Leite - Engarrafador Moderno
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<strong>Leite</strong><br />
Falhas existem em todos os elos da cadeia,<br />
mas a IN 51 foca no produtor<br />
do País. Ainda assim, ele diz que antes<br />
da IN 51 cerca de 2% do leite<br />
brasileiro inspecionado era descartado,<br />
o que equivalia a 200 milhões de<br />
litros de leite jogados fora por ano.<br />
"Hoje se sabe ao menos quais são<br />
os principais problemas que devem<br />
ser enfrentados: altas contagens<br />
bacterianas e altas contagens de<br />
células somáticas. Os dados disponíveis<br />
também indicam que, atualmente,<br />
há produtores produzindo leite<br />
de qualidade comparável aos melhores<br />
rebanhos do mundo, ou seja,<br />
com menos de 10 mil bactérias e<br />
menos de 200 mil células somáticas<br />
por ml, embora não seja o caso da<br />
grande maioria dos produtores", garante<br />
Brito, explicando ainda que falhas<br />
existem em todos os elos da cadeia<br />
e que a contaminação do leite<br />
pode ocorrer tanto na ordenha, quanto<br />
no armazenamento, transporte e<br />
na própria indústria processadora,<br />
caso as medidas adequadas de higiene<br />
e de refrigeração não sejam<br />
respeitadas. "Mãos sujas do ordenhador,<br />
equipamento de ordenha em<br />
mau funcionamento e mau higienizado,<br />
baldes ou outros recipientes sujos,<br />
mangueiras e tanques mal higie-<br />
nizados são alguns exemplos", diz.<br />
Ele frisa que a responsabilidade<br />
não é apenas do produtor, que geralmente<br />
precisa trabalhar em condições<br />
adversas: é obrigado a refrigerar<br />
o leite a 4 o C, apesar da constante<br />
falta de energia elétrica na zona<br />
rural, e ainda tem que investir em<br />
equipamentos caros e de difícil manutenção.<br />
Enquanto isso, na cidade,<br />
muitas redes varejistas não se preocupam<br />
com a preservação, mantendo<br />
os produtos em temperaturas altas,<br />
geralmente acima de 10 o C, ou<br />
em temperatura ambiente. "Isso pode<br />
ser constatado todos os dias, em<br />
praticamente todas as redes de supermercados<br />
e padarias", adverte.<br />
Falta comprometimento<br />
À indústria, cabe a responsabilidade<br />
de manter a qualidade da matéria<br />
prima durante o processamento,<br />
mas também oferecer orientação e<br />
treinamento para a coleta do leite e<br />
para o transporte das amostras para<br />
avaliação da qualidade, segundo o<br />
especialista. Se a amostra de leite não<br />
é coletada adequadamente e mantida<br />
em condições de refrigeração, por<br />
exemplo, os resultados das análises<br />
podem prejudicar o produtor e ainda<br />
ajudar a traçar um panorama equivocado<br />
sobre o leite brasileiro.<br />
Algumas empresas/laticínios já<br />
implantaram novas tecnologias e<br />
melhoraram seus processos, instituindo<br />
programas de pagamento por<br />
qualidade, criando programas de<br />
melhoramento e incentivando a adoção<br />
de boas práticas nas propriedades<br />
- mas isso não é regra. Além<br />
disso, o foco deve ser o fortalecimento<br />
da cadeia e não apenas de um ou<br />
outro elo. "Falta uma discussão ampla,<br />
envolvendo toda a cadeia - do<br />
produtor ao consumidor - para que<br />
se possa montar um programa realista,<br />
simples e eficiente".<br />
Legislações sobre alimentos são<br />
produzidas com um objetivo primordial<br />
de proteger a saúde da população<br />
e no caso da IN 51 não é diferente,<br />
assegura. Em termos de avanço<br />
na qualidade do leite, é preciso ir<br />
muito além da própria norma, inclusive.<br />
A IN 51 é benéfica e não provocou<br />
redução drástica do número de<br />
produtores ou mesmo a fuga em<br />
massa para o mercado informal, como<br />
se imaginava. Além disso, os limites<br />
determinados são perfeitamente<br />
alcançáveis, desde que se<br />
adotem medidas simples de higiene<br />
e se refrigere o leite o mais rápido<br />
possível logo após a ordenha.<br />
Todas essas medidas devem garantir<br />
um salto na qualidade dos produtos<br />
brasileiros, aumento da vida<br />
de prateleira e melhoria nutricional.<br />
Só é preciso definir alguns ajustes<br />
para adequar as exigências e os limites<br />
às condições reais do campo,<br />
garante ele. "A simples prorrogação<br />
apenas transfere o problema para<br />
mais adiante. É preciso tomar medidas<br />
para mudar o que precisa ser<br />
mudado. Não é um retrocesso, mas<br />
é um sinal de que o que foi feito até<br />
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