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Leite - Engarrafador Moderno

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<strong>Leite</strong><br />

geralmente não se dispõe a pagar por<br />

ela, além de não investir na melhoria<br />

do produtor, via extensão rural.<br />

Já o universo dos produtores, formado<br />

por profissionais e extrativistas<br />

do leite, tem muitas nuances. Para<br />

estes últimos, o leite acaba sendo<br />

um subproduto da criação de bezerros<br />

e apenas uma fonte de renda<br />

extra, portanto não há motivos fortes<br />

o suficiente para demandar melhorias.<br />

Para os produtores que têm<br />

no leite sua fonte de renda, os preços<br />

instáveis não garantem segurança<br />

necessária para implantar melhorias<br />

e a IN 51 acaba sendo vista como<br />

uma imposição do governo e da<br />

indústria. Assim, mesmo o produtor<br />

que é obrigado a investir (compra<br />

tanques, melhora o curral, adquire<br />

ordenhadeira), muitas vezes continua<br />

usando água de qualidade duvidosa<br />

e adota padrões mínimos de<br />

limpeza e higiene. Ou seja, não é<br />

estimulado a rever seus conceitos.<br />

A terceira vertente é o governo que,<br />

focando nas exportações, elabora<br />

“Níveis de qualidade só serão atingidos<br />

quando houver capacitação e treinamento<br />

para produtores”, afirma<br />

Rodrigo Rodrigo Alvim, Alvim, da da CNA<br />

CNA<br />

normas fora da realidade dos produtores<br />

de leite, além de não exercer<br />

fiscalização efetiva sobre os laticínios,<br />

mantendo profissionais qualificados,<br />

mas em número insuficiente. Os programas<br />

de melhoria da qualidade do<br />

leite destinados aos produtores normalmente<br />

beneficiam mais aos laticínios<br />

e às indústrias de máquinas. Apesar<br />

do universo apresentado ser irreal,<br />

nunca a indústria de leite vendeu<br />

tanto tanques de expansão e máquinas<br />

de ordenha desde a aprovação<br />

da IN 51, por exemplo.<br />

Programas de capacitação de<br />

produtores com recursos e cobranças<br />

dessas mesmas indústrias são<br />

raros ou simplesmente permanecem<br />

no papel. Até os laboratórios de referência<br />

treinam para a coleta de acordo<br />

com o interesse dos laticínios, havendo<br />

poucas atividades nos quais<br />

há diálogo ou mesmo a qualificação<br />

continuada dos produtores, afirma.<br />

A falta de articulação promove o<br />

jogo de "empurra", onde cada agente<br />

diz fazer sua parte e impõe às outras<br />

a tarefa de promover as mudanças<br />

no setor, o que acaba comprometendo<br />

toda a cadeia e ainda expõe o produto.<br />

É justamente nesse olho do furacão<br />

que os produtores acabam sendo<br />

jogados agora, explica Lucas. "Os<br />

maiores prejudicados são os produtores<br />

que, pela sua dimensão e distribuição<br />

territorial, acabam sendo vistos<br />

como vilões de um problema que<br />

é de toda a cadeia".<br />

Mesmo a relação entre produtores<br />

e indústria acaba sendo restringida<br />

a comprador/fornecedor, quando<br />

deveria ser de mais parceria e<br />

menos confronto. "Tem que mudar<br />

muito. Ambos têm que se olhar como<br />

parceiros, pois sem leite de qualidade<br />

a indústria perde dinheiro, oportunidades,<br />

e os produtores sem a indústria<br />

deixarão o setor, o que acarreta<br />

prejuízos", esclarece.<br />

A mudança, portanto, implica em<br />

investimento no produtor, coisa que<br />

a indústria e o governo ainda não fizeram,<br />

segundo o especialista. Até<br />

agora os investimentos foram voltados<br />

mais para tecnologia de equipamentos<br />

do que para capacitação dos<br />

produtores. No caso dos limites de<br />

CBT e CCS, a dificuldade é operacional<br />

e o reflexo disso é que mais<br />

produtores deverão abandonar o setor.<br />

"Esse parece ser o desejo de<br />

uma parte da cadeia do leite que,<br />

erroneamente, acredita que dessa<br />

maneira somente os mais 'competentes'<br />

permanecerão", avalia.<br />

A combinação de preços baixos<br />

pagos pelos laticínios com a falta de<br />

fiscalização do governo e a respectiva<br />

falta de consciência dos consumidores<br />

acaba criando outro problema:<br />

o fornecimento direto dos produtores<br />

para pequenas redes de comércio,<br />

como restaurantes e pizzarias.<br />

Lucas diz que embora ilegal, esse<br />

tipo de comércio sequer pode ser<br />

classificado como clandestino, já que<br />

ocorre durante o dia e à vista de todos.<br />

A atuação da vigilância sanitária<br />

nos municípios até existe, mas não é<br />

exatamente como previsto na legislação.<br />

Geralmente, é intensificada quando<br />

há denúncias, o que perdura até<br />

que a notícia caia no esquecimento.<br />

Todo esse cenário de fiscalização<br />

precária, condições mercadológicas<br />

insuficientes e impunidade absoluta<br />

é altamente estimulante para o comercio<br />

ilegal, explica. "É difícil fiscalizar<br />

por falta de estrutura e vontade<br />

política dos governos, que não querem<br />

contrariar interesses em seus<br />

municípios e Estados, nem mesmo<br />

oferecer educação ao consumidor".<br />

Profissionalismo X Lucro<br />

Nesse aspecto, as opiniões também<br />

divergem. Para Maurício Palma<br />

Nogueira, engenheiro agrônomo e consultor<br />

da Bigma, a falta de profissionalismo,<br />

junto com baixa produti-<br />

46 _www.engarrafadormoderno.com.br <strong>Engarrafador</strong> <strong>Moderno</strong>

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