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Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

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Sales Augusto dos Santos<br />

dos negros enquanto seres humanos que tem nos “anestesiado” quanto às<br />

desigualdades raciais. Esses fatos têm um enorme peso no momento de se<br />

decidir sobre qual política adotar para solucionar a discriminação racial a que<br />

estão submetidos os negros.<br />

Contudo, embora a discussão ampla, franca e profunda sobre a questão<br />

racial brasileira ainda sofra fortes resistências no seio da nossa sociedade,<br />

tanto entre os setores conservadores como entre parte significativa dos<br />

setores progressistas, como afirmamos acima, não há dúvidas de ela entrou<br />

na agenda política brasileira após a III Conferência Mundial contra o<br />

Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, que<br />

foi realizada na cidade sul-africana de Durban, no período de 30 de agosto<br />

a 07 de setembro de 2001.<br />

Sob a pressão dos movimentos negros 7 , o governo Fernando Henrique<br />

Cardoso iniciou publicamente o processo de discussão das relações<br />

raciais brasileiras, em 1995, admitindo oficialmente, pela primeira vez<br />

na história brasileira, que os negros eram discriminados. Mais do que<br />

isso, ratificou a existência de discriminação racial contra os negros no<br />

Brasil durante o seminário internacional Multiculturalismo e <strong>racismo</strong>:<br />

o papel da ação afirmativa nos Estados democráticos contemporâneos,<br />

organizado pelo Ministério da Justiça, em 1996. Apesar desse primeiro<br />

passo, de reconhecimento oficial do <strong>racismo</strong> no Brasil, pode-se dizer que<br />

até agosto de 2000 o governo brasileiro não havia empreendido grandes<br />

esforços para que a discussão e implementação de ações <strong>afirmativas</strong><br />

entrasse na agenda política e/ou nacional brasileira. Segundo o professor<br />

José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia da UnB, quatro<br />

anos depois da realização daquele seminário não se via, ainda, nenhuma<br />

ação concreta de implementação de algum tipo de ação afirmativa para<br />

negros na sociedade brasileira por parte do governo 8 .<br />

7 OLIVEIRA, Dijaci David de; LIMA, Ricardo Barbosa de; e SANTOS, Sales Augusto dos. A Cor do Medo:<br />

O Medo da Cor. In: OLIVEIRA, Dijaci David de et al. (Orgs.). A Cor do Medo. Homicídios e relações<br />

raciais no Brasil. Brasília: Editora da UnB, Goiânia: Editora da UFG, 998.<br />

8 CARVALHO, José Jorge. O Sistema de Cotas e a Luta pela Justiça Racial no Brasil. In: Correio Braziliense,<br />

15 de novembro de 1999, p. 16.

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