Fundamentos de Educação em Saúde - CEAD - Unimontes
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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />
Escola Técnica Aberta do Brasil<br />
Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
Ministério da<br />
<strong>Educação</strong>
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />
Escola Técnica Aberta do Brasil<br />
Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
Montes Claros - MG<br />
2011
Presidência da República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil<br />
Ministério da <strong>Educação</strong><br />
Secretaria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distância<br />
Ministro da <strong>Educação</strong><br />
Fernando Haddad<br />
Secretário <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distância<br />
Carlos Eduardo Bielschowsky<br />
Coor<strong>de</strong>nadora Geral do e-Tec Brasil<br />
Iracy <strong>de</strong> Almeida Gallo Ritzmann<br />
Governador do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />
Antônio Augusto Junho Anastasia<br />
Secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia<br />
e Ensino Superior<br />
Alberto Duque Portugal<br />
Reitor<br />
João dos Reis Canela<br />
Vice-Reitora<br />
Maria Ivete Soares <strong>de</strong> Almeida<br />
Pró-Reitora <strong>de</strong> Ensino<br />
Anette Marília Pereira<br />
Diretor <strong>de</strong> Documentação e Informações<br />
Huagner Cardoso da Silva<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Ensino Profissionalizante<br />
Edson Crisóstomo dos Santos<br />
Diretor do Centro <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Profissonal e<br />
Tecnólogica - CEPT<br />
Juventino Ruas <strong>de</strong> Abreu Júnior<br />
Diretor do Centro <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> à Distância<br />
- <strong>CEAD</strong><br />
Jânio Marques Dias<br />
Coor<strong>de</strong>nadora do e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />
Rita Tavares <strong>de</strong> Mello<br />
Coor<strong>de</strong>nadora Adjunta do e-Tec Brasil/<br />
CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />
Eliana Soares Barbosa Santos<br />
Coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> Cursos:<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Agronegócio<br />
Augusto Guilherme Dias<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Comércio<br />
Carlos Alberto Meira<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Meio<br />
Ambiente<br />
Edna Helenice Almeida<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Informática<br />
Fre<strong>de</strong>rico Bida <strong>de</strong> Oliveira<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong><br />
Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Simária <strong>de</strong> Jesus Soares<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Curso Técnico <strong>em</strong> Gestão<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Zaida Ângela Marinho <strong>de</strong> Paiva Crispim<br />
FUNDAMENTOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />
Elaboração<br />
Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
Projeto Gráfico<br />
e-Tec/MEC<br />
Supervisão<br />
Wen<strong>de</strong>ll Brito Mineiro<br />
Diagramação<br />
Hugo Daniel Duarte Silva<br />
Marcos Aurélio <strong>de</strong> Almeida e Maia<br />
Impressão<br />
Gráfica RB Digital<br />
Designer Instrucional<br />
Angélica <strong>de</strong> Souza Coimbra Franco<br />
Kátia Vanelli Leonardo Gue<strong>de</strong>s Oliveira<br />
Revisão<br />
Maria Ieda Almeida Muniz<br />
Patrícia Goulart Tondineli<br />
Rita <strong>de</strong> Cássia Silva Dionísio<br />
L732f Lima, Joaquim Francisco <strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima. – Montes<br />
Claros : <strong>Unimontes</strong>, 2011.<br />
190 p. : il. ; 21 x 30 cm.<br />
Ca<strong>de</strong>rno didático e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> do Curso Técnico Vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong>.<br />
Bibliografia: p. 187-189<br />
ISBN 978-85-7739-262-9<br />
1. Ensino técnico. 2. Promoção da saú<strong>de</strong>. 3. Saú<strong>de</strong> - Planejamento. 4. Recursos<br />
audiovisuais. I. Escola Técnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil. II. Centro <strong>de</strong> Ensino<br />
Médio e Fundamental - CEMF. III. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Montes Claros - <strong>Unimontes</strong>.<br />
V. Título.<br />
CDD 373.246
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Apresentação e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />
Prezado estudante,<br />
B<strong>em</strong>-vindo ao e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong>!<br />
Você faz parte <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> nacional pública <strong>de</strong> ensino, a Escola<br />
Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro<br />
2007, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar o acesso ao ensino técnico público,<br />
na modalida<strong>de</strong> a distância. O programa é resultado <strong>de</strong> uma parceria entre<br />
o Ministério da <strong>Educação</strong>, por meio das Secretarias <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a Distancia<br />
(SEED) e <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Profissional e Tecnológica (SETEC), as universida<strong>de</strong>s e<br />
escola técnicas estaduais e fe<strong>de</strong>rais.<br />
A educação a distância no nosso país, <strong>de</strong> dimensões continentais e<br />
gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> regional e cultural, longe <strong>de</strong> distanciar, aproxima as pessoas<br />
ao garantir acesso à educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e promover o fortalecimento<br />
da formação <strong>de</strong> jovens moradores <strong>de</strong> regiões distantes, geograficamente<br />
ou economicamente, dos gran<strong>de</strong>s centros.<br />
O e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong> leva os cursos técnicos a locais distantes<br />
das instituições <strong>de</strong> ensino e para a periferia das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, incentivando<br />
os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas<br />
instituições públicas <strong>de</strong> ensino e o atendimento ao estudante é realizado <strong>em</strong><br />
escolas-polo integrantes das re<strong>de</strong>s públicas municipais e estaduais.<br />
O Ministério da <strong>Educação</strong>, as instituições públicas <strong>de</strong> ensino técnico,<br />
seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação<br />
profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica,<br />
– não só é capaz <strong>de</strong> promover o cidadão com capacida<strong>de</strong>s para produzir, mas<br />
também com autonomia diante das diferentes dimensões da realida<strong>de</strong>: cultural,<br />
social, familiar, esportiva, política e ética.<br />
Nós acreditamos <strong>em</strong> você!<br />
Desejamos sucesso na sua formação profissional!<br />
Ministério da <strong>Educação</strong><br />
Janeiro <strong>de</strong> 2010<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
3<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Indicação <strong>de</strong> ícones<br />
Os ícones são el<strong>em</strong>entos gráficos utilizados para ampliar as formas<br />
<strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e facilitar a organização e a leitura hipertextual.<br />
Atenção: indica pontos <strong>de</strong> maior relevância no texto.<br />
Saiba mais: oferece novas informações que enriquec<strong>em</strong> o assunto ou<br />
“curiosida<strong>de</strong>s” e notícias recentes relacionadas ao t<strong>em</strong>a estudado.<br />
Glossário: indica a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um termo, palavra ou expressão utilizada<br />
no texto.<br />
Mídias integradas: possibilita que os estudantes <strong>de</strong>senvolvam ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>em</strong>pregando diferentes mídias: ví<strong>de</strong>os, filmes, jornais, ambiente AVEA e<br />
outras.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>: apresenta ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> diferentes níveis<br />
<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu<br />
domínio do t<strong>em</strong>a estudado.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
5<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Sumário<br />
Palavra do professor conteudista ........................................... 11<br />
Projeto instrucional ........................................................... 13<br />
Aula 1 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Evolução histórica ....................... 19<br />
1.1 Introdução ............................................................ 19<br />
1.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 19<br />
1.3 Conclusão ............................................................ 30<br />
Resumo ................................................................... 30<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 31<br />
Aula 2 - O território do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/Mapa/croqui 33<br />
2.1 Introdução ........................................................... 33<br />
2.2 Desenvolvimento ................................................... 34<br />
2.3 Conclusão ............................................................ 38<br />
Resumo ................................................................... 39<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 39<br />
Aula 3 – Território, conceitos/<strong>de</strong>finições ................................... 41<br />
3.1 Introdução ........................................................... 41<br />
3.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 41<br />
3.3 Conclusão ............................................................ 47<br />
Resumo ................................................................... 47<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 48<br />
Aula 4 – Processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> ................................ 51<br />
4.1 Introdução ........................................................... 51<br />
4.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 51<br />
4.3 Conclusão ............................................................ 54<br />
Resumo ................................................................... 55<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 55<br />
Aula 5 - Fatores pedagógicos/ as opções pedagógicos ................... 57<br />
5.1 Introdução ........................................................... 57<br />
5.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 58<br />
5.3 Conclusão ............................................................ 65<br />
Resumo ................................................................... 65<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 66<br />
Aula 6 – Do processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong> ensinar .......................... 67<br />
6.1 Introdução ........................................................... 67<br />
6.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 67<br />
6.3 Conclusão ............................................................ 75<br />
Resumo ................................................................... 75<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 75<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
7<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Aula 7 - Os quatros pilares da educação ................................... 77<br />
7.1 Introdução ............................................................ 77<br />
7.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 77<br />
7.3 Conclusão ............................................................ 79<br />
Resumo ................................................................... 79<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................... 80<br />
Aula 8 – <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ................................................. 81<br />
8.1 Introdução ........................................................... 81<br />
8.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 81<br />
8.3 Conclusão ............................................................ 88<br />
Resumo ................................................................... 88<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 89<br />
Aula 9 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção da saú<strong>de</strong> ...................... 91<br />
9.1 Introdução ............................................................ 91<br />
9.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ....................... 92<br />
9.3 Conclusão ............................................................ 95<br />
Resumo ................................................................... 95<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 96<br />
Aula 10 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e a promoção à saú<strong>de</strong>/ Declaração <strong>de</strong><br />
Jacarta .......................................................................... 99<br />
10.1 Introdução .......................................................... 99<br />
10.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................100<br />
10.3 Conclusão ..........................................................105<br />
Resumo ..................................................................106<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .........................................107<br />
Aula 11 - <strong>Educação</strong> e ação comunicativa ..................................109<br />
11.1 Introdução .........................................................109<br />
11.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 110<br />
11.3 Conclusão .......................................................... 121<br />
Resumo .................................................................. 121<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 121<br />
Aula 12 - Como as relações humanas ajudam no trabalho do Técnico<br />
<strong>de</strong> Vigilância .................................................................123<br />
12.1 Introdução ......................................................... 123<br />
12.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................123<br />
12.3 Conclusão .......................................................... 127<br />
Resumo .................................................................. 127<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ......................................... 127<br />
Aula 13 - Material Didático - Recursos audiovisuais ..................... 129<br />
13.1 Introdução ......................................................... 129<br />
13.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 129<br />
13.3 Conclusão .......................................................... 133<br />
Resumo .................................................................. 133<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................ 133<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 8 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Aula 14 - Material Didático – Cartilhas, cartazes e álbum seriado ..... 135<br />
14.1 Introdução ......................................................... 135<br />
14.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 135<br />
14.3 Conclusão .......................................................... 141<br />
Resumo .................................................................. 141<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> .......................................... 141<br />
Aula 15 - Técnica <strong>de</strong> apresentação ........................................ 143<br />
15.1 Introdução ......................................................... 143<br />
15.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................144<br />
15.3 Conclusão .........................................................146<br />
Resumo ..................................................................146<br />
Aula 16 - Técnicas educativas .............................................. 147<br />
16.1 Introdução ......................................................... 147<br />
16.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais .....................148<br />
16.3 Conclusão .......................................................... 163<br />
Resumo .................................................................. 163<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ........................................ 163<br />
Aula 17 - Diagnóstico <strong>de</strong> situação / informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ............. 165<br />
17.1 Introdução ......................................................... 165<br />
17.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 167<br />
17.3 Conclusão ..........................................................173<br />
Resumo ..................................................................173<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ......................................... 174<br />
Aula 18 - Planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e práticas locais .....................175<br />
18.1 Introdução .........................................................175<br />
18.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais ..................... 176<br />
18.3 Conclusão ..........................................................185<br />
Resumo ..................................................................185<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ..........................................186<br />
Referências ....................................................................187<br />
Currículo do professor conteudista ........................................190<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 9<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Palavra do professor conteudista<br />
Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, das Escolas Técnicas<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – ET-SUS -, seja b<strong>em</strong>-vindo! Estamos iniciando a disciplina <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, que terá duração <strong>de</strong> 53 horas <strong>de</strong> estudo<br />
individual e 10 horas <strong>de</strong> estudo <strong>em</strong> grupo encontros presenciais e estágio que<br />
acontecerá <strong>em</strong> conjunto com as <strong>de</strong>mais disciplinas. Mesmo sendo um curso<br />
a distância, você estará apoiado pelo professor formador e pelos tutores<br />
(presenciais e a distância) na construção <strong>de</strong> conhecimentos, num processo<br />
<strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Muitas informações pertinentes serão trocadas ao longo <strong>de</strong>ste curso.<br />
Digo informações trocadas porque cada um chegou até aqui com um<br />
arcabouço <strong>de</strong> conhecimentos e vivências dos t<strong>em</strong>as que serão abordados<br />
e discutidos neste período. Como dizia o educador Paulo Freire, “ninguém<br />
sabe tudo e ninguém é totalmente uma tábua rasa”. Será possível juntar<br />
conhecimentos e sist<strong>em</strong>atizá-los para que, ao final <strong>de</strong>sta etapa, eles possam<br />
ser ampliados.<br />
O Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, nesse novo modo <strong>de</strong> fazer saú<strong>de</strong><br />
que nós quer<strong>em</strong>os construir, não está pronto e não vai ficar pronto no final<br />
<strong>de</strong>ste curso, ele vai se construir no processo. Nesta medida, é fundamental<br />
dimensionar <strong>de</strong> que maneira você, como profissional, se insere no contexto<br />
<strong>de</strong> sua atuação <strong>em</strong> relação ao sucesso da promoção e da manutenção da<br />
saú<strong>de</strong> nos ambientes <strong>em</strong> que atuará. Por isso, quero convidá-lo a aproveitar<br />
ao máximo cada uma das aulas <strong>de</strong>sta disciplina, através da leitura e da feitura<br />
<strong>de</strong> cada uma das ativida<strong>de</strong>s, pois “os objetivos da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
são <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver nas pessoas o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pela sua própria<br />
saú<strong>de</strong> e pela saú<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> a qual pertençam e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar<br />
da vida comunitária <strong>de</strong> uma maneira construtiva” (Declaração OMS e<br />
do Scientific group on research in health education - Grupo científico sobre<br />
pesquisa <strong>em</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>).<br />
Portanto é momento <strong>de</strong> aproveitar o curso para conhecer melhor a<br />
história da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, discutir sobre território e sua importância<br />
no processo-saú<strong>de</strong>-doença, analisando-o criticamente; aprofundar os estudos<br />
sobre o processo-ensino-aprendizag<strong>em</strong> e fatores pedagógicos que po<strong>de</strong>m<br />
orientar as ações educativas; analisar a importância da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
e ação comunicativa na promoção da saú<strong>de</strong>; estudar técnicas para o <strong>de</strong>spertar<br />
da comunida<strong>de</strong> e as técnicas educativas viáveis ao trabalho do Técnico<br />
<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, bom como, conhecer e <strong>de</strong>senvolver as técnicas <strong>de</strong><br />
diagnóstico e <strong>de</strong> planejamento situacional e participativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Boa Sorte e Bom Trabalho a todos e todas.<br />
Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
11<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Projeto instrucional<br />
Disciplina: <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (carga horária:<br />
63h. Estudo individual 53 horas e 10 horas estudo <strong>em</strong> grupo).<br />
Ementa: <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, das ciências sociais, <strong>de</strong><br />
meio ambiente; conceitos <strong>de</strong> território, do processo saú<strong>de</strong> e doença, indicadores<br />
sociais; informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>,<br />
a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e ação comunicativa na promoção da saú<strong>de</strong>; material<br />
didático e recursos audiovisuais, técnicas educativas; diagnóstico, planejamento<br />
e programação das ações <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS.<br />
AULA OBJETIVOS DE<br />
APRENDIZAGEM<br />
Aula 1.<br />
<strong>Educação</strong><br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> /<br />
Evolução<br />
histórica<br />
Aula 2.<br />
O território<br />
do Técnico <strong>de</strong><br />
Vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong>-Mapa/<br />
croqui.<br />
1. <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong><br />
implantação da educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong> no Brasil;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar os primeiros<br />
objetivos da educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar os dois<br />
eventos internacionais que<br />
influenciaram na educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>;<br />
4. <strong>de</strong>screver as diferenças<br />
das nomenclaturas, educação<br />
sanitária e educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar a área geográfica<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>;<br />
2. localizar limites, objetos<br />
construídos e naturais;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar as organizações<br />
que compõ<strong>em</strong> o território;<br />
4. diferenciar um croqui <strong>de</strong><br />
outros mapas, principalmente<br />
do mapa com formato digital.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
MATERIAIS CARGA<br />
HORÁRIA<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Régua <strong>de</strong> 30cm,<br />
lápis preto<br />
e colorido,<br />
borracha,<br />
cola branca,<br />
hidrocor, folha<br />
<strong>de</strong> papel <strong>em</strong><br />
branco ou<br />
quadriculado.<br />
2h<br />
4h<br />
13<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Aula 3.<br />
Território<br />
Aula 4.<br />
Processo<br />
<strong>de</strong> ensinoaprendizag<strong>em</strong><br />
Aula 5. Fatores<br />
pedagógicos/<br />
as opções<br />
pedagógicos<br />
Aula 6.<br />
Do processo<br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />
ao <strong>de</strong> ensinar<br />
1. conceituar território;<br />
2. <strong>de</strong>screver as diversas coisas<br />
existentes no território que<br />
são usadas para facilitar a sua<br />
vida e a das pessoas;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar os objetos e as<br />
organizações que faz<strong>em</strong> parte<br />
do território e as ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>senvolvidas por estas;<br />
4. distinguir os sist<strong>em</strong>as fluxos<br />
e fixos e a relação <strong>de</strong>stes com<br />
o processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s<br />
que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua<br />
localida<strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong><br />
ensinar, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve esse<br />
papel e quais os conteúdos/<br />
assuntos que são ensinados;<br />
2. <strong>de</strong>spertar para o novo<br />
conceito <strong>de</strong> ensinar;<br />
3. distinguir a relação entre<br />
apren<strong>de</strong>r e ensinar.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar as três correntes<br />
pedagógicas mais comumente<br />
presentes no cotidiano e suas<br />
implicações para o indivíduo e<br />
para a socieda<strong>de</strong>;<br />
2. comparar os fatores<br />
pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas <strong>de</strong>senvolvidas no<br />
seu território e a melhor que<br />
se adéque às suas ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar as possíveis<br />
consequências para o<br />
indivíduo e a socieda<strong>de</strong><br />
quando uma das pedagogias<br />
é exercida <strong>de</strong> maneira<br />
dominante durante um<br />
período prolongado.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar os dois<br />
el<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong><br />
(um sujeito que apren<strong>de</strong> e um<br />
objeto que é aprendido);<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
assimilação lógico-abstratos,<br />
lógico-concretos, preceptores<br />
e esqu<strong>em</strong>as sensoriais<br />
motores.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Régua <strong>de</strong> 30cm,<br />
lápis preto<br />
e colorido,<br />
borracha,<br />
cola branca e<br />
hidrocor.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 14 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
4h<br />
2h<br />
3h<br />
4h
Aula 7. Os<br />
quatros pilares<br />
da educação<br />
Aula 8.<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong><br />
Aula 9.<br />
<strong>Educação</strong><br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
promoção da<br />
saú<strong>de</strong>.<br />
Aula 10.<br />
<strong>Educação</strong><br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
a promoção<br />
à saú<strong>de</strong>/<br />
Declaração <strong>de</strong><br />
Jacarta<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar os quatros<br />
pilares da educação e<br />
conceituar cada um <strong>de</strong>les;<br />
2. <strong>de</strong>screver os procedimentos<br />
didáticos que po<strong>de</strong>m ser<br />
adotados a partir dos quatro<br />
pilares;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar essas pr<strong>em</strong>issas<br />
<strong>de</strong>ntro do território e<br />
nos atores sociais que<br />
<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma<br />
forma, ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar e conceituar<br />
educação, saú<strong>de</strong> e educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
2. <strong>de</strong>screver as três etapas<br />
da educação profissional/<br />
educação institucionalizada<br />
ou não;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os<br />
meios pelos quais a situação<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida.<br />
1. conceituar promoção da<br />
saú<strong>de</strong>;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar o papel da<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na<br />
promoção da saú<strong>de</strong>;<br />
3. conceituar o agir educativo;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar os <strong>de</strong>terminantes<br />
da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> atuação;<br />
5. i<strong>de</strong>ntificar as ações <strong>de</strong><br />
promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu<br />
território.<br />
1. <strong>de</strong>senvolver trabalho <strong>em</strong><br />
grupo;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar as políticas<br />
públicas saudáveis<br />
<strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntro do seu território,<br />
como a criação <strong>de</strong> meio<br />
ambientes que proteja a<br />
saú<strong>de</strong>, o fortalecimento<br />
da ação comunitária,<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong>s pessoais e a<br />
reorientação dos serviços <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Papel ofício,<br />
caneta<br />
esferográfica,<br />
outros.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 15<br />
2h<br />
3h<br />
3h<br />
2h<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Aula 11.<br />
<strong>Educação</strong><br />
e ação<br />
comunicativa.<br />
Aula 12.<br />
Relações<br />
humanas<br />
ajudam no<br />
trabalho.<br />
Aula 13.<br />
Material<br />
Didático -<br />
Recursos<br />
audiovisuais<br />
Aula 14.<br />
Material<br />
Didático –<br />
Cartilhas,<br />
cartazes e<br />
álbum seriado.<br />
1. conceituar a comunicação;<br />
2. <strong>de</strong>screver os vários tipos <strong>de</strong><br />
comunicação;<br />
3. citar o passo a passo da<br />
comunicação da social;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar mo<strong>de</strong>los e<br />
abordagens na comunicação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
5. refletir sobre o papel do<br />
Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong> na sua área <strong>de</strong> atuação.<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar os<br />
comportamentos que po<strong>de</strong>m<br />
criar barreiras ou bloqueios<br />
nas ativida<strong>de</strong>s com a<br />
comunida<strong>de</strong>/população;<br />
2. refletir sobre as suas<br />
atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> relação ao<br />
trabalho com a população;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar como as relações<br />
humanas po<strong>de</strong>m influenciar<br />
no trabalho do Técnico <strong>de</strong><br />
Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
1. conceituar material<br />
didático;<br />
2. <strong>de</strong>screver a classificação<br />
e os objetivos dos materiais<br />
didáticos;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar espaços<br />
privilegiados para a educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e construir<br />
estratégias <strong>de</strong> atuação<br />
a<strong>de</strong>quadas para o seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar materiais<br />
didáticos a<strong>de</strong>quados às suas<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />
5. produzir e usar<br />
a<strong>de</strong>quadamente os<br />
audiovisuais.<br />
1. <strong>de</strong>screver a classificação<br />
e os objetivos dos materiais<br />
didáticos apresentados;<br />
2. discorrer críticas aos<br />
materiais impressos;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar materiais<br />
didáticos a<strong>de</strong>quados às suas<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />
4. <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s na<br />
confecção <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Fol<strong>de</strong>r, folhetos,<br />
panfletos, lápis<br />
colorido, lápis<br />
preto, borracha<br />
e papel<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Cartazes,<br />
cartilhas, álbum<br />
seriado,lápis<br />
colorido, lápis<br />
preto, borracha,<br />
papel kraft e<br />
papel ofício<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 16 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
3h<br />
2h<br />
3h<br />
3h
Aula 15.<br />
Técnica <strong>de</strong><br />
apresentação<br />
Aula 16.<br />
TÉCNICAS<br />
EDUCATIVAS<br />
(Contato,<br />
visita<br />
domiciliar,<br />
diagnóstico,<br />
reunião,<br />
palestra,<br />
dramatização<br />
e <strong>de</strong>mons-<br />
tração.)<br />
Aula 17.<br />
Diagnóstico<br />
<strong>de</strong> situação /<br />
informação.<br />
Aula 18.<br />
Planejamento<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
e práticas<br />
locais.<br />
1. <strong>de</strong>stacar ou <strong>de</strong>screver as<br />
dicas, para uma apresentação<br />
eficaz, que achou mais<br />
importante para ser<strong>em</strong> usadas<br />
<strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar<br />
comportamentos ina<strong>de</strong>quados<br />
<strong>em</strong> uma apresentação;<br />
3. procurar <strong>de</strong>senvolver<br />
apresentações buscando<br />
s<strong>em</strong>pre os comportamentos<br />
a<strong>de</strong>quados.<br />
1. conceituar as diversas<br />
técnicas educativas;<br />
2. <strong>de</strong>screver as formas <strong>de</strong><br />
contato;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar a importância<br />
das técnicas educativas para a<br />
comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar e listar os passos<br />
para a execução das técnicas<br />
apresentadas;<br />
5. <strong>de</strong>screver os objetivos<br />
<strong>de</strong>ssas técnicas educativas;<br />
6. elaborar uma pauta <strong>de</strong> uma<br />
reunião.<br />
1. conceituar o processo<br />
saú<strong>de</strong>-doença;<br />
2. diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo<br />
Unicausal ou se Causa Única<br />
dos <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver<br />
os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
informação utilizados <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>.<br />
1. conceituar e <strong>de</strong>screver a<br />
importância do planejamento;<br />
2. <strong>de</strong>screver por que o<br />
planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />
ser participativo, estratégico e<br />
situacional;<br />
3. elaborar a programação, o<br />
planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
do seu território.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
apostila e<br />
ambiente<br />
virtual.<br />
Computador,<br />
ví<strong>de</strong>o, apostila<br />
e ambiente<br />
virtual.<br />
Papel Kraft,<br />
pincel atômico,<br />
lápis colorido e<br />
outros<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 17<br />
2h<br />
6h<br />
4h<br />
4h<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 1 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> / Evolução<br />
histórica<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, você possa <strong>de</strong>screver o processo histórico da<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no Brasil.<br />
Objetivos<br />
Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />
1. <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong> implantação da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no<br />
Brasil;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar os primeiros objetivos da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar os dois eventos internacionais que influenciaram na<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
4. <strong>de</strong>screver as diferenças das nomenclaturas, educação sanitária<br />
e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
1.1 Introdução<br />
Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, seja b<strong>em</strong> vindo a primeira<br />
aula <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é<br />
parte da saú<strong>de</strong> pública, portanto, quando estudamos esta disciplina <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />
levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração cada época e suas tendências <strong>de</strong>ntro da medicina e<br />
ou dos serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Antes <strong>de</strong> fazer qualquer juízo <strong>de</strong> valor<br />
é bom conhecer cada período, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> do higienista aos dias atuais. Pois a<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é dirigida para atuar sobre o conhecimento das pessoas,<br />
para que elas <strong>de</strong>senvolvam senso crítico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção sobre<br />
suas vidas e da coletivida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como sobre o ambiente com o qual interag<strong>em</strong>,<br />
criando condições para a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
Para enten<strong>de</strong>rmos melhor a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, vamos conhecer a<br />
evolução da sua história como disciplina <strong>de</strong> ensino e serviços, pois, como qualquer<br />
um <strong>de</strong> nós ou <strong>de</strong> qualquer lugar, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> t<strong>em</strong> a sua história.<br />
1.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
1.2.1 A orig<strong>em</strong> da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> - 1925<br />
Segundo Nelly Martins Ferreira Can<strong>de</strong>ias, do Departamento <strong>de</strong> Prática<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo -, <strong>em</strong> 1922, os serviços estaduais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública passaram a <strong>de</strong>sen-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
19<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
volver ativida<strong>de</strong>s inovadoras <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da atuação <strong>de</strong> GERALDO HO-<br />
RÁCIO DE PAULA SOUZA, diretor do Instituto <strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina <strong>de</strong> São Paulo. Ele também era responsável pela direção geral do<br />
Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública do Estado. Motivo pelo qual passou a se <strong>em</strong>penhar<br />
no estudo da organização do órgão que dirigia para, <strong>em</strong> 1925, propor a reestruturação<br />
global <strong>de</strong>ssa repartição estadual.<br />
Suas i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ser assim resumidas:<br />
• a <strong>de</strong>sinfecção terminal, símbolo <strong>de</strong> antiquada tendência, <strong>de</strong>veria<br />
<strong>de</strong>saparecer com todo o seu obsoleto material, por ser<br />
<strong>de</strong>snecessária e por não se fundamentar <strong>em</strong> nenhuma medida<br />
científica;<br />
• a ação sanitária local <strong>de</strong>veria realizar-se mediante um único órgão<br />
local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, o centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, criado, pela primeira<br />
vez, no Brasil e na América Latina;<br />
• o centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veria ser visto como um órgão estático<br />
à espera apenas <strong>de</strong> doentes ou <strong>de</strong> suspeitos interessados<br />
<strong>em</strong> procurá-lo. Esperava-se que sua ação fosse dinâmica, indo à<br />
procura <strong>de</strong> todos os m<strong>em</strong>bros da coletivida<strong>de</strong>, sãos, suspeitos ou<br />
doentes;<br />
• a política sanitária não po<strong>de</strong>ria ficar a gosto dos antigos dirigentes<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, <strong>de</strong>veria ser colocada <strong>em</strong> situação secundária,<br />
sendo utilizada como medicação excepcional. A população<br />
<strong>de</strong>veria assimilar os preceitos necessários <strong>de</strong> higiene individual<br />
através da educação sanitária.<br />
1.2.1.1 A reforma do Código Sanitário<br />
A reforma do Código Sanitário, <strong>de</strong>corrente do Decreto 3.876, <strong>de</strong> 11<br />
<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1925, aprovado e submetido à modificação pela Lei 2121, <strong>de</strong> 30<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong>sse mesmo ano, <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a um auxiliar, <strong>de</strong> nível médio,<br />
explícito nas referidas formulações. Entre outras inovações, propôs a criação<br />
da Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e <strong>de</strong> Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, e a inclusão <strong>de</strong><br />
Curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária no Instituto <strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
<strong>de</strong> São Paulo. N<strong>em</strong> todos viram com bons olhos a proposta <strong>de</strong> inclusão<br />
do novo auxiliar no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong>. Ao contrário, muitos a<br />
consi<strong>de</strong>raram como “fantasia teórica”.<br />
De acordo com o Decredto 3.876, cabia à Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />
Sanitária ‘’promover a formação da consciência sanitária da população <strong>em</strong><br />
geral”. A expressão fora infeliz, pois, por ‘’consciência sanitária”, se compreendia,<br />
na época, a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> conhecimentos na área da saú<strong>de</strong>, a<br />
que se <strong>de</strong>nominava, também, <strong>de</strong> “educação higiênica”. De acordo com Paula<br />
Souza, a educação sanitária <strong>de</strong>veria se <strong>de</strong>senvolver com toda a generalida<strong>de</strong><br />
possível e pelos processos mais práticos, <strong>de</strong> modo a impressionar e convencer<br />
os educandos a implantar hábitos <strong>de</strong> higiene. Dirigia-se ao indivíduo,<br />
isoladamente, ou a grupos, se conviesse, sendo <strong>de</strong>senvolvida nos Centros <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> visitas domiciliares, <strong>em</strong> estabelecimentos escolares, hospitalares<br />
e fabris, entre outros.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 20 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Além da ina<strong>de</strong>quada utilização, da expressão “consciência sanitária”,<br />
algumas das apreciações a respeito do papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> da<br />
época eram, <strong>de</strong> fato, questionáveis, pois os custosos aparelhamentos s<strong>em</strong>pre<br />
formados <strong>de</strong> Higiene Pública, mantidos pelos governos, consumindo verbas<br />
consi<strong>de</strong>ráveis s<strong>em</strong> proveito apreciável, as inovações e arr<strong>em</strong>edos introduzidos<br />
s<strong>em</strong> critérios e as adaptações forçadas que não levaram <strong>em</strong> conta o meio<br />
e os hábitos do nosso povoserviram, entretanto, para <strong>de</strong>monstrar que, s<strong>em</strong> a<br />
consciência sanitária, nada se podia conseguir <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> higiene.<br />
Para Nelly Martins, Paula Souza foi um realizador hábil, não um<br />
teórico distanciado da realida<strong>de</strong>. Contudo, nos termos referidos por alguns,<br />
parecia-se sugerir, às vezes, que gran<strong>de</strong>s contingentes da população <strong>em</strong> nosso<br />
país pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> tomar <strong>de</strong>cisões, “com um pouco <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>”, s<strong>em</strong><br />
explicitar que, <strong>de</strong> fato, os riscos mais importantes não são autoimpostos,<br />
porém, sociais e ambientais.<br />
1.2.1.2 A i<strong>de</strong>ia da implantação da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Você po<strong>de</strong> estar se perguntando: <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> formar<br />
educadores <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>? Pois b<strong>em</strong>, a i<strong>de</strong>ia foi do próprio Geraldo Horácio <strong>de</strong><br />
Paula Souza, copiada dos Estados Unidos, on<strong>de</strong> ele permanecera por dois<br />
anos (1918-1920), fazendo o seu curso <strong>de</strong> doutoramento.<br />
Naquele país, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola reporta-se ao ano <strong>de</strong><br />
1840, quando Horace Mann (1796-1859), lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um movimento ligado à educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, passou a se manifestar sobre a importância <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inar<br />
conhecimentos oriundos das áreas <strong>de</strong> fisiologia e <strong>de</strong> higiene, recomendando<br />
a instrução <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. A proposta prendia-se, portanto, apenas ao nível cognitivo;<br />
a instrução <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> foi, <strong>de</strong> fato, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva histórica,<br />
o primeiro objetivo da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Sabe-se, hoje <strong>em</strong> dia, que<br />
não basta apenas informar — o que realmente importa é o que se faz com<br />
esse conhecimento. Há, pois, uma distinção fundamental entre educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong> e informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Isso nós vamos estudar <strong>em</strong> outras aulas .<br />
1.2.1.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola<br />
A literatura mostra que, no período <strong>de</strong> 1850 a 1900, muitos dos<br />
esforços <strong>em</strong> nível nacional, estadual e local visavam a estimular a educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola. Profissionalmente treinados, os educadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
na escola surgiram, precisamente, no referido período, tendo seu preparo<br />
se realizado <strong>em</strong> escolas normais. Anos <strong>de</strong>pois, como seria <strong>de</strong> se esperar, as<br />
universida<strong>de</strong>s passaram a oferecer cursos <strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> pós-graduação<br />
nessa área. O primeiro curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> realizou-se <strong>em</strong> 1921-22,<br />
na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública associada à Universida<strong>de</strong> Harvard (EUA) — MIT<br />
(Massachusetts Institute of Technology).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 21<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Profilática: medidas<br />
preventivas, formas <strong>de</strong><br />
combater ou controlar<br />
doenças. No contexto<br />
acima, <strong>de</strong>senvolver,<br />
nos centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
e escolas públicas, a<br />
educação higiênica,<br />
para evitar possíveis<br />
doenças.<br />
Figura 1: Os primórdios da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> na Escola. Uma educadora sanitária<br />
ministrando uma aula na escola Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais <strong>em</strong> 1920.<br />
Fonte: Disponivel <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong>: 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />
Como consta no artigo da Lei 2121, o curso, <strong>de</strong> nível médio, dirigia-<br />
-se a professores primários, regentes <strong>de</strong> classe. O objetivo expresso era ministrar<br />
conhecimentos teóricos e práticos <strong>de</strong> higiene para que esses professores<br />
os introduziss<strong>em</strong>, posteriormente, nos recém-criados Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
e <strong>em</strong> escolas públicas, a partir <strong>de</strong> uma proposta <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente profilática.<br />
1.2.1.3.1 Outros passos na direção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Outros passos na direção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no<br />
país foram dados por Carlos Sá e Cesar Leal Ferreira que, <strong>em</strong> 1924, criaram,<br />
no Município <strong>de</strong> São Gonçalo, no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, o primeiro Pelotão<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> uma escola estadual. No ano seguinte, Antonio Carneiro Leão,<br />
Diretor <strong>de</strong> Instrução Pública, mandou adotar o mesmo mo<strong>de</strong>lo nas escolas<br />
primárias do antigo Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Como relatamos acima, <strong>em</strong> 1925, Horácio <strong>de</strong> Paula Souza cria a<br />
Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e os Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “promover a formação da consciência sanitária<br />
da população e dos serviços <strong>de</strong> profilaxia geral e específica”. Surge, pela<br />
primeira vez, o título <strong>de</strong> educador sanitário, preparado pelo Instituto <strong>de</strong> Higiene<br />
do Estado, cuja responsabilida<strong>de</strong> principal era a divulgação <strong>de</strong> noções<br />
<strong>de</strong> higiene para alunos das escolas primárias estaduais.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 22 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Figura 2: 1º Grupo <strong>de</strong> educadores sanitários formados no antigo Instituto <strong>de</strong><br />
Higiene.<br />
Fonte: Disponível <strong>em</strong> . Acesso <strong>em</strong>: 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />
Na mesma época, era criada, <strong>em</strong> Pernambuco, por Amaury Me<strong>de</strong>iros,<br />
a Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária do Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Assistência.<br />
A fundação do Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> – mês -, ( MES - está<br />
referindo a sigla <strong>de</strong> Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> e não mês do ano) na<br />
década seguinte, cristalizou, na saú<strong>de</strong>, a centralização administrativa advinda<br />
do processo revolucionário <strong>de</strong> 1930, o que acabou gerando, além do<br />
sufocamento <strong>de</strong> todas as iniciativas estaduais, a concentração das ativida<strong>de</strong>s<br />
sanitárias nas cida<strong>de</strong>s, notadamente nas capitais, rarefazendo essas ações<br />
no interland brasileiro.<br />
A escola <strong>de</strong> higiene e saú<strong>de</strong> pública<br />
Em 1931, o Instituto <strong>de</strong> Higiene transformou-se na Escola <strong>de</strong> Higiene<br />
e Saú<strong>de</strong> Pública. Pouco antes <strong>de</strong> Arthur Neiva (1880-1943) afastar-se da<br />
Secretaria do Estado dos Negócios do Interior, <strong>de</strong>cidiu realizar importantes<br />
reformas <strong>em</strong> alguns dos <strong>de</strong>partamentos sujeitos àquela Secretaria, entre<br />
os quais se encontravam o Serviço Sanitário, o Ensino Normal, o Instituto<br />
Butantã e o Instituto <strong>de</strong> Higiene. O Decreto 4.917, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1931,<br />
transformou a Secretaria do Estado do Interior <strong>em</strong> Secretaria do Estado <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong> Pública. A este, seguir-se-ia o Decreto 4.955, <strong>de</strong> 1o <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 1931.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 23<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Artigo 1o - O Instituto <strong>de</strong> Hygiene <strong>de</strong> São Paulo, criado pelo Governo<br />
do Estado <strong>em</strong> collaboração com a Fundação Rockefeller, e officializado<br />
pela lei no 2018, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1924, fica reorganizado nos termos<br />
do presente <strong>de</strong>creto.<br />
Artigo 2o O Instituto <strong>de</strong> Hygiene <strong>de</strong> São Paulo, que é a Escola <strong>de</strong><br />
Hygiene e Saú<strong>de</strong> Pública do Estado, subordinado à Secretaria da <strong>Educação</strong><br />
e da Saú<strong>de</strong> Pública por meio <strong>de</strong> cursos regulares e outros <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência,<br />
servindo ao aperfeiçoamento e habilitação technica para funções sanitárais.<br />
Fonte Disponivel <strong>em</strong> Acesso 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />
1.2.2 Serviços <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Com a reestruturação do Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, do MES,<br />
foi transformado o “Serviço <strong>de</strong> Propaganda e <strong>Educação</strong> Sanitária” <strong>em</strong> “Serviço<br />
Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária”, com o objetivo <strong>de</strong> “formar na coletivida<strong>de</strong><br />
brasileira uma consciência familiarizada com probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.<br />
No âmbito dos estados, foram criadas réplicas dos serviços fe<strong>de</strong>rais, nos<br />
respectivos órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />
O Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>, reunindo essas duas funções paralelas,<br />
tinha condições <strong>de</strong> proporcionar aos administradores as oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> conjugá-las e, consequent<strong>em</strong>ente, prover um campo educacional<br />
extraordinário para o propósito <strong>de</strong> tornar a vida saudável. Como nos informa<br />
Brito Bastos, <strong>em</strong> seu relatório <strong>de</strong> 1969, “essa oportunida<strong>de</strong>, porém, não foi<br />
explorada na prática. Os Serviços <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária, quando muito, limitavam<br />
suas ativida<strong>de</strong>s à publicação <strong>de</strong> folhetos, livros, catálogos e cartazes;<br />
distribuíam na imprensa do país pequenas notas e artigos sobre assuntos <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>; editavam periódicos sobre saú<strong>de</strong>; promoviam concursos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
lançavam mãos dos recursos audiovisuais para difundir os conceitos fundamentais<br />
da saú<strong>de</strong> e da doença. Os esforços se concentravam, <strong>de</strong>ssa forma,<br />
na propaganda sanitária e, neste setor, já bastante reduzido, dava-se preferência<br />
às formas escritas, visuais, <strong>de</strong> propaganda, s<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar o gran<strong>de</strong><br />
número <strong>de</strong> analfabetos no país, que era <strong>de</strong> 60%, <strong>em</strong> 1940. Esses analfabetos<br />
se concentravam, como era <strong>de</strong> se esperar, nas baixas camadas das populações<br />
urbanas e no campo”.<br />
1.2.2.1 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na FSESP<br />
A primeira gran<strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> nas ativida<strong>de</strong>s da<br />
educação sanitária ocorreu <strong>em</strong> 1942, com a criação do Serviço Especial <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> Pública - SESP. Des<strong>de</strong> seu começo, o SESP reconheceu a educação<br />
sanitária como ativida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> seus planos <strong>de</strong> trabalho, atribuindo aos<br />
diversos profissionais, técnicos e auxiliares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> das<br />
tarefas educativas junto a grupos <strong>de</strong> gestantes, mães, adolescentes e à comunida<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> geral. Foi o SESP qu<strong>em</strong> começou a preparar as professoras da<br />
re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino como agentes educacionais da saú<strong>de</strong>. Esse ex<strong>em</strong>plo<br />
<strong>de</strong> expandir essas ações para além dos limites dos órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> logo foi<br />
seguido pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> En<strong>de</strong>mias Rurais – DNERu.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 24 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Um bom ex<strong>em</strong>plo dos trabalhos da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> nessa época<br />
foi a experiência da participação dos professores rurais no controle do barbeiro<br />
(transmissor da Doença <strong>de</strong> Chagas) no município <strong>de</strong> Bambuí/MG., <strong>em</strong><br />
1974. “Bambuí está livre da presença do barbeiro, graças ao trabalho das<br />
professoras, cujo êxito po<strong>de</strong> ser atribuído ao processo <strong>de</strong> capacitação das<br />
mesmas, on<strong>de</strong> se procurou levar <strong>em</strong> conta suas experiências e vivências,<br />
reconhecendo sua autonomia, seus pontos <strong>de</strong> vista e sugestões. Em suma,<br />
houve o respeito à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo dos professores e da comunida<strong>de</strong>”.<br />
(João Carlos Pinto Dias).<br />
O Ministério da <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>, ao se consolidar<strong>em</strong> <strong>em</strong> duas<br />
instituições autônomas, po<strong>de</strong>ria ter propiciado o fortalecimento da área <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> Sanitária/<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, mas isto só vai ocorrer alguns anos<br />
<strong>de</strong>pois, primeiro com Ruth Marcon<strong>de</strong>s e, posteriormente, com Brito Bastos,<br />
quando acontece a segunda transformação com a reformulação da estrutura<br />
do Serviço Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária e a integração das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
educação no planejamento das ações dos <strong>de</strong>mais órgãos do Ministério da<br />
Saú<strong>de</strong>.<br />
Essas mudanças foram reflexo, também, <strong>de</strong> dois eventos internacionais.<br />
A 12ª Ass<strong>em</strong>bleia Mundial da Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Genebra (1958), reafirmou o<br />
conceito “que a educação sanitária abrange a soma <strong>de</strong> todas aquelas experiências<br />
que modificam ou exerc<strong>em</strong> influência nas atitu<strong>de</strong>s ou condutas <strong>de</strong> um<br />
indivíduo com respeito à saú<strong>de</strong> e dos processos expostos necessários para<br />
alcançar estas modificações”.<br />
Na 5ª Conferência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>Educação</strong> Sanitária, realizada <strong>em</strong> Filadélfia,<br />
<strong>em</strong> 1962, o diretor geral da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> assinalou<br />
que “os serviços <strong>de</strong> educação sanitária estão chamados a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar um<br />
papel <strong>de</strong> primeiríssima importância para saltar o abismo que continua existindo<br />
entre <strong>de</strong>scobrimentos científicos da medicina e sua aplicação na vida<br />
diária <strong>de</strong> indivíduos, famílias, escolas e distintos grupos da coletivida<strong>de</strong>”.<br />
1.2.2.2 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na SUCAM e FUNASA<br />
Nas diversas reorganizações administrativas do Ministério da Saú<strong>de</strong><br />
entre 1964 e 1980, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser assinaladas a criação da Superintendência <strong>de</strong><br />
Campanhas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – SUCAM (pela fusão do DNERu com a CEM,<br />
Campanha <strong>de</strong> Erradicação da Malária), da Fundação SESP e, já <strong>em</strong> fins da<br />
década <strong>de</strong> 1970, da Divisão Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Secretaria<br />
Nacional <strong>de</strong> Ações Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. É importante ressaltar que, mais do<br />
que uma mudança terminológica, <strong>de</strong> educação sanitária para educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>, tentava-se uma nova transformação conceitual. Todas essas mudanças,<br />
entretanto, não contribuíram para o principal, que seria a introdução<br />
do componente <strong>de</strong> educação nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvidos pelo<br />
Ministério e pelas Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (as Secretarias Municipais<br />
só realizavam ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência, quando o faziam).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 25<br />
Ruth Marcon<strong>de</strong>s –<br />
Publicou vários livros<br />
na área <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Pública. Ex<strong>em</strong>plo:<br />
<strong>Educação</strong> e Promoção<br />
da Saú<strong>de</strong> e Saú<strong>de</strong> na<br />
Escola.<br />
Brito Bastos – Médico<br />
da Brigada Militar<br />
<strong>de</strong> Pernambuco;<br />
fundador, diretor<br />
e professor <strong>de</strong><br />
Higiene e Fisiologia<br />
do Curso Nacional<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física<br />
e, <strong>de</strong>pois, Escola<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física<br />
<strong>de</strong> Pernambuco;<br />
coor<strong>de</strong>nador da<br />
campanha nacional<br />
contra a varíola do<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong>;<br />
superinten<strong>de</strong>nte da<br />
FSESP, entre outras<br />
funções.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Bancária: Segundo Paulo<br />
Freire, a educação<br />
bancária consiste na<br />
narração <strong>de</strong> conteúdos,<br />
pelo educador,<br />
para os educandos.<br />
“A narração [...]<br />
conduz os educandos<br />
à m<strong>em</strong>orização<br />
mecânica do conteúdo<br />
narrado. Mais ainda, a<br />
narração os transforma<br />
<strong>em</strong> ‘vasilhas’, <strong>em</strong><br />
recipientes a ser<strong>em</strong><br />
‘enchidos’ pelo<br />
educador.” (Vamos<br />
estudar este assunto<br />
na aula dos fatores<br />
pedagógicos).<br />
Mudança terminológica, <strong>de</strong> educação sanitária para<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>:<br />
A mudança <strong>de</strong> nomenclatura <strong>de</strong> educação sanitária para educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> diz respeito a mudanças nos paradigmas vigentes na prática educativa<br />
da época. A educação sanitária baseava-se na concepção <strong>de</strong> que o<br />
indivíduo tinha que apren<strong>de</strong>r a cuidar <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>, vista como ausência <strong>de</strong><br />
doença. A educação era entendida como um repasse <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, seguindo a educação tradicional e a educação “bancária”. O objetivo<br />
da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, por sua vez, não é o <strong>de</strong> informar para a saú<strong>de</strong>, mas<br />
<strong>de</strong> transformar saberes existentes. A prática educativa, nesta perspectiva,<br />
visa ao <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia e da responsabilida<strong>de</strong> dos indivíduos<br />
no cuidado com a saú<strong>de</strong>, porém, não mais pela imposição <strong>de</strong> um saber<br />
técnico-científico <strong>de</strong>tido pelo profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas sim pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da compreensão da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Objetiva-se, ainda, que essas<br />
práticas educativas sejam <strong>em</strong>ancipatórias. A estratégia valorizada por este<br />
mo<strong>de</strong>lo é a comunicação dialógica, que visa à construção <strong>de</strong> um saber sobre<br />
o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado que capacite os indivíduos a <strong>de</strong>cidir<strong>em</strong><br />
quais as estratégias mais apropriadas para promover, manter e recuperar<br />
sua saú<strong>de</strong> e a da comunida<strong>de</strong>.<br />
Fonte: Revista Baiana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública v.33, n.4, p.618-627. out./<strong>de</strong>z. 2009<br />
Figura 3: Curso <strong>de</strong> Agentes Indígenas <strong>de</strong> Saneamento. Capacitação dos<br />
indígenas Xakriabá <strong>em</strong> Saneamento Ambiental e <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Montes<br />
Claros/MG. Metodologia probl<strong>em</strong>atizadora, <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia e<br />
da responsabilida<strong>de</strong> dos indivíduos no cuidado com a saú<strong>de</strong> individual e da<br />
comunida<strong>de</strong>.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 26 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Segundo os autores, a terceira transformação começa a acontecer,<br />
no entanto, ainda <strong>em</strong> meados da década <strong>de</strong> 1970, quando da implantação<br />
dos primeiros sist<strong>em</strong>as nacionais <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
Informações sobre Mortalida<strong>de</strong> (1976) e o Cadastro <strong>de</strong> Estabelecimentos <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> (1979). No processo <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>sses sist<strong>em</strong>as, os veículos <strong>de</strong><br />
comunicação <strong>de</strong> massa foram chamados para colaborar na divulgação da importância<br />
<strong>de</strong> se contar com dados confiáveis sobre esses t<strong>em</strong>as e dos prazos<br />
<strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação dos sist<strong>em</strong>as. Aproveitava-se uma medida administrativa<br />
para informar à população as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento.<br />
Utilizou-se, também, pela primeira vez e <strong>de</strong> forma bastante tímida, a propaganda<br />
(ou marketing) subliminar, com o preenchimento <strong>de</strong> atestado <strong>de</strong> óbito<br />
<strong>em</strong> uma novela <strong>de</strong> televisão.<br />
Essa “terceira onda” da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se explicita <strong>em</strong> 1989,<br />
ao se incorporar ao Projeto Nor<strong>de</strong>ste II o financiamento, pelo Banco Mundial,<br />
<strong>de</strong> US$ 20 milhões para as ações <strong>de</strong> IEC - Informação, <strong>Educação</strong> e Comunicação.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se fazia evi<strong>de</strong>nte que os métodos e meios <strong>de</strong><br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> tradicionalmente utilizados não mais <strong>de</strong>monstravam eficiência,<br />
aprofundava-se o fosso do <strong>de</strong>sentendimento entre seus <strong>de</strong>fensores e<br />
aqueles que propugnavam a adoção da transmissão do conhecimento através<br />
dos mo<strong>de</strong>rnos meios e técnicas <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa.<br />
Surge, aí, o Programa <strong>de</strong> Controle das Doenças Endêmicas do Nor<strong>de</strong>ste<br />
– PCDEN -, do Ministério da Saú<strong>de</strong>, que restringiu a área da educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> a um serviço na Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que, mesmo s<strong>em</strong> estrutura<br />
administrativa a<strong>de</strong>quada e talvez s<strong>em</strong> pessoal técnico especializado,<br />
procurou <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar os componentes educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e mobilização<br />
comunitária nos Programas <strong>de</strong> Controle da Leshmaniose Visceral (calazar),<br />
doença <strong>de</strong> Chagas e da esquistossomose. Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atuavam<br />
na <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> ampliaram as ações educativas para os programas<br />
<strong>de</strong> controle da malária, da febre amarela, da <strong>de</strong>ngue, da tracoma, da<br />
peste bubônica e do bócio endêmico.<br />
Por mais que os programas do MS <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> contar com setor<br />
especializado para suporte <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, a população das áreas endêmicas<br />
receberam importantes insumos on<strong>de</strong> conheceram, enten<strong>de</strong>ram e<br />
modificaram sua condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O ex<strong>em</strong>plo disso foi a redução da transmissão<br />
vetorial da doença <strong>de</strong> Chagas.<br />
Em 1996, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se voltaram para os<br />
<strong>de</strong>mais projetos e programas do Ministério da Saú<strong>de</strong>, como o projeto Saú<strong>de</strong><br />
na Escola, integrado à TV Escola do MEC, que entrou <strong>em</strong> execução <strong>em</strong> 20<br />
<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997, compondo s<strong>em</strong>analmente a gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação <strong>de</strong><br />
50.000 escolas do ensino fundamental. Outro passo importante dado pela<br />
administração do MS foi a <strong>de</strong>finição, <strong>em</strong> 1998, <strong>de</strong> uma Diretoria <strong>de</strong> Programas<br />
para a área, o que naturalmente ampliou a abrangência da proposta,<br />
fazendo-a evoluir <strong>de</strong> um Projeto Saú<strong>de</strong> na Escola para um Programa <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 27<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Em 1999, houve a <strong>de</strong>scentralização, para os estados e municípios,<br />
das ações e serviços da Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no que se referia à Vigilância<br />
Epi<strong>de</strong>miológica, cabendo, a essa instituição, uma nova missão: “realizar<br />
ações <strong>de</strong> saneamento ambiental <strong>em</strong> todos os municípios brasileiros e <strong>de</strong><br />
atenção integral à saú<strong>de</strong> indígena, promovendo a saú<strong>de</strong> pública e a inclusão<br />
social, com excelência <strong>de</strong> gestão, <strong>em</strong> consonância com o SUS e com as novas<br />
metas do milênio.” (WWW.funasa.gov.br). A partir do ano 2000, a educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, nessa instituição, fica como parte integrante dos processos <strong>de</strong><br />
projetos <strong>de</strong> saneamento ambiental, “Projeto <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização<br />
Social – PESMS -”, que é financiado com recursos municipais como<br />
contrapartida e <strong>de</strong> execução direta da Funasa, nas comunida<strong>de</strong>s quilombolas,<br />
extrativistas, ribeirinhos, assentados (INCRA) e comunida<strong>de</strong>s indígenas.<br />
Foram várias experiências b<strong>em</strong> sucedidas por todo o país, com realizações<br />
<strong>de</strong> Oficinas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social e suas ações <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>.<br />
Ex<strong>em</strong>plo: comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio, <strong>em</strong> São Francisco/MG,<br />
Rio das Rãs, <strong>em</strong> Bom Jesus da Lapa/BA, Serra do Talhado <strong>em</strong> Santa<br />
Luzia/PB; al<strong>de</strong>ias indígenas <strong>de</strong> Caatinguinha e Peruaçu - Xakriabá e Vila Nova<br />
– Maxakali, <strong>em</strong> MG. (Relatórios mensais da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> da Funasa).<br />
Os servidores da Funasa cedidos aos estados e aos municípios levaram<br />
a experiência para as Regionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos estados e para as Secretarias<br />
Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Figura 4: Oficina <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na comunida<strong>de</strong><br />
quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 28 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Figura 5: Oficinas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na al<strong>de</strong>ia Vila Nova<br />
Maxakali- Bertópolis/MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
1.2.2.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na estratégia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família<br />
Na década <strong>de</strong> 1990, t<strong>em</strong> início a impl<strong>em</strong>entação da estratégia<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família que, no contexto da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> brasileira, t<strong>em</strong><br />
contribuído para a construção e consolidação do SUS. Dentre os diversos<br />
espaços dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacam-se os <strong>de</strong> atenção primária como<br />
um contexto privilegiado para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas educativas <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Isso <strong>de</strong>vido à particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses serviços, caracterizados pela<br />
maior proximida<strong>de</strong> com a população e pela ênfase nas ações preventivas<br />
e promocionais. Dentre as funções dos trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da atenção<br />
primária, <strong>de</strong>stacam-se: prestar atenção preventiva, curativa e reabilitadora,<br />
ser comunicador e educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Figura 6: Equipe, Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, comunida<strong>de</strong> quilombola Buriti do<br />
Meio – São Francisco-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 29<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
O programa <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, hoje, é abrangente a toda a<br />
atenção primária à saú<strong>de</strong> e às vigilâncias (ambiental, epi<strong>de</strong>miológica e sanitária),<br />
<strong>em</strong> todos os estados e <strong>em</strong> todos os municípios brasileiros.<br />
1.3 Conclusão<br />
Concluímos que a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é parte da saú<strong>de</strong> pública<br />
e, consequent<strong>em</strong>ente, da Medicina; cada época reflete as tendências <strong>de</strong>ssa<br />
área e acaba produzindo suas concepções, por isso, não po<strong>de</strong>mos criticar o<br />
período higienista e da educação sanitária s<strong>em</strong> analisar as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
e as suas tendências.<br />
Consi<strong>de</strong>rar a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> como disciplina <strong>de</strong> ação significa<br />
dizer que o trabalho é dirigido para atuar sobre o conhecimento das pessoas,<br />
para que elas <strong>de</strong>senvolvam juízo crítico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção sobre<br />
suas vidas e sobre o ambiente com o qual interag<strong>em</strong> e, assim, criar<strong>em</strong> condições<br />
para se apropriar<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua própria existência.<br />
As ativida<strong>de</strong>s educativas voltadas para os projetos e programas têm<br />
o objetivo <strong>de</strong> estabelecer o espaço <strong>de</strong> atuação entre a esperança do indivíduo<br />
e os projetos governamentais. Deve consi<strong>de</strong>rar a pessoa como ser<br />
vivente, com alma, com i<strong>de</strong>ias, com sentimentos e <strong>de</strong>sejos, como gente. E<br />
<strong>de</strong>ve aproximar as tecnologias do hom<strong>em</strong> comum e a ação governamental do<br />
cidadão que, por sua vez, exerce o controle social <strong>de</strong>ssas ações e serviços.<br />
A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> trabalha numa perspectiva <strong>de</strong> que a transmissão<br />
do conhecimento técnico-científico não po<strong>de</strong> ser ato <strong>de</strong> favor dos<br />
<strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r e do conhecimento. As pessoas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter acesso fácil,<br />
oportuno e compreensível, a dados e informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> sobre sua<br />
saú<strong>de</strong> (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o prontuário médico ou ficha clínica) e sobre as condições <strong>de</strong><br />
vida <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong>, município, estado e país, além <strong>de</strong> participar<br />
das sugestões, do planejamento e do controle.<br />
Resumo<br />
Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, que a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> surge a partir do<br />
<strong>em</strong>penho, da atuação <strong>de</strong> Geraldo Horácio <strong>de</strong> Paula Souza, diretor do Instituto<br />
<strong>de</strong> Higiene da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> São Paulo, e que ele mesmo trouxe<br />
a i<strong>de</strong>ia dos EUA (Estados Unidos da América), <strong>em</strong> 1920. Vimos também que,<br />
no período <strong>de</strong> 1850 a 1900, muitos dos esforços <strong>em</strong> nível nacional, estadual e<br />
local visavam a estimular a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na escola, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong><br />
ao profissional auxiliar, <strong>de</strong> nível médio, e <strong>de</strong>pois, o educador sanitário.<br />
Foi possível conhecer que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu começo, a FSESP reconheceu<br />
a educação sanitária como ativida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> seus planos <strong>de</strong> trabalho,<br />
atribuindo aos diversos profissionais, técnicos e auxiliares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong><br />
das tarefas educativas junto a grupos <strong>de</strong> gestantes, mães, adolescentes<br />
e à comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral. Foi o SESP qu<strong>em</strong> primeiro preparou as<br />
professoras da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino como agentes educacionais da saú<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 30 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Foi entre 1964 e 1980 que sinalizaram e criaram a Superintendência<br />
<strong>de</strong> Campanhas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – SUCAM, pela fusão do DNERu, CEM, (Campanha<br />
<strong>de</strong> Erradicação da Malária), da Fundação SESP e, já <strong>em</strong> fins da década<br />
<strong>de</strong> 1970, da Divisão Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Secretaria Nacional<br />
<strong>de</strong> Ações Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Havendo, aí, a mudança terminológica, <strong>de</strong> educação<br />
sanitária para educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Em 1996, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se voltaram para os<br />
<strong>de</strong>mais projetos e programas do Ministério da Saú<strong>de</strong>, como o projeto Saú<strong>de</strong><br />
na Escola, integrado à TV Escola do MEC.<br />
A partir do ano 2000, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, na Funasa, fica como<br />
parte integrante dos processos <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> saneamento ambiental, “Projeto<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social – PESMS”, e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década<br />
<strong>de</strong> 1990, faz parte das ações da estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família que, no<br />
contexto da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> brasileira, t<strong>em</strong> contribuído para a construção<br />
e consolidação do SUS.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Geraldo Horácio passou a se <strong>em</strong>penhar no estudo da organização do órgão<br />
que dirigia (Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública do Estado) para propor a reestruturação<br />
global <strong>de</strong>ssa repartição. Isso aconteceu <strong>em</strong> que ano? E qual foi a sua i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>em</strong> relação ao Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>?<br />
2) De acordo com o <strong>de</strong>creto 3.876, o que cabia à Inspetoria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />
Sanitária?<br />
3) O primeiro curso <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Sanitária foi oferecido aos professores primários<br />
e regentes <strong>de</strong> classe das escolas públicas. Qual foi o objetivo?<br />
4) O que gerou a centralização administrativa advinda do processo revolucionário<br />
<strong>de</strong> 1930?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 31<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
5) Sab<strong>em</strong>os que educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, é transformação.<br />
Baseando-se no texto, quando isso ocorre?<br />
6) A educação sanitária/educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> foi reafirmada <strong>em</strong> dois eventos<br />
internacionais; cite-os.<br />
7) Descrever a diferenças das nomenclaturas educação sanitária e educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
8) Qual o objetivo da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no Serviço <strong>de</strong> Propaganda e <strong>Educação</strong><br />
Sanitária?<br />
Retornar<strong>em</strong>os, na aula número 8, com os conceitos <strong>de</strong> educação,<br />
saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Para próxima aula (nº 02), escolha uma localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua preferência<br />
(bairro, vila, povoado, município, zona on<strong>de</strong> atua um agente <strong>de</strong> controle<br />
das en<strong>de</strong>mias, microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou território<br />
da equipe <strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família), po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual<br />
você mora ou já morou, po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você trabalha. Vamos<br />
estudar essa localida<strong>de</strong> escolhida por você. Vamos iniciar os nossos estudos<br />
<strong>de</strong>senhando essa localida<strong>de</strong>, portanto, para você ter um bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, é<br />
importante que tenha <strong>em</strong> mãos o material que se pe<strong>de</strong> para a aula.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 32 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 2 - O território Digital do Técnico <strong>de</strong> Vigi-<br />
lância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/Mapa/croqui<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa <strong>de</strong>senhar mapa/croqui da localida<strong>de</strong><br />
escolhida i<strong>de</strong>ntificando os limites, as organizações sociais (grupos) e<br />
os el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> o território.<br />
Objetivos<br />
Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar a área geográfica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>;<br />
2. localizar limites, objetos construídos e naturais;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar as organizações que compõ<strong>em</strong> o território;<br />
4. diferenciar um croqui <strong>de</strong> outros mapas, principalmente do mapa<br />
com formato digital.<br />
Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante que<br />
o aluno escolha uma localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua preferência (o município, um bairro,<br />
uma vila, um povoado, zona (área) on<strong>de</strong> atua um agente <strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias,<br />
microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, território da equipe<br />
<strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família); po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você mora<br />
ou já morou, po<strong>de</strong> ser a localida<strong>de</strong> na qual você trabalha. É importante que<br />
tenha <strong>em</strong> mãos régua <strong>de</strong> 30cm, lápis preto e colorido, borracha, cola branca,<br />
hidrocor, folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco ou quadriculado e outros materiais que<br />
achar<strong>em</strong> necessários.<br />
2.1 Introdução<br />
Você já ouviu falar, muitas vezes, <strong>em</strong> território, não é verda<strong>de</strong>? Território<br />
da governança solidária. Território da equipe <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
da Família. Território do Acre (hoje, é um estado da União).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
33<br />
Croqui: É uma palavra<br />
francesa que também<br />
é usada por artistas<br />
quando quer<strong>em</strong> falar<br />
<strong>de</strong> um trabalho seu<br />
ainda inicial, uma obra<br />
inacabada, um ensaio,<br />
um esboço ou uma<br />
tentativa <strong>de</strong> organizar<br />
as i<strong>de</strong>ias <strong>em</strong> um papel,<br />
s<strong>em</strong> muita precisão.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 7: Mapa do Brasil a esquerda, <strong>de</strong>stacando o estado do Acre – quadro 02 a<br />
direita).<br />
Fonte: Disponível <strong>em</strong> . Acesso <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong>z. 2010.<br />
O que é um território?<br />
Pense! Não precisa respon<strong>de</strong>r agora; <strong>de</strong>pois, vamos estudar esse<br />
assunto, mas, antes, eu gostaria que você <strong>de</strong>senhasse (fazer o mapa, um<br />
croqui) a sua localida<strong>de</strong> do jeito que ela é. Não é um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> profissional,<br />
mas bastante artesanal, do seu jeito.<br />
2.2 Desenvolvimento<br />
Por on<strong>de</strong> começar a fazer um mapa? Papel e lápis na mão, momento<br />
<strong>de</strong> imaginação, visualização da localida<strong>de</strong> que você vai <strong>de</strong>senhar. De<br />
preferência, a localida<strong>de</strong> na qual você mora, mas po<strong>de</strong> ser outra <strong>de</strong> sua<br />
preferência e que tenha informações suficientes para começar o trabalho.<br />
Ex<strong>em</strong>plo: um bairro, uma vila, um povoado, zona (área) on<strong>de</strong> atua um agente<br />
<strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias, microárea <strong>de</strong> um agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> –<br />
ACS -, território da equipe <strong>de</strong> estratégia da saú<strong>de</strong> da família – ESF -, área <strong>de</strong><br />
abrangência <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ou Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Não esqueça o nome da localida<strong>de</strong>, os limites: ao norte, ao sul, ao<br />
leste e a oeste. Para facilitar essa localização, imagine você <strong>em</strong> pé, no meio<br />
da localida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> frente para on<strong>de</strong> o sol se põe, ou seja, para on<strong>de</strong> o sol entra<br />
(oeste ou poente); logo, as suas costas estão para o nascente ou leste; o<br />
braço direito está indicando o norte; o braço esquerdo indica o sul.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 34 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Imagine você o <strong>de</strong>senho dos pontos car<strong>de</strong>ais: uma pessoa <strong>de</strong> pé no<br />
centro da figura, com os braços abertos e, á sua frente, o sol se pondo.<br />
O que t<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse espaço que você vai <strong>de</strong>senhar?<br />
Isso mesmo!<br />
Ruas, casas, escolas, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, se<strong>de</strong> <strong>de</strong> órgãos e instituições<br />
públicas, se<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizações não governamentais – ONGs -, praças, oficinas,<br />
farmácias, supermercados, fábricas, lixões, encostas etc.<br />
Para enten<strong>de</strong>r melhor esse local que você escolheu, precisa <strong>de</strong><br />
muitas informações relevantes <strong>de</strong>ssa área. Po<strong>de</strong> começar colocando pontos<br />
representando o número <strong>de</strong> escolas, padarias, postos <strong>de</strong> gasolina, igrejas,<br />
Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> – UAPS - etc.; e pôr linhas para representar<br />
os limites da sua localida<strong>de</strong> escolhida (vila, povoado, bairro, cida<strong>de</strong>,<br />
área da equipe <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família etc.). Use, ainda, as linhas<br />
para dar contornos aos lotes, aos rios, às estradas, às ruas e outros.<br />
Para que o <strong>de</strong>senho tenha informações fi<strong>de</strong>dignas, é preciso que<br />
você faça uma caminhada pela localida<strong>de</strong>, com uma folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco,<br />
anotando todas as informações que acredita ser<strong>em</strong> interessantes. Primeiro,<br />
coloque pontos representando os objetos, <strong>de</strong>pois, dê nomes a esses<br />
objetos, agora, faça o traçado.<br />
Figura 8: Mapa/croqui 01,02 e 03.<br />
Fonte: Ilustração do autor.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 35<br />
Fi<strong>de</strong>dignas: confiáveis,<br />
verda<strong>de</strong>iras, autênticas,<br />
legítimas, reais.<br />
Escala: Escala é a<br />
medida ou sist<strong>em</strong>a<br />
métrico que utilizamos<br />
para fazer o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />
uma coisa real. Ou seja,<br />
se eu for representar<br />
uma casa <strong>em</strong> uma folha<br />
<strong>de</strong> papel <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno<br />
(tamanho A4), para<br />
que o <strong>de</strong>senho seja<br />
s<strong>em</strong>elhante à casa <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong>, eu preciso<br />
usar uma escala, uma<br />
medida que diminua<br />
as dimensões da casa<br />
para caber no papel<br />
e parecer real. Um<br />
centímetro para c<strong>em</strong><br />
centímetros, um<br />
centímetro para mil<br />
centímetros ou metros<br />
etc. Escala 1:100 (um<br />
para c<strong>em</strong>), 1:1000 (um<br />
para mil) etc.<br />
Legenda: Legenda,<br />
coisas que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
lidas; letreiro, rótulo,<br />
inscrição, dístico;<br />
texto explicativo<br />
que acompanha<br />
uma ilustração,<br />
uma gravura, numa<br />
reprodução <strong>de</strong> obra <strong>de</strong><br />
arte, <strong>em</strong> um mapa etc.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Se você tiver dificulda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> pedir ajuda a outras pessoas e profissionais,<br />
como os Agentes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da Funasa ou do município que<br />
trabalham no controle das en<strong>de</strong>mias <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong>.<br />
Para seu mapa/croqui ficar <strong>em</strong> um tamanho bom, use escala, e não<br />
se esqueça <strong>de</strong> colocar legenda para os objetos.<br />
Ex<strong>em</strong>plo: Quando <strong>de</strong>senhamos um bairro <strong>em</strong> uma folha <strong>de</strong> papel,<br />
geralmente usamos uma escala <strong>de</strong> 1:10.000 (um para <strong>de</strong>z mil). Se no campo<br />
um quarteirão t<strong>em</strong> 100 metros <strong>de</strong> comprimento, no mapa ele fica com 1<br />
centímetro. Se uma rua tiver 500 metros <strong>de</strong> comprimento, ela aparecerá no<br />
seu <strong>de</strong>senho com 5 centímetros.<br />
Olha, um mapa é, antes <strong>de</strong> tudo, uma forma <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong><br />
transmissão <strong>de</strong> informações; se apenas a pessoa que o faz po<strong>de</strong> entendê-lo,<br />
então o mapa não serve para nada, afirma Barcellos (2003).<br />
Observe a figura acima, os três mapas (01, 02 e 03). Qual <strong>de</strong>les t<strong>em</strong><br />
mais informações? Isso mesmo, o três é b<strong>em</strong> mais fácil <strong>de</strong> ser entendido por<br />
uma pessoa que não participou da sua elaboração ou confecção. Não se esqueça!<br />
O mapa t<strong>em</strong> que ser i<strong>de</strong>ntificado com o nome do autor, da instituição<br />
a que pertence (o que não é o nosso caso), a data <strong>em</strong> que foi confeccionado,<br />
o nome da localida<strong>de</strong> à qual se refere o mapa. Se usar a escala, essa informação<br />
também t<strong>em</strong> que aparecer, b<strong>em</strong> como as orientações <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está o<br />
Norte do mapa.<br />
A seguir, t<strong>em</strong>os um croqui; geralmente, o caminho para confeccioná-lo<br />
é o inverso do que vimos nos mapas/croqui 01, 02 e 03. Na prática, primeiro<br />
se <strong>de</strong>senha a base <strong>de</strong> ruas, estradas, rios etc.; <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> cima <strong>de</strong>ssa<br />
base, se localizam os objetos que nos interessam.<br />
Figura 9: Foto <strong>de</strong> um mapa/croqui artesanal. Coor<strong>de</strong>nação Regional <strong>de</strong> Tocantins,<br />
Distrito Sanitário <strong>de</strong> Tocantins, município <strong>de</strong> Esplanada, localida<strong>de</strong> Lagoa.<br />
Fonte: Disponível no material didático do Proformar (O território e a Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>)<br />
www.fiocruz.gov.br. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 36 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Croqui - Esse tipo <strong>de</strong> mapa é tradicional na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e<br />
v<strong>em</strong> sendo usado para planejar as ações feitas no campo. Em uma área urbana,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, contém o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ruas, quarteirões, canais e outras<br />
referências que permit<strong>em</strong> ao agente se localizar no campo e planejar o seu<br />
trabalho. Esses mapas, geralmente, foram <strong>de</strong>senhados s<strong>em</strong> uma medição <strong>em</strong><br />
campo, por isso, não têm escala n<strong>em</strong> orientação. Isso significa que as distâncias<br />
medidas no mapa não po<strong>de</strong>m ser convertidas para o terreno. Para obter<br />
esse mapa, basta solicitar a um agente <strong>de</strong> controle das en<strong>de</strong>mias da Secretaria<br />
Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Qu<strong>em</strong> sabe o agente responsável pelo controle da<br />
<strong>de</strong>ngue que atua na zona próxima ou no local que você está <strong>de</strong>senhando. Primeiro,<br />
faça o seu mapa; <strong>de</strong>pois, busque ajuda para acrescentar informações.<br />
Verifique que as ruas são todas retas, formando quarteirões regulares.<br />
Você já viu um bairro ou uma cida<strong>de</strong> com ruas todas retas? É muito raro<br />
ter ruas e cida<strong>de</strong>s com ruas traçadas <strong>de</strong>sse jeito, <strong>em</strong> geral, são ruas curvas.<br />
Os objetos não têm o formato original ou como eles são <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, por isso,<br />
são chamados <strong>de</strong> “croqui”.<br />
Figura 10: Mapa digital.<br />
Fonte: Disponível <strong>em</strong> http://www.google.com.br/images?hl=pt-. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />
Para que serve o Mapa?<br />
Para localizar? Para i<strong>de</strong>ntificar ou para informar?<br />
Segundo Cristovam Barcellos (2003), quando pensamos <strong>em</strong> localização,<br />
uma das primeiras i<strong>de</strong>ias que surg<strong>em</strong> é a <strong>de</strong> ter um mapa/croqui. Uma<br />
das funções básicas dos mapas é situar, no espaço, rios, estradas, ruas, casas,<br />
praças, parques, plantações, indústrias, pontos <strong>de</strong> comércio, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
Quando o mapa é b<strong>em</strong> elaborado, observando atentamente, po<strong>de</strong>mos<br />
conseguir várias informações, e <strong>de</strong>las é possível tirar inúmeras conclusões<br />
ao comparar os dados <strong>em</strong> cada região. Barcellos cita o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> que, se<br />
marcamos <strong>em</strong> um mapa os lugares on<strong>de</strong> as pessoas se queixaram da presença<br />
<strong>de</strong> ratos, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os ver se existe uma área <strong>em</strong> que há muitas marcações<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 37<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Você sabia que a<br />
maioria dos mapas do<br />
Brasil que ve<strong>em</strong> nas<br />
pare<strong>de</strong>s t<strong>em</strong> escala <strong>de</strong><br />
1: 10:000.000 (lê-se um<br />
para <strong>de</strong>z milhões)? Isso<br />
quer dizer que tudo o<br />
que existe no Brasil foi<br />
diminuído <strong>de</strong>z milhões<br />
<strong>de</strong> vezes. Se a distância<br />
entre Salvador-BA e<br />
Montes Claros-MG é <strong>de</strong><br />
1000 quilômetros, no<br />
mapa, vai dar apenas 10<br />
centímetros.<br />
Mapa digital: são<br />
mapas trabalhados<br />
no computador que<br />
possu<strong>em</strong> orientação<br />
especial através <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nadas geográficas<br />
(latitu<strong>de</strong> e longitu<strong>de</strong>).<br />
São excelentes para<br />
localizar eventos <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, mapear riscos,<br />
verificar a distribuição<br />
<strong>de</strong> doenças e <strong>de</strong> todos<br />
os objetos geográficos<br />
<strong>de</strong> um território.<br />
GPS:<br />
Significa Sist<strong>em</strong>a<br />
<strong>de</strong> Posicionamento<br />
Global. É um aparelho<br />
que recebe, orienta<br />
e interpreta sinais<br />
<strong>de</strong> satélite que estão<br />
<strong>em</strong> volta da terra.<br />
Esse aparelho t<strong>em</strong><br />
a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
calcular, através <strong>de</strong><br />
cálculos mat<strong>em</strong>áticos,<br />
o ponto exato on<strong>de</strong><br />
nos encontramos no<br />
momento <strong>em</strong> que ele<br />
está recebendo o sinal.<br />
Essa localização ou<br />
esse ponto no espaço é<br />
apresentado na tela do<br />
GPS.<br />
próximas, um lugar on<strong>de</strong> há muitos ratos. A mesma coisa acontece <strong>em</strong> relação<br />
ao mosquito Ae<strong>de</strong>s aegypti; tendo as vezes que se recebeu reclamações<br />
sobre a presença do mosquito, ao fazer a pesquisa, encontram-se criadouros<br />
b<strong>em</strong> próximos do local das reclamações, tanques <strong>de</strong>scobertos, piscinas <strong>de</strong>sativadas,<br />
etc.<br />
Segundo Barcellos, po<strong>de</strong>mos ainda completar esse mapa com outras<br />
informações que permitam enten<strong>de</strong>r melhor o probl<strong>em</strong>a. Como foi citado,<br />
se estamos <strong>de</strong>senhando os locais on<strong>de</strong> exist<strong>em</strong> ratos, po<strong>de</strong>ríamos recolher<br />
dados e também colocar no mesmo mapa os casos <strong>de</strong> leptospirose, uma doença<br />
muitas vezes transmitidas pela urina dos ratos; se trata-se do mosquito<br />
transmissor da <strong>de</strong>ngue, po<strong>de</strong>-se colocar os casos das doenças relacionadas a<br />
esse mosquito.<br />
Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senhar, nesse mapa, usando outro símbolo, os locais<br />
com <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo, as borracharias, os chiqueiros, entulhos, esgotos a céu<br />
aberto, etc.<br />
Depois, ainda nas aulas <strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
vamos estudar as causas e as consequências das doenças e, mais uma vez,<br />
vamos retornar nesse ex<strong>em</strong>plo citado sobre os ratos, assim, ver<strong>em</strong>os o potencial,<br />
a riqueza das informações dos mapas para analisar probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Olha, se a presença dos ratos é um probl<strong>em</strong>a, o lixo po<strong>de</strong> ser uma<br />
causa <strong>de</strong>sse probl<strong>em</strong>a. Os casos <strong>de</strong> leptospirose po<strong>de</strong>m ser consequência.<br />
Segundo Barcellos, se colocarmos todas essas informações juntas, estamos<br />
vendo ou fazendo uma leitura crítica dos diversos aspectos <strong>de</strong>sse probl<strong>em</strong>a.<br />
Também através do mapa po<strong>de</strong>mos planejar como evitar ou controlar esse probl<strong>em</strong>a,<br />
<strong>de</strong>senvolvendo ações para eliminar os pontos <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> lixo.<br />
Você <strong>de</strong>ve estar se perguntando: o que t<strong>em</strong> a ver fundamentos <strong>de</strong><br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> com um mapa? Pois b<strong>em</strong>, “um mapa é s<strong>em</strong>pre um mo<strong>de</strong>lo<br />
simplificado da realida<strong>de</strong>. Retrata todo o território, mas <strong>em</strong> tamanho<br />
reduzido (um <strong>de</strong>senho)”. Para fazer um mapa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> muito estudo<br />
do território/localida<strong>de</strong>; somente estudando a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong> é<br />
possível propor ações para a mudança <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> para melhor.<br />
Nas prefeituras você po<strong>de</strong> encontrar mapas cadastrais, quer dizer,<br />
mapas <strong>em</strong> que aparec<strong>em</strong> as ruas, os quarteirões etc. Outro mapa mais completo<br />
é o que t<strong>em</strong> formato digital (MAPA DIGITAL), isto é, armazenados <strong>em</strong><br />
computador. São produzidos a partir <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas geográficas (latitu<strong>de</strong> e<br />
longitu<strong>de</strong>) tiradas com GPS.<br />
2.3 Conclusão<br />
Esse exercício teve como objetivo possibilitar a você, futuro Técnico<br />
<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, uma breve reflexão sobre a sua realida<strong>de</strong>. Primeiro<br />
porque você é cidadão/cidadã <strong>de</strong>sse território e, através do <strong>de</strong>senho, pô<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>monstrar melhor compreensão sobre a sua localização nesse espaço e sobre<br />
tudo o que o compõe. Não se esqueça <strong>de</strong> que, quando pensamos <strong>em</strong> lo-<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 38 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
calização, uma das primeiras i<strong>de</strong>ias que surg<strong>em</strong> é a <strong>de</strong> ter um mapa; uma das<br />
funções básicas dos mapas é situar, no espaço, rios, estradas, construções,<br />
praças, casas, fábricas, terrenos baldios, <strong>de</strong>ntre outros. Quando b<strong>em</strong> observados,<br />
os mapas po<strong>de</strong>m conseguir informações para tirar muitas conclusões<br />
ao comparar os dados <strong>em</strong> cada região. Portanto, vamos usar esse mapa/<br />
croqui <strong>em</strong> vários momentos <strong>de</strong>ste curso, principalmente nas nossas aulas.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível fazer uma reflexão sobre o lugar que<br />
você escolheu para fazer o croqui; i<strong>de</strong>ntificação da área geográfica; dos limites;<br />
dos objetos construídos (construídos pelo hom<strong>em</strong>) e dos objetos naturais<br />
(criados pela natureza). Neste estudo, na observação, você i<strong>de</strong>ntificou as<br />
organizações que compõ<strong>em</strong> esse território. Foi possível diferenciar um croqui<br />
<strong>de</strong> outros mapas, principalmente do mapa com formato digital, que t<strong>em</strong><br />
informações geográficas precisas, mas, para o nosso trabalho, precisam ser<br />
compl<strong>em</strong>entados.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
Faça um breve histórico da localida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senhou (Como<br />
ela começou. Quais foram os primeiros moradores? Como conseguiram o terreno?)<br />
e procure informações atuais sobre o número <strong>de</strong> habitantes e o que<br />
eles faz<strong>em</strong> para sobreviver.<br />
Em outras ativida<strong>de</strong>s, vamos solicitar outras informações <strong>de</strong>ssa<br />
área escolhida.<br />
Na próxima aula, vamos fazer um breve estudo sobre “Território”<br />
e, <strong>em</strong> seguida, concluir esse mapa com as informações que acharmos necessárias.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 39<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 3 – Território, conceitos/<strong>de</strong>finições<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> conceituar “Território”,<br />
i<strong>de</strong>ntificando objetos, sist<strong>em</strong>as, as organizações sociais (grupos) e as ativida<strong>de</strong>s<br />
que elas <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nesse espaço.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar território;<br />
2. <strong>de</strong>screver as diversas coisas existentes no território que são<br />
usadas para facilitar a sua vida e a das pessoas;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar os objetos e as organizações que faz<strong>em</strong> parte do território<br />
e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas por estas;<br />
4. distinguir os sist<strong>em</strong>as fluxos e fixos e a relação <strong>de</strong>stes com o<br />
processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />
Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante ter<br />
<strong>em</strong> mãos o croqui que você <strong>de</strong>senhou, régua <strong>de</strong> 30 cm, lápis preto e colorido,<br />
borracha, cola branca, hidrocor e outros materiais que achar<strong>em</strong> necessários,<br />
além <strong>de</strong> informações sobre o território <strong>de</strong>senhado.<br />
3.1 Introdução<br />
Na aula anterior, perguntei se você sabia o que era um “Território”<br />
e pedi que fizesse um mapa da sua localida<strong>de</strong> (na qual mora, na qual trabalha<br />
ou outra). E aí, já pensou o que é um território? Não precisa respon<strong>de</strong>r<br />
agora, daqui a pouco, vamos estudar esse assunto.<br />
O mapa/croqui está pronto? Que bom, concluiu o <strong>de</strong>safio, pois só vai<br />
ter condição <strong>de</strong> continuar a discussão se você cumpriu o estabelecido até aqui.<br />
3.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
3.2.1 Território<br />
Segundo Luiz Jacintho da Silva, para que a socieda<strong>de</strong> exista, é necessário<br />
adaptar o espaço <strong>em</strong> que ela se <strong>de</strong>senvolve. O espaço, aqui entendido<br />
como tudo o que existe à nossa volta, é como o palco on<strong>de</strong> se encena essa<br />
peça chamada vida. Às vezes, uma tragédia, às vezes, um romance, às vezes,<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
41<br />
Território:<br />
Mini Aurélio:<br />
extensão<br />
consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> terra;<br />
área dum país, <strong>de</strong><br />
uma província; base<br />
geográfica do Estado<br />
(solo, rios, lagos,<br />
baías, portos, etc.)<br />
sobre a qual exerce<br />
ele a sua soberania.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Luiz Jacintho da Silva<br />
Professor titular<br />
<strong>de</strong> Infectologia,<br />
Departamento <strong>de</strong><br />
Clínica Médica,<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
Médicas da Unicamp.<br />
Subjetivas: individuais,<br />
pessoais e particulares.<br />
uma comédia, mas s<strong>em</strong>pre se transformando, s<strong>em</strong>pre se alterando. Com ela,<br />
as doenças. Segundo ele, Luiz Jacinto, isso é como no teatro, para enten<strong>de</strong>rmos<br />
o enredo da peça, precisamos enten<strong>de</strong>r o cenário. Olhar o território e<br />
buscar entendê-lo é mais do que dominar um conjunto <strong>de</strong> técnicas, é assumir<br />
uma forma <strong>de</strong> raciocínio, adotar uma lógica diferente para a compreensão<br />
do processo da vida.<br />
Muito se fala sobre o papel da <strong>de</strong>terminação social, econômica e<br />
política da doença; no entanto, pouco se faz <strong>de</strong> prático para permitir a sua<br />
compreensão. As reflexões que segu<strong>em</strong> a seguir ajudarão você na conclusão<br />
da elaboração do mapa e no estudo da sua localida<strong>de</strong>. Esse estudo dará uma<br />
interpretação simples e agradável aos processos lógicos necessários para,<br />
no futuro, conhecermos as doenças a partir do conhecimento do território,<br />
assim como a construção <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A <strong>de</strong>manda atual é <strong>de</strong> profissionais com uma visão do todo, visão<br />
abrangente, para isso, nada melhor do que estudar o seu próprio território.<br />
Para Luiz Jacinto, o “Território” é mais do que o chão <strong>em</strong> que pisamos,<br />
como a vigilância é mais do que o registro cartorial <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doença.<br />
Na sua concepção, o que é um TERRITÓRIO?<br />
Bom, vamos ver o que alguns estudiosos nos falam sobre “Território”.<br />
Segundo Haesbaert, 2004, o termo território, originalmente, é formado<br />
pela junção <strong>de</strong> duas palavras latinas, terri (terra) e torium (pertencente<br />
a), e foi <strong>em</strong>pregado para <strong>de</strong>nominar as terras sob jurisdição das cida<strong>de</strong>s<br />
antigas; no mundo mo<strong>de</strong>rno, é utilizado para <strong>de</strong>nominar as terras dos reinos.<br />
Essa compreensão, por ser muito antiga, é a mais diss<strong>em</strong>inada. Assim, no<br />
senso comum, território refere-se ao espaço <strong>de</strong>limitado e controlado por<br />
relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, geralmente o po<strong>de</strong>r do Estado. Neste caso, estudar o território<br />
brasileiro é analisar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional formada pela convivência<br />
<strong>de</strong> muitas gerações <strong>de</strong> pessoas organizadas politicamente, <strong>em</strong> um espaço<br />
on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r é exercido por um governo soberano, falando a mesma língua<br />
e obe<strong>de</strong>cendo as mesmas leis. Mas o <strong>de</strong>senvolvimento da noção <strong>de</strong> território<br />
não se restringe apenas a esta dimensão política. Viver no território nacional<br />
também po<strong>de</strong> ser visto como produto da apropriação e da valorização simbólica<br />
<strong>de</strong> grupos sociais que preservam seus laços culturais. Neste sentido,<br />
o território é o que é mais próximo <strong>de</strong> nós e que nos liga ao mundo, o que<br />
reforça uma dimensão territorial simbólica, produzida nas interações subjetivas<br />
dos sujeitos que compartilham suas experiências sociais. (Monken e<br />
Barcellos, 2005).<br />
Para Rogério Haesbaert, ainda que não seja a concepção mais difundida,<br />
o território também po<strong>de</strong> ser entendido como espaço dominado e/<br />
ou apropriado; manifesta, hoje, um sentido multiescalar e multidimensional<br />
que só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente apreendido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong><br />
multiplicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma multiterritorialida<strong>de</strong>. Toda ação que efetivamente<br />
se pretenda ser transformadora, hoje, necessita, obrigatoriamente, encarar<br />
esta questão: ou se trabalha com a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos territórios ou<br />
não se alcançará nenhuma mudança positivamente inovadora.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 42 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
3.2.2 Lugares e Transformações<br />
A foto abaixo mostra um lugar se transformando, casas <strong>de</strong> taipa<br />
estão dando lugar as casas <strong>de</strong> tijolo. A mata foi <strong>de</strong>rrubada para dar lugar as<br />
pastagens dos fazen<strong>de</strong>iros e agora às casas e outras construções dos indígenas<br />
Maxakali).<br />
Figura 11: A<strong>de</strong>ia Pradinho, etnia Maxakali, Bertópolis-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
Segundo Christovam Barcellos e Luisa Iñigues Rojas, todos nós viv<strong>em</strong>os<br />
<strong>em</strong> um espaço geográfico. Neste espaço, exist<strong>em</strong> diversas coisas que<br />
usamos para facilitar a nossa vida: nossa casa, nosso local <strong>de</strong> trabalho, um<br />
lugar para encontrar os amigos, para comprar alimentos, para estudar etc.<br />
Para os autores, da mesma forma, para que a socieda<strong>de</strong> exista, é necessário<br />
adaptar esse espaço <strong>em</strong> que ela se <strong>de</strong>senvolve. Segundo eles, basta olhar<br />
pela janela e ver todas as construções feitas no espaço, como as ruas, estradas,<br />
prédios e casas. Todas essas obras são modificadas na natureza, feitas<br />
para criar um novo ambiente que seja mais adaptado à vida humana.<br />
Quantas vezes você mesmo já observou e/ou já acompanhou essas<br />
transformações, como a <strong>de</strong>rrubada das árvores para construir casas ou fazer<br />
roça, a <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> uma casa velha, a construção <strong>de</strong> uma estrada, <strong>de</strong> uma<br />
barrag<strong>em</strong> etc.? Essas ações humanas mudam a paisag<strong>em</strong> e o modo <strong>de</strong> viver<br />
das pessoas.<br />
É raro, mas ainda exist<strong>em</strong>, <strong>em</strong> sua região, locais que conservam as<br />
características naturais <strong>de</strong> épocas passadas pouco modificadas pelo hom<strong>em</strong>:<br />
os rios, as montanhas, as florestas. Em geral, quanto mais mo<strong>de</strong>rna é uma<br />
socieda<strong>de</strong>, mais ela transforma o espaço.<br />
Como é a socieda<strong>de</strong> brasileira?<br />
Todos viv<strong>em</strong> do mesmo jeito? Nas mesmas condições?<br />
É isso mesmo, a socieda<strong>de</strong> brasileira é bastante <strong>de</strong>sigual, e, além <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sigual, injusta. Os brasileiros viv<strong>em</strong> <strong>de</strong> maneira diferente e <strong>em</strong> condições<br />
adversas. Observe, na sua cida<strong>de</strong>, o local on<strong>de</strong> viv<strong>em</strong> as pessoas com menor<br />
po<strong>de</strong>r aquisitivo t<strong>em</strong> aspectos diferentes dos lugares on<strong>de</strong> viv<strong>em</strong> aqueles<br />
com maior renda.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 43<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 12: Al<strong>de</strong>ia Cachoeira - Maxakali, município <strong>de</strong> Santa Helena <strong>de</strong> Minas-MG. e<br />
do outro lado a Avenida Paulista – SP.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
Falamos que os lugares estão s<strong>em</strong>pre se transformando. Como são<br />
essas transformações? Harmoniosas ou conflituosas? Elas po<strong>de</strong>m ser tanto<br />
harmoniosas como conflituosas porque são situações diferentes, com atores<br />
diferentes, portanto, não são iguais. Cada pessoa vive <strong>de</strong> um jeito, faz coisas<br />
diferentes, com ocupações diversas, com o seu jeito <strong>de</strong> relacionar e conviver<br />
com o ambiente. Os diferentes “atores sociais” existentes no lugar viv<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
constante luta entre si.<br />
Mas porque essa divergência entre os diversos atores sociais?<br />
Como falamos, cada um é diferente, vive diferente e pensa diferente.<br />
Segundo Barcellos e Iñigues, essa dinâmica acontece porque “para uns, o<br />
lugar <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> uma maneira e, para outros, <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> outra. Por<br />
isso, exist<strong>em</strong> conflitos entre esses grupos, e o lugar é s<strong>em</strong>pre o resultado<br />
<strong>de</strong>sses conflitos”. Além disso, para os autores, o mesmo lugar é usado <strong>de</strong><br />
forma diferente pelos grupos e, mesmo que não estejam escritas, exist<strong>em</strong><br />
regras para a vida e para os lugares, isto é, que regulam o uso do lugar.<br />
Para que serv<strong>em</strong> as casas? Para que serv<strong>em</strong> as igrejas? E as áreas <strong>de</strong> lazer?<br />
Pois b<strong>em</strong>, casas serv<strong>em</strong> para morar, igrejas para rezar e áreas <strong>de</strong><br />
lazer para se divertir. Agora, tente imaginar o que aconteceria se essas regras<br />
foss<strong>em</strong> trocadas! Que confusão daria.<br />
O que precisa uma pessoa comum fazer para viver?<br />
Exatamente, para viver, precisa trabalhar, fazer compras, encontrar<br />
outras pessoas, ter lazer etc. Diariamente, as pessoas estabelec<strong>em</strong> relações<br />
com outras pessoas e, por isso, com o seu lugar.<br />
Agora imagine uma fábrica! Ela é um lugar <strong>em</strong> que se preparam<br />
produtos para, <strong>de</strong>pois, ven<strong>de</strong>r. Para isso, precisa <strong>de</strong> trabalhadores, <strong>de</strong> materiais<br />
usados na fabricação, <strong>de</strong> equipamentos etc. Imaginando b<strong>em</strong>, na rotina<br />
<strong>de</strong>sse local, todos os dias, chegam e sa<strong>em</strong> coisas e pessoas. Vocês já viram<br />
fábrica só com o prédio vazio? Com certeza não; s<strong>em</strong> esses fluxos <strong>de</strong> mate-<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 44 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
iais e pessoas, as fábricas não existiriam. Quando i<strong>de</strong>ntificamos uma fábrica<br />
no nosso trabalho <strong>de</strong> campo, na verda<strong>de</strong>, estamos apontando para um lugar<br />
que t<strong>em</strong> uma localização, uma forma e também uma função. Qualquer objeto<br />
geográfico t<strong>em</strong> fluxos. Milton Santos (1999) dizia que a geografia <strong>de</strong> um<br />
lugar é formada por fluxos e fixos. Quando se elabora um mapa, ou quando<br />
simplesmente se observa o campo <strong>de</strong> trabalho, são <strong>de</strong>stacados os fixos, representados<br />
pelas casas, ruas, fábricas, igrejas etc. Mas é preciso saber que<br />
nesses fixos exist<strong>em</strong> também fluxos.<br />
Figura 13: Shopping Popular <strong>em</strong> Montes Claros-MG. Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> fixo e fluxo.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
Figura 14: Praça Dr. Carlos <strong>em</strong> Montes Claros-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 45<br />
Fluxos: São sist<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> circulação e <strong>de</strong><br />
troca que animam e<br />
dão vida aos lugares,<br />
aos territórios. Os<br />
fluxos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />
diferentes naturezas<br />
- <strong>de</strong> informações, <strong>de</strong><br />
produtos, <strong>de</strong> pessoas,<br />
<strong>de</strong> automóveis, <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong> cultura,<br />
<strong>de</strong> dinheiro, e até <strong>de</strong><br />
drogas e doenças.<br />
Esses fluxos po<strong>de</strong>m até<br />
extrapolar os limites<br />
dos territórios locais,<br />
tornando-se fluxos<br />
regionais, nacionais e<br />
até transnacionais. A<br />
combinação <strong>de</strong> alguns<br />
<strong>de</strong>les po<strong>de</strong>, se não<br />
for b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida e<br />
conhecida, causar uma<br />
série <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />
para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida das pessoas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a poluição ambiental,<br />
passando pela<br />
importação <strong>de</strong> doenças<br />
<strong>de</strong> outros lugares, até<br />
questões econômicas<br />
sérias, como a lavag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> dinheiro resultante<br />
do tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />
Fixos: São sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
objetos que compõ<strong>em</strong> a<br />
paisag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um lugar,<br />
<strong>de</strong> um território. Po<strong>de</strong>m<br />
ser naturais – morros,<br />
rios, lagoas etc. - e<br />
po<strong>de</strong>m ser construídos<br />
pelo hom<strong>em</strong> – casas,<br />
fábricas, estradas,<br />
automóveis, escolas<br />
etc. Depen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong><br />
suas localizações no<br />
território, da função e<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />
um <strong>de</strong>sses objetos,<br />
eles po<strong>de</strong>m ampliar ou<br />
diminuir os riscos para<br />
a produção da saú<strong>de</strong> ou<br />
da doença.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Objetos:<br />
Geralmente, pensamos<br />
nos objetos como coisas<br />
pequenas, mas, uma<br />
casa, uma fábrica, uma<br />
plantação ou até mesmo<br />
uma cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>rados objetos.<br />
Objetos geográficos:<br />
Para o geógrafo Milton<br />
Santos, os objetos são<br />
tudo o que existe na<br />
superfície da terra,<br />
toda a herança da<br />
história natural e<br />
todo o resultado da<br />
produção humana<br />
que se concretizou.<br />
São objetos móveis e<br />
imóveis, tal como uma<br />
cida<strong>de</strong>, uma barrag<strong>em</strong>,<br />
uma estrada <strong>de</strong><br />
rodag<strong>em</strong>, um porto, um<br />
prédio, uma floresta,<br />
uma plantação, um<br />
lago ou uma montanha.<br />
Aquilo que se cria fora<br />
do hom<strong>em</strong> e se torna<br />
instrumento material<br />
<strong>de</strong> sua vida. O espaço<br />
geográfico supõe todos<br />
os objetos existentes<br />
numa extensão<br />
contínua, todos, s<strong>em</strong><br />
exceção. O uso <strong>de</strong>les<br />
pelas pessoas possibilita<br />
e potencializa as ações<br />
humanas e po<strong>de</strong>m<br />
produzir ou ampliar,<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua<br />
utilização e qualida<strong>de</strong>,<br />
probl<strong>em</strong>as para a saú<strong>de</strong><br />
humana.<br />
A mesma coisa acontece com os outros objetos, como um domicílio,<br />
um bar, uma Policlínica ou uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> - UAPS.<br />
Quando falamos <strong>em</strong> função dos objetos geográficos, estamos falando dos<br />
fluxos e das regras existentes. Esses objetos só têm razão <strong>de</strong> ser se tiver<strong>em</strong><br />
fluxos que dão vida a esses objetos.<br />
Os lugares com condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sfavoráveis são, <strong>em</strong> geral, marcados<br />
pelo saneamento precário, pela contaminação das águas, do ar, dos<br />
solos ou dos alimentos, por conflitos no relacionamento interpessoal, pela<br />
falta <strong>de</strong> recursos econômicos. São, <strong>em</strong> geral, lugares com enormes limitações<br />
para o consumo <strong>de</strong> bens e serviços, incluindo os mais el<strong>em</strong>entares –<br />
beber água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, alimentar-se três vezes ao dia, as crianças ir<strong>em</strong> à<br />
escola etc.<br />
Assim, as condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> grupos sociais nos territórios <strong>de</strong>fin<strong>em</strong><br />
um conjunto <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, necessida<strong>de</strong>s e insatisfações que variam no<br />
t<strong>em</strong>po. Essas condições po<strong>de</strong>m melhorar ou piorar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da efetiva<br />
participação <strong>de</strong> instituições e organizações formais, não formais e da própria<br />
população. (Fiocruz, 2003, p.39)<br />
O território na saú<strong>de</strong> coletiva.<br />
Você sabia que, segundo Barcelos e Iñiguez, para nós, trabalhadores<br />
na área da saú<strong>de</strong>, o território t<strong>em</strong> várias conotações: por um lado, os sist<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se organizam sobre uma base territorial, o que significa que<br />
a distribuição dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> segue a uma lógica <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong><br />
áreas <strong>de</strong> abrangência que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser coerentes com os três níveis <strong>de</strong> atenção<br />
- primário, secundário e terciário.<br />
Por outro lado, na organização das práticas <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
é fundamental o reconhecimento do território, ou seja, i<strong>de</strong>ntificar e<br />
interpretar a organização e a dinâmica das populações que nele habitam, as<br />
condições <strong>de</strong> vida da população e as diferentes situações ambientais que os<br />
afetam.<br />
(...) Em alguns momentos, po<strong>de</strong>m acontecer fenômenos ou eventos,<br />
que mudam as condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> forma drástica, como por ex<strong>em</strong>plo as<br />
intensas chuvas, que po<strong>de</strong>m danificar os lugares habitados, principalmente<br />
as invasões ou favelas, ou áreas <strong>de</strong> ocupação irregulares, situadas <strong>em</strong> locais<br />
elevados, ou áreas baixas por causa <strong>de</strong> inundações. Dentro do território, famílias<br />
po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r o <strong>em</strong>prego e mudar completamente suas condições <strong>de</strong><br />
vida, <strong>em</strong> relação com o consumo <strong>de</strong> bens e serviços, e, <strong>em</strong> casos extr<strong>em</strong>os,<br />
até per<strong>de</strong>r a moradia. Claro que essas situações terão rapidamente consequências<br />
sobre a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas populações.<br />
Os processos que acontec<strong>em</strong> no território durante o t<strong>em</strong>po produz<strong>em</strong><br />
a saú<strong>de</strong> ou a doença <strong>de</strong> seus habitantes, tanto para aqueles que moram<br />
permanent<strong>em</strong>ente como para os que resi<strong>de</strong>m durante períodos <strong>de</strong>terminados<br />
<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> respon<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas diferentes<br />
<strong>de</strong> acordo com essa dinâmica dos lugares.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 46 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Portanto, a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve entre o reconhecimento<br />
do espaço populacional, dos lugares e a vida nesses lugares, as<br />
mudanças cotidianas – periódicas ou circunstanciais -, que também po<strong>de</strong>m<br />
provocar mudanças nos probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Cristovam Barcelos<br />
Luíza Iñguez Rojas<br />
Depois <strong>de</strong> preencher a lista, pense <strong>em</strong> todos os objetos geográficos<br />
que você visitou ou passou <strong>em</strong> apenas um dia. Em alguns, você ficou pouco<br />
t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> outros, po<strong>de</strong> ter ficado um t<strong>em</strong>po maior.<br />
L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> quantas pessoas você viu <strong>em</strong> cada um <strong>de</strong>sses lugares.<br />
Elas po<strong>de</strong>m ter um dia bastante diferente do seu, mas vocês se encontraram<br />
<strong>em</strong> algum <strong>de</strong>sses lugares. L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>: esses objetos são pontos fixos no<br />
território. Mas porque neles passam várias pessoas durante o dia? Em todos<br />
os horários t<strong>em</strong> o mesmo fluxo? Claro que não! Em <strong>de</strong>terminado horário do<br />
dia os objetos (lugares) são mais movimentados do que <strong>em</strong> outros. Por isso,<br />
parece estranho ver um banco, uma padaria, uma lanchonete que estavam<br />
tão cheios <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado horário e, às vezes, tão vazios <strong>em</strong> outros. Esta é<br />
uma regra <strong>de</strong>sses objetos.<br />
Já pensou que, se fizéss<strong>em</strong>os essa lista para todos os objetos geográficos<br />
do seu território e <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s das pessoas que passaram<br />
por eles, teríamos um retrato exato <strong>de</strong> como funciona esse território.<br />
3.3 Conclusão<br />
Após este estudo, concluímos que o território é s<strong>em</strong>pre um campo<br />
<strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong> expressão do po<strong>de</strong>r público, privado, governamental ou<br />
nãogovernamental e, sobretudo, populacional. Cada território t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />
área, uma população e uma instância <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; além disto, a<br />
vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> também se <strong>de</strong>senvolve no espaço populacional.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que “Território é espaço geográfico e neste<br />
espaço, exist<strong>em</strong> diversas coisas que usamos para facilitar nossa vida: nossa<br />
casa, nosso local <strong>de</strong> trabalho, um lugar para encontrar os amigos, para comprar<br />
alimentos, etc.” Vimos, ainda, que fluxos são sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> circulação<br />
e <strong>de</strong> troca que animam e dão vida aos lugares, aos territórios. Com essas<br />
informações, completamos o nosso mapa/croqui.<br />
Chegamos à conclusão que Território:<br />
• s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> limites que po<strong>de</strong>m ser político-administrativo;<br />
• contém as relações entre seus habitantes;<br />
• é uma construção social <strong>em</strong> permanente mudança;<br />
• é relativamente homogêneo internamente, com uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />
que vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da história <strong>de</strong> sua construção;<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 47<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
• e o mais importante: ele é portador <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Nele, constro<strong>em</strong>-se<br />
e se exercitam os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> atuação, tanto do governo<br />
como <strong>de</strong> seus habitantes.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Baseado no seu <strong>de</strong>senho do mapa/croqui e nos três conceitos dados anteriormente,<br />
dê a sua <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> território.<br />
2) Baseado nos relatos acima, <strong>de</strong> Barcelos e Luísa, <strong>de</strong>screva as diversas coisas<br />
existentes no seu território que são usadas para facilitar a sua vida e a das<br />
pessoas que ali resi<strong>de</strong>m e/ou passam.<br />
3) Agora, separam <strong>em</strong> dois grupos: “a”, pelas coisas construídas pelo hom<strong>em</strong>,<br />
“b”, formado pelas coisas naturais.<br />
a)<br />
b)<br />
4) Descreva os probl<strong>em</strong>as que marcam os lugares com condições <strong>de</strong> vida<br />
<strong>de</strong>sfavoráveis.<br />
5) Para investigar a estrutura e o funcionamento do território a partir do seu<br />
próprio dia a dia, faça uma lista <strong>de</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s que você realiza <strong>em</strong><br />
um dia <strong>de</strong> trabalho. Anote, ao lado, on<strong>de</strong> realiza essas ativida<strong>de</strong>s e o horário.<br />
Ativida<strong>de</strong> Local Horário<br />
Acordar e escovar os <strong>de</strong>ntes, tomar café... Minha casa 6:00 às 7:15<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 48 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
6) Voltando ao mapa/croqui.<br />
Agora, observe todos os <strong>de</strong>talhes que você <strong>de</strong>senhou, i<strong>de</strong>ntificando sist<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> circulação e <strong>de</strong> troca que animam e dão vida ao lugar, ao território, fluxos<br />
e fixos, objetos e objetos geográficos e responda às questões a seguir.<br />
1. Como as pessoas se comunicam?<br />
2. Quais são os grupos que elas participam?<br />
3. On<strong>de</strong> trabalham ou retiram a sua sobrevivência?<br />
4. T<strong>em</strong> algum grupo, órgão ou instituição que <strong>de</strong>senvolve alguma ativida<strong>de</strong>?<br />
Que ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>senvolvidas?<br />
5. T<strong>em</strong> Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ou Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Primária a Saú<strong>de</strong> (UAPS)?<br />
(Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do PSF).<br />
A) Qu<strong>em</strong> aten<strong>de</strong>?<br />
B) Como aten<strong>de</strong>?<br />
C) Quais as condições <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?<br />
6. Como são as ruas, avenidas, praças e jardins?<br />
7. Você conhece outras localida<strong>de</strong>s, outros espaços?<br />
8. Qual a diferença <strong>de</strong>sses espaços com a localida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senhou e<br />
quais as s<strong>em</strong>elhanças?<br />
Bom trabalho!...<br />
(Ativida<strong>de</strong> citada acima terá duração <strong>de</strong> 4 horas, incluindo o levantamento<br />
das informações <strong>de</strong> campo)<br />
Continue observando o seu território e faça uma relação (lista) <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong> ensinar<br />
ou <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas ativida<strong>de</strong>s e quais os conteúdos/<br />
assuntos que são ensinados, porque, na próxima aula, vamos fazer uma avaliação/<br />
análise <strong>de</strong> como as pessoas ensinam, qu<strong>em</strong> ensinam, o que ensinam,<br />
ao mesmo t<strong>em</strong>po, procurar<strong>em</strong>os <strong>de</strong>scobrir qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong> e como apren<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 49<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 4 – Processo Digital <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar as formas <strong>de</strong> ensinar<br />
e apren<strong>de</strong>r no território, qu<strong>em</strong> as ensinam e o que é ensinado.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong><br />
com o objetivo <strong>de</strong> ensinar, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve esse papel e<br />
quais os conteúdos/assuntos que são ensinados;<br />
2. <strong>de</strong>spertar para o novo conceito <strong>de</strong> ensinar;<br />
3. distinguir a relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar.<br />
Para o maior sucesso <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ter feito uma relação<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> sua localida<strong>de</strong> (localida<strong>de</strong> que você<br />
<strong>de</strong>senhou) com o objetivo <strong>de</strong> ensinar ou <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas<br />
ativida<strong>de</strong>s e quais os conteúdos/assuntos que são ensinados.<br />
4.1 Introdução<br />
Futuros Técnicos <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, começamos nossas aulas<br />
<strong>de</strong> <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> partindo <strong>de</strong> uma reflexão sobre a<br />
sua realida<strong>de</strong> através do <strong>de</strong>senho do seu território. Com o <strong>de</strong>senho e o t<strong>em</strong>a<br />
território, foi possível refletir a forma <strong>de</strong> organização social, as transformações,<br />
a cobertura geográfica do espaço <strong>em</strong> que mora, i<strong>de</strong>ntificando el<strong>em</strong>entos<br />
que compõ<strong>em</strong> esse território: fixos e os fluxos etc.<br />
Nesta aula, vamos continuar focados no território que você <strong>de</strong>senhou.<br />
Entusiasmado ou otimista? Então, vamos lá.<br />
4.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Faça uma reflexão sobre as ativida<strong>de</strong>s que são <strong>de</strong>senvolvidas no seu<br />
território (a comunida<strong>de</strong> que você escolheu para estudo) com o propósito <strong>de</strong><br />
ensinar <strong>em</strong> especial as questões dadas a seguir:<br />
• Quais as formas usadas <strong>em</strong> sua comunida<strong>de</strong> para ensinar alguma coisa?<br />
• Qu<strong>em</strong> ensina?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
51<br />
Entusiasmado:<br />
Uma pessoa<br />
entusiasmada é aquela<br />
acelerada, acendida,<br />
animada, energizada,<br />
pessoa que luta com<br />
todas as forças para que<br />
as coisas aconteçam.<br />
Otimista:<br />
A pessoa otimista é<br />
aquela que julga tudo<br />
o melhor possível, que<br />
tudo vai b<strong>em</strong>, porém<br />
pouco faz para alcançar<br />
os objetivos ou mudar<br />
uma realida<strong>de</strong>. Uma<br />
eterna torcedora.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
• O que é ensinado?<br />
• Qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>?<br />
• Como apren<strong>de</strong>?<br />
Agora que já refletiu sobre as questões, responda:<br />
O que é processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>?<br />
Nós apren<strong>de</strong>mos e ensinamos a todo o momento. Na rua, no trabalho,<br />
<strong>em</strong> casa, no supermercado, no ônibus, enfim, on<strong>de</strong> quer que estejamos<br />
<strong>em</strong> contato com alguém po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os trocar experiências acionando um processo<br />
<strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> recíproco.<br />
Mesmo quando não trocamos palavras, esse processo po<strong>de</strong> ocorrer<br />
porque, ao observarmos o outro, apren<strong>de</strong>mos, e, ao sermos observados,<br />
transformamo-nos <strong>em</strong> instrumentos <strong>de</strong> ensino.<br />
Quanto mais aberto é o indivíduo, maior será a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
interagir no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, porque estará receptivo às<br />
diversas formas <strong>de</strong> se ver e pensar o mundo. Essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura implica<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver um espírito investigador, que indaga, pesquisa, analisa,<br />
experimenta, busca compreen<strong>de</strong>r e contribuir, oferecendo alternativas para<br />
o progresso da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que se insere.<br />
Mas como isso ocorre? Vejamos.<br />
4.2.1 O que é ensinar?<br />
Etimologicamente, ensinar significa colocar <strong>de</strong>ntro, gravar no espírito.<br />
Dessa i<strong>de</strong>ia surgiu o conceito tradicional <strong>de</strong> que ensinar seria tão<br />
somente transmitir conhecimentos. O saber visto sob este prisma é dado<br />
pronto e acabado, quase s<strong>em</strong>pre é imposto, autoritário. Ao educando, resta<br />
<strong>de</strong>corar fórmulas, ouvir silenciosamente e s<strong>em</strong> questionar o que lhe transmite<br />
o professor, <strong>de</strong>tentor absoluto do conhecimento.<br />
Hoje, felizmente, o conceito <strong>de</strong> ensinar evoluiu: ensinar consiste<br />
<strong>em</strong> propiciar ao educando condições <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Ensinar, pois, é criar condições<br />
<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>ática, planejada, orientada, controlada.<br />
Mas, para alcançar este mister, o processo <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>ve partir <strong>de</strong><br />
dois princípios básicos:<br />
• todo ser humano possui <strong>em</strong> si próprio as potencialida<strong>de</strong>s para<br />
buscar <strong>de</strong> forma ativa os estímulos <strong>de</strong> que necessita para o seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento;<br />
• o ser humano não se resume <strong>em</strong> um mero vaso repositório <strong>de</strong><br />
informações. Mais do que isso, é um ser integral, um diamante <strong>de</strong> múltiplas<br />
faces – física, biológica, <strong>em</strong>ocional, intelectual, espiritual –, que se interag<strong>em</strong><br />
com igual importância, <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> níveis distintos.<br />
Por tudo isso, importa ao Técnico <strong>de</strong> Vigilância, <strong>em</strong> seu papel <strong>de</strong><br />
educador, procurar <strong>de</strong>senvolver dois requisitos fundamentais:<br />
• conhecimento sobre o processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />
• capacitação e competência técnica e metodológica para criar<br />
condições <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 52 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Ninguém ensina s<strong>em</strong> os seguintes pressupostos:<br />
• valorizar o que o outro apren<strong>de</strong>u (estímulo à autoconfiança);<br />
• <strong>de</strong>ixar que o outro expresse seu ponto <strong>de</strong> vista (verificação da<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar pensamentos e formas <strong>de</strong> expressão);<br />
• fazer comparações valorativas sobre o que o educando produziu<br />
(<strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com confiança e<br />
segurança para saber que não está só na produção <strong>de</strong> seu conhecimento);<br />
• chamar o outro à responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.<br />
4.2.2 O que é apren<strong>de</strong>r?<br />
Os dicionários, <strong>de</strong> um modo geral, dão, ao termo APRENDER, o significado<br />
<strong>de</strong> “ficar sabendo, instruir-se, adquirir conhecimento <strong>de</strong>”. Analis<strong>em</strong>os,<br />
porém, um conceito mais elaborado, do educador Piletti, para qu<strong>em</strong><br />
apren<strong>de</strong>r é “processo <strong>de</strong> aquisição e assimilação, mais ou menos consciente,<br />
<strong>de</strong> novos padrões e novas formas <strong>de</strong> perceber, ser, pensar e agir”.<br />
Desse conceito, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que apren<strong>de</strong>r é um processo ativo e<br />
intrínseco, através do qual o indivíduo busca satisfazer a <strong>de</strong>terminadas necessida<strong>de</strong>s<br />
e interesses seus.<br />
A aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudança permanente <strong>de</strong> comportamento,<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novas experiências que se conectam a conhecimentos<br />
anteriores através <strong>de</strong> estímulos e respostas, po<strong>de</strong>ndo ratificá-los ou transformá-los,<br />
gerando novas atitu<strong>de</strong>s.<br />
A aprendizag<strong>em</strong> é um processo qualitativo, pelo qual o educando lança<br />
mão <strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s tornando-se melhor preparado para novas aprendizagens,<br />
interagindo com o ambiente on<strong>de</strong> se encontra e assimilando novas<br />
formas <strong>de</strong> perceber o mundo e a si mesmo, <strong>de</strong> criar, <strong>de</strong> agir. Apren<strong>de</strong>r é crescer.<br />
4.2.3 Relações entre ensino e aprendizag<strong>em</strong><br />
Apren<strong>de</strong>r e ensinar, <strong>em</strong>bora sejam coisas distintas, guardam entre<br />
si profunda relação. Com efeito, o ensino é um processo motivador da<br />
aprendizag<strong>em</strong>. É papel do educador estimular intelectualmente o indivíduo,<br />
orientando-o na formação ou reformulação <strong>de</strong> novas percepções, novos pensamentos,<br />
novas ações, novos comportamentos. De outro lado, apren<strong>de</strong>r é<br />
um processo <strong>de</strong> transformação do educando, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só <strong>de</strong>le. Ninguém é<br />
ensinado, mas motivado, estimulado a apren<strong>de</strong>r.<br />
Por isso, um necessita do outro para que o ciclo se cumpra. Não é<br />
possível ensinar aquele que não o <strong>de</strong>seje e, por esta razão, um dos maiores<br />
<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina é <strong>de</strong>senvolver mecanismos que estimul<strong>em</strong> o educando<br />
a buscar o conhecimento, o aperfeiçoamento.<br />
Daí, infere-se que o bom êxito do processo ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />
implica <strong>em</strong> o educador consi<strong>de</strong>rar que:<br />
• os envolvidos nesse processo são pessoas que afetam diretamente<br />
a dinâmica;<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 53<br />
Apren<strong>de</strong>r: “ficar<br />
sabendo, instruir-se,<br />
adquirir conhecimento<br />
<strong>de</strong>”; “processo <strong>de</strong><br />
aquisição e assimilação,<br />
mais ou menos<br />
consciente, <strong>de</strong> novos<br />
padrões e novas formas<br />
<strong>de</strong> perceber, ser, pensar<br />
e agir”.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
• o conteúdo não só <strong>de</strong>ve ser dominado inteiramente pelo educador<br />
como a<strong>de</strong>quado às necessida<strong>de</strong>s e interesses do educando;<br />
• o ambiente e os recursos materiais são instrumentos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
guardar a<strong>de</strong>quação com o conteúdo e os participantes;<br />
• é preciso adquirir, igualmente, domínio técnico-metodológico<br />
que permita ao educador lidar com imprevistos, s<strong>em</strong>, contudo,<br />
priorizar a forma <strong>em</strong> prejuízo do conteúdo.<br />
Convém, ainda, lançar mão das seguintes regras básicas:<br />
• oferecer o conteúdo <strong>em</strong> um ambiente prazeroso, tanto quanto<br />
o ensino;<br />
• usar vários canais <strong>de</strong> percepção na apresentação do conteúdo<br />
(visual, auditivo, tátil, experiencial etc.);<br />
• incentivar a curiosida<strong>de</strong>;<br />
• estabelecer relações e estimular associações entre o conteúdo<br />
oferecido e aquele já existente na m<strong>em</strong>ória.<br />
Vamos nos aprofundar nesse estudo nas aulas <strong>de</strong> recursos didáticos<br />
e instrucionais.<br />
Você po<strong>de</strong> observar quantos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que poss<strong>em</strong><br />
muita informação sobre o fumo, inclusive os malefícios que traz<strong>em</strong> para<br />
a sua saú<strong>de</strong> ou a <strong>de</strong> qualquer outro usuário, mas, mesmo assim, continua<br />
fumando. Isso nos leva a crer que a pessoa po<strong>de</strong> ter informação, mas não<br />
apren<strong>de</strong>u, não mudou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, e, se não mudou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, não houve<br />
aprendizag<strong>em</strong>.<br />
4.3 Conclusão<br />
Vimos que a aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudanças permanentes <strong>de</strong><br />
comportamento, advindas <strong>de</strong> novas experiências que se juntam aos conhecimentos<br />
adquiridos anteriormente através <strong>de</strong> estímulos e resultados, po<strong>de</strong>ndo<br />
ratificá-los ou transformá-los, gerando novas atitu<strong>de</strong>s. A mudança <strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong> é que vai ser o indicador da aprendizag<strong>em</strong> adquirida; somente ter<br />
informações <strong>em</strong> relação a algo ou a alguma coisa não é o suficiente para<br />
<strong>de</strong>monstrar que apren<strong>de</strong>u ou que houve aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Todos nós apren<strong>de</strong>mos e ensinamos ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> todos os<br />
momentos da nossa vida, mas exist<strong>em</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s mais elaboradas<br />
para <strong>de</strong>senvolver esse processo, e isso é que foi solicitado para ser observado<br />
no seu território, pois t<strong>em</strong> muita gente que, com <strong>de</strong>dicação, apren<strong>de</strong> e ensina.<br />
Se o ensino é um processo motivador da aprendizag<strong>em</strong>, ele <strong>de</strong>ve ser<br />
exercido pelo Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, como educador ou facilitador<br />
que vai ter o papel <strong>de</strong> estimular e orientar na formação ou reformulação <strong>de</strong><br />
novas percepções, novos pensamentos, novas ações, novos comportamentos<br />
da comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que está atuando ou que vai atuar. O apren<strong>de</strong>r é um<br />
processo <strong>de</strong> transformação do educando, no nosso caso, a comunida<strong>de</strong>, a<br />
população, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>de</strong>la.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 54 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Resumo<br />
Não se esqueça, a aprendizag<strong>em</strong> implica <strong>em</strong> mudança permanente<br />
<strong>de</strong> comportamento, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novas experiências que se conectam a<br />
conhecimentos anteriores através <strong>de</strong> estímulos e respostas, po<strong>de</strong>ndo ratificá-los<br />
ou transformá-los, gerando novas atitu<strong>de</strong>s. A pessoa po<strong>de</strong> ter muita<br />
informação <strong>em</strong> relação a algo ou a alguma coisa, mas só vai <strong>de</strong>monstrar que<br />
apren<strong>de</strong>u ou que houve aprendizag<strong>em</strong> se houver a mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>.<br />
O apren<strong>de</strong>r e o ensinar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> muita <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina<br />
e <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>, por isso, guardam entre si profunda relação. O ensino<br />
é um processo motivador da aprendizag<strong>em</strong> e é exercido pelo educador,<br />
monitor, facilitador, que t<strong>em</strong> o papel <strong>de</strong> estimular, orientando-o na formação<br />
ou reformulação <strong>de</strong> novas percepções, novos pensamentos, novas ações,<br />
novos comportamentos. Já o apren<strong>de</strong>r é um processo <strong>de</strong> transformação do<br />
educando e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>de</strong>le. Como vimos anteriormente, ninguém é<br />
ensinado, mas motivado, estimulado a apren<strong>de</strong>r.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
Discuta com algumas pessoas do seu trabalho e da comunida<strong>de</strong> que você<br />
escolheu para estudo (a que você <strong>de</strong>senhou) e, se possível, com os colegas e<br />
responda as questões a sguir<br />
1) Quais as formas usadas <strong>em</strong> sua comunida<strong>de</strong> para ensinar alguma coisa?<br />
2) Qu<strong>em</strong> ensina?<br />
3) O que é ensinado?<br />
4) Qu<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>?<br />
5) Como apren<strong>de</strong>?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 55<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Baseando-se na observação das ativida<strong>de</strong>s que têm o papel <strong>de</strong> ensinar <strong>de</strong>ntro<br />
do território e do que foi discutido na aula, responda às questões a seguir.<br />
1) Quando apren<strong>de</strong>mos e ensinamos?<br />
2) Nos dias <strong>de</strong> hoje, qual é o conceito <strong>de</strong> ensinar?<br />
3) Quais os pressupostos que você acredita ser<strong>em</strong> importantes para ensinar?<br />
4) Para você, o que é apren<strong>de</strong>r?<br />
5) Qual a relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar?<br />
Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, vamos estudar<br />
os fatores pedagógicos/as opções pedagógicas, on<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong>os as três<br />
correntes pedagógicas mais comumente presentes no cotidiano e as suas<br />
implicações para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong>.<br />
Aula foi elaborada baseada no texto extraído da apostila do Curso<br />
<strong>de</strong> Capacitação <strong>de</strong> Instrutores e Facilitadores da Copyright @ 2000 Gestão<br />
consultoria e Treinamento Ltda.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 56 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 5 - Fatores Digital pedagógicos/ as opções<br />
pedagógicos<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o educando possa i<strong>de</strong>ntificar as possíveis consequências<br />
para o indivíduo e a socieda<strong>de</strong> quando uma das pedagogias é<br />
exercida <strong>de</strong> maneira dominante durante um período prolongado e qual a<br />
melhor para aplicação <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s diárias.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar as três correntes pedagógicas mais comumente presentes<br />
no cotidiano e suas implicações para o indivíduo e para<br />
a socieda<strong>de</strong>;<br />
2. comparar os fatores pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong>senvolvidas<br />
no seu território e a melhor que se adéque às suas<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar as possíveis consequências para o indivíduo e a socieda<strong>de</strong><br />
quando uma das pedagogias é exercida <strong>de</strong> maneira dominante<br />
durante um período prolongado.<br />
O aluno <strong>de</strong>verá ler atentamente as três respostas pedagógicas e,<br />
baseados nos seus conhecimentos, respon<strong>de</strong>r o que se pe<strong>de</strong>; <strong>em</strong> seguida,<br />
ler a aula que trata do assunto para retornar às respostas e acrescentar ou<br />
retirar o que for necessário.<br />
5.1 Introdução<br />
Seja b<strong>em</strong>-vindo a mais uma aula!<br />
A aula <strong>de</strong> hoje será baseada no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave. Texto este<br />
que foi adaptado <strong>de</strong> um artigo maior publicado sob o título “A transferência<br />
<strong>de</strong> tecnologia apropriada ao pequeno agricultor”. Porém, s<strong>em</strong> nenhuma<br />
ina<strong>de</strong>quação, já foi usado <strong>em</strong> várias capacitações na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois a<br />
sua essência refere-se aos processos pedagógicos comuns a qualquer ação<br />
educativa. Trata-se <strong>de</strong> uma educação voltada para o trabalho, mas n<strong>em</strong> por<br />
isso mecanicista: procura, todo o t<strong>em</strong>po, ressaltar a importância do aprendizado<br />
pela <strong>de</strong>scoberta e, portanto, o crescimento do indivíduo como um<br />
todo. Faz crítica à simples transferência do conhecimento feita por métodos<br />
tradicionais e não reflexivos, evi<strong>de</strong>nciando sua superficialida<strong>de</strong> e a baixa re-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
57<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Bor<strong>de</strong>nave<br />
Juan E. Dias Bor<strong>de</strong>nave,<br />
consultor autônomo,<br />
especialista <strong>em</strong><br />
Comunicação e<br />
<strong>Educação</strong>, paraguaio,<br />
t<strong>em</strong> vasta experiência<br />
<strong>em</strong> educação <strong>de</strong><br />
adultos, principalmente<br />
aqueles <strong>de</strong><br />
escolarização precária,<br />
típica das classes menos<br />
favorecidas dos países<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
ou <strong>em</strong>ergentes, assim<br />
como no nosso Brasil.<br />
tenção do conhecimento. Esclarece sobre as várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> “ensinar-<br />
-apren<strong>de</strong>r-ensinar”, <strong>de</strong>ixando flexível a escolha <strong>em</strong> função dos objetivos que<br />
se quer atingir. Em seus textos, Bor<strong>de</strong>nave usou linguag<strong>em</strong> direta, acessível<br />
e clara, facilitando a compreensão do conteúdo por parte <strong>de</strong> profissionais<br />
<strong>de</strong> diferentes áreas que, por necessida<strong>de</strong>s diversas, se <strong>de</strong>param com a tarefa<br />
<strong>de</strong> ensinar, como é o caso, agora, do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
É imprescindível l<strong>em</strong>brar que, quando ensinamos, não basta o domínio do<br />
conteúdo, <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> conta “como ensinar”, o que implica o mínimo<br />
<strong>de</strong> formação pedagógica para que se alcance o <strong>de</strong>sejado: a transformação<br />
da realida<strong>de</strong> a partir da mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s/comportamento pela aquisição<br />
<strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />
5.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
5.2.1 Três respostas pedagógicas para uma situação -<br />
probl<strong>em</strong>a<br />
(Exercício inicial)<br />
O caso<br />
Ao observar<strong>em</strong> a conduta adotada para a esterilização <strong>de</strong> pinças<br />
para curativos, os técnicos/mediadores constataram que o aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong><br />
limitava-se a colocá-las <strong>em</strong> imersão <strong>em</strong> água fervente, afirmando<br />
que, assim, conseguia esterilizá-las muito b<strong>em</strong>.<br />
Analisando esse caso, os técnicos/mediadores chegaram à conclusão<br />
<strong>de</strong> que era necessário encontrar alternativas <strong>de</strong> ensino que diminuíss<strong>em</strong><br />
a incidência <strong>de</strong> fatos s<strong>em</strong>elhantes.<br />
Da discussão, <strong>em</strong> três grupos <strong>de</strong> técnicos/mediadores, surgiram as<br />
respostas pedagógicas expostas a seguir.<br />
RESPOSTA “A”<br />
1. Técnico/professor realiza palestra para os alunos sobre a técnica<br />
<strong>de</strong> esterilização, <strong>de</strong>stacando os diversos aspectos do processamento do material<br />
(lavag<strong>em</strong> prévia, métodos <strong>de</strong> esterilização, t<strong>em</strong>peratura e t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />
exposição <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> material).<br />
2. Técnico/professor apresenta um resumo, <strong>em</strong> transparência, dos<br />
tópicos mais importantes do conteúdo, utilizando retroprojetor.<br />
3. Os alunos realizam prática simulada <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> artigos<br />
hospitalares sob supervisão do técnico/professor<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 58 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
RESPOSTA “B”<br />
1. Técnico/professor apresenta aos alunos o material utilizado para<br />
curativos e solicita que os mesmos simul<strong>em</strong> uma situação <strong>de</strong> trabalho na<br />
qual este material é esterilizado. São anotados os diferentes procedimentos<br />
adotados por cada participante e comparados entre si.<br />
2. Técnico/professor indaga aos alunos o motivo pelo qual optaram<br />
por um dado procedimento, levando a discussão para as “diferenças entre<br />
sujo e limpo, contaminado e estéril”. A seguir, os alunos observam ao microscópio<br />
diferentes tipos <strong>de</strong> micro-organismos.<br />
3. O próximo passo é a leitura e a discussão <strong>de</strong> texto sobre a classificação<br />
dos micro-organismos, ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> doenças, conceito<br />
<strong>de</strong> contaminação e métodos <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> material (com ênfase <strong>em</strong><br />
forma, t<strong>em</strong>peratura, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> exposição).<br />
4. Em seguida, os alunos, com a orientação do técnico/professor,<br />
sist<strong>em</strong>atizam os princípios e procedimentos para o processamento <strong>de</strong> artigos<br />
hospitalares e part<strong>em</strong> para a prática <strong>em</strong> serviço. Técnico/professor indaga<br />
o porquê <strong>de</strong> cada procedimento do aluno controlando, <strong>de</strong>ssa forma, a eficiência.<br />
RESPOSTA “C”<br />
1. Técnico/professor <strong>de</strong>monstra aos alunos os métodos <strong>de</strong> esterilização<br />
<strong>de</strong> material hospitalar, enfatizando os aspectos <strong>de</strong> limpeza, preparo e<br />
acondicionamento <strong>de</strong> materiais, t<strong>em</strong>po e formas <strong>de</strong> exposição, t<strong>em</strong>peratura<br />
a<strong>de</strong>quada etc.<br />
2. Técnico/professor projeta para os alunos um filme <strong>de</strong>monstrando<br />
as diferentes técnicas <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> artigos hospitalares, reforçando<br />
cada etapa dos procedimentos e a sequência correta dos passos.<br />
3. Os alunos repet<strong>em</strong> todos os passos <strong>de</strong> cada técnica até que sejam<br />
capazes <strong>de</strong> reproduzir com fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e segurança todas as operações requeridas<br />
para tornar os materiais efetivamente estéreis.<br />
4. Os alunos <strong>de</strong> melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho com as técnicas utilizadas passam<br />
a colaborar com o professor nas <strong>de</strong>monstrações até que todo o grupo<br />
seja capaz <strong>de</strong> reproduzir os passos.<br />
Proposta <strong>de</strong> trabalho<br />
• Analise as três respostas apresentadas procurando compará-las<br />
e distinguindo suas diferenças no que diz respeito ao papel do<br />
técnico/professor e ao papel do aluno no processo.<br />
• I<strong>de</strong>ntifique qual o conceito <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> que orienta cada<br />
uma das respostas.<br />
• Escolha a resposta que você consi<strong>de</strong>ra mais a<strong>de</strong>quada para a<br />
resolução do probl<strong>em</strong>a e justifique.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 59<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
5.2.2 Fatores pedagógicos<br />
Segundo Bor<strong>de</strong>nave, quando se fala <strong>em</strong> fatores pedagógicos, inclu<strong>em</strong>-se<br />
nesta categoria todos os processos relacionados com o ensino-<br />
-aprendizag<strong>em</strong> das tecnologias que um <strong>de</strong>terminado grupo elegeu como<br />
apropriada para seu sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> bens ou serviços.<br />
Todos os processos educativos, assim como os métodos e os meios<br />
<strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, baseiam-se <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada pedagogia, ou<br />
seja, na concepção <strong>de</strong> como conseguir que as pessoas aprendam e modifiqu<strong>em</strong><br />
o seu comportamento. Esta pedagogia, por sua vez, fundamenta-se <strong>em</strong><br />
uma <strong>de</strong>terminada teoria do conhecimento.<br />
As opções pedagógicas adotadas por um <strong>de</strong>terminado país são influenciadas<br />
pela i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> classe ou classes dominantes. Assim, cada opção<br />
pedagógica, quando se exerce <strong>de</strong> maneira dominante durante um período<br />
prolongado, t<strong>em</strong> consequências sobre a conduta individual e sobre o<br />
comportamento da socieda<strong>de</strong>. Embora existam numerosas opções pedagógicas,<br />
<strong>de</strong>stacar<strong>em</strong>os três:<br />
a) a pedagogia da transmissão;<br />
b) a pedagogia do condicionamento; e<br />
c) a pedagogia da probl<strong>em</strong>atização.<br />
A) Pedagogia da transmissão<br />
A pedagogia da transmissão parte da pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ias e<br />
os conhecimentos são os principais fatores da educação e, portanto, a experiência<br />
fundamental que o aluno <strong>de</strong>ve vivenciar é a <strong>de</strong> receber informações<br />
oferecidas pelo professor ou os livros. Nesta pedagogia, chamada por Paulo<br />
Freire <strong>de</strong> “educação bancária”, o aluno é consi<strong>de</strong>rado como uma “página <strong>em</strong><br />
branco”, “tábua rasa”, “vasilhame vazio”.<br />
Ainda que tradicionalmente a pedagogia <strong>de</strong> transmissão venha<br />
acompanhada pela exposição oral do professor, a verda<strong>de</strong> é que, <strong>em</strong> muitos<br />
casos, a mo<strong>de</strong>rna tecnologia educacional, com seus complicados conjuntos<br />
multimídias, po<strong>de</strong> não ser nada mais do que um veículo sofisticado <strong>de</strong> mera<br />
transmissão.<br />
É necessário observar que a pedagogia <strong>de</strong> transmissão não está<br />
circunscrita somente nas situações <strong>de</strong> educação formal, mas quase s<strong>em</strong>pre<br />
po<strong>de</strong> estar presente nas situações <strong>de</strong> educação não formal. Assim, quando<br />
um Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, usar um estilo autoritário<br />
e vertical na transmissão <strong>de</strong> conhecimentos técnicos, ele estará<br />
usando essa pedagogia.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 60 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Veja como essa pedagogia po<strong>de</strong> ser representada:<br />
Figura 15: A pedagogia da transmissão.<br />
Fonte: Ilustração do autor baseado no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave.<br />
Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia.<br />
Em nível individual:<br />
• elevada absorção <strong>de</strong> informação;<br />
• hábito <strong>de</strong> tomar notas e m<strong>em</strong>orizar;<br />
• passivida<strong>de</strong> do aluno e falta <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> crítica;<br />
• profundo respeito às fontes <strong>de</strong> informação, sejam elas o professor<br />
ou os livros;<br />
• distância entre a teoria e a prática;<br />
• preferência pelas especulações teóricas;<br />
• <strong>de</strong>sconhecimento da realida<strong>de</strong>.<br />
Em nível social:<br />
• adoção <strong>de</strong> informação científica e tecnológica <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos;<br />
• adoção indiscriminada <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> pensamentos elaborados<br />
<strong>em</strong> outras regiões;<br />
• individualismo e falta <strong>de</strong> cooperação e participação;<br />
• manutenção da divisão <strong>de</strong> classes sociais;<br />
Parece evi<strong>de</strong>nte que a pedagogia <strong>de</strong> transmissão não coinci<strong>de</strong> com<br />
as aspirações <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento baseado na transformação das estruturas,<br />
o crescimento pleno das pessoas e a sua participação ativa no processo<br />
<strong>de</strong> mudança, evolução.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 61<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
É bom l<strong>em</strong>brar que, no processo ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> capacitação,<br />
existe um sério perigo <strong>de</strong> adotar a pedagogia da transmissão: o fato <strong>de</strong><br />
que o que se transmite não seja só conhecimentos ou i<strong>de</strong>ias, mas também<br />
procedimentos e práticas; não altera o caráter transmissivo do fenômeno, já<br />
que os procedimentos inculcados provêm integralmente <strong>de</strong> uma fonte que<br />
já o possui e o aluno não faz outra coisa senão receber e adotar (por repetição).<br />
Assim sendo, fica evi<strong>de</strong>nciada a falta <strong>de</strong> uma postura reflexiva diante<br />
<strong>de</strong> possíveis probl<strong>em</strong>as que venham a surgir.<br />
B) A pedagogia do condicionamento<br />
Segundo Bor<strong>de</strong>nave, a pedagogia do condicionamento não consi<strong>de</strong>ra<br />
a transmissão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e conhecimentos como fator importante do<br />
processo educativo. Sua ênfase recai nos resultados comportamentais, nas<br />
manifestações <strong>em</strong>píricas e operacionais da mudança <strong>de</strong> conhecimentos, atitu<strong>de</strong>s<br />
e <strong>de</strong>strezas.<br />
O processo ocorre a partir da elaboração <strong>de</strong> objetivos instrucionais<br />
quantitativamente mensuráveis para ser<strong>em</strong> aplicadas <strong>em</strong> uma sequência <strong>de</strong><br />
pequenos passos. O reforço ou recompensa será dado à medida que as respostas<br />
coincidir<strong>em</strong> com a resposta esperada. Mediante a repetição da associação<br />
estímulo-resposta-reforço, o aprendiz é condicionado a dar respostas<br />
<strong>de</strong>sejadas s<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um reforço contínuo.<br />
Muito da chamada tecnologia educacional mo<strong>de</strong>rna utiliza a pedagogia<br />
condutiva, começando pela instrução programada e terminando pelo<br />
enfoque mais amplo do ensino para a competência ou o domínio. O método<br />
dos módulos po<strong>de</strong> ser incluído nesta pedagogia se os instrutores que o elaboram<br />
colocam mais ênfase na obtenção <strong>de</strong> objetivos preestabelecidos do<br />
que no <strong>de</strong>senvolvimento integral do aluno como pessoa individual ou social.<br />
Figura 16: El<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong> condicional.<br />
Fonte: Ilustração do autor baseado no texto <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>nave.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 62 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Até pouco t<strong>em</strong>po, os cursinhos <strong>de</strong> pré-vestibular agiam <strong>de</strong>ssa forma,<br />
repetição da associação estímulo-resposta-reforço; o aluno teria que<br />
m<strong>em</strong>orizar para sair b<strong>em</strong> nas provas do vestibular, alcançando os primeiros<br />
lugares nos melhores cursos. Hoje, com o Exame Nacional do Ensino Médio<br />
ENEM, nova forma <strong>de</strong> ingressar nas Faculda<strong>de</strong>s ou Universida<strong>de</strong>s, a metodologia<br />
t<strong>em</strong> mudado bastante nesses cursinhos. Outro ex<strong>em</strong>plo é quando um<br />
trabalhador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> promete algo à população <strong>em</strong> troca <strong>de</strong> alguns serviços<br />
que venham beneficiar a própria população. Ex<strong>em</strong>plo do combate à <strong>de</strong>ngue:<br />
“Qu<strong>em</strong> mantiver o quintal livre <strong>de</strong> recipientes/vasilhames que possam acumular<br />
água por X s<strong>em</strong>anas vai ganhar um kit <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> limpeza.” A pessoa<br />
po<strong>de</strong> manter o seu quintal limpo só para ganhar o prêmio e <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong><br />
voltar ao que era antes. A ênfase está no prêmio, e não na vida saudável que<br />
<strong>de</strong>ve ser proporcionada ao ficar livre do mosquito transmissor da <strong>de</strong>ngue.<br />
Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia<br />
Em nível individual:<br />
• aluno ativo, <strong>em</strong>itindo as respostas que o sist<strong>em</strong>a propõe e permite;<br />
• alta eficiência <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> dos dados e processos;<br />
• o aluno não questiona e não participa da seleção dos objetivos e<br />
dos métodos e não questiona os conteúdos do programa;<br />
• o aluno não probl<strong>em</strong>atiza a realida<strong>de</strong> e não lhe solicitam uma<br />
análise crítica da mesma;<br />
• tendência ao individualismo, salvo quando o programa estabelece<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação;<br />
• tendência à competitivida<strong>de</strong>, pois o aluno mais rápido ganha<br />
status e t<strong>em</strong> acesso a materiais ulteriores;<br />
• eliminação da criativida<strong>de</strong> e originalida<strong>de</strong>, pois as respostas corretas<br />
são preestabelecidas.<br />
Em nível social:<br />
• tendência à robotização da população com maior ênfase na produtivida<strong>de</strong><br />
e eficiência;<br />
• <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> fonte externa para o estabelecimento <strong>de</strong> objetivos,<br />
métodos e reforços, criando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lí<strong>de</strong>r;<br />
• falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da consciência crítica e cooperação.<br />
A partir <strong>de</strong>sta lista <strong>de</strong> consequências po<strong>de</strong>-se inferir que a utilização<br />
exclusiva <strong>de</strong>sta pedagogia reforça a <strong>de</strong>pendência mental, tecnológica,<br />
política e socioeconômica das pessoas, impedindo-as <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> a<br />
consciência crítica a partir da probl<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>.<br />
C) A pedagogia da probl<strong>em</strong>atização<br />
A pedagogia da probl<strong>em</strong>atização parte do princípio <strong>de</strong> que, num<br />
mundo <strong>de</strong> mudanças rápidas e profundas, o importante não são os conhecimentos<br />
ou i<strong>de</strong>ias, n<strong>em</strong> os comportamentos corretos e fiéis ao esperado,<br />
senão o aumento da capacida<strong>de</strong> do aluno para <strong>de</strong>tectar os probl<strong>em</strong>as reais e<br />
buscar-lhes solução original e criativa. A experiência <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser valorizada<br />
é a observação grupal da própria realida<strong>de</strong>, o diálogo e a participação<br />
na ação transformadora das condições <strong>de</strong> vida.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 63<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
O diagrama a seguir, <strong>de</strong>nominado por Chaves Maguerez <strong>de</strong><br />
“o método do arco”, ajudará na representação <strong>de</strong>sta pedagogia.<br />
Figura 17: O esqu<strong>em</strong>a da educação probl<strong>em</strong>atizadora baseado no Arco <strong>de</strong> Mangarez.<br />
Fonte: Ilustração do autor baseado no Arco <strong>de</strong> Mangarez.<br />
Conforme o proposto no diagrama, o processo ensino-aprendizag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>ve se iniciar a partir da observação da realida<strong>de</strong>, permitindo às pessoas<br />
expressar<strong>em</strong> suas percepções, fazendo, assim, uma primeira leitura sincrética<br />
ou ingênua da realida<strong>de</strong>. Em um segundo momento, os alunos selecionam<br />
as informações e i<strong>de</strong>ntificam os pontos-chaves do probl<strong>em</strong>a, levantando as<br />
variáveis que <strong>de</strong>terminam a situação encontrada.<br />
A etapa <strong>de</strong> teorização consiste no levantamento <strong>de</strong> questões sobre<br />
as causas do probl<strong>em</strong>a observado. Aqui, é necessário recorrer aos conhecimentos<br />
científicos que auxiliam o raciocínio das pessoas na compreensão<br />
do probl<strong>em</strong>a, não só <strong>em</strong> suas manifestações <strong>em</strong>píricas, mas nos princípios<br />
teóricos que o explicam.<br />
Confrontada a realida<strong>de</strong> com a sua teorização, o indivíduo se vê,<br />
naturalmente, movido a formular hipóteses <strong>de</strong> solução para o probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong><br />
estudo. Esta etapa <strong>de</strong>ve permitir, ainda, a comprovação da viabilida<strong>de</strong> das<br />
hipóteses através do confronto com a própria realida<strong>de</strong>.<br />
Em última fase, o indivíduo compreen<strong>de</strong> e pratica soluções que o grupo<br />
consi<strong>de</strong>rou viáveis e aplicáveis à realida<strong>de</strong>, preparando-se para transformá-la.<br />
Consequências possíveis <strong>de</strong>sta pedagogia<br />
Em nível individual:<br />
• aluno constant<strong>em</strong>ente ativo, observando, formulando perguntas,<br />
expressando percepções e opiniões;<br />
• aluno motivado pela percepção <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as reais cuja solução<br />
se converte num reforço;<br />
• aprendizag<strong>em</strong> ligada a aspectos significativos da realida<strong>de</strong>;<br />
• <strong>de</strong>senvolvimento das habilida<strong>de</strong>s intelectuais <strong>de</strong> observação,<br />
análise, avaliação, compreensão e extrapolação pelos <strong>de</strong>mais<br />
m<strong>em</strong>bros dos grupos.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 64 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Em nível social:<br />
• população conhecedora da sua realida<strong>de</strong>, reagindo aos valores e<br />
imitação do que é <strong>de</strong> fora;<br />
• cooperação na busca <strong>de</strong> soluções a probl<strong>em</strong>as comuns;<br />
• métodos e recursos a<strong>de</strong>quados à realida<strong>de</strong>;<br />
• criação <strong>de</strong> tecnologia viáveis e culturalmente compatíveis com a<br />
realida<strong>de</strong>;<br />
• resistência à dominação.<br />
5.3 Conclusão<br />
Todos nós fomos educados <strong>de</strong>ntro da pedagogia da transmissão e,<br />
<strong>em</strong> outros momentos, a do condicionamento, assim, é muito difícil pensarmos<br />
<strong>em</strong> outra opção <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado momento da nossa vida, pois muito da<br />
tecnologia educacional mo<strong>de</strong>rna se baseia na pedagogia conducionista, que<br />
citamos anteriormente, começando pela instrução programada e terminando<br />
pelo enfoque mais amplo do ensino para a competência ou o domínio. O<br />
método dos módulos po<strong>de</strong> também ser incluído na pedagogia do condicionamento<br />
se as instruções que a realizam enfatizar<strong>em</strong> a obtenção <strong>de</strong> objetivos<br />
preestabelecidos, ao invés do <strong>de</strong>senvolvimento integral do aluno como ser<br />
individual e social.<br />
As consequências citadas da pedagogia do condicionamento são<br />
alarmantes para países do terceiro mundo, <strong>em</strong>penhados como estão <strong>em</strong> lograr<br />
sua in<strong>de</strong>pendência mental associada à in<strong>de</strong>pendência tecnológica, política<br />
e socioeconômica.<br />
Na pedagogia da probl<strong>em</strong>atização, os educandos ou comunida<strong>de</strong><br />
faz a leitura da sua realida<strong>de</strong>, levanta os probl<strong>em</strong>as, pontos-chaves e<br />
passam à teorização do probl<strong>em</strong>a ao se perguntar o porquê das coisas<br />
observadas, ainda que o papel do professor ou técnico sejam s<strong>em</strong>pre<br />
importantes como estímulo para que os alunos/comunida<strong>de</strong> particip<strong>em</strong><br />
ativamente. Nesta fase <strong>de</strong> teorização, sua contribuição é fundamental,<br />
pois a tarefa <strong>de</strong> teorizar é s<strong>em</strong>pre difícil, ainda mais quando não se possui<br />
o hábito <strong>de</strong> fazê-lo, como é, <strong>em</strong> geral, o caso <strong>de</strong> adultos <strong>em</strong> treinamento.<br />
Corre o risco <strong>de</strong> apelar para conhecimentos científicos contidos no dia a<br />
dia e outras <strong>de</strong> maneira simplificada e fácil <strong>de</strong> comprovação, voltando a<br />
usar a pedagogia na qual foi formado.<br />
Resumo<br />
Vimos, nesta aula, que, segundo Bor<strong>de</strong>nave, todos os processos<br />
educativos, assim como suas respectivas metodologias e meios, têm por<br />
base uma <strong>de</strong>terminada pedagogia, isto é, uma concepção <strong>de</strong> como se consegue<br />
que as pessoas aprendam alguma coisa e, a partir daí, modifiqu<strong>em</strong> seu<br />
comportamento. A pedagogia escolhida, por sua vez, se fundamenta <strong>em</strong> uma<br />
<strong>de</strong>terminada teoria do conhecimento.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 65<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Cada opção pedagógica, quando exercida <strong>de</strong> maneira dominante<br />
durante um período prolongado, t<strong>em</strong> consequências discerníveis sobre a conduta<br />
individual e também, o que é mais importante, sobre o comportamento<br />
da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu conjunto.<br />
As opções pedagógicas estudadas foram: a pedagogia da transmissão,<br />
pedagogia do condicionamento e a pedagogia da probl<strong>em</strong>atização.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Releia a parte A, B, e C da aula, caracterize cada uma das pedagogias<br />
abordadas e aponte as possíveis consequências para o indivíduo e para a<br />
socieda<strong>de</strong> quando elas são exercidas <strong>de</strong> maneira dominante durante um período<br />
prolongado.<br />
2) Faça uma reflexão e <strong>de</strong>screva como essas opções pedagógicas se apresentam<br />
nas ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong>senvolvidas no seu território e a melhor que<br />
se adéque às suas ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />
3) Refaça a análise das respostas pedagógicas A, B e C.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 66 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 6 – Do processo Digital <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong><br />
ensinar<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> assimilação lógico-abstratos, lógico-concretos, preceptores e esqu<strong>em</strong>as<br />
sensoriais motores.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar os dois el<strong>em</strong>entos da aprendizag<strong>em</strong> (um sujeito que<br />
apren<strong>de</strong> e um objeto que é aprendido);<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação lógico-abstratos, lógico-<br />
-concretos, preceptores e esqu<strong>em</strong>as sensoriais motores.<br />
Para se ter um bom aproveitamento <strong>de</strong>sta aula, é importante você<br />
disponibilizar no mínimo duas horas para leitura e reflexão do t<strong>em</strong>a que será<br />
abordado.<br />
6.1 Introdução<br />
Como apren<strong>de</strong>mos? Des<strong>de</strong> quando começa o nosso aprendizado?<br />
Na aula anterior, i<strong>de</strong>ntificamos as três correntes pedagógicas mais frequentes<br />
no cotidiano e suas implicações para o indivíduo e para a socieda<strong>de</strong>,<br />
b<strong>em</strong> como comparamos os fatores pedagógicos nas ativida<strong>de</strong>s educativas<br />
<strong>de</strong>senvolvidas no território, <strong>de</strong>stacando aquela que melhor se a<strong>de</strong>quava às<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas. Na aula <strong>de</strong> hoje, vamos conhecer melhor o processo<br />
<strong>de</strong> assimilação. Discorrer<strong>em</strong>os <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esqu<strong>em</strong>as sensoriais motores até os<br />
abstratos.<br />
6.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Futuros Técnicos <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, vamos, na aula <strong>de</strong> hoje,<br />
estudar algumas linhas teóricas que orientam o mo<strong>de</strong>lo pedagógico que busca<br />
uma nova forma <strong>de</strong> organizar o trabalho pedagógico nas instituições <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Além da exposição e reflexão dos aspectos teóricos, procurar<strong>em</strong>os,<br />
também, orientar o processo <strong>de</strong> reflexão-criação, implícitos <strong>em</strong> qualquer<br />
ação pedagógica.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
67<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Para Davini, a maioria das experiências realizadas t<strong>em</strong> se preocupado<br />
<strong>em</strong> como ensinar, isto é, como mostrar melhor para inculcar melhor.<br />
Segunda ela, isto po<strong>de</strong> ser observado não apenas nas formas clássicas <strong>de</strong> palestras<br />
e treinamento, mas também <strong>em</strong> algumas formas aparent<strong>em</strong>ente mo<strong>de</strong>rnas<br />
que adotam um leque <strong>de</strong> meios técnicos audiovisuais. Na realida<strong>de</strong>,<br />
todas elas se organizam sobre a mesma base <strong>de</strong> “mostrar-informar–inculcar”,<br />
preten<strong>de</strong>ndo que o aprendiz consiga reproduzir mais ou menos fielmente o<br />
que é ensinado.<br />
Outras experiências, procurando quebrar a tradição anterior, adotaram<br />
a metodologia dialogal. O educando já não é mais visto como um<br />
objeto, mas consi<strong>de</strong>rado com a riqueza <strong>de</strong> suas experiências. Contudo, a<br />
falta <strong>de</strong> uma reflexão teórica sólida sobre este processo e sobre sua correspon<strong>de</strong>nte<br />
sist<strong>em</strong>atização faz<strong>em</strong> com que tais experiências se enfrent<strong>em</strong> com<br />
dois perigos:<br />
• ou não se avança mais além do diálogo, subestimando os aportes<br />
científicos e, com isso, afetando seriamente a eficiência do pessoal;<br />
• ou se quebra o diálogo <strong>em</strong> algum momento do processo, partindo<br />
para uma segunda etapa <strong>de</strong> informação/inculcação do melhor<br />
tipo tradicional.<br />
Na verda<strong>de</strong>, a questão central é habitualmente esquecida: mais do<br />
que preocupar-se <strong>em</strong> como ensinar (por inculcação ou por diálogo), é fundamental<br />
começar por questionar-se como se apren<strong>de</strong>. Ou seja, quais são os<br />
processos internos e a que caminhos recorre um <strong>de</strong>terminado sujeito para<br />
apren<strong>de</strong>r (no nosso caso, as pessoas da comunida<strong>de</strong>/território que o Técnico<br />
<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> atua). Felizmente, algumas experiências realizadas<br />
já se orientam <strong>em</strong> função <strong>de</strong>ssa questão.<br />
Como ponto <strong>de</strong> partida, dir<strong>em</strong>os que uma situação <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
é uma relação dinâmica entre dois el<strong>em</strong>entos: um sujeito que apren<strong>de</strong><br />
e um objeto que é aprendido.<br />
S<br />
Nenhum <strong>de</strong>stes dois polos da relação são “caixas vazias”. Por um<br />
lado, o sujeito é um ser ativo, portador <strong>de</strong> concepções, costumes e hábitos,<br />
e <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas formas <strong>de</strong> pensar e atuar sobre a realida<strong>de</strong>. Por outro<br />
lado, o objeto ou assunto a ser aprendido t<strong>em</strong> uma estrutura que lhe é própria:<br />
até a mais simples técnica <strong>de</strong> separar o lixo doméstico t<strong>em</strong> como suporte<br />
e justificativa uma série <strong>de</strong> conhecimentos científicos que lhe confere<br />
seu verda<strong>de</strong>iro sentido.<br />
Ter<strong>em</strong>os, então, diante <strong>de</strong> nós, duas questões centrais.<br />
• Quais são as formas <strong>de</strong> conhecer e <strong>de</strong> pensar das pessoas as ser<strong>em</strong><br />
capacitadas/orientadas?<br />
• Qual é a estrutura do conhecimento que <strong>de</strong>verá ser assimilado?<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 68 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
O
Ambas as questões são complexas e não exist<strong>em</strong> fórmulas prontas<br />
para tais interrogantes. No entanto, exist<strong>em</strong> alguns aportes teóricos, suficient<strong>em</strong>ente<br />
comprovados, que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> base sólida para a busca <strong>de</strong><br />
respostas a<strong>de</strong>quadas. Buscá-las é uma tarefa indiscutível se quiser conduzir<br />
um processo que leve até uma aprendizag<strong>em</strong> verda<strong>de</strong>ira. Para Davini, só<br />
indagando como se produz essa dinâmica <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> é que caminhar<strong>em</strong>os<br />
mais seguros até a pergunta sobre como ensinar. Isto representa uma<br />
real inversão da or<strong>de</strong>m dos questionamentos.<br />
A primeira pergunta que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os fazer é:<br />
I- Como o sujeito apren<strong>de</strong>?<br />
Começar<strong>em</strong>os pela primeira questão, referente às formas <strong>de</strong> pensar<br />
e <strong>de</strong> conhecer do sujeito da aprendizag<strong>em</strong>, como, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> nosso<br />
caso, a comunida<strong>de</strong>, a população <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado território. Quando<br />
falamos <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> pensar e conhecer, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os levar <strong>em</strong> conta duas variáveis<br />
principais:<br />
esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> assimilação.<br />
Formas <strong>de</strong> pensar e conhecer<br />
padrões culturais.<br />
Para refletirmos sobre a primeira, Davini utiliza conceitos centrais<br />
da Psicologia Genética <strong>de</strong> Jean Piaget; quanto à segunda, consi<strong>de</strong>ra os aportes<br />
<strong>de</strong> diversos autores da Sociologia e da Antropologia Social.<br />
Por esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação, <strong>de</strong>fine as formas <strong>de</strong> ação que um<br />
sujeito <strong>de</strong>senvolve para conhecer alguma coisa. Essas formas <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong>m<br />
ser externas e visíveis (ações materiais), como manipular uma ferramenta <strong>de</strong><br />
trabalho, ou po<strong>de</strong>m ser internas e não visíveis, como a ação <strong>de</strong> conceituar<br />
(operações mentais).<br />
Será que esses esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação são iguais para todas as<br />
pessoas?<br />
Clara que não! Os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação variam <strong>de</strong> sujeito para<br />
sujeito, mas existe uma pauta <strong>de</strong> evolução comum <strong>de</strong> acordo com o processo<br />
<strong>de</strong> maturação. Neste processo, que começa a partir do nascimento e culmina<br />
na ida<strong>de</strong> adulta, se produz uma verda<strong>de</strong>ira transformação progressiva que<br />
vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação mais simples aos mais complexos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
os mais concretos aos mais abstratos.<br />
Como acontece essa evolução?<br />
1) O sujeito conhece através da manipulação concreta <strong>de</strong> objetos<br />
materiais: toca, pega, apalpa, saco<strong>de</strong>, golpeia etc. Estes são os esqu<strong>em</strong>as<br />
sensórios-motores, através dos quais são formadas as primeiras noções práticas<br />
<strong>de</strong> peso, volume, consistência etc. São próprios dos primeiros anos <strong>de</strong><br />
vida, porém, se mantêm nos anos subsequentes, mesmo na ida<strong>de</strong> adulta,<br />
integrados <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>as mais complexos.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 69<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
2) O sujeito se torna gradualmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da manipulação,<br />
quando a situação o requer, e po<strong>de</strong> conhecer observando objetos materiais.<br />
No entanto, não consegue pensar além do que vê. São os esqu<strong>em</strong>as perceptivos,<br />
próprios da fase <strong>de</strong> dois a sete anos e mantidos nas fases subsequentes.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo: um menino <strong>de</strong> cinco anos, na situação a seguir, diz que exist<strong>em</strong><br />
mais fichas pretas do que brancas.<br />
O adulto também apela para esqu<strong>em</strong>as perceptivos, nos casos <strong>em</strong><br />
que o assunto é inteiramente <strong>de</strong>sconhecido, dando explicações mecânicas<br />
sobre ele mesmo, aferrando-se somente às características visíveis do fenômeno.<br />
3) O sujeito po<strong>de</strong> pensar mais além do que vê: agora, já procura explicações<br />
diferentes e até divergentes a respeito das características visíveis<br />
do objeto. Contudo, não po<strong>de</strong> “pensar s<strong>em</strong> ver”, ou seja, não po<strong>de</strong> refletir<br />
no abstrato, só po<strong>de</strong> fazê-lo a partir <strong>de</strong> dados concretos materiais <strong>de</strong> sua<br />
experiência direta. Estes são os esqu<strong>em</strong>as lógico-concretos, próprios da fase<br />
que vai dos sete aos 12 anos e mantidos na etapa seguinte para ser<strong>em</strong> usados<br />
quando necessários. De fato, quando o adulto não domina conceitualmente<br />
um assunto, ou quando este se apresenta <strong>de</strong> maneira confusa, necessita o<br />
apoio <strong>de</strong> “ver” as manifestações concretas para compreen<strong>de</strong>r a questão.<br />
4) O sujeito po<strong>de</strong> tornar-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos materiais ou dos concretos<br />
e refletir sobre i<strong>de</strong>ias ou símbolos, abstrair, generalizar e estabelecer<br />
relações cada vez mais amplas e complexas. Estes são os esqu<strong>em</strong>as lógico-<br />
-abstratos, próprios da adolescência e da vida adulta. Para chegar a este<br />
estágio, é indispensável que o sujeito tenha tido experiências e oportunida<strong>de</strong>s<br />
sociais que o estimul<strong>em</strong>. É também indispensável que tenha exercitado<br />
suficient<strong>em</strong>ente os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação mais simples, que serv<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
ponte para os mais complexos. Para refletir sobre abstrações e alcançar os<br />
argumentos conceituais, requere-se, como primeiro passo, que tenha agrupado<br />
objetos materiais e relacionado dados concretos. S<strong>em</strong> dúvida, o adulto<br />
que dispõe <strong>de</strong> esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos teve que recorrer às etapas correspon<strong>de</strong>ntes<br />
aos esqu<strong>em</strong>as mais simples, que lhes serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> base, esqu<strong>em</strong>as<br />
estes que se conservam, ainda que subordinados aos mais complexos, para<br />
aplicá-los <strong>em</strong> situações <strong>em</strong> que as abstrações não lhes sirvam para resolver<br />
um <strong>de</strong>terminado probl<strong>em</strong>a.<br />
É neste sentido que po<strong>de</strong>mos dizer que os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação<br />
são produtos <strong>de</strong> uma construção progressiva através da própria prática<br />
ativa do sujeito ao longo <strong>de</strong> sua vida, mas esta construção progressiva não<br />
se realiza obrigatoriamente: é necessário que existam estímulos ambientais<br />
para que o sujeito sinta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar novas respostas e, então,<br />
<strong>de</strong>senvolver novos esqu<strong>em</strong>as cognitivos.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 70 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
É aqui que se faz necessário <strong>de</strong>stacar o peso dos fatores socioculturais,<br />
não só a respeito da classe social a que o sujeito pertence, mas,<br />
especialmente, quanto aos padrões culturais (visão do mundo, mitos, tradições,<br />
estrutura familiar etc). Estes têm fundamental importância, já que<br />
conformam no sujeito os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> percepção e <strong>de</strong> pensamento sobre<br />
a realida<strong>de</strong>, esqu<strong>em</strong>as que são incorporados a ele <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Assim<br />
como os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação anteriormente referidos levam a evolução<br />
intelectual, individual, os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> percepção e <strong>de</strong> pensamento, agora<br />
consi<strong>de</strong>rados, são socialmente construídos através da história <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
grupo social.<br />
Na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é importante refletir sobre como este grupo social<br />
concebe <strong>em</strong> seu próprio corpo a relação entre saú<strong>de</strong>, doença, meio ambiente,<br />
modos <strong>de</strong> viver e trabalhar <strong>de</strong> uma população. Do mesmo modo, como<br />
pensam a relação médico-paciente-instituição e o seu papel nesta dinâmica.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista pedagógico, segundo Davini, torna-se indispensável<br />
analisar as formas <strong>de</strong> pensar e conhecer dos educandos para <strong>de</strong>senvolver<br />
uma estratégia <strong>de</strong> ensino que parta das condições reais dos mesmos, estimulando-os<br />
a aplicar<strong>em</strong> seus esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação e a refletir<strong>em</strong> sobre<br />
suas próprias percepções dos processos, <strong>de</strong> modo que avanc<strong>em</strong> <strong>em</strong> seus conhecimentos<br />
e <strong>em</strong> suas formas próprias <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> conhecer a realida<strong>de</strong>.<br />
II. Estrutura do objeto<br />
Agora, vamos refletir sobre a estrutura do objeto ou o assunto a ser<br />
assimilado, objeto da aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Como já foi mencionado, até as técnicas aparent<strong>em</strong>ente mais simples<br />
e rotineiras têm seus porquês na estrutura do conhecimento científico<br />
que lhes dão suporte, justificando-as, indicando suas “razões <strong>de</strong> ser”. Resta,<br />
pois, uma <strong>de</strong>cisão: ou se rotiniza o treinamento pela inclusão mecânica dos<br />
passos <strong>de</strong> uma técnica ou se orienta o processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> modo<br />
que ele mesmo chegue a apropriar-se dos conhecimentos ou dos porquês do<br />
que faz. A <strong>de</strong>cisão não só correspon<strong>de</strong> à “ética pessoal”, como também t<strong>em</strong><br />
que levar <strong>em</strong> conta indicadores práticos. A maioria dos treinamentos, baseados<br />
na reprodução mecânica <strong>de</strong> ações, t<strong>em</strong> dado resultados pouco satisfatórios.<br />
E, o que é pior, esses treinamentos <strong>em</strong> “saber fazer” supõ<strong>em</strong> situa-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 71<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
ções ambientais estáveis, coisa que, na realida<strong>de</strong> cotidiana, não acontece.<br />
O treinamento pela mecanização <strong>de</strong> ações não oferece ao sujeito nenhuma<br />
autonomia <strong>de</strong> ação diante dos diversos probl<strong>em</strong>as que se colocam.<br />
Por isso, é importante procurar que o sujeito se aproprie dos conhecimentos<br />
que sustentam as técnicas. Então, segundo Davini, é necessário<br />
começar por refletir sobre a estrutura do conhecimento que regula o<br />
“fazer” cotidiano dos Técnicos <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> no seu serviço. Mas<br />
esses conhecimentos não se apresentam <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>sorganizado, como uma<br />
gran<strong>de</strong> lista <strong>de</strong> assuntos s<strong>em</strong> nenhuma ou com pouca relação entre si. Pelo<br />
contrário, eles terão uma vinculação muito estreita, organizando-se hierarquicamente,<br />
como uma re<strong>de</strong> ou “árvore” <strong>de</strong> conhecimentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais<br />
abrangentes até os mais específicos. Na verda<strong>de</strong>, toda essa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> conhecimentos<br />
po<strong>de</strong> ser reduzida a uns poucos conceitos chaves a partir dos quais<br />
se abriria toda essa re<strong>de</strong>. Por ex<strong>em</strong>plo, o conceito <strong>de</strong> contaminação po<strong>de</strong><br />
estar informando e dando suporte a várias técnicas específicas <strong>de</strong> rotina,<br />
como as <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção e esterilização <strong>de</strong> materiais e antissepsia <strong>em</strong> curativos.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po, este mesmo conceito po<strong>de</strong> dar fundamento a medidas<br />
<strong>de</strong> saneamento básico e do meio ambiente. Estamos, então, diante do que<br />
chamamos conceito chave: conceito <strong>de</strong> um relativo alcance <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong><br />
que, subjazendo ao exercício prático <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas técnicas estruturais,<br />
sist<strong>em</strong>atiza e organiza a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos específicos correspon<strong>de</strong>ntes<br />
a tais técnicas.<br />
Mas, por sua vez, o conceito <strong>de</strong> contaminação e outros mais, como<br />
o <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> resistência etc., po<strong>de</strong>m estar subordinados a um conceito<br />
chave <strong>de</strong> maior alcance, como “transmissibilida<strong>de</strong> das doenças”, completando-se<br />
a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceitos que estruturam toda uma área <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
técnico-profissional.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 72 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Não se trata <strong>de</strong> reconstruir toda a re<strong>de</strong> ou matriz <strong>de</strong> conhecimento<br />
<strong>de</strong> toda a ciência, mas, sim, somente aquela matriz necessária ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
técnico específico. Trabalhar <strong>de</strong>sta maneira t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> organizar<br />
os conhecimentos a ser<strong>em</strong> assimilados. E mais, t<strong>em</strong> o gran<strong>de</strong> valor <strong>de</strong><br />
sist<strong>em</strong>atizar a ação pedagógica, <strong>de</strong> modo que o educando chegue a integrar<br />
seus conhecimentos e a compreen<strong>de</strong>r seus fundamentos últimos, evitando<br />
que fique reduzido à rotinização <strong>de</strong> técnicas ou à acumulação <strong>de</strong> informações<br />
soltas. Apropriar-se <strong>de</strong>stes fundamentos oferecerá autonomia <strong>de</strong> ação<br />
<strong>em</strong> cada nova circunstância.<br />
III ) A dinâmica da aprendizag<strong>em</strong> e o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> como educador.<br />
Nos pontos anteriores, tentamos colocar para a reflexão duas questões<br />
importantes, que são dadas a seguir.<br />
• Quais são as diferentes formas <strong>de</strong> conhecer do pessoal dos serviços<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong> (esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação predominantes e<br />
padrões culturais <strong>de</strong> percepção da realida<strong>de</strong>)?<br />
• Qual é a estrutura do conhecimento a ser assimilado para seu<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho técnico?<br />
Resta, agora, terminar com dois assuntos <strong>de</strong> fundamental interesse:<br />
• Como se apren<strong>de</strong>, ou seja, como se traduz essa relação dinâmica<br />
entre este sujeito concreto e este objeto a ser assimilado?<br />
• Qual é o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> neste processo?<br />
O que foi colocado até aqui já nos encaminha para a resposta da<br />
primeira pergunta. Assim, po<strong>de</strong>mos dizer que o sujeito apren<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong><br />
sucessivas aproximações à estrutura do objeto, e que estas aproximações<br />
são alcançadas pela aplicação ativa dos esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação <strong>de</strong> que<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 73<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
dispõe e a partir <strong>de</strong> sua percepção social inicial. Melhor dizendo: a aprendizag<strong>em</strong><br />
não se processa <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado momento, como um abrir e<br />
fechar <strong>de</strong> olhos. Pelo contrário, requer um t<strong>em</strong>po no qual o sujeito “investigue<br />
ativamente”, aplicando suas formas <strong>de</strong> conhecer e aproximando-se cada<br />
vez mais da matriz interna do assunto, <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> idas e vindas <strong>de</strong><br />
reflexão e ação.<br />
S<br />
Po<strong>de</strong>-se chamar <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> tateio, porém, não <strong>de</strong> um tatear<br />
assist<strong>em</strong>ático ou “às cegas”, como na pedagogia mecanicista, mas <strong>de</strong> tateio<br />
sist<strong>em</strong>ático, guiado pela ação inteligente, seja esta prática ou abstrata. Este<br />
processo, <strong>de</strong> ação assimiladora e aproximação sucessiva, s<strong>em</strong>pre se inicia a<br />
partir da primeira visão que o sujeito t<strong>em</strong> do assunto; visão altamente carregada<br />
<strong>de</strong> costumes e tradições. Mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre tais costumes e tradições<br />
serão eliminados durante o processo. Muitos se transformarão, enriquecidos<br />
pelo novo conteúdo a ser assimilado; outros permanecerão, na medida <strong>em</strong><br />
que não entr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contradição com o que foi aprendido. A visão baseada <strong>em</strong><br />
costumes e tradições se transformará na medida <strong>em</strong> que o educando/povo<br />
sinta necessida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> sua própria reflexão e busca ativa durante o<br />
processo. E é assim que, a cada momento <strong>de</strong> aproximação ao fundamental<br />
do assunto, o sujeito construirá ativamente novas regulações, melhor dizendo,<br />
novos comportamentos, cada vez mais ajustados ao objeto <strong>em</strong> questão.<br />
Construindo gradualmente sua própria síntese, modificará sua própria ação<br />
prática, abandonando os comportamentos anteriores. Assim, não avançará<br />
isoladamente no conhecimento, mas terá tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avançar <strong>em</strong><br />
seus próprios esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação pelo exercício <strong>de</strong> ação intelectual.<br />
A respeito do papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/educador<br />
neste processo, po<strong>de</strong>mos afirmar que sua função é organizar sist<strong>em</strong>aticamente<br />
uma série gradual e enca<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> situações para que este processo<br />
se produza. Esta partirá da própria percepção que o educando tenha do<br />
assunto e <strong>de</strong> sua própria prática. Através da observação e da reflexão, o educador<br />
apresentará probl<strong>em</strong>as e ativida<strong>de</strong>s-estímulo previamente planejados<br />
para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a busca sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> respostas que, à medida que sejam<br />
alcançadas, <strong>de</strong>verão ser s<strong>em</strong>pre submetidas ao teste da prática numa sequência<br />
não interrompida <strong>de</strong> reflexão e ação <strong>de</strong> prática-teoria-prática.<br />
A tarefa <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> orienta a aprendizag<strong>em</strong> é quase artesanal, <strong>de</strong><br />
criação e recriação <strong>de</strong> alternativas pedagógicas que encaminh<strong>em</strong> este processo,<br />
ajustando-as cada vez mais à sua realida<strong>de</strong> específica e corrigindo<br />
<strong>de</strong>svios. O próprio técnico/educador se verá também envolvido num processo<br />
<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> permanente.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 74 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
O
6.3 Conclusão<br />
A aula <strong>de</strong> hoje nos fez refletir sobre os vários esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação,<br />
pois enten<strong>de</strong>r esses esqu<strong>em</strong>as é bom para o Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> elaborar e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar ações educativas junto à população do<br />
território <strong>de</strong> forma eficaz.<br />
Todos nós passamos e absorv<strong>em</strong>os os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação sensoriais<br />
motores, perceptuais, lógico-concretos e esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />
Mesmo aquelas populações/etnias que viv<strong>em</strong> com pouco contato com o mundo<br />
<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os alcançam, <strong>em</strong> fase adulta, os esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />
Como referimos anteriormente, acumulamos esses esqu<strong>em</strong>as e os<br />
usamos quando achamos conveniente, não é a toa que nos museus t<strong>em</strong> placas<br />
<strong>de</strong> “proibido pegar”. Quantas vezes achamos uma coisa bonita e a pegamos?<br />
Será que enxergamos é com as mãos ou porque, <strong>de</strong> forma involuntária,<br />
retornamos a esqu<strong>em</strong>as iniciais da nossa vida? T<strong>em</strong> muitos são Tomé por aí<br />
que “acreditam no que vêm, no que tocam, no que sent<strong>em</strong>”.<br />
Sab<strong>em</strong>os que, nos dias <strong>de</strong> hoje, com o avanço das tecnologias, as<br />
crianças têm se <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> forma muito mais rápida, amadurec<strong>em</strong> mais<br />
cedo, porém, a sua aprendizag<strong>em</strong> continua num processo contínuo e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
da sua ida<strong>de</strong> e dos estímulos recebidos.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível i<strong>de</strong>ntificar e refletir os dois el<strong>em</strong>entos<br />
da aprendizag<strong>em</strong>, ou seja, um sujeito que apren<strong>de</strong> e um objeto que é<br />
aprendido; para que haja aprendizag<strong>em</strong>, são necessários os estímulos para<br />
que aconteçam os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> assimilação: sensoriais motores, perceptuais,<br />
lógico-concretos e esqu<strong>em</strong>as lógico-abstratos.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Releia o It<strong>em</strong> I e analise quais são as formas <strong>de</strong> conhecer (esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
assimilação e padrões culturais). Cite ex<strong>em</strong>plos do it<strong>em</strong>.<br />
2) Releia o It<strong>em</strong> II e reflita sobre as diferenças entre o ensino por técnicas e<br />
o ensino através da estrutura do conhecimento. Anote as conclusões.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 75<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
3) Releia o It<strong>em</strong> III e reflita sobre o papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
no processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> das pessoas da comunida<strong>de</strong>. Anote as conclusões.<br />
(Aula baseada no texto elaborado para a Capacitação Pedagógica <strong>de</strong> Instrutores/Supervisores<br />
do Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Médio <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong> (Projeto Larga Escala) mediante consultoria à OPAS, Brasília, 1983.<br />
Maria Cristina Davini - ex-consultora da Organização Pan-Americana da<br />
Saú<strong>de</strong>).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 76 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 7 - Os quatros pilares da educação<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os quatro pilares da<br />
educação, i<strong>de</strong>ntificando-os.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar os quatros pilares da educação e conceituar cada um<br />
<strong>de</strong>les;<br />
2. <strong>de</strong>screver os procedimentos didáticos que po<strong>de</strong>m ser adotados<br />
a partir dos quatro pilares;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar essas pr<strong>em</strong>issas <strong>de</strong>ntro do território e nos atores sociais<br />
que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />
7.1 Introdução<br />
Para aprofundarmos os nossos conhecimentos e fazermos uma reflexão<br />
sobre o processo <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r <strong>em</strong> nossas práticas no cotidiano,<br />
nada melhor do que falarmos dos quatros pilares da educação <strong>de</strong><br />
Jacques Delors (1998).<br />
7.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
7.2.1 Os quatros pilares da <strong>Educação</strong><br />
O livro <strong>Educação</strong>, um tesouro a <strong>de</strong>scobrir, sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />
Jacques Delors, aborda, <strong>de</strong> forma bastante didática e com muita proprieda<strong>de</strong>,<br />
os quatro pilares <strong>de</strong> uma educação para o século XXI, associando-os<br />
e i<strong>de</strong>ntificando-os com algumas máximas da Pedagogia prospectiva e subsidiando<br />
o trabalho <strong>de</strong> pessoas comprometidas com a busca por uma educação<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Diz o texto, na página 89: “À educação cabe fornecer, <strong>de</strong><br />
algum modo, os mapas <strong>de</strong> um mundo complexo e constant<strong>em</strong>ente agitado e,<br />
ao mesmo t<strong>em</strong>po, a bússola que permite navegar através <strong>de</strong>le”.<br />
Segundo o autor, a analogia com a prática pedagógica se mostra<br />
quando diz que a educação <strong>de</strong>ve preocupar-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver quatro aprendizagens<br />
fundamentais, que serão, para cada indivíduo, os pilares do conhe-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
77<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Jacques Delors<br />
(1998) aponta, como<br />
principal consequência<br />
da socieda<strong>de</strong> do<br />
conhecimento, a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />
aprendizag<strong>em</strong> ao<br />
longo <strong>de</strong> toda vida,<br />
fundamentada <strong>em</strong><br />
quatro pilares que são,<br />
concomitant<strong>em</strong>ente,<br />
pilares do conhecimento<br />
e da formação<br />
continuada.<br />
cimento: apren<strong>de</strong>r a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento<br />
que verda<strong>de</strong>iramente liberta da ignorância; apren<strong>de</strong>r a fazer mostra a<br />
corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> executar, <strong>de</strong> correr riscos, <strong>de</strong> errar mesmo na busca <strong>de</strong> acertar;<br />
apren<strong>de</strong>r a conviver: aqui, t<strong>em</strong>os o <strong>de</strong>safio da convivência, que apresenta o<br />
respeito a todos e o exercício <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> como caminho do entendimento;<br />
e, finalmente; apren<strong>de</strong>r a ser, visto, talvez, como o mais importante, por<br />
explicitar, aí, o papel do cidadão e o objetivo <strong>de</strong> viver.<br />
Os pilares são quatro, os saberes e as competências a se adquirir<br />
são apresentados, aparent<strong>em</strong>ente, divididos. Essas quatro vias não po<strong>de</strong>m,<br />
no entanto, se dissociar por estar<strong>em</strong> imbricadas, constituindo interação com<br />
o fim único <strong>de</strong> uma formação holística do indivíduo.<br />
A seguir, uma síntese dos quatro pilares para a educação do século XXI.<br />
Apren<strong>de</strong>r a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato <strong>de</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>scobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que<br />
não seja efêmero, para que se mantenha através do t<strong>em</strong>po, para que valorize<br />
a curiosida<strong>de</strong>, a autonomia e a atenção permanent<strong>em</strong>ente. É preciso<br />
também pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar.<br />
Apren<strong>de</strong>r a fazer - Não basta se preparar com cuidado para se<br />
inserir no setor do trabalho. A rápida evolução por qual passam as profissões<br />
pe<strong>de</strong> que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e<br />
a trabalhar <strong>em</strong> equipe, <strong>de</strong>senvolvendo espírito cooperativo e <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong><br />
na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho<br />
coletivo. Ter iniciativa, gostar <strong>de</strong> certa dose <strong>de</strong> risco, ter intuição, saber se<br />
comunicar, saber resolver conflitos e ser flexível. Apren<strong>de</strong>r a fazer envolve<br />
uma série <strong>de</strong> técnicas a ser<strong>em</strong> trabalhadas.<br />
Apren<strong>de</strong>r a viver juntos, apren<strong>de</strong>r a viver com os outros - No<br />
mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado, por ser valorizado<br />
aquele que apren<strong>de</strong> a viver com os outros, a compreen<strong>de</strong>r os outros, a <strong>de</strong>senvolver<br />
a percepção <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência, a administrar conflitos, a participar<br />
<strong>de</strong> projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.<br />
Apren<strong>de</strong>r a ser - É importante <strong>de</strong>senvolver sensibilida<strong>de</strong>, sentido<br />
ético e estético, responsabilida<strong>de</strong> pessoal, pensamento autônomo e crítico,<br />
imaginação, criativida<strong>de</strong>, iniciativa e <strong>de</strong>senvolvimento integral da pessoa <strong>em</strong><br />
relação à inteligência. A aprendizag<strong>em</strong> precisa ser integral, não negligenciando<br />
nenhuma das potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada indivíduo.<br />
Veja!<br />
A partir <strong>de</strong>ssa visão dos quatro pilares do conhecimento, po<strong>de</strong>m-se<br />
prever gran<strong>de</strong>s consequências na educação. O ensino-aprendizag<strong>em</strong> voltado<br />
apenas para a absorção <strong>de</strong> conhecimento, que t<strong>em</strong> sido objeto <strong>de</strong> preocupação<br />
constante <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ensina, <strong>de</strong>verá dar lugar ao ensinar a pensar,<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 78 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
saber se comunicar, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e<br />
elaborações teóricas, ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônomo, enfim, ser socialmente<br />
competente.<br />
Uma educação fundamentada nos quatro pilares elencados sugere<br />
alguns procedimentos didáticos que lhes sejam condizentes, como:<br />
• relacionamento do t<strong>em</strong>a com a experiência do estudante e <strong>de</strong><br />
outros personagens do contexto social;<br />
• <strong>de</strong>senvolvimento da pedagogia da pergunta (Paulo Freire e Antonio<br />
Faun<strong>de</strong>z - Por uma Pedagogia da Pergunta - Paz e Terra,<br />
1985);<br />
• relação dialógica com o estudante;<br />
• envolvimento do estudante num processo que conduz a resultados,<br />
conclusões ou compromissos com a prática;<br />
• processo <strong>de</strong> autoaprendizag<strong>em</strong>, corresponsabilida<strong>de</strong> no processo<br />
<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>;<br />
• utilização do jogo pedagógico com o princípio <strong>de</strong> construir o<br />
texto.<br />
7.3 Conclusão<br />
Presenciamos um momento muito importante <strong>em</strong> nosso país, o da<br />
<strong>de</strong>manda por educação que, ao crescer, faz com que a socieda<strong>de</strong> e as instituições,<br />
<strong>em</strong> uníssono, moviment<strong>em</strong>-se no atendimento a esta urgência nacional.<br />
Esta é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça.<br />
T<strong>em</strong>os materiais e t<strong>em</strong>os i<strong>de</strong>ias. É preciso pôr <strong>em</strong> prática todos os estudos<br />
e projetos para a mo<strong>de</strong>rnização da educação. Para mudar nossa história e<br />
lograr conquistas, precisamos ousar <strong>em</strong> cortar as cordas que impe<strong>de</strong>m o<br />
próprio crescimento, Exercitar a cidadania plena, apren<strong>de</strong>r a usar o po<strong>de</strong>r<br />
da visão crítica, enten<strong>de</strong>r o contexto <strong>de</strong>sse mundo, ser o autor e ator da<br />
própria história, cultivar o sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, lutar por uma socieda<strong>de</strong><br />
mais justa e solidária e, acima <strong>de</strong> tudo, acreditar s<strong>em</strong>pre no po<strong>de</strong>r<br />
transformador da educação.<br />
Resumo<br />
Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, os quatros pilares da educação, pr<strong>em</strong>issas<br />
estas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na socieda<strong>de</strong><br />
cont<strong>em</strong>porânea. Portanto, não se esqueça!<br />
Apren<strong>de</strong>r a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento<br />
que verda<strong>de</strong>iramente liberta da ignorância;<br />
Apren<strong>de</strong>r a fazer mostra a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> executar, <strong>de</strong> correr riscos,<br />
<strong>de</strong> errar, mesmo na busca <strong>de</strong> acertar.<br />
Apren<strong>de</strong>r a conviver, <strong>de</strong>safio da convivência que apresenta o respeito<br />
a todos e o exercício <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> como caminho do entendimento.<br />
Apren<strong>de</strong>r a ser, visto, talvez, como o mais importante por explicitar,<br />
aí, o papel do cidadão e o objetivo <strong>de</strong> viver.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 79<br />
Paulo Freire (Recife,<br />
1921 - São Paulo, 1997),<br />
ainda hoje, figura<br />
entre as mais acatadas<br />
personalida<strong>de</strong>s na<br />
área da Pedagogia.<br />
Foi docente na<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Pernambuco. Mais<br />
tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou<br />
a função <strong>de</strong> consultor<br />
especial para assuntos<br />
<strong>de</strong> educação no<br />
Ministério da <strong>Educação</strong><br />
e Cultura. Atuou pela<br />
UNESCO para servir<br />
<strong>em</strong> Santiago do Chile,<br />
on<strong>de</strong> trabalhou na<br />
formulação do Plano<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Massa<br />
durante o governo Frey.<br />
Pronunciou conferências<br />
nos Estados Unidos, na<br />
Europa e na África. Seus<br />
livros são regularmente<br />
editados nos principais<br />
países do mundo<br />
oci<strong>de</strong>ntal. (Crédito<br />
da foto: maldonado.<br />
squarespace.com)<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Procure i<strong>de</strong>ntificar os quatros pilares da educação conceituando cada um<br />
<strong>de</strong>les.<br />
2) Baseado nos quatro pilares da educação, o autor sugere alguns procedimentos<br />
didáticos, cite os.<br />
3) Faça uma correlação do t<strong>em</strong>a com a sua experiência e a <strong>de</strong> outros personagens<br />
do seu território (atores sociais que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> alguma forma,<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 80 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 8 – <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver o conceito <strong>de</strong><br />
educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Objetivos<br />
Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />
1. i<strong>de</strong>ntificar e conceituar educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
2. <strong>de</strong>screver as três etapas da educação profissional/educação institucionalizada<br />
ou não;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os meios pelos quais a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
é produzida.<br />
8.1 Introdução<br />
Fiz<strong>em</strong>os uma análise das formas <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro do<br />
seu território e passamos várias aulas aprofundando nos conceitos <strong>de</strong> ensino-<br />
-aprendizag<strong>em</strong>, agora, precisamos retomar ao nosso propósito, <strong>Fundamentos</strong><br />
da <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Primeiro, faça uma reflexão sobre o que significa para você educação,<br />
saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Você sabe muita coisa sobre esses termos, não é verda<strong>de</strong>? Conviv<strong>em</strong>os<br />
com a educação e com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nosso nascimento ou até b<strong>em</strong><br />
antes <strong>de</strong> nascermos, pois os nossos pais já cuidavam <strong>de</strong>ste assunto.<br />
Diante <strong>de</strong> tudo que já foi estudado e com a sua experiência <strong>de</strong> vida,<br />
procure relacionar, numa folha <strong>de</strong> papel a parte, palavras que expressam o<br />
seu conhecimento sobre educação, saú<strong>de</strong> e educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Faça uma<br />
análise sobre o papel <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las na sua vida e na da socieda<strong>de</strong>.<br />
(Você <strong>de</strong>ve reservar 30 minutos para essa ativida<strong>de</strong>).<br />
8.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
8.2.1 <strong>Educação</strong><br />
Depois que você já fez a reflexão sobre educação, saú<strong>de</strong> e educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, vejamos o que certos autores falaram sobre o assunto.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
81<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
<strong>Educação</strong>:<br />
catequização, ensino,<br />
instrução, criação.<br />
“Educar significa<br />
acionar, através <strong>de</strong><br />
uma ação externa, os<br />
mecanismos internos<br />
do educando para<br />
que ele seja capaz <strong>de</strong><br />
utilizar plenamente<br />
sua capacida<strong>de</strong><br />
humana, que é <strong>de</strong><br />
natureza intelectual<br />
e racional, para<br />
promover o seu próprio<br />
auto<strong>de</strong>senvolvimento<br />
como sujeito livre e<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte daqueles<br />
que o estão gerando<br />
como ser humano”.<br />
“Ninguém educa<br />
ninguém, ninguém é<br />
educado por ninguém.<br />
As pessoas se educam<br />
umas com as outras, <strong>em</strong><br />
comunhão”.<br />
(Paulo Freire).<br />
Aproveitando a leitura, faça uma análise do exposto e <strong>de</strong>staque o que mais<br />
chama a sua atenção para facilitar as indagações com o seu tutor e/ou professor<br />
formador.<br />
8.2.1.1 A educação e o ser humano<br />
Kant, filósofo do século XVIII, afirma que “o hom<strong>em</strong> é o único animal<br />
que precisa ser educado”.<br />
Pois b<strong>em</strong>: por que o hom<strong>em</strong> é o único animal que precisa ser educado?<br />
(Só para pensar!).<br />
Isso nos indica que o HOMEM não se <strong>de</strong>fine como tal no próprio<br />
ato <strong>de</strong> seu nascimento. Logo, ninguém nasce HOMEM, isto é, ser humano. O<br />
animal hom<strong>em</strong>, ao nascer, precisa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, ser educado para po<strong>de</strong>r se<br />
transformar, se recriar como SER HUMANO. O Ser Humano é portador <strong>de</strong> uma<br />
natureza <strong>em</strong> tudo distinta dos outros seres naturais. Se esse animal hom<strong>em</strong>,<br />
a partir do seu nascimento, não receber a <strong>Educação</strong>, ele não se tornará SER<br />
HUMANO. Por isso se diz que Educar é formar o ser humano.<br />
Esse animal hom<strong>em</strong> precisa ser educado, isto é, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
que haja uma ação externa a ele. Ninguém se autoeduca e, por isso, a educação,<br />
isto é, a formação humana resulta <strong>de</strong> um ato intencional <strong>de</strong> outro que<br />
transforma a matéria-prima <strong>em</strong> um novo ser. Neste sentido é que se diz que<br />
“uma geração mais velha educa a geração mais nova”.<br />
Educar significa acionar, através <strong>de</strong> uma ação externa, os mecanismos<br />
internos do educando para que ele seja capaz <strong>de</strong> utilizar plenamente<br />
sua capacida<strong>de</strong> humana, que é <strong>de</strong> natureza intelectual e racional, para promover<br />
o seu próprio auto<strong>de</strong>senvolvimento como sujeito livre e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
daqueles que o estão gerando como ser humano. Deve-se educar o indivíduo<br />
para que, a partir <strong>de</strong> certo momento, ele adquira a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoconduzir<br />
o seu próprio processo formativo. Isto é, <strong>de</strong>senvolver a ação <strong>de</strong> sentido<br />
inverso: <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro pra fora.<br />
E, diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> outros animais, para o hom<strong>em</strong>, ser formado<br />
significa fazer do ser nascente algo diferente do que é. Fazer-se <strong>de</strong>le um projeto,<br />
uma intenção <strong>de</strong> futuro, dar-lhe uma vida para além da simples sobrevivência,<br />
pois sua vida <strong>de</strong>verá ser plena <strong>de</strong> outras condições e possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>terminadas por sua vonta<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong>.<br />
O ser humano não é um ser previamente <strong>de</strong>terminado, mas um ser<br />
<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. Deve, pois, ser educado para rejeitar o que lhe é dado no nascimento,<br />
como natureza, para se tornar algo novo num mundo igualmente<br />
novo: uma vida inserida no mundo da cultura. Uma cultura que não é fixa<br />
n<strong>em</strong> imutável. Por isso a educação é uma totalida<strong>de</strong>, porque ela diz respeito<br />
a todos os modos <strong>de</strong> ser próprios do ser humano. Ele precisa adquirir um<br />
novo modo <strong>de</strong> olhar o mundo, <strong>de</strong> percebê-lo, <strong>de</strong> se relacionar com ele, <strong>de</strong> se<br />
reconhecer, <strong>de</strong> afirmar sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 82 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
8.2.1.2 <strong>Educação</strong> é influência<br />
Como relata Chiavenato (2006), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento até a morte,<br />
o ser humano vive <strong>em</strong> constante interação com seu meio ambiente, recebendo<br />
e exercendo influências <strong>em</strong> suas relações com ele. Por isso que educação<br />
é toda influência que o ser humano recebe do ambiente social durante a<br />
sua existência, no sentido <strong>de</strong> se adaptar a normas e valores sociais vigentes<br />
e aceitos. O ser humano, todavia, recebe essas influências, assimila-as <strong>de</strong><br />
acordo com suas inclinações e predisposições, enriquec<strong>em</strong> ou modificam seu<br />
comportamento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus próprios padrões pessoais.<br />
8.2.1.3 A <strong>Educação</strong> po<strong>de</strong> ser institucionalizada<br />
Segundo ele, Chiavenato (2006), a educação po<strong>de</strong> ser institucionalizada<br />
e exercida <strong>de</strong> modo organizado e sist<strong>em</strong>ático, como as escolas e<br />
igrejas, obe<strong>de</strong>cendo a um plano pré-estabelecido, como também po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> modo difuso, <strong>de</strong>sorganizado e assist<strong>em</strong>ático, como no lar e<br />
nos grupos sociais aos quais o indivíduo pertence, s<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cer a qualquer<br />
plano pré-estabelecido. A educação é o preparo para a vida e pela vida.<br />
Po<strong>de</strong>-se falar <strong>em</strong> vários tipos <strong>de</strong> educação: social, religiosa, cultural, política,<br />
moral, profissional etc.<br />
Para Chiavenato (2003), a educação profissional é a educação institucionalizada<br />
ou não, que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional.<br />
Compreen<strong>de</strong> três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas.<br />
8.2.1.3.1 Formação profissional<br />
É aquela educação que prepara a pessoa para a profissão <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho. Seus objetivos são amplos, situados no longo<br />
prazo, visando qualificar a pessoa para uma futura profissão. A formação<br />
profissional po<strong>de</strong> ser dada <strong>em</strong> escolas e mesmo <strong>de</strong>ntro das próprias organizações.<br />
8.2.1.3.2 Desenvolvimento profissional<br />
É a educação que aperfeiçoa o hom<strong>em</strong> para uma carreira <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> uma profissão. Seus objetivos são menos amplos do que os da formação e<br />
são situados no médio prazo, visando proporcionar conhecimentos que transcen<strong>de</strong>m<br />
o que é exigido no cargo atual, preparando-a para assumir funções<br />
mais complexas.<br />
8.2.1.3.3 Treinamento<br />
É a educação profissional que adapta a pessoa para um cargo ou<br />
função. Seus objetivos situados no curto prazo são restritos e imediatos, vi-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 83<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
sando dar ao hom<strong>em</strong> os el<strong>em</strong>entos essenciais para o exercício <strong>de</strong> um cargo,<br />
preparando-o a<strong>de</strong>quadamente para ele. Po<strong>de</strong> ser aplicado a todos os níveis<br />
ou setores da <strong>em</strong>presa.<br />
8.2.1.4 A educação e o Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />
Portanto, comec<strong>em</strong>os afirmando que o Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como todo trabalhador da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha um papel educativo<br />
que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas que <strong>de</strong>senvolve, tornando-se<br />
mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para a prevenção e a promoção da<br />
saú<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, há diferentes concepções <strong>de</strong> educação que po<strong>de</strong>m se<br />
expressar no trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A compreensão <strong>de</strong> educação como um ato normativo, on<strong>de</strong> a prescrição<br />
e a instrumentalização predominam, reduzindo o sujeito da educação<br />
a objeto passivo da intervenção educativa, correspon<strong>de</strong> a uma compreensão<br />
limitada <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em outras palavras, essa concepção <strong>de</strong> educação reduz<br />
qu<strong>em</strong> educa – no caso, o trabalhador da saú<strong>de</strong> – a um mero reprodutor <strong>de</strong><br />
normas, e o aprendiz – a população atendida – a um simples <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />
informações.<br />
Outra forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r educação é vê-la como um processo<br />
que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />
sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas possibilitar que ele se perceba como o<br />
construtor <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, portanto, alterá-la.<br />
Precisamos <strong>de</strong>stacar que educar é comunicar, portanto, o trabalhador<br />
que educa, <strong>de</strong> fato, está comunicando; ele realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />
entre o conhecimento que adquiriu na área da saú<strong>de</strong> e a população à<br />
qual visa informar a respeito <strong>de</strong>sse mesmo conhecimento.<br />
Da mesma forma, a população também comunica um conhecimento<br />
adquirido através da experiência vivida e realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />
entre este conhecimento da realida<strong>de</strong> e o trabalhador da saú<strong>de</strong> com qu<strong>em</strong><br />
dialoga.<br />
8.2.2 Saú<strong>de</strong><br />
8.2.2.1 Conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
E o que é Saú<strong>de</strong>?<br />
Quando se faz essa pergunta na introdução das capacitações, os<br />
seus participantes, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários níveis e ou usuários dos<br />
serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> todas as etnias (quilombolas, indígenas), têm respondido<br />
s<strong>em</strong>pre a mesma coisa. Saú<strong>de</strong> é qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, trabalho, ter renda,<br />
lazer, moradia digna, saneamento básico, ambiente saudável, ter alimentação<br />
<strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, viver <strong>em</strong> harmonia, ter escola, segurança,<br />
ter os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> funcionando com todos os profissionais contentes; é<br />
ter seus direitos respeitados.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 84 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Conceito bastante ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e que parece mais ficção, mas<br />
é isso que a maioria das pessoas com o mínimo <strong>de</strong> conhecimento enten<strong>de</strong>.<br />
Aproveitando esse entendimento, muitos gestores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> tiraram proveito<br />
das verbas públicas da saú<strong>de</strong> para aplicar<strong>em</strong> <strong>em</strong> órgãos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> gastar<br />
os recursos do seu próprio orçamento para a promoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
das pessoas.<br />
Ainda que não seja uma realida<strong>de</strong>, o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarado<br />
pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – OMS -, <strong>em</strong> 1948, simboliza um compromisso.<br />
Saú<strong>de</strong> não é estática; sua própria compreensão possui certo grau <strong>de</strong><br />
subjetivida<strong>de</strong>, uma vez que os indivíduos e a socieda<strong>de</strong> acreditam ter mais<br />
ou menos saú<strong>de</strong> conforme o momento.<br />
Já foram feitas diversas tentativas para se construir um conceito<br />
mais dinâmico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que não seja entendida apenas como um compl<strong>em</strong>ento<br />
da doença, mas como a construção permanente <strong>de</strong> cada sujeito e<br />
comunida<strong>de</strong>, tomando consciência e ampliando suas potencialida<strong>de</strong>s para<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a vida.<br />
Nenhum ser humano (ou população) será totalmente saudável ou<br />
totalmente doente. Viverá condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua<br />
existência, <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com suas potencialida<strong>de</strong>s e condições <strong>de</strong> vida.<br />
Precisa-se romper com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a saú<strong>de</strong> do sujeito é <strong>de</strong>terminada<br />
unicamente por ele, inclusive pela genética, ou pelas condições que a<br />
socieda<strong>de</strong> ou o po<strong>de</strong>r público lhe oferec<strong>em</strong>.<br />
8.2.2.1.1 A importância do conceito ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
A Medicina e a Biologia – ciência <strong>em</strong> que se baseia a maior parte das<br />
práticas médicas – foram, por muito t<strong>em</strong>po, as principais, talvez as únicas<br />
referências para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ou seja, para a criação<br />
das i<strong>de</strong>ias <strong>em</strong> torno das quais po<strong>de</strong>mos dizer o-que-é-ter e o-que-é-não-ter<br />
saú<strong>de</strong>, o-que-é e o-que-não-é uma vida saudável.<br />
Resulta disso, ainda nos dias <strong>de</strong> hoje, um entendimento <strong>de</strong> que ter<br />
saú<strong>de</strong> é não estar fisicamente doente, e não ter saú<strong>de</strong> é estar doente.<br />
Por ser muito simples e por ter sido criada a partir da área <strong>de</strong> maior<br />
po<strong>de</strong>r e prestígio <strong>de</strong>ntre aquelas que se <strong>de</strong>dicam a lidar com questões <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> – a Medicina –, esse conceito ganhou gran<strong>de</strong> aceitação.<br />
Daí, perguntamos: Ele é simples ou é apenas reduzido?<br />
Ao nosso ver, quando diz<strong>em</strong>os que um conceito é simples, estamos<br />
fazendo um elogio. Isto porque, para ser consi<strong>de</strong>rado simples, ele <strong>de</strong>ve ser<br />
<strong>de</strong> fácil entendimento e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, oferecer uma explicação correta<br />
e profunda <strong>de</strong> uma situação. No nosso caso, se aceitáss<strong>em</strong>os que saú<strong>de</strong> é<br />
apenas a ausência <strong>de</strong> doença, estaríamos aceitando também que, para ter<br />
saú<strong>de</strong>, basta não ter doença.<br />
A partir daí, provavelmente achar<strong>em</strong>os que, para solucionar os probl<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, precisaríamos apenas curar as doenças e talvez nossas<br />
necessida<strong>de</strong>s seriam, assim, reduzidas a médicos, hospitais e r<strong>em</strong>édios.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 85<br />
Saú<strong>de</strong>: é o estado <strong>de</strong><br />
completo b<strong>em</strong>-estar<br />
físico, mental e social,<br />
e não apenas a ausência<br />
<strong>de</strong> doença” (OMS, apud<br />
BRASIL, p.89).<br />
Subjetivida<strong>de</strong>: que é<br />
próprio <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong><br />
vários sujeitos e que<br />
não é válido para todos.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Bom, vejamos então.<br />
“Saú<strong>de</strong> é a resultante<br />
das condições <strong>de</strong><br />
habitação, educação,<br />
renda, meio<br />
ambiente, trabalho,<br />
transporte, <strong>em</strong>prego,<br />
lazer, liberda<strong>de</strong>,<br />
acesso e posse da<br />
terra e acesso aos<br />
serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.<br />
Interferir sobre o<br />
processo saú<strong>de</strong>/<br />
doença está ao<br />
alcance <strong>de</strong> todos.<br />
Mas a vida real nos mostra – a mim, a você e a todos os profissionais<br />
envolvidos com as discussões sobre saú<strong>de</strong> – que a coisa vai muito além. A experiência<br />
nos faz perceber que tal conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é reduzido, pois levanta<br />
tão somente uma parte dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e das ações necessárias<br />
e soluções possíveis para resolvê-los. Qu<strong>em</strong> trabalha <strong>em</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
sabe b<strong>em</strong> que muitos dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que a população enfrenta têm<br />
sua orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> questões ambientais como o saneamento. Isto quer dizer que,<br />
na prática, vocês já pensam na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo ampliado.<br />
A tentativa <strong>de</strong> ultrapassar o conceito reduzido <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> obteve<br />
sucesso no campo da saú<strong>de</strong> pública. Diversas formas <strong>de</strong> pensar a saú<strong>de</strong> mostram-nos<br />
que não existe a saú<strong>de</strong> totalmente separada da doença, e sim um<br />
processo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-doença. Apren<strong>de</strong>mos que situações <strong>de</strong> doença po<strong>de</strong>m fazer<br />
parte da vida, <strong>em</strong> função do modo como os seres humanos relacionam-se<br />
entre si e com a natureza. Mas apren<strong>de</strong>mos mais do que isso. Hoje, acreditamos<br />
que a saú<strong>de</strong> é uma conquista, não apenas <strong>de</strong> cada indivíduo na sua vida<br />
particular, mas dos sujeitos sociais que têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar coletivamente<br />
para transformar a si mesmo e ao mundo e, assim, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> alcançar<br />
a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida que favoreça a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos. (Fonseca, et.. al, 2004).<br />
Quando falamos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, preten<strong>de</strong>ndo relacionar essa<br />
i<strong>de</strong>ia à <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, estamos apenas reforçando o conceito presente na VIII<br />
Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (1986).<br />
T<strong>em</strong>os, aqui, portanto, um conceito ampliado, pois nos faz ver a<br />
saú<strong>de</strong> como algo a mais que a ausência <strong>de</strong> doença, o que nos compromete<br />
com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que uma situação <strong>de</strong> vida saudável não se resolve somente<br />
com a garantia do acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – o que também é fundamental<br />
– mas, sobretudo, com condições dignas <strong>de</strong> vida que, <strong>em</strong> conjunto, po<strong>de</strong>m<br />
nos proporcionar essa situação.<br />
8.2.2.2 Território, condições <strong>de</strong> vida e situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Segundo os autores Barcelos e Iñguez, a saú<strong>de</strong> é muito mais do que<br />
não ter uma doença e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como um estado que, no nível<br />
individual, pressupõe a sensação <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar. No nível coletivo, populacional,<br />
a saú<strong>de</strong> e a doença, ou melhor, a saú<strong>de</strong> e os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são<br />
construídos socialmente, mediante processos. Os fatores gerais que participam<br />
<strong>de</strong>sses processos são <strong>de</strong> várias origens e todos atuam <strong>em</strong> uma teia: a<br />
biologia humana, o ambiente, o comportamento e o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>.<br />
É no dia a dia que as pessoas se expõ<strong>em</strong> a situações que beneficiam<br />
ou prejudicam sua saú<strong>de</strong>. Na vida cotidiana, construímos socialmente nosso<br />
b<strong>em</strong>-estar e nossa saú<strong>de</strong>. No território, como vimos na aula 03, as pessoas<br />
estudam, produz<strong>em</strong> e consom<strong>em</strong>. A exposição às situações que prejudicam<br />
a saú<strong>de</strong> não é, <strong>em</strong> geral, escolha dos indivíduos n<strong>em</strong> das famílias, mas o<br />
resultado da falta <strong>de</strong> opções para evitar ou eliminar as situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>,<br />
do <strong>de</strong>sconhecimento e, <strong>em</strong> algumas ocasiões, a exposição po<strong>de</strong> ser<br />
aci<strong>de</strong>ntal. (Cristovam Barcelos e Luíza Iñguez Rojas).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 86 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
8.2.2.3 A saú<strong>de</strong> e os meios que a <strong>de</strong>terminam.<br />
A situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico, social e<br />
cultural. E isso <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração para se tentar transformar<br />
a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo ou comunida<strong>de</strong>.<br />
• Meios biológicos que interfer<strong>em</strong> nas situações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença:<br />
ida<strong>de</strong>, sexo, características pessoais genéticas, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />
exposição aos vírus, ás bactérias, aos insetos transmissores <strong>de</strong><br />
doenças.<br />
• Meios físicos: condições <strong>de</strong> saneamento, ocupação e moradia,<br />
fontes <strong>de</strong> água para consumo, qualida<strong>de</strong> dos alimentos, <strong>de</strong>ntre<br />
outros.<br />
• Meio socioeconômico e cultural: renda, acesso à educação formal,<br />
lazer, hábitos, liberda<strong>de</strong> e, claro, acesso aos serviços <strong>de</strong><br />
promoção e recuperação da saú<strong>de</strong>.<br />
Para que essa transformação aconteça, a interseção entre educação<br />
e saú<strong>de</strong> torna-se fundamental. Seu aprimoramento é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<br />
para os profissionais, atores e interlocutores <strong>de</strong>ssas duas áreas.<br />
8.2.3 <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Para Brasil (2007), a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é um processo sist<strong>em</strong>ático,<br />
contínuo e permanente que objetiva a formação e o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
consciência crítica do cidadão, estimulando a busca <strong>de</strong> soluções coletivas<br />
para os probl<strong>em</strong>as vivenciados e a sua participação real no exercício do controle<br />
social. Participação é tomar parte <strong>de</strong>; assumir o que é seu <strong>de</strong> direito;<br />
é ser sujeito e ator; é assumir o controle social. Segundo João Bosco Pinto,<br />
1984, “a participação real é a que se i<strong>de</strong>ntifica com as reivindicações da<br />
população para assumir parte das <strong>de</strong>cisões sociais”.<br />
Segundo Brasil (2007), a finalida<strong>de</strong> da ação <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
é a transformação. Esta ação, como área do conhecimento, contribui <strong>de</strong><br />
forma <strong>de</strong>cisiva para a consolidação dos princípios e diretrizes do SUS. A sua<br />
clientela é composta <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, grupos sociais e população<br />
<strong>em</strong> geral, respeitando as suas formas <strong>de</strong> organização.<br />
A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ocorre nas relações que se estabelec<strong>em</strong> entre<br />
os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e saneamento e <strong>de</strong>stes com os serviços na sua<br />
organização, gestão participativa e escolha dos melhores caminhos a percorrer,<br />
que suscit<strong>em</strong> a maior participação da comunida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> suas<br />
necessida<strong>de</strong>s e das formas <strong>de</strong> atuar <strong>de</strong>ntro do próprio serviço, na <strong>de</strong>mocratização<br />
do atendimento e da informação à comunida<strong>de</strong> e aos seus grupos sociais;<br />
e <strong>de</strong>la, a comunida<strong>de</strong>, com os serviços, quando <strong>de</strong> posse da informação<br />
e no exercício da participação, influi nas mudanças necessárias à promoção<br />
da saú<strong>de</strong> coletiva e exerce o controle social sobre o sist<strong>em</strong>a.<br />
Freire (1921) já afirmava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que educadores e educandos<br />
se posicionass<strong>em</strong> criticamente ao vivenciar<strong>em</strong> a educação, separando<br />
as posturas ingênuas ou astutas, negando, <strong>de</strong> uma vez por todas, a pretensa<br />
neutralida<strong>de</strong> da educação.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 87<br />
A saú<strong>de</strong>, portanto, é<br />
algo que se constrói<br />
durante toda a vida,<br />
nas relações sociais e<br />
culturais. A educação,<br />
por sua vez, é apontada<br />
como um dos fatores<br />
mais significativos para<br />
a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Ao educar para a saú<strong>de</strong>,<br />
contribui-se para a<br />
formação <strong>de</strong> cidadãos<br />
capazes <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong><br />
favor da melhoria dos<br />
níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pessoais<br />
e da coletivida<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Ação educativa e trabalho educativo.<br />
Ao comentarmos que todas as relações sociais são potencialmente<br />
educativas, estamos consi<strong>de</strong>rando que a ação educativa po<strong>de</strong> ocorrer<br />
espontaneamente, s<strong>em</strong> que haja necessariamente uma consciência sobre<br />
ela ou, ainda, uma reflexão sobre a intenção. Dito <strong>de</strong> outra maneira,<br />
compreen<strong>de</strong>mos que a educação, no seu sentido amplo <strong>de</strong> humanização,<br />
se dá ao longo <strong>de</strong> toda a vida, acontecendo <strong>em</strong> lugares sociais – no ambiente<br />
familiar, no trabalho, na rua, na igreja, na escola etc. Mas, quando<br />
afirmamos que parte do trabalho exercido pelo profissional da vigilância<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é educativo, estamos dizendo que ele traz uma intenção e<br />
<strong>de</strong>ve, portanto, incluir reflexão sobre os objetivos a ser<strong>em</strong> alcançados e<br />
as formas através das quais caminhamos para <strong>de</strong>les nos aproximarmos. O<br />
trabalho educativo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado por pessoas que receberam<br />
uma qualificação especial para isso.<br />
8.3 Conclusão<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que educar significa acionar, através <strong>de</strong><br />
estímulos externos, os mecanismos internos do educando para que ele seja<br />
capaz <strong>de</strong> utilizar plenamente a sua capacida<strong>de</strong> humana e correlacioná-la<br />
com a saú<strong>de</strong>.<br />
A saú<strong>de</strong> é o estado <strong>de</strong> completo b<strong>em</strong>-estar físico, mental e social,<br />
e não apenas a ausência <strong>de</strong> doença. Educar para a saú<strong>de</strong> contribui para a<br />
formação <strong>de</strong> cidadãos capazes <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong> favor da melhoria dos níveis <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> pessoais e da coletivida<strong>de</strong>. Finalmente, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é um<br />
processo sist<strong>em</strong>ático, contínuo e permanente que objetiva a formação e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a busca <strong>de</strong><br />
soluções coletivas para os probl<strong>em</strong>as vivenciados e a sua participação real<br />
no exercício do controle social.<br />
Resumo<br />
A situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico, social e<br />
cultural. E isso <strong>de</strong>ve ser levado <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração para se tentar transformar<br />
a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo ou comunida<strong>de</strong>.<br />
A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ocorre nas relações que se estabelec<strong>em</strong> entre<br />
os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e saneamento e <strong>de</strong>stes com os serviços na sua<br />
organização, suscitando a participação da comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finindo suas priorida<strong>de</strong>s<br />
e formas <strong>de</strong> atuar, exercendo o controle social e a cidadania.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 88 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Qual o significado <strong>de</strong> educação?<br />
2) Por que Chiavenato (2006) relata que a educação ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento<br />
até a morte?<br />
3) Para Chiavenato (2003), a educação profissional é a educação institucionalizada<br />
ou não, que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional. Quais<br />
as três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas citadas por ele?<br />
4) Acesse a plataforma virtual e leia a “História <strong>de</strong> Luís” para melhor enten<strong>de</strong>r<br />
os fatores do processo saú<strong>de</strong> e doença.<br />
5) Então, para você, o que é ter saú<strong>de</strong>?<br />
6) Como você viu anteriormente, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios<br />
biológico, físico, social e cultural. Em seu território, o que você acredita que<br />
t<strong>em</strong> maior peso na geração <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença e por quê?<br />
7) A partir dos conceitos <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong> apresentados, construa o seu<br />
conceito <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 89<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
8) Diante <strong>de</strong> todo exposto na aula, para você, o que é ter saú<strong>de</strong>?<br />
9) Como você viu, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é produzida nos meios biológico, físico,<br />
social e cultural. Em seu território, o que você acredita que t<strong>em</strong> maior<br />
peso na geração <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença e por quê?<br />
10) A educação é o preparo para a vida e pela vida. Po<strong>de</strong>-se falar <strong>em</strong> vários<br />
tipos <strong>de</strong> educação; quais são elas?<br />
11) Para Chiavenato, a educação profissional é a educação institucionalizada<br />
ou não que visa ao preparo do hom<strong>em</strong> para a vida profissional. Compreen<strong>de</strong><br />
três etapas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas perfeitamente distintas; cite-as e comente<br />
as diferenças entre elas.<br />
12) Qual a diferença entre ação educativa e trabalho educativo?<br />
Na próxima aula, vamos aprofundar os estudos sobre a educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 90 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 9 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção<br />
da saú<strong>de</strong><br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno seja capaz <strong>de</strong> conceituar a promoção<br />
da saú<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificando o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> neste processo, além<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver algumas ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> que acontec<strong>em</strong> no seu<br />
território.<br />
Objetivos<br />
Ao final <strong>de</strong>sta aula, você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar promoção da saú<strong>de</strong>;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>;<br />
3. conceituar o agir educativo;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> atuação;<br />
5. i<strong>de</strong>ntificar as ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu território.<br />
9.1 Introdução<br />
O que é promoção da saú<strong>de</strong>?<br />
A promoção da saú<strong>de</strong> é uma proposta que constitui novas relações<br />
entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>; suas ações estão projetadas pela construção<br />
imaginária das transformações <strong>de</strong>sejadas. É papel da educação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong> refletir a realida<strong>de</strong>, priorizar probl<strong>em</strong>as, buscar suas causas e consequências,<br />
teorizar, levantar hipótese <strong>de</strong> solução e agir para a mudança<br />
da realida<strong>de</strong>. Isso po<strong>de</strong> acontecer na vigilância ambiental, epi<strong>de</strong>miológica e<br />
sanitária, b<strong>em</strong> como na atenção à saú<strong>de</strong>. Esse novo olhar do cidadão, com a<br />
mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, é que chamamos <strong>de</strong> agir educativo. Neste sentido, as<br />
ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> são voltadas para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
91<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 18: O diagrama mostra as ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltadas para a<br />
promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Fonte: Arquivo pessoal do autor;<br />
Assim, o agir educativo é a ação esperada <strong>de</strong> cada cidadão que<br />
vive numa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> sujeito social.<br />
Nesses espaços, ocorre, <strong>de</strong> forma mais nítida, a relação comunicação, educação<br />
e promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
9.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Os termos educação, saú<strong>de</strong>, educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e promoção da<br />
saú<strong>de</strong>, ainda que apresent<strong>em</strong> diferentes conceituações, possu<strong>em</strong> significados<br />
que se compl<strong>em</strong>entam.<br />
As práticas originadas <strong>de</strong>sses termos possu<strong>em</strong> características que<br />
se diferenciam conforme a organização <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> (governamental<br />
e não governamental), os atores que a produz<strong>em</strong> e os espaços on<strong>de</strong><br />
acontec<strong>em</strong> (movimentos sociais, serviços e instituições).<br />
O conceito <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> encontra-se vinculado às intervenções<br />
voltadas para os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Determinantes da saú<strong>de</strong> e áreas <strong>de</strong> intervenção.<br />
Eliminação da pobreza: renda, alimentação e segurança<br />
Reconhecimento dos direitos<br />
sociais e econômicos<br />
SAÚDE Justiça social<br />
Mudança, proteção e conservação ambiental<br />
Portanto, as ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> envolv<strong>em</strong> um conjunto<br />
<strong>de</strong> recursos materiais e humanos voltado para o enfrentamento das questões<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 92 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
<strong>em</strong>ergentes dos <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> (reconhecimento dos direitos sociais<br />
e econômicos; eliminação da pobreza: renda, alimentação e segurança;<br />
mudança, proteção, conservação ambiental e justiça social). Seus resultados<br />
e efeitos são perfeitamente i<strong>de</strong>ntificados na situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida da comunida<strong>de</strong> ou população.<br />
Na área da saú<strong>de</strong>, a promoção da saú<strong>de</strong> t<strong>em</strong> se constituído a partir<br />
do conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e, ainda, a partir do pressuposto<br />
<strong>de</strong> que a solução dos probl<strong>em</strong>as está no potencial <strong>de</strong> mobilização e<br />
participação efetiva da socieda<strong>de</strong>, o princípio da autonomia dos indivíduos e<br />
das comunida<strong>de</strong>s e o reforço do planejamento e po<strong>de</strong>r local.<br />
Figura 19: A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Fonte: Arquivo pessoal do autor.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se a promoção da saú<strong>de</strong> como proposta instituinte <strong>de</strong><br />
novas relações entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>, suas ações estão projetadas<br />
no <strong>de</strong>vir, no futuro antecipado pela construção imaginária das transformações<br />
<strong>de</strong>sejadas. Neste sentido, as ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltadas<br />
para a promoção da saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r-se-iam <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> agir educativo.<br />
Assim, a promoção da saú<strong>de</strong> possui um projeto que t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong><br />
a produção <strong>de</strong> novos sentidos entre a população e o território.<br />
O agir educativo é a ação esperada <strong>de</strong> cada cidadão que vive numa<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> sujeito social. Nesses<br />
espaços, ocorre, <strong>de</strong> forma mais nítida, a relação comunicação, educação e<br />
promoção da saú<strong>de</strong>. Relação que se torna probl<strong>em</strong>ática no contexto brasileiro,<br />
on<strong>de</strong> a comunicação ocorre entre <strong>de</strong>siguais; palavras e mensagens<br />
não adquir<strong>em</strong> sentido quando são lidas ou ouvidas, são apenas ruídos para a<br />
maioria da população.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 93<br />
Para a concretização<br />
das estratégias <strong>de</strong><br />
promoção da saú<strong>de</strong>,<br />
a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
t<strong>em</strong> sido apontada<br />
como um conjunto <strong>de</strong><br />
práticas pedagógicas<br />
direcionadas à<br />
população, aos gestores<br />
e aos movimentos<br />
sociais como forma <strong>de</strong><br />
sensibilizá-los para a<br />
a<strong>de</strong>são aos projetos<br />
propostos.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Agir educativo: é a<br />
ação esperada <strong>de</strong> cada<br />
cidadão que vive numa<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática,<br />
consciente <strong>de</strong> seu papel<br />
<strong>de</strong> sujeito social.<br />
Para que um projeto <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se concretize, faz-se<br />
necessário um trabalho <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> informações capaz <strong>de</strong> gerar el<strong>em</strong>entos<br />
que contribuam, efetivamente, para uma educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> voltada<br />
para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
No nível institucional, o agir educativo é exercido pelas organizações<br />
governamentais e não governamentais que participam da elaboração e<br />
da implantação da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, visando construir a viabilida<strong>de</strong> do projeto<br />
<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, planejando a intervenção, <strong>de</strong>finindo programas,<br />
ativida<strong>de</strong>s, orçamento etc.<br />
Em nível da base, a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se apresenta como uma<br />
ação fundamental do educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Ele possui o <strong>de</strong>safio, <strong>de</strong>ntre tantos<br />
outros, <strong>de</strong> estimular a participação da comunida<strong>de</strong>, possibilitar a produção<br />
<strong>de</strong> novos conceitos, hábitos, crenças nas pessoas <strong>em</strong> relação à sua saú<strong>de</strong>, à<br />
doença e à visibilida<strong>de</strong> das instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, analisando a educação e a promoção da saú<strong>de</strong> no SUS,<br />
surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se esclarecer que <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se fala.<br />
Uma posição crítica a esse respeito apresenta a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> como<br />
impositiva, que almeja a prescrição <strong>de</strong> comportamentos i<strong>de</strong>ais, muitas vezes<br />
distantes dos sujeitos. Esse processo <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> também apresenta<br />
intervenções muitas vezes preconceituosas, coativas e punitivas.<br />
Uma crítica positiva à educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> a consi<strong>de</strong>ra como uma<br />
prática que possibilita a participação ativa da comunida<strong>de</strong>, proporcionando<br />
informação na atenção primária a saú<strong>de</strong>/vigilâncias, mudança ou aperfeiçoamento<br />
<strong>de</strong> hábitos e atitu<strong>de</strong>s.<br />
Figura 20: a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong> no SUS.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 94 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
9.3 Conclusão<br />
As ações <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, como o nome já diz, promov<strong>em</strong><br />
a saú<strong>de</strong> a partir do <strong>de</strong>spertar da consciência crítica do cidadão. A mudança<br />
da realida<strong>de</strong> local vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do agir educativo <strong>de</strong> sua população e das<br />
instituições que ali atuam.<br />
Atualmente, os estudos têm <strong>de</strong>monstrado que muitos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> estão relacionados com o estilo <strong>de</strong> vida das pessoas. Uma das vias para<br />
promover a modificação <strong>de</strong> comportamentos é a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e ou<br />
a educação para a saú<strong>de</strong>, pelo impacto positivo que po<strong>de</strong> ter na saú<strong>de</strong> das<br />
pessoas. “Direito <strong>de</strong> todos os cidadãos <strong>em</strong> qualquer fase da sua vida, conforme<br />
está reconhecido na carta <strong>de</strong> Ottawa” (WHO, 1986). Este trabalho <strong>de</strong>ve<br />
começar na família, continuar <strong>em</strong> todas as fases do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino (<strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o básico até ao universitário), prolongar-se no local <strong>de</strong> trabalho, na comunida<strong>de</strong><br />
(público alvo), nos meios <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong>ntre outros, promovendo<br />
e reforçando as políticas <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
A promoção para a saú<strong>de</strong> através da educação para a saú<strong>de</strong> constitui<br />
uma estratégia chave <strong>de</strong> atuação sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
modo a favorecer e reforçar os hábitos <strong>de</strong> vida saudáveis. No entanto, essa<br />
ação não po<strong>de</strong> ser isolada e n<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser ao cargo <strong>de</strong> uma única instituição<br />
ou entida<strong>de</strong>. A mesma <strong>de</strong>ve ser fruto <strong>de</strong> planejamento conjunto, soma <strong>de</strong><br />
esforços inter e intra institucional, on<strong>de</strong> o envolvimento e a participação<br />
comunitária é indispensável.<br />
Resumo<br />
Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, que a promoção da saú<strong>de</strong> é uma proposta<br />
que constitui novas relações entre os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>; suas ações<br />
estão projetadas pela construção imaginária das transformações <strong>de</strong>sejadas.<br />
É papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> refletir a realida<strong>de</strong>, priorizar probl<strong>em</strong>as,<br />
buscar suas causas e consequências, teorizar, levantar hipótese <strong>de</strong><br />
solução e agir para a mudança da realida<strong>de</strong>. Vimos, também, que o conceito<br />
<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> encontra-se vinculado às intervenções voltadas para<br />
os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como: eliminação da pobreza - geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego<br />
e renda, aumento da oferta dos alimentos <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>,<br />
segurança; justiça social - o reconhecimento dos direitos sociais e econômicos,<br />
proteção e conservação ambiental.<br />
Foi possível ver, também, que o agir educativo é a ação esperada<br />
<strong>de</strong> cada cidadão que vive numa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, consciente <strong>de</strong> seu<br />
papel <strong>de</strong> sujeito social. Este participa ativamente <strong>de</strong> todo o processo <strong>de</strong> um<br />
projeto <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong>, começando na observação da sua realida<strong>de</strong>,<br />
priorização, solicitação, planejamento, elaboração, execução e avaliação.<br />
Ainda, <strong>em</strong> nível institucional, o agir educativo é exercido pelas organizações<br />
governamentais e não governamentais que participam da elaboração e da<br />
implantação da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, visando construir a viabilida<strong>de</strong> do projeto,<br />
planejando a intervenção, <strong>de</strong>finindo programas, ativida<strong>de</strong>s, orçamento etc.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 95<br />
As ações <strong>de</strong> educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> estão<br />
evi<strong>de</strong>nciadas no<br />
contexto da legislação<br />
do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> – SUS -, Lei<br />
8080/90, garantindo<br />
efetivamente a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />
impl<strong>em</strong>entação.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
www.sau<strong>de</strong>.gov.br;<br />
www.sau<strong>de</strong>.mg.gov.br<br />
http://www.misau.gov.<br />
mz<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Ex<strong>em</strong>plifique uma ação que represente o agir educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível<br />
institucional e uma ação que represente o agir educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível<br />
da base. Para buscar os ex<strong>em</strong>plos, procure se l<strong>em</strong>brar <strong>de</strong> ações educativas<br />
que você já tenha participado, que já aconteceram <strong>em</strong> seu bairro ou escola.<br />
Pesquise no site do Ministério da Saú<strong>de</strong> (www.sau<strong>de</strong>.gov.br) ou nos sites das<br />
secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estaduais ou municipais (como você preferir).<br />
2) Consi<strong>de</strong>rando-se as duas situações fictícias apresentadas a seguir, aponte<br />
os novos sentidos entre a população e o território que seriam esperados após<br />
uma ação educativa. Ou seja: quais são os novos conhecimentos e posturas<br />
que a população <strong>de</strong>ve adotar?<br />
a) Em <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong>, exist<strong>em</strong> inúmeros lotes vagos que acabam<br />
servindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo e entulho para as famílias, carroceiros e outros<br />
sujeitos. Esta situação acabou criando um verda<strong>de</strong>iro foco <strong>de</strong> animais peçonhentos<br />
que têm invadido as residências.<br />
b) Em sua maioria, a população dos bairros <strong>de</strong> classe média alta e classe alta<br />
do município Gente Feliz não permite a entrada e a vistoria dos agentes <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> nas suas residências. Estão receosos <strong>de</strong> que sejam oportunistas que se<br />
passam por agentes da prefeitura para ter acesso às casas. Esta atitu<strong>de</strong> t<strong>em</strong><br />
impossibilitado o trabalho dos agentes e contribuído para que estes bairros<br />
possuam um alto número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue.<br />
3) Conceitue promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
4) Qual o papel da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> na promoção da saú<strong>de</strong>?<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 96 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
5) Baseado no conteúdo da aula, o que é o agir educativo?<br />
6) Cite alguns <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e suas áreas <strong>de</strong> atuação.<br />
7) I<strong>de</strong>ntifique pelo menos três ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu território.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 97<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 10 - <strong>Educação</strong> Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e a pro-<br />
moção à saú<strong>de</strong>/ Declaração <strong>de</strong> Jacarta<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar as estratégias propugnadas<br />
na Carta <strong>de</strong> Ottawa que estão sendo <strong>de</strong>senvolvidas no seu município<br />
ou localida<strong>de</strong> (elaboração <strong>de</strong> política pública saudável, criação <strong>de</strong> meio<br />
ambientes que proteja a saú<strong>de</strong>, fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária, <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais e reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>).<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. <strong>de</strong>senvolver trabalho <strong>em</strong> grupo;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar as políticas públicas saudáveis <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntro do seu território, como a criação <strong>de</strong> meio ambientes<br />
que proteja a saú<strong>de</strong>, o fortalecimento da ação comunitária, o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais e a reorientação dos<br />
serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Para melhor aproveitamento da aula, o aluno <strong>de</strong>verá acessar a plataforma<br />
virtual e ler o documento “Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção<br />
da Saú<strong>de</strong> no Século XXI” e possuir disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para <strong>de</strong>senvolver<br />
um estudo e uma discussão <strong>em</strong> grupo.<br />
10.1 Introdução<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, você vai fazer uma leitura individual da Declaração<br />
<strong>de</strong> Jacarta (Jakarta); esta Declaração fala sobre a promoção da saú<strong>de</strong> e<br />
oferece uma visão e um enfoque para a promoção da saú<strong>de</strong> neste século. Reflete<br />
o compromisso firme dos participantes da 4ª Conferência Internacional<br />
sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer à mais ampla gama <strong>de</strong> recursos para<br />
enfrentar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />
Após a leitura, você <strong>de</strong>verá acessar a plataforma virtual e fazer<br />
uma releitura do texto <strong>em</strong> conjunto com os <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong>bros do seu grupo <strong>de</strong><br />
trabalho. “O documento (Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong><br />
no Século XXI) se constitui num consolidado das questões discutidas durante<br />
a 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>”. Após a leitura, você e<br />
os m<strong>em</strong>bros do seu grupo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> discutir sobre a promoção da saú<strong>de</strong> no seu município<br />
ou comunida<strong>de</strong> e, <strong>em</strong> seguida, <strong>de</strong>senvolver a ativida<strong>de</strong> que se pe<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
99<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Jacarta:<br />
Jacarta, <strong>em</strong> língua<br />
indonésia Jakarta,<br />
capital e maior cida<strong>de</strong><br />
da Indonésia. Situase<br />
na ilha <strong>de</strong> Java<br />
e conta com cerca<br />
<strong>de</strong> 18,2 milhões <strong>de</strong><br />
habitantes na sua área<br />
metropolitana. Foi<br />
fundada <strong>em</strong> 1619 pelos<br />
neerlan<strong>de</strong>ses com o<br />
nome <strong>de</strong> Batávia, junto<br />
à al<strong>de</strong>ia javanesa <strong>de</strong><br />
Jacarta. Foi ocupada<br />
pelos ingleses entre<br />
1811 e 1814. Tomou o<br />
nome atual <strong>em</strong> 1949.<br />
10.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI<br />
Adaptado na 4ª Conferência Internacional<br />
sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, 21-25 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1997,<br />
Jacarta, República da Indonésia.<br />
10.2.1 Antece<strong>de</strong>ntes<br />
A 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> — Novos<br />
Protagonistas para uma Nova Era: Orientando a Promoção da Saú<strong>de</strong> pelo Século<br />
XXI a<strong>de</strong>ntro — t<strong>em</strong> lugar <strong>em</strong> um momento crítico das estratégias internacionais<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>. Quase 20 anos se passaram<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os estados m<strong>em</strong>bros da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, através<br />
da Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, assumiram um compromisso ambicioso para<br />
com uma estratégia mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para todos e para com os princípios<br />
<strong>de</strong> atendimento primário à saú<strong>de</strong>. Dez anos já se passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a realização<br />
da Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> Ottawa,<br />
Canadá. Desta Conferência, resultou a publicação da Carta <strong>de</strong> Ottawa para<br />
a Promoção da Saú<strong>de</strong> que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época, t<strong>em</strong> servido como fonte<br />
orientadora e <strong>de</strong> inspiração para a promoção da saú<strong>de</strong>. Conferências e reuniões<br />
internacionais subsequentes têm <strong>de</strong>ixado ainda mais clara a relevância<br />
e o significado das principais estratégias <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, incluindo<br />
políticas públicas saudáveis (<strong>em</strong> A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, 1988) e meio ambientes favoráveis<br />
à saú<strong>de</strong> (<strong>em</strong> Sundsvall, 1991).<br />
Carta <strong>de</strong> Ottawa<br />
A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI<br />
Tradução da OPS/OMS, Washington, DC. A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre<br />
a promoção da saú<strong>de</strong> oferece uma visão e um enfoque para a promoção da<br />
saú<strong>de</strong> no próximo século. Reflete o compromisso firme dos participantes da 4ª<br />
Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer à mais ampla<br />
gama <strong>de</strong> recursos para enfrentar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />
Documento elaborado na Primeira Conferência Internacional sobre<br />
Promoção da Saú<strong>de</strong>, realizada <strong>em</strong> Ottawa, Canadá, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986,<br />
apresenta, neste apontamento, sua Carta <strong>de</strong> Intenções, que seguramente<br />
contribuirá para se atingir a saú<strong>de</strong> para todos no ano 2000 e anos subsequentes.<br />
Essa Conferência foi, antes <strong>de</strong> tudo, uma resposta às crescentes<br />
expectativas por uma nova saú<strong>de</strong> pública, movimento que v<strong>em</strong> ocorrendo<br />
<strong>em</strong> todo o mundo. As discussões focalizaram principalmente as necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> nos países industrializados, <strong>em</strong>bora tenham levado <strong>em</strong> conta<br />
necessida<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>elhantes <strong>de</strong> outras regiões do globo. As discussões foram<br />
baseadas nos progressos alcançados com a Declaração <strong>de</strong> Alma-Ata para os<br />
cuidados primários <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, com o documento da OMS sobre saú<strong>de</strong> para<br />
todos, assim como com o <strong>de</strong>bate ocorrido na Ass<strong>em</strong>bleia Mundial da Saú<strong>de</strong><br />
sobre as ações intersetoriais necessárias para o setor.<br />
Fonte: http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Ottawa.pdf).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 100 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
A 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, realizada<br />
<strong>em</strong> Jacarta, é a primeira a ocorrer <strong>em</strong> um país <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
a incluir o setor privado no apoio à promoção da saú<strong>de</strong>. Ela oferece uma<br />
oportunida<strong>de</strong> para refletir sobre o que se apren<strong>de</strong>u a respeito da promoção<br />
da saú<strong>de</strong>, para reexaminar os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> e para i<strong>de</strong>ntificar as<br />
direções e as estratégias necessárias para enfrentar os <strong>de</strong>safios da promoção<br />
da saú<strong>de</strong> no século XXI.<br />
10.2.2 A promoção da saú<strong>de</strong> é um investimento valioso<br />
A saú<strong>de</strong> é um direito humano fundamental e essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
social e econômico.<br />
A promoção da saú<strong>de</strong> está sendo reconhecida cada vez mais como<br />
um el<strong>em</strong>ento essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento da saú<strong>de</strong>. É um processo<br />
para permitir que as pessoas tenham maior controle sobre sua saú<strong>de</strong> e para<br />
melhorá-la. A promoção da saú<strong>de</strong>, mediante investimentos e ações, atua<br />
sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> para criar o maior benefício para os povos,<br />
para contribuir <strong>de</strong> maneira significativa para a redução das iniquida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />
questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para assegurar os direitos humanos e para a formação do<br />
capital social. Sua meta primordial é aumentar as expectativas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
reduzir a brecha quanto à expectativa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entre países e grupos.<br />
10.2.3 Determinantes da saú<strong>de</strong>: novos <strong>de</strong>safios<br />
Os pré-requisitos para a saú<strong>de</strong> são: paz, abrigo, instrução, segurança<br />
social, relações sociais, alimento, renda, direito <strong>de</strong> voz das mulheres, um<br />
ecossist<strong>em</strong>a estável, uso sustentável dos recursos, justiça social, respeito<br />
aos direitos humanos e equida<strong>de</strong>. A pobreza é, acima <strong>de</strong> tudo, a maior ameaça<br />
à saú<strong>de</strong>.<br />
As tendências <strong>de</strong>mográficas, tais como a urbanização, o aumento<br />
no número <strong>de</strong> pessoas idosas e a prevalência <strong>de</strong> doenças crônicas, um comportamento<br />
mais se<strong>de</strong>ntário, a resistência a antibióticos e a outros medicamentos<br />
disponíveis, o uso abusivo <strong>de</strong> drogas e a violência civil e doméstica<br />
ameaçam a saú<strong>de</strong> e o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />
Doenças infecciosas novas e re<strong>em</strong>ergentes e o maior reconhecimento<br />
sobre os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental requer<strong>em</strong> uma providência urgente. É vital<br />
que a promoção da saú<strong>de</strong> evolua para fazer frente aos <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>.<br />
Os fatores transnacionais também representam um impacto significativo<br />
para a saú<strong>de</strong>. Inclu<strong>em</strong>-se, entre estes, a integração da economia<br />
global, os mercados financeiros e o comércio, o acesso aos meios <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong> massa e à tecnologia <strong>de</strong> comunicações, assim como a <strong>de</strong>gradação<br />
ambiental <strong>de</strong>vido ao uso irresponsável dos recursos.<br />
Essas mudanças moldam os valores, os estilos <strong>de</strong> vida durante toda<br />
a existência das pessoas e as condições <strong>de</strong> vida <strong>em</strong> todo o mundo. Algumas<br />
têm gran<strong>de</strong> potencial para a saú<strong>de</strong>, tal como o <strong>de</strong>senvolvimento da tecnolo-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 101<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
gia das comunicações, já outras, como o comércio internacional do tabaco,<br />
têm um enorme impacto negativo.<br />
As pesquisas e os estudos <strong>de</strong> casos realizados mundialmente apresentam<br />
provas convincentes <strong>de</strong> que a promoção da saú<strong>de</strong> funciona. As estratégias<br />
<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m provocar e modificar estilos <strong>de</strong> vida,<br />
assim como as condições sociais, econômicas e ambientais que <strong>de</strong>terminam a<br />
saú<strong>de</strong>. A promoção da saú<strong>de</strong> é um enfoque prático para a obtenção <strong>de</strong> maior<br />
equida<strong>de</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
10.2.4 As cinco estratégias propugnadas na Carta <strong>de</strong><br />
Ottawa<br />
• elaboração <strong>de</strong> política pública saudável;<br />
• criação <strong>de</strong> meio ambientes que protejam a saú<strong>de</strong>;<br />
• fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária;<br />
• <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais;<br />
• reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Exist<strong>em</strong>, hoje, provas claras <strong>de</strong> que:<br />
• os enfoques abrangentes ao <strong>de</strong>senvolvimento da saú<strong>de</strong> são os<br />
mais eficientes. Os que utilizam combinações das cinco estratégias<br />
são mais eficazes do que os enfoques mais limitados;<br />
• as localida<strong>de</strong>s oferec<strong>em</strong> oportunida<strong>de</strong>s práticas para a impl<strong>em</strong>entação<br />
<strong>de</strong> estratégias abrangentes. Inclu<strong>em</strong>-se, entre elas,<br />
metrópoles, ilhas, cida<strong>de</strong>s, municipalida<strong>de</strong>s e comunida<strong>de</strong>s locais,<br />
seus mercados, escolas, locais <strong>de</strong> trabalho e estabelecimentos<br />
<strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong>;<br />
• a participação é essencial para dar apoio ao esforço. Para ser<br />
eficaz, é necessário que as pessoas estejam envolvidas na ação<br />
<strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e no processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão;<br />
• apren<strong>de</strong>r sobre saú<strong>de</strong> fomenta a participação. O acesso à instrução<br />
e à informação é essencial para conseguir a participação<br />
eficaz e o direito <strong>de</strong> voz das pessoas e das comunida<strong>de</strong>s.<br />
Essas estratégias são os el<strong>em</strong>entos essenciais da promoção da saú<strong>de</strong><br />
e são relevantes para todos os países.<br />
Necessitam-se novas respostas<br />
Para respon<strong>de</strong>r às ameaças <strong>em</strong>ergentes à saú<strong>de</strong>, são necessárias<br />
novas ações. O <strong>de</strong>safio para os próximos anos será <strong>de</strong>stravar o potencial para<br />
a promoção da saú<strong>de</strong> inerente <strong>em</strong> muitos setores da socieda<strong>de</strong>, nas comunida<strong>de</strong>s<br />
e nas famílias.<br />
Existe uma flagrante necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar as fronteiras tradicionais<br />
<strong>de</strong>ntro dos setores públicos, entre organizações governamentais e<br />
não governamentais e entre os setores público e privado. A cooperação é<br />
essencial. Em termos específicos, isto requer a criação <strong>de</strong> novas parcerias<br />
<strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>, com condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre os diferentes setores,<br />
<strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governo.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 102 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
10.2.5 Priorida<strong>de</strong>s para a promoção da saú<strong>de</strong> no<br />
século XXI<br />
10.2.5.1 Promover a responsabilida<strong>de</strong> social para com a saú<strong>de</strong><br />
Os tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar firm<strong>em</strong>ente comprometidos<br />
com a responsabilida<strong>de</strong> social. Tanto o setor público quanto o privado <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
promover a saú<strong>de</strong> indo ao encalço <strong>de</strong> políticas e práticas que:<br />
• evit<strong>em</strong> prejudicar a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros indivíduos;<br />
• protejam o meio ambiente e assegur<strong>em</strong> o uso sustentável dos<br />
recursos;<br />
• restrinjam a produção e o comércio <strong>de</strong> produtos e substâncias<br />
inerent<strong>em</strong>ente prejudiciais, tais como o tabaco e as armas, assim<br />
como práticas <strong>de</strong> mercado não saudáveis;<br />
• salvaguar<strong>de</strong>m tanto a pessoa no mercado como a pessoa no local<br />
<strong>de</strong> trabalho;<br />
• incluam uma avaliação do impacto sobre a saú<strong>de</strong> focalizado na<br />
equida<strong>de</strong> como parte integral da elaboração <strong>de</strong> políticas.<br />
10.2.5.2 Aumentar os investimentos para fomentar a saú<strong>de</strong><br />
Em muitos países, o investimento atualmente feito no setor da saú<strong>de</strong><br />
é ina<strong>de</strong>quado e, muitas vezes, ineficaz. Um aumento do investimento para<br />
o fomento da saú<strong>de</strong> requer um enfoque realmente multissetorial, incluindo<br />
recursos adicionais para a educação e para a habitação, como também para<br />
o setor da saú<strong>de</strong>. Um maior investimento para a saú<strong>de</strong> e uma reorientação<br />
dos investimentosexistentes — tanto <strong>de</strong>ntro dos países como entre países —<br />
t<strong>em</strong> o potencial <strong>de</strong> avançar significativamente o <strong>de</strong>senvolvimento humano, a<br />
saú<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
Os investimentos <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam refletir as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
certos grupos, tais como mulheres, crianças, pessoas idosas, indígenas, pobres<br />
e marginalizados.<br />
10.2.5.3 Consolidar e expandir parcerias <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong><br />
A promoção da saú<strong>de</strong> requer parcerias para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />
e da saú<strong>de</strong> entre os diferentes setores <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governança<br />
e da socieda<strong>de</strong>. As parcerias já existentes necessitam ser reforçadas e o<br />
potencial para novas parcerias t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser explorado.<br />
As parcerias oferec<strong>em</strong> benefício mútuo para a saú<strong>de</strong> através do<br />
compartilhamento <strong>de</strong> especializações, habilida<strong>de</strong>s e recursos. Cada parceria<br />
t<strong>em</strong> que ser transparente e responsável pela prestação <strong>de</strong> contas e ser<br />
fundamentada <strong>em</strong> princípios éticos concordados, compreensão e respeito<br />
mútuos. As diretrizes da OMS <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser obe<strong>de</strong>cidas.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 103<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
10.2.5.4 Aumentar a capacida<strong>de</strong> comunitária e dar direito <strong>de</strong><br />
voz ao indivíduo<br />
A promoção da saú<strong>de</strong> efetua-se pelo e com o povo, e não sobre e<br />
para o povo. Ela melhora tanto a habilida<strong>de</strong> das pessoas para agir como a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos, organizações ou comunida<strong>de</strong>s para exercer influencia<br />
sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>.<br />
Melhorar a capacida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s para promover a saú<strong>de</strong><br />
requer instrução prática, treinamento <strong>em</strong> li<strong>de</strong>rança e acesso aos recursos.<br />
Dar o direito <strong>de</strong> voz às pessoas requer acesso mais consistente ao processo<br />
<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e às habilida<strong>de</strong>s e ao conhecimento essenciais para<br />
efetuar a mudança.<br />
Tanto a comunicação tradicional como os novos meios <strong>de</strong> informação<br />
apoiam este processo. É necessário utilizar os recursos sociais, culturais<br />
e espirituais <strong>de</strong> maneiras inovadoras.<br />
10.2.5.5 Assegurar uma infraestrutura para a promoção da saú<strong>de</strong><br />
Para conseguir uma infraestrutura para a promoção da saú<strong>de</strong>, é<br />
necessário encontrar novos mecanismos para seu custeio <strong>em</strong> nível local, nacional<br />
e mundial. Dev<strong>em</strong>-se criar incentivos para influenciar as ações <strong>de</strong> organizações<br />
governamentais e não governamentais, instituições educacionais<br />
e o setor privado a fim <strong>de</strong> assegurar que a mobilização <strong>de</strong> recursos para a<br />
promoção da saú<strong>de</strong> seja maximizada.<br />
Localida<strong>de</strong>s para a saú<strong>de</strong> representam a base organizacional da infraestrutura<br />
necessária para a promoção da saú<strong>de</strong>. Novos <strong>de</strong>safios <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
significam que re<strong>de</strong>s novas e diversificadas têm <strong>de</strong> ser criadas para conseguir<br />
a colaboração intersetorial. Tais re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam prestar assistência mútua<br />
<strong>de</strong>ntro e entre países e facilitar o intercâmbio <strong>de</strong> informações sobre que estratégias<br />
são eficazes e <strong>em</strong> quais localida<strong>de</strong>s.<br />
Deve-se incentivar o treinamento e a prática das habilida<strong>de</strong>s da<br />
li<strong>de</strong>rança local para apoiar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>. Deve-se<br />
intensificar a documentação <strong>de</strong> experiências <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong> através<br />
<strong>de</strong> pesquisas e relatos sobre projetos a fim <strong>de</strong> aprimorar o planejamento, a<br />
impl<strong>em</strong>entação e a avaliação.<br />
Todos os países <strong>de</strong>veriam criar o ambiente político, jurídico, educacional,<br />
social e econômico apropriado e necessário para apoiar a promoção<br />
da saú<strong>de</strong>.<br />
10.2.6 Recomendações para a ação<br />
Os participantes se compromet<strong>em</strong> a compartilhar as mensagenschave<br />
da <strong>de</strong>claração com seus governos, instituições e comunida<strong>de</strong>s, a pôr<br />
<strong>em</strong> prática as ações propostas e a apresentar um relatório à 5ª Conferência<br />
Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 104 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
A fim <strong>de</strong> acelerar o progresso para a promoção da saú<strong>de</strong> mundial, os<br />
participantes referendam a formulação <strong>de</strong> uma aliança mundial para a promoção<br />
da saú<strong>de</strong>. A meta <strong>de</strong>ssa aliança é promover as priorida<strong>de</strong>s das ações<br />
para a promoção da saú<strong>de</strong> expressadas nesta <strong>de</strong>claração.<br />
10.2.6.1 Inclu<strong>em</strong>-se entre as priorida<strong>de</strong>s para a aliança:<br />
• aumento da sensibilização sobre os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
constante mudança;<br />
• apoio à criação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração e <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento sanitário;<br />
• mobilização <strong>de</strong> recursos para a promoção da saú<strong>de</strong>;<br />
• acumulação <strong>de</strong> conhecimentos sobre as melhores práticas;<br />
• facilitação do aprendizado compartilhado;<br />
• promoção <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ação;<br />
• promoção da transparência e da responsabilida<strong>de</strong> pública <strong>de</strong><br />
prestação <strong>de</strong> contas <strong>em</strong> promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Faz-se um apelo aos governos nacionais para que tom<strong>em</strong> a iniciativa<br />
<strong>de</strong> impulsionar e patrocinar re<strong>de</strong>s para a promoção da saú<strong>de</strong>, tanto <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> seus países como entre países.<br />
Os participantes da Jacarta 1997 solicitaram à OMS que assumisse a<br />
li<strong>de</strong>rança na formação <strong>de</strong> uma aliança mundial <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e que<br />
facilitasse aos estados m<strong>em</strong>bros a impl<strong>em</strong>entar os resultados da Conferência<br />
<strong>de</strong> Jacarta. Uma parte essencial <strong>de</strong>sse papel é para a OMS exortar as organizações<br />
governamentais e não governamentais, bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
agências da ONU, órgãos inter-regionais, agências bilaterais, sindicatos e cooperativas,<br />
assim como o setor privado, a promover as ações <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong><br />
para a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
10.3 Conclusão<br />
Esta aula teve como objetivo <strong>de</strong>senvolver a habilida<strong>de</strong> do aluno<br />
<strong>em</strong> realizar trabalho <strong>em</strong> grupo, trabalho este que, baseado nos conhecimentos<br />
adquiridos até o momento, buscou i<strong>de</strong>ntificar as políticas públicas<br />
saudáveis <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do seu território/município, como<br />
a criação <strong>de</strong> meio ambientes que protejam a saú<strong>de</strong>, o fortalecimento <strong>de</strong><br />
ação comunitária, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais, a reorientação<br />
dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros. Este trabalho leva o aluno<br />
a exercitar a participação <strong>em</strong> planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, pois elabora um<br />
documento como o ex<strong>em</strong>plo da Declaração <strong>de</strong> Jacarta e o encaminha para<br />
o gestor municipal do SUS.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 105<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível ver um pouco do que aconteceu antes<br />
da 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>, como a Carta <strong>de</strong><br />
Ottawa e a Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, marcos <strong>de</strong> novos Protagonistas para<br />
uma nova era, que orienta para a promoção da saú<strong>de</strong> no século XXI. Deixa<br />
claro que a promoção da saú<strong>de</strong> é um investimento valioso e que a saú<strong>de</strong> é<br />
um direito humano fundamental e essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />
e econômico.<br />
Na Declaração <strong>de</strong> Alma Mater, assumiu-se um compromisso ambicioso<br />
para com uma estratégia mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para todos e para com os<br />
princípios <strong>de</strong> atendimento primário à saú<strong>de</strong>. Pensou-se <strong>em</strong> alguns <strong>de</strong>terminantes<br />
da saú<strong>de</strong> com novos <strong>de</strong>safios e, entre eles, alguns pré-requisitos<br />
para a saú<strong>de</strong>, como: paz, abrigo, instrução, segurança social, relações sociais,<br />
alimento, renda, direito <strong>de</strong> voz das mulheres, um ecossist<strong>em</strong>a estável,<br />
uso sustentável dos recursos, justiça social, respeito aos direitos humanos e<br />
equida<strong>de</strong>. Reconheceram que a pobreza é, acima <strong>de</strong> tudo, a maior ameaça<br />
à saú<strong>de</strong>.<br />
A Declaração <strong>de</strong> Jacarta, com a visão <strong>de</strong> um enfoque para a promoção<br />
da saú<strong>de</strong>, levou <strong>em</strong> conta as tendências <strong>de</strong>mográficas; as doenças<br />
infecciosas novas e re<strong>em</strong>ergentes; os fatores transnacionais, incluindo entre<br />
estes a integração da economia global, os mercados financeiros e o comércio;<br />
acesso aos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa e à tecnologia <strong>de</strong> comunicações,<br />
assim como a <strong>de</strong>gradação ambiental.<br />
Sugeriram nas cinco estratégias propugnadas pela Carta <strong>de</strong> Ottawa:<br />
elaboração <strong>de</strong> política pública saudável, criação <strong>de</strong> meio ambientes que<br />
protejam a saú<strong>de</strong>, fortalecimento <strong>de</strong> ação comunitária, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong>s pessoais, reorientação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Não se esquecera da promoção da responsabilida<strong>de</strong> social dos tomadores<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tanto o setor público quanto o privado, <strong>de</strong> estar<strong>em</strong><br />
firm<strong>em</strong>ente comprometidos, <strong>de</strong>vendo promover a saú<strong>de</strong>, indo ao encalço <strong>de</strong><br />
políticas e práticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a não prejudicar a saú<strong>de</strong> dos outros até a avaliação<br />
do impacto <strong>de</strong>ssas políticas na saú<strong>de</strong> da população e do planeta.<br />
L<strong>em</strong>brou-se da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar os investimentos para fomentar<br />
a saú<strong>de</strong>, assunto que está s<strong>em</strong>pre presente nos <strong>de</strong>bates quando se<br />
fala <strong>de</strong> promoção a saú<strong>de</strong>. L<strong>em</strong>brou-se também <strong>de</strong> que para ter avanços<br />
neste processo é preciso consolidar e expandir parcerias <strong>em</strong> prol da saú<strong>de</strong>,<br />
pois a promoção da saú<strong>de</strong> requer parcerias para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />
e da saú<strong>de</strong> entre os diferentes setores <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> governo e da<br />
socieda<strong>de</strong>.<br />
Reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar uma infraestrutura para a<br />
promoção da saú<strong>de</strong> e que, para conseguir essa infraestrutura, é necessário<br />
encontrar novos mecanismos para o seu custeio <strong>em</strong> nível local, nacional e<br />
mundial.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 106 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Os participantes da Conferência <strong>de</strong> Jacarta 1997 <strong>de</strong>finiram uma gerência<br />
para a impl<strong>em</strong>entação dos resultados <strong>de</strong>ssa conferência à Organização<br />
Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – OMS -, que tinha e t<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r para a formação <strong>de</strong> uma<br />
aliança mundial <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> entre organizações governamentais e<br />
não governamentais, bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, agências da ONU, órgãos<br />
inter-regionais, sindicatos e cooperativas, assim como o setor privado.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Vá até plataforma virtual e acesse o texto “A Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre<br />
Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século XXI”, <strong>em</strong> Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grupo, 01.<br />
2) Faça a releitura do texto <strong>em</strong> conjunto com os <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong>bros do seu<br />
grupo <strong>de</strong> trabalho.<br />
O documento (Declaração <strong>de</strong> Jacarta sobre Promoção da Saú<strong>de</strong> no Século<br />
XXI) se constitui num consolidado das questões discutidas durante a 4ª Conferência<br />
Internacional sobre Promoção da Saú<strong>de</strong>.<br />
3) Após a leitura do texto, você e os m<strong>em</strong>bros do grupo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> discutir sobre<br />
a promoção da saú<strong>de</strong> no seu município ou comunida<strong>de</strong> os quatro itens a<br />
seguir.<br />
a) Os <strong>de</strong>terminantes da saú<strong>de</strong>, como: diminuição da pobreza; saneamento<br />
básico; escolarida<strong>de</strong> básica da população; acesso às informações etc.<br />
b) Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm reorientado sua prática, quais? T<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado<br />
comprometimento com a educação da população?<br />
c) A ação comunitária t<strong>em</strong> sido fortalecida? As li<strong>de</strong>ranças e movimentos sociais<br />
têm tido vez e voz nas discussões e <strong>de</strong>cisões da saú<strong>de</strong>?<br />
d) Outras questões que o grupo achar pertinente.<br />
Se for preciso, o grupo po<strong>de</strong> consultar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (servidores, usuários,<br />
gestores) e li<strong>de</strong>ranças locais.<br />
Após a discussão, o grupo vai elaborar um documento (a ex<strong>em</strong>plo da Declaração<br />
<strong>de</strong> Jacarta) que contenha as questões discutidas, seus resultados e,<br />
principalmente, recomendações para os gestores, li<strong>de</strong>ranças sociais e comunida<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> geral.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 107<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 11 - <strong>Educação</strong> e ação comunicativa<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa conceituar a comunicação,<br />
citando os vários tipos e <strong>de</strong>screvendo o passo a passo da comunicação da<br />
social, além <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o seu papel como Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar a comunicação;<br />
2. <strong>de</strong>screver os vários tipos <strong>de</strong> comunicação;<br />
3. citar o passo a passo da comunicação da social;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
5. refletir sobre o papel do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> na sua<br />
área <strong>de</strong> atuação.<br />
11.1 Introdução<br />
Hoje, vamos conversar sobre a educação e a ação comunicativa,<br />
mas, antes <strong>de</strong> começarmos a aula, veja a síntese que Tânia Celeste Matos<br />
Nunes , Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ensino e Recursos Humanos – Fiocruz -, fala sobre<br />
o assunto.<br />
“A <strong>Educação</strong> e Ação Comunicativa é como se houvesse duas ruas<br />
diferentes - Rua <strong>Educação</strong> e Rua Saú<strong>de</strong> - que chegass<strong>em</strong> a um cruzamento a<br />
partir do qual elas se encontrass<strong>em</strong> e caminhass<strong>em</strong> juntas, transformando-<br />
-se na Avenida Trabalho Educativo <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, e nós, os trabalhadores, a<br />
percorrêss<strong>em</strong>os no carro da comunicação, com o bagageiro da cultura. Esta<br />
síntese parece ser ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> forma didática e integradora que os autores<br />
<strong>de</strong>ste módulo procuraram <strong>em</strong>pregar para ressaltar que o trabalho <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
se dá na interface da saú<strong>de</strong>, da educação e da comunicação. É uma maneira<br />
criativa e oportuna <strong>de</strong> abordar o caráter interdisciplinar da prática educativa<br />
da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
(...) a relação da educação com a comunicação está presente <strong>em</strong><br />
muitas ações <strong>de</strong>senvolvidas no interior do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e aparece<br />
com niti<strong>de</strong>z nas Campanhas <strong>de</strong> Vacinação a partir da década <strong>de</strong> 1980, nas<br />
ações <strong>de</strong> educação sanitária ao longo <strong>de</strong> toda a segunda meta<strong>de</strong> do século<br />
XX, e nas Campanhas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> que historicamente buscaram<br />
a mudança <strong>de</strong> hábitos para a ’reversão <strong>de</strong> comportamentos‘ consi<strong>de</strong>rados<br />
indutores <strong>de</strong> risco ao adoecimento e à morte. As ações que <strong>de</strong>veriam esti-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
109<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
mular a ação dialógica entre o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a socieda<strong>de</strong> adotaram,<br />
<strong>em</strong> muitas experiências, a linha prescritiva, culpabilizando as pessoas pelo<br />
não-cumprimento das ações que as ’dotariam‘ <strong>de</strong> mais saú<strong>de</strong> e, portanto, <strong>de</strong><br />
mais felicida<strong>de</strong>, com mensagens direcionadas tanto ao individual quanto ao<br />
coletivo. As aulas a seguir apresentam uma visão claramente diferenciada e<br />
part<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma didática sobre o trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> calcado na reflexão<br />
e na ação, na busca da transformação da realida<strong>de</strong> e na compreensão<br />
da educação como um processo que possibilita ver o hom<strong>em</strong> como autor dos<br />
acontecimentos vividos <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>, sendo capaz <strong>de</strong> alterá-la. (...)<br />
(...) Sendo assim, não há dúvida que o profissional do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, apoiado <strong>em</strong> um conceito ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, está impregnado <strong>de</strong> uma<br />
visão crítica da educação e enten<strong>de</strong> que ’saú<strong>de</strong> é uma conquista dos sujeitos<br />
sociais que têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar coletivamente para transformar<strong>em</strong> a<br />
si mesmos e o mundo e, assim, aproximar<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida que favoreça a todos‘. Também atua com a compreensão <strong>de</strong> que<br />
’através do trabalho junto à população se <strong>de</strong>scobre e se constrói um conjunto<br />
<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação que vão se alterando com a realida<strong>de</strong>‘. Po<strong>de</strong>mos<br />
consi<strong>de</strong>rar que a prática <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong>ve tomar o conhecimento como ’produto<br />
das relações dos seres humanos entre si e com o mundo, on<strong>de</strong> homens e<br />
mulheres são <strong>de</strong>safiados a encontrar soluções para situações para as quais é<br />
preciso dar respostas a<strong>de</strong>quadas. Para isso, precisam reconhecer a situação,<br />
compreen<strong>de</strong>-la, imaginar formas alternativas <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r e selecionar a<br />
resposta mais a<strong>de</strong>quada’.” (FREIRE, 1975).<br />
Tânia Celeste Matos Nunes<br />
Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ensino<br />
e Recursos Humanos – Fiocruz.<br />
Apresentamos, nesta aula, uma série <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> comunicação<br />
como prática educativa mo<strong>de</strong>rna, que os autores abordam como comunicação<br />
como ato social que se exercita <strong>de</strong> diversos modos; procuramos <strong>de</strong>spertar<br />
a concepção dialógica <strong>de</strong>sse ator, procurando a compreensão <strong>de</strong> que<br />
“não existe o que sabe e o outro que não sabe, mas sim saberes diferentes e<br />
igualmente válidos para ação humana” (FREIRE, 1975). Portanto, você, futuro<br />
Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e a população, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong>sses saberes<br />
(saberes diversos), procur<strong>em</strong> construir e a partilhar novos conhecimentos,<br />
tomando s<strong>em</strong>pre por base o território que você escolheu para trabalhar neste<br />
curso. Vamos conhecer como a comunicação está profundamente inserida<br />
na atuação do Técnico <strong>em</strong> Vigilância.<br />
11.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
11.2.1 Introdução - comunicação e saú<strong>de</strong> (Brani Rez<strong>em</strong>berg<br />
e Caco Xavier)<br />
As perguntas que, neste momento, se colocam são as dadas a seguir.<br />
• “O que estamos fazendo com os (novos) conhecimentos acumulados?”<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 110 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
• “Para que estão servindo?”<br />
• “De que modo nós preten<strong>de</strong>mos, a partir <strong>de</strong>les, interferir na<br />
realida<strong>de</strong>, nos processos <strong>de</strong> trabalho e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />
comunida<strong>de</strong> e das pessoas?”<br />
• “Nós t<strong>em</strong>os partilhado o conhecimento adquirido?”<br />
• “Esse conhecimento modificou ou vai modificar a nossa percepção<br />
da realida<strong>de</strong>, a nossa maneira <strong>de</strong> escutar e conversar com as<br />
pessoas?”<br />
Roz<strong>em</strong>berg jogou essas perguntas para que entendêss<strong>em</strong>os que o<br />
conhecimento adquire maior relevância quando é aplicado, colocado <strong>em</strong> prática,<br />
partilhado. (Roz<strong>em</strong>berg et al.2004).<br />
A ação educativa implica s<strong>em</strong>pre uma ação comunicativa!<br />
Na verda<strong>de</strong>, segundo os autores, é impossível falar <strong>em</strong> educação<br />
s<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> conta a comunicação, e vice-versa. Para alguns autores, a comunicação<br />
e a educação estão tão próximas que po<strong>de</strong>ríamos inverter a posição<br />
dos termos: COMUNICAR É EDUCAR; EDUCAR É COMUNICAR. Já outros<br />
autores preocupam-se com as diferenças; entretanto, todos concordam que<br />
aquilo que as une e as torna s<strong>em</strong>elhantes é muito mais forte e relevante do<br />
que aquilo que as distingue. (Roz<strong>em</strong>berg e Xavier).<br />
11.2.2 Comunicação<br />
Mas o que é comunicação?<br />
Comunicação é o ato ou efeito <strong>de</strong> <strong>em</strong>itir, transmitir e receber mensagens<br />
por meio <strong>de</strong> métodos e/ou processos convencionados, quer através da<br />
linguag<strong>em</strong> falada ou escrita, quer <strong>de</strong> outros sinais, signos ou símbolos, quer<br />
<strong>de</strong> aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual.<br />
Será que comunicar é somente transmitir e receber mensagens?<br />
Claro que não; isto, até as máquinas faz<strong>em</strong>.<br />
• “Comunicação é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar ou discutir i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong><br />
dialogar, <strong>de</strong> conversar, com vistas ao bom entendimento entre<br />
as pessoas”.<br />
• “Convivência, trato, convívio”.<br />
É bom l<strong>em</strong>brar ainda que exist<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> comunicação.<br />
A comunicação interpessoal, direta, estabelecida entre duas ou<br />
mais pessoas frente a frente, ou por carta, telefone, e-mail ou bate-papo<br />
virtual.<br />
A comunicação <strong>de</strong> massa, dirigida a uma faixa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> público –<br />
anônimo, disperso e abrangente -, efetuada por meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />
massa, como jornais, revistas, TV, rádio etc.<br />
A comunicação não verbal, baseada <strong>em</strong> signos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da<br />
linguag<strong>em</strong> falada, como as imagens, a música etc.<br />
(Foto <strong>de</strong> carinha triste, alegre, pessoas cantando, sinais <strong>de</strong> segurança,<br />
sinais <strong>de</strong> trânsito etc.)<br />
Mas o que significa e qual a orig<strong>em</strong> da palavra comunicar?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 111<br />
Relevância: algo que<br />
t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> valor<br />
ou interesse; o que<br />
é importante ou<br />
necessário.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Comunicar v<strong>em</strong> da palavra latina communicare, que quer dizer<br />
“tornar comum, partilhar, repartir, associar”.<br />
L<strong>em</strong>bramos que a comunicação é um ato social e está na raiz do<br />
que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>. A comunicação permite que experiências,<br />
sensações, i<strong>de</strong>ias ou pensamentos possam ser compartilhados com<br />
outros. Comunicar significa “estar <strong>em</strong> relação com”, representa a ação <strong>de</strong><br />
“pôr <strong>em</strong> comum”.<br />
Neste sentido, i<strong>de</strong>ntifica-se com um processo social básico, a interação.<br />
Esta, inclusive, é o melhor sentido da expressão comunida<strong>de</strong>. Assim,<br />
comunida<strong>de</strong> é b<strong>em</strong> mais do que um grupo <strong>de</strong> pessoas que têm algo <strong>em</strong> comum<br />
ou que simplesmente moram na mesma região, mas um ambiente no<br />
qual as experiências e o conhecimento possam ser postos <strong>em</strong> comum, on<strong>de</strong><br />
há diálogo e interação social.<br />
Como se dá a comunicação?<br />
A comunicação não se dá apenas pela fala. E, mesmo na fala, há<br />
diferentes entonações <strong>de</strong> voz, silêncios, pausas, alterações <strong>de</strong> volume que<br />
também são signos, isto é, formam um sentido para aquele que ouve.<br />
T<strong>em</strong>os <strong>de</strong> l<strong>em</strong>brar que nossa presença fala e, ainda, que nosso corpo<br />
fala enquanto falamos. Chamamos a isso <strong>de</strong> comunicação não verbal. Erguer<br />
a sobrancelha, sorrir, apertar as mãos, mexer no cabelo, fechar os olhos,<br />
movimentar a cabeça, além da própria postura e posição do corpo frente ao<br />
outro, tudo isto também diz muita coisa, t<strong>em</strong> um significado, um sentido no<br />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma fala, o qual apren<strong>de</strong>mos intuitivamente a reconhecer.<br />
Além disso, a comunicação é uma via <strong>de</strong> mão dupla, ou seja, todos<br />
os envolvidos <strong>em</strong> uma situação <strong>de</strong> interlocução <strong>em</strong>it<strong>em</strong> signos. Enquanto<br />
ouve, uma pessoa mostra suas reações: sorri, franze a testa, mexe-se, muda<br />
sua postura corporal. Todos enten<strong>de</strong>m simultaneamente esses sinais. A comunicação<br />
é um jogo dinâmico, simultâneo e rico, mesmo que se trate <strong>de</strong><br />
uma simples conversa entre duas pessoas que se conhec<strong>em</strong>.<br />
Calcule, então, como é complexa a relação <strong>de</strong> comunicação entre o<br />
profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a comunida<strong>de</strong> para a qual ele trabalha. seu uniforme,<br />
sua abordag<strong>em</strong>, o veículo que o trouxe, seus contatos locais, o andamento<br />
<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s anteriores na localida<strong>de</strong> traz<strong>em</strong> inúmeras outras informações<br />
que interfer<strong>em</strong> no que ele, intencionalmente, preten<strong>de</strong> comunicar.<br />
Chamamos a isso <strong>de</strong> contexto da comunicação, isto é, as situações externas<br />
e internas <strong>em</strong> que a comunicação está ocorrendo.<br />
Em torno da ação comunicativa, há relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, qu<strong>em</strong> concentra<br />
a informação concentra o po<strong>de</strong>r. São muitas as situações <strong>em</strong> que uma<br />
pessoa ou grupo comanda,<strong>em</strong> benefício próprio e segundo os seus interesses<br />
o uso do po<strong>de</strong>r da informação, enquanto outro grupo é comandado e passa a<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r e a reverenciar o “saber” do outro.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 112 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
O importante é ter s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> mente que todo o fazer estratégico<br />
da área da saú<strong>de</strong> implica comunicação, e que o comunicar traz <strong>em</strong> si um <strong>de</strong>ver<br />
e uma responsabilida<strong>de</strong>. Há, ainda, as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r envolvidas que<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração.<br />
11.2.2.1 Estratégias Intencionais <strong>de</strong> Comunicação<br />
Há casos que são necessários esforços mais específicos <strong>de</strong> comunicação.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, alcançar mais pessoas <strong>em</strong> menos t<strong>em</strong>po ou transmitir<br />
certas informações <strong>de</strong> uma maneira localizada e aprofundada.<br />
Nesses casos, é preciso enten<strong>de</strong>r que a comunicação po<strong>de</strong> ter missões<br />
múltiplas e distintas, tais como:<br />
• educar – o que envolve valores, ex<strong>em</strong>plos e formação <strong>de</strong> vínculos;<br />
• entreter – <strong>de</strong>finindo b<strong>em</strong> a qu<strong>em</strong> e <strong>em</strong> que condições;<br />
• informar – a<strong>de</strong>quando os conteúdos que preten<strong>de</strong> incluir no trabalho;<br />
• orientar – <strong>de</strong>monstrando um procedimento ou uma ação;<br />
• legitimar – alguns t<strong>em</strong>as na agenda pública;<br />
• reforçar – papéis sociais ou subvertê-los.<br />
11.2.2.1.1 - O passo a passo da comunicação social<br />
a) Pesquisa do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> seu contexto (Que conteúdos serão<br />
abordados?).<br />
b) Definição da população ou do público a que se dirige a mensag<strong>em</strong><br />
(A qu<strong>em</strong> quer<strong>em</strong>os chegar?).<br />
c) Definição dos objetivos (O que quer<strong>em</strong>os lhes dizer?).<br />
d) Seleção das estratégias (Como? Através <strong>de</strong> quais formatos? On<strong>de</strong>?<br />
Através <strong>de</strong> quais meios e canais?).<br />
e) Produção (façamos).<br />
f) Avaliação (Fiz<strong>em</strong>os b<strong>em</strong>? Quais as <strong>de</strong>corrências, esperadas ou<br />
não, do que fiz<strong>em</strong>os?).<br />
Há situações que envolv<strong>em</strong> objetivamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratégias<br />
intencionais <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> comunicação.<br />
1º Pesquisa do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> seu contexto: a importância da pesquisa<br />
<strong>em</strong> comunicação e algumas dicas.<br />
Já <strong>de</strong>u para perceber que é preciso conhecer b<strong>em</strong> o contexto antes<br />
<strong>de</strong> sair por aí produzindo mensagens.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 113<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
A pesquisa <strong>em</strong> comunicação po<strong>de</strong> ser feita através <strong>de</strong> entrevistas,<br />
<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> discussão focal, <strong>de</strong> observações e notas <strong>de</strong> campo ou <strong>de</strong> questionários,<br />
e po<strong>de</strong> ser realizada diretamente com grupos populacionais ou<br />
ocupacionais como, por ex<strong>em</strong>plo, estudos específicos com estudantes, prostitutas,<br />
garis ou com portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada infecção.<br />
A pesquisa indicada para estudos <strong>de</strong> comunicação é essencialmente<br />
qualitativa; ela verifica motivações, interesses e lógicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />
comportamentos práticos.<br />
Assim, a pesquisa qualitativa permitirá:<br />
• compreen<strong>de</strong>r ou visualizar, a partir da sua inserção na comunida<strong>de</strong>,<br />
o probl<strong>em</strong>a vivenciado por pessoas e grupos;<br />
• aprofundar o conhecimento acerca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, noções ou crenças<br />
que estejam circulando nas populações;<br />
• enten<strong>de</strong>r logicamente um comportamento;<br />
• realizar pré-testes <strong>de</strong> materiais educativos;<br />
• gerar i<strong>de</strong>ias junto com grupos específicos.<br />
Quando existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer a intensida<strong>de</strong> e a distribuição<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado probl<strong>em</strong>a nas populações, torna-se importante compl<strong>em</strong>entar<br />
a pesquisa com levantamentos quantitativos ou, pelo menos, com<br />
uma boa consulta aos dados e às pesquisas pré-existentes nas prefeituras,<br />
secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, censos etc.<br />
2º e 3º A <strong>de</strong>finição dos públicos ou segmentação da audiência.<br />
Quando <strong>de</strong>finimos b<strong>em</strong> o público <strong>de</strong> nossas mensagens <strong>em</strong> comunicação,<br />
torna-se possível trabalhar conhecendo os interesses, as vivências<br />
prévias, as racionalida<strong>de</strong>s e as expectativas do grupo com o qual se trabalha.<br />
Reconhec<strong>em</strong>os a diversida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>, rompendo com uma visão<br />
unificada <strong>de</strong> público, população ou comunida<strong>de</strong>. Segundo ROZEMBERG.<br />
Brani.. et al. (2004), é preciso reconhecer que exist<strong>em</strong> inúmeros públicos<br />
na i<strong>de</strong>ia genérica <strong>de</strong> público e muitas subpopulações inseridas na população.<br />
Para Martim-Barbero (2003), um estudioso da comunicação na América Latina,<br />
as Políticas Nacionais <strong>de</strong> Comunicação, <strong>em</strong> nossos países, até a década<br />
<strong>de</strong> 1980, s<strong>em</strong>pre fracassavam pelo fato <strong>de</strong> não ter<strong>em</strong> nunca levado <strong>em</strong> conta<br />
a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores da socieda<strong>de</strong> civil, seus interesses e particularida<strong>de</strong>s.<br />
Eram políticas pensadas por intelectuais e por políticos que não levavam<br />
<strong>em</strong> conta os diferentes modos <strong>de</strong> ver, <strong>de</strong> ler e <strong>de</strong> escutar dos grupos sociais.<br />
Eles achavam que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>finir e legislar sobre o que era a vonta<strong>de</strong> do<br />
povo. O resultado? Produziram mensagens que falavam com todos e com<br />
ninguém.<br />
A última dica sobre a segmentação da audiência: cuidado para não<br />
focalizar as mensagens apenas nas mudanças <strong>de</strong> comportamento, pois, quando<br />
isso ocorre, acabamos <strong>de</strong>sviando a atenção dos outros fatores e <strong>de</strong>terminantes<br />
sociais das doenças. E, já que estar<strong>em</strong>os falando com públicos<br />
específicos, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os gerar a falsa impressão <strong>de</strong> que eles são os culpados<br />
ou os únicos responsáveis pelo probl<strong>em</strong>a.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 114 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
4° e 5º Sobre a escolha dos meios e formatos.<br />
De um modo geral, <strong>em</strong> comunicação, os meios po<strong>de</strong>m ser divididos<br />
<strong>em</strong>:<br />
a. meios gráficos: peças escritas, ilustradas, jornais, folhetos, cartazes,<br />
slogans, cartilhas, livretos, gibis etc.;<br />
b. meios orais: rádios, palestras, painéis, <strong>de</strong>bates etc.;<br />
c. meios dramatizados: teatro, mamulengos, fantoches etc.;<br />
d. meios audiovisuais: ví<strong>de</strong>oprodução (dramatizações ou documentários)<br />
ou reprodução simples (outros ví<strong>de</strong>os já existentes, gravação<br />
<strong>de</strong> eventos etc.);<br />
e. Outras artes: música, dança, etc.<br />
Figura 21: Abertura do JIM – Colégio<br />
Marista São José - Montes Claros – MG.<br />
Foto: Joaquim Lima.<br />
Figura 22: Grupo <strong>de</strong> Reis da<br />
comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do<br />
Meio. São Francisco-MG.<br />
Fonte: Joaquim Lima.<br />
Figura 23: Grupo Reviver da Vila Atlântica. Montes Claros/MG. (Dança <strong>de</strong> São<br />
Gonçalo) .<br />
Fonte: Joaquim Lima.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 115<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
É importante conhecer todos os meios disponíveis, b<strong>em</strong> como os<br />
diversos formatos <strong>em</strong> que os conteúdos po<strong>de</strong>m ser compartilhados. Mais é<br />
ainda mais importante reconhecer a a<strong>de</strong>quação entre o meio escolhido, o<br />
conteúdo a ser compartilhado, os objetivos a ser<strong>em</strong> alcançados e o segmento<br />
<strong>de</strong> público ao qual tal conteúdo é <strong>de</strong>stinado, incluindo as próprias aptidões<br />
e inclinações do grupo.<br />
6º Avaliando a comunicação (estudos <strong>de</strong> recepção)<br />
São as pesquisas para verificar como as mensagens estão sendo<br />
recebidas pelos públicos. A comunicação é avaliada para verificar: sua eficiência<br />
na transmissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados conteúdos, as relações entre custo e<br />
benefício, o alcance das mensagens <strong>em</strong> diversos públicos. Entretanto, para<br />
os estudos <strong>de</strong> recepção, importa principalmente conhecer qual foi o sentido<br />
produzido por aquela comunicação, ou seja, avaliamos quais os sentidos que<br />
foram atribuídos àquela experiência <strong>de</strong> comunicação.<br />
Segundo ROZEMBERG. Brani.. et al. (2004) a avaliação da comunicação<br />
inclui estudar os significados da mensag<strong>em</strong> para os receptores. Porém,<br />
procura levar <strong>em</strong> conta o processo comunicativo como um todo, não só a<br />
mensag<strong>em</strong>. Par ROZEMBERG. o i<strong>de</strong>al é que o processo comunicativo seja<br />
monitorado, na medida do possível, através <strong>de</strong> registros, notas, questionamentos,<br />
para que seja possível corrigir os rumos <strong>de</strong> nossas ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />
andamento. Assim, a pesquisa nos é útil antes, <strong>de</strong>pois e também durante a<br />
realização das ativida<strong>de</strong>s comunicativas intencionais.<br />
Ao fazer a sua avaliação, l<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que as pessoas receb<strong>em</strong><br />
informações <strong>de</strong> outros referenciais, como da TV, <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong> seu grupo<br />
social etc. Assim, sua voz não é a única a falar sobre o t<strong>em</strong>a. Seja a<br />
mensag<strong>em</strong> sobre saneamento, uso <strong>de</strong> preservativos ou sobre a <strong>de</strong>ngue, ela<br />
concorre com o que diz a TV sobre esses assuntos, com o que fala o médico<br />
no posto, com a opinião da igreja, com o artigo que saiu na s<strong>em</strong>ana passada<br />
no jornal e com a própria m<strong>em</strong>ória que as pessoas têm <strong>de</strong> experiências anteriores<br />
com o assunto. (Roz<strong>em</strong>berg.et al., 2004).<br />
11.2.2.3 Uma i<strong>de</strong>ia geral dos mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
11.2.2.3.1 Mo<strong>de</strong>lo mecânico<br />
O objetivo da comunicação, neste mo<strong>de</strong>lo, é fazer chegar a informação,<br />
um significado já pronto e construído (mensag<strong>em</strong>) <strong>de</strong> um polo ao outro.<br />
Tudo o que interferir nessa transmissão é chamado <strong>de</strong> ruído, e só servirá<br />
para atrapalhar a comunicação.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 116 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
É evi<strong>de</strong>nte que tal mo<strong>de</strong>lo não dá conta da interação humana, por<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora o que qs teorias mais recentes da comunicação consi<strong>de</strong>ram<br />
como o mais importante: todos esses ruídos. A comunicação é um processo<br />
vivo e não po<strong>de</strong> ser reduzida a um esqu<strong>em</strong>a mecânico <strong>de</strong> passa-informação-<br />
-prá-lá, <strong>de</strong>volve-informação-prá-cá. Neste mo<strong>de</strong>lo, não há espaço para verda<strong>de</strong>iros<br />
atores ou reais intercâmbios.<br />
Para ROZEMBERG. Brani.. et al. (2004) nossos <strong>de</strong>stinatários não<br />
são máquinas que “<strong>de</strong>codificam mensagens”, eles atribu<strong>em</strong> sentido a todas<br />
aquelas mensagens que lhes são r<strong>em</strong>etidas. (...).<br />
Figura 22: Mo<strong>de</strong>lo Shannon & Weaver.<br />
Fonte: Shannon &Weaver, 1949.<br />
Veja que, neste mo<strong>de</strong>lo, existe um que fala: a fonte ou <strong>em</strong>issor;<br />
um que escuta: o receptor; a mensag<strong>em</strong> e um canal ou meio por on<strong>de</strong> passa<br />
mensag<strong>em</strong> e, para ser recebida pela estrutura receptora, ela é <strong>de</strong>codificada.<br />
11.2.2.3.2 - Abordag<strong>em</strong> dialógica da comunicação<br />
Para Roz<strong>em</strong>berg e Caco Xavier, a abordag<strong>em</strong> dialógica não chega a<br />
se constituir como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comunicação, mas influenciou profundamente<br />
toda uma geração <strong>de</strong> educadores e profissionais da comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Surgiu, na década <strong>de</strong> 1960, como reação política ao imperialismo e ao <strong>de</strong>senvolvimentismo,<br />
na forma <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> valorização da cultura e do<br />
saber popular. Educadores como Paulo Freire (1975) e seus seguidores representam<br />
b<strong>em</strong> a crítica ao autoritarismo e ao mo<strong>de</strong>lo mecânico <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> conhecimento. Para essa educação transformadora, profundamente<br />
humanista, não existe um que sabe e outro que não sabe, mas sim saberes<br />
diferentes e igualmente válidos para a ação humana. A abordag<strong>em</strong> dialógica<br />
propõe, <strong>de</strong>ssa forma, que técnicos e população sejam ambos portadores <strong>de</strong><br />
saberes e que haja o diálogo e a construção partilhada <strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />
(Roz<strong>em</strong>berget al., 2004).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 117<br />
Imperialismo: referese<br />
à forma política e<br />
econômica que alguns<br />
países ricos utilizam<br />
para se relacionar<br />
com outros países<br />
– como se fosse um<br />
império, on<strong>de</strong> o mais<br />
po<strong>de</strong>roso domina<br />
os mais fracos e os<br />
submet<strong>em</strong> às suas<br />
<strong>de</strong>cisões.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Desenvolvimentismo:<br />
Desenvolvimentismo<br />
– regime econômico<br />
que t<strong>em</strong> como<br />
priorida<strong>de</strong> o<br />
crescimento material<br />
da socieda<strong>de</strong>, e não<br />
as questões sociais,<br />
como a saú<strong>de</strong> e a<br />
educação, <strong>de</strong>ntre<br />
outras.<br />
Humanista:<br />
Partindo do universo<br />
vocabular das<br />
camadas populares e<br />
<strong>de</strong> suas condições <strong>de</strong><br />
vida e educacionais,<br />
Paulo Freire criou uma<br />
pedagogia humanista,<br />
alicerçada no diálogo e<br />
baseada nas condições<br />
concretas dos sujeitos<br />
sociais. (PCAU ARAÚJO<br />
- paulofreire.org).<br />
11.2.2.3.3 - Outras abordagens e olhares sobre a prática comunicativa.<br />
O texto <strong>de</strong>sta aula foi influenciado por autores latino-americanos<br />
que se <strong>de</strong>dicam aos estudos <strong>de</strong> recepção e reflexões sobre a produção <strong>de</strong><br />
sentido. As teorias mais recentes, como a das mediações, por ex<strong>em</strong>plo, acabaram<br />
por <strong>de</strong>stacar a relevância <strong>de</strong> tudo aquilo que antes era consi<strong>de</strong>rado<br />
ruído na comunicação. Além disso, os autores procuram compreen<strong>de</strong>r as<br />
questões geradas pela mídia nas socieda<strong>de</strong>s cont<strong>em</strong>porâneas. Novas teorias<br />
e mo<strong>de</strong>lagens buscam <strong>de</strong>screver a forma como as mensagens, vindas <strong>de</strong> diferentes<br />
<strong>em</strong>issores ao mesmo t<strong>em</strong>po, circulam, compet<strong>em</strong> e interag<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
situações concretas, e como as pessoas ou grupos selecionam, negociam e<br />
compet<strong>em</strong> para fazer valer suas verda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> um mundo no qual, como todos<br />
nós sab<strong>em</strong>os, informação é po<strong>de</strong>r.<br />
11.2.4 <strong>Educação</strong> e saú<strong>de</strong><br />
11.2.4.1 Introdução<br />
Já vimos anteriormente alguns conceitos <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>, mas<br />
qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve essas ações educativas <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>? Muitas pessoas, não é<br />
verda<strong>de</strong>? Dentre essas pessoas, po<strong>de</strong>mos afirmar que o trabalhador da saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha um papel educativo que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas<br />
que <strong>de</strong>senvolve, tornando-se mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para a<br />
prevenção e a promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, há diferentes concepções <strong>de</strong> educação que po<strong>de</strong>m se<br />
expressas no trabalho educativo <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A compreensão <strong>de</strong> educação como um ato normativo, on<strong>de</strong> a prescrição<br />
e a instrumentalização predominam, reduzindo o sujeito da educação<br />
a objeto passivo da intervenção educativa, correspon<strong>de</strong> a uma compreensão<br />
limitada <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em outras palavras, esta concepção <strong>de</strong> educação reduz<br />
qu<strong>em</strong> educa – no caso, o trabalhador da saú<strong>de</strong> – a um mero reprodutor <strong>de</strong><br />
normas, e o aprendiz – a população atendida – a um simples <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />
informações. L<strong>em</strong>bra-se da pedagogia da transmissão? Aqui, está b<strong>em</strong> representada<br />
no trabalhador da saú<strong>de</strong>, que transmite, e na população, que recebe<br />
as informações passivamente.<br />
Outra forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a educação é vê-la como um processo<br />
que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />
sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas possibilitar que ele se perceba como o<br />
construtor <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, portanto, alterá-la. Aqui, o trabalhador<br />
da saú<strong>de</strong> é probl<strong>em</strong>atizador, e a população, sujeito.<br />
Precisamos <strong>de</strong>stacar que educar é comunicar, portanto, o trabalhador<br />
que educa, <strong>de</strong> fato, está se comunicando; ele realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação<br />
entre o conhecimento que adquiriu na área da saú<strong>de</strong> e a população à<br />
qual visa informar a respeito <strong>de</strong>sse mesmo conhecimento. Da mesma forma,<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 118 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
a população também comunica um conhecimento adquirido através da experiência<br />
vivida e realiza um trabalho <strong>de</strong> mediação entre esse conhecimento<br />
da realida<strong>de</strong> e o trabalhador da saú<strong>de</strong> com qu<strong>em</strong> dialoga. (ROZEMBERG.<br />
Brani et al, 2004).<br />
11.2.4.2 Notas sobre educação e saú<strong>de</strong><br />
Quando falamos <strong>em</strong> educação, que i<strong>de</strong>ias lhe vêm à cabeça?<br />
<strong>Educação</strong> r<strong>em</strong>ete-nos a duas situações mais comuns:<br />
a escola?<br />
a família?<br />
Para Roz<strong>em</strong>berg, “(...) é preciso l<strong>em</strong>brar que muitas formas <strong>de</strong> agir<br />
na relação com a comunida<strong>de</strong> e com o território têm como resultado uma<br />
ação educativa, algo que po<strong>de</strong> gerar, nos espaços da convivência cotidiana,<br />
novas maneiras <strong>de</strong> perceber, atuar e refletir sobre questões relacionadas à<br />
saú<strong>de</strong> e ao ambiente”.<br />
Mas, no caso <strong>de</strong> nossa discussão, e para fins <strong>de</strong> qualificação do trabalhador<br />
<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, quer<strong>em</strong>os sinalizar outro aspecto. Trata-se<br />
do fato <strong>de</strong> que parte do seu trabalho po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como educativa.<br />
(FIOCRUZ/ENSPEJV/PRRROFORMAR, 2004).<br />
11.2.4.2.1 Ação educativa e trabalho educativo<br />
Qual seria a importância <strong>de</strong>sta diferença?<br />
Segundo Roz<strong>em</strong>berg, ao comentarmos que todas as relações sociais<br />
são potencialmente educativas, estamos consi<strong>de</strong>rando que a ação educativa<br />
po<strong>de</strong> ocorrer espontaneamente, s<strong>em</strong> que haja necessariamente uma consciência<br />
sobre ela ou ainda uma reflexão sobre a sua intenção. Dito <strong>de</strong> outra<br />
maneira, compreen<strong>de</strong>mos que a educação, no seu sentido amplo <strong>de</strong> humanização,<br />
se dá ao longo <strong>de</strong> toda a vida, acontecendo <strong>em</strong> lugares sociais – no<br />
ambiente familiar, no trabalho, na rua, na igreja, na escola.<br />
“(...) Quando afirmamos que uma parte do trabalho exercido pelo<br />
profissional <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é educativo (sic), estamos dizendo que<br />
ele (sic) traz uma intenção e <strong>de</strong>ve, portanto, incluir reflexões sobre os objetivos<br />
a ser<strong>em</strong> alcançados e as formas através das quais “caminhamos” para<br />
<strong>de</strong>les nos aproximarmos.<br />
(...) No campo <strong>em</strong> que este nosso texto se insere, ou seja, o campo<br />
das teorias críticas (ou progressistas), t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> comum o fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> a<br />
favor <strong>de</strong> uma educação <strong>em</strong>ancipadora que visa à construção <strong>de</strong> um cidadão<br />
questionador, crítico e ativo. Também é comum a essas teorias a compreensão<br />
<strong>de</strong> que a educação t<strong>em</strong> um componente ético e que precisa promover<br />
a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a solidarieda<strong>de</strong> é necessária para a construção <strong>de</strong> um mundo<br />
melhor, menos violento e, portanto, mais saudável.” (FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />
PRRROFORMAR, 2004).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 119<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
11.2.4.3 - <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e cotidiano<br />
Defen<strong>de</strong>mos que a ação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> se dá no cotidiano e, na maior<br />
parte das vezes, espontaneamente. O trabalho educativo também acontece<br />
no cotidiano, mas não como uma experiência que ocorre mecanicamente.<br />
Pensamos ser nosso <strong>de</strong>ver enfatizar o inverso, ou seja, o ponto principal do<br />
trabalho educativo é “jogar uma luz” sobre as experiências do dia a dia.<br />
Muitas vezes, essa luz v<strong>em</strong> do conhecimento científico que o educador t<strong>em</strong><br />
e consi<strong>de</strong>ra importante partilhar.<br />
“(...) Para finalizar este it<strong>em</strong>, é preciso dizer que, ao chamarmos a<br />
atenção para a ação educativa, estejamos sinalizando que o profissional da<br />
vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> não possa mais ser espontâneo no trato com a comunida<strong>de</strong>,<br />
por ser ele um educador s<strong>em</strong>pre atento quanto a isso. O que precisamos<br />
reconhecer é que exist<strong>em</strong> aspectos que você e o seu grupo <strong>de</strong> trabalho, a<br />
sua instituição, po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar como importantes o bastante para compor<br />
o seu trabalho educativo. E sobre esses t<strong>em</strong>as será s<strong>em</strong>pre preciso refletir<br />
como educador”. (FIOCRUZ/ENSPEJV/PRRROFORMAR, 2004)<br />
11.2.4.4 <strong>Educação</strong> para a saú<strong>de</strong><br />
Para ROZEMBERG ... et al. (2004) Gran<strong>de</strong> parte da história da educação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser contada através <strong>de</strong> inúmeras ações voltadas para<br />
mudanças no corpo dos indivíduos. As campanhas antitabagistas ou para o<br />
uso <strong>de</strong> preservativos são ex<strong>em</strong>plos bastante conhecidos. Por conta <strong>de</strong>ssa<br />
longa história – e também da aceitação que o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> vinculado<br />
apenas à ausência <strong>de</strong> doença teve –, é comum a compreensão <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong><br />
educação que aqui chamar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> educação para a saú<strong>de</strong>.<br />
Para o autor a educação para a saú<strong>de</strong> privilegia as informações sobre<br />
o autocuidado e acredita firm<strong>em</strong>ente que a saú<strong>de</strong> é uma questão apenas<br />
biológica.<br />
“(...) o processo educacional, <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong>ve apontar para objetivos<br />
que se constro<strong>em</strong> e se esten<strong>de</strong>m no t<strong>em</strong>po. Não é raro que as transformações<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, baseadas na educação, <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m um t<strong>em</strong>po prolongado<br />
para acontecer, sobretudo porque a educação não transforma diretamente;<br />
ela busca, através do compartilhamento <strong>de</strong> seus conhecimentos, percepções,<br />
conceitos éticos e criar as condições para que os atores sociais produzam<br />
as transformações que nos permitam viver melhor.<br />
(...) O <strong>de</strong>safio é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir os preconceitos que amarram<br />
as nossas práticas, experimentarmos o inusitado, inventando junto com<br />
a população novos modos <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong> conhecer o mundo, <strong>de</strong> driblar<br />
as adversida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> enfrentá-las quando possível”. (FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />
PRRROFORMAR, 2004).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 120 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
11.3 Conclusão<br />
A primeira parte do texto <strong>de</strong>sta aula foi influencia por autores latino-americanos<br />
que se <strong>de</strong>dicam aos estudos <strong>de</strong> recepção e reflexões sobre a<br />
produção <strong>de</strong> sentido. As teorias mais recentes, como a das mediações, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, acabaram por <strong>de</strong>stacar a relevância <strong>de</strong> tudo aquilo que antes era<br />
consi<strong>de</strong>rado ruído na comunicação. Além disso, os autores procuram compreen<strong>de</strong>r<br />
as questões geradas pela mídia nas socieda<strong>de</strong>s cont<strong>em</strong>porâneas.<br />
Novas teorias e mo<strong>de</strong>lagens buscam <strong>de</strong>screver a forma como as mensagens,<br />
vindas <strong>de</strong> diferentes <strong>em</strong>issores ao mesmo t<strong>em</strong>po, circulam, compet<strong>em</strong> e interag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> situações concretas, e como as pessoas ou grupos selecionam,<br />
negociam e compet<strong>em</strong> para fazer valer suas verda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> um mundo no qual,<br />
como todos sab<strong>em</strong>os, informação é po<strong>de</strong>r.<br />
Na segunda parte, refletimos sobre o papel educativo do trabalhador<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, no caso, você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> suas ações<br />
voltadas para essa área. L<strong>em</strong>bramos que o trabalhador da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha<br />
um papel educativo que po<strong>de</strong> estar presente nas diversas práticas que<br />
<strong>de</strong>senvolve, tornando-se mais visível nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para prevenção<br />
e promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Resumo<br />
Nesta aula, foi possível estudar a orig<strong>em</strong> da palavra comunicação,<br />
conceituando-a e i<strong>de</strong>ntificando suas várias formas, como: a comunicação interpessoal,<br />
<strong>de</strong> massa e comunicação não verbal, b<strong>em</strong> como as estratégias<br />
intencionais <strong>de</strong> comunicação no trabalho do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>screvendo o passo a passo da comunicação social.<br />
Estudamos, também, a educação e a saú<strong>de</strong>; algumas notas sobre a<br />
educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, através das quais se vê a educação como um processo<br />
que não t<strong>em</strong> como objetivo adaptar o hom<strong>em</strong> às condições econômicas,<br />
sociais e políticas <strong>em</strong> que vive, mas fazê-lo se perceber como o construtor,<br />
autor e ator do seu próprio pensar e agir.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Conceitue comunicação.<br />
2) Cite os vários tipos <strong>de</strong> comunicação.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 121<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
3) Citar o passo a passo da comunicação social.<br />
4) I<strong>de</strong>ntifique os mo<strong>de</strong>los e abordagens na comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 122 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula 12 - Como as relações humanas<br />
ajudam Alfabetização no trabalho Digitaldo<br />
Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa preparar e executar ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas respeitando as diversida<strong>de</strong>s étnicas, sociais, raciais, religiosas ou<br />
culturais do seu território <strong>de</strong> atuação.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
a. i<strong>de</strong>ntificar os comportamentos que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou bloqueios<br />
nas ativida<strong>de</strong>s com a comunida<strong>de</strong>/população;<br />
b. refletir sobre as suas atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> relação ao trabalho com a<br />
população;<br />
c. i<strong>de</strong>ntificar como as relações humanas po<strong>de</strong>m influenciar no trabalho<br />
do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
12.1 Introdução<br />
Você, futuro Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, sabe que nós trabalharmos<br />
com as diversida<strong>de</strong>s, sejam elas étnicas, sociais, raciais, religiosas<br />
ou culturais; é um <strong>de</strong>safio que o Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, como cidadão<br />
e como educador, precisa e t<strong>em</strong> <strong>de</strong> enfrentar.<br />
Sab<strong>em</strong>os que, além <strong>de</strong> fisicamente diferentes, as pessoas também<br />
se difer<strong>em</strong> no nível mental, <strong>em</strong>ocional, social, cultural etc., portanto, antes<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvermos alguma ativida<strong>de</strong> junto a <strong>de</strong>terminada população, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />
levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração algumas atitu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou<br />
bloqueios. Olha! Da mesma forma que não po<strong>de</strong>mos esperar encontrar dois<br />
indivíduos iguais, também não po<strong>de</strong>mos esperar que alguém seja exatamente<br />
como achamos que <strong>de</strong>ve ser.<br />
O texto a seguir já ajudou os Agentes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que trabalham no<br />
controle das en<strong>de</strong>mias, e os Agentes Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, no Sertão da<br />
Bahia e no Norte <strong>de</strong> Minas, a refletir<strong>em</strong> sobre as suas ativida<strong>de</strong>s com a população,<br />
acredito que vai servir <strong>de</strong> subsídio para você também.<br />
12.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Leia o texto fazendo uma reflexão após cada parágrafo e faça uma<br />
correlação com as ativida<strong>de</strong>s que já são <strong>de</strong>senvolvidas na comunida<strong>de</strong>.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
123<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Em um trabalho<br />
comunitário no norte<br />
<strong>de</strong> Minas Gerais,<br />
as educadoras <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong> da SUCAM<br />
(Superintendência<br />
<strong>de</strong> Campanha <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> Pública), que<br />
pretendiam discutir<br />
com a comunida<strong>de</strong><br />
formas <strong>de</strong> controle<br />
do barbeiro (inseto<br />
transmissor da doença<br />
<strong>de</strong> Chagas nesta região),<br />
mas, ao levantar<strong>em</strong><br />
às priorida<strong>de</strong>s<br />
da comunida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>scobriram que esta<br />
queria um c<strong>em</strong>itério,<br />
pois não tinham lugar<br />
para enterrar os seus<br />
entes queridos.<br />
12.2.1 Sugestões para você que trabalha com o povo<br />
Em suas ativida<strong>de</strong>s diretas e constantes com a gente da comunida<strong>de</strong>,<br />
transmitindo conhecimentos e procurando conseguir a colaboração das<br />
famílias, você representa um papel muito importante no trabalho. Você está<br />
ajudando a educar essas pessoas, fazendo com que elas compreendam a<br />
importância da saú<strong>de</strong>.<br />
Lidar com o povo é constant<strong>em</strong>ente motivo <strong>de</strong> satisfação. Adquirimos<br />
experiências novas e boas amiza<strong>de</strong>s. Mas conseguir que os outros façam<br />
aquilo que julgamos ser correto, às vezes, é muito difícil.<br />
Para que as pessoas compreendam melhor e aceit<strong>em</strong> com mais rapi<strong>de</strong>z<br />
as informações e orientações, é preciso que, ao falar com elas, você<br />
leve <strong>em</strong> conta uma série <strong>de</strong> circunstâncias que po<strong>de</strong>m criar barreiras ou<br />
bloqueios.<br />
12.2.1.1 Probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s<br />
Cada família t<strong>em</strong> seus próprios probl<strong>em</strong>as. A falta <strong>de</strong> um banheiro<br />
ou a presença <strong>de</strong> uma pessoa doente na família po<strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>les, mas,<br />
certamente, há muitos outros: alimentação, vestuário e habitação. Nós, <strong>em</strong>bora<br />
preocupados com a diarreia, a <strong>de</strong>snutrição, a tuberculose, a <strong>de</strong>ngue, a<br />
doença <strong>de</strong> Chagas, não po<strong>de</strong>mos, às vezes, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dar ouvidos a outras<br />
dificulda<strong>de</strong>s. Tais probl<strong>em</strong>as provocam necessida<strong>de</strong>s, como, por ex<strong>em</strong>plo:<br />
maior quantida<strong>de</strong> e melhor qualida<strong>de</strong> dos alimentos, dinheiro para comprar<br />
vestimentas, material para consertar a casa etc. Portanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os compreen<strong>de</strong>r<br />
que aquilo que esperamos <strong>de</strong>ssas pessoas é apenas uma das muitas<br />
coisas que elas têm para fazer, e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é o que consi<strong>de</strong>ram mais importante.<br />
Assim sendo, precisamos ser compreensíveis, tolerantes e perseverantes.<br />
Em outras palavras, reconhecer que cada família t<strong>em</strong> seus probl<strong>em</strong>as,<br />
manter a calma e o bom humor diante <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong> e persistir<br />
s<strong>em</strong>pre até alcançar o que se <strong>de</strong>seja. Ou seja, trabalhar a necessida<strong>de</strong> da<br />
comunida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r o seu foco (seu objetivo principal).<br />
12.2.1.2 Tabus e preconceitos<br />
Toda comunida<strong>de</strong> está sujeita a uma série <strong>de</strong> superstições e crendices<br />
que faz<strong>em</strong> parte dos costumes e da tradição local. A orig<strong>em</strong> e a razão <strong>de</strong> ser<br />
muitas vezes são ignoradas. Em <strong>de</strong>terminadas regiões, por ex<strong>em</strong>plo, há um tabu<br />
<strong>em</strong> relação à coleta <strong>de</strong> sangue para o diagnóstico da malária; muitas pessoas<br />
acham que esse sangue é para ser entregue ao diabo; já <strong>em</strong> outra região, solicita-se<br />
o exame <strong>de</strong> sangue mesmo não sendo prescrito pelo profissional médico<br />
(Ex. Yanomami – Xingu e tantos <strong>de</strong> nós quando vamos ao médico).<br />
Os tabus e os preconceitos são transmitidos <strong>de</strong> geração para geração<br />
e, frequent<strong>em</strong>ente, contam com o apoio <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança local.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 124 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Os tabus e os preconceitos só po<strong>de</strong>rão ser eliminados através <strong>de</strong> um<br />
trabalho cauteloso e <strong>de</strong> persuasão, com compreensão e apoio dos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />
opinião.<br />
12.2.1.3 Experiências anteriores<br />
Antes <strong>de</strong> você começar a trabalhar <strong>em</strong> uma comunida<strong>de</strong>, possivelmente<br />
outras pessoas estranhas ao meio já estiveram lá com propósitos<br />
s<strong>em</strong>elhantes aos seus. Algumas b<strong>em</strong> sucedidas, outras, não.<br />
De qualquer maneira, é importante que você procure saber das<br />
experiências anteriores da comunida<strong>de</strong> com pessoas <strong>de</strong> fora e com i<strong>de</strong>ias<br />
novas, principalmente situações relacionadas com a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
melhorias sanitárias e habitacionais.<br />
12.2.1.4 Atitu<strong>de</strong>s<br />
Quando uma pessoa gosta <strong>de</strong> trabalhar, <strong>de</strong> conversar, <strong>de</strong> conviver<br />
ou <strong>de</strong> estar <strong>em</strong> companhia <strong>de</strong> outra pessoa, diz<strong>em</strong>os que a primeira t<strong>em</strong> uma<br />
atitu<strong>de</strong> positiva, favorável ou construtiva <strong>em</strong> relação à outra. Caso contrário,<br />
a atitu<strong>de</strong> seria negativa, <strong>de</strong>sfavorável ou <strong>de</strong>strutiva.<br />
Para <strong>de</strong>senvolver uma atitu<strong>de</strong> positiva na comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação à<br />
sua pessoa e ao seu trabalho, é preciso que você, através da observação <strong>de</strong><br />
princípios <strong>de</strong> relações humanas e da adoção <strong>de</strong> relações públicas, procure<br />
criar imagens favoráveis, respectivamente, da sua própria pessoa e da instituição<br />
a qual você representa.<br />
Atenção!<br />
Imagine você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, visitando os usuários<br />
<strong>de</strong> SUS (população do seu território), levando informações sobre como<br />
ter mais saú<strong>de</strong> e, quando for à noite ou <strong>em</strong> um final <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana, essa mesma<br />
população te encontra jogado na rua, alcoolizado e s<strong>em</strong> nenhuma noção do<br />
que está acontecendo. Será que você não está criando uma imag<strong>em</strong> negativa<br />
sua e da instituição na qual você trabalha? Será que você receberá a mesma<br />
atenção <strong>de</strong> antes na execução das suas ativida<strong>de</strong>s?<br />
Dificilmente terá a mesma credibilida<strong>de</strong> porque as pessoas não costumam<br />
separar o cidadão do trabalho com o <strong>de</strong> outro momento, e têm razão,<br />
pois não po<strong>de</strong>mos ter personalida<strong>de</strong>s diferentes <strong>em</strong> ambientes diferentes,<br />
somos um só com as nossas diferenças.<br />
12.2.1.5 Cultura<br />
Exist<strong>em</strong> mundos culturais distintos. Po<strong>de</strong> haver diferenciações consi<strong>de</strong>ráveis<br />
quanto aos gostos, aos hábitos e aos conhecimentos. O hom<strong>em</strong><br />
do interior leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o espaço e o t<strong>em</strong>po (o sol, a lua). Ele se<br />
preocupa <strong>de</strong> maneira quase exclusiva com o que lhe afeta diretamente. É<br />
importante que você conheça e respeite as limitações <strong>de</strong>ssa gente.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 125<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
“Colocar nos sapatos<br />
<strong>de</strong>le” é o mesmo que<br />
se colocar no lugar do<br />
outro. Para fazermos<br />
uma crítica a alguém,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os nos colocar<br />
no seu lugar e fazer<br />
uma análise <strong>de</strong> que,<br />
se fosse eu, será que<br />
estaria fazendo o<br />
mesmo ou eu faria<br />
pior? Imagine um<br />
hom<strong>em</strong> que, ao<br />
levantar pela manhã,<br />
vê os seus filhos<br />
chorando com fome<br />
e ele não t<strong>em</strong> o que<br />
oferecer; o que é<br />
capaz <strong>de</strong> fazer? Pense<br />
nisso!<br />
Nesta socieda<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os,<br />
as oportunida<strong>de</strong>s<br />
são diferentes e são<br />
muitos os <strong>de</strong>safios<br />
que o Técnico <strong>em</strong><br />
Vigilância t<strong>em</strong> que<br />
enfrentar.<br />
É importante que o Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre escute<br />
e respeite as pessoas, sejam elas do campo ou da cida<strong>de</strong>; cada um t<strong>em</strong> o<br />
seu modo <strong>de</strong> ser e t<strong>em</strong> suas ocupações, portanto, antes <strong>de</strong> marcar qualquer<br />
compromisso na comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o melhor horário<br />
para a maioria.<br />
12.2.1.6 Valores<br />
É a noção <strong>de</strong> certo e errado, justo e injusto, bom ou mau, gran<strong>de</strong><br />
ou pequeno, que varia enorm<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> pessoa para pessoa e até na<br />
mesma pessoa, <strong>de</strong> uma época para outra <strong>de</strong> sua existência. Cada um<br />
orienta a sua conduta <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com os seus padrões individuais<br />
<strong>de</strong> valores.<br />
Para observar o comportamento <strong>de</strong> um indivíduo, você <strong>de</strong>ve “se<br />
colocar nos sapatos <strong>de</strong>le”. Isto é, analisar o comportamento <strong>de</strong>le e o seu<br />
próprio, unicamente <strong>em</strong> função dos valores <strong>de</strong>ssa pessoa.<br />
12.2.1.7 Vocabulário<br />
Muito cuidado com o que você diz. Embora aqueles com qu<strong>em</strong> você<br />
trabalha também fal<strong>em</strong> português, muitas vezes se utilizam <strong>de</strong> expressões<br />
b<strong>em</strong> diferentes do seu vocabulário mais comum. Além disso, as palavras n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre têm o mesmo significado para todos.<br />
Assim sendo, use palavras a<strong>de</strong>quadas ao vocabulário da localida<strong>de</strong>.<br />
S<strong>em</strong>pre que necessário, recorra aos auxílios audiovisuais. Tome cuidado com<br />
os seus gestos e expressões fisionômicas que, muitas vezes, “falam” mais<br />
alto do que você po<strong>de</strong>rá pensar. Faça perguntas e estimule perguntas, pois<br />
só assim você po<strong>de</strong>rá se assegurar <strong>de</strong> que os outros realmente enten<strong>de</strong>ram<br />
o que foi dito.<br />
12.2.1.8 Diferenças individuais<br />
Além <strong>de</strong> fisicamente diferentes, as pessoas também se difer<strong>em</strong><br />
mental e <strong>em</strong>ocionalmente. Da mesma forma que não po<strong>de</strong>mos esperar encontrar<br />
dois indivíduos iguais, também não po<strong>de</strong>mos esperar que alguém<br />
seja exatamente como achamos que <strong>de</strong>ve ser.<br />
Procure tratar cada um <strong>de</strong> acordo com as suas características<br />
individuais. Com certas pessoas, você po<strong>de</strong> se limitar a falar o essencial,<br />
enquanto, com outras, você <strong>de</strong>ve repetir os conceitos. Há indivíduos que<br />
necessitam <strong>de</strong> estímulo e encorajamento, no entanto, o t<strong>em</strong>peramento <strong>de</strong><br />
outros dispensa este tipo <strong>de</strong> tratamento. Uns aceitam as i<strong>de</strong>ias rapidamente,<br />
às vezes, até precipitadamente, outros necessitam <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para pensar ou<br />
para se aconselhar com terceiros.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 126 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
12.3 Conclusão<br />
Essas dicas <strong>de</strong> Relações Humanas não servirão somente para melhorar<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
junto ás comunida<strong>de</strong>s que você trabalha, mas servirão também para melhorar<br />
o relacionamento no seu dia a dia no convívio familiar e social.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos que, antes <strong>de</strong> trabalharmos <strong>em</strong> alguma comunida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os primeiro ouvir as li<strong>de</strong>ranças para enten<strong>de</strong>rmos se alguém<br />
já esteve ali com o mesmo propósito do seu, e que cada pessoa t<strong>em</strong><br />
o seu próprio mundo, seu próprio jeito <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> agir, portanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />
tratar cada um com equida<strong>de</strong>, tratar os diferentes <strong>de</strong> forma diferente. Por<br />
mais que queiramos passar uma mensag<strong>em</strong> educativa <strong>em</strong> relação a <strong>de</strong>terminada<br />
doença, nunca <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dar ouvidos às queixas <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> nós<br />
quer<strong>em</strong>os que nos escut<strong>em</strong>.<br />
Vimos, também, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os construir s<strong>em</strong>pre imagens positivas<br />
<strong>em</strong> relação a nós mesmos e à instituição a qual representamos. Que cada<br />
um t<strong>em</strong> o seu mundo distinto e é preciso respeitar a sua cultura, seus hábitos<br />
e costumes. A cultura está nas entranhas do nosso comportamento e o<br />
que aparecesão as manifestações culturais, por isso, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os respeitar os<br />
valores, o vocabulário, as diferenças individuais. Precisa-se tratar as pessoas<br />
com equida<strong>de</strong>, ou seja, tratar os diferentes <strong>de</strong> formas diferentes, e não<br />
iguais ,como muita gente pensa. É importante, <strong>em</strong> todos os momentos, ser<br />
educado, cortês e sábio para que não se cri<strong>em</strong> barreiras ou bloqueios no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das suas ativida<strong>de</strong> e <strong>em</strong>baraços na vida cotidiana.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Muitos projetos não dão certos porque qu<strong>em</strong> vai impl<strong>em</strong>entar/executar<br />
não escuta as necessida<strong>de</strong>s das comunida<strong>de</strong>s.<br />
Você conhece <strong>em</strong> sua região algum caso parecido? O que aconteceu?<br />
2) Você conhece algum caso <strong>de</strong>sta natureza? Cite-o.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 127<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
3)Entrevistar alguém da sua comunida<strong>de</strong> que trabalha com a população na<br />
área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, observando os relatos da sua experiência <strong>em</strong> relação às:<br />
a) dificulda<strong>de</strong>s encontradas nas abordagens;<br />
b) atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissionais e população, on<strong>de</strong> sobressai algo ligado à cultura,<br />
aos valores, aos gestos e ao vocabulário usado.<br />
4) Faça um resumo e envie para o seu professor formador.<br />
Na próxima aula, vamos estudar sobre recursos auditivos, visuais e<br />
audiovisuais. Até lá!<br />
(Retirado da Apostila <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. SUCAM – DRMG, 1989.<br />
Adaptada por Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
– Funasa//MOC, 1995. Revisado <strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 2010.)<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 128 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 13 - Material Digital Didático - Recursos<br />
audiovisuais<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os materiais didáticos<br />
a<strong>de</strong>quados para auxiliá-lo <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s educativas.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar material didático;<br />
2. <strong>de</strong>screver a classificação e os objetivos dos materiais didáticos;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar espaços privilegiados para a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
construir estratégias <strong>de</strong> atuação a<strong>de</strong>quadas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar materiais didáticos a<strong>de</strong>quados às suas ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas;<br />
5. produzir e usar a<strong>de</strong>quadamente os audiovisuais.<br />
O cursista <strong>de</strong>verá ter <strong>em</strong> mãos régua <strong>de</strong> 30cm, lápis preto e colorido,<br />
borracha, cola branca, hidrocor, folha <strong>de</strong> papel <strong>em</strong> branco ou colorida,<br />
cartolina e outros materiais que achar necessários.<br />
13.1 Introdução<br />
Para <strong>de</strong>senvolvermos trabalho educativo, s<strong>em</strong>pre vamos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> material didático, pois esses recursos físicos são usados a<br />
fim <strong>de</strong> auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (educador) a transmitir a sua mensag<strong>em</strong><br />
ao educando/comunida<strong>de</strong>, facilitando, assim, a sua aprendizag<strong>em</strong>. Portanto,<br />
vamos procurar conhecer a <strong>de</strong>scrição, ver a classificação e os objetivos<br />
dos materiais didáticos, buscar i<strong>de</strong>ntificar os espaços privilegiados para a<br />
execução das ativida<strong>de</strong>s educativas para a saú<strong>de</strong>, construindo estratégias <strong>de</strong><br />
atuação a<strong>de</strong>quadas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, além <strong>de</strong> conhecer e i<strong>de</strong>ntificar<br />
materiais didáticos a<strong>de</strong>quados a essas ativida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> como produzir e<br />
distribuir materiais educativos <strong>de</strong> forma eficaz.<br />
13.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Mas, o que é e quais são os materiais didáticos? O texto a seguir<br />
po<strong>de</strong> nos ajudar nessas respostas. Vamos lê-lo?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
129<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
13.2.1 Materiais didáticos / recursos audiovisuais<br />
13.2.1.1 Introdução<br />
Material didático é todo e qualquer recurso físico usado a fim <strong>de</strong><br />
auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/educador a transmitir a sua mensag<strong>em</strong> ao<br />
educando, o mais eficient<strong>em</strong>ente possível, para realizar a sua aprendizag<strong>em</strong>.<br />
O material didático <strong>de</strong>verá auxiliar o profissional nos eventos, e não<br />
substituí-lo.<br />
13.2.1.2 Classificação<br />
Recursos auditivos: rádio, disco e fita cassete.<br />
Recursos visuais: quadro <strong>de</strong> giz, cartaz, fol<strong>de</strong>r, folheto, panfleto,<br />
gravura, filme, fotografia, álbum seriado, mural, gráfico, mapa, objeto,<br />
transparência, sli<strong>de</strong>, painel <strong>de</strong> projeção, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
Recursos audiovisuais: cin<strong>em</strong>a, televisão, diapositivos com som,<br />
DVD, ví<strong>de</strong>o cassete, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
13.2.1.3 Objetivos<br />
• Aproximar a comunida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong> que se queira ensinar,<br />
dando uma noção mais exata dos fenômenos ou fatos <strong>em</strong> estudo.<br />
• Estimular, <strong>de</strong>spertar e pren<strong>de</strong>r a atenção.<br />
• Concretizar e ilustrar o que esteja sendo exposto verbalmente –<br />
auxiliar a formação da imag<strong>em</strong> e a sua retenção.<br />
• D<strong>em</strong>onstrar situações que não po<strong>de</strong>mos ver a olho nu.<br />
• Ilustrar a apresentação com experiências <strong>de</strong> trabalhos <strong>em</strong> outras<br />
comunida<strong>de</strong>s.<br />
• Mostrar situações i<strong>de</strong>ais <strong>em</strong> relação às medidas preventivas das<br />
doenças.<br />
13.2.1.4 El<strong>em</strong>entos básicos dos recursos audiovisuais<br />
• Exatidão – representando fielmente os dados ou a essência <strong>de</strong><br />
um fato.<br />
• Atualida<strong>de</strong> – as informações <strong>de</strong>verão ser revisadas periodicamente.<br />
• Qualida<strong>de</strong> – relativa aos aspectos <strong>de</strong> apresentação (cores, material,<br />
conservação, tamanho das letras etc.) e <strong>de</strong> informação.<br />
• Simplicida<strong>de</strong> – mas que consiga transmitir a mensag<strong>em</strong>.<br />
• Interesse e compreensão – observar se é a<strong>de</strong>quado ao público<br />
que está assistindo.<br />
• Tamanho a<strong>de</strong>quado – se o que está sendo utilizado é a<strong>de</strong>quado<br />
ao tipo <strong>de</strong> plateia.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 130 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
13.2.1.5 Recomendações quanto ao uso dos recursos audiovisuais<br />
Nenhum recurso audiovisual é, <strong>em</strong> si mesmo, eficaz ou ineficaz;<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os observar:<br />
• a habilida<strong>de</strong> do técnico/educador <strong>em</strong> manipular os materiais;<br />
• o uso <strong>de</strong> instrumentos a<strong>de</strong>quados ao tamanho do grupo;<br />
• os equipamentos, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar <strong>em</strong> bom estado <strong>de</strong> funcionamento;<br />
• se o que vai ser apresentado é coerente com o t<strong>em</strong>po disponível;<br />
• as características individuais do público alvo (interesse, ambições,<br />
ida<strong>de</strong> etc.);<br />
• se o material realmente compl<strong>em</strong>enta o que foi apresentado.<br />
13.2.1.6 Cores<br />
As cores são excelentes auxiliares dos recursos audiovisuais, facilitando<br />
a apreensão <strong>de</strong> formas e conteúdos no processo <strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong><br />
ou na transmissão <strong>de</strong> mensagens.<br />
Ex<strong>em</strong>plos:<br />
• amarelo, laranja e vermelho → transmit<strong>em</strong> calor, vivacida<strong>de</strong> e<br />
alegria;<br />
• azul, ver<strong>de</strong> e violeta → transmit<strong>em</strong> tranquilida<strong>de</strong>, quietu<strong>de</strong> e<br />
frescor.<br />
As combinações <strong>de</strong> cores que proporcionam mais visibilida<strong>de</strong> são:<br />
• preto no amarelo e vice-versa;<br />
• preto no branco e vice-versa;<br />
• ver<strong>de</strong> no branco e vice-versa.<br />
13.2.2 Projeções<br />
13.2.2.1 Por que as projeções são importantes?<br />
• Porque ating<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />
• Porque mostram outras realida<strong>de</strong>s.<br />
• Porque apresentam processos que não são vistos a olho nu.<br />
13.2.2.2 Pontos a se observar antes da projeção<br />
13.2.2.2.1 Selecionar o filme a<strong>de</strong>quado consi<strong>de</strong>rando:<br />
• o assunto;<br />
• a ida<strong>de</strong> do público a que se <strong>de</strong>stina;<br />
• o nível intelectual;<br />
• o interesse do público;<br />
• o t<strong>em</strong>po disponível.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 131<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
13.2.2.2.2 Aspectos operacionais:<br />
• filme (qualida<strong>de</strong> e duração);<br />
• ví<strong>de</strong>o, data show (funcionamento, voltag<strong>em</strong>);<br />
• alto-falante (se necessário);<br />
• sala apropriada (escurecida e ventilada);<br />
• observar ligações elétricas;<br />
• a<strong>de</strong>quar a visualização do aparelho <strong>de</strong> TV ou tela para todo o<br />
público;<br />
• acomodação das pessoas que irão assistir ao filme.<br />
13.2.3 Detalhamento <strong>de</strong> materiais.<br />
Vamos <strong>de</strong>talhar alguns <strong>de</strong>sses materiais!<br />
13.2.3.1 Panfleto/Folheto/Fol<strong>de</strong>r<br />
Panfleto é um material simples <strong>de</strong> uma única folha, s<strong>em</strong> dobra, com<br />
mensagens curtas e letras gran<strong>de</strong>s; po<strong>de</strong> ser ou não ilustrado, a cores ou <strong>em</strong><br />
preto e branco; apresenta um t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> sequência lógica <strong>de</strong> forma agradável<br />
à vista.<br />
Atenção, quando essa folha não t<strong>em</strong> dobras, o material é chamado<br />
<strong>de</strong> panfleto ou volante; se t<strong>em</strong> uma única dobra é <strong>de</strong>nominado folheto; e se<br />
t<strong>em</strong> duas dobras ou mais é o fol<strong>de</strong>r. Em todos estes tipos <strong>de</strong> recurso, <strong>de</strong>ve<br />
constar a instituição <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> da mensag<strong>em</strong> e o patrocinador.<br />
13.2.3.1.1 Características básicas<br />
• Ser escrito com palavras simples e frases claras.<br />
• Ser atraente, para <strong>de</strong>spertar a atenção.<br />
• Apresentar coerência entre o texto e a ilustração, se houver.<br />
13.2.3.1.2. Vantagens<br />
• É <strong>de</strong> baixo custo.<br />
• Economiza papel.<br />
• É simples <strong>de</strong> confeccionar.<br />
• Desperta interesse pelo t<strong>em</strong>a.<br />
• Facilita a compreensão e a m<strong>em</strong>orização dos pontos essenciais<br />
do t<strong>em</strong>a.<br />
13.2.3.1.3 Restrição<br />
O seu limite é que a pessoa <strong>de</strong>ve saber ler ou que alguém leia<br />
para ela.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 132 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
13.3 Conclusão<br />
Sab<strong>em</strong>os que exist<strong>em</strong> inúmeros materiais didáticos/recursos audiovisuais,<br />
porém, nesta aula, procuramos chamar atenção para o assunto;<br />
agora, cabe a você pesquisar e <strong>de</strong>scobrir outras opções, mas fique sabendo<br />
que nenhum material substitui o técnico/educador, este <strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre<br />
preparado para as suas apresentações.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, vimos a classificação, os el<strong>em</strong>entos básicos e os<br />
objetivos dos materiais didáticos; foi possível, através da leitura, i<strong>de</strong>ntificar<br />
os mais a<strong>de</strong>quados às ativida<strong>de</strong>s educativas a ser<strong>em</strong> realizadas, levando-<br />
-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o público alvo. Foi possível distinguir a diferença entre<br />
fol<strong>de</strong>r, folheto e panfleto e houve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar uma amostra<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>les.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
Releia toda a aula e <strong>de</strong>staque os pontos mais importantes ou que<br />
você tenha ficado <strong>em</strong> dúvida e procure entrar <strong>em</strong> contato com o seu professor<br />
formador para esclarecimentos.<br />
1) O que é e quais são os materiais didáticos?<br />
2) Procure encontrar, <strong>em</strong> algum lugar, ex<strong>em</strong>plares dos materiais <strong>de</strong>scritos<br />
anteriormente e faça uma crítica/observação à sua confecção/ layout.<br />
3) Escolha um t<strong>em</strong>a já trabalhado neste eixo t<strong>em</strong>ático (Planejamento Urbano,<br />
Biologia, Processo Saú<strong>de</strong>/Doença e Política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Segurança e Saú<strong>de</strong><br />
do Trabalhador, <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>) e confeccione um<br />
ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> um dos materiais apresentados (fol<strong>de</strong>r, folheto ou panfleto).<br />
Continuando algumas dicas <strong>de</strong> materiais, na próxima aula, estudar<strong>em</strong>os<br />
sobre cartilha, cartazes e álbum seriado.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 133<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 14 - Material Digital Didático – Cartilhas,<br />
cartazes e álbum seriado<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa discorrer críticas aos materiais<br />
impressos, i<strong>de</strong>ntificando os a<strong>de</strong>quados para auxiliá-lo <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. <strong>de</strong>screver a classificação e os objetivos dos materiais didáticos<br />
apresentados;<br />
2. discorrer críticas aos materiais impressos;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar materiais didáticos a<strong>de</strong>quados às suas ativida<strong>de</strong>s<br />
educativas;<br />
4. <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s na confecção <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares.<br />
14.1 Introdução<br />
Na aula anterior, vimos a parte teórica sobre material didático e<br />
tiv<strong>em</strong>os a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e confeccionar panfleto/folheto/fol<strong>de</strong>r;<br />
hoje, vamos conhecer outros materiais que po<strong>de</strong>m nos ajudar <strong>em</strong> nossas<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas. Para que esse material tenha melhor influência no<br />
aprendizado, é preciso estar a<strong>de</strong>quado à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> vai receber o conhecimento.<br />
L<strong>em</strong>bra-se do que falamos? Os recursos físicos são usados a fim<br />
<strong>de</strong> auxiliar o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/educador a transmitir a sua mensag<strong>em</strong> ao<br />
educando/comunida<strong>de</strong>, facilitando, assim, a sua aprendizag<strong>em</strong>. O material<br />
didático <strong>de</strong>verá auxiliar o profissional nos eventos, e não substituí-lo.<br />
Os materiais que vamos estudar hoje são: CARTILHA, CARTAZ E<br />
ÁLBUM SERIADO.<br />
14.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
14.2.1 Cartilhas<br />
O que é cartilha e on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser utilizada?<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
135<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Cartilha é uma representação <strong>em</strong> histórias da relação doença X<br />
comunida<strong>de</strong>. Deverá ter um sumário, uma pequena introdução, conceitos<br />
básicos e as referências bibliográficas. Na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, trabalham-se os<br />
conceitos básicos das doenças, a transmissão, os vetores, as medidas preventivas,<br />
a sintomatologia e o tratamento. Deverá ser utilizada <strong>em</strong> trabalhos<br />
mais elaborados com segmentos específicos da comunida<strong>de</strong>. Depen<strong>de</strong>ndo da<br />
linguag<strong>em</strong>, selecione o público alvo e a metodologia a ser utilizada (Ex.: distribuir<br />
após as palestras com escolares, <strong>em</strong> s<strong>em</strong>inários, feiras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> etc.).<br />
14.2.2 CARTAZES<br />
Destinam se a atrair imediatamente o olhar das pessoas.<br />
Po<strong>de</strong>m servir para:<br />
Motivação. Ex<strong>em</strong>plos:<br />
Instrução – relacionados ás informações técnicas.<br />
Propaganda – ex<strong>em</strong>plos:<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 136 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Campanhas educativas. Ex<strong>em</strong>plos:<br />
Fonte: www.sau<strong>de</strong>.gov.br Fonte: www.sau<strong>de</strong>.gov.br<br />
14.2.2.1 T<strong>em</strong>a<br />
Importante observar:<br />
Deverá conter uma mensag<strong>em</strong> a ser transmitida. Se utilizar símbolos<br />
ou siglas, estes <strong>de</strong>verão ser conhecidos.<br />
14. 2.2.2 Ilustração<br />
Deverá conter uma autoi<strong>de</strong>ntificação com a comunida<strong>de</strong>. É aconselhável<br />
o uso <strong>de</strong> pessoas. O humor é aceitável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja abusos.<br />
Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senhados ou montados com fotografias, gravuras, recortes <strong>de</strong><br />
jornais ou revistas e até mesmo impressos.<br />
14. 2.2.3 Texto<br />
As frases <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser curtas e expressar diretamente o assunto tratado.<br />
O uso <strong>de</strong> motivos (slogans, ditados,) ajuda a gravar a mensag<strong>em</strong>.<br />
14.2.2.4 Layout<br />
A disposição geral é fator importantíssimo e <strong>de</strong>ve ser estudado antes,<br />
através <strong>de</strong> esboços.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 137<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
14.2.2.5 Cores<br />
Serve para atrair a atenção e <strong>de</strong>spertar o interesse. Não <strong>de</strong>ve ter<br />
mais <strong>de</strong> três cores.<br />
14.2.2.6 Tipo <strong>de</strong> letras<br />
Dev<strong>em</strong> ser simples, para que torn<strong>em</strong> fácil a leitura. As letras não<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser pequenas, pois, conforme a distância e a altura do cartaz, tornará<br />
difícil a sua leitura.<br />
14.2.3 Álbum seriado<br />
14.2.3.1 Conceito<br />
O álbum seriado é uma coleção <strong>de</strong> folhas com uma série <strong>de</strong> informações<br />
graficamente representadas, colocadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência lógica,<br />
que t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>atizar e objetivar uma explanação oral.<br />
Inúmeras são as vantagens <strong>de</strong>ste auxílio visual no trabalho didático-<br />
-pedagógico on<strong>de</strong>, naturalmente, <strong>em</strong> função do público, a sua utilização se<br />
torna imprescindível.<br />
14.2.3.2 Sob o ponto <strong>de</strong> vista didático<br />
• Serve para concretizar a i<strong>de</strong>ia.<br />
• Desperta a atenção do público através da novida<strong>de</strong> que representa<br />
cada página.<br />
• Realça os pontos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> real importância.<br />
• É altamente eficaz, pois se dirige, simultaneamente, a dois sentidos:<br />
“VISÃO E AUDIÇÃO”.<br />
14.2.3.3 Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> execução<br />
• É <strong>de</strong> fácil confecção, pois utilizamos letreiros e algumas ilustrações.<br />
• Permite que o instrutor/educador participe na confecção do seu<br />
álbum seriado, o que representa maior objetivida<strong>de</strong> no assunto<br />
a ser abordado, pois o mesmo será feito <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong><br />
e o tipo <strong>de</strong> público a que se <strong>de</strong>stina.<br />
• É econômico, o que representa uma gran<strong>de</strong> vantag<strong>em</strong>, trazendo,<br />
com isso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização por parte <strong>de</strong> qualquer<br />
técnico, educador ou entida<strong>de</strong>.<br />
• Gastam-se apenas papel, tinta e t<strong>em</strong>po, que serão naturalmente<br />
recuperados pela maior facilida<strong>de</strong> na compreensão daquilo que<br />
estamos transmitindo.<br />
• É fácil <strong>de</strong> transportar, não havendo probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> peso porque<br />
basta colocá-lo sob os braços que o levar<strong>em</strong>os s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong><br />
para os locais <strong>de</strong> reuniões, para a sala <strong>de</strong> aula etc.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 138 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
14.2.3.4 Conselhos a ser<strong>em</strong> observados no planejamento <strong>de</strong> um<br />
álbum seriado<br />
• Dev<strong>em</strong>os escolher um assunto que se adapte à finalida<strong>de</strong> do álbum<br />
seriado, pois <strong>de</strong>terminados assuntos po<strong>de</strong>rão ser melhor<br />
apresentados através <strong>de</strong> outros auxílios didáticos, como uma<br />
lâmina <strong>de</strong> transparência etc.<br />
• A primeira folha s<strong>em</strong>pre será utilizada para escrevermos o t<strong>em</strong>a,<br />
b<strong>em</strong> sugestivo, que permitirá a melhor motivação do grupo sobre<br />
a importância do assunto a ser abordado.<br />
• É necessário conhecermos o público a que se <strong>de</strong>stina o t<strong>em</strong>a,<br />
como também consi<strong>de</strong>rar o local, para falarmos e mostrar com<br />
a máxima objetivida<strong>de</strong> possível.<br />
• Antes <strong>de</strong> confeccionarmos o álbum seriado, é necessário elaborarmos<br />
o roteiro que possibilitará colocar o assunto numa sequência<br />
<strong>de</strong> exposição.<br />
• Com base no roteiro, extrair<strong>em</strong>os o que <strong>de</strong>verá ser mostrado no<br />
álbum seriado. Somente o que consi<strong>de</strong>rarmos importante, ou<br />
seja, os pontos-chaves serão escritos no álbum, assim mesmo<br />
utilizando-se frases curtas.<br />
• A fim <strong>de</strong> melhor utilizar o álbum seriado, é indispensável que o<br />
técnico ou educador observe a dosag<strong>em</strong> do número <strong>de</strong> páginas,<br />
para não trazer o que <strong>de</strong>nominamos MONOTONIA VISUAL. É importante<br />
usarmos o bom senso. Para facilitar a compreensão,<br />
admite-se que, para uma palestra <strong>de</strong>stinada a um <strong>de</strong>terminado<br />
público, com duração média <strong>de</strong> 50 minutos, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar<br />
aproximadamente 10 páginas para ilustrar o assunto.<br />
14.2.3.5 As ilustrações, letras e cores<br />
São fatores importantes na confecção <strong>de</strong> qualquer auxílio visual,<br />
assim, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os procurar seguir os conceitos dados a seguir.<br />
14.2.3.5.1 Ilustrações<br />
• Exerc<strong>em</strong> fundamental importância no álbum seriado e <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre ser colocadas quando houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se concretizar<br />
um conceito ou uma i<strong>de</strong>ia. Porém, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os l<strong>em</strong>brar que<br />
essas ilustrações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser simples, reais, que atraiam, que estejam<br />
s<strong>em</strong>pre colocadas junto ao texto ao qual se refer<strong>em</strong> e<br />
sejam <strong>de</strong>senhadas representando a aparência natural do objeto,<br />
por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho a traço ou caricatura, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>scambar, todavia,<br />
para o campo do ridículo.<br />
14.2.3.5.2 Letreiros<br />
• Ao escrevermos os pontos-chaves, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar letras <strong>de</strong><br />
construção simples, b<strong>em</strong> legíveis, uniformes e b<strong>em</strong> separadas<br />
a fim <strong>de</strong> permitir a tão <strong>de</strong>sejada comunicação visual. De preferência,<br />
us<strong>em</strong> letra “tipo <strong>de</strong> imprensa”, pois são os símbolos mais<br />
conhecidos.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 139<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
14.2.3.5.3 Cores<br />
• É através das cores que conseguimos atrair a atenção do público;<br />
assim, utilizar<strong>em</strong>os cores que tenham impacto forte, como,<br />
por ex<strong>em</strong>plo:<br />
• PRETO sobre BRANCO;<br />
• VERMELHO sobre BRANCO;<br />
• AZUL sobre BRANCO;<br />
• PRETO sobre AMARELO;<br />
• VERMELHO sobre AMARELO etc.<br />
Ao escolhermos as cores para fazermos o álbum seriado, é importante<br />
assinalar que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar apenas três cores DIFERENTES.<br />
Utilizando os conselhos e os conceitos aqui <strong>em</strong>itidos, o técnico ou<br />
educador estará mais capacitado para promover a transferência <strong>de</strong> seus conhecimentos<br />
a outr<strong>em</strong> através da comunicação visual.<br />
14.2.3.6 Como utilizar o álbum seriado?<br />
• Coloque-o <strong>em</strong> lugar a<strong>de</strong>quado para que todos os participantes<br />
possam vê-los, s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s.<br />
• Para não cobrir a frente do álbum seriado, ao apontá-lo, use<br />
uma ponteira (régua).<br />
• Desenvolva somente a página exposta.<br />
• Focalize, por escrito, somente os pontos básicos. As explicações<br />
mais extensas, faça-as oralmente.<br />
• Cui<strong>de</strong> para que a exposição não contrarie aquilo que o álbum seriado<br />
<strong>de</strong>clara. Se a mensag<strong>em</strong> for positiva e otimista, não torná-<br />
-la negativa com alusões ou observações pessimistas.<br />
O álbum seriado é ótimo como técnica <strong>de</strong> aula; também é <strong>de</strong> fácil<br />
confecção. Só isso bastaria para a sua adoção, mas, o que talvez o torne <strong>de</strong><br />
real interesse, é o fato <strong>de</strong> ser um excelente auxílio para o técnico ou educador,<br />
pois o seu uso lhe trará as vantagens listadas a seguir.<br />
14.2.3.7 Sob o ponto <strong>de</strong> vista do técnico EDUCADOR/instrutor<br />
• Permite a explanação do assunto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência absolutamente<br />
lógica.<br />
• Possibilita, <strong>de</strong> maneira eficaz, uma total segurança na apresentação<br />
da matéria ou do assunto a ser tratado.<br />
• Facilita a m<strong>em</strong>orização, pois, a cada ponto-chave escrito ou ilustração<br />
apresentada, l<strong>em</strong>bramo-nos dos assuntos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os<br />
abordar.<br />
• Faz com que o público fique s<strong>em</strong>pre atento e interessado.<br />
• Proporciona uma global compreensão por parte do público através<br />
da disciplina no raciocínio.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 140 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
• A recapitulação é facilitada e objetiva, pois bastará voltarmos à<br />
<strong>de</strong>terminada página e conseguimos, <strong>de</strong>ntro da mesma linha <strong>de</strong><br />
raciocínio, tirar as dúvidas porventura existentes.<br />
• Po<strong>de</strong>mos dizer, ainda, que o auxílio visual economiza t<strong>em</strong>po.<br />
14.3 Conclusão<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje, foi possível ampliar os conhecimentos <strong>em</strong> relação<br />
aos materiais didáticos/recursos, como a cartilha, os cartazes e o álbum seriado.<br />
Conforme citado na aula anterior, procuramos chamar atenção para o<br />
assunto, mas cabe ao técnico/educador pesquisar e <strong>de</strong>scobrir outras opções<br />
e usá-las conforme a realida<strong>de</strong> local.<br />
Resumo<br />
Foi possível estudar, na aula <strong>de</strong> hoje, sobre cartilha, cartaz e álbum<br />
seriado. A CARTILHA é uma representação <strong>em</strong> histórias da relação doença<br />
X comunida<strong>de</strong>, abrangendo os conceitos das doenças, a transmissão, os vetores,<br />
as medidas preventivas, a sintomatologia e o tratamento. Deverá ser<br />
utilizada <strong>em</strong> trabalhos mais elaborados, como nas palestras, feiras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
etc. Já os CARTAZES <strong>de</strong>stinam-se a atrair imediatamente o olhar das pessoas;<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser confeccionados com letras gran<strong>de</strong>s e legíveis; po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />
motivação, instrução ou <strong>de</strong> propaganda. O ÁLBUM SERIADO é uma coleção<br />
<strong>de</strong> folhas com uma série <strong>de</strong> informações graficamente representadas, colocadas<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência lógica que, sob o ponto <strong>de</strong> vista didático,<br />
é altamente eficaz, pois se dirige simultaneamente a dois sentidos: “VISÃO<br />
E AUDIÇÃO”; sob o ponto <strong>de</strong> vista da execução, é <strong>de</strong> fácil feitio, permite<br />
que o instrutor/educador participe na confecção, facilitando a a<strong>de</strong>quação ao<br />
público ao qual se <strong>de</strong>stina, e é econômico, gastam-se apenas papel, tinta e<br />
t<strong>em</strong>po; facilita o manuseio e é facilmente transportado.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Procure adquirir, nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ex<strong>em</strong>plares dos materiais <strong>de</strong>scritos<br />
anteriormente (cartilhas, cartazes e álbum seriado) e faça uma crítica/<br />
observação à sua confecção/layout ou layout/<strong>de</strong>senho, letras, tamanho das<br />
letras, cores etc.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 141<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
2) Em qual ativida<strong>de</strong> você usaria cada um <strong>de</strong>les e por quê?<br />
3) Escolha um t<strong>em</strong>a já trabalhado neste eixo t<strong>em</strong>ático (Planejamento Urbano,<br />
Biologia, Processo Saú<strong>de</strong> Doença e Política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Segurança e Saú<strong>de</strong><br />
do Trabalhador e <strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>) e confeccione um<br />
ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> um dos materiais apresentados (cartilha, cartaz e álbum seriado).<br />
Faça apenas um esboço e envie para o seu professor formador.<br />
(Adaptação: Apostila <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, elaborada pela educadora<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/SUCAM Vanessa Moreira, <strong>em</strong> 1984, e adaptada pelos educadores<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/FNS/MOC Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco<br />
<strong>de</strong> Lima, 1995. Revisado <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 2010).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 142 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 15 - Técnica <strong>de</strong> apresentação<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa i<strong>de</strong>ntificar os comportamentos<br />
a<strong>de</strong>quados para uma apresentação eficaz.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
1. <strong>de</strong>stacar ou <strong>de</strong>screver as dicas, para uma apresentação eficaz, que<br />
achou mais importante para ser<strong>em</strong> usadas <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s;<br />
2. i<strong>de</strong>ntificar comportamentos ina<strong>de</strong>quados <strong>em</strong> uma apresentação;<br />
3. procurar <strong>de</strong>senvolver apresentações buscando s<strong>em</strong>pre os comportamentos<br />
a<strong>de</strong>quados.<br />
15.1 Introdução<br />
Prezado cursista, já discutimos muitos assuntos e até já <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os<br />
algumas práticas; por último, vimos e elaboramos materiais didáticos<br />
para as apresentações. Falamos que os materiais audiovisuais serv<strong>em</strong> para<br />
auxiliar o instrutor/educador, no caso, você, Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
e não para substituí-lo. Sendo assim, precisamos preparar b<strong>em</strong> as nossas<br />
apresentações, organizando o material didático, mas também nos preparando<br />
para fazer a exposição do assunto. Como fazer isto? Segu<strong>em</strong> algumas<br />
dicas que servirão, e muito, para que suas apresentações jamais sejam as<br />
mesmas. Olhe! Depois <strong>de</strong>sta aula, da sua reflexão e prática, sei que você vai<br />
i<strong>de</strong>ntificar alguns probl<strong>em</strong>as no comportamento e na elaboração <strong>de</strong> alguns<br />
materiais <strong>de</strong> expositores, e que isto sirva <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo para você; que possa,<br />
assim, aperfeiçoar as suas apresentações, sejam elas palestras, reuniões,<br />
s<strong>em</strong>inários, <strong>de</strong>ntre outros. Aproveit<strong>em</strong> bastante esta oportunida<strong>de</strong>.<br />
Esta aula foi preparada baseada no texto extraído do material organizado<br />
pela profª. Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg, extraído dos originais elaborados<br />
pelos professores Carlos Alexandre Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo<br />
e adaptado pela socióloga Carlúcia Maria Rodrigues e Lima. (Montes Claros<br />
– MG, 1997) Revisto <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1999 e abril <strong>de</strong> 2000, tornando a linguag<strong>em</strong><br />
negativa “o que não po<strong>de</strong> fazer” uma atitu<strong>de</strong> positiva “o que <strong>de</strong>ve<br />
ser feito”.<br />
Boa leitura!<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
143<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Calão:<br />
Gíria caracterizada pelo<br />
uso <strong>de</strong> termos baixos e<br />
grosseiros.<br />
Baixo calão - Palavra ou<br />
expressão grosseira ou<br />
obscena.<br />
(Ferreira. 1999).<br />
Ênfase:<br />
Ênfase é realce,<br />
<strong>de</strong>staque, relevo. É<br />
entonação especial para<br />
fazer ressaltar alguma<br />
palavra ou expressão.<br />
(Ferreira. 1999).<br />
15.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
COMPORTAMENTOS ADEQUADOS DURANTE UMA APRESENTAÇÃO<br />
“DICAS PARA UMA APRESENTAÇÃO EFICAZ”<br />
2.1 - Estar vestido <strong>de</strong> maneira discreta, s<strong>em</strong> causar impacto visual.<br />
Se necessário, estar s<strong>em</strong>pre uniformizado durante a execução do trabalho.<br />
Sapatos/calçados e roupas limpos; fazer a barba; evitar mascar chiclete ou<br />
comer outros alimentos no momento <strong>em</strong> que estiver falando.<br />
2.2 - Arrumar a sala e os recursos auxiliares <strong>de</strong> ensino, facilitando<br />
para que todo o público veja o material durante a exposição.<br />
2.3 - Cuidar para que o material esteja limpo e <strong>em</strong> bom estado para<br />
a apresentação.<br />
2.4 - Utilizar visual (material didático) com gramática correta.<br />
2.5 - Usar auxílio visual e audiovisual <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> suficiente para<br />
ilustrar o assunto, s<strong>em</strong> exagerar.<br />
2.6 - Usar transparências legíveis, s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
informações escritas (quando digitadas, usar, no mínimo, fonte 22).<br />
2.7 - Ter conhecimento do aparelho audiovisual a ser operado ou<br />
pedir ajuda a qu<strong>em</strong> sabe manuseá-lo (se possível, agilizar isto antes do início<br />
da apresentação).<br />
2.8 - Ao iniciar uma apresentação, fique na frente, parado, e dê<br />
uma “varredura visual” (olhada <strong>em</strong> geral) no grupo.<br />
2.9 - Posicionar-se <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada. Manter o corpo livre para<br />
uma boa movimentação, evitando o apoio físico <strong>em</strong> mesa, ca<strong>de</strong>ira, aparelho<br />
retroprojetor; evitar, também, a permanência <strong>de</strong> braços cruzados, mãos<br />
<strong>de</strong>ntro do bolso etc.<br />
2.10 - Mostrar-se preparado, seguro e tranquilo para a apresentação.<br />
2.11 - Apresentar-se dizendo sua formação e/ou função, seu nome,<br />
o da instituição, o objetivo e a importância do t<strong>em</strong>a a ser apresentado.<br />
2.12 - Ser simpático e agradável com o público ou grupo.<br />
2.13 - Reservar um espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para que o(s) participante(s)<br />
possa(m) fazer pergunta(s).<br />
2.14 - Fazer perguntas direcionadas ao público <strong>em</strong> geral, antes e<br />
durante a exposição, motivando-o e <strong>de</strong>spertando-o para o assunto.<br />
2.15 - Dar atenção a qu<strong>em</strong> ocupa posição hierarquicamente superior,<br />
s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r no contato visual e/ou outros tipos <strong>de</strong> referências.<br />
2.16 - Olhar para todos os participantes, inclusive para os menos<br />
falantes. Promover, facilitar o contato visual, evitar o uso <strong>de</strong> óculos escuros.<br />
2.17 - Manter os sentidos voltados para <strong>de</strong>ntro do ambiente, s<strong>em</strong><br />
vagar o olhar para fora da sala.<br />
2.18 - Evitar olhar frequent<strong>em</strong>ente para o chão e para o teto.<br />
2.19 - Planejar, preparar sua apresentação <strong>de</strong> acordo com o t<strong>em</strong>po<br />
disponível para a execução da mesma. Quando necessário, olhar o relógio <strong>de</strong><br />
pulso <strong>de</strong> maneira imperceptível pelo grupo.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 144 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
2.20 - Pronunciar uma linguag<strong>em</strong> clara, simples e objetiva. Evitar<br />
gírias ou palavras <strong>de</strong> baixo calão.<br />
2.21 - Aumentar ou diminuir a voz <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong>,<br />
observando se todos estão ouvindo b<strong>em</strong>.<br />
2.22 - Falar com ênfase, quando preciso, evitando a monotonia.<br />
2.23 - Pronunciar as palavras <strong>de</strong> forma tranquila, não exagerando<br />
na lentidão ou na pressa.<br />
2.24 - Gesticular com as mãos, s<strong>em</strong> exce<strong>de</strong>r nos movimentos.<br />
2.25 - Evitar os vícios <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> (maneirismos): “tá”, “ok”, “então”,<br />
“né”, “enten<strong>de</strong>u”.<br />
2.26 - Dizer “nós” e evitar a repetição <strong>de</strong> “a gente”.<br />
2.27 - Falar “eu acredito que”, “minha opinião é” ou “eu penso<br />
que” para expressar sua i<strong>de</strong>ia ou ponto <strong>de</strong> vista; evitar o “eu acho que”.<br />
2.28 - Evitar o uso ou excesso <strong>de</strong> palavras <strong>em</strong> língua estrangeira.<br />
2.29 - Utilizar e valorizar a experiência que o grupo t<strong>em</strong> sobre o<br />
assunto.<br />
2.30 - Manter as mãos <strong>de</strong>socupadas e, se for preciso, utilizar apenas<br />
o objeto necessário para o momento (régua, ponteira etc.), para enfatizar o<br />
auxílio visual.<br />
2.31 - Não fumar durante a apresentação ou <strong>em</strong> qualquer situação<br />
<strong>de</strong> trabalho.<br />
2.32 - Ter bom humor, não contar piada s<strong>em</strong> graça ou consi<strong>de</strong>rada<br />
imoral.<br />
2.33 - Quando necessitar ultrapassar o horário previsto para o término<br />
da apresentação, comunicar aos ouvintes com antecedência.<br />
2.34 - Interromper a apresentação mediante o surgimento <strong>de</strong> ruído<br />
excessivo ou outra fonte <strong>de</strong> distração potente e inesperada.<br />
2.35 - Elogiar a participação dos ouvintes.<br />
2.36 - Ficar <strong>de</strong> frente para o auditório e, quando necessário, virar<br />
as costas, mas o faça rapidamente.<br />
2.37 - Enquadrar corretamente a imag<strong>em</strong> do sli<strong>de</strong> e transparência<br />
na tela, cuidando para que o foco proporcione uma projeção nítida. Se possível,<br />
utilizar transparência com moldura.<br />
2.38 - Desligar o aparelho retroprojetor durante a explanação. Projete<br />
a transparência, chame a atenção para a imag<strong>em</strong> e <strong>de</strong>sligue o aparelho<br />
para comentar sobre o assunto.<br />
2.39 - Usar as expressões: “Fui claro?”, “Devo repetir?”, “Consegui<br />
me explicar?”.<br />
2.40 - Saber ouvir com atenção.<br />
2.41 - Usar expressão verbal correta, s<strong>em</strong> erros <strong>de</strong> concordância,<br />
regência e outros.<br />
2.42 - Repetir <strong>em</strong> voz alta a pergunta feita por participantes.<br />
2.43 - Quando um participante obstinado insistir com perguntas,<br />
tornando-se polêmico, peça-o para vocês continuar<strong>em</strong> a discussão após a<br />
apresentação.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 145<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Maneirismo:<br />
Maneirismo, ausência<br />
<strong>de</strong> naturalida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong><br />
nas atitu<strong>de</strong>s, na<br />
linguag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> especial<br />
nas manifestações<br />
literárias e artísticas;<br />
amaneiramento,<br />
artificialismo. (Ferreira.<br />
1999).<br />
2.44 - Quando concluir a apresentação antes do horário previsto,<br />
preencher o t<strong>em</strong>po com falas úteis ou dispensar os ouvintes.<br />
2.45 - Finalizar a apresentação manifestando sua satisfação <strong>em</strong> tê-<br />
-la realizado.<br />
15.3 Conclusão<br />
E aí, como está se sentindo? Durante a leitura, <strong>de</strong>u para i<strong>de</strong>ntificar<br />
o maneirismo <strong>em</strong> sua fala ou na fala <strong>de</strong> alguém? Claro que você não vai corrigir<br />
esses erros <strong>de</strong> um dia pra noite; vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> muito exercício e atenção<br />
cada vez que for fazer uma exposição <strong>em</strong> público, mas começe a praticar<br />
<strong>em</strong> casa, <strong>em</strong> frente ao espelho, e, se possível, peça para alguém observar e<br />
anotar o que acredita que você precisa melhorar. Dedique-se bastante, você<br />
vai precisar disto no <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>em</strong> todos os<br />
estágios e também nas apresentações nos dias presenciais do curso.<br />
Resumo<br />
Vimos, na aula <strong>de</strong> hoje, as dicas para uma apresentação eficaz;<br />
foi possível <strong>de</strong>stacar as mais importantes para ser<strong>em</strong> usadas nas ativida<strong>de</strong>s<br />
diárias do técnico <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Envolv<strong>em</strong> várias questões, como marketing pessoal, cuidado com o<br />
ambiente, técnica <strong>de</strong> apresentação, confecção <strong>de</strong> material didático, postura<br />
pessoal, relações humanas (boas maneiras), vício <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e planejamento.<br />
(Texto adaptado pela socióloga Carlúcia Maria Rodrigues e Lima.<br />
(Montes Claros – MG, 1997). Revisto <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1999 e abril <strong>de</strong> 2000,<br />
tendo como referência texto extraído do material organizado pela Profª.<br />
Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg, baseado nos originais elaborados pelos Professores<br />
Carlos Alexandre Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 146 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Alfabetização Digital<br />
Aula 16 - Técnicas educativas<br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o cursista tenha condições <strong>de</strong> planejar e executar<br />
ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong> forma participativa.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar as diversas técnicas educativas;<br />
2. <strong>de</strong>screver as formas <strong>de</strong> contato;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar a importância das técnicas educativas para a comunicação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
4. i<strong>de</strong>ntificar e listar os passos para a execução das técnicas apresentadas;<br />
5. <strong>de</strong>screver os objetivos <strong>de</strong>ssas técnicas educativas;<br />
6. elaborar uma pauta <strong>de</strong> uma reunião.<br />
16.1 Introdução<br />
Você, futuro Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
Para se planejar e <strong>de</strong>senvolver educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar<br />
que as ações educativas na saú<strong>de</strong> têm o seu loco nos serviços <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, mas não se restring<strong>em</strong> a eles.<br />
As técnicas educativas são bastante usadas para as ações educativas<br />
e <strong>de</strong> comunicação social no trabalho do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Como vimos, a promoção da saú<strong>de</strong> envolve ações educativas que<br />
são dirigidas a grupos específicos da população: crianças, adolescentes, jovens,<br />
mulheres, idosos, <strong>de</strong>ntre outros. Também envolve ações mais amplas<br />
<strong>de</strong> comunicação social, dirigidas à população <strong>em</strong> geral.<br />
As ações educativas po<strong>de</strong>m ser realizadas <strong>em</strong> vários espaços – na<br />
casa das pessoas, durante visita domiciliar; nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; nas escolas;<br />
nas creches, nas associações comunitárias, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
As ações <strong>de</strong> comunicação social, <strong>de</strong> um modo geral, vão além do<br />
aspecto educativo, voltado para a apropriação <strong>de</strong> conhecimentos e incorporação<br />
<strong>de</strong> comportamentos saudáveis. Envolv<strong>em</strong> a difusão <strong>de</strong> informações<br />
que possibilit<strong>em</strong> a sensibilização e a mobilização das pessoas <strong>em</strong> torno dos<br />
probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> âmbito individual e coletivo. Essas ações po<strong>de</strong>m ser<br />
realizadas através dos chamados meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, como vi-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
147<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Mesclar:<br />
Mesclar é miscigenar,<br />
misturar, compor.<br />
(Ferreira. 1999).<br />
mos, tais como: jornais, rádio e televisão, contendo mensagens específicas<br />
relativas aos programas e ações prioritárias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou a ações setoriais e<br />
intersetoriais voltadas à preservação ambiental e à melhoria das condições<br />
<strong>de</strong> vida.<br />
Na prática, por vezes, as ações <strong>de</strong> educação e comunicação se<br />
mesclam, po<strong>de</strong>ndo vir a ser <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> várias maneiras e, para melhor<br />
enten<strong>de</strong>r e praticar, vejamos algumas técnicas que nos auxiliam nessa<br />
comunicação. (Contato, reunião, visita domiciliar, palestra, dramatização,<br />
<strong>de</strong>monstração e outros).<br />
O profissional da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> articular parcerias com<br />
a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família, com o pessoal da re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (postos/<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>), escolas e até mesmo incentivar a formação <strong>de</strong> grupos na<br />
comunida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> preservação do ambiente<br />
físico do território.<br />
16.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
16.2.1 Contato<br />
16.2.1.1 Conceito.<br />
O que é um contato?<br />
Contato é uma técnica que se caracteriza pela forma <strong>de</strong> relacionamento<br />
humano estabelecido, face a face ou <strong>de</strong> outra forma, entre duas ou<br />
mais pessoas.<br />
16.2.1.2 Objetivo<br />
Qual é o seu objetivo <strong>de</strong> um contato? Para que serve e quando <strong>de</strong>ve<br />
ser feito?<br />
O objetivo do contato é realizar primeiras abordagens às autorida<strong>de</strong>s<br />
e li<strong>de</strong>ranças técnicas e comunitárias. Esse contato <strong>de</strong>ve antece<strong>de</strong>r a<br />
todas as ações educativas.<br />
16.2.1.3 Passos a ser<strong>em</strong> dados<br />
• Cuidar da aparência.<br />
• Ter segurança do t<strong>em</strong>a a ser abordado.<br />
• Apresentação (nome e instituição a qual pertence).<br />
• Exposição do assunto (falar aquilo que planejou).<br />
• Pedir participação e colocar-se à disposição para parceria (após<br />
falar o que planejou para o contato, solicitar a participação daquela<br />
pessoa na ativida<strong>de</strong>, se for o caso, e colocar-se à disposição,<br />
qu<strong>em</strong> sabe ela precisará <strong>de</strong> você, t<strong>em</strong> que ser solícito).<br />
• Conclusão (agra<strong>de</strong>cer e <strong>de</strong>spedir com presteza/prontidão).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 148 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.2.2 Visita domiciliar<br />
Figura 23: Visita domiciliar na al<strong>de</strong>ia Maria Diva, município <strong>de</strong> Santa Helena <strong>de</strong><br />
Minas-MG, etnia Maxakali, para Diagnóstico Situacional, Funasa-Core/MG. Ascom/<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Maio <strong>de</strong> 2010.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
A visita domiciliar, hoje <strong>em</strong> dia, t<strong>em</strong> se tornado uma ativida<strong>de</strong> cansativa<br />
e repetitiva, tendo <strong>em</strong> vista o maior <strong>de</strong>senvolvimento das localida<strong>de</strong>s<br />
urbanas e rurais e, consequent<strong>em</strong>ente, aumento dos aglomerados <strong>de</strong> casa,<br />
maior número <strong>de</strong> moradores por localida<strong>de</strong>, muita gente fazendo visitas e os<br />
moradores com muito a fazer e menor disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />
Assim sendo, a visita domiciliar, como “rotina <strong>de</strong> trabalho”, às vezes,<br />
não é muito produtiva, pois se torna muito dispendiosa, cansativa e <strong>de</strong>ixa<br />
muito a <strong>de</strong>sejar quando se consi<strong>de</strong>ra o número <strong>de</strong> pessoas atingidas, ou<br />
quando espera-se uma <strong>de</strong>cisão coletiva, e não apenas individual, <strong>em</strong> relação<br />
a <strong>de</strong>terminado assunto.<br />
Além disso, é importante consi<strong>de</strong>rar que o hom<strong>em</strong> é um ser social<br />
e que, naturalmente, busca seus s<strong>em</strong>elhantes, associando-se <strong>em</strong> grupos naturais,<br />
seja por amiza<strong>de</strong>, simpatia, i<strong>de</strong>ias, probl<strong>em</strong>as ou objetivos comuns.<br />
Portanto, é fundamental que se procure valorizar esses grupos, <strong>de</strong>senvolvendo-se<br />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maneira mais abrangente, através <strong>de</strong> palestras, reuniões,<br />
<strong>de</strong>monstrações, mutirões etc.<br />
16.2.2.1 Uma visita <strong>de</strong>ve ser programada, executada e avaliada.<br />
16.2.2.1.1 Ao planejá-la, é importante:<br />
• <strong>de</strong>terminar os objetivos;<br />
• <strong>de</strong>finir a qu<strong>em</strong> visitar;<br />
• averiguar a disponibilida<strong>de</strong> do visitado;<br />
• programar a duração aproximada;<br />
• preparar o assunto.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 149<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
16.2.2.1.2 No momento da execução, torna-se imprescindível:<br />
• apresentar-se com simplicida<strong>de</strong>;<br />
• pedir permissão para entrar <strong>em</strong> casa;<br />
• manter a cordialida<strong>de</strong>;<br />
• comportar-se <strong>de</strong> acordo com os costumes da região, s<strong>em</strong> exageros;<br />
• tratar do assunto da visita com clareza e s<strong>em</strong> pressa;<br />
• conversar <strong>de</strong> maneira natural, utilizando vocabulários simples;<br />
• ouvir com atenção.<br />
16.2.2.1.3 Avaliação<br />
Como todas as ativida<strong>de</strong>s, a visita domiciliar <strong>de</strong>ve ser avaliada durante<br />
e <strong>de</strong>pois da visita.<br />
Durante a execução, é importante observar a aceitação da visita<br />
por parte do visitado; se perceber que está incomodando, é melhor marcar<br />
outro horário.<br />
Após a visita, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se avaliar vários pontos:<br />
• horário da visita;<br />
• forma <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>;<br />
• t<strong>em</strong>po gasto;<br />
• relevância do assunto;<br />
• se os objetivos foram alcançados e, se não foram, rever outras<br />
formas para alcançá-los.<br />
Figura 24: Visita domiciliar na al<strong>de</strong>ia Vila Nova, município <strong>de</strong> Bertópolis-MG,<br />
e al<strong>de</strong>ia Maria Diva, Santa Helena <strong>de</strong> Minas, etnia Maxakali, para Diagnóstico<br />
Situacional, Funasa-Core/MG., Ascom/<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Set<strong>em</strong>bro, 2009.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 150 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.2.3 Diagnóstico rápido participativo – drp<br />
16.2.3.1 Conceito<br />
Conjunto <strong>de</strong> dados que proporcionam o conhecimento <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong><br />
(localida<strong>de</strong>, situação), <strong>em</strong> menor t<strong>em</strong>po possível e com a participação<br />
da população local.<br />
16.2.3.2 Objetivo<br />
I<strong>de</strong>ntificar a relação existente entre a saú<strong>de</strong>, as doenças, os serviços<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, os modos <strong>de</strong> morar, <strong>de</strong> trabalhar e <strong>de</strong> lazer da população.<br />
16.2.3.3 Fases<br />
Objetivos específicos:<br />
• I<strong>de</strong>ntificar pessoas, grupos e instituições na localida<strong>de</strong> a ser trabalhada.<br />
• Verificar as condições socioeconômicas, culturais, ambientais e<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na área a ser trabalhada.<br />
• Promover ou enfatizar o processo <strong>de</strong> educação probl<strong>em</strong>atizadora<br />
e participante a partir do levantamento, da análise e da priorização<br />
<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, principalmente os <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, envolvendo<br />
população/grupos e organizações/Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
• Planejamento (preparar tudo o que for necessário para a realização<br />
do diagnóstico).<br />
• Execução (realizar, executar o diagnóstico).<br />
• Organização dos dados ou informações colhidas (tratar e analisar<br />
os dados).<br />
• Conclusão (fazer o relatório dos achados, discutir com a população<br />
local e priorizar os probl<strong>em</strong>as).<br />
16.2.3.4 Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> diagnóstico participativo<br />
16.2.3.4.1 Entrevista estruturada ou s<strong>em</strong>iestruturada, aplicação<br />
<strong>de</strong> questionário informal<br />
Esta técnica é <strong>de</strong>senvolvida <strong>em</strong> visitas domiciliares para o preenchimento<br />
<strong>de</strong> questionário. Quando se fala <strong>em</strong> entrevista estruturada, usamos<br />
questionário que já v<strong>em</strong> pronto; s<strong>em</strong>iestruturada é quando se reúne um<br />
grupo <strong>de</strong> pessoas, inclusive da comunida<strong>de</strong>, e este formula um questionário<br />
conforme o interesse no levantamento <strong>de</strong> informações que aten<strong>de</strong>m as<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um. Ex<strong>em</strong>plo: <strong>em</strong> um levantamento sobre probl<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, um professor queira saber quantas crianças estão fora da escola<br />
e porque; um técnico <strong>em</strong> saneamento po<strong>de</strong> levantar quantas casas t<strong>em</strong> banheiros<br />
e quais são atendidas com esgoto e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 151<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
16.2.3.4.2 Mapeamento<br />
Como fazer? Faça um mapa/croqui da localida<strong>de</strong> estudada <strong>em</strong> um<br />
papel manilha e ou Kraft, exponha no local da reunião e solicite que cada<br />
participante da reunião vá até o mapa e coloque (anote) o possível probl<strong>em</strong>a,<br />
situando-o conforme a distribuição geográfica.<br />
16.2.3.4.3 Levantamento <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as com tarjas<br />
Corte algumas tarjas <strong>de</strong> cartolina ou papel cartão, distribua para<br />
os participantes da reunião e solicite que cada um escreva, nessa tarja, pelos<br />
menos três probl<strong>em</strong>as. Depois do t<strong>em</strong>po estipulado, <strong>de</strong> 10 a 15 minutos,<br />
pe<strong>de</strong>-se que cada um leia o que acredita que é probl<strong>em</strong>a para ele e/ou para<br />
a comunida<strong>de</strong>. Após a leitura e alguns comentários por parte do expositor,<br />
cole a tarja na pare<strong>de</strong> ou <strong>em</strong> um painel montado para isso. Quando t<strong>em</strong> muita<br />
gente nesta ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se fazer grupos <strong>de</strong> três ou quatro. Tratando-<br />
-se <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> prevalece o analfabetismo, solicite apenas que<br />
pens<strong>em</strong> nos probl<strong>em</strong>as e <strong>de</strong>pois os verbaliz<strong>em</strong>, ou que o técnico/educador<br />
tenha o cuidado <strong>de</strong> colocar <strong>em</strong> cada grupo alguém que saiba ler e escrever.<br />
16.2.3.4.4 Caminhada transversal<br />
Depen<strong>de</strong>ndo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas presentes, divida-as <strong>em</strong> grupos<br />
e, após a formação <strong>de</strong>sses grupos, divida o território por setor, sendo um<br />
grupo para cada setor. Cada grupo, com papel e lápis ou caneta <strong>em</strong> mãos,<br />
percorre a área sob sua responsabilida<strong>de</strong> e, com um olhar crítico, vai anotando<br />
tudo o que acredita ser probl<strong>em</strong>a para a comunida<strong>de</strong>; ao final do t<strong>em</strong>po<br />
estipulado, voltam para o local inicial e relatam a experiência <strong>em</strong> plenário.<br />
O facilitador do diagnóstico <strong>de</strong>ve fazer todas as anotações para <strong>de</strong>pois discutir<br />
com a plenária os probl<strong>em</strong>as, as causas e as consequências, b<strong>em</strong> como<br />
fazer a priorização.<br />
16.2.3.4.5 Mapa falante<br />
Figura 25: Mapa falante da al<strong>de</strong>ia Vila Nova – Maxakali, Bertópolis-MG.<br />
Fonte: Joaquim Lima.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 152 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Como fazer? Divida as pessoas <strong>em</strong> grupo e, <strong>em</strong> seguida, distribua<br />
papel manilha, pincel atômico e/ou tinta à base <strong>de</strong> água e/ou lápis <strong>de</strong> cor<br />
etc. Pergunte se naquela comunida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as e solicite que cada<br />
grupo represente-os através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos.<br />
Figura 26: Apresentação do mapa falante da al<strong>de</strong>ia Vila Nova – Maxakali,<br />
Bertópolis-MG.<br />
Fonte: Joaquim Lima.<br />
Após o t<strong>em</strong>po estipulado, cada grupo apresenta o que <strong>de</strong>senhou e<br />
o que representa. O facilitador anotará tudo que for falado e observado no<br />
cartaz.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 153<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Essas técnicas <strong>de</strong> diagnóstico são usadas para levantar dados primários;<br />
para um bom diagnóstico, precisa-se <strong>de</strong> informações secundárias,<br />
obtidas nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informações do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> outro setor, se<br />
for o caso.<br />
Nas técnicas que são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> grupo, s<strong>em</strong>pre solicite que<br />
esse grupo escolha, entre eles, um coor<strong>de</strong>nador e um relator.<br />
16.2.4 Reunião<br />
A ação educativa é a alma do trabalho do técnico/educador <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Através <strong>de</strong>la, o agente partilha o seu saber e também vai apren<strong>de</strong>ndo<br />
com as pessoas. Uma das diferenças entre palestra e reunião é, principalmente,<br />
o fato <strong>de</strong> que as palestras são mais informativas, enquanto que, <strong>em</strong><br />
uma reunião, procura-se, além <strong>de</strong> informar, discutir um assunto, expor um<br />
probl<strong>em</strong>a ou uma i<strong>de</strong>ia, obter sugestões e tomar <strong>de</strong>cisões.<br />
As ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> grupo são momentos <strong>de</strong> troca, on<strong>de</strong> os interesses<br />
coletivos afloram e os conhecimentos são discutidos, com isso, o processo <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r e ensinar se torna mais rico.<br />
16.2.4.1 As reuniões po<strong>de</strong>m ser técnicas ou comunitárias.<br />
16.2.4.1.1 Reunião técnica<br />
Reunião técnica, como o nome já insinua, é realizada entre os profissionais<br />
e/ou entre técnico e li<strong>de</strong>ranças para análise, discussão e tomada<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />
Figura 27: Reunião técnica para <strong>de</strong>finir as estratégias <strong>de</strong> vacinação na área<br />
indígena xakriabá. Polo Base Itapicurú – São João das Missões-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 154 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Figura 28: Reunião com a equipe multidisciplinar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> indígena no Polo Base II<br />
Machacalis- MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
16.2.4.1.2 Reunião comunitária<br />
Reuniões comunitárias são aquelas realizadas na comunida<strong>de</strong>, envolvendo<br />
a população local.<br />
As reuniões comunitárias serv<strong>em</strong> para:<br />
• que as pessoas que compõ<strong>em</strong> o grupo se conheçam, troqu<strong>em</strong><br />
experiências e informações;<br />
• estimular a participação das pessoas; é on<strong>de</strong> todos po<strong>de</strong>m discutir<br />
as questões que, muitas vezes, são comuns: modos <strong>de</strong> vida,<br />
crenças e anseios;<br />
• trabalhar informações, com espírito crítico e bom senso, ajudando<br />
cada participante a colocar o seu modo <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> se<br />
fazer respeitado;<br />
• sensibilizar as pessoas para que reflitam e question<strong>em</strong> seus probl<strong>em</strong>as,<br />
buscando apoio para a sua resolução.<br />
Não existe fórmula pronta, mas exist<strong>em</strong> passos que po<strong>de</strong>m facilitar<br />
o seu caminhar <strong>em</strong> direção ao trabalho com grupos.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 155<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 29: Reunião comunitária, comunida<strong>de</strong> quilombola Buriti do Meio, município<br />
<strong>de</strong> São Francisco-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
16.2.4.2 Passos <strong>de</strong> uma reunião<br />
16.2.4.2.1 O primeiro passo é planejar a reunião<br />
• Definir o objetivo – todos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> saber com antecedência <strong>de</strong> que<br />
se trata a reunião. Po<strong>de</strong>rá ter vários objetivos:<br />
- apresentar uma proposta <strong>de</strong> trabalho;<br />
- traçar linhas <strong>de</strong> ação (que tipo <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> ser realizado);<br />
- <strong>de</strong>finir comissões ou grupos <strong>de</strong> trabalho, datas para as ativida<strong>de</strong>s<br />
programadas e providências a ser<strong>em</strong> tomadas;<br />
- marcar novos encontros para avaliação e continuida<strong>de</strong> dos<br />
trabalhos.<br />
• Provi<strong>de</strong>nciar local que possa acomodar b<strong>em</strong> todas as pessoas.<br />
• Escolher dia e horário que facilit<strong>em</strong> a presença <strong>de</strong> todos.<br />
• S<strong>em</strong>pre que possível, escolher um assunto <strong>de</strong> interesse da<br />
maioria.<br />
• É bom organizar algumas perguntas sobre o t<strong>em</strong>a proposto para<br />
orientar a reunião.<br />
• Se consi<strong>de</strong>rar necessário, convidar, com antecedência, alguém<br />
para falar sobre um assunto específico, <strong>de</strong> interesse da<br />
comunida<strong>de</strong>.<br />
• Provi<strong>de</strong>nciar todo o material: lápis, folha <strong>de</strong> papel, giz, cartolina<br />
etc.<br />
•<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 156 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.2.4.2.2 O segundo passo é a divulgação<br />
• Espalhar a notícia para o maior número <strong>de</strong> pessoas.<br />
• Elaborar os cartazes com letras gran<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> criativas para chamar<br />
a atenção.<br />
• Divulgar a reunião nos lugares mais frequentados pela comunida<strong>de</strong>:<br />
mercearia, bares, escolas, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; se for possível,<br />
po<strong>de</strong>rão ser utilizados jornais e a rádio local.<br />
16.2.4.2.3 O terceiro passo é o <strong>de</strong>senvolvimento da reunião<br />
• É recomendável que o técnico/educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> seja o primeiro<br />
a chegar, recebendo e cumprimentando a todos.<br />
• O Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>/educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá se<br />
apresentar e solicitar que cada um se apresente.<br />
• A seguir, informar aos participantes sobre a pauta da reunião:<br />
objetivos, duração e assunto. A pauta ajuda a organizar a condução<br />
dos trabalhos, porém <strong>de</strong>ve ser flexível, permitindo mudanças<br />
durante a reunião, po<strong>de</strong>ndo ser acrescentado ou retirado<br />
algum assunto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da necessida<strong>de</strong> do grupo.<br />
• Definir qu<strong>em</strong> vai coor<strong>de</strong>nar, relatar e anotar os resultados das<br />
discussões.<br />
• É importante que todos particip<strong>em</strong>, ouvindo, discutindo, dando<br />
a sua opinião.<br />
• Nas primeiras reuniões, algumas pessoas po<strong>de</strong>m ficar inibidas,<br />
portanto, não po<strong>de</strong>mos forçar a participação <strong>de</strong>las. É bom incentivar<br />
e estabelecer uma relação <strong>de</strong> ajuda e respeito com essas<br />
pessoas.<br />
16.2.4.2.4 O quarto passo é avaliação<br />
• Deve ser feita com a participação das pessoas, verificando se<br />
as suas expectativas e dúvidas foram todas respondidas e se o<br />
objetivo proposto foi alcançado.<br />
• A avaliação é importante para saber o que <strong>de</strong>u certo e o que foi<br />
ruim e, assim, procurar corrigir e planejar melhor as próximas<br />
reuniões.<br />
• As anotações feitas durante a reunião são importantes para dar<br />
continuida<strong>de</strong> aos próximos encontros e também para uma avaliação<br />
geral do trabalho.<br />
16.2.5 Palestra<br />
É um meio utilizado para a transmissão <strong>de</strong> informação e a troca <strong>de</strong><br />
conhecimento com um grupo <strong>de</strong> pessoas. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma palestra<br />
compreen<strong>de</strong> três etapas.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 157<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 30: Palestra na casa <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> a saú<strong>de</strong> indígena <strong>em</strong> Governador Valadares-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
16.2.5.1 Planejamento<br />
• Objetivos – Que fatos serão abordados e para que.<br />
• Assunto – É muito importante saber com segurança o assunto<br />
que será apresentado. O t<strong>em</strong>a <strong>de</strong>verá ser abordado seguindo um<br />
roteiro que compreen<strong>de</strong>:<br />
• introdução (apresentação e justificativa da palestra);<br />
• exposição (<strong>de</strong>senvolvimento do t<strong>em</strong>a);<br />
• resumo e conclusão (evi<strong>de</strong>nciação dos pontos mais importantes<br />
do assunto);<br />
• agra<strong>de</strong>cimentos.<br />
• Público alvo – Uma palestra po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida tanto <strong>em</strong> escolas<br />
(para escolares, professores e outros profissionais <strong>de</strong> ensino)<br />
quanto para a comunida<strong>de</strong> (grupos populares, moradores,<br />
instituições etc.). O número <strong>de</strong> pessoas não <strong>de</strong>ve ser muito gran<strong>de</strong><br />
para facilitar a participação <strong>de</strong> todos.<br />
• Local – Deverá ser agradável, com boa ventilação e acústica,<br />
acomodando todas as pessoas e com infraestrutura para a utilização<br />
<strong>de</strong> equipamento (quando necessário).<br />
• Horário – Deverá ser o mais apropriado para o público alvo, <strong>de</strong>pois<br />
do horário <strong>de</strong> trabalho (comunida<strong>de</strong>) ou no horário das aulas<br />
(escolares).<br />
• Duração – Não <strong>de</strong>ve ultrapassar 50 minutos para não se tornar<br />
cansativa.<br />
• Materiais necessários – É s<strong>em</strong>pre bom ilustrar a palestra utilizando<br />
cartazes, fol<strong>de</strong>rs, folhetos, sli<strong>de</strong>s, fotografias, figuras etc.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 158 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.2.5.2 Execução<br />
Neste caso, os materiais <strong>de</strong>verão ser preparados <strong>de</strong> acordo com<br />
o assunto a ser apresentado. Os equipamentos <strong>de</strong>verão ser previamente<br />
testados e o técnico/educador <strong>de</strong>ve ter habilida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
manipulá-los.<br />
• Durante a exposição, <strong>de</strong>ve-se procurar fazer perguntas e ouvir<br />
com atenção as respostas, explorando ao máximo o conhecimento<br />
e as experiências.<br />
• Dev<strong>em</strong> ser esclarecidas todas as dúvidas levantadas e, quando<br />
não tiver segurança da resposta, é preferível admitir que não<br />
t<strong>em</strong> muito conhecimento a respeito; anotar a dúvida e procurar<br />
solucioná-la com outras pessoas, procurando respondê-las futuramente.<br />
Nunca se <strong>de</strong>ve inventar uma resposta apenas para dar<br />
uma satisfação ao público.<br />
• É importante usar frases curtas e palavras simples, falar <strong>de</strong>vagar<br />
e com tom <strong>de</strong> conversa (evitar o discurso).<br />
• As palestras não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser muito longas, pois, cansam e dispersam<br />
a atenção.<br />
• Durante o <strong>de</strong>senvolvimento da palestra, <strong>de</strong>ve-se evitar maneirismo<br />
(afetação da voz, gestos ou expressões repetidas, olhar<br />
fixo <strong>em</strong> alguém ou alguma coisa), pois o público po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> prestar atenção no assunto para apenas reparar ou comentar<br />
suas manias.<br />
• De qualquer forma, não se preocupe, pois somente com o t<strong>em</strong>po<br />
é que vamos adquirir experiência.<br />
• Outro aspecto importante para o bom <strong>de</strong>senvolvimento da palestra<br />
é a preparação psicológica e os cuidados com a apresentação<br />
pessoal.<br />
16.2.5.3 Avaliação<br />
Quais foram os pontos positivos e os pontos a melhorar? Isto po<strong>de</strong>rá<br />
ajudá-lo a superar suas falhas, aperfeiçoando seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e observando<br />
também os aspectos operacionais.<br />
16.2.6 Dramatização<br />
A dramatização é uma técnica <strong>em</strong> que a ação t<strong>em</strong> uma importância<br />
fundamental. O próprio participante vive situações, muitas vezes retratando<br />
sua realida<strong>de</strong>, e o técnico/educador repassa informações buscando mudanças<br />
<strong>de</strong> comportamentos. O grupo que assiste se i<strong>de</strong>ntifica com as situações<br />
apresentadas e terá condições <strong>de</strong> analisar, visualizar e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
enten<strong>de</strong>r melhor suas situações.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 159<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Formas <strong>de</strong> dramatizações<br />
Teatro: Representação <strong>de</strong> pequenas peças. É aconselhável utilizar<br />
textos curtos e, <strong>de</strong> preferência, elaborados pela comunida<strong>de</strong> e/ou escolares.<br />
Teatro <strong>de</strong> fantoches: <strong>em</strong> que os tipos <strong>de</strong> personagens são caracterizados<br />
por diversos bonecos.<br />
Use este método<br />
• Quando as pessoas precisar<strong>em</strong> reconhecer outros pontos <strong>de</strong> vista.<br />
• Quando for preciso ajudar as pessoas a se i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong> com um<br />
probl<strong>em</strong>a.<br />
• Quando o alvo for mudar as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um grupo.<br />
• Quando o apelo <strong>em</strong>ocional for útil na resolução <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a.<br />
Figura 31: Dramatização na Oficina <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na<br />
Comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio São Francisco-MG.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 160 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.2.7 D<strong>em</strong>onstração<br />
Muitas vezes, não basta falar, é necessário mostrar. A <strong>de</strong>monstração<br />
torna mais fácil a compreensão e <strong>de</strong>sperta o interesse <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ouve e<br />
vê. É uma prática valiosa para ensinar pessoas que estão mais acostumadas<br />
a apren<strong>de</strong>r no dia a dia do que nos livros.<br />
16.2.7.1 Planejamento<br />
• Preparar todo o material necessário.<br />
• Testá-lo para ver se tudo funciona como esperado.<br />
• Ensaiar como explicar sobre o material ou a técnica a ser <strong>de</strong>monstrada.<br />
• Preparar local a<strong>de</strong>quado e com infraestrutura necessária para<br />
que todas as pessoas tenham oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver e participar<br />
da <strong>de</strong>monstração.<br />
16.2.7.2 Execução<br />
• Apresentar o material ou a técnica a ser utilizada.<br />
• Explicar os riscos ou cuidados a ser<strong>em</strong> tomados.<br />
• Esclarecer dúvidas.<br />
• Fazer perguntas, verificando se o assunto foi apresentado <strong>de</strong><br />
forma clara.<br />
• D<strong>em</strong>onstrar o trabalho.<br />
• Incentivar a participação dos presentes na <strong>de</strong>monstração.<br />
16.2.7.3 Avaliação<br />
• Deve ser feita com todo o grupo, procurando aperfeiçoar a técnica<br />
apresentada, baseada na experiência <strong>de</strong> cada um.<br />
• Po<strong>de</strong>rá ser feita também uma avaliação individual, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
os pontos positivos e as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria.<br />
A seguir, alguns ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração ou <strong>de</strong> outros trabalhos<br />
práticos que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos com as comunida<strong>de</strong>s.<br />
• Preparo <strong>de</strong> soro caseiro.<br />
• Mutirão <strong>de</strong> limpeza e organização <strong>de</strong> quintais (manejo ambiental).<br />
• Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> filtro (filtro d’água) etc.<br />
Figura 32: Preparo e administração do soro caseiro.<br />
Fonte: Disponível <strong>em</strong> www.sau<strong>de</strong>.gov.br. Acesso <strong>em</strong> 20/12/2010.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 161<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 33: D<strong>em</strong>onstração <strong>de</strong> <strong>de</strong>smontag<strong>em</strong>, lavag<strong>em</strong> e montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> filtro.<br />
Comunida<strong>de</strong> Salto, Ubaí-MG. 1995.<br />
Crédito: Joaquim Francisco.<br />
Figura 34: D<strong>em</strong>onstração <strong>de</strong> confecção e irrigação <strong>de</strong> horta, plantio e irrigação<br />
por gotejamento, confecção <strong>de</strong> potes, confecção <strong>de</strong> roupas e confecção <strong>de</strong> peças<br />
artesanais. Comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Buriti do Meio – Município <strong>de</strong> são Francisco-MG.<br />
Crédito: Joaquim Francisco.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 162 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
16.3 Conclusão<br />
As ações educativas dão-se no cotidiano e, na maior parte das vezes,<br />
espontaneamente. É nosso <strong>de</strong>ver enfatizar o inverso, ou seja, o ponto<br />
principal do trabalho educativo é “jogar uma luz” sobre as experiências do<br />
dia a dia. Muitas vezes, essa luz v<strong>em</strong> do conhecimento científico que o técnico/educador<br />
t<strong>em</strong> e consi<strong>de</strong>ra importante partilhar, portanto, cabe a ele<br />
conhecer, saber planejar e executar essas técnicas e outras para o melhor<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do ensino-aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Resumo<br />
Nesta aula, vimos as técnicas do contato, reunião, visita domiciliar,<br />
palestra e DRP – diagnóstico rápido participativo, dramatização e <strong>de</strong>monstração.<br />
L<strong>em</strong>bramos que exist<strong>em</strong> outras técnicas que po<strong>de</strong>m ser utilizadas,<br />
como: GINCANA, FEIRA DE CIÊNCIAS, FEIRA DE SAÚDE, SEMINÁRIO, EXPOSI-<br />
ÇÃO, MOSTRA, STAND, OFICINAS, JOGRAL, CONCURSOS DE POESIA, PARÓ-<br />
DIAS, CARTAZES, REDAÇÃO, <strong>de</strong>ntre outras.<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Releia a AULA 05 (Fatores pedagógicos/ As opções pedagógicas). Quando<br />
for <strong>de</strong>senvolver essas técnicas que seja baseado na pedagogia que você acredita<br />
ser a melhor para o alcance dos seus objetivos.<br />
2) Visite a plataforma e acesse o arquivo VISITA DOMICILIAR COM O ENFOQUE<br />
EDUCATIVO NO PROGRAMA DE CONTROLE DA DENGUE; i<strong>de</strong>ntifique qual pedagogia<br />
o técnico usou e por quê.<br />
3) Conceitue as técnicas educativas palestra e reunião.<br />
4) O contato é uma técnica que <strong>de</strong>ve ser utilizada quase diariamente; cite as<br />
formas <strong>de</strong> contato que você conhece.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 163<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
5) Qual a importância da técnica educativa <strong>de</strong>monstração para a comunicação<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>?<br />
6) Descreva os passos para a execução da técnica REUNIÃO.<br />
7) Descrever o objetivo da técnica educativa DRAMATIZAÇÃO.<br />
8) Um Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> foi informado que, <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />
localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua atuação, exist<strong>em</strong> diversos focos <strong>de</strong> larvas do mosquito<br />
Ae<strong>de</strong>s aegipty. O técnico <strong>em</strong> questão po<strong>de</strong>ria apenas fazer ou autorizar o<br />
tratamento com produtos químicos ou eliminação <strong>de</strong> reservatório (manejo<br />
ambiental), mas <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> assumir seu papel <strong>de</strong> educador <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Como ele<br />
po<strong>de</strong>ria atuar junto a essas famílias da comunida<strong>de</strong> para que haja uma mudança<br />
<strong>de</strong> postura/atitu<strong>de</strong>? Quais as técnicas que utilizaria?<br />
9) A população do território <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado Técnico <strong>de</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> está assustada com as notícias sobre uma possível epi<strong>de</strong>mia<br />
<strong>de</strong> febre amarela no Brasil. O técnico <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> conversar com a população<br />
sobre o assunto, prestando esclarecimentos e promovendo ações educativas,<br />
principalmente sobre a proliferação do mosquito Ae<strong>de</strong>s aegipty. Que espaços<br />
e articulações o técnico po<strong>de</strong>ria aproveitar para realizar este trabalho? Por<br />
quê? Qual as técnicas que você usaria e por quê?<br />
(Adaptação: Apostila <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, elaborada pela educadora<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>/SUCAM Vanessa Moreira e adaptada pelos educadores <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>/FNS/MOC Carlúcia Maria Rodrigues e Lima e Joaquim Francisco <strong>de</strong><br />
Lima (1995) e (2010)).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 164 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 17 - Diagnóstico Digital <strong>de</strong> situação / infor-<br />
mação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Meta<br />
Que, ao final da aula, o aluno possa conceituar o processo saú<strong>de</strong>-<br />
-doença, diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo Unicausal, ou Causa Única, dos <strong>de</strong>mais<br />
mo<strong>de</strong>los e i<strong>de</strong>ntificar a produção <strong>de</strong> informação para a Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
através dos principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após esta aula, você seja capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar o processo saú<strong>de</strong>-doença;<br />
2. diferenciar a teoria mo<strong>de</strong>lo Unicausal ou se Causa Única dos<br />
<strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los;<br />
3. i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
17.1 Introdução<br />
Segundo Maurício L. Barreto, <strong>em</strong> qualquer campo da ativida<strong>de</strong> humana<br />
e antece<strong>de</strong>ndo a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> cada ação, é vital a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> informações com as quais se torne possível construir um claro diagnóstico<br />
da situação pré-existente. Tratar <strong>de</strong>ssa situação no campo da saú<strong>de</strong>, com<br />
todas as suas nuances e complexida<strong>de</strong>s, implica ter que enten<strong>de</strong>r as particularida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>ste campo e <strong>de</strong>finir os fundamentos e as técnicas a<strong>de</strong>quadas que<br />
guiarão a análise, <strong>de</strong> tal forma que as informações possam ser coletadas e<br />
organizadas <strong>de</strong> maneira correta e o diagnóstico resultante faça sentido, vindo<br />
a servir <strong>de</strong> base para a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> ações consistentes e efetivas<br />
que vis<strong>em</strong> melhorar a saú<strong>de</strong> da população.<br />
Para Barreto, o diagnóstico <strong>de</strong>ve conter uma visão integrada e iluminada<br />
das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população, articulando suas doenças, seus<br />
sofrimentos e suas necessida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> como o conjunto <strong>de</strong> fatores presentes<br />
no contexto analisado, potencialmente causais ou protetores <strong>em</strong> relação ao<br />
quadro encontrado.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
165<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 35: Diagnóstico da al<strong>de</strong>ia Capão do Zezinho – Caxixó – Martinho Campos -<br />
MG. (2009).<br />
Crédito: Joaquim Francisco.<br />
Com a conexão entre as informações e o processo <strong>de</strong> construção do<br />
diagnóstico mediados pela forma como apreen<strong>de</strong>mos a situação que estamos<br />
analisando <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os ser cautelosos, pois informações similares po<strong>de</strong>m levar<br />
a diagnósticos diversos.<br />
Esta aula, informação e diagnóstico <strong>de</strong> situação, <strong>em</strong> conjunto com<br />
as aulas anteriores, fornece os el<strong>em</strong>entos para a elaboração <strong>de</strong> diagnóstico<br />
da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do seu território, ou seja, esta aula e a próxima (Planejamento<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>) consolidam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que nunca <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os separar o quadro<br />
<strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> uma população da sua organização social e das condições<br />
ambientais <strong>em</strong> que vive. Cada grupo apresenta as suas particularida<strong>de</strong>s, interage<br />
diferent<strong>em</strong>ente com o contexto <strong>em</strong> que está inserido e, <strong>de</strong>ssa forma,<br />
po<strong>de</strong> apresentar probl<strong>em</strong>as e necessida<strong>de</strong>s diversas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Segundo Barreto, a utilização correta do conjunto <strong>de</strong> conceitos e<br />
técnicas apresentados constitui um po<strong>de</strong>roso recurso para o conhecimento<br />
da realida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> da população. Porém, t<strong>em</strong> certeza <strong>de</strong> que o senso<br />
crítico <strong>de</strong> cada Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> os levará a refletir sobre os<br />
limites <strong>de</strong>sses recursos, já que, <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>, por um lado, por mais precioso<br />
que seja o diagnóstico, este terá s<strong>em</strong>pre limites, dada às dificulda<strong>de</strong>s relacionadas<br />
à compreensão <strong>de</strong> todos os complexos acontecimentos ligados à<br />
saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população; por outro lado, as ações disponíveis no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 166 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
saú<strong>de</strong> têm também as suas restrições, porque se concentram mais <strong>em</strong> torno<br />
da cura do que na prevenção da doença ou na promoção da saú<strong>de</strong>.<br />
Vamos <strong>em</strong> frente, pois, tenho certeza que esse conteúdo, como<br />
aconteceu <strong>em</strong> outros cursos, ajudará na reflexão, <strong>em</strong> cada comunida<strong>de</strong> do<br />
Brasil, sobre as condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e sobre os limites das ações<br />
nessa área; constituir-se-á na mais po<strong>de</strong>rosa fonte <strong>de</strong> inspiração, a fim <strong>de</strong><br />
que os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> não continu<strong>em</strong> sendo <strong>de</strong>finidos ou aceitos<br />
apenas como soluções médicas ou tecnocráticas, mas que se transform<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> partes articuladas do conjunto <strong>de</strong> políticas sociais e econômicas e<br />
seja o objetivo maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento integrado da socieda<strong>de</strong>, para que<br />
esta – além <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e economicamente sólida – seja também social e<br />
ambientalmente justa. (Barreto)<br />
Como vimos anteriormente, os trabalhadores que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong><br />
ações <strong>de</strong> campo no controle das doenças e <strong>em</strong> epi<strong>de</strong>miologia precisam <strong>de</strong><br />
conhecimentos e <strong>de</strong> informações sobre o território e a população que estão<br />
sob os seus cuidados, a fim <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong> as ações <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Para Palmeira, a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lugar é pré-requisito <strong>de</strong> uma boa<br />
vigilância, e uma <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s iniciais se <strong>de</strong>dica a conhecer as doenças<br />
mais frequentes. (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />
17.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
Para <strong>de</strong>senvolvermos o diagnóstico situacional, primeiro precisamos<br />
enten<strong>de</strong>r melhor o processo saú<strong>de</strong>-doença.<br />
17.2.1 Processo saú<strong>de</strong>-doença e a produção social da<br />
saú<strong>de</strong> / informação e diagnóstico<br />
Segundo Palmeira, o processo saú<strong>de</strong>-doença é uma expressão que<br />
significa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as pessoas, ao viver<strong>em</strong> <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado lugar,<br />
produzir<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> ou doença, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que existam as condições necessárias<br />
– favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis – para que um ou outro <strong>de</strong>sses fatos venha a<br />
acontecer. Saú<strong>de</strong> e doença estão intimamente relacionadas ao nosso cotidiano<br />
e constitu<strong>em</strong> um binômio, uma dupla inseparável.<br />
Para o autor, <strong>em</strong> geral, a medição do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população<br />
se faz <strong>de</strong> forma negativa e indireta, ou seja, através da frequência <strong>de</strong><br />
eventos que significam a “não saú<strong>de</strong>”, como, por ex<strong>em</strong>plo, as mortes (mortalida<strong>de</strong>)<br />
e as doenças (morbida<strong>de</strong>), ou ainda outros probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como<br />
o baixo peso ao nascer ou os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito. Por ex<strong>em</strong>plo, a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> pessoas que morr<strong>em</strong>, adoec<strong>em</strong> ou apresentam um <strong>de</strong>terminado<br />
probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> uma população <strong>de</strong>limitada, durante certo período, é<br />
usada como medida da saú<strong>de</strong> daquela população naquele período.<br />
É claro que todos nós quer<strong>em</strong>os ter saú<strong>de</strong>, e não doença. Com saú<strong>de</strong><br />
- tendo condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> moradia, alimentação, saneamento, <strong>em</strong>prego,<br />
lazer, educação e os <strong>de</strong>mais direitos <strong>de</strong> cidadania - somos capazes <strong>de</strong><br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 167<br />
Maurício L. Barreto:<br />
Maurício, Professor<br />
titular <strong>de</strong><br />
Epi<strong>de</strong>miologia, Instituto<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva -<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da<br />
Bahia.<br />
Frequência:<br />
Frequência é um termo<br />
genérico utilizado <strong>em</strong><br />
epi<strong>de</strong>miologia para<br />
<strong>de</strong>screver a frequência<br />
<strong>de</strong> uma doença ou<br />
<strong>de</strong> outro atributo ou<br />
evento i<strong>de</strong>ntificado na<br />
população. Ocorrência.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
usufruir <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida, com alegria e corag<strong>em</strong> para enfrentar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s do dia-a-dia. (...). (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />
17.2.1.1 Questões para enten<strong>de</strong>r o processo saú<strong>de</strong>-doença<br />
O QUE está acontecendo? – Compreen<strong>de</strong>r e verificar aquilo que está<br />
fora dos padrões <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> um indivíduo ou <strong>em</strong> um grupo populacional.<br />
ONDE está acontecendo? – Saber <strong>em</strong> que lugar (território) esse fato<br />
“anormal” ocorre.<br />
COMO está acontecendo? – Verificar <strong>de</strong> que maneira a “anormalida<strong>de</strong>”<br />
acontece nos indivíduos ou grupos populacionais.<br />
QUANDO está acontecendo? - Observar <strong>em</strong> que t<strong>em</strong>po e com que<br />
duração o fato “anormal” é percebido.<br />
COM QUEM está acontecendo? – Detectar quais pessoas ou grupos<br />
populacionais estão sendo acometidos pelo estado “anormal”.<br />
17.2.2 Os povos cont<strong>em</strong>porâneos e a produção social<br />
da saú<strong>de</strong> – a flui<strong>de</strong>z do território<br />
Se as <strong>de</strong>scobertas bacteriológicas foram importantes na melhoria<br />
dos probl<strong>em</strong>as sanitários <strong>de</strong> diversas regiões, elas também contribuíram<br />
para <strong>de</strong>slocar o enfoque social da medicina para os microrganismos, agora<br />
visíveis ao microscópio. A partir <strong>de</strong> então, a Medicina passa, cada vez mais,<br />
a aceitar que, para cada doença, há um agente específico que <strong>de</strong>ve ser combatido<br />
prioritariamente por meio <strong>de</strong> vacinas e produtos químicos. Esta teoria<br />
ficou conhecida como UNICAUSAL OU DE CAUSA ÚNICA, com as seguintes<br />
características:<br />
• a existência <strong>de</strong> apenas uma causa para um agravo ou doença;<br />
• a existência <strong>de</strong> um agente que origina ou provoca o adoecimento;<br />
• o <strong>de</strong>sinteresse pelas evidências relacionadas às condições <strong>de</strong><br />
vida.<br />
Para Ortiz, essa forma <strong>de</strong> pensar a saú<strong>de</strong> fornece os instrumentos<br />
para a estruturação <strong>de</strong> uma prática médica predominant<strong>em</strong>ente curativa,<br />
que não leva <strong>em</strong> conta os aspectos sociais relacionados à saú<strong>de</strong> e à doença.<br />
Na medida <strong>em</strong> que a socieda<strong>de</strong> se urbanizava e aumentava a industrialização,<br />
novos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> surgiam, necessitando-se <strong>de</strong> respostas<br />
mais efetivas e eficazes. O mo<strong>de</strong>lo Unicausal, aos poucos, foi se esgotando,<br />
por não respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada às necessida<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Nos<br />
primeiros anos do século XX, surg<strong>em</strong> novos estudos que se opõ<strong>em</strong> a essa teoria.<br />
O primeiro <strong>de</strong>les, o mo<strong>de</strong>lo da “balança”, <strong>de</strong>senvolvido por um estudioso<br />
chamado Gordon, propunha a existência <strong>de</strong> um perfeito equilíbrio entre<br />
diversos fatores que estariam no ambiente interagindo com o hospe<strong>de</strong>iro e o<br />
agente. O segundo, o mo<strong>de</strong>lo da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Causalida<strong>de</strong>, proposto por MacMo-<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 168 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
hom, admitia a interação entre vários fatores que condicionavam a ocorrência<br />
<strong>de</strong> um agravo e que seria suficiente conhecer um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos para<br />
intervir sobre a doença, não sendo necessário alterar os <strong>de</strong>mais. O terceiro<br />
e o mais b<strong>em</strong> acabado <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los foi <strong>de</strong>senvolvido por dois sanitaristas,<br />
Leavell e Clark, que propuseram um mo<strong>de</strong>lo ecológico composto por três<br />
el<strong>em</strong>entos: o ambiente, o agente e o hospe<strong>de</strong>iro. No mo<strong>de</strong>lo ecológico, os<br />
três el<strong>em</strong>entos interag<strong>em</strong>, relacionam e condicionam o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
doença. Portanto, o ambiente, o hospe<strong>de</strong>iro e o agente estão interligados<br />
<strong>em</strong> um estado <strong>de</strong> equilíbrio, comunicando-se sist<strong>em</strong>aticamente e se autorregulando,<br />
ou seja, s<strong>em</strong>pre buscando não per<strong>de</strong>r o equilíbrio. O agente e o<br />
hospe<strong>de</strong>iro são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ambiente que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, po<strong>de</strong> ser<br />
modificado pelos dois. Quando ocorre a doença, significa uma resposta à<br />
quebra do equilíbrio do sist<strong>em</strong>a.<br />
Figura 36: MODELO ECOLÓGICO – a tría<strong>de</strong> ecológica.<br />
Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Leavell e Clark.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 169<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Morbimortalida<strong>de</strong>:<br />
Refere-se ao conjunto<br />
dos indivíduos que<br />
adoeceram (morbida<strong>de</strong>)<br />
e morreram<br />
(mortalida<strong>de</strong>) <strong>em</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado lugar,<br />
num dado intervalo <strong>de</strong><br />
t<strong>em</strong>po.<br />
17.2.3. Informação e diagnóstico <strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
17.2.3.1 Situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> vida<br />
Segundo Barcellos [et ...al], quando falamos <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
s<strong>em</strong>pre estamos nos referindo à situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população, ou<br />
seja, <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas. Sendo assim, nossa preocupação concentra-se<br />
<strong>em</strong> conhecer os diferentes perfis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que são expressões das variadas<br />
condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> trabalho às quais as pessoas estão submetidas. (...)<br />
I<strong>de</strong>almente, seria a<strong>de</strong>quado medir o “nível <strong>de</strong> vida” das populações através<br />
<strong>de</strong> um indicador global que expressasse diversos componentes <strong>de</strong>sse nível,<br />
como: saú<strong>de</strong>, nutrição, educação, condições e mercado <strong>de</strong> trabalho, transporte,<br />
habitação, consumo, vestuário, recreação,segurança social e liberda<strong>de</strong><br />
humana. Como não é possível no momento ter esse indicador único, o<br />
Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>de</strong>ve usar outros, como, por ex<strong>em</strong>plo, “mortalida<strong>de</strong>”,<br />
<strong>de</strong>ntre outros. (FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />
I<strong>de</strong>almente, seria a<strong>de</strong>quado medir o “nível <strong>de</strong> vida” das populações<br />
através <strong>de</strong> um indicador global que expressasse diversos componentes <strong>de</strong>sse<br />
nível, como: saú<strong>de</strong>, nutrição, educação, condições e mercado <strong>de</strong> trabalho,<br />
transporte, habitação, consumo, vestuário, recreação,segurança social e liberda<strong>de</strong><br />
humana.<br />
Repar<strong>em</strong>, <strong>em</strong> sua região, que os grupos populacionais têm características<br />
comuns <strong>de</strong> acordo com o espaço que ocupam. Imagine uma população<br />
<strong>de</strong> uma favela; in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do município, geralmente apresentam<br />
maior frequência <strong>de</strong> doenças e apontam maior índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre<br />
os jovens do que os grupos que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> bairros com melhor infraestrutura<br />
e que têm acesso aos serviços.<br />
Para i<strong>de</strong>ntificar a população a ser enfocada, o Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />
levará <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o território sob sua responsabilida<strong>de</strong> (área <strong>de</strong> atuação).<br />
O técnico <strong>de</strong>ve ter um olhar para os indicadores quantitativos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
da população, mas <strong>de</strong>ve conhecer o entendimento que os diversos atores<br />
sociais têm sobre o que são necessida<strong>de</strong>s e probl<strong>em</strong>as. O que é probl<strong>em</strong>a<br />
para um grupo po<strong>de</strong> ser pouco importante para outros. A morbimortalida<strong>de</strong><br />
é resultante da interação entre a presença dos probl<strong>em</strong>as e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
resposta <strong>de</strong> cada grupo ou população através <strong>de</strong> sua organização social às<br />
suas necessida<strong>de</strong>s.<br />
De acordo com o enfoque populacional, busca-se i<strong>de</strong>ntificar maneiras<br />
<strong>de</strong> reforçar as ações <strong>de</strong> caráter preventivo e <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> coletiva<br />
(saneamento, serviços <strong>de</strong> infraestrutura e educação, muito mais do que<br />
as ações <strong>de</strong> atenção individual, curativa). As possíveis ações sobre grupos<br />
populacionais específicos <strong>de</strong>mandam integração entre vários setores para<br />
além da área da saú<strong>de</strong>, na busca da promoção do <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />
econômico.<br />
O papel do Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, ao realizar o diagnóstico<br />
da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e condição <strong>de</strong> vida, é saber como vive, adoece e<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 170 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
morre a população <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados lugares e situações. As informações<br />
levantadas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> auxiliar a equipe local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, os gestores e a população<br />
a encontrar<strong>em</strong>, juntos, soluções a<strong>de</strong>quadas que possam melhorar as<br />
condições <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong> locais. Essas informações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> dar suporte ao<br />
Planejamento Participativo Estratégico-situacional através <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong><br />
ação da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Olha, o diagnóstico é apenas uma parte <strong>de</strong> um processo que envolve<br />
a reunião <strong>de</strong> informações, a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e as ações para intervenções.<br />
Há diferentes perfis <strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para distintos grupos <strong>de</strong><br />
população. O importante é i<strong>de</strong>ntificarmos quando essas diferenças são redutíveis<br />
ou evitáveis. Neste caso, essas condições po<strong>de</strong>m ser modificadas a partir<br />
da mobilização da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ações interinstitucionais. (FIOCRUZ/<br />
EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />
17.2.3.2 A informação no cotidiano<br />
Para Santos et... al, (...) uma boa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> informação é a <strong>de</strong><br />
que se trata <strong>de</strong> um conjunto estruturado <strong>de</strong> dados, <strong>de</strong> modo que possa ser<br />
entendido por todos seus usuários. A informação é um dado útil que serve<br />
para a comunicação entre pessoas e instituições. Se usarmos essa <strong>de</strong>finição,<br />
po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os concluir que a maior parte do trabalho executado no cotidiano<br />
da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é baseada na produção e na troca <strong>de</strong> informações.<br />
(FIOCRUZ/EPSJV PROFORMAR, 2004).<br />
17.2.3.3 Produção <strong>de</strong> informação para a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
17.2.3.3.1 Coleta <strong>de</strong> dados<br />
A qualida<strong>de</strong> das informações geradas está diretamente ligada à forma<br />
com que os dados são coletados e registrados. (...) Um registro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
preciso é a garantia <strong>de</strong> que o dado po<strong>de</strong>rá ser transformado <strong>em</strong> uma<br />
informação correta. Não existe processamento ou análise capaz <strong>de</strong> utilizar<br />
uma variável (ou dado) registrada ina<strong>de</strong>quadamente, ou ausente (não registrada),<br />
para gerar uma nova informação.<br />
17.2.3.3.2 Fontes <strong>de</strong> dados<br />
Po<strong>de</strong>mos obter dados por meio <strong>de</strong> diversas fontes <strong>de</strong> informação.<br />
Genericamente, diz<strong>em</strong>os que a fonte <strong>de</strong> dados é primária, quando a sua coleta<br />
é realizada diretamente pelo usuário das informações a ser<strong>em</strong> geradas<br />
(por intermédio, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> inquéritos e entrevistas), ou é secundária,<br />
quando utilizamos dados <strong>de</strong> rotina coletados por outros serviços. Um bom<br />
ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> dado secundário é o conjunto <strong>de</strong> dados coletados através <strong>de</strong><br />
documentos dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> (a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> óbito,<br />
a notificação <strong>de</strong> doenças e agravos).<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 171<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
17.2.3.3.3 Tipos <strong>de</strong> dados<br />
• D<strong>em</strong>ográficos.<br />
• Ambientais e <strong>de</strong> condição <strong>de</strong> vida.<br />
• Morbida<strong>de</strong>.<br />
• Mortalida<strong>de</strong>.<br />
• Administrativos <strong>de</strong> serviços (recursos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a produção <strong>de</strong><br />
serviços).<br />
• Documentais e cadastrais.<br />
17.2.3.3.4 Processamento <strong>de</strong> dados<br />
Para facilitar a classificação dos dados, é preciso codificá-los, transformá-los<br />
<strong>em</strong> valores numéricos ou <strong>em</strong> letras; por ex<strong>em</strong>plo: sexo masculino,<br />
código 01, f<strong>em</strong>inino, código 2. Após a codificação, esses dados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
classificados, recontados e agrupados <strong>de</strong> modo sist<strong>em</strong>ático <strong>em</strong> classe <strong>de</strong>terminadas.<br />
Deve-se trabalhar isso melhor na aula <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia.<br />
17.2.3.4 Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informação<br />
As informações geradas por um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
(SIS) representam uma ferramenta essencial nos processos <strong>de</strong> organização,<br />
avaliação, planejamento e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, fornecendo el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />
ajuste e <strong>de</strong> avaliação da execução dos planos e ações do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
fundamentados nas pr<strong>em</strong>issas do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> –SUS.<br />
17.2.3.4.1 Principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
Exist<strong>em</strong> diversos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Os cinco maiores,<br />
que vêm sendo utilizados para análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, são os dados<br />
a seguir.<br />
a) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação sobre Mortalida<strong>de</strong> (SIM)<br />
Criado <strong>em</strong> 1975, foi o primeiro sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informações <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Este sist<strong>em</strong>a informatizado utiliza registros <strong>de</strong> um instrumento legal – a <strong>de</strong>claração<br />
<strong>de</strong> óbito (DO) para gerar informações sobre as causas dos óbitos e<br />
as características <strong>de</strong>mográficas e sociais dos óbitos registrados.<br />
b) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc)<br />
O Sinasc foi implantado, <strong>de</strong> forma gradual, a partir <strong>de</strong> 1990, <strong>em</strong><br />
muitos municípios brasileiros, permitindo conhecer as condições <strong>de</strong> nascimento<br />
no país e alcançando cobertura nacional <strong>em</strong> 1993. O Sinasc é baseado<br />
na <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> nascido vivo (DN).<br />
c) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Agravos Notificáveis (Sinan)<br />
O Sinan foi criado <strong>em</strong> 1990 e implantado, a partir <strong>de</strong> 1993, <strong>em</strong> todo<br />
o território nacional, tendo como objetivo racionalizar o processo <strong>de</strong> coleta<br />
e transferência <strong>de</strong> dados referentes a doenças e agravos <strong>de</strong> notificação. Este<br />
sist<strong>em</strong>a é alimentado pela ficha <strong>de</strong> notificação <strong>de</strong> agravos e pela investigação<br />
dos mesmos.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 172 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
d) Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)<br />
Este sist<strong>em</strong>a foi implantado no final da década <strong>de</strong> 1980 como sist<strong>em</strong>a<br />
<strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> internações dos hospitais contratados pelo Ministério<br />
da Previdência. Em 1991, <strong>de</strong>pois da promulgação da lei 8.080, o extinto<br />
Inamps passou a implantar, <strong>em</strong> nível nacional, o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Assistência Médico-Hospitalar<br />
da Previdência Social e o seu documento principal <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />
dados, a Autorização <strong>de</strong> Internação Hospitalar (AIH), <strong>em</strong> toda re<strong>de</strong> própria,<br />
filantrópica e privada.<br />
e) Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)<br />
O Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Ambulatoriais foi implantado <strong>em</strong> todo<br />
o território nacional <strong>em</strong> 1991, através da Norma Operacional Básica 01/91,<br />
tendo como principal finalida<strong>de</strong> o pagamento dos serviços executados pela<br />
re<strong>de</strong> ambulatorial pública, contratada e vinculada ao SUS. Além da finalida<strong>de</strong><br />
financeira, o SIA/SUS permite avaliar a produção <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o<br />
acompanhamento das programações físicas e orçamentárias e das ações <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> produzidas, gerando instrumentos analíticos <strong>de</strong> controle e avaliação<br />
do SUS. (...).<br />
17.3 Conclusão<br />
Integra o corpo da aula e consiste num texto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, <strong>em</strong> que<br />
<strong>de</strong>ve ser percebida a relação entre os conceitos apresentados e a relevância<br />
<strong>de</strong> seu conhecimento e estudo.<br />
Resumo<br />
Nesta aula, você foi capaz <strong>de</strong> conceituar o processo saú<strong>de</strong>-doença,<br />
diferenciar a teoria UNICAUSAL OU DE CAUSA ÚNICA, como existência <strong>de</strong><br />
apenas uma causa para um agravo ou doença (existência <strong>de</strong> um agente que<br />
origina ou provoca o adoecimento; <strong>de</strong>sinteresse pelas evidências relacionadas<br />
às condições <strong>de</strong> vida), das teorias do MODELO DA “BALANÇA”, que<br />
propunha a existência <strong>de</strong> um perfeito equilíbrio entre diversos fatores que<br />
estariam no ambiente interagindo com o hospe<strong>de</strong>iro e o agente, do mo<strong>de</strong>lo<br />
da REDE DE CAUSALIDADE, proposto por MacMohom, que admitia a interação<br />
entre vários fatores que condicionavam a ocorrência <strong>de</strong> um agravo e que seria<br />
suficiente conhecer um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos para se intervir sobre a doença,<br />
não sendo necessário alterar os <strong>de</strong>mais e do terceiro e mais b<strong>em</strong> acabado<br />
<strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong>senvolvido por dois sanitaristas, Leavell e Clark, que propuseram<br />
um MODELO ECOLÓGICO composto por três el<strong>em</strong>entos: o ambiente,<br />
o agente e o hospe<strong>de</strong>iro. No MODELO ECOLÓGICO, os três el<strong>em</strong>entos interag<strong>em</strong>,<br />
relacionam e condicionam o <strong>de</strong>senvolvimento da doença. Portanto,<br />
o ambiente, o hospe<strong>de</strong>iro e o agente estão interligados <strong>em</strong> um estado <strong>de</strong> equilíbrio,<br />
comunicando-se sist<strong>em</strong>aticamente e se autorregulando, ou seja, s<strong>em</strong>pre<br />
buscando não per<strong>de</strong>r o equilíbrio. O agente e o hospe<strong>de</strong>iro são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do<br />
ambiente que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, po<strong>de</strong> ser modificado pelos dois.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 173<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Vimos, também, que a informação é um dado útil que serve para a<br />
comunicação entre pessoas e instituições, e a maior parte do trabalho executado<br />
no cotidiano da vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é baseada na produção e na troca<br />
<strong>de</strong> informações. Essas informações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser confiáveis/fi<strong>de</strong>dignas.<br />
As fontes <strong>de</strong> dados po<strong>de</strong>m ser primárias, quando a sua coleta é<br />
realizada diretamente pelo usuário, e secundárias, quando utilizamos dados<br />
<strong>de</strong> rotina coletados por outros serviços, como os Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (SIS), além <strong>de</strong> conhecer melhor os principais sist<strong>em</strong>as: Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
Informação Sobre Mortalida<strong>de</strong> (SIM), Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Nascidos<br />
Vivos (SINASC), Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informação Sobre Agravos Notificáveis (Sinan),<br />
Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Informações<br />
Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).<br />
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) Baseado nos seus conhecimentos adquiridos até aqui, conceitue processo<br />
saú<strong>de</strong>-doença.<br />
2) Faça a diferenciação entre a teoria Unicausal ou <strong>de</strong> Causa Única dos <strong>de</strong>mais<br />
mo<strong>de</strong>los (da “BALANÇA, da REDE DE CAUSALIDADE e do MODELO ECO-<br />
LÓGICO).<br />
3) Descreva os principais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação utilizados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Na próxima aula, vamos ver a importância <strong>de</strong> se planejar não só<br />
para as nossas ativida<strong>de</strong>s diárias, mas também <strong>em</strong> ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Também<br />
conhecer<strong>em</strong>os o planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 174 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
AULA 1<br />
Aula Alfabetização 18 - Planejamento Digital <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
práticas locais<br />
Meta Que, ao final da aula, o aluno possa fazer e apresentar uma programação,<br />
um planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do território que está atuando ou<br />
que escolheu para <strong>de</strong>senvolver as ativida<strong>de</strong>s do curso.<br />
Objetivos<br />
Esperamos que, após o estudo do conteúdo <strong>de</strong>sta aula, você seja<br />
capaz <strong>de</strong>:<br />
1. conceituar e <strong>de</strong>screver a importância do planejamento;<br />
2. <strong>de</strong>screver por que o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />
estratégico e situacional;<br />
3. elaborar a programação, o planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do seu<br />
território.<br />
18.1 Introdução<br />
Planejar; você sabe o que é planejar? Para que planejar?<br />
Quantos <strong>de</strong> nós, <strong>em</strong> nossas ativida<strong>de</strong>s, tiv<strong>em</strong>os que respon<strong>de</strong>r a<br />
essas perguntas? Em nossa vida cotidiana, faz<strong>em</strong>os planejamento a todo o<br />
momento, mesmo s<strong>em</strong> darmos conta disso. Pois b<strong>em</strong>, nesta aula, vamos tentar<br />
enten<strong>de</strong>r melhor a importância do planejamento como instrumento <strong>de</strong><br />
reflexão sobre realida<strong>de</strong>s concretas, que visam aos objetivos e às formas <strong>de</strong><br />
agir. Ou seja, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sujeitos coletivos, capazes <strong>de</strong> construír<strong>em</strong><br />
– no caso da saú<strong>de</strong> – novas práticas sanitárias.<br />
Nesta discussão, <strong>de</strong>staca-se também a importância do território<br />
como el<strong>em</strong>ento responsável pela materialida<strong>de</strong> do planejar, espaço <strong>de</strong> realização<br />
das ações e <strong>de</strong> atualização dos objetivos e <strong>de</strong> gestão do plano, além <strong>de</strong><br />
apresentar um conjunto <strong>de</strong> instrumentos enca<strong>de</strong>ados logicamente, que po<strong>de</strong><br />
servir como linha metodológica não apenas para o Técnico <strong>em</strong> vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong>, mas para qualquer um que pretenda utilizar o instrumental do planejamento<br />
e da gestão, segundo Gallo.<br />
Usar<strong>em</strong>os uma abordag<strong>em</strong> estilo “caixa <strong>de</strong> ferramentas”, on<strong>de</strong> os<br />
instrumentos são mobilizados <strong>de</strong> acordo com a sua a<strong>de</strong>quação a uma <strong>de</strong>terminada<br />
situação. A autora (Ana Luiza Queiroz Vilasbôas) do conteúdo, que<br />
nos baseamos para elaborar esta aula, propõe um enca<strong>de</strong>amento que articula<br />
técnicas do planejamento estratégico-situacional, da qualida<strong>de</strong> total, do<br />
Cen<strong>de</strong>s-Opas e do Zopp, construindo um mosaico prático e com boa aplica-<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
175<br />
Gallo:<br />
Edmundo Gallo.<br />
Pesquisador da<br />
FIOCRUZ, diretor<br />
<strong>de</strong> investimentos e<br />
projetos estratégicos da<br />
Secretaria Executiva do<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong> .<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Ana Luiza Queiroz<br />
Vilasbôas:<br />
Vilasbôas, Ana Luiza<br />
Queiroz, professora,<br />
autora do texto sobre<br />
planejamento e<br />
programação das ações<br />
<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
no nível local do SUS,<br />
texto este que usar<strong>em</strong>os<br />
para nossas reflexões<br />
nesta aula.<br />
bilida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> parecer óbvio, mas é muito comum existir<strong>em</strong> “planejadores”<br />
formalistas que tentam “encaixar” a realida<strong>de</strong> ao método que advogam, este<br />
sendo tomado como objeto retificado.<br />
Esta proposta <strong>de</strong> planejamento é crítica, flexível, operacional e nos<br />
trás fundamentos básicos para qu<strong>em</strong> quer mudar a realida<strong>de</strong> a partir da ação<br />
competente <strong>de</strong> sujeitos autônomos, como você, futuro Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Trocando <strong>em</strong> miúdos, iniciar<strong>em</strong>os a aula conceituando planejamento,<br />
que será trabalhado durante toda a aula, fundamentado no enfoque<br />
estratégico-situacional e aplicado ao campo da saú<strong>de</strong>; <strong>em</strong> segundo lugar,<br />
vamos ver a importância <strong>de</strong> se utilizar o planejamento e a programação local<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS – e, por último, será apresentada a proposta metodológica<br />
do PPLS adaptada para o Agente <strong>de</strong> Vigilância capacitado no Programa <strong>de</strong><br />
Formação <strong>de</strong> Agente Local <strong>de</strong> Vigilância – PROFORMAR -, que terá toda a<br />
importância para você também, afinal <strong>de</strong> contas, você está se preparando<br />
para ser Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
18.2 Desenvolvimento dos núcleos conceituais<br />
18.2.1 Planejamento e programação das ações <strong>de</strong> vigilância<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS<br />
18.2.1.1 Introdução<br />
Tudo que vamos fazer <strong>de</strong>ve ser b<strong>em</strong> planejado, pois, para faz<strong>em</strong>os<br />
o planejado, já é difícil, imagine você fazer o que não é planejado.<br />
Segundo Ana Luiza, quer tenhamos consciência ou não, nossa vida<br />
inclui planejamento, don<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos afirmar que:<br />
• ele é uma forma <strong>de</strong> potencializar a capacida<strong>de</strong> que t<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />
raciocinar logicamente sobre uma situação que, ao nosso ver, é<br />
probl<strong>em</strong>ática;<br />
• ele é uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir possibilida<strong>de</strong>s para a transformação<br />
<strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>.<br />
No seu cotidiano, você se <strong>de</strong>para com diversos probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> relação<br />
aos quais t<strong>em</strong> que tomar uma atitu<strong>de</strong>. Muitas vezes, você age s<strong>em</strong><br />
refletir profundamente sobre a questão e atua recorrendo somente ao que<br />
já está habituado a fazer ou, ainda, ao que lhe parece mais fácil naquele<br />
momento. Outras vezes, quando enfrenta um probl<strong>em</strong>a que se repete ou que<br />
lhe parece grave, você é capaz <strong>de</strong> se perguntar sobre as suas causas e <strong>de</strong>finir<br />
ações para intervir sobre a situação. Esse modo <strong>de</strong> se comportar já inclui<br />
uma forma mais elaborada <strong>de</strong> planejamento.<br />
“Planejamento e a programação local são ferramentas importantes<br />
para a consolidação das práticas <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.”<br />
O conceito <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> que quer<strong>em</strong>os trabalhar neste<br />
módulo é aquele que a enten<strong>de</strong> como uma organização do trabalho <strong>em</strong><br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 176 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
saú<strong>de</strong>, apresentando duas dimensões: técnico-operativa, que diz respeito à<br />
execução das práticas <strong>de</strong> promoção e reabilitação da saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> prevenção<br />
e recuperação <strong>de</strong> doenças; e político-gerencial, relativa à organização dos<br />
trabalhos necessários ao controle <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população <strong>de</strong><br />
um território.<br />
Exist<strong>em</strong> métodos diferentes <strong>de</strong> conduzir um processo <strong>de</strong> planejamento;<br />
aqui, <strong>de</strong>stacar<strong>em</strong>os o planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
– PPLS -, que é uma forma <strong>de</strong> organizar os resultados do diagnóstico da situação<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> necessários para resolver os probl<strong>em</strong>as e as necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>, os quais nos foram revelados junto à população e ao território <strong>em</strong> que<br />
você vive, trabalha e/ou escolheu para realizar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste curso.<br />
Por isso, o planejamento e a programação local são ferramentas importantes<br />
para a vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Agente <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvendo ativida<strong>de</strong>s diversas<br />
como: palestras, visitas domiciliares, reunião comunitária, mutirão <strong>de</strong> limpeza.<br />
Figura 37: Ação <strong>de</strong> limpeza da al<strong>de</strong>ia Vila Nova-Maxakali.<br />
Fonte: Joaquim Francisco.<br />
18.2.2 O que é planejar?<br />
Po<strong>de</strong>-se afirmar que o ato <strong>de</strong> planejar consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>senhar, executar<br />
e acompanhar um conjunto <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> ação com vistas à intervenção<br />
sobre um <strong>de</strong>terminado recorte da realida<strong>de</strong>. O planejamento po<strong>de</strong><br />
ser tomado como um instrumento <strong>de</strong> racionalização da ação humana – ação<br />
realizada por atores sociais, orientada por um propósito relacionado com a<br />
manutenção ou a modificação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 177<br />
Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>:<br />
O conceito <strong>de</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>, neste<br />
contexto, é aquele<br />
que aten<strong>de</strong> como uma<br />
organização do trabalho<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, apresentando<br />
duas dimensões: técnicooperativa,<br />
que diz<br />
respeito à execução das<br />
práticas <strong>de</strong> promoção<br />
e reabilitação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> prevenção e<br />
recuperação <strong>de</strong> doenças;<br />
e político-gerencial,<br />
relativa à organização<br />
dos trabalhos necessários<br />
ao controle <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população<br />
<strong>de</strong> um território.<br />
(FIOCRUZ/EPSJV/<br />
PROFORMAR, 2004. 68P).<br />
Ator social:<br />
Po<strong>de</strong> ser uma pessoa,<br />
um agrupamento<br />
humano ou uma<br />
instituição que, <strong>de</strong><br />
forma transitória ou<br />
permanente, é capaz <strong>de</strong><br />
agir, produzindo fatos<br />
<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />
situação ou realida<strong>de</strong>.<br />
Situação:<br />
É um conjunto <strong>de</strong><br />
probl<strong>em</strong>as e/ou<br />
necessida<strong>de</strong>s tais como<br />
são compreendidos a<br />
partir da perspectiva<br />
dos atores sociais<br />
interessados <strong>em</strong> intervir<br />
sobre um <strong>de</strong>terminado<br />
recorte da realida<strong>de</strong>.<br />
Probl<strong>em</strong>a:<br />
Algo consi<strong>de</strong>rado<br />
fora dos padrões <strong>de</strong><br />
normalida<strong>de</strong> para os<br />
atores sociais que<br />
estão analisando a<br />
situação. Esses padrões<br />
são <strong>de</strong>finidos a partir<br />
do conhecimento,<br />
do interesse e da<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir do<br />
ator sobre uma dada<br />
situação.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
A partir das noções <strong>de</strong> situação, probl<strong>em</strong>a e ator social, construiu-<br />
-se um enfoque <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>nominado estratégico-situacional, útil na<br />
condução das ações <strong>em</strong> contextos caracterizados pela existência <strong>de</strong> muitos<br />
interesses e julgamentos distintos sobre como atuar <strong>em</strong> relação a um <strong>de</strong>terminado<br />
recorte da realida<strong>de</strong> (situação), com o propósito <strong>de</strong> transformá-lo.<br />
O enfoque estratégico-situacional foi <strong>de</strong>senvolvido por Carlos Matus,<br />
um economista chileno, como forma <strong>de</strong> organizar processos e ações para<br />
atuar sobre situações selecionadas; t<strong>em</strong> o propósito <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>as e<br />
aten<strong>de</strong>r ás necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma população <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado território (localida<strong>de</strong>,<br />
município, estado, país).<br />
A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir sobre uma <strong>de</strong>terminada situação varia <strong>de</strong> ator<br />
para ator e condiciona as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> um plano. Não é suficiente<br />
elaborar um conjunto <strong>de</strong> propostas e ações, isto é, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sua execução, consi<strong>de</strong>rando as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos os atores nela envolvidos.<br />
(FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004. p. 20.)<br />
Po<strong>de</strong>-se concluir que, na perspectiva do enfoque estratégico-situacional,<br />
a atuação planejada sobre uma dada situação implica esforço <strong>de</strong> compreensão<br />
do posicionamento dos diversos atores sociais que nela interfer<strong>em</strong>,<br />
tornando possível construir uma explicação abrangente sobre os probl<strong>em</strong>as<br />
que facilite a <strong>de</strong>finição das ações a ser<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entadas para enfrentá-los,<br />
<strong>de</strong> modo a reduzi-los ou controlá-los.<br />
18.2.2.1 O planejamento e a programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS<br />
É consi<strong>de</strong>rado um instrumento importante para organizar as ações<br />
<strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no nível local do SUS, por se tratar <strong>de</strong> uma proposta<br />
metodológica que permite a negociação entre os diversos participantes interessados,<br />
com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
sobre os probl<strong>em</strong>as e ações <strong>de</strong> promoção, prevenção e recuperação dirigidas<br />
para a sua redução ou controle.<br />
a) Consi<strong>de</strong>ra-se que os agentes <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> são atores<br />
sociais que têm interesse sobre a saú<strong>de</strong>-doença <strong>de</strong> grupos populacionais que<br />
viv<strong>em</strong> e trabalham <strong>em</strong> um território-processo, assim como as profissões <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> (gerente e técnicos), profissionais e outros setores, segmentos organizados<br />
da população;<br />
b) O PPLS, através da utilização <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, formulação,<br />
priorização e explicação dos probl<strong>em</strong>as, consi<strong>de</strong>rando-se a visão<br />
dos distintos atores sociais, contribui para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>sses<br />
probl<strong>em</strong>as e das necessida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> que estão no âmbito da vigilância<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
c) A seleção <strong>de</strong> operações articuladas <strong>de</strong> promoção, prevenção,<br />
recuperação e reabilitação, <strong>de</strong>stinadas a intervir continuamente sobre os<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 178 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
probl<strong>em</strong>as selecionados, toma como referência uma situação-objetivo relacionada<br />
com a melhoria das condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população<br />
afetada. O PPLS organiza a seleção <strong>de</strong> operações a partir da formulação <strong>de</strong><br />
objetivos e operações e da respectiva análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> política, técnico-organizativa<br />
e econômica.<br />
d) A execução das operações selecionadas, articulando as diversas<br />
profissões, setores, recursos institucionais e comunitários, aponta para a<br />
função <strong>de</strong> condução gerencial, <strong>de</strong>finida no PPLS.<br />
e) O acompanhamento e a avaliação das operações/ações realizadas<br />
(da estrutura, dos processos e dos resultados) e a análise continuada da<br />
situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou dos probl<strong>em</strong>as priorizados.<br />
18.2.2.2 O papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
O papel do Técnico <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> pertence ao conjunto <strong>de</strong><br />
trabalhadores que <strong>de</strong>senvolve ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s<br />
da população. Assim, faz parte do ator social “profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”. Nesta<br />
posição, po<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> seus conhecimentos, <strong>de</strong> suas capacida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong><br />
seus interesses <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> pública, agir sobre a realida<strong>de</strong> na qual está inserido,<br />
ao lado <strong>de</strong> outros profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, inclusive pertencentes a diferentes<br />
setores, e <strong>de</strong> representantes da comunida<strong>de</strong>. O Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />
não só po<strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve participar do processo <strong>de</strong> planejamento e da programação<br />
da Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> do território on<strong>de</strong> ele atua como profissional;<br />
essa participação <strong>de</strong>ve ser ativa e <strong>em</strong> todos os momentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a análise da<br />
situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finição dos objetivos, ações, construção da viabilida<strong>de</strong><br />
das ações, execução e o acompanhamento <strong>de</strong> tudo que foi programado. É<br />
importante ressaltar que a participação <strong>de</strong>sse Técnico <strong>em</strong> Vigilância <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />
da gestão <strong>de</strong> cada município e/ou território. On<strong>de</strong> houver dificulda<strong>de</strong>,<br />
cabe ao técnico criar essa condição, lutando nos espaços <strong>de</strong> controle social,<br />
o que não <strong>de</strong>ve é adquirir conhecimentos e ficar s<strong>em</strong> colocar <strong>em</strong> prática <strong>em</strong><br />
prol da melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população do seu território que,<br />
muitas vezes, nunca teve oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> capacitações mais<br />
elaboradas como a que você está recebendo. (FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR,<br />
2004. p. 25.).<br />
18.2.3 Planejando e programação <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> vigilância<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no território<br />
Segundo Ana Luíza, exist<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> conduzir o PPLS na<br />
prática. Apresentamos, aqui, uma proposta <strong>de</strong> organização e realização <strong>de</strong><br />
encontros comunitários, sob a forma <strong>de</strong> OFICINAS DE TRABALHO, para a<br />
elaboração <strong>de</strong> um PLANO DE AÇÃO para a VIGILÂNCIA EM SAÚDE, segundo os<br />
passos metodológicos <strong>de</strong>scritos a seguir. Esta proposta po<strong>de</strong> ser aplicada <strong>em</strong><br />
diversos recortes territoriais <strong>de</strong> um município: área <strong>de</strong> abrangência <strong>de</strong> uma<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, conjunto <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> abrangência das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 179<br />
Situação-objetivo:<br />
É aquela que se <strong>de</strong>seja<br />
alcançar a partir <strong>de</strong> um<br />
plano. É um propósito<br />
que se estabelece <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>terminada situação<br />
inicial e que se altera<br />
na medida <strong>em</strong> que tal<br />
situação varia.<br />
O planejamento é<br />
flexível; lidamos com<br />
situações dinâmicas,<br />
ou seja, <strong>em</strong> constantes<br />
mudanças; cabe aos<br />
seus elaboradores<br />
avaliar constant<strong>em</strong>ente<br />
para revisar o que for<br />
necessário.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
ou <strong>em</strong> todo o município. No nosso caso, você <strong>de</strong>verá aplicar no território que<br />
você escolheu para trabalhar neste curso.<br />
1º<br />
Momentos do PPLS Oficina Planilhas<br />
Análise da situação<br />
- i<strong>de</strong>ntificação e formulação<br />
<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as;<br />
- priorização dos probl<strong>em</strong>as;<br />
- explicação.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 180 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
1<br />
2<br />
3<br />
1ª e 1B<br />
2A e 2B<br />
3<br />
2º Definição dos objetivos 4 4<br />
3º Definição das ações,<br />
análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> estratégias<br />
<strong>de</strong> ação.<br />
4º<br />
Elaboração da programação<br />
operativa e <strong>de</strong>finição<br />
<strong>de</strong> indicadores.<br />
5º Acompanhamento e avaliação<br />
da programação<br />
operativa.<br />
4 5<br />
5 6<br />
5 7<br />
L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que, para conduzir as oficinas, é importante <strong>de</strong>finir<br />
um coor<strong>de</strong>nador e facilitadores da discussão (um facilitador para cada 25<br />
participantes). On<strong>de</strong> fazer e como fazer você já apren<strong>de</strong>u nas técnicas educativas;<br />
é só colocar <strong>em</strong> prática.<br />
18.2.3.1 Momentos do planejamento e programação local <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong> – PPLS<br />
Planejamento e programação local <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> – PPLS - foram elaborados<br />
por Carm<strong>em</strong> Fontes Teixeira. Esta proposta, organizada <strong>em</strong> 1993,<br />
inspirou-se no enfoque estratégico-situacional do planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
baseado na obra <strong>de</strong> Carlos Matus (1993).<br />
1º Momento<br />
Análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (conhecer)<br />
A análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um território consiste no processo<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, formulação, priorização e explicação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> da população que ali vive e/ou trabalha.<br />
A realida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> é complexa porque lida com uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />
e multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> riscos, doenças, agravos que afetam distintos<br />
grupos populacionais <strong>de</strong> diferentes maneiras. Assim, exist<strong>em</strong> muitos atores<br />
sociais interessados na situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seja no município ou mesmo <strong>em</strong><br />
um bairro. Por isso, é muito importante que o maior número possível <strong>de</strong>
epresentantes da população, dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e das li<strong>de</strong>ranças comunitárias<br />
participe do momento <strong>de</strong> análise da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo<br />
a possibilitar a expressão das diversas perspectivas sobre os respectivos probl<strong>em</strong>as<br />
<strong>de</strong> um território.<br />
a) I<strong>de</strong>ntificação dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população <strong>de</strong> um território<br />
O primeiro passo <strong>de</strong>ve ser reunir todas as informações disponíveis<br />
sobre os riscos à saú<strong>de</strong> da população naquele território, sobre a ocorrência<br />
das causas mais frequentes <strong>de</strong> doenças e mortes e sobre a organização e<br />
funcionamento do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>staque para o setor <strong>de</strong> vigilância<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Essas informações po<strong>de</strong>m ser levantadas no SISTEMA DE INFOR-<br />
MAÇÃO EM SAÚDE. L<strong>em</strong>bra-se dos principais? Qualquer coisa, volt<strong>em</strong> à aula<br />
anterior e revis<strong>em</strong>. Faça uma visita à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do seu<br />
município e conheça <strong>de</strong> perto como funcionam esses sist<strong>em</strong>as.<br />
O segundo passo será organizar as informações coletadas.<br />
b) Formulação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />
Os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser formulados, ou seja, expostos <strong>em</strong> palavras<br />
do modo mais preciso e completo possível. Assim, facilita-se a priorização<br />
e a explicação, passos fundamentais que contribu<strong>em</strong> para a elaboração dos<br />
objetivos e das ações necessárias para o seu enfrentamento.<br />
c) Priorização <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />
A priorização <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as é um momento no qual os atores envolvidos,<br />
para resolver<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, reún<strong>em</strong>-se para<br />
discutir e selecionar os mais relevantes para a comunida<strong>de</strong>. Para tal, alguns<br />
critérios epi<strong>de</strong>miológicos, quantas pessoas ele atinge e quais os recursos<br />
para resolvê-los, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
d) Explicação dos Probl<strong>em</strong>as<br />
Após o processo <strong>de</strong> priorização dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, passa-se<br />
à sua explicação. Propõe-se a utilização da ÁRVORE DE PROBLEMAS, que é<br />
uma simplificação da proposta do economista chileno Carlos Matus, chamada<br />
“fluxograma situacional”.<br />
(...) Se o probl<strong>em</strong>a for i<strong>de</strong>ntificado como risco à saú<strong>de</strong>, suas consequências<br />
serão formuladas como ocorrência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doenças que costumam<br />
culminar com a morte dos acometidos por esses agravos. Por ex<strong>em</strong>plo,<br />
o probl<strong>em</strong>a “a presença <strong>de</strong> esgoto a céu aberto <strong>em</strong> todas as ruas do bairro<br />
<strong>de</strong> Alto Monte, <strong>em</strong> 2009“ po<strong>de</strong> ter como consequências “elevado nº <strong>de</strong><br />
casos <strong>de</strong> diarreia infecciosa aguda <strong>em</strong> menores <strong>de</strong> 5 anos no mesmo local<br />
e ano” e “elevada mortalida<strong>de</strong> infantil por diarreias infecciosas no mesmo<br />
local e ano”.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 181<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Figura 38: árvore <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as.<br />
Fonte: Clipart do Word.<br />
2º Momento<br />
Definição dos objetivos (O que fazer)<br />
Os objetivos divi<strong>de</strong>m-se <strong>em</strong> objetivos específicos e objetivo final.<br />
Os específicos refer<strong>em</strong>-se às causas dos probl<strong>em</strong>as. O final refere-se ao probl<strong>em</strong>a<br />
como um todo. Tanto os objetivos específicos como o final <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
expressar uma intenção <strong>de</strong> transformação da situação probl<strong>em</strong>a. L<strong>em</strong>bramos<br />
que a explicação do probl<strong>em</strong>a é a base para a construção dos objetivos.<br />
Se o probl<strong>em</strong>a analisado é a presença <strong>de</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti no bairro <strong>de</strong><br />
Boa Vista, município <strong>de</strong> Pouso Alegre, <strong>em</strong> 2010, o objetivo geral é eliminar<br />
(ou reduzir <strong>em</strong> x %) os focos domiciliares <strong>de</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti no bairro <strong>de</strong> Boa<br />
Vista, no município <strong>de</strong> Pouso Alegre, <strong>em</strong> 2011.<br />
Os objetivos, tal como os probl<strong>em</strong>as, precisam ter uma formulação<br />
precisa (O quê, quanto, qu<strong>em</strong>, on<strong>de</strong> e quando). Os objetivos específicos são<br />
a expressão positiva das causas dos probl<strong>em</strong>as.<br />
Se uma das causas é a existência <strong>de</strong> tanques <strong>de</strong> água s<strong>em</strong> cobertura<br />
nas casas do bairro Boa Vista, então, o objetivo específico será: estimular a<br />
população para a correta proteção dos tanques <strong>de</strong> água <strong>em</strong> 100% dos domicílios<br />
do bairro <strong>de</strong> Boa Vista, <strong>em</strong> 2011.<br />
A partir da árvore <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, constrói-se a árvore <strong>de</strong> objetivos,<br />
transformando as causas consi<strong>de</strong>radas como as mais importantes <strong>em</strong> objetivos<br />
específicos, e a expressão positiva do probl<strong>em</strong>a, <strong>em</strong> objetivo geral.<br />
3º Momento<br />
Definição <strong>de</strong> ações, análise simplificada <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />
estratégias <strong>de</strong> ação (Como fazer para cumprir os objetivos).<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 182 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
As ações representam o que é necessário fazer para cumprir os<br />
objetivos específicos.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo:<br />
Se o objetivo específico é estimular a população para a correta<br />
proteção dos tanques <strong>de</strong> água <strong>em</strong> 100% dos domicílios do bairro <strong>de</strong> Boa Vista,<br />
<strong>em</strong> 2011, as ações necessárias seriam produzir e apresentar uma peça teatral<br />
sobre as formas <strong>de</strong> prevenção contra a <strong>de</strong>ngue, distribuir folhetos educativos<br />
nos domicílios etc.<br />
A seguir <strong>de</strong>ve-se fazer uma análise simplificada <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>, ou<br />
seja, i<strong>de</strong>ntificar as facilida<strong>de</strong>s e as dificulda<strong>de</strong>s para a realização das ações<br />
necessárias a fim <strong>de</strong> alcançar os objetivos específicos. Estas são relativas<br />
à disponibilida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> toda a natureza: <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, humanos,<br />
materiais, financeiros, <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po etc. A análise <strong>de</strong><br />
viabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> levar à reformulação dos objetivos (geral e específicos),<br />
ampliando-os, reduzindo-os ou anulando-os.<br />
No ex<strong>em</strong>plo apresentado, é possível consi<strong>de</strong>rar-se, hipoteticamente,<br />
as seguintes facilida<strong>de</strong>s para a produção e a apresentação da peça teatral<br />
sobre a prevenção contra a <strong>de</strong>ngue: existência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> teatro amador<br />
na comunida<strong>de</strong>; disponibilida<strong>de</strong> do Técnico <strong>em</strong> Vigilância e dos Agentes<br />
<strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> para participar<strong>em</strong> da ação; apoio da Secretaria Municipal<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Como dificulda<strong>de</strong>s: falta <strong>de</strong> local apropriado para a apresentação<br />
da peça; insuficiência <strong>de</strong> recursos materiais para a produção <strong>de</strong><br />
figurinos e a<strong>de</strong>reços.<br />
Depois <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as facilida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s para a realização<br />
das ações, <strong>de</strong>fine-se como fazer para ampliar facilida<strong>de</strong>s e superar dificulda<strong>de</strong>s,<br />
isto é, quais são as estratégias que permitirão a realização das ações<br />
para cada probl<strong>em</strong>a priorizado.<br />
Ainda no ex<strong>em</strong>plo consi<strong>de</strong>rado, as estratégias <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong>riam<br />
ser: solicitar a compra do material necessário para o figurino e a<strong>de</strong>reços à<br />
Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>; pedir apoio ao grupo <strong>de</strong> teatro amador para<br />
a produção da peça; produzir a peça <strong>de</strong> modo a permitir sua apresentação<br />
<strong>em</strong> espaços abertos etc.<br />
4º Momento<br />
Programação operativa (Detalhando as ações)<br />
A partir da re<strong>de</strong>finição das ações <strong>de</strong>stinadas ao alcance dos objetivos<br />
específicos, após a análise da viabilida<strong>de</strong>, elabora-se a programação<br />
operativa, i<strong>de</strong>ntificando-se as ativida<strong>de</strong>s necessárias para a execução das<br />
ações, nomeando os respectivos responsáveis e estabelecendo os prazos.<br />
Se a ação programada for a produção <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> uma peça<br />
teatral sobre as formas <strong>de</strong> prevenção contra a <strong>de</strong>ngue, as ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />
ser: consulta a documentos técnicos sobre a <strong>de</strong>ngue para a elaboração do<br />
texto; produção do cenário e do figurino; ensaios, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cronograma<br />
e <strong>de</strong> locais <strong>de</strong> apresentação etc.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 183<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
O indicador:<br />
É uma medida utilizada<br />
apara verificar uma<br />
<strong>de</strong>terminada situação.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, se a ação<br />
programada for produzir<br />
e apresentar uma peça<br />
teatral sobre as formas<br />
<strong>de</strong> prevenção contra<br />
a <strong>de</strong>ngue, o indicador<br />
po<strong>de</strong> ser o número<br />
<strong>de</strong> apresentações<br />
realizadas.<br />
Para cada ativida<strong>de</strong>, é preciso nomear o responsável, a pessoa que<br />
irá realizá-la efetivamente. No caso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma pessoa envolvida, <strong>de</strong>ve-<br />
-se fazer referência ao coor<strong>de</strong>nador da ativida<strong>de</strong>. O período <strong>de</strong> execução<br />
diz respeito ao t<strong>em</strong>po necessário ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>ve ser registrado sob a forma <strong>de</strong> datas. Por ex<strong>em</strong>plo: <strong>de</strong> 15/03/2011 à<br />
15/04/2011.<br />
5º Momento<br />
Acompanhamento e avaliação da programação operativa<br />
O processo <strong>de</strong> planejamento e programação requer um acompanhamento<br />
contínuo diante das modificações na conjuntura local, estadual e<br />
nacional e das próprias mudanças na realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>correntes da execução dos<br />
objetivos acordados entre atores sociais <strong>em</strong> situação.<br />
Para o acompanhamento e a execução da programação operativa,<br />
sugere-se a utilização <strong>de</strong> indicadores para medir<strong>em</strong> o grau <strong>de</strong> cumprimento<br />
das ações necessário para atingir os objetivos específicos.<br />
Para cada indicador, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar as fontes <strong>de</strong> verificação<br />
dos dados utilizados para a sua formulação, isto é, on<strong>de</strong> eles serão coletados<br />
(<strong>em</strong> relatórios, listas <strong>de</strong> frequência e outros); a periodicida<strong>de</strong> da coleta <strong>de</strong><br />
tais dados (s<strong>em</strong>anal, quinzenal, mensal etc.) e as diversas formas <strong>de</strong> divulgação<br />
dos resultados (murais, boletins, relatórios, apresentações <strong>em</strong> reuniões<br />
com a comunida<strong>de</strong>, Conselho <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
rádio, alto-falante, jornal local etc.). (FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004).<br />
18.2.4 Planejar e Intervir<br />
Como foi visto ao longo <strong>de</strong>ste texto, o processo <strong>de</strong> planejamento<br />
e programação local é parte do trabalho <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e acreditamos que todos<br />
os profissionais <strong>de</strong>ste setor <strong>de</strong>v<strong>em</strong> saber <strong>de</strong>senvolvê-lo junto à sua equipe <strong>de</strong><br />
trabalho, compartilhando todas as etapas para melhor aten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> às <strong>de</strong>mandas<br />
<strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong> sob os seus cuidados.<br />
(..) Para dar respostas efetivas, o planejamento da Vigilância <strong>em</strong><br />
Saú<strong>de</strong> necessita da participação ativa <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas e<br />
exige diálogo, negociação e pactos constantes entre os diferentes atores sociais<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado território para po<strong>de</strong>r atingir seus objetivos.<br />
Por essas singularida<strong>de</strong>s, diz<strong>em</strong>os que ele <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />
estratégico e situacional.<br />
Participativo porque inclui, dialoga e pactua com a comunida<strong>de</strong> e<br />
com outros atores locais interessados na melhoria das condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> daquela população e daquele território.<br />
Estratégico porque, a partir <strong>de</strong> uma análise contínua da realida<strong>de</strong>,<br />
avalia, a cada momento, as condições objetivas que se t<strong>em</strong> – força <strong>de</strong> trabalho,<br />
recursos financeiros, recursos materiais e recursos políticos – a fim <strong>de</strong><br />
ganhar po<strong>de</strong>r e alcançar os resultados <strong>de</strong>sejados.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 184 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
Situacional porque vai buscar <strong>em</strong> cada ator – população, instituições<br />
locais, gestores, organizações sociais envolvidos com um probl<strong>em</strong>a – a<br />
sua opinião, o seu ponto <strong>de</strong> vista sobre o que po<strong>de</strong> estar contribuindo e condicionando<br />
aquela situação que se fez presente e quais as respostas possíveis<br />
que propõ<strong>em</strong> para solucioná-la.<br />
Atenção!<br />
O planejamento e a programação local vão facilitar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do trabalho <strong>em</strong> sua área <strong>de</strong> atuação, permitindo a integração dos<br />
serviços, favorecendo a integralida<strong>de</strong> das ações através <strong>de</strong> intervenções<br />
articuladas com uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> setores (intersetorialida<strong>de</strong>); com profissionais<br />
(multiprofissionalida<strong>de</strong>) e com conhecimento <strong>de</strong> origens diversas<br />
(interdisciplinarida<strong>de</strong>).<br />
18.3 Conclusão<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> planejamento e a prática solicitada<br />
é <strong>de</strong> fundamental importância para vocês cursistas, pois é o momento<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<strong>em</strong> o quanto é possível fazer após meses <strong>de</strong> estudo. A teoria<br />
é muito boa quando é colocada <strong>em</strong> prática, principalmente quando isso se<br />
reverte <strong>em</strong> melhoria da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada população, neste<br />
caso, da população dos territórios escolhidos por vocês.<br />
A experiência dos alunos do Proformar com essa ativida<strong>de</strong> foi surpreen<strong>de</strong>nte<br />
e, acredite, isto t<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> cinco anos, mas muitas comunida<strong>de</strong>s,<br />
até nos dias atuais, trabalham e buscam as suas melhorias baseadas<br />
nesse aprendizado.<br />
Resumo<br />
Na aula <strong>de</strong> hoje foi possível:<br />
• conceituar e <strong>de</strong>screver a importância do planejamento;<br />
• <strong>de</strong>screver por que o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser participativo,<br />
estratégico e situacional;<br />
• elaborar a programação e o planejamento local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Atenção!<br />
Faça contato com o seus tutores e com o professor formador; eles<br />
irão orientá-los <strong>de</strong> modo que vocês compreendam a exata importânxia <strong>de</strong>sta<br />
etapa do trabalho, ajudando-os no conhecimento da situação que será<br />
i<strong>de</strong>ntificada, na <strong>de</strong>finição e formulação do que fazer, como fazer e do acompanhamento<br />
e avaliação das ações da programação operativa. Eles também<br />
ajudarão vocês na organização do material a ser usado no s<strong>em</strong>inário on<strong>de</strong><br />
vocês apresentarão os resultados.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 185<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong><br />
1) O que é planejamento?<br />
2) Falso (F) ou Verda<strong>de</strong>iro (V).<br />
( ) Situação é um conjunto <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as e/ou necessida<strong>de</strong>s tais como são<br />
compreendidos a partir da perspectiva dos atores sociais interessados <strong>em</strong><br />
intervir sobre um <strong>de</strong>terminado recorte da realida<strong>de</strong>.<br />
( ) Probl<strong>em</strong>a é algo consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> para<br />
os atores sociais que estão analisando a situação.<br />
( ) Ator social po<strong>de</strong> ser uma pessoa, um agrupamento humano ou uma<br />
instituição que, <strong>de</strong> forma transitória ou permanente, é capaz <strong>de</strong> agir, produzindo<br />
fatos <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação ou realida<strong>de</strong>.<br />
Trabalho <strong>em</strong> grupo 2.<br />
Agora, <strong>em</strong> grupo, você <strong>de</strong>ve fazer as oficinas para o planejamento <strong>em</strong> saú<strong>de</strong><br />
do seu território. Sei que cada um t<strong>em</strong> um território <strong>de</strong>senhado, mas discuta<br />
entre vocês e veja <strong>em</strong> qual irão <strong>de</strong>senvolver esse trabalho.<br />
As planilhas encontram-se <strong>em</strong> anexo ao material impresso.<br />
L<strong>em</strong>bre-se <strong>de</strong> que o grupo <strong>de</strong>ve ser formado <strong>de</strong>, no máximo, seis pessoas, e<br />
o resultado <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser apresentado no s<strong>em</strong>inário, no momento<br />
presencial, valendo pontos.<br />
Vocês já têm bastantes informações a respeito do TERRITÓRIO, não é verda<strong>de</strong>?<br />
Agora, é só colocar <strong>em</strong> prática o que apren<strong>de</strong>u até aqui.<br />
Qualquer dúvida, não se esqueça <strong>de</strong> que têm os TUTORES e o PROFESSOR<br />
FORMADOR para orientá-los.<br />
Bom Trabalho!<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 186 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
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PROFORMAR, 2004. 127 P. : il – (Série : Material didático do Programa <strong>de</strong> Formação<br />
<strong>de</strong> Agentes Locais <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>). Texto 1: Processo saú<strong>de</strong>-<br />
-doença e a produção <strong>de</strong> social da saú<strong>de</strong>. Texto 2: Informação e diagnóstico<br />
<strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
1º Curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional <strong>de</strong> agentes locais <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Módulo 5.<br />
ISBN 85-98768-098-1<br />
1. Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. 2 Processo saú<strong>de</strong>-doença. Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> informação <strong>em</strong><br />
saú<strong>de</strong>. I. Pal<strong>em</strong>ira, Guido. II.Ortiz, Maria Luíza. III.Iñguez Rojas, Luiza. IV.<br />
Gondim, Grácia Maria <strong>de</strong> Miranda. V. Santos, Simone M. VI. Barcellos, Christovam.<br />
VII. Soares, Márcia. VIII. Título. IX . Série.<br />
CDD362.10425<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 188 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
RODRIGUES, Carlúcia Maria R. e Lima. Dicas para uma apresentação eficaz.<br />
Adaptação: extraído do material organizado pela Profª. Aldina <strong>de</strong> Maia Vicberg,<br />
baseado nos originais elaborados pelos Professores Carlos Alexandre<br />
Rodrigues e João Bosco <strong>de</strong> Castro Araújo. MG, 1997.<br />
ROZEMBERG, Brani et...al. <strong>Educação</strong> e ação comunicativa. Escola Politécnica<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Joaquim Venâncio (Org.) – Rio <strong>de</strong> Janeiro: FIOCRUZ/ENSPEJV/<br />
PRRROFORMAR, 2004. p:128 il. – (Série: Material didático do Programa <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> agentes locais <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>). Textos 1: Comunicação<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>. Texto 2 <strong>Educação</strong> e Saú<strong>de</strong>: compromisso e prática do agente <strong>de</strong><br />
vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
1º Curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Módulo 7.<br />
85-98768-10-3<br />
1. Vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. 2. Comunicação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. 3. <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
4. Trabalho <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong><br />
I. Roz<strong>em</strong>berg, Brani. II. Xavier, Caco. III. Fonseca, Angélica Ferreira. IV. Pereira,<br />
Isabel Brasil. V. Morosini, Márcia Valéria Guimarães Cardoso. VI. Título.<br />
VII. Série.<br />
<strong>Fundamentos</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> 189<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>
Currículo do professor conteudista<br />
Joaquim Francisco <strong>de</strong> Lima<br />
Formado <strong>em</strong> Administração Pública pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Montes<br />
Claros – <strong>Unimontes</strong>;<br />
Graduado <strong>em</strong> Administração - habilitação <strong>em</strong> Gestão <strong>de</strong> Negócios - Faculda<strong>de</strong>s<br />
Santo Agostinho;<br />
Pós Graduação <strong>em</strong> Gestão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública - Faculda<strong>de</strong> do Noroeste <strong>de</strong> Minas<br />
– Finom<br />
Especialista <strong>em</strong> Segurança Alimentar Nutricional para a Saú<strong>de</strong> Indígena – Escola<br />
Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública- ENSP/Fiocruz, RJ.<br />
Funcionário Público Fe<strong>de</strong>ral – ingressou na Superintendência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública<br />
(SUCAM) <strong>em</strong> Julho <strong>de</strong> 1984 <strong>em</strong> Bom Jesus da Lapa Bahia, transferiu-se<br />
par o Distrito Sanitário da Sucam <strong>em</strong> Montes Claros-MG., <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 1994.<br />
Atuou na Gerencia Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (GRS) <strong>de</strong> Montes Claros no período <strong>de</strong><br />
2000 a 2003 on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nou o Programa <strong>de</strong> Controle da Dengue e implantou<br />
o Programa <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e Mobilização Social na GRS e municípios<br />
<strong>de</strong> sua jurisdição.<br />
Retornou ao setor <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> da Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />
Coor<strong>de</strong>nação Regional <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>em</strong> 2003, hoje Superintendência Estadual,<br />
on<strong>de</strong> atua no Setor <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Ambiental.<br />
Professor Conteudista e Professor Formador do Curso <strong>de</strong> Técnico <strong>em</strong> Vigilância<br />
<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> - E-tec Brasil – Uimontes.<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 190 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />
Escola Técnica Aberta do Brasil<br />
e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 192 Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong>