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DEsPorto<br />
42<br />
ANDEBOL<br />
AS MENINAS DO NOSSO<br />
CONTENTAMENTO<br />
Quem as ouve a falar. Quem tem a possibilidade de as ver<br />
treinar. E quem tem o privilégio de as contemplar, no fundo<br />
das suas almas e no brilho intenso e decidido do seu olhar,<br />
sabe que só pode aceitar, este compromisso<br />
de uma história aos outros contar<br />
Texto: Susana Homem<br />
Fotografi a: Federação Angolana de Andebol<br />
E<br />
foi assim que tudo aconteceu.<br />
No princípio da tarde, o encontro<br />
marcado leva-nos a conhecer<br />
as Meninas do Andebol. Sorrisos cativantes,<br />
corpos esguios e delineados,<br />
personalidades únicas e uma energia<br />
contagiante são características que<br />
cativam de imediato.<br />
Ao todo são dezasseis. As idades diferenciam-se,<br />
como se desigualam também<br />
os anos de nascimento, os meses<br />
e os dias de cada um dos seus bilhetes<br />
de identidade. Nasceram em Luanda,<br />
Benguela, Huíla, Bié e Cabinda.<br />
Têm hobbies diferentes. Muitas apreciam<br />
a leitura, outras preferem passear<br />
e quase todas não dispensam a<br />
música. Também nas cores preferidas,<br />
oscilam, entre o vermelho, o amarelo,<br />
o preto, o azul e o branco. Países<br />
como Itália e Nova Iorque são destinos<br />
de viagens com os quais algumas<br />
continuam a sonhar.<br />
Na equipa complementam-se, e o seu<br />
único objectivo é ganhar. Em cada uma<br />
delas a paixão pelo andebol revelouse<br />
cedo. A mensagem de que as suas<br />
vidas passavam obrigatoriamente<br />
pela modalidade fez com que, desde<br />
logo, ganhassem dentro de si um sentimento<br />
de esforço e de persistência.<br />
Cristina Branco é um bom exemplo<br />
disso. Na altura, os seus pais, receosos<br />
das distâncias que tinha de per-<br />
• Junho 2010 - Nº21<br />
correr, quando ia e quando voltava dos<br />
treinos, temerosos pelo escurecer do<br />
dia, opuseram-se a esta decisão. Hoje,<br />
orgulham-se das suas prestações e<br />
festejam as vitórias de taça na mão.<br />
Curiosamente todas elas são unânimes,<br />
quando se pergunta com quem<br />
gostam de brindar. A resposta igualase<br />
aos seus movimentos em campo,<br />
e de forma rápida e certeira, familiares<br />
e amigos, são os escolhidos pelas<br />
decacampeãs.<br />
E é também assim, com um entusiasmo<br />
inebriante, que agilizam estratégias,<br />
que de repente, de equipamento vestido<br />
e de atacadores de ténis comprometidos,<br />
jovens mulheres se<br />
transformam em atletas grandiosas.<br />
Os treinos são intensos, exigentes, diários<br />
e altamente profissionalizados.<br />
Com apenas o Domingo como único<br />
dia de descanso, as horas que partilham<br />
na quadra confere-lhes a responsabilidade<br />
que têm com a nação,<br />
com os angolanos e consigo próprias.<br />
Todas, sem excepção, sabem que só<br />
com o contributo diário de cada uma<br />
delas é que se pode atingir algo muito<br />
próximo da perfeição.<br />
Trabalham arduamente. Mostram-se<br />
persistentes na coesão do que chamam<br />
de uma verdadeira família.” Vimos do<br />
Petro, do 1º de Agosto, do Asa. Mas<br />
ali somos todas amigas, só com esta<br />
união foi possível trazer o Deca para<br />
Angola”, afirma Lourdes Monteiro.<br />
E é, com esta certeza, que a determinação<br />
incide no discurso de Azenaide<br />
Carlos. “O respeito e a admiração que<br />
nutrimos umas pelas outras é imenso.<br />
Temos crescido juntas. A equipa foi<br />
renovada e o não acreditar de algumas<br />
pessoas reforçou a nossa união”.<br />
UM ELEMENTO UNIFICADOR<br />
Paulo Pereira nasceu em 1965. É um<br />
homem alto, esguio e de porte atlético.<br />
Observado de longe e ouvido de<br />
perto, encontramos algumas semelhanças<br />
com José Mourinho. Possui,<br />
também ele, um espírito de liderança<br />
e de vencedor.<br />
É objectivo, metódico, assertivo e<br />
estudioso. Sente-se nas palavras a