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Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

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Sales Augusto dos Santos<br />

“Ação afirmativa no Brasil: um debate em curso”, de Carlos Alberto Medeiros,<br />

oferece um panorama da ação afirmativa, do aparecimento dessa expressão nos<br />

Estados Unidos, na década de sessenta, até as medidas recentemente adotadas<br />

no Brasil – e a polêmica por elas suscitada. Mostra também as diferentes<br />

políticas dessa natureza implementadas em diferentes sociedades, incluindo os<br />

precedentes na própria legislação brasileira, bem como discute seus fundamentos<br />

jurídico-filosóficos e apresenta um resumo da discussão que ora se trava, com<br />

os argumentos favoráveis e contrários. Pretende, assim, contribuir para um<br />

debate que, apesar dos termos acalorados com que se costuma travá-lo entre<br />

nós, prossegue marcado pela desinformação.<br />

Os artigos seguintes desta parte do livro, “<strong>Ações</strong> <strong>afirmativas</strong> e diversidade<br />

étnica e racial”, “Branquitude e poder – a questão das cotas para negros” e<br />

“Racismo e imprensa – argumentação no discurso sobre as cotas para negros<br />

<strong>nas</strong> universidades”, de autoria, respectivamente, dos professores doutores Valter<br />

Silvério, Maria Aparecida S. Bento e André Ricardo N. Martins, focalizam em<br />

certa medida, discussões semelhantes às de Medeiros. São textos que visam a<br />

descontruir os argumentos contrários às cotas para os negros nos vestibulares<br />

das universidades públicas brasileiras. Eles buscam mostrar as fragilidades dos<br />

argumentos dos opositores das cotas para negros, as suas visões de mundo<br />

marcadas pela branquitude e fundamentadas mais em cenários imaginados e<br />

opiniões sem evidências concretas, que em dados de pesquisas que as sustentem.<br />

O professor Silvério não só defende cotas para os negros, mas sustenta que<br />

a implementação de ações <strong>afirmativas</strong> deve ser entendida como reparação,<br />

indenização devida pela sociedade brasileira <strong>ao</strong>s negros, ante as injustiças raciais,<br />

entre outras, de que estes foram e ainda são vítimas no Brasil. O seu artigo<br />

tem por objetivo descrever de forma inicial alguns dos aspectos fundamentais<br />

do debate sobre as ações <strong>afirmativas</strong> a partir de autores, de diferentes áreas do<br />

conhecimento, que se preocupam com o tema. Procura, também, localizar alguns<br />

aspectos da implementação das ações no Brasil, inclusive oferecendo um quadro<br />

inicial de ações de promoção da igualdade racial na educação. Em seguida, temos<br />

o artigo da doutora Maria Aparecida S. Bento. Para Bento, os argumentos contra<br />

as cotas para os negros são fundamentados no que ela chama de branquitude,<br />

que é território do silêncio, da negação, da interdição, da neutralidade, do medo<br />

e do privilégio (racial). Mas esse silêncio é tão significante quanto as palavras,<br />

dado que ele cala a defesa de privilégios raciais. Finalizando esta parte do livro,<br />

o professor Ricardo Martins, baseando-se em uma pesquisa na qual logrou o<br />

grau de doutor em lingüística, pela Universidade de Brasília (UnB), apresentanos<br />

um artigo no qual se propõe a examinar o discurso da imprensa sobre a

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