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AnÁLisE<br />
que passou a singrar sob a sigla Chevron,<br />
a Gulg Oil de Pittsburg e a Texaco,<br />
como o nome indica, do Texas), a que<br />
se juntaram o grupo anglo-holandês<br />
Royal Dutch/Shell e a britânica British<br />
Petroleum (BP). O poder destes sete<br />
empórios sobre o mercado era esmagador.<br />
Basta dizer que apenas duas<br />
companhias, a BP e a Shell, controlavam<br />
todo o mercado do Médio Oriente.<br />
Posteriormente, o processo de aproximação<br />
e fusão entre as sete grandes<br />
petrolíferas veio a resumi-las a quatro<br />
grandes operadores. Só que, entretanto,<br />
não só se verifi cou uma reacção<br />
nacionalista contra o império das grandes<br />
companhias, movimento que teve<br />
origem na América Latina e se alargou<br />
à África e à Ásia, como, a partir de 1950,<br />
o mercado passou a refl ectir a acção<br />
de novos protagonistas, as sociedades<br />
independentes, sobretudo europeias<br />
e japonesas, que forçaram os<br />
titãs do sector a baixar os preços em<br />
benefício dos países importadores.<br />
Os europeus, por seu lado, grandes consumidores<br />
e, desde sempre, no que toca<br />
ao mercado petrolífero, dependentes do<br />
poder norte-americano, criaram as suas<br />
empresas estatais, entre as quais avultam<br />
a ENI (Ente Nazionale Idrocarburi)<br />
italiana e a francesa CFP (Compagnie<br />
Française dés Pétroles). A diluição do<br />
poder sobre o mercado e a exploração<br />
de novas regiões petrolíferas fi zeram<br />
descer os preços, ameaçando o rendimento<br />
dos países produtores, que era<br />
calculado, em muitos casos, com base<br />
no preço estabelecido. Daí à criação, em<br />
1960, da OPEP foi um passo. A organização,<br />
que reunia os principais países<br />
produtores, conseguiu evitar a deterioração<br />
dos preços e obteve um êxito assinalável<br />
na sua acção a partir de 1970.<br />
Fig.2 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE PETRÓLEO (Fonte AIE)<br />
2<br />
1.5<br />
1<br />
0.5<br />
0<br />
14 • Junho 2010 - Nº21<br />
Desde então os países produtores, dentro<br />
ou fora da OPEP, vêem ganhando<br />
autonomia, os Estados nacionais afi rmaram<br />
o seu poder no que respeita ao<br />
controlo e exploração dos recursos<br />
naturais existentes nos respectivos territórios<br />
e há mesmo quem já chegue ao<br />
ponto de afi rmar que as antigas superpoderosas<br />
companhias que dominavam<br />
o mercado foram substituídas<br />
por outras, de cariz estatal. Em Março<br />
de 2007, o Financial Times, publicava<br />
um curioso artigo assinado por Carola<br />
Hoyos, sob o sugestivo título “As novas<br />
Sete Irmãs: gigantes do petróleo e do<br />
gás impõem-se sobre os rivais ocidentais”.<br />
Nele se afi rma que um novo naipe<br />
de empresas estatais de países que<br />
não pertencem ao elitista clube dos<br />
designados desenvolvidos “empurrou<br />
para canto e para uma crise existencial<br />
os maiores grupos de energia<br />
cotados nas Bolsas mundiais e que<br />
emergiram das Sete Irmãs originais –<br />
ExxonMobil e Chevron, dos Estados<br />
Unidos, BP e Royal Dutch Shell, da<br />
Europa”. As novas empresas poderosas<br />
no mundo petrolífero apontadas<br />
no texto são a Aramco, da Arábia Saudita,<br />
a Gazprom, da Rússia, a CNPC,<br />
da China, a NIOC, do Irão, a PDVSA,<br />
da Venezuela, a Petrobras, do Brasil<br />
e a Petronas, da Malásia.<br />
Com ou sem redistribuição do poder<br />
sobre o mercado e independentemente<br />
das diferentes projecções que pressagiam<br />
o seu declínio, mais ou menos<br />
célere, o certo é que o petróleo continua<br />
a ser o principal recurso energético<br />
a nível global e a sua produção e<br />
consumo não param de crescer. Já em<br />
1950, após a Segunda Guerra Mundial,<br />
quando o aumento da produção petrolífera<br />
excedeu o de todas as outras<br />
Setembro Outubro Novembro Dezembro<br />
actividades económicas de grande<br />
escala, se produziam duas vezes mais<br />
ramas que em 1945. Em 1960, a produção<br />
duplicava, atingindo 1.000 milhões<br />
de toneladas. Em 1968, atingiam-se<br />
2.000 milhões de toneladas. Em 1973,<br />
os 2.867 milhões e, em 2008, o ano de<br />
todos os recordes em termos de preço<br />
do barril, a produção mundial acercava-se<br />
dos 4.000 milhões de toneladas<br />
(ver Fig.1).<br />
Os mercados globalizaram-se cada<br />
vez mais, com infl uência decisiva na<br />
volatilidade dos preços, a especulação<br />
intensifi cou-se, exemplifi cada pela<br />
existência de largas reservas de petróleo<br />
em barcos estacionados em alto<br />
mar, a exploração encareceu, com os<br />
esforços de prospecção de novas jazidas<br />
a dirigirem-se para camadas cada<br />
vez mais profundas e/ou menos acessíveis,<br />
pelo que aos países produtores,<br />
que têm agora um maior poder sobre<br />
os respectivos recursos, importa salvaguardar<br />
um preço de equilíbrio que<br />
viabilize as prospecções e explorações<br />
em curso e assegure um adequado nível<br />
de receitas. Ao mesmo tempo, há que<br />
não causar constrangimentos aos países<br />
consumidores, os quais acabam<br />
por produzir um efeito “boomerang”,<br />
traduzindo-se numa redução da procura<br />
e, em consequência, na quebra<br />
dos preços.<br />
Se o barril atingiu, em Julho, no pico da<br />
euforia mundial, um valor recorde, passado<br />
apenas um semestre, em Dezembro,<br />
decaía, sob o impacto da crise<br />
internacional decaía, para 35 dólares,<br />
ou seja, perdia mais de 112 dólares…<br />
Foi debaixo da enxurrada da crise mundial<br />
que a OPEP se reuniu, o ano passado,<br />
a 15 de Março, em Viena, sob a<br />
presidência do país neófi to na organi-<br />
O QUE É O CABAZ OPEP<br />
O cabaz de referência da OPEP combina<br />
12 diferentes espécies de petróleo<br />
produzidas pelos seus países membros:<br />
Saharan Blend (Argélia), Girassol<br />
(Angola), Oriente (Equador), Iran Heavy<br />
(Irão), Basra Light (Iraque), Kuwait<br />
Export (Kuwait), Es Sider (Líbia), Bonny<br />
Light (Nigéria), Qatar Marine (Qatar),<br />
Arab Light (Arábia Saudita), Murban<br />
(Emiratos Árabes Unidos) e Merey<br />
(Venezuela).