser trabalhada.<br />

• Promover ou enfatizar o processo <strong>de</strong> educação probl<strong>em</strong>atizadora<br />

e participante a partir do levantamento, da análise e da priorização<br />

<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, principalmente os <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, envolvendo<br />

população/grupos e organizações/Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

• Planejamento (preparar tudo o que for necessário para a realização<br />

do diagnóstico).<br />

• Execução (realizar, executar o diagnóstico).<br />

• Organização dos dados ou informações colhidas (tratar e analisar<br />

os dados).<br />

• Conclusão (fazer o relatório dos achados, discutir com a população<br />

local e priorizar os probl<strong>em</strong>as).<br />

16.2.3.4 Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> diagnóstico participativo<br />

16.2.3.4.1 Entrevista estruturada ou s<strong>em</strong>iestruturada, aplicação<br />

<strong>de</strong> questionário informal<br />

Esta técnica é <strong>de</strong>senvolvida <strong>em</strong> visitas domiciliares para o preenchimento<br />

<strong>de</strong> questionário. Quando se fala <strong>em</strong> entrevista estruturada, usamos<br />

questionário que já v<strong>em</strong> pronto; s<strong>em</strong>iestruturada é quando se reúne um<br />

grupo <strong>de</strong> pessoas, inclusive da comunida<strong>de</strong>, e este formula um questionário<br />

conforme o interesse no levantamento <strong>de</strong> informações que aten<strong>de</strong>m as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um. Ex<strong>em</strong>plo: <strong>em</strong> um levantamento sobre probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, um professor queira saber quantas crianças estão fora da escola<br />

e porque; um técnico <strong>em</strong> saneamento po<strong>de</strong> levantar quantas casas t<strong>em</strong> banheiros<br />

e quais são atendidas com esgoto e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 151<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


16.2.3.4.2 Mapeamento<br />

Como fazer? Faça um mapa/croqui da localida<strong>de</strong> estudada <strong>em</strong> um<br />

papel manilha e ou Kraft, exponha no local da reunião e solicite que cada<br />

participante da reunião vá até o mapa e coloque (anote) o possível probl<strong>em</strong>a,<br />

situando-o conforme a distribuição geográfica.<br />

16.2.3.4.3 Levantamento <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as com tarjas<br />

Corte algumas tarjas <strong>de</strong> cartolina ou papel cartão, distribua para<br />

os participantes da reunião e solicite que cada um escreva, nessa tarja, pelos<br />

menos três probl<strong>em</strong>as. Depois do t<strong>em</strong>po estipulado, <strong>de</strong> 10 a 15 minutos,<br />

pe<strong>de</strong>-se que cada um leia o que acredita que é probl<strong>em</strong>a para ele e/ou para<br />

a comunida<strong>de</strong>. Após a leitura e alguns comentários por parte do expositor,<br />

cole a tarja na pare<strong>de</strong> ou <strong>em</strong> um painel montado para isso. Quando t<strong>em</strong> muita<br />

gente nesta ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se fazer grupos <strong>de</strong> três ou quatro. Tratando-<br />

-se <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> prevalece o analfabetismo, solicite apenas que<br />

pens<strong>em</strong> nos probl<strong>em</strong>as e <strong>de</strong>pois os verbaliz<strong>em</strong>, ou que o técnico/educador<br />

tenha o cuidado <strong>de</strong> colocar <strong>em</strong> cada grupo alguém que saiba ler e escrever.<br />

16.2.3.4.4 Caminhada transversal<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas presentes, divida-as <strong>em</strong> grupos<br />

e, após a formação <strong>de</strong>sses grupos, divida o território por setor, sendo um<br />

grupo para cada setor. Cada grupo, com papel e lápis ou caneta <strong>em</strong> mãos,<br />

percorre a área sob sua responsabilida<strong>de</strong> e, com um olhar crítico, vai anotando<br />

tudo o que acredita ser probl<strong>em</strong>a para a comunida<strong>de</strong>; ao final do t<strong>em</strong>po<br />

estipulado, voltam para o local inicial e relatam a experiência <strong>em</strong> plenário.<br />

O facilitador do diagnóstico <strong>de</strong>ve fazer todas as anotações para <strong>de</strong>pois discutir<br />

com a plenária os probl<strong>em</strong>as, as causas e as consequências, b<strong>em</strong> como<br />

fazer a priorização.<br />

16.2.3.4.5 Mapa falante<br />

Figura 25: Mapa falante da al<strong>de</strong>ia Vila Nova – Maxakali, Bertópolis-MG.<br />

Fonte: Joaquim Lima.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 152 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Como fazer? Divida as pessoas <strong>em</strong> grupo e, <strong>em</strong> seguida, distribua<br />

papel manilha, pincel atômico e/ou tinta à base <strong>de</strong> água e/ou lápis <strong>de</strong> cor<br />

etc. Pergunte se naquela comunida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as e solicite que cada<br />

grupo represente-os através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos.<br />

Figura 26: Apresentação do mapa falante da al<strong>de</strong>ia Vila Nova – Maxakali,<br />

Bertópolis-MG.<br />

Fonte: Joaquim Lima.<br />

Após o t<strong>em</strong>po estipulado, cada grupo apresenta o que <strong>de</strong>senhou e<br />

o que representa. O facilitador anotará tudo que for falado e observado no<br />

cartaz.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 153<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Essas técnicas <strong>de</strong> diagnóstico são usadas para levantar dados primários;<br />

para um bom diagnóstico, precisa-se <strong>de</strong> informações secundárias,<br />

obtidas nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informações do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> outro setor, se<br />

for o caso.<br />

Nas técnicas que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> grupo, s<strong>em</strong>pre solicite que<br />

esse grupo escolha, entre eles, um coor<strong>de</strong>nador e um relator.<br />

16.2.4 Reunião<br />

A ação educativa é a alma do trabalho do técnico/educador <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Através <strong>de</strong>la, o agente partilha o seu saber e também vai apren<strong>de</strong>ndo<br />

com as pessoas. Uma das diferenças entre palestra e reunião é, principalmente,<br />

o fato <strong>de</strong> que as palestras são mais informativas, enquanto que, <strong>em</strong><br />

uma reunião, procura-se, além <strong>de</strong> informar, discutir um assunto, expor um<br />

probl<strong>em</strong>a ou uma i<strong>de</strong>ia, obter sugestões e tomar <strong>de</strong>cisões.<br />

As ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> grupo são momentos <strong>de</strong> troca, on<strong>de</strong> os interesses<br />

coletivos afloram e os conhecimentos são discutidos, com isso, o processo <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r e ensinar se torna mais rico.<br />

16.2.4.1 As reuniões po<strong>de</strong>m ser técnicas ou comunitárias.<br />

16.2.4.1.1 Reunião técnica<br />

Reunião técnica, como o nome já insinua, é realizada entre os profissionais<br />

e/ou entre técnico e li<strong>de</strong>ranças para análise, discussão e tomada<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

Figura 27: Reunião técnica para <strong>de</strong>finir as estratégias <strong>de</strong> vacinação na área<br />

indígena xakriabá. Polo Base Itapicurú – São João das Missões-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 154 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Figura 28: Reunião com a equipe multidisciplinar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> indígena no Polo Base II<br />

Machacalis- MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

16.2.4.1.2 Reunião comunitária<br />

Reuniões comunitárias são aquelas realizadas na comunida<strong>de</strong>, envolvendo<br />

a população local.<br />

As reuniões comunitárias serv<strong>em</strong> para:<br />

• que as pessoas que compõ<strong>em</strong> o grupo se conheçam, troqu<strong>em</strong><br />

experiências e informações;<br />

• estimular a participação das pessoas; é on<strong>de</strong> todos po<strong>de</strong>m discutir<br />

as questões que, muitas vezes, são comuns: modos <strong>de</strong> vida,<br />

crenças e anseios;<br />

• trabalhar informações, com espírito crítico e bom senso, ajudando<br />

cada participante a colocar o seu modo <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> se<br />

fazer respeitado;<br />

• sensibilizar as pessoas para que reflitam e question<strong>em</strong> seus probl<strong>em</strong>as,<br />

buscando apoio para a sua resolução.<br />

Não existe fórmula pronta, mas exist<strong>em</strong> passos que po<strong>de</strong>m facilitar<br />

o seu caminhar <strong>em</strong> direção ao trabalho com grupos.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 155<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 29: Reunião comunitária, comunida<strong>de</strong> quilombola Buriti do Meio, município<br />

<strong>de</strong> São Francisco-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

16.2.4.2 Passos <strong>de</strong> uma reunião<br />

16.2.4.2.1 O primeiro passo é planejar a reunião<br />

• Definir o objetivo – todos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> saber com antecedência <strong>de</strong> que<br />

se trata a reunião. Po<strong>de</strong>rá ter vários objetivos:<br />

- apresentar uma proposta <strong>de</strong> trabalho;<br />

- traçar linhas <strong>de</strong> ação (que tipo <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> ser realizado);<br />

- <strong>de</strong>finir comissões ou grupos <strong>de</strong> trabalho, datas para as ativida<strong>de</strong>s<br />

programadas e providências a ser<strong>em</strong> tomadas;<br />

- marcar novos encontros para avaliação e continuida<strong>de</strong> dos<br />

trabalhos.<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar local que possa acomodar b<strong>em</strong> todas as pessoas.<br />

• Escolher dia e horário que facilit<strong>em</strong> a presença <strong>de</strong> todos.<br />

• S<strong>em</strong>pre que possível, escolher um assunto <strong>de</strong> interesse da<br />

maioria.<br />

• É bom organizar algumas perguntas sobre o t<strong>em</strong>a proposto para<br />

orientar a reunião.<br />

• Se consi<strong>de</strong>rar necessário, convidar, com antecedência, alguém<br />

para falar sobre um assunto específico, <strong>de</strong> interesse da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar todo o material: lápis, folha <strong>de</strong> papel, giz, cartolina<br />

etc.<br />

•<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 156 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.2.4.2.2 O segundo passo é a divulgação<br />

• Espalhar a notícia para o maior número <strong>de</strong> pessoas.<br />

• Elaborar os cartazes com letras gran<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> criativas para chamar<br />

a atenção.<br />

• Divulgar a reunião nos lugares mais frequentados pela comunida<strong>de</strong>:<br />

mercearia, bares, escolas, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; se for possível,<br />

po<strong>de</strong>rão ser utilizados jornais e a rádio local.<br />

16.2.4.2.3 O terceiro passo é o <strong>de</strong>senvolvimento da reunião<br />

• É recomendável que o técnico/educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> seja o primeiro<br />

a chegar, recebendo e cumprimentando a todos.<br />

• O Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá se<br />

apresentar e solicitar que cada um se apresente.<br />

• A seguir, informar aos participantes sobre a pauta da reunião:<br />

objetivos, duração e assunto. A pauta ajuda a organizar a condução<br />

dos trabalhos, porém <strong>de</strong>ve ser flexível, permitindo mudanças<br />

durante a reunião, po<strong>de</strong>ndo ser acrescentado ou retirado<br />

algum assunto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da necessida<strong>de</strong> do grupo.<br />

• Definir qu<strong>em</strong> vai coor<strong>de</strong>nar, relatar e anotar os resultados das<br />

discussões.<br />

• É importante que todos particip<strong>em</strong>, ouvindo, discutindo, dando<br />

a sua opinião.<br />

• Nas primeiras reuniões, algumas pessoas po<strong>de</strong>m ficar inibidas,<br />

portanto, não po<strong>de</strong>mos forçar a participação <strong>de</strong>las. É bom incentivar<br />

e estabelecer uma relação <strong>de</strong> ajuda e respeito com essas<br />

pessoas.<br />

16.2.4.2.4 O quarto passo é avaliação<br />

• Deve ser feita com a participação das pessoas, verificando se<br />

as suas expectativas e dúvidas foram todas respondidas e se o<br />

objetivo proposto foi alcançado.<br />

• A avaliação é importante para saber o que <strong>de</strong>u certo e o que foi<br />

ruim e, assim, procurar corrigir e planejar melhor as próximas<br />

reuniões.<br />

• As anotações feitas durante a reunião são importantes para dar<br />

continuida<strong>de</strong> aos próximos encontros e também para uma avaliação<br />

geral do trabalho.<br />

16.2.5 Palestra<br />

É um meio utilizado para a transmissão <strong>de</strong> informação e a troca <strong>de</strong><br />

conhecimento com um grupo <strong>de</strong> pessoas. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma palestra<br />

compreen<strong>de</strong> três etapas.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 157<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 30: Palestra na casa <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> a saú<strong>de</strong> indígena <strong>em</strong> Governador Valadares-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

16.2.5.1 Planejamento<br />

• Objetivos – Que fatos serão abordados e para que.<br />

• Assunto – É muito importante saber com segurança o assunto<br />

que será apresentado. O t<strong>em</strong>a <strong>de</strong>verá ser abordado seguindo um<br />

roteiro que compreen<strong>de</strong>:<br />

• introdução (apresentação e justificativa da palestra);<br />

• exposição (<strong>de</strong>senvolvimento do t<strong>em</strong>a);<br />

• resumo e conclusão (evi<strong>de</strong>nciação dos pontos mais importantes<br />

do assunto);<br />

• agra<strong>de</strong>cimentos.<br />

• Público alvo – Uma palestra po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida tanto <strong>em</strong> escolas<br />

(para escolares, professores e outros profissionais <strong>de</strong> ensino)<br />

quanto para a comunida<strong>de</strong> (grupos populares, moradores,<br />

instituições etc.). O número <strong>de</strong> pessoas não <strong>de</strong>ve ser muito gran<strong>de</strong><br />

para facilitar a participação <strong>de</strong> todos.<br />

• Local – Deverá ser agradável, com boa ventilação e acústica,<br />

acomodando todas as pessoas e com infraestrutura para a utilização<br />

<strong>de</strong> equipamento (quando necessário).<br />

• Horário – Deverá ser o mais apropriado para o público alvo, <strong>de</strong>pois<br />

do horário <strong>de</strong> trabalho (comunida<strong>de</strong>) ou no horário das aulas<br />

(escolares).<br />

• Duração – Não <strong>de</strong>ve ultrapassar 50 minutos para não se tornar<br />

cansativa.<br />

• Materiais necessários – É s<strong>em</strong>pre bom ilustrar a palestra utilizando<br />

cartazes, fol<strong>de</strong>rs, folhetos, sli<strong>de</strong>s, fotografias, figuras etc.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 158 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.2.5.2 Execução<br />

Neste caso, os materiais <strong>de</strong>verão ser preparados <strong>de</strong> acordo com<br />

o assunto a ser apresentado. Os equipamentos <strong>de</strong>verão ser previamente<br />

testados e o técnico/educador <strong>de</strong>ve ter habilida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

manipulá-los.<br />

• Durante a exposição, <strong>de</strong>ve-se procurar fazer perguntas e ouvir<br />

com atenção as respostas, explorando ao máximo o conhecimento<br />

e as experiências.<br />

• Dev<strong>em</strong> ser esclarecidas todas as dúvidas levantadas e, quando<br />

não tiver segurança da resposta, é preferível admitir que não<br />

t<strong>em</strong> muito conhecimento a respeito; anotar a dúvida e procurar<br />

solucioná-la com outras pessoas, procurando respondê-las futuramente.<br />

Nunca se <strong>de</strong>ve inventar uma resposta apenas para dar<br />

uma satisfação ao público.<br />

• É importante usar frases curtas e palavras simples, falar <strong>de</strong>vagar<br />

e com tom <strong>de</strong> conversa (evitar o discurso).<br />

• As palestras não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser muito longas, pois, cansam e dispersam<br />

a atenção.<br />

• Durante o <strong>de</strong>senvolvimento da palestra, <strong>de</strong>ve-se evitar maneirismo<br />

(afetação da voz, gestos ou expressões repetidas, olhar<br />

fixo <strong>em</strong> alguém ou alguma coisa), pois o público po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> prestar atenção no assunto para apenas reparar ou comentar<br />

suas manias.<br />

• De qualquer forma, não se preocupe, pois somente com o t<strong>em</strong>po<br />

é que vamos adquirir experiência.<br />

• Outro aspecto importante para o bom <strong>de</strong>senvolvimento da palestra<br />

é a preparação psicológica e os cuidados com a apresentação<br />

pessoal.<br />

16.2.5.3 Avaliação<br />

Quais foram os pontos positivos e os pontos a melhorar? Isto po<strong>de</strong>rá<br />

ajudá-lo a superar suas falhas, aperfeiçoando seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e observando<br />

também os aspectos operacionais.<br />

16.2.6 Dramatização<br />

A dramatização é uma técnica <strong>em</strong> que a ação t<strong>em</strong> uma importância<br />

fundamental. O próprio participante vive situações, muitas vezes retratando<br />

sua realida<strong>de</strong>, e o técnico/educador repassa informações buscando mudanças<br />

<strong>de</strong> comportamentos. O grupo que assiste se i<strong>de</strong>ntifica com as situações<br />

apresentadas e terá condições <strong>de</strong> analisar, visualizar e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />

enten<strong>de</strong>r melhor suas situações.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 159<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Formas <strong>de</strong> dramatizações<br />

Teatro: Representação <strong>de</strong> pequenas peças. É aconselhável utilizar<br />

textos curtos e, <strong>de</strong> preferência, elaborados pela comunida<strong>de</strong> e/ou escolares.<br />

Teatro <strong>de</strong> fantoches: <strong>em</strong> que os tipos <strong>de</strong> personagens são caracterizados<br />

por diversos bonecos.<br />

Use este método<br />

• Quando as pessoas precisar<strong>em</strong> reconhecer outros pontos <strong>de</strong> vista.<br />

• Quando for preciso ajudar as pessoas a se i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong> com um<br />

probl<strong>em</strong>a.<br />

• Quando o alvo for mudar as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um grupo.<br />

• Quando o apelo <strong>em</strong>ocional for útil na resolução <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a.<br />

Figura 31: Dramatização na Oficina <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na<br />

Comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio São Francisco-MG.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 160 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.2.7 D<strong>em</strong>onstração<br />

Muitas vezes, não basta falar, é necessário mostrar. A <strong>de</strong>monstração<br />

torna mais fácil a compreensão e <strong>de</strong>sperta o interesse <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ouve e<br />

vê. É uma prática valiosa para ensinar pessoas que estão mais acostumadas<br />

a apren<strong>de</strong>r no dia a dia do que nos livros.<br />

16.2.7.1 Planejamento<br />

• Preparar todo o material necessário.<br />

• Testá-lo para ver se tudo funciona como esperado.<br />

• Ensaiar como explicar sobre o material ou a técnica a ser <strong>de</strong>monstrada.<br />

• Preparar local a<strong>de</strong>quado e com infraestrutura necessária para<br />

que todas as pessoas tenham oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver e participar<br />

da <strong>de</strong>monstração.<br />

16.2.7.2 Execução<br />

• Apresentar o material ou a técnica a ser utilizada.<br />

• Explicar os riscos ou cuidados a ser<strong>em</strong> tomados.<br />

• Esclarecer dúvidas.<br />

• Fazer perguntas, verificando se o assunto foi apresentado <strong>de</strong><br />

forma clara.<br />

• D<strong>em</strong>onstrar o trabalho.<br />

• Incentivar a participação dos presentes na <strong>de</strong>monstração.<br />

16.2.7.3 Avaliação<br />

• Deve ser feita com todo o grupo, procurando aperfeiçoar a técnica<br />

apresentada, baseada na experiência <strong>de</strong> cada um.<br />

• Po<strong>de</strong>rá ser feita também uma avaliação individual, consi<strong>de</strong>rando-se<br />

os pontos positivos e as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria.<br />

A seguir, alguns ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração ou <strong>de</strong> outros trabalhos<br />

práticos que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos com as comunida<strong>de</strong>s.<br />

• Preparo <strong>de</strong> soro caseiro.<br />

• Mutirão <strong>de</strong> limpeza e organização <strong>de</strong> quintais (manejo ambiental).<br />

• Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> filtro (filtro d’água) etc.<br />

Figura 32: Preparo e administração do soro caseiro.<br />

Fonte: Disponível <strong>em</strong> www.sau<strong>de</strong>.gov.br. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 161<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 33: D<strong>em</strong>onstração <strong>de</strong> <strong>de</strong>smontag<strong>em</strong>, lavag<strong>em</strong> e montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> filtro.<br />

Comunida<strong>de</strong> Salto, Ubaí-MG. 1995.<br />

Crédito: Joaquim Francisco.<br />

Figura 34: D<strong>em</strong>onstração <strong>de</strong> confecção e irrigação <strong>de</strong> horta, plantio e irrigação<br />

por gotejamento, confecção <strong>de</strong> potes, confecção <strong>de</strong> roupas e confecção <strong>de</strong> peças<br />

artesanais. Comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio – Município <strong>de</strong> são Francisco-MG.<br />

Crédito: Joaquim Francisco.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 162 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


16.3 Conclusão<br />

As ações educativas dão-se no cotidiano e, na maior parte das vezes,<br />

espontaneamente. É nosso <strong>de</strong>ver enfatizar o inverso, ou seja, o ponto<br />

principal do trabalho educativo é “jogar uma luz” sobre as experiências do<br />

dia a dia. Muitas vezes, essa luz v<strong>em</strong> do conhecimento científico que o técnico/educador<br />

t<strong>em</strong> e consi<strong>de</strong>ra importante partilhar, portanto, cabe a ele<br />

conhecer, saber planejar e executar essas técnicas e outras para o melhor<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do ensino-aprendizag<strong>em</strong>.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, vimos as técnicas do contato, reunião, visita domiciliar,<br />

palestra e DRP – diagnóstico rápido participativo, dramatização e <strong>de</strong>monstração.<br />

L<strong>em</strong>bramos que exist<strong>em</strong> outras técnicas que po<strong>de</strong>m ser utilizadas,<br />

como: GINCANA, FEIRA DE CIÊNCIAS, FEIRA DE SAÚDE, SEMINÁRIO, EXPOSI-<br />

ÇÃO, MOSTRA, STAND, OFICINAS, JOGRAL, CONCURSOS DE POESIA, PARÓ-<br />

DIAS, CARTAZES, REDAÇÃO, <strong>de</strong>ntre outras.<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Releia a AULA 05 (Fatores pedagógicos/ As opções pedagógicas). Quando<br />

for <strong>de</strong>senvolver essas técnicas que seja baseado na pedagogia que você acredita<br />

ser a melhor para o alcance dos seus objetivos.<br />

2) Visite a plataforma e acesse o arquivo VISITA DOMICILIAR COM O ENFOQUE<br />

EDUCATIVO NO PROGRAMA DE CONTROLE DA DENGUE; i<strong>de</strong>ntifique qual pedagogia<br />

o técnico usou e por quê.<br />

3) Conceitue as técnicas educativas palestra e reunião.<br />

4) O contato é uma técnica que <strong>de</strong>ve ser utilizada quase diariamente; cite as<br />

formas <strong>de</strong> contato que você conhece.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 163<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


5) Qual a importância da técnica educativa <strong>de</strong>monstração para a comunicação<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>?<br />

6) Descreva os passos para a execução da técnica REUNIÃO.<br />

7) Descrever o objetivo da técnica educativa DRAMATIZAÇÃO.<br />

8) Um Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> foi informado que, <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua atuação, exist<strong>em</strong> diversos focos <strong>de</strong> larvas do mosquito<br />

Ae<strong>de</strong>s aegipty. O técnico <strong>em</strong> questão po<strong>de</strong>ria apenas fazer ou autorizar o<br />

tratamento com produtos químicos ou eliminação <strong>de</strong> reservatório (manejo<br />

ambiental), mas <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> assumir seu papel <strong>de</strong> educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Como ele<br />

po<strong>de</strong>ria atuar junto a essas famílias da comunida<strong>de</strong> para que haja uma mudança<br />

<strong>de</strong> postura/atitu<strong>de</strong>? Quais as técnicas que utilizaria?<br />

9) A população do território <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> está assustada com as notícias sobre uma possível epi<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> febre amarela no Brasil. O técnico <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> conversar com a população<br />

sobre o assunto, prestando esclarecimentos e promovendo ações educativas,<br />

principalmente sobre a proliferação do mosquito Ae<strong>de</strong>s aegipty. Que espaços<br />

e articulações o técnico po<strong>de</strong>ria aproveitar para realizar este trabalho? Por<br />

quê? Qual as técnicas que você usaria e por quê?<br />

(Adaptação: Apostila <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, elaborada pela educadora<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/SUCAM Vanessa Moreira e adaptada pelos educadores <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>/FNS/MOC Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco <strong>de</strong><br />

Lima (1995) e (2010)).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 164 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 17 - Diagnóstico Digital <strong>de</strong> situação / infor-<br />

mação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Meta<br />

Que, ao final da aula, o aluno possa conceituar o processo saú<strong>de</strong>-<br />

-doença, diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo Unicausal, ou Causa Única, dos <strong>de</strong>mais<br />

mo<strong>de</strong>los e i<strong>de</strong>ntificar a produção <strong>de</strong> informação para a Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

através dos principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar o processo saú<strong>de</strong>-doença;<br />

2. diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo Unicausal ou se Causa Única dos<br />

<strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los;<br />

3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

17.1 Introdução<br />

Segundo Maurício L. Barreto, <strong>em</strong> qualquer campo da ativida<strong>de</strong> humana<br />

e antece<strong>de</strong>ndo a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> cada ação, é vital a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> informações com as quais se torne possível construir um claro diagnóstico<br />

da situação pré-existente. Tratar <strong>de</strong>ssa situação no campo da saú<strong>de</strong>, com<br />

todas as suas nuances e complexida<strong>de</strong>s, implica ter que enten<strong>de</strong>r as particularida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>ste campo e <strong>de</strong>finir os fundamentos e as técnicas a<strong>de</strong>quadas que<br />

guiarão a análise, <strong>de</strong> tal forma que as informações possam ser coletadas e<br />

organizadas <strong>de</strong> maneira correta e o diagnóstico resultante faça sentido, vindo<br />

a servir <strong>de</strong> base para a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> ações consistentes e efetivas<br />

que vis<strong>em</strong> melhorar a saú<strong>de</strong> da população.<br />

Para Barreto, o diagnóstico <strong>de</strong>ve conter uma visão integrada e iluminada<br />

das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população, articulando suas doenças, seus<br />

sofrimentos e suas necessida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> como o conjunto <strong>de</strong> fatores presentes<br />

no contexto analisado, potencialmente causais ou protetores <strong>em</strong> relação ao<br />

quadro encontrado.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

165<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 35: Diagnóstico da al<strong>de</strong>ia Capão do Zezinho – Caxixó – Martinho Campos -<br />

MG. (2009).<br />

Crédito: Joaquim Francisco.<br />

Com a conexão entre as informações e o processo <strong>de</strong> construção do<br />

diagnóstico mediados pela forma como apreen<strong>de</strong>mos a situação que estamos<br />

analisando <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os ser cautelosos, pois informações similares po<strong>de</strong>m levar<br />

a diagnósticos diversos.<br />

Esta aula, informação e diagnóstico <strong>de</strong> situação, <strong>em</strong> conjunto com<br />

as aulas anteriores, fornece os el<strong>em</strong>entos para a elaboração <strong>de</strong> diagnóstico<br />

da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do seu território, ou seja, esta aula e a próxima (Planejamento<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>) consolidam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que nunca <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os separar o quadro<br />

<strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> uma população da sua organização social e das condições<br />

ambientais <strong>em</strong> que vive. Cada grupo apresenta as suas particularida<strong>de</strong>s, interage<br />

diferent<strong>em</strong>ente com o contexto <strong>em</strong> que está inserido e, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

po<strong>de</strong> apresentar probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s diversas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Segundo Barreto, a utilização correta do conjunto <strong>de</strong> conceitos e<br />

técnicas apresentados constitui um po<strong>de</strong>roso recurso para o conhecimento<br />

da realida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> da população. Porém, t<strong>em</strong> certeza <strong>de</strong> que o senso<br />

crítico <strong>de</strong> cada Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> os levará a refletir sobre os<br />

limites <strong>de</strong>sses recursos, já que, <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>, por um lado, por mais precioso<br />

que seja o diagnóstico, este terá s<strong>em</strong>pre limites, dada às dificulda<strong>de</strong>s relacionadas<br />

à compreensão <strong>de</strong> todos os complexos acontecimentos ligados à<br />

saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população; por outro lado, as ações disponíveis no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 166 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


saú<strong>de</strong> têm também as suas restrições, porque se concentram mais <strong>em</strong> torno<br />

da cura do que na prevenção da doença ou na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />

Vamos <strong>em</strong> frente, pois, tenho certeza que esse conteúdo, como<br />

aconteceu <strong>em</strong> outros cursos, ajudará na reflexão, <strong>em</strong> cada comunida<strong>de</strong> do<br />

Brasil, sobre as condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e sobre os limites das ações<br />

nessa área; constituir-se-á na mais po<strong>de</strong>rosa fonte <strong>de</strong> inspiração, a fim <strong>de</strong><br />

que os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> não continu<strong>em</strong> sendo <strong>de</strong>finidos ou aceitos<br />

apenas como soluções médicas ou tecnocráticas, mas que se transform<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> partes articuladas do conjunto <strong>de</strong> políticas sociais e econômicas e<br />

seja o objetivo maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento integrado da socieda<strong>de</strong>, para que<br />

esta – além <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e economicamente sólida – seja também social e<br />

ambientalmente justa. (Barreto)<br />

Como vimos anteriormente, os trabalhadores que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong><br />

ações <strong>de</strong> campo no controle das doenças e <strong>em</strong> epi<strong>de</strong>miologia precisam <strong>de</strong><br />

conhecimentos e <strong>de</strong> informações sobre o território e a população que estão<br />

sob os seus cuidados, a fim <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong> as ações <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Para Palmeira, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lugar é pré-requisito <strong>de</strong> uma boa<br />

vigilância, e uma <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s iniciais se <strong>de</strong>dica a conhecer as doenças<br />

mais frequentes. (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />

17.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

Para <strong>de</strong>senvolvermos o diagnóstico situacional, primeiro precisamos<br />

enten<strong>de</strong>r melhor o processo saú<strong>de</strong>-doença.<br />

17.2.1 Processo saú<strong>de</strong>-doença e a produção social da<br />

saú<strong>de</strong> / informação e diagnóstico<br />

Segundo Palmeira, o processo saú<strong>de</strong>-doença é uma expressão que<br />

significa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as pessoas, ao viver<strong>em</strong> <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado lugar,<br />

produzir<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ou doença, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que existam as condições necessárias<br />

– favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis – para que um ou outro <strong>de</strong>sses fatos venha a<br />

acontecer. Saú<strong>de</strong> e doença estão intimamente relacionadas ao nosso cotidiano<br />

e constitu<strong>em</strong> um binômio, uma dupla inseparável.<br />

Para o autor, <strong>em</strong> geral, a medição do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população<br />

se faz <strong>de</strong> forma negativa e indireta, ou seja, através da frequência <strong>de</strong><br />

eventos que significam a “não saú<strong>de</strong>”, como, por ex<strong>em</strong>plo, as mortes (mortalida<strong>de</strong>)<br />

e as doenças (morbida<strong>de</strong>), ou ainda outros probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como<br />

o baixo peso ao nascer ou os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito. Por ex<strong>em</strong>plo, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pessoas que morr<strong>em</strong>, adoec<strong>em</strong> ou apresentam um <strong>de</strong>terminado<br />

probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> uma população <strong>de</strong>limitada, durante certo período, é<br />

usada como medida da saú<strong>de</strong> daquela população naquele período.<br />

É claro que todos nós quer<strong>em</strong>os ter saú<strong>de</strong>, e não doença. Com saú<strong>de</strong><br />

- tendo condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> moradia, alimentação, saneamento, <strong>em</strong>prego,<br />

lazer, educação e os <strong>de</strong>mais direitos <strong>de</strong> cidadania - somos capazes <strong>de</strong><br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 167<br />

Maurício L. Barreto:<br />

Maurício, Professor<br />

titular <strong>de</strong><br />

Epi<strong>de</strong>miologia, Instituto<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva -<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da<br />

Bahia.<br />

Frequência:<br />

Frequência é um termo<br />

genérico utilizado <strong>em</strong><br />

epi<strong>de</strong>miologia para<br />

<strong>de</strong>screver a frequência<br />

<strong>de</strong> uma doença ou<br />

<strong>de</strong> outro atributo ou<br />

evento i<strong>de</strong>ntificado na<br />

população. Ocorrência.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


usufruir <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida, com alegria e corag<strong>em</strong> para enfrentar<br />

as dificulda<strong>de</strong>s do dia-a-dia. (...). (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />

17.2.1.1 Questões para enten<strong>de</strong>r o processo saú<strong>de</strong>-doença<br />

O QUE está acontecendo? – Compreen<strong>de</strong>r e verificar aquilo que está<br />

fora dos padrões <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> um indivíduo ou <strong>em</strong> um grupo populacional.<br />

ONDE está acontecendo? – Saber <strong>em</strong> que lugar (território) esse fato<br />

“anormal” ocorre.<br />

COMO está acontecendo? – Verificar <strong>de</strong> que maneira a “anormalida<strong>de</strong>”<br />

acontece nos indivíduos ou grupos populacionais.<br />

QUANDO está acontecendo? - Observar <strong>em</strong> que t<strong>em</strong>po e com que<br />

duração o fato “anormal” é percebido.<br />

COM QUEM está acontecendo? – Detectar quais pessoas ou grupos<br />

populacionais estão sendo acometidos pelo estado “anormal”.<br />

17.2.2 Os povos cont<strong>em</strong>porâneos e a produção social<br />

da saú<strong>de</strong> – a flui<strong>de</strong>z do território<br />

Se as <strong>de</strong>scobertas bacteriológicas foram importantes na melhoria<br />

dos probl<strong>em</strong>as sanitários <strong>de</strong> diversas regiões, elas também contribuíram<br />

para <strong>de</strong>slocar o enfoque social da medicina para os microrganismos, agora<br />

visíveis ao microscópio. A partir <strong>de</strong> então, a Medicina passa, cada vez mais,<br />

a aceitar que, para cada doença, há um agente específico que <strong>de</strong>ve ser combatido<br />

prioritariamente por meio <strong>de</strong> vacinas e produtos químicos. Esta teoria<br />

ficou conhecida como UNICAUSAL OU DE CAUSA ÚNICA, com as seguintes<br />

características:<br />

• a existência <strong>de</strong> apenas uma causa para um agravo ou doença;<br />

• a existência <strong>de</strong> um agente que origina ou provoca o adoecimento;<br />

• o <strong>de</strong>sinteresse pelas evidências relacionadas às condições <strong>de</strong><br />

vida.<br />

Para Ortiz, essa forma <strong>de</strong> pensar a saú<strong>de</strong> fornece os instrumentos<br />

para a estruturação <strong>de</strong> uma prática médica predominant<strong>em</strong>ente curativa,<br />

que não leva <strong>em</strong> conta os aspectos sociais relacionados à saú<strong>de</strong> e à doença.<br />

Na medida <strong>em</strong> que a socieda<strong>de</strong> se urbanizava e aumentava a industrialização,<br />

novos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> surgiam, necessitando-se <strong>de</strong> respostas<br />

mais efetivas e eficazes. O mo<strong>de</strong>lo Unicausal, aos poucos, foi se esgotando,<br />

por não respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada às necessida<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Nos<br />

primeiros anos do século XX, surg<strong>em</strong> novos estudos que se opõ<strong>em</strong> a essa teoria.<br />

O primeiro <strong>de</strong>les, o mo<strong>de</strong>lo da “balança”, <strong>de</strong>senvolvido por um estudioso<br />

chamado Gordon, propunha a existência <strong>de</strong> um perfeito equilíbrio entre<br />

diversos fatores que estariam no ambiente interagindo com o hospe<strong>de</strong>iro e o<br />

agente. O segundo, o mo<strong>de</strong>lo da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Causalida<strong>de</strong>, proposto por MacMo-<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 168 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


hom, admitia a interação entre vários fatores que condicionavam a ocorrência<br />

<strong>de</strong> um agravo e que seria suficiente conhecer um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos para<br />

intervir sobre a doença, não sendo necessário alterar os <strong>de</strong>mais. O terceiro<br />

e o mais b<strong>em</strong> acabado <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los foi <strong>de</strong>senvolvido por dois sanitaristas,<br />

Leavell e Clark, que propuseram um mo<strong>de</strong>lo ecológico composto por três<br />

el<strong>em</strong>entos: o ambiente, o agente e o hospe<strong>de</strong>iro. No mo<strong>de</strong>lo ecológico, os<br />

três el<strong>em</strong>entos interag<strong>em</strong>, relacionam e condicionam o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

doença. Portanto, o ambiente, o hospe<strong>de</strong>iro e o agente estão interligados<br />

<strong>em</strong> um estado <strong>de</strong> equilíbrio, comunicando-se sist<strong>em</strong>aticamente e se autorregulando,<br />

ou seja, s<strong>em</strong>pre buscando não per<strong>de</strong>r o equilíbrio. O agente e o<br />

hospe<strong>de</strong>iro são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ambiente que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, po<strong>de</strong> ser<br />

modificado pelos dois. Quando ocorre a doença, significa uma resposta à<br />

quebra do equilíbrio do sist<strong>em</strong>a.<br />

Figura 36: MODELO ECOLÓGICO – a tría<strong>de</strong> ecológica.<br />

Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Leavell e Clark.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 169<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Morbimortalida<strong>de</strong>:<br />

Refere-se ao conjunto<br />

dos indivíduos que<br />

adoeceram (morbida<strong>de</strong>)<br />

e morreram<br />

(mortalida<strong>de</strong>) <strong>em</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado lugar,<br />

num dado intervalo <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po.<br />

17.2.3. Informação e diagnóstico <strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

17.2.3.1 Situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> vida<br />

Segundo Barcellos [et ...al], quando falamos <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

s<strong>em</strong>pre estamos nos referindo à situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população, ou<br />

seja, <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas. Sendo assim, nossa preocupação concentra-se<br />

<strong>em</strong> conhecer os diferentes perfis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que são expressões das variadas<br />

condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> trabalho às quais as pessoas estão submetidas. (...)<br />

I<strong>de</strong>almente, seria a<strong>de</strong>quado medir o “nível <strong>de</strong> vida” das populações através<br />

<strong>de</strong> um indicador global que expressasse diversos componentes <strong>de</strong>sse nível,<br />

como: saú<strong>de</strong>, nutrição, educação, condições e mercado <strong>de</strong> trabalho, transporte,<br />

habitação, consumo, vestuário, recreação,segurança social e liberda<strong>de</strong><br />

humana. Como não é possível no momento ter esse indicador único, o<br />

Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>de</strong>ve usar outros, como, por ex<strong>em</strong>plo, “mortalida<strong>de</strong>”,<br />

<strong>de</strong>ntre outros. (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />

I<strong>de</strong>almente, seria a<strong>de</strong>quado medir o “nível <strong>de</strong> vida” das populações<br />

através <strong>de</strong> um indicador global que expressasse diversos componentes <strong>de</strong>sse<br />

nível, como: saú<strong>de</strong>, nutrição, educação, condições e mercado <strong>de</strong> trabalho,<br />

transporte, habitação, consumo, vestuário, recreação,segurança social e liberda<strong>de</strong><br />

humana.<br />

Repar<strong>em</strong>, <strong>em</strong> sua região, que os grupos populacionais têm características<br />

comuns <strong>de</strong> acordo com o espaço que ocupam. Imagine uma população<br />

<strong>de</strong> uma favela; in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do município, geralmente apresentam<br />

maior frequência <strong>de</strong> doenças e apontam maior índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre<br />

os jovens do que os grupos que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> bairros com melhor infraestrutura<br />

e que têm acesso aos serviços.<br />

Para i<strong>de</strong>ntificar a população a ser enfocada, o Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />

levará <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o território sob sua responsabilida<strong>de</strong> (área <strong>de</strong> atuação).<br />

O técnico <strong>de</strong>ve ter um olhar para os indicadores quantitativos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

da população, mas <strong>de</strong>ve conhecer o entendimento que os diversos atores<br />

sociais têm sobre o que são necessida<strong>de</strong>s e probl<strong>em</strong>as. O que é probl<strong>em</strong>a<br />

para um grupo po<strong>de</strong> ser pouco importante para outros. A morbimortalida<strong>de</strong><br />

é resultante da interação entre a presença dos probl<strong>em</strong>as e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

resposta <strong>de</strong> cada grupo ou população através <strong>de</strong> sua organização social às<br />

suas necessida<strong>de</strong>s.<br />

De acordo com o enfoque populacional, busca-se i<strong>de</strong>ntificar maneiras<br />

<strong>de</strong> reforçar as ações <strong>de</strong> caráter preventivo e <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> coletiva<br />

(saneamento, serviços <strong>de</strong> infraestrutura e educação, muito mais do que<br />

as ações <strong>de</strong> atenção individual, curativa). As possíveis ações sobre grupos<br />

populacionais específicos <strong>de</strong>mandam integração entre vários setores para<br />

além da área da saú<strong>de</strong>, na busca da promoção do <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

econômico.<br />

O papel do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, ao realizar o diagnóstico<br />

da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e condição <strong>de</strong> vida, é saber como vive, adoece e<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 170 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


morre a população <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados lugares e situações. As informações<br />

levantadas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> auxiliar a equipe local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, os gestores e a população<br />

a encontrar<strong>em</strong>, juntos, soluções a<strong>de</strong>quadas que possam melhorar as<br />

condições <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong> locais. Essas informações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> dar suporte ao<br />

Planejamento Participativo Estratégico-situacional através <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong><br />

ação da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Olha, o diagnóstico é apenas uma parte <strong>de</strong> um processo que envolve<br />

a reunião <strong>de</strong> informações, a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e as ações para intervenções.<br />

Há diferentes perfis <strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para distintos grupos <strong>de</strong><br />

população. O importante é i<strong>de</strong>ntificarmos quando essas diferenças são redutíveis<br />

ou evitáveis. Neste caso, essas condições po<strong>de</strong>m ser modificadas a partir<br />

da mobilização da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ações interinstitucionais. (FIOCRUZ/<br />

EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />

17.2.3.2 A informação no cotidiano<br />

Para Santos et... al, (...) uma boa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> informação é a <strong>de</strong><br />

que se trata <strong>de</strong> um conjunto estruturado <strong>de</strong> dados, <strong>de</strong> modo que possa ser<br />

entendido por todos seus usuários. A informação é um dado útil que serve<br />

para a comunicação entre pessoas e instituições. Se usarmos essa <strong>de</strong>finição,<br />

po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os concluir que a maior parte do trabalho executado no cotidiano<br />

da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é baseada na produção e na troca <strong>de</strong> informações.<br />

(FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />

17.2.3.3 Produção <strong>de</strong> informação para a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

17.2.3.3.1 Coleta <strong>de</strong> dados<br />

A qualida<strong>de</strong> das informações geradas está diretamente ligada à forma<br />

com que os dados são coletados e registrados. (...) Um registro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

preciso é a garantia <strong>de</strong> que o dado po<strong>de</strong>rá ser transformado <strong>em</strong> uma<br />

informação correta. Não existe processamento ou análise capaz <strong>de</strong> utilizar<br />

uma variável (ou dado) registrada ina<strong>de</strong>quadamente, ou ausente (não registrada),<br />

para gerar uma nova informação.<br />

17.2.3.3.2 Fontes <strong>de</strong> dados<br />

Po<strong>de</strong>mos obter dados por meio <strong>de</strong> diversas fontes <strong>de</strong> informação.<br />

Genericamente, diz<strong>em</strong>os que a fonte <strong>de</strong> dados é primária, quando a sua coleta<br />

é realizada diretamente pelo usuário das informações a ser<strong>em</strong> geradas<br />

(por intermédio, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> inquéritos e entrevistas), ou é secundária,<br />

quando utilizamos dados <strong>de</strong> rotina coletados por outros serviços. Um bom<br />

ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> dado secundário é o conjunto <strong>de</strong> dados coletados através <strong>de</strong><br />

documentos dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> (a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> óbito,<br />

a notificação <strong>de</strong> doenças e agravos).<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 171<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


17.2.3.3.3 Tipos <strong>de</strong> dados<br />

• D<strong>em</strong>ográficos.<br />

• Ambientais e <strong>de</strong> condição <strong>de</strong> vida.<br />

• Morbida<strong>de</strong>.<br />

• Mortalida<strong>de</strong>.<br />

• Administrativos <strong>de</strong> serviços (recursos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a produção <strong>de</strong><br />

serviços).<br />

• Documentais e cadastrais.<br />

17.2.3.3.4 Processamento <strong>de</strong> dados<br />

Para facilitar a classificação dos dados, é preciso codificá-los, transformá-los<br />

<strong>em</strong> valores numéricos ou <strong>em</strong> letras; por ex<strong>em</strong>plo: sexo masculino,<br />

código 01, f<strong>em</strong>inino, código 2. Após a codificação, esses dados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

classificados, recontados e agrupados <strong>de</strong> modo sist<strong>em</strong>ático <strong>em</strong> classe <strong>de</strong>terminadas.<br />

Deve-se trabalhar isso melhor na aula <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia.<br />

17.2.3.4 Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informação<br />

As informações geradas por um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

(SIS) representam uma ferramenta essencial nos processos <strong>de</strong> organização,<br />

avaliação, planejamento e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, fornecendo el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

ajuste e <strong>de</strong> avaliação da execução dos planos e ações do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

fundamentados nas pr<strong>em</strong>issas do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> –SUS.<br />

17.2.3.4.1 Principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

Exist<strong>em</strong> diversos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Os cinco maiores,<br />

que vêm sendo utilizados para análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, são os dados<br />

a seguir.<br />

a) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação sobre Mortalida<strong>de</strong> (SIM)<br />

Criado <strong>em</strong> 1975, foi o primeiro sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Este sist<strong>em</strong>a informatizado utiliza registros <strong>de</strong> um instrumento legal – a <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> óbito (DO) para gerar informações sobre as causas dos óbitos e<br />

as características <strong>de</strong>mográficas e sociais dos óbitos registrados.<br />

b) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc)<br />

O Sinasc foi implantado, <strong>de</strong> forma gradual, a partir <strong>de</strong> 1990, <strong>em</strong><br />

muitos municípios brasileiros, permitindo conhecer as condições <strong>de</strong> nascimento<br />

no país e alcançando cobertura nacional <strong>em</strong> 1993. O Sinasc é baseado<br />

na <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> nascido vivo (DN).<br />

c) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Agravos Notificáveis (Sinan)<br />

O Sinan foi criado <strong>em</strong> 1990 e implantado, a partir <strong>de</strong> 1993, <strong>em</strong> todo<br />

o território nacional, tendo como objetivo racionalizar o processo <strong>de</strong> coleta<br />

e transferência <strong>de</strong> dados referentes a doenças e agravos <strong>de</strong> notificação. Este<br />

sist<strong>em</strong>a é alimentado pela ficha <strong>de</strong> notificação <strong>de</strong> agravos e pela investigação<br />

dos mesmos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 172 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


d) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)<br />

Este sist<strong>em</strong>a foi implantado no final da década <strong>de</strong> 1980 como sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> internações dos hospitais contratados pelo Ministério<br />

da Previdência. Em 1991, <strong>de</strong>pois da promulgação da lei 8.080, o extinto<br />

Inamps passou a implantar, <strong>em</strong> nível nacional, o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Assistência Médico-Hospitalar<br />

da Previdência Social e o seu documento principal <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

dados, a Autorização <strong>de</strong> Internação Hospitalar (AIH), <strong>em</strong> toda re<strong>de</strong> própria,<br />

filantrópica e privada.<br />

e) Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)<br />

O Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Ambulatoriais foi implantado <strong>em</strong> todo<br />

o território nacional <strong>em</strong> 1991, através da Norma Operacional Básica 01/91,<br />

tendo como principal finalida<strong>de</strong> o pagamento dos serviços executados pela<br />

re<strong>de</strong> ambulatorial pública, contratada e vinculada ao SUS. Além da finalida<strong>de</strong><br />

financeira, o SIA/SUS permite avaliar a produção <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o<br />

acompanhamento das programações físicas e orçamentárias e das ações <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> produzidas, gerando instrumentos analíticos <strong>de</strong> controle e avaliação<br />

do SUS. (...).<br />

17.3 Conclusão<br />

Integra o corpo da aula e consiste num texto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, <strong>em</strong> que<br />

<strong>de</strong>ve ser percebida a relação entre os conceitos apresentados e a relevância<br />

<strong>de</strong> seu conhecimento e estudo.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você foi capaz <strong>de</strong> conceituar o processo saú<strong>de</strong>-doença,<br />

diferenciar a teoria UNICAUSAL OU DE CAUSA ÚNICA, como existência <strong>de</strong><br />

apenas uma causa para um agravo ou doença (existência <strong>de</strong> um agente que<br />

origina ou provoca o adoecimento; <strong>de</strong>sinteresse pelas evidências relacionadas<br />

às condições <strong>de</strong> vida), das teorias do MODELO DA “BALANÇA”, que<br />

propunha a existência <strong>de</strong> um perfeito equilíbrio entre diversos fatores que<br />

estariam no ambiente interagindo com o hospe<strong>de</strong>iro e o agente, do mo<strong>de</strong>lo<br />

da REDE DE CAUSALIDADE, proposto por MacMohom, que admitia a interação<br />

entre vários fatores que condicionavam a ocorrência <strong>de</strong> um agravo e que seria<br />

suficiente conhecer um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos para se intervir sobre a doença,<br />

não sendo necessário alterar os <strong>de</strong>mais e do terceiro e mais b<strong>em</strong> acabado<br />

<strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong>senvolvido por dois sanitaristas, Leavell e Clark, que propuseram<br />

um MODELO ECOLÓGICO composto por três el<strong>em</strong>entos: o ambiente,<br />

o agente e o hospe<strong>de</strong>iro. No MODELO ECOLÓGICO, os três el<strong>em</strong>entos interag<strong>em</strong>,<br />

relacionam e condicionam o <strong>de</strong>senvolvimento da doença. Portanto,<br />

o ambiente, o hospe<strong>de</strong>iro e o agente estão interligados <strong>em</strong> um estado <strong>de</strong> equilíbrio,<br />

comunicando-se sist<strong>em</strong>aticamente e se autorregulando, ou seja, s<strong>em</strong>pre<br />

buscando não per<strong>de</strong>r o equilíbrio. O agente e o hospe<strong>de</strong>iro são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do<br />

ambiente que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, po<strong>de</strong> ser modificado pelos dois.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 173<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Vimos, também, que a informação é um dado útil que serve para a<br />

comunicação entre pessoas e instituições, e a maior parte do trabalho executado<br />

no cotidiano da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é baseada na produção e na troca<br />

<strong>de</strong> informações. Essas informações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser confiáveis/fi<strong>de</strong>dignas.<br />

As fontes <strong>de</strong> dados po<strong>de</strong>m ser primárias, quando a sua coleta é<br />

realizada diretamente pelo usuário, e secundárias, quando utilizamos dados<br />

<strong>de</strong> rotina coletados por outros serviços, como os Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (SIS), além <strong>de</strong> conhecer melhor os principais sist<strong>em</strong>as: Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

Informação Sobre Mortalida<strong>de</strong> (SIM), Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Nascidos<br />

Vivos (SINASC), Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Agravos Notificáveis (Sinan),<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações<br />

Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) Baseado nos seus conhecimentos adquiridos até aqui, conceitue processo<br />

saú<strong>de</strong>-doença.<br />

2) Faça a diferenciação entre a teoria Unicausal ou <strong>de</strong> Causa Única dos <strong>de</strong>mais<br />

mo<strong>de</strong>los (da “BALANÇA, da REDE DE CAUSALIDADE e do MODELO ECO-<br />

LÓGICO).<br />

3) Descreva os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Na próxima aula, vamos ver a importância <strong>de</strong> se planejar não só<br />

para as nossas ativida<strong>de</strong>s diárias, mas também <strong>em</strong> ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Também<br />

conhecer<strong>em</strong>os o planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 174 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 18 - Planejamento Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

práticas locais<br />

Meta Que, ao final da aula, o aluno possa fazer e apresentar uma programação,<br />

um planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do território que está atuando ou<br />

que escolheu para <strong>de</strong>senvolver as ativida<strong>de</strong>s do curso.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />

capaz <strong>de</strong>:<br />

1. conceituar e <strong>de</strong>screver a importância do planejamento;<br />

2. <strong>de</strong>screver por que o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />

estratégico e situacional;<br />

3. elaborar a programação, o planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do seu<br />

território.<br />

18.1 Introdução<br />

Planejar; você sabe o que é planejar? Para que planejar?<br />

Quantos <strong>de</strong> nós, <strong>em</strong> nossas ativida<strong>de</strong>s, tiv<strong>em</strong>os que respon<strong>de</strong>r a<br />

essas perguntas? Em nossa vida cotidiana, faz<strong>em</strong>os planejamento a todo o<br />

momento, mesmo s<strong>em</strong> darmos conta disso. Pois b<strong>em</strong>, nesta aula, vamos tentar<br />

enten<strong>de</strong>r melhor a importância do planejamento como instrumento <strong>de</strong><br />

reflexão sobre realida<strong>de</strong>s concretas, que visam aos objetivos e às formas <strong>de</strong><br />

agir. Ou seja, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sujeitos coletivos, capazes <strong>de</strong> construír<strong>em</strong><br />

– no caso da saú<strong>de</strong> – novas práticas sanitárias.<br />

Nesta discussão, <strong>de</strong>staca-se também a importância do território<br />

como el<strong>em</strong>ento responsável pela materialida<strong>de</strong> do planejar, espaço <strong>de</strong> realização<br />

das ações e <strong>de</strong> atualização dos objetivos e <strong>de</strong> gestão do plano, além <strong>de</strong><br />

apresentar um conjunto <strong>de</strong> instrumentos enca<strong>de</strong>ados logicamente, que po<strong>de</strong><br />

servir como linha metodológica não apenas para o Técnico <strong>em</strong> vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, mas para qualquer um que pretenda utilizar o instrumental do planejamento<br />

e da gestão, segundo Gallo.<br />

Usar<strong>em</strong>os uma abordag<strong>em</strong> estilo “caixa <strong>de</strong> ferramentas”, on<strong>de</strong> os<br />

instrumentos são mobilizados <strong>de</strong> acordo com a sua a<strong>de</strong>quação a uma <strong>de</strong>terminada<br />

situação. A autora (Ana Luiza Queiroz Vilasbôas) do conteúdo, que<br />

nos baseamos para elaborar esta aula, propõe um enca<strong>de</strong>amento que articula<br />

técnicas do planejamento estratégico-situacional, da qualida<strong>de</strong> total, do<br />

Cen<strong>de</strong>s-Opas e do Zopp, construindo um mosaico prático e com boa aplica-<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

175<br />

Gallo:<br />

Edmundo Gallo.<br />

Pesquisador da<br />

FIOCRUZ, diretor<br />

<strong>de</strong> investimentos e<br />

projetos estratégicos da<br />

Secretaria Executiva do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> .<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Ana Luiza Queiroz<br />

Vilasbôas:<br />

Vilasbôas, Ana Luiza<br />

Queiroz, professora,<br />

autora do texto sobre<br />

planejamento e<br />

programação das ações<br />

<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

no nível local do SUS,<br />

texto este que usar<strong>em</strong>os<br />

para nossas reflexões<br />

nesta aula.<br />

bilida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> parecer óbvio, mas é muito comum existir<strong>em</strong> “planejadores”<br />

formalistas que tentam “encaixar” a realida<strong>de</strong> ao método que advogam, este<br />

sendo tomado como objeto retificado.<br />

Esta proposta <strong>de</strong> planejamento é crítica, flexível, operacional e nos<br />

trás fundamentos básicos para qu<strong>em</strong> quer mudar a realida<strong>de</strong> a partir da ação<br />

competente <strong>de</strong> sujeitos autônomos, como você, futuro Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Trocando <strong>em</strong> miúdos, iniciar<strong>em</strong>os a aula conceituando planejamento,<br />

que será trabalhado durante toda a aula, fundamentado no enfoque<br />

estratégico-situacional e aplicado ao campo da saú<strong>de</strong>; <strong>em</strong> segundo lugar,<br />

vamos ver a importância <strong>de</strong> se utilizar o planejamento e a programação local<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS – e, por último, será apresentada a proposta metodológica<br />

do PPLS adaptada para o Agente <strong>de</strong> Vigilância capacitado no Programa <strong>de</strong><br />

Formação <strong>de</strong> Agente Local <strong>de</strong> Vigilância – PROFORMAR -, que terá toda a<br />

importância para você também, afinal <strong>de</strong> contas, você está se preparando<br />

para ser Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

18.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />

18.2.1 Planejamento e programação das ações <strong>de</strong> vigilância<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS<br />

18.2.1.1 Introdução<br />

Tudo que vamos fazer <strong>de</strong>ve ser b<strong>em</strong> planejado, pois, para faz<strong>em</strong>os<br />

o planejado, já é difícil, imagine você fazer o que não é planejado.<br />

Segundo Ana Luiza, quer tenhamos consciência ou não, nossa vida<br />

inclui planejamento, don<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos afirmar que:<br />

• ele é uma forma <strong>de</strong> potencializar a capacida<strong>de</strong> que t<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />

raciocinar logicamente sobre uma situação que, ao nosso ver, é<br />

probl<strong>em</strong>ática;<br />

• ele é uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir possibilida<strong>de</strong>s para a transformação<br />

<strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>.<br />

No seu cotidiano, você se <strong>de</strong>para com diversos probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> relação<br />

aos quais t<strong>em</strong> que tomar uma atitu<strong>de</strong>. Muitas vezes, você age s<strong>em</strong><br />

refletir profundamente sobre a questão e atua recorrendo somente ao que<br />

já está habituado a fazer ou, ainda, ao que lhe parece mais fácil naquele<br />

momento. Outras vezes, quando enfrenta um probl<strong>em</strong>a que se repete ou que<br />

lhe parece grave, você é capaz <strong>de</strong> se perguntar sobre as suas causas e <strong>de</strong>finir<br />

ações para intervir sobre a situação. Esse modo <strong>de</strong> se comportar já inclui<br />

uma forma mais elaborada <strong>de</strong> planejamento.<br />

“Planejamento e a programação local são ferramentas importantes<br />

para a consolidação das práticas <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.”<br />

O conceito <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> que quer<strong>em</strong>os trabalhar neste<br />

módulo é aquele que a enten<strong>de</strong> como uma organização do trabalho <strong>em</strong><br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 176 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


saú<strong>de</strong>, apresentando duas dimensões: técnico-operativa, que diz respeito à<br />

execução das práticas <strong>de</strong> promoção e reabilitação da saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> prevenção<br />

e recuperação <strong>de</strong> doenças; e político-gerencial, relativa à organização dos<br />

trabalhos necessários ao controle <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população <strong>de</strong><br />

um território.<br />

Exist<strong>em</strong> métodos diferentes <strong>de</strong> conduzir um processo <strong>de</strong> planejamento;<br />

aqui, <strong>de</strong>stacar<strong>em</strong>os o planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

– PPLS -, que é uma forma <strong>de</strong> organizar os resultados do diagnóstico da situação<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> necessários para resolver os probl<strong>em</strong>as e as necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>, os quais nos foram revelados junto à população e ao território <strong>em</strong> que<br />

você vive, trabalha e/ou escolheu para realizar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste curso.<br />

Por isso, o planejamento e a programação local são ferramentas importantes<br />

para a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Agente <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvendo ativida<strong>de</strong>s diversas<br />

como: palestras, visitas domiciliares, reunião comunitária, mutirão <strong>de</strong> limpeza.<br />

Figura 37: Ação <strong>de</strong> limpeza da al<strong>de</strong>ia Vila Nova-Maxakali.<br />

Fonte: Joaquim Francisco.<br />

18.2.2 O que é planejar?<br />

Po<strong>de</strong>-se afirmar que o ato <strong>de</strong> planejar consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>senhar, executar<br />

e acompanhar um conjunto <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> ação com vistas à intervenção<br />

sobre um <strong>de</strong>terminado recorte da realida<strong>de</strong>. O planejamento po<strong>de</strong><br />

ser tomado como um instrumento <strong>de</strong> racionalização da ação humana – ação<br />

realizada por atores sociais, orientada por um propósito relacionado com a<br />

manutenção ou a modificação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 177<br />

Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>:<br />

O conceito <strong>de</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, neste<br />

contexto, é aquele<br />

que aten<strong>de</strong> como uma<br />

organização do trabalho<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, apresentando<br />

duas dimensões: técnicooperativa,<br />

que diz<br />

respeito à execução das<br />

práticas <strong>de</strong> promoção<br />

e reabilitação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> prevenção e<br />

recuperação <strong>de</strong> doenças;<br />

e político-gerencial,<br />

relativa à organização<br />

dos trabalhos necessários<br />

ao controle <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população<br />

<strong>de</strong> um território.<br />

(FIOCRUZ/EPSJV/<br />

PROFORMAR, 2004. 68P).<br />

Ator social:<br />

Po<strong>de</strong> ser uma pessoa,<br />

um agrupamento<br />

humano ou uma<br />

instituição que, <strong>de</strong><br />

forma transitória ou<br />

permanente, é capaz <strong>de</strong><br />

agir, produzindo fatos<br />

<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

situação ou realida<strong>de</strong>.<br />

Situação:<br />

É um conjunto <strong>de</strong><br />

probl<strong>em</strong>as e/ou<br />

necessida<strong>de</strong>s tais como<br />

são compreendidos a<br />

partir da perspectiva<br />

dos atores sociais<br />

interessados <strong>em</strong> intervir<br />

sobre um <strong>de</strong>terminado<br />

recorte da realida<strong>de</strong>.<br />

Probl<strong>em</strong>a:<br />

Algo consi<strong>de</strong>rado<br />

fora dos padrões <strong>de</strong><br />

normalida<strong>de</strong> para os<br />

atores sociais que<br />

estão analisando a<br />

situação. Esses padrões<br />

são <strong>de</strong>finidos a partir<br />

do conhecimento,<br />

do interesse e da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir do<br />

ator sobre uma dada<br />

situação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


A partir das noções <strong>de</strong> situação, probl<strong>em</strong>a e ator social, construiu-<br />

-se um enfoque <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>nominado estratégico-situacional, útil na<br />

condução das ações <strong>em</strong> contextos caracterizados pela existência <strong>de</strong> muitos<br />

interesses e julgamentos distintos sobre como atuar <strong>em</strong> relação a um <strong>de</strong>terminado<br />

recorte da realida<strong>de</strong> (situação), com o propósito <strong>de</strong> transformá-lo.<br />

O enfoque estratégico-situacional foi <strong>de</strong>senvolvido por Carlos Matus,<br />

um economista chileno, como forma <strong>de</strong> organizar processos e ações para<br />

atuar sobre situações selecionadas; t<strong>em</strong> o propósito <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>as e<br />

aten<strong>de</strong>r ás necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma população <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado território (localida<strong>de</strong>,<br />

município, estado, país).<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir sobre uma <strong>de</strong>terminada situação varia <strong>de</strong> ator<br />

para ator e condiciona as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> um plano. Não é suficiente<br />

elaborar um conjunto <strong>de</strong> propostas e ações, isto é, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua execução, consi<strong>de</strong>rando as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos os atores nela envolvidos.<br />

(FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004. p. 20.)<br />

Po<strong>de</strong>-se concluir que, na perspectiva do enfoque estratégico-situacional,<br />

a atuação planejada sobre uma dada situação implica esforço <strong>de</strong> compreensão<br />

do posicionamento dos diversos atores sociais que nela interfer<strong>em</strong>,<br />

tornando possível construir uma explicação abrangente sobre os probl<strong>em</strong>as<br />

que facilite a <strong>de</strong>finição das ações a ser<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entadas para enfrentá-los,<br />

<strong>de</strong> modo a reduzi-los ou controlá-los.<br />

18.2.2.1 O planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS<br />

É consi<strong>de</strong>rado um instrumento importante para organizar as ações<br />

<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS, por se tratar <strong>de</strong> uma proposta<br />

metodológica que permite a negociação entre os diversos participantes interessados,<br />

com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

sobre os probl<strong>em</strong>as e ações <strong>de</strong> promoção, prevenção e recuperação dirigidas<br />

para a sua redução ou controle.<br />

a) Consi<strong>de</strong>ra-se que os agentes <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> são atores<br />

sociais que têm interesse sobre a saú<strong>de</strong>-doença <strong>de</strong> grupos populacionais que<br />

viv<strong>em</strong> e trabalham <strong>em</strong> um território-processo, assim como as profissões <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> (gerente e técnicos), profissionais e outros setores, segmentos organizados<br />

da população;<br />

b) O PPLS, através da utilização <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, formulação,<br />

priorização e explicação dos probl<strong>em</strong>as, consi<strong>de</strong>rando-se a visão<br />

dos distintos atores sociais, contribui para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>sses<br />

probl<strong>em</strong>as e das necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> que estão no âmbito da vigilância<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

c) A seleção <strong>de</strong> operações articuladas <strong>de</strong> promoção, prevenção,<br />

recuperação e reabilitação, <strong>de</strong>stinadas a intervir continuamente sobre os<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 178 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


probl<strong>em</strong>as selecionados, toma como referência uma situação-objetivo relacionada<br />

com a melhoria das condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população<br />

afetada. O PPLS organiza a seleção <strong>de</strong> operações a partir da formulação <strong>de</strong><br />

objetivos e operações e da respectiva análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> política, técnico-organizativa<br />

e econômica.<br />

d) A execução das operações selecionadas, articulando as diversas<br />

profissões, setores, recursos institucionais e comunitários, aponta para a<br />

função <strong>de</strong> condução gerencial, <strong>de</strong>finida no PPLS.<br />

e) O acompanhamento e a avaliação das operações/ações realizadas<br />

(da estrutura, dos processos e dos resultados) e a análise continuada da<br />

situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou dos probl<strong>em</strong>as priorizados.<br />

18.2.2.2 O papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

O papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> pertence ao conjunto <strong>de</strong><br />

trabalhadores que <strong>de</strong>senvolve ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s<br />

da população. Assim, faz parte do ator social “profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”. Nesta<br />

posição, po<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> seus conhecimentos, <strong>de</strong> suas capacida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong><br />

seus interesses <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> pública, agir sobre a realida<strong>de</strong> na qual está inserido,<br />

ao lado <strong>de</strong> outros profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, inclusive pertencentes a diferentes<br />

setores, e <strong>de</strong> representantes da comunida<strong>de</strong>. O Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />

não só po<strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve participar do processo <strong>de</strong> planejamento e da programação<br />

da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> do território on<strong>de</strong> ele atua como profissional;<br />

essa participação <strong>de</strong>ve ser ativa e <strong>em</strong> todos os momentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a análise da<br />

situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finição dos objetivos, ações, construção da viabilida<strong>de</strong><br />

das ações, execução e o acompanhamento <strong>de</strong> tudo que foi programado. É<br />

importante ressaltar que a participação <strong>de</strong>sse Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />

da gestão <strong>de</strong> cada município e/ou território. On<strong>de</strong> houver dificulda<strong>de</strong>,<br />

cabe ao técnico criar essa condição, lutando nos espaços <strong>de</strong> controle social,<br />

o que não <strong>de</strong>ve é adquirir conhecimentos e ficar s<strong>em</strong> colocar <strong>em</strong> prática <strong>em</strong><br />

prol da melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população do seu território que,<br />

muitas vezes, nunca teve oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> capacitações mais<br />

elaboradas como a que você está recebendo. (FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR,<br />

2004. p. 25.).<br />

18.2.3 Planejando e programação <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> vigilância<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no território<br />

Segundo Ana Luíza, exist<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> conduzir o PPLS na<br />

prática. Apresentamos, aqui, uma proposta <strong>de</strong> organização e realização <strong>de</strong><br />

encontros comunitários, sob a forma <strong>de</strong> OFICINAS DE TRABALHO, para a<br />

elaboração <strong>de</strong> um PLANO DE AÇÃO para a VIGILÂNCIA EM SAÚDE, segundo os<br />

passos metodológicos <strong>de</strong>scritos a seguir. Esta proposta po<strong>de</strong> ser aplicada <strong>em</strong><br />

diversos recortes territoriais <strong>de</strong> um município: área <strong>de</strong> abrangência <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, conjunto <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> abrangência das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 179<br />

Situação-objetivo:<br />

É aquela que se <strong>de</strong>seja<br />

alcançar a partir <strong>de</strong> um<br />

plano. É um propósito<br />

que se estabelece <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminada situação<br />

inicial e que se altera<br />

na medida <strong>em</strong> que tal<br />

situação varia.<br />

O planejamento é<br />

flexível; lidamos com<br />

situações dinâmicas,<br />

ou seja, <strong>em</strong> constantes<br />

mudanças; cabe aos<br />

seus elaboradores<br />

avaliar constant<strong>em</strong>ente<br />

para revisar o que for<br />

necessário.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


ou <strong>em</strong> todo o município. No nosso caso, você <strong>de</strong>verá aplicar no território que<br />

você escolheu para trabalhar neste curso.<br />

1º<br />

Momentos do PPLS Oficina Planilhas<br />

Análise da situação<br />

- i<strong>de</strong>ntificação e formulação<br />

<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as;<br />

- priorização dos probl<strong>em</strong>as;<br />

- explicação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 180 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

1<br />

2<br />

3<br />

1ª e 1B<br />

2A e 2B<br />

3<br />

2º Definição dos objetivos 4 4<br />

3º Definição das ações,<br />

análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> estratégias<br />

<strong>de</strong> ação.<br />

4º<br />

Elaboração da programação<br />

operativa e <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> indicadores.<br />

5º Acompanhamento e avaliação<br />

da programação<br />

operativa.<br />

4 5<br />

5 6<br />

5 7<br />

L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que, para conduzir as oficinas, é importante <strong>de</strong>finir<br />

um coor<strong>de</strong>nador e facilitadores da discussão (um facilitador para cada 25<br />

participantes). On<strong>de</strong> fazer e como fazer você já apren<strong>de</strong>u nas técnicas educativas;<br />

é só colocar <strong>em</strong> prática.<br />

18.2.3.1 Momentos do planejamento e programação local <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong> – PPLS<br />

Planejamento e programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS - foram elaborados<br />

por Carm<strong>em</strong> Fontes Teixeira. Esta proposta, organizada <strong>em</strong> 1993,<br />

inspirou-se no enfoque estratégico-situacional do planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

baseado na obra <strong>de</strong> Carlos Matus (1993).<br />

1º Momento<br />

Análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (conhecer)<br />

A análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um território consiste no processo<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, formulação, priorização e explicação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> da população que ali vive e/ou trabalha.<br />

A realida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> é complexa porque lida com uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />

e multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> riscos, doenças, agravos que afetam distintos<br />

grupos populacionais <strong>de</strong> diferentes maneiras. Assim, exist<strong>em</strong> muitos atores<br />

sociais interessados na situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seja no município ou mesmo <strong>em</strong><br />

um bairro. Por isso, é muito importante que o maior número possível <strong>de</strong>


epresentantes da população, dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e das li<strong>de</strong>ranças comunitárias<br />

participe do momento <strong>de</strong> análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo<br />

a possibilitar a expressão das diversas perspectivas sobre os respectivos probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> um território.<br />

a) I<strong>de</strong>ntificação dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população <strong>de</strong> um território<br />

O primeiro passo <strong>de</strong>ve ser reunir todas as informações disponíveis<br />

sobre os riscos à saú<strong>de</strong> da população naquele território, sobre a ocorrência<br />

das causas mais frequentes <strong>de</strong> doenças e mortes e sobre a organização e<br />

funcionamento do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>staque para o setor <strong>de</strong> vigilância<br />

<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Essas informações po<strong>de</strong>m ser levantadas no SISTEMA DE INFOR-<br />

MAÇÃO EM SAÚDE. L<strong>em</strong>bra-se dos principais? Qualquer coisa, volt<strong>em</strong> à aula<br />

anterior e revis<strong>em</strong>. Faça uma visita à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do seu<br />

município e conheça <strong>de</strong> perto como funcionam esses sist<strong>em</strong>as.<br />

O segundo passo será organizar as informações coletadas.<br />

b) Formulação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

Os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser formulados, ou seja, expostos <strong>em</strong> palavras<br />

do modo mais preciso e completo possível. Assim, facilita-se a priorização<br />

e a explicação, passos fundamentais que contribu<strong>em</strong> para a elaboração dos<br />

objetivos e das ações necessárias para o seu enfrentamento.<br />

c) Priorização <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

A priorização <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as é um momento no qual os atores envolvidos,<br />

para resolver<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, reún<strong>em</strong>-se para<br />

discutir e selecionar os mais relevantes para a comunida<strong>de</strong>. Para tal, alguns<br />

critérios epi<strong>de</strong>miológicos, quantas pessoas ele atinge e quais os recursos<br />

para resolvê-los, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

d) Explicação dos Probl<strong>em</strong>as<br />

Após o processo <strong>de</strong> priorização dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, passa-se<br />

à sua explicação. Propõe-se a utilização da ÁRVORE DE PROBLEMAS, que é<br />

uma simplificação da proposta do economista chileno Carlos Matus, chamada<br />

“fluxograma situacional”.<br />

(...) Se o probl<strong>em</strong>a for i<strong>de</strong>ntificado como risco à saú<strong>de</strong>, suas consequências<br />

serão formuladas como ocorrência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doenças que costumam<br />

culminar com a morte dos acometidos por esses agravos. Por ex<strong>em</strong>plo,<br />

o probl<strong>em</strong>a “a presença <strong>de</strong> esgoto a céu aberto <strong>em</strong> todas as ruas do bairro<br />

<strong>de</strong> Alto Monte, <strong>em</strong> 2009“ po<strong>de</strong> ter como consequências “elevado nº <strong>de</strong><br />

casos <strong>de</strong> diarreia infecciosa aguda <strong>em</strong> menores <strong>de</strong> 5 anos no mesmo local<br />

e ano” e “elevada mortalida<strong>de</strong> infantil por diarreias infecciosas no mesmo<br />

local e ano”.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 181<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 38: árvore <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as.<br />

Fonte: Clipart do Word.<br />

2º Momento<br />

Definição dos objetivos (O que fazer)<br />

Os objetivos divi<strong>de</strong>m-se <strong>em</strong> objetivos específicos e objetivo final.<br />

Os específicos refer<strong>em</strong>-se às causas dos probl<strong>em</strong>as. O final refere-se ao probl<strong>em</strong>a<br />

como um todo. Tanto os objetivos específicos como o final <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

expressar uma intenção <strong>de</strong> transformação da situação probl<strong>em</strong>a. L<strong>em</strong>bramos<br />

que a explicação do probl<strong>em</strong>a é a base para a construção dos objetivos.<br />

Se o probl<strong>em</strong>a analisado é a presença <strong>de</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti no bairro <strong>de</strong><br />

Boa Vista, município <strong>de</strong> Pouso Alegre, <strong>em</strong> 2010, o objetivo geral é eliminar<br />

(ou reduzir <strong>em</strong> x %) os focos domiciliares <strong>de</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti no bairro <strong>de</strong> Boa<br />

Vista, no município <strong>de</strong> Pouso Alegre, <strong>em</strong> 2011.<br />

Os objetivos, tal como os probl<strong>em</strong>as, precisam ter uma formulação<br />

precisa (O quê, quanto, qu<strong>em</strong>, on<strong>de</strong> e quando). Os objetivos específicos são<br />

a expressão positiva das causas dos probl<strong>em</strong>as.<br />

Se uma das causas é a existência <strong>de</strong> tanques <strong>de</strong> água s<strong>em</strong> cobertura<br />

nas casas do bairro Boa Vista, então, o objetivo específico será: estimular a<br />

população para a correta proteção dos tanques <strong>de</strong> água <strong>em</strong> 100% dos domicílios<br />

do bairro <strong>de</strong> Boa Vista, <strong>em</strong> 2011.<br />

A partir da árvore <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, constrói-se a árvore <strong>de</strong> objetivos,<br />

transformando as causas consi<strong>de</strong>radas como as mais importantes <strong>em</strong> objetivos<br />

específicos, e a expressão positiva do probl<strong>em</strong>a, <strong>em</strong> objetivo geral.<br />

3º Momento<br />

Definição <strong>de</strong> ações, análise simplificada <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

estratégias <strong>de</strong> ação (Como fazer para cumprir os objetivos).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 182 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


As ações representam o que é necessário fazer para cumprir os<br />

objetivos específicos.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo:<br />

Se o objetivo específico é estimular a população para a correta<br />

proteção dos tanques <strong>de</strong> água <strong>em</strong> 100% dos domicílios do bairro <strong>de</strong> Boa Vista,<br />

<strong>em</strong> 2011, as ações necessárias seriam produzir e apresentar uma peça teatral<br />

sobre as formas <strong>de</strong> prevenção contra a <strong>de</strong>ngue, distribuir folhetos educativos<br />

nos domicílios etc.<br />

A seguir <strong>de</strong>ve-se fazer uma análise simplificada <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>, ou<br />

seja, i<strong>de</strong>ntificar as facilida<strong>de</strong>s e as dificulda<strong>de</strong>s para a realização das ações<br />

necessárias a fim <strong>de</strong> alcançar os objetivos específicos. Estas são relativas<br />

à disponibilida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> toda a natureza: <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, humanos,<br />

materiais, financeiros, <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po etc. A análise <strong>de</strong><br />

viabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> levar à reformulação dos objetivos (geral e específicos),<br />

ampliando-os, reduzindo-os ou anulando-os.<br />

No ex<strong>em</strong>plo apresentado, é possível consi<strong>de</strong>rar-se, hipoteticamente,<br />

as seguintes facilida<strong>de</strong>s para a produção e a apresentação da peça teatral<br />

sobre a prevenção contra a <strong>de</strong>ngue: existência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> teatro amador<br />

na comunida<strong>de</strong>; disponibilida<strong>de</strong> do Técnico <strong>em</strong> Vigilância e dos Agentes<br />

<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> para participar<strong>em</strong> da ação; apoio da Secretaria Municipal<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Como dificulda<strong>de</strong>s: falta <strong>de</strong> local apropriado para a apresentação<br />

da peça; insuficiência <strong>de</strong> recursos materiais para a produção <strong>de</strong><br />

figurinos e a<strong>de</strong>reços.<br />

Depois <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as facilida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s para a realização<br />

das ações, <strong>de</strong>fine-se como fazer para ampliar facilida<strong>de</strong>s e superar dificulda<strong>de</strong>s,<br />

isto é, quais são as estratégias que permitirão a realização das ações<br />

para cada probl<strong>em</strong>a priorizado.<br />

Ainda no ex<strong>em</strong>plo consi<strong>de</strong>rado, as estratégias <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong>riam<br />

ser: solicitar a compra do material necessário para o figurino e a<strong>de</strong>reços à<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>; pedir apoio ao grupo <strong>de</strong> teatro amador para<br />

a produção da peça; produzir a peça <strong>de</strong> modo a permitir sua apresentação<br />

<strong>em</strong> espaços abertos etc.<br />

4º Momento<br />

Programação operativa (Detalhando as ações)<br />

A partir da re<strong>de</strong>finição das ações <strong>de</strong>stinadas ao alcance dos objetivos<br />

específicos, após a análise da viabilida<strong>de</strong>, elabora-se a programação<br />

operativa, i<strong>de</strong>ntificando-se as ativida<strong>de</strong>s necessárias para a execução das<br />

ações, nomeando os respectivos responsáveis e estabelecendo os prazos.<br />

Se a ação programada for a produção <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> uma peça<br />

teatral sobre as formas <strong>de</strong> prevenção contra a <strong>de</strong>ngue, as ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

ser: consulta a documentos técnicos sobre a <strong>de</strong>ngue para a elaboração do<br />

texto; produção do cenário e do figurino; ensaios, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cronograma<br />

e <strong>de</strong> locais <strong>de</strong> apresentação etc.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 183<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


O indicador:<br />

É uma medida utilizada<br />

apara verificar uma<br />

<strong>de</strong>terminada situação.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, se a ação<br />

programada for produzir<br />

e apresentar uma peça<br />

teatral sobre as formas<br />

<strong>de</strong> prevenção contra<br />

a <strong>de</strong>ngue, o indicador<br />

po<strong>de</strong> ser o número<br />

<strong>de</strong> apresentações<br />

realizadas.<br />

Para cada ativida<strong>de</strong>, é preciso nomear o responsável, a pessoa que<br />

irá realizá-la efetivamente. No caso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma pessoa envolvida, <strong>de</strong>ve-<br />

-se fazer referência ao coor<strong>de</strong>nador da ativida<strong>de</strong>. O período <strong>de</strong> execução<br />

diz respeito ao t<strong>em</strong>po necessário ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>ve ser registrado sob a forma <strong>de</strong> datas. Por ex<strong>em</strong>plo: <strong>de</strong> 15/03/2011 à<br />

15/04/2011.<br />

5º Momento<br />

Acompanhamento e avaliação da programação operativa<br />

O processo <strong>de</strong> planejamento e programação requer um acompanhamento<br />

contínuo diante das modificações na conjuntura local, estadual e<br />

nacional e das próprias mudanças na realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>correntes da execução dos<br />

objetivos acordados entre atores sociais <strong>em</strong> situação.<br />

Para o acompanhamento e a execução da programação operativa,<br />

sugere-se a utilização <strong>de</strong> indicadores para medir<strong>em</strong> o grau <strong>de</strong> cumprimento<br />

das ações necessário para atingir os objetivos específicos.<br />

Para cada indicador, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar as fontes <strong>de</strong> verificação<br />

dos dados utilizados para a sua formulação, isto é, on<strong>de</strong> eles serão coletados<br />

(<strong>em</strong> relatórios, listas <strong>de</strong> frequência e outros); a periodicida<strong>de</strong> da coleta <strong>de</strong><br />

tais dados (s<strong>em</strong>anal, quinzenal, mensal etc.) e as diversas formas <strong>de</strong> divulgação<br />

dos resultados (murais, boletins, relatórios, apresentações <strong>em</strong> reuniões<br />

com a comunida<strong>de</strong>, Conselho <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

rádio, alto-falante, jornal local etc.). (FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004).<br />

18.2.4 Planejar e Intervir<br />

Como foi visto ao longo <strong>de</strong>ste texto, o processo <strong>de</strong> planejamento<br />

e programação local é parte do trabalho <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e acreditamos que todos<br />

os profissionais <strong>de</strong>ste setor <strong>de</strong>v<strong>em</strong> saber <strong>de</strong>senvolvê-lo junto à sua equipe <strong>de</strong><br />

trabalho, compartilhando todas as etapas para melhor aten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> às <strong>de</strong>mandas<br />

<strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong> sob os seus cuidados.<br />

(..) Para dar respostas efetivas, o planejamento da Vigilância <strong>em</strong><br />

Saú<strong>de</strong> necessita da participação ativa <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas e<br />

exige diálogo, negociação e pactos constantes entre os diferentes atores sociais<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado território para po<strong>de</strong>r atingir seus objetivos.<br />

Por essas singularida<strong>de</strong>s, diz<strong>em</strong>os que ele <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />

estratégico e situacional.<br />

Participativo porque inclui, dialoga e pactua com a comunida<strong>de</strong> e<br />

com outros atores locais interessados na melhoria das condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> daquela população e daquele território.<br />

Estratégico porque, a partir <strong>de</strong> uma análise contínua da realida<strong>de</strong>,<br />

avalia, a cada momento, as condições objetivas que se t<strong>em</strong> – força <strong>de</strong> trabalho,<br />

recursos financeiros, recursos materiais e recursos políticos – a fim <strong>de</strong><br />

ganhar po<strong>de</strong>r e alcançar os resultados <strong>de</strong>sejados.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 184 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Situacional porque vai buscar <strong>em</strong> cada ator – população, instituições<br />

locais, gestores, organizações sociais envolvidos com um probl<strong>em</strong>a – a<br />

sua opinião, o seu ponto <strong>de</strong> vista sobre o que po<strong>de</strong> estar contribuindo e condicionando<br />

aquela situação que se fez presente e quais as respostas possíveis<br />

que propõ<strong>em</strong> para solucioná-la.<br />

Atenção!<br />

O planejamento e a programação local vão facilitar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do trabalho <strong>em</strong> sua área <strong>de</strong> atuação, permitindo a integração dos<br />

serviços, favorecendo a integralida<strong>de</strong> das ações através <strong>de</strong> intervenções<br />

articuladas com uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> setores (intersetorialida<strong>de</strong>); com profissionais<br />

(multiprofissionalida<strong>de</strong>) e com conhecimento <strong>de</strong> origens diversas<br />

(interdisciplinarida<strong>de</strong>).<br />

18.3 Conclusão<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> planejamento e a prática solicitada<br />

é <strong>de</strong> fundamental importância para vocês cursistas, pois é o momento<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<strong>em</strong> o quanto é possível fazer após meses <strong>de</strong> estudo. A teoria<br />

é muito boa quando é colocada <strong>em</strong> prática, principalmente quando isso se<br />

reverte <strong>em</strong> melhoria da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada população, neste<br />

caso, da população dos territórios escolhidos por vocês.<br />

A experiência dos alunos do Proformar com essa ativida<strong>de</strong> foi surpreen<strong>de</strong>nte<br />

e, acredite, isto t<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> cinco anos, mas muitas comunida<strong>de</strong>s,<br />

até nos dias atuais, trabalham e buscam as suas melhorias baseadas<br />

nesse aprendizado.<br />

Resumo<br />

Na aula <strong>de</strong> hoje foi possível:<br />

• conceituar e <strong>de</strong>screver a importância do planejamento;<br />

• <strong>de</strong>screver por que o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />

estratégico e situacional;<br />

• elaborar a programação e o planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Atenção!<br />

Faça contato com o seus tutores e com o professor formador; eles<br />

irão orientá-los <strong>de</strong> modo que vocês compreendam a exata importânxia <strong>de</strong>sta<br />

etapa do trabalho, ajudando-os no conhecimento da situação que será<br />

i<strong>de</strong>ntificada, na <strong>de</strong>finição e formulação do que fazer, como fazer e do acompanhamento<br />

e avaliação das ações da programação operativa. Eles também<br />

ajudarão vocês na organização do material a ser usado no s<strong>em</strong>inário on<strong>de</strong><br />

vocês apresentarão os resultados.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 185<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />

1) O que é planejamento?<br />

2) Falso (F) ou Verda<strong>de</strong>iro (V).<br />

( ) Situação é um conjunto <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as e/ou necessida<strong>de</strong>s tais como são<br />

compreendidos a partir da perspectiva dos atores sociais interessados <strong>em</strong><br />

intervir sobre um <strong>de</strong>terminado recorte da realida<strong>de</strong>.<br />

( ) Probl<strong>em</strong>a é algo consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> para<br />

os atores sociais que estão analisando a situação.<br />

( ) Ator social po<strong>de</strong> ser uma pessoa, um agrupamento humano ou uma<br />

instituição que, <strong>de</strong> forma transitória ou permanente, é capaz <strong>de</strong> agir, produzindo<br />

fatos <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação ou realida<strong>de</strong>.<br />

Trabalho <strong>em</strong> grupo 2.<br />

Agora, <strong>em</strong> grupo, você <strong>de</strong>ve fazer as oficinas para o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />

do seu território. Sei que cada um t<strong>em</strong> um território <strong>de</strong>senhado, mas discuta<br />

entre vocês e veja <strong>em</strong> qual irão <strong>de</strong>senvolver esse trabalho.<br />

As planilhas encontram-se <strong>em</strong> anexo ao material impresso.<br />

L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que o grupo <strong>de</strong>ve ser formado <strong>de</strong>, no máximo, seis pessoas, e<br />

o resultado <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser apresentado no s<strong>em</strong>inário, no momento<br />

presencial, valendo pontos.<br />

Vocês já têm bastantes informações a respeito do TERRITÓRIO, não é verda<strong>de</strong>?<br />

Agora, é só colocar <strong>em</strong> prática o que apren<strong>de</strong>u até aqui.<br />

Qualquer dúvida, não se esqueça <strong>de</strong> que têm os TUTORES e o PROFESSOR<br />

FORMADOR para orientá-los.<br />

Bom Trabalho!<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 186 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


Referências<br />

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– Finalida<strong>de</strong>s e Objetivos 4. Alfabetização (<strong>Educação</strong> <strong>de</strong> Adultos) 5. Sociologia<br />

Educacional Faun<strong>de</strong>z, Antonio II. Título III. Série.<br />

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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


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Adaptação Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima. 1995.<br />

IÑIGUEZ e BARCELLOS, Luisa Iñguez Rojas e Christovam Barcellos. O território<br />

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OMS. Relatório da 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>,<br />

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PALEMIRA, Guido et... al. Informação e diagnóstico <strong>de</strong> situação. Escola Politécnica<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Joaquim Venâncio (org). Rio <strong>de</strong> Janeiro: FIOCRUZ/EPSJV<br />

PROFORMAR, 2004. 127 P. : il – (Série : Material didático do Programa <strong>de</strong> Formação<br />

<strong>de</strong> Agentes Locais <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>). Texto 1: Processo saú<strong>de</strong>-<br />

-doença e a produção <strong>de</strong> social da saú<strong>de</strong>. Texto 2: Informação e diagnóstico<br />

<strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

1º Curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional <strong>de</strong> agentes locais <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Módulo 5.<br />

ISBN 85-98768-098-1<br />

1. Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. 2 Processo saú<strong>de</strong>-doença. Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informação <strong>em</strong><br />

saú<strong>de</strong>. I. Pal<strong>em</strong>ira, Guido. II.Ortiz, Maria Luíza. III.Iñguez Rojas, Luiza. IV.<br />

Gondim, Grácia Maria <strong>de</strong> Miranda. V. Santos, Simone M. VI. Barcellos, Christovam.<br />

VII. Soares, Márcia. VIII. Título. IX . Série.<br />

CDD362.10425<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 188 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


RODRIGUES, Carlúcia Maria R. e Lima. Dicas para uma apresentação eficaz.<br />

Adaptação: extraído do material organizado pela Profª. Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg,<br />

baseado nos originais elaborados pelos Professores Carlos Alexandre<br />

Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo. MG, 1997.<br />

ROZEMBERG, Brani et...al. <strong>Educação</strong> e ação comunicativa. Escola Politécnica<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Joaquim Venâncio (Org.) – Rio <strong>de</strong> Janeiro: FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />

PRRROFORMAR, 2004. p:128 il. – (Série: Material didático do Programa <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> agentes locais <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>). Textos 1: Comunicação<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Texto 2 <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>: compromisso e prática do agente <strong>de</strong><br />

vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

1º Curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Módulo 7.<br />

85-98768-10-3<br />

1. Vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. 2. Comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. 3. <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

4. Trabalho <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />

I. Roz<strong>em</strong>berg, Brani. II. Xavier, Caco. III. Fonseca, Angélica Ferreira. IV. Pereira,<br />

Isabel Brasil. V. Morosini, Márcia Valéria Guimarães Cardoso. VI. Título.<br />

VII. Série.<br />

<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 189<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Currículo do professor conteudista<br />

Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />

Formado <strong>em</strong> Administração Pública pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Montes<br />

Claros – <strong>Unimontes</strong>;<br />

Graduado <strong>em</strong> Administração - habilitação <strong>em</strong> Gestão <strong>de</strong> Negócios - Faculda<strong>de</strong>s<br />

Santo Agostinho;<br />

Pós Graduação <strong>em</strong> Gestão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública - Faculda<strong>de</strong> do Noroeste <strong>de</strong> Minas<br />

– Finom<br />

Especialista <strong>em</strong> Segurança Alimentar Nutricional para a Saú<strong>de</strong> Indígena – Escola<br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública- ENSP/Fiocruz, RJ.<br />

Funcionário Público Fe<strong>de</strong>ral – ingressou na Superintendência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública<br />

(SUCAM) <strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 1984 <strong>em</strong> Bom Jesus da Lapa Bahia, transferiu-se<br />

par o Distrito Sanitário da Sucam <strong>em</strong> Montes Claros-MG., <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 1994.<br />

Atuou na Gerencia Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (GRS) <strong>de</strong> Montes Claros no período <strong>de</strong><br />

2000 a 2003 on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nou o Programa <strong>de</strong> Controle da Dengue e implantou<br />

o Programa <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na GRS e municípios<br />

<strong>de</strong> sua jurisdição.<br />

Retornou ao setor <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

Coor<strong>de</strong>nação Regional <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>em</strong> 2003, hoje Superintendência Estadual,<br />

on<strong>de</strong> atua no Setor <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Ambiental.<br />

Professor Conteudista e Professor Formador do Curso <strong>de</strong> Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />

<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> - E-tec Brasil – Uimontes.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 190 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>


e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 192 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>

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