14.04.2013 Views

Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

23<br />

Sales Augusto dos Santos<br />

de políticas <strong>afirmativas</strong> para negros, o vice-reitor Timothy Mullholland afirmou<br />

que “nossa universidade é branca. Brasília é muito mais mestiça e multirracial do<br />

que a UnB. Temos que ser uma expressão mais fiel da sociedade e ajudar a formar<br />

uma classe média negra com formação universitária” (Correio Braziliense, 27 de<br />

dezembro de 2002, p. 6).<br />

Como se vê, houve um debate intenso sobre a questão racial brasileira no<br />

período supracitado, especialmente no que tange <strong>ao</strong> acesso preferencial para negros<br />

no ensino superior público brasileiro. Algumas vezes este debate foi direto, com<br />

dos um dos interlocutores posicionando-se abertamente contra a posição e/ou<br />

argumentos de outro interlocutor e vice-versa; outras vezes este debate foi indireto,<br />

com um dos interlocutores contrapondo-se <strong>ao</strong>s argumentos de outro, sem citar o<br />

nome de quem estava sendo contra-argumentado. Esta última forma de debate foi<br />

a que prevaleceu, pois raros foram os momentos em que um dos interlocutores<br />

dirigiu-se diretamente a outro para sustentar ou discordar de argumentações acerca<br />

das ações <strong>afirmativas</strong>. Percebe-se também que este debate ocorreu entre vários agentes<br />

sociais importantes que participam do espaço público brasileiro, ou seja, não ficou<br />

restrito <strong>ao</strong>s intelectuais e/ou <strong>ao</strong> meio acadêmico.<br />

Embora se posicionando explicitamente contra as cotas para os negros<br />

ingressarem no ensino superior brasileiro, em certo sentido a grande imprensa<br />

brasileira ajudou a publicizar o debate sobre a questão racial brasileira, bem<br />

como forçou a academia, ou melhor, uma parte significativa dos acadêmicos<br />

brasileiros, a se posicionar a respeito da implementação do sistema de cotas para<br />

negros no vestibular das universidades públicas. O silêncio acadêmico sobre<br />

o tema foi, assim, interrompido e parte significativa de intelectuais do campo<br />

das relações raciais, bem como de outras áreas de pesquisa e conhecimento,<br />

manifestou-se radicalmente contra a implementação de cotas para negros como<br />

uma forma de inserção sócio-racial no ensino público superior.<br />

Este terceiro livro da coleção Educação Para Todos também tem como<br />

objetivo ajudar a publicizar e solidificar a inclusão da questão racial brasileira na<br />

agenda nacional, bem como defender ações <strong>afirmativas</strong> de acesso e permanência<br />

para negros <strong>nas</strong> universidades públicas. Como se verá, é um livro no qual a<br />

totalidade dos autores posiciona-se em defesa de ações <strong>afirmativas</strong> de acesso e de<br />

permanência para os negros no ensino público superior brasileiro. Mais ainda,<br />

é um livro que demonstra que não só o Brasil, mas vários países da América<br />

Latina e do mundo estão discutindo e implementando ações <strong>afirmativas</strong> para<br />

os seus grupos sociais que foram e/ou ainda são discriminados em função de<br />

cor, sexo, origem étnica, racial, entre outros.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!