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19/06/1975 - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

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ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Ata da Sexagésima Quinta Reunião Ordinária da Primeira Sessão <strong>Legislativa</strong><br />

Ordinária da Oitava Legislatura.<br />

Realizada em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>75.<br />

Presidência <strong>do</strong> Exmo. Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Carlos Veras.<br />

Aos <strong>de</strong>zenove (<strong>19</strong>) dias <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> junho<br />

<strong>do</strong> ano <strong>de</strong> mil novecentos e setenta e<br />

cinco (<strong>19</strong>75), às quatorze (14) horas e<br />

trinta (30) minutos. Comparecem os<br />

Deputa<strong>do</strong>s Alcir Teixeira, Antônio<br />

Benjamim, Antônio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira,<br />

Assis Pedrosa, Carlos Veras, Edgar Lins,<br />

Edmir Régis, Edson Cantarelli, Ênio<br />

Guerra, Felipe Coelho, Francisco Galvão,<br />

Gilvan <strong>de</strong> Sá Barreto, Honório Rocha, Ivo<br />

Queiroz, José Alfre<strong>do</strong> Coutinho, José<br />

Fernan<strong>de</strong>s, José Liberato, José<br />

Men<strong>do</strong>nça, Lívio Valença, Manoel<br />

Gilberto, Marcus Cunha, Martiniano Lins,<br />

Maviael Cavalcanti, Moury Fernan<strong>de</strong>s<br />

Sobrinho, Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>, Osval<strong>do</strong><br />

Rabelo, Paulo Men<strong>do</strong>nça, Roberval Lins<br />

Pinto, Severino Cavalcanti, Vital Novaes,<br />

Walfre<strong>do</strong> Siqueira e Wan<strong>de</strong>nkolk<br />

Wan<strong>de</strong>rley. Faltam os Deputa<strong>do</strong>s Mário<br />

Monteiro e Moacyr André Gomes. Em<br />

missão oficial, os Deputa<strong>do</strong>s Almeida<br />

Filho, Argemiro Pereira, Au<strong>do</strong>mar Ferraz,<br />

José Ramos, Manuel Aroucha Filho,<br />

Ribeiro Go<strong>do</strong>y e Roberto Freire.<br />

Licencia<strong>do</strong> nos termos da Resolução Nº<br />

914, <strong>de</strong> 11.<strong>06</strong>.75, o Deputa<strong>do</strong> Ferreira<br />

Lima Filho. Ocupam, respectivamente, as<br />

Ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> Primeiro e Segun<strong>do</strong><br />

Secretários, os Deputa<strong>do</strong>s Antônio<br />

Benjamim e Alcir Teixeira.<br />

O Sr. PRESIDENTE - Haven<strong>do</strong> número<br />

legal <strong>de</strong> Srs. Deputa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>claro aberta a<br />

Reunião.<br />

Passa-se à leitura da Ata da Reunião<br />

anterior.<br />

(O Sr. 2º Secretário lê a Ata.)<br />

O Sr. PRESIDENTE - Está em discussão<br />

a Ata que acaba <strong>de</strong> ser lida.<br />

(Pausa.)<br />

Não haven<strong>do</strong> quem peça a palavra, <strong>do</strong>u-a<br />

por aprovada.<br />

Passa-se à leitura <strong>do</strong> Expediente.<br />

(O Sr. 1º Secretário lê o Expediente.)<br />

EXPEDIENTE<br />

OFÍCIO Nº 163/75 - DO DIRETOR<br />

PRESIDENTE DA COMPESA,<br />

respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao apelo conti<strong>do</strong> na<br />

Indicação Nº 332, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong><br />

Francisco Galvão.<br />

TELEGRAMAS - DOS PRESIDENTES<br />

DAS ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS<br />

DOS ESTADOS DE MATO GROSSO E<br />

PARÁ, agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste<br />

Po<strong>de</strong>r, as atenções recebidas <strong>de</strong> S. Exa.,<br />

por ocasião da reunião <strong>do</strong> Conselho da<br />

U.P.I., em Brasília.<br />

OFÍCIO S/N - DO DEPUTADO CARLOS<br />

SANTOS, agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a esta<br />

Assembléia, a transcrição nos Anais, <strong>do</strong><br />

seu pronunciamento na Câmara Fe<strong>de</strong>ral,<br />

em face <strong>do</strong> Requerimento <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong> Antônio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira.<br />

OFÍCIO Nº 040/75 - DO CAPITÃO<br />

SEBASTIÃO GONÇALVES PEREIRA, DA<br />

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO<br />

ESPÍRITO SANTO, agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> em<br />

nome <strong>do</strong> Comandante Geral, o convite<br />

envia<strong>do</strong> por esta Assembléia e informan<strong>do</strong><br />

que em conseqüência <strong>de</strong> compromissos<br />

anteriormente assumi<strong>do</strong>s, não foi possível<br />

comparecer a reunião solene em que esta<br />

Casa homenageou o sesquicentenário da<br />

criação da Polícia Militar <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

OFÍCIO S/N - DO 1º SECRETÁRIO DA<br />

CÂMARA MUNICIPAL DE SERRA<br />

TALHADA, encaminhan<strong>do</strong> a esta<br />

Assembléia, cópia <strong>do</strong> Decreto <strong>de</strong><br />

Resolução Nº 03/73, <strong>de</strong> 17.04.73, da<br />

Comissão Executiva daquela Câmara.<br />

OFÍCIO Nº 243 - DO SECRETÁRIO<br />

GERAL DO MINISTÉRIO DA<br />

PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL,<br />

respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao apelo formula<strong>do</strong> pelo<br />

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540<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Deputa<strong>do</strong> Gilvan <strong>de</strong> Sá Barreto, através<br />

<strong>de</strong> Indicação <strong>de</strong> sua autoria.<br />

OFÍCIO S/N - DO 1º SECRETÁRIO DA<br />

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DO PARANÁ, encaminhan<strong>do</strong> a<br />

esta Casa um exemplar <strong>do</strong> livro Sistema<br />

Constitucional <strong>do</strong> Paraná.<br />

OFÍCIO Nº 321 - DO SECRETÁRIO DO<br />

GOVERNO, <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> a esta<br />

Assembléia, <strong>de</strong>vidamente sancionada nos<br />

termos <strong>do</strong> Art. 36 da Constituição <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, a Lei Nº 6883.<br />

O Sr. PRESIDENTE - Passa-se ao<br />

Pequeno Expediente.<br />

Tem a palavra o Deputa<strong>do</strong> Nival<strong>do</strong><br />

Macha<strong>do</strong>.<br />

O Sr. NIVALDO MACHADO - Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte e Srs. Deputa<strong>do</strong>s, a li<strong>de</strong>rança<br />

da Arena encaminhará à Mesa Indicação<br />

dirigida ao Chefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que sejam<br />

atendidas as reivindicações <strong>do</strong>s<br />

servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> nível universitários, contidas<br />

em memorial dirigi<strong>do</strong> à Secretaria <strong>de</strong><br />

Administração. Parece justa o que<br />

pleiteiam aqueles servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> nível<br />

universitário pois, na forma da legislação<br />

vigente, na hipótese da aposenta<strong>do</strong>ria, um<br />

funcionário <strong>de</strong> nível universitário terá os<br />

seus proventos sensivelmente reduzi<strong>do</strong>s.<br />

De mo<strong>do</strong> que tem toda procedência o<br />

pedi<strong>do</strong> e, estamos certos <strong>de</strong> que o<br />

Governa<strong>do</strong>r examinan<strong>do</strong> o problema<br />

constante da legislação em vigor, <strong>de</strong>ferirá<br />

o pleito daqueles servi<strong>do</strong>res.<br />

A Indicação visa exatamente este objetivo,<br />

o <strong>de</strong> amparar, <strong>de</strong> ajudar <strong>de</strong> reforçar o<br />

pleito, <strong>de</strong>sta categoria <strong>de</strong> Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Outro assunto que <strong>de</strong>sejaria tratar na<br />

reunião <strong>de</strong> hoje, é o referente à produção<br />

<strong>de</strong> petróleo no Brasil. O Ministro <strong>de</strong> Minas<br />

e Energia - Shigeak Uek - anunciou, com<br />

bases nas prospecções feitas até o<br />

momento pela empresa - pela<br />

PETROBRÁS - que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos<br />

anos o Brasil atingirá a auto-suficiência na<br />

produção <strong>do</strong> petróleo. Isto equivale a uma<br />

notícia que abre, sem dúvidas, as maiores<br />

perspectivas para o povo brasileiro,<br />

porque to<strong>do</strong>s sabemos a importância <strong>do</strong><br />

petróleo num processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico: o que vale, o<br />

que representa e o consumo da energia. E<br />

se nós temos pela frente a perspectiva da<br />

produção <strong>de</strong> petróleo suficiente para o<br />

consumo nacional, nós só po<strong>de</strong>mos é<br />

antever dias <strong>de</strong> maior progresso, <strong>de</strong> maior<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida para o povo, porque <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

II Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento ora<br />

em execução, o Governo - ninguém tem<br />

dúvida disso - quer promover a mais justa<br />

redistribuição da renda. E se <strong>de</strong>seja fazêlo<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s com as atuais,<br />

melhores condições, terá amanhã se nós<br />

realmente atingirmos a auto-suficiência<br />

como tu<strong>do</strong> indica.<br />

De mo<strong>do</strong> que esta notícia <strong>de</strong>ve ser<br />

acolhida nesta Casa com a maior euforia,<br />

com euforia justa <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>seja ver<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> pouco tempo este país atingir<br />

um nível <strong>de</strong> progresso capaz <strong>de</strong> uma<br />

economia humana melhorar a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida não <strong>de</strong> minoria, não <strong>de</strong> grupos,<br />

mas <strong>de</strong> todas as camadas da população<br />

brasileira. O petróleo explora<strong>do</strong> através <strong>do</strong><br />

monopólio estatal, opção pela qual aditou<br />

o Brasil, diferentemente, por exemplo, <strong>do</strong><br />

que ocorreu na América ao Norte, on<strong>de</strong><br />

essa produção foi orientada, foi executada<br />

pela empresa privada. No Brasil nós<br />

optamos, em boa hora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma<br />

campanha popular, <strong>de</strong>spertou a<br />

consciência <strong>de</strong> todas as classes sociais<br />

neste país, uma campanha em que se<br />

engajaram civis e militares, enfim to<strong>do</strong><br />

povo brasileiro, no propósito <strong>de</strong> que a<br />

exploração <strong>do</strong> ouro negro se fizesse<br />

através <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, através <strong>do</strong> monopólio<br />

estatal. Hoje, quan<strong>do</strong> as prospecções que<br />

se entrega com toda ênfase, a Petrobrás,<br />

indicam <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> positivo, indícios <strong>de</strong><br />

produção suficiente para o consumo.<br />

Nós só po<strong>de</strong>mos receber esta notícia<br />

dada hoje publicamente pelo Ministro <strong>de</strong><br />

Minas e Energia, com a maior satisfação,<br />

com o maior júbilo. Saudamos, portanto,<br />

aqui, esta boa nova, não como meio<br />

apenas <strong>de</strong> promover um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

que se exaurisse apenas na dimensão<br />

econômica, mas acolhemos essas<br />

providências e essa notícia como uma<br />

oportunida<strong>de</strong> a mais para que possamos


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

acreditar que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

brasileiro, cada vez mais adquirirá a<br />

dimensão social e a dimensão humana.<br />

Petróleo no Brasil usa<strong>do</strong> para o progresso<br />

brasileiro, para o progresso nacional,<br />

também servirá ao povo, servirá para<br />

aquinhoar melhor todas as camadas da<br />

população. Assim nós teremos então <strong>de</strong><br />

exigir um sacrifício menor <strong>do</strong> que aquele<br />

que até o momento vem sen<strong>do</strong> exigi<strong>do</strong> a<br />

todas as camadas da população. Se nós<br />

não dispomos <strong>de</strong> petróleo em quantida<strong>de</strong><br />

suficiente para as nossas necessida<strong>de</strong>s,<br />

nós estamos pagan<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento um preço muito eleva<strong>do</strong>,<br />

e parte <strong>de</strong>sse preço é exatamente exigi<strong>do</strong><br />

das camadas assalariadas, <strong>do</strong> homem<br />

comum <strong>do</strong> povo.<br />

De mo<strong>do</strong> que, na medida em que a<br />

produção <strong>de</strong> petróleo, como está previsto<br />

aumentar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a aten<strong>de</strong>r as entida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> consumo, nós só po<strong>de</strong>mos admitir que<br />

o petróleo brasileiro sirva na verda<strong>de</strong><br />

como riqueza, sirva ao povo <strong>de</strong>ste país.<br />

Eram essas as palavras que a li<strong>de</strong>rança<br />

da Arena <strong>de</strong>sejava aqui pronunciar, para<br />

expressar a sua alegria, a sua euforia em<br />

face da notícia dada hoje pelo Ministro<br />

Shigeak Ueki. Dentro <strong>de</strong> pouco tempo<br />

este país ser auto-suficiente em petróleo,<br />

face a exploração <strong>do</strong> ouro negro aqui em<br />

terras brasileiras. Isto evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>ve<br />

motivar o brasileiro a um esforço maior,<br />

<strong>de</strong>ve motivar o Governo a uma <strong>de</strong>dicação<br />

cada vez maior e esforço que o brasileiro<br />

vem dan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação, e que vem<br />

sen<strong>do</strong> a tônica <strong>do</strong> Governo Estadual, no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> num trabalho comum com a<br />

ajuda ou sem ajuda exterior, num trabalho<br />

comum chegaremos àquele objetivo que e<br />

a meta aquele objetivo <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s<br />

nós riqueza e a sua justa distribuição com<br />

o povo brasileiro.<br />

(O ora<strong>do</strong>r apresenta e justifica os<br />

seguintes Requerimentos):<br />

REQUERIMENTO Nº 461<br />

Requeremos à Mesa, cumpridas as<br />

disposições regimentais, a inserção, nos<br />

Anais da Casa, <strong>do</strong> editorial <strong>do</strong> “Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio”, edição <strong>de</strong> hoje, intitula<strong>do</strong><br />

“Censura Teatral”, quer pela atualida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

problema, quer pelo equilíbrio com que foi<br />

enfoca<strong>do</strong>.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong><br />

(A transcrição, ora pedida, tem o seguinte<br />

teor):<br />

“CENSURA TEATRAL<br />

Convenhamos, <strong>de</strong> início, em que a<br />

palavra “censura” não é simpática. Mas,<br />

não há liberda<strong>de</strong> sem responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Como não po<strong>de</strong> nem <strong>de</strong>ve haver uma<br />

liberda<strong>de</strong> excessiva para tu<strong>do</strong>, em<br />

qualquer senti<strong>do</strong>, por que, na hipótese,<br />

teríamos não a <strong>de</strong>sejada liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pensamento e <strong>de</strong> comunicação, mas a<br />

licença, que é outra coisa.<br />

Vejamos, no caso a censura teatral.<br />

Certamente, o autor teatral gostaria que a<br />

sua criação fosse isenta <strong>de</strong> censura,<br />

assim como outros cria<strong>do</strong>res em outros<br />

gêneros. Mas o que estamos ven<strong>do</strong>, no<br />

nosso País? Simplesmente o seguinte: o<br />

abuso da pornografia, como se nisso<br />

estivesse o gosto da cena, o tom <strong>de</strong><br />

elevação da arte dramática. Observa-se<br />

até que certos atores vão ao palco e<br />

dizem que a censura cortou tais coisas,<br />

que enumera; o que é uma maneira <strong>de</strong><br />

dizer o que a censura havia proibi<strong>do</strong>. E<br />

tu<strong>do</strong> tem ataca<strong>do</strong> por isso mesmo, isto é,<br />

a censura, que, em casos como esse, age<br />

acertadamente, fica <strong>de</strong>smoralizada. As<br />

platéias (conforme sejam, está claro)<br />

acham uma infinita graça nessas coisas. E<br />

on<strong>de</strong> está a <strong>de</strong>cência <strong>do</strong> espetáculo?<br />

Fala-se contra a censura. É possível que<br />

seja exagerada em alguns casos. Mas<br />

ninguém que tenha bom senso, que<br />

<strong>de</strong>seje o aprimoramento <strong>do</strong>s costumes,<br />

que pretenda ver a Nação brasileira imune<br />

<strong>de</strong> certos <strong>de</strong>sgastes morais, que a vem<br />

<strong>de</strong>vastan<strong>do</strong>, há <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, em sã<br />

consciência, essa onda <strong>de</strong> pornografia<br />

organizada e conduzida para a<br />

<strong>de</strong>gradação moral da socieda<strong>de</strong> e que<br />

vem fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro - como <strong>de</strong> outros<br />

palcos - instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito à<br />

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542<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

nossa formação.<br />

Se os que acusam a censura <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>smandada ou mal orientada quiserem<br />

pensar sério no problema, não <strong>de</strong>vem<br />

esquecer que o teatro - como também a<br />

Televisão, cinema, o Rádio - são<br />

elementos <strong>do</strong> progresso que andam em<br />

perigo: o perigo da <strong>de</strong>formação mais<br />

completa <strong>do</strong>s seus objetivos. Para evitar<br />

tu<strong>do</strong> isso, que está à vista, existe uma<br />

censura. Não vamos levar as nossas<br />

exigências <strong>de</strong>mocráticas - que não po<strong>de</strong>m<br />

resvalar em excessos <strong>de</strong> liberalida<strong>de</strong> - a<br />

ponto <strong>de</strong> não haver qualquer prevenção<br />

contra a maré montante da pornografia e<br />

da erotomania que inva<strong>de</strong> a literatura, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> geral. Porque, na hipótese, não<br />

estaríamos diante da Democracia, que<br />

to<strong>do</strong>s queremos, mas diante duma<br />

indústria ren<strong>do</strong>sa para o ator e prejudicial<br />

para o público.<br />

Acentue-se que esse ator é sempre o<br />

profissional, que, já um tanto gasto e<br />

supera<strong>do</strong>, geralmente recorre ao gênero<br />

erótico, às vezes <strong>de</strong> baixo calão, para<br />

fazer a vida ou salvar-se <strong>do</strong> completo<br />

fracasso. Pois que uma coisa temos <strong>de</strong><br />

reconhecer - o que está salvan<strong>do</strong> o teatro<br />

brasileiro <strong>de</strong> semelhante abastardamento<br />

é o ama<strong>do</strong>rismo. Os ama<strong>do</strong>res fazem arte<br />

séria e autêntica. Não precisam <strong>de</strong> piadas<br />

grosseiras para sobreviver.<br />

O problema é da maior importância até<br />

porque, como se está ven<strong>do</strong>, a onda<br />

pornográfica, no teatro, é um insulto cada<br />

vez maior â sensibilida<strong>de</strong> das platéias.<br />

Não se diga que isso agrada mais: <strong>do</strong> que<br />

qualquer outro tipo <strong>de</strong> teatro. Não,<br />

Segun<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>res bem informa<strong>do</strong>s,<br />

no Sul <strong>do</strong> País tal teatro (o pornográfico)<br />

anda <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong> em crise. Que ocorre,<br />

então? Os artistas - conforme a expressão<br />

<strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>les - vêm “fazer o Norte”, isto<br />

é, vêm explorar o nosso público e,<br />

infelizmente, encontram certa<br />

receptivida<strong>de</strong>. Se a censura não é <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

simpática, como parece aos mais liberais,<br />

a pornografia não é o nosso gosto. A<br />

censura tem que pôr um termo a esse mal<br />

irremediável, pois penetra no especta<strong>do</strong>r<br />

para dissolver nele o bom gosto e até o<br />

bom senso.”<br />

REQUERIMENTO Nº 453<br />

Requeremos à Mesa, atendidas as<br />

exigências regimentais, seja consigna<strong>do</strong>,<br />

na Ata da reunião <strong>de</strong> hoje, um voto <strong>de</strong><br />

aplausos ao Sr. Governa<strong>do</strong>r Moura<br />

Cavalcanti, extensivo ao Secretário<br />

Gustavo Krause, da Fazenda, pela<br />

<strong>de</strong>cisão, não só <strong>de</strong> antecipar o pagamento<br />

aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, como por haver<br />

autoriza<strong>do</strong> o pagamento <strong>do</strong> 13º mês e <strong>de</strong><br />

atrasa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável parcela <strong>do</strong><br />

funcionalismo público.<br />

Da <strong>de</strong>cisão da Casa, dê-se conhecimento<br />

àquelas autorida<strong>de</strong>s.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong><br />

O Sr. PRESIDENTE - Com a palavra, o<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Assis Pedrosa.<br />

O Sr. ASSIS PEDROSA - Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s, várias vazes tive a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupar a Tribuna <strong>de</strong>sta<br />

Casa, para me referir a problemas <strong>do</strong><br />

funcionalismo público <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Ainda ontem eu me referi aqui a um<br />

problema também liga<strong>do</strong> ao funcionalismo<br />

público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, que é<br />

o não pagamento <strong>de</strong> professores <strong>do</strong><br />

Ginásio Estadual <strong>do</strong> município <strong>de</strong><br />

Surubim.<br />

Pedimos ao Governo que a Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação e Cultura, autorize o<br />

pagamento <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s professores,<br />

mas nesta tar<strong>de</strong> nós voltamos à Tribuna<br />

da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, para fazer um<br />

novo apelo ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, para<br />

fazer um novo apelo ao Secretário da<br />

Fazenda <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

porque, Sr. Presi<strong>de</strong>nte e Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

nós que aqui estamos, somos<br />

representantes <strong>do</strong> povo, nós que aqui<br />

estamos falan<strong>do</strong> em nome <strong>do</strong> povo <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, nós que aqui estamos com<br />

a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r esse povo<br />

e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r também os funcionários<br />

públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, não<br />

po<strong>de</strong>mos ficar cala<strong>do</strong>s, não po<strong>de</strong>mos<br />

silenciar no momento em que esta classe


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

está precisan<strong>do</strong> da voz e <strong>do</strong> bra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Deputa<strong>do</strong>s.<br />

Razão por que trago nesta tar<strong>de</strong>, um<br />

Requerimento <strong>de</strong> apelo ao Sr. Governa<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que man<strong>de</strong>,<br />

autorize a Secretaria da Fazenda,<br />

provi<strong>de</strong>nciar o pagamento que <strong>de</strong>veria ter<br />

si<strong>do</strong> feito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>do</strong> ano<br />

passa<strong>do</strong>, o pagamento <strong>do</strong> 13º mês <strong>do</strong><br />

funcionalismo contrata<strong>do</strong> sobre o regime<br />

<strong>do</strong> C.L.T..<br />

Nós sabemos que este pessoal, e to<strong>do</strong>s<br />

os servi<strong>do</strong>res sob o regime C.L.T. até o<br />

momento não receberam o 13º. O<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral, já autorizou está<br />

pagamento, todavia, o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, ainda continua <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>,<br />

seis meses já passaram da data em que<br />

<strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong> pago, <strong>de</strong>zembro <strong>do</strong> ano<br />

passa<strong>do</strong>, nós sabemos que o décimo<br />

terceiro mês e justamente uma ajuda para<br />

que os funcionários na época das festas<br />

natalinas se sintam mais à vonta<strong>de</strong>,<br />

recebam mais dinheiro e<br />

conseqüentemente, tenham possibilida<strong>de</strong>,<br />

tenham condições <strong>de</strong> fazer uma feira<br />

maior. Mas, infelizmente o Governo <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> não vê essa necessida<strong>de</strong>,<br />

não vê esta obrigação, porque não<br />

cumpriu a lei e, não com esta a obrigação,<br />

o nosso Governo dá um péssimo<br />

exemplo, porque enseja também a<br />

oportunida<strong>de</strong> para que industriais, para<br />

que empresas <strong>de</strong>ixem também à pagar o<br />

décimo terceiro mês <strong>do</strong>s seus<br />

funcionários, alegan<strong>do</strong> que não têm<br />

condições. Eu acredito que a falta <strong>de</strong><br />

condições seja a única alegação que o<br />

Governo tem para fazer, até o presente<br />

momento, sobre o pagamento <strong>do</strong> décimo<br />

terceiro mês aos servi<strong>do</strong>res públicos. Daí<br />

por que, <strong>de</strong>ixo o nosso apelo e esperamos<br />

que o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que o<br />

Secretário da Fazenda, busque uma<br />

solução, busque uma maneira para pagar<br />

o décimo terceiro mês aos servi<strong>do</strong>res<br />

contrata<strong>do</strong>s sob o regime <strong>de</strong> CLT. E,<br />

voltamos mais uma vez a nos <strong>de</strong>bater<br />

com referência ao problema <strong>do</strong> aumento<br />

<strong>do</strong> funcionalismo público <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

aumento que nós estamos aguardan<strong>do</strong> e<br />

que tantos funcionários já estão até<br />

per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a esperança, já estão até<br />

acreditan<strong>do</strong> que o Governo esqueceu. O<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral já <strong>de</strong>u o aumento há<br />

vários dias e agora mesmo, já se<br />

preocupa em criar o décimo quarto<br />

salário, enquanto o Governo <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> não se preocupe, nem<br />

sequer, em pagar o décimo terceiro. Mas,<br />

nós aqui voltamos a cobrar, nós aqui<br />

voltamos a falar, pedir ao Governa<strong>do</strong>r que<br />

ouça o apelo que esta Assembléia tem<br />

feito através <strong>de</strong> seus Deputa<strong>do</strong>s, através<br />

da representação da Arena, como foi feito<br />

pelo Deputa<strong>do</strong> Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>, através<br />

<strong>do</strong> MDB, como foi feito aqui pelo<br />

Deputa<strong>do</strong> Roberto Freire, e enfim, to<strong>do</strong>s<br />

os Deputa<strong>do</strong>s têm-se empenha<strong>do</strong> nesta<br />

luta para sensibilizar o Governo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ele procure<br />

sentir, procure ver as dificulda<strong>de</strong>s que<br />

estão viven<strong>do</strong> nos dias atuais, os<br />

funcionários públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>. E, esperamos que o<br />

Governo, pare e examine essa situação e<br />

veja que realmente nós não po<strong>de</strong>mos<br />

continuar assim, to<strong>do</strong> dia nós estamos<br />

registran<strong>do</strong> aumentos. Ontem mesmo, ou<br />

nesta semana, foi aumentada a tarifa <strong>do</strong><br />

trem, a passagem <strong>do</strong> trem, alegan<strong>do</strong> que<br />

havia “déficit” na Re<strong>de</strong> Ferroviária. Como<br />

nós sentimos, só existe “déficit” nessas<br />

empresas, quan<strong>do</strong> a Re<strong>de</strong> Ferroviária<br />

sente que <strong>de</strong>ve aumentar as passagens<br />

<strong>do</strong>s trens, ela aumenta, quan<strong>do</strong> as<br />

empresas <strong>de</strong> ônibus sentem que <strong>de</strong>vem<br />

aumentar as passagens <strong>de</strong> ônibus,<br />

aumentam também, e só o povo, só o<br />

funcionário, só o emprega<strong>do</strong> é que não<br />

tem “déficit”, e se tem este “déficit” o<br />

Governo não reconhece. Tu<strong>do</strong> aumenta,<br />

mas esquece o Governo <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

<strong>de</strong> aumentar o salário <strong>do</strong> funcionalismo<br />

público; nós estamos cobran<strong>do</strong> e<br />

esperamos que haja compreensão,<br />

esperamos que o Governo <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> sinta que realmente nós não<br />

po<strong>de</strong>mos continuar como está. Não é<br />

possível que uma professora, ela que é<br />

responsável pela formação da nossa<br />

juventu<strong>de</strong>, esteja receben<strong>do</strong> tão pouco,<br />

receben<strong>do</strong> até, três vezes menos <strong>do</strong> que o<br />

solda<strong>do</strong> da Polícia, a uma professora que<br />

tem luta<strong>do</strong>, uma professora que passa<br />

tanto tempo estudan<strong>do</strong>, justamente para<br />

exercer esta tarefa difícil que é preparar a<br />

juventu<strong>de</strong> para que amanhã nós<br />

543


544<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

tenhamos um Brasil realmente<br />

progressista, nós tenhamos um Brasil<br />

on<strong>de</strong> os seus homens tenham fé no futuro<br />

e os seus homens tenham mentalida<strong>de</strong><br />

formada. É um papel difícil, que é<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelas professoras <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, todavia, o<br />

Governo não vi isso, a Secretaria da<br />

Fazenda não senti isso, e o que é que<br />

estamos ven<strong>do</strong>? É uma professora<br />

receben<strong>do</strong> um salário três vezes menor <strong>do</strong><br />

que o salário <strong>do</strong> Solda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia. Um<br />

motorista <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> por exemplo está<br />

receben<strong>do</strong> um salário que correspon<strong>de</strong> à<br />

meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um salário <strong>de</strong> qualquer<br />

motorista ai afora. O que estamos<br />

verifican<strong>do</strong> é que o Esta<strong>do</strong> se está<br />

sentin<strong>do</strong> esse problema, não está<br />

toman<strong>do</strong> conhecimento o que é<br />

lamentável. Dai porque damos hoje a<br />

<strong>de</strong>vida atenção a este problema e sempre<br />

tenho compareci<strong>do</strong> a esta Tribuna, a esta<br />

Assembléia para solicitar <strong>do</strong> Governo que<br />

faça um reexame da situação, que<br />

procure dar ao funcionalismo público <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, um salário compatível com o<br />

crescente índice <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> vida<br />

brasileiro. Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

temos aqui uma outra Indicação, esta que<br />

tem como objetivo con<strong>de</strong>nar a ação que<br />

vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvida pela Polícia<br />

Ro<strong>do</strong>viária em nosso Esta<strong>do</strong>, que<br />

continua perseguin<strong>do</strong> os motoristas <strong>de</strong><br />

Kombis e <strong>de</strong>mais veículos que<br />

transportam passageiros <strong>do</strong> Interior <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, para o Recife. Esta providência<br />

por parte <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res públicos. Eles<br />

alegam sempre é te que lá, ninguém po<strong>de</strong><br />

transportar os passageiros <strong>do</strong> Interior para<br />

a capital, só as empresas <strong>de</strong> ônibus tem<br />

este direito, enquanto nós sabemos que<br />

várias cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Interior não possuem<br />

ônibus e quan<strong>do</strong> passa um ônibus, é um<br />

por dia ou um em cada <strong>do</strong>is dias. Este<br />

exemplo temos no município <strong>de</strong> Bom<br />

Jardim, on<strong>de</strong> não existe empresa <strong>de</strong><br />

ônibus e on<strong>de</strong> trafega apenas um por dia<br />

para transportar passageiros que <strong>de</strong>sejam<br />

vir à Recife. Quan<strong>do</strong> por lá passam esses<br />

carros, já passam lota<strong>do</strong>s, não comportam<br />

mais passageiros algum, e hoje, a Polícia<br />

Ro<strong>do</strong>viária não está enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tal<br />

problema e, se está enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, está<br />

fazen<strong>do</strong> vistas grossas, continua<br />

perseguin<strong>do</strong>, continua pren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

carros e todas as kombis que passam<br />

pelo Posto <strong>de</strong> Polícia, transportan<strong>do</strong><br />

passageiros. Ali ficam <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s, os<br />

passageiros tem que arranjar um novo<br />

transporte ou apanhar um ônibus para<br />

po<strong>de</strong>r continuar e sua viagem. O que<br />

vemos, é que não existe interesse por<br />

parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em minorar esse<br />

sofrimento <strong>do</strong>s passageiros que, em sua<br />

comunida<strong>de</strong>, em sua cida<strong>de</strong> não têm<br />

meios <strong>de</strong> transportes e o sofrimento <strong>do</strong>s<br />

proprietários das kombis, que vivem num<br />

Esta<strong>do</strong> pobre como é o nosso, que tem<br />

uma agricultura falida, e buscam uma<br />

maneira <strong>de</strong> sobreviver. O Esta<strong>do</strong> ao invés<br />

<strong>de</strong> ajudar, procura perseguir, o Esta<strong>do</strong>, ao<br />

invés <strong>de</strong> ajudar procura impedir que esses<br />

pais <strong>de</strong> família tenham o pão <strong>de</strong> cada dia.<br />

Dai, o Esta<strong>do</strong> procura tirar, perseguin<strong>do</strong><br />

com a Policia Ro<strong>do</strong>viária, procura privar<br />

esses homens <strong>de</strong>sse meio <strong>de</strong><br />

sobrevivência. Deixemos aqui o nosso<br />

protesto, e fazemos o nosso apelo ao<br />

Departamento da Polícia Ro<strong>do</strong>viária <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, para que acabe com essa<br />

perseguição, para que <strong>de</strong>ixa esses pais<br />

<strong>de</strong> família em cuja comunida<strong>de</strong> não há<br />

ônibus, para que possam viajar da sua<br />

cida<strong>de</strong> até Recife, em kombis Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, não custa<br />

nada, ao fazer isto, é bastante apenas que<br />

o Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> não se <strong>de</strong>ixe<br />

influenciar pelos proprietários das gran<strong>de</strong>s<br />

empresas <strong>de</strong> ônibus como vem ocorren<strong>do</strong><br />

atualmente.<br />

(O ora<strong>do</strong>r apresenta e justifica a seguinte<br />

Indicação):<br />

INDICAÇÃO Nº 489<br />

Indico à Mesa, cumpridas as formalida<strong>de</strong>s<br />

regimentais, seja feito um apelo ao<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e<br />

ao Sr. Secretário da Fazenda, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> que seja libera<strong>do</strong> o pagamento <strong>do</strong> 13º<br />

salário ao funcionalismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

contrata<strong>do</strong> pelo regime da C.L.T.<br />

Justificativa<br />

Quan<strong>do</strong> a crise econômica ocupa as<br />

manchetes <strong>do</strong>s jornais, angustian<strong>do</strong> a<br />

humanida<strong>de</strong>, mais que injusto, é absur<strong>do</strong>,<br />

que o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> pagar aos


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

servi<strong>do</strong>res públicos a gratificação natalícia<br />

<strong>do</strong> 13º salário.<br />

O pagamento <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> salário <strong>de</strong>veria ser<br />

efetua<strong>do</strong> no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro próximo<br />

passa<strong>do</strong>, entretanto, por motivos<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s, não foi libera<strong>do</strong> tornan<strong>do</strong><br />

cada vez mais difícil a situação econômica<br />

<strong>do</strong>s humil<strong>de</strong>s funcionários públicos<br />

contrata<strong>do</strong>s pela C.L.T.<br />

Ao Esta<strong>do</strong> cabe dar o bom exemplo aos<br />

<strong>de</strong>mais emprega<strong>do</strong>res. Infelizmente, aqui<br />

em <strong>Pernambuco</strong> tal medida não vem<br />

ocorren<strong>do</strong>, motivo pelo qual a Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong>ve se pronunciar em favor<br />

da sofrida classe, encaminhan<strong>do</strong> o<br />

presente apelo às autorida<strong>de</strong>s<br />

competentes.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Assis Pedrosa<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

(De parte <strong>do</strong>s Srs. Deputa<strong>do</strong>s Ênio Guerra<br />

(2), Osval<strong>do</strong> Rabelo (4), Roberval Lins<br />

Pinto, Maviael Cavalcanti, Paulo<br />

Men<strong>do</strong>nça, Vital Novaes (2), Edmir Régis,<br />

Edson Cantarelli, José Liberato e Antônio<br />

Corrêa <strong>de</strong> Oliveira (2), vêm à Mesa,<br />

respectivamente, cada uma <strong>de</strong> per si, as<br />

seguintes proposições):<br />

Projeto Nº 143<br />

Ementa: Transfere subvenção.<br />

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º - Fica transferida a quantia <strong>de</strong> Cr$<br />

2.500,00 (<strong>do</strong>is mil e quinhentos cruzeiros),<br />

parte da <strong>do</strong>tação com que foi contemplada<br />

no A<strong>de</strong>n<strong>do</strong> “C” ao Orçamento em vigor a<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia <strong>do</strong> Recife, para a<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências<br />

Humanas <strong>de</strong> Olinda, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

bolsa escolar em favor da aluna Ana<br />

Maria Tavares Duarte.<br />

Art. 2º - A presente Lei entrará em vigor<br />

na data <strong>de</strong> sua publicação, revogadas as<br />

disposições em contrário.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Ênio Guerra<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Às 1ª e 2ª Comissões.<br />

Projeto Nº 142<br />

Ementa: Transfere subvenção.<br />

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º - Fica transferida a quantia <strong>de</strong> Cr$<br />

2.500.00 (<strong>do</strong>is mil e quinhentos cruzeiros),<br />

parte da <strong>do</strong>tação com que foi a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Filosofia <strong>do</strong> Recife contemplada no<br />

A<strong>de</strong>n<strong>do</strong> “C” ao Orçamento em vigor, para<br />

a Associação <strong>do</strong> Ensino Superior <strong>de</strong><br />

Olinda, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r bolsa escolar em<br />

favor da aluna Helenilda Cavalcanti<br />

Taveiros Albuquerque.<br />

Art. 2º - A presente Lei entrará em vigor<br />

na data <strong>de</strong> sua publicação, revogadas as<br />

disposições em contrário.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Ênio Guerra<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Às 1ª e 2ª Comissões.<br />

Projeto Nº 140<br />

Ementa: Transfere subvenção.<br />

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º - Fica transferida da Congregação<br />

Apostólica da Santíssima Trinda<strong>de</strong>, <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Caetés, a quantia <strong>de</strong> Cr$<br />

2.500,00 (<strong>do</strong>is mil e quinhentos cruzeiros)<br />

com que foi contemplada no A<strong>de</strong>n<strong>do</strong> “C”<br />

ao Orçamento em vigor, para a<br />

545


546<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

Curso <strong>de</strong> Psicologia, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

bolsa escolar em favor <strong>do</strong> aluno Raul<br />

Belém Jungmann Pinto.<br />

Art. 2º - A presente Lei entrará em vigor<br />

na data da sua publicação, revogadas as<br />

disposições em contrário.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Osval<strong>do</strong> Rabelo<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Às 1ª e 2ª Comissões.<br />

Projeto Nº 139<br />

Ementa: Transfere subvenção.<br />

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º - Fica transferida para o Centro<br />

Social José Domingos da Costa, <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Correntes, a quantia <strong>de</strong> Cr$<br />

5.400,00 (cinco mil e quatrocentos<br />

cruzeiros), discriminada no A<strong>de</strong>n<strong>do</strong> “C” <strong>do</strong><br />

Orçamento em vigor, em nome das<br />

entida<strong>de</strong>s, abaixo relacionadas, todas da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Recife:<br />

Grêmio Atlético Clube da Imbiribeira Cr$ 900,00<br />

Curso Nossa Senhora Medianeira Cr$ 2.000,00<br />

Associação Atlética <strong>de</strong> Dominó Luso-Brasileira Cr$ 1.000,00<br />

Instituto Bom Pastor Cr$ 500,00<br />

Lírio Esporte Clube <strong>do</strong> Coque Cr$ 1.000,00<br />

Cr$ 5.400,00<br />

Art. 2º - A presente Lei entrará em vigor<br />

na data da sua publicação, revogadas as<br />

disposições em contrário.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Osval<strong>do</strong> Rabelo<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Às 1ª e 2ª Comissões.<br />

Projeto Nº 138<br />

Ementa: Transfere subvenção.<br />

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º - Fica transferida a quantia <strong>de</strong> Cr$<br />

2.600,00 (<strong>do</strong>is mil e seiscentos cruzeiros),<br />

parte da <strong>do</strong>tação com que foi contemplada<br />

a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas, <strong>de</strong><br />

Olinda, constante <strong>do</strong> A<strong>de</strong>n<strong>do</strong> “C” ao<br />

Orçamento em vigor, para a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências e Letras da Universida<strong>de</strong><br />

Católica <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

bolsa escolar em favor da aluna Laura<br />

Lima Pires Filha.<br />

Art. 2º - A presente Lei entrará em vigor<br />

na data da sua publicação, revogadas as<br />

disposições em contrário.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Osval<strong>do</strong> Rabelo<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Às 1ª e 2ª Comissões.<br />

Requerimento Nº 455<br />

Requeremos à Mesa, cumpridas as<br />

formalida<strong>de</strong>s regimentais, seja inserto na<br />

Ata <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong> hoje, um voto <strong>de</strong><br />

profun<strong>do</strong> pesar pelo falecimento, ocorri<strong>do</strong><br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>do</strong> Sr. Eduar<strong>do</strong> Moraes<br />

Filho, membro <strong>de</strong> tradicional família<br />

pernambucana.<br />

Da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>sta Casa, dê se<br />

conhecimento à família enlutada, na<br />

pessoa da Sra. Cremilda Borba <strong>de</strong><br />

Moraes, viúva <strong>do</strong> extinto, e que resi<strong>de</strong> à<br />

Rua Venâncio Flores, 555, Apto. 101 -<br />

Leblon - Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Justificativa<br />

O extinto, filho <strong>de</strong> tradicional família<br />

pernambucana, era natural <strong>de</strong> Goiana,<br />

on<strong>de</strong> gozava <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prestígio.<br />

Eduar<strong>do</strong> Moraes Filho, exerceu todas as<br />

funções <strong>de</strong> chefia <strong>do</strong> Departamento<br />

Nacional <strong>de</strong> Portos e Vias Navegáveis.<br />

Seu falecimento consternou a to<strong>do</strong>s os


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

seus amigos, parentes e conheci<strong>do</strong>s, que<br />

viam nele uma extraordinária figura<br />

humana, notadamente seus companheiros<br />

<strong>de</strong> trabalho.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Osval<strong>do</strong> Rabelo<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Indicação Nº 487<br />

Indicamos à Mesa cumpridas as<br />

formalida<strong>de</strong>s regimentais seja solicita<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Excelentíssimo Senhor Governa<strong>do</strong>r<br />

José Francisco <strong>de</strong> Moura Cavalcanti,<br />

providências urgentes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />

sejam inicia<strong>do</strong>s os imprescindíveis<br />

serviços <strong>de</strong> alargamento e <strong>de</strong>sobstrução<br />

da estrada São Lourenço da Mata - Recife<br />

- PE-5.<br />

Justificativa<br />

O péssimo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação<br />

daquela ro<strong>do</strong>via vem causan<strong>do</strong> graves<br />

prejuízos à economia da Zona da Mata<br />

Norte, com a interrupção e<br />

engarrafamentos no tráfego <strong>de</strong> veículos<br />

<strong>de</strong> carga e passageiros, ocorri<strong>do</strong>s<br />

diariamente.<br />

A “máquina <strong>de</strong> propaganda” <strong>do</strong> Governo<br />

próximo passa<strong>do</strong>, divulgou através <strong>do</strong><br />

Diário <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, <strong>do</strong> dia 14 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> <strong>19</strong>74, ou seja um ano exatamente<br />

<strong>de</strong>corri<strong>do</strong>, uma promessa governamental,<br />

on<strong>de</strong> o então Secretário Daniel Portela,<br />

afirmava o início da construção <strong>de</strong> uma<br />

nova estrada com jardins no centro e<br />

composta <strong>de</strong> quatro pistas <strong>de</strong> rolamento.<br />

Não sabemos porque permanece aquela<br />

ro<strong>do</strong>via, por sinal a mais antiga e<br />

esquecida <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, também<br />

conhecida pelo pomposo nome PE-5, em<br />

completo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no, apesar <strong>de</strong><br />

ser via <strong>de</strong> acesso obrigatório ao<br />

escoamento da produção <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<br />

como: Nazaré da Mata, Carpina, Limoeiro,<br />

Timbaúba e a própria cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Governa<strong>do</strong>r Moura Cavalcanti -<br />

Macaparana.<br />

Não enten<strong>de</strong>mos a política <strong>de</strong> integração<br />

que se preten<strong>de</strong> realizar em <strong>Pernambuco</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> uma das suas principais regiões,<br />

que é exatamente o celeiro agrícola <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> se encontra isolada por falta <strong>de</strong><br />

estradas. Persiste também, no inicio<br />

daquela precária e até intransitável<br />

ro<strong>do</strong>via, logo na saída <strong>do</strong> Recife, a ponte<br />

<strong>de</strong> Bicopeba, que hoje, po<strong>de</strong>ria, até<br />

chamar-se a “Ponte da Morte”, por ser<br />

causa <strong>de</strong> inúmeros aci<strong>de</strong>ntes na maioria<br />

com perdas <strong>de</strong> vidas preciosas.<br />

Trafegam diariamente por aquela<br />

importante via mais <strong>de</strong> 10 mil veículos e<br />

que a tendência normal é a multiplicação<br />

<strong>de</strong>ste número, não só <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

importância da região, como também em<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>do</strong>s distritos industriais que<br />

estão sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s, como o <strong>de</strong> São<br />

Lourenço da Mata.<br />

Como Deputa<strong>do</strong> pelo Movimento<br />

Democrático Brasileiro - MDB, estamos<br />

encaminhan<strong>do</strong> ao Governa<strong>do</strong>r Moura<br />

Cavalcanti, em forma <strong>de</strong> uma crítica<br />

construtiva esta proposição que se<br />

constitui num oportuno <strong>de</strong>safio ao seu<br />

Governo capaz <strong>de</strong> mostrar que realmente<br />

tem interesse em <strong>de</strong>senvolver a Zona da<br />

Mata fazen<strong>do</strong> a implantação <strong>de</strong> uma<br />

mo<strong>de</strong>rna ro<strong>do</strong>via e ampliação da Ponte <strong>de</strong><br />

Bicopeba, no que esperamos aprovação<br />

unânime.<br />

Sala das Sessões, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Roberval Lins Pinto<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Projeto <strong>de</strong> Lei Nº 141<br />

Ementa: Cria o Município <strong>do</strong>s Guararapes.<br />

Art. 1º - Fica cria<strong>do</strong> o Município <strong>do</strong>s<br />

Guararapes, cuja se<strong>de</strong> será a Vila <strong>do</strong>s<br />

Prazeres, atual se<strong>de</strong> <strong>do</strong> 2º Distrito <strong>do</strong><br />

Município <strong>de</strong> Jaboatão, a qual passará a<br />

ter a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Guararapes,<br />

fican<strong>do</strong> elevada a categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />

Art. 2º - Os limites <strong>do</strong> novo Município,<br />

serão os mesmos <strong>do</strong> atual 2º Distrito <strong>do</strong><br />

Município <strong>de</strong> Jaboatão, assim<br />

discrimina<strong>do</strong>: ao norte - a linha divisória<br />

que separa o atual Distrito <strong>de</strong> Muribeca<br />

<strong>do</strong>s Guararapes, que passará a se<br />

<strong>de</strong>nominar simplesmente Muribeca; <strong>do</strong><br />

Município <strong>do</strong> Recife, fixa<strong>do</strong> pelo Rio<br />

Jordão; a leste - o Oceano Atlântico; ao<br />

sul, o Município <strong>do</strong> Cabo o a Oeste a atual<br />

linha divisória <strong>do</strong> 2º Distrito com o resto <strong>do</strong><br />

547


548<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Município <strong>de</strong> Jaboatão.<br />

Parágrafo Único - A nova lei <strong>de</strong> Divisão<br />

Administrativa e Judiciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>terminará em <strong>de</strong>talhes os limites <strong>do</strong><br />

novo Município.<br />

Art. 3º - A presente Lei entrará em vigor a<br />

partir <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>19</strong>76, juntamente<br />

com a nova Lei <strong>de</strong> Divisão Administrativa<br />

e Judiciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Art. 4º - Revogam-se as disposições em<br />

contrário.<br />

Justificativa<br />

Na conjuntura atual da vida brasileira, não<br />

há mais tempo <strong>de</strong> espera, pela simples<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma Prefeitura que luta com<br />

dificulda<strong>de</strong>s econômicas insuperáveis,<br />

para espontaneamente, a mercê <strong>do</strong><br />

tempo, po<strong>de</strong>r ajudar e contribuir para o<br />

progresso econômico e social <strong>de</strong> um<br />

Distrito, que tem condições máximas <strong>de</strong><br />

se tornar progressista e <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>,<br />

sem necessitar <strong>de</strong> ajuda senão <strong>do</strong>s<br />

po<strong>de</strong>res Públicos Fe<strong>de</strong>ral e Estadual. O<br />

Distrito <strong>do</strong>s Prazeres, <strong>de</strong>ntro das mais<br />

legítimas aspirações <strong>de</strong> seus municípios,<br />

apresenta to<strong>do</strong>s os requisitos previstos no<br />

Decreto Lei Nº 287, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>70, e da Lei Complementar Nº 1, <strong>de</strong> 09<br />

<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>19</strong>67.<br />

Com uma população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 85.000<br />

mil habitantes, com aproximadamente<br />

55.000 mil casas, cone 53 indústrias, com<br />

um número superior à 18.000 mil<br />

eleitores, com uma área territorial <strong>de</strong><br />

111.000 km. e com uma renda anual <strong>de</strong><br />

Cr$ 12.000.000,00 (<strong>do</strong>ze milhões <strong>de</strong><br />

cruzeiros), não po<strong>de</strong> o atual Distrito <strong>do</strong>s<br />

Prazeres continuar na situação em que se<br />

encontra, sen<strong>do</strong> sua renda revertida para<br />

se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Município, com evi<strong>de</strong>nte prejuízo<br />

para o atual Distrito, que preten<strong>de</strong> se<br />

emancipar através <strong>do</strong> presente projeto.<br />

Além disso, não é <strong>de</strong> esquecer a atração<br />

turística que ensejam suas praias e que<br />

certamente constituirá fonte <strong>de</strong> receita<br />

para o novo Município.<br />

Guararapes, berço <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se forjou o espírito daqueles que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram com sangue o solo sagra<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> nossa pátria. Hoje seus montes<br />

mostram aos brasileiros <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

quadrantes <strong>do</strong> país, o exemplo digno <strong>de</strong><br />

imitação <strong>do</strong>s valorosos solda<strong>do</strong>s que<br />

expulsaram o estrangeiro invasor, dan<strong>do</strong><br />

prova <strong>de</strong> coragem indômita na <strong>de</strong>fesa da<br />

nossa terra - é um relicário que guarda as<br />

mais belas tradições <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>.<br />

As Forças Armadas prestaram ao povo<br />

gran<strong>de</strong>s homenagens que ficaram<br />

gravadas para sempre no coração <strong>do</strong>s<br />

pernambucanos, crian<strong>do</strong> um monumento<br />

histórico em lembrança daquele gran<strong>de</strong><br />

feito <strong>do</strong>s nossos antepassa<strong>do</strong>s.<br />

A Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

dará aos Guararapes a in<strong>de</strong>pendência<br />

territorial, econômica e social, para vê-lo<br />

crescer, subir e ocupar com o Recife os<br />

altos <strong>de</strong>sígnios <strong>do</strong> progresso.<br />

Pelos fundamentos e razões expostos<br />

acima, julgamos da melhor justiça, que<br />

esta Assembléia <strong>de</strong> Representantes <strong>do</strong><br />

povo vá ao encontro aos anseios e<br />

<strong>de</strong>sejos da população <strong>do</strong>s Prazeres.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Maviael Cavalcanti<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Indicação Nº 488<br />

Indicamos à Mesa, na forma regimental,<br />

seja formula<strong>do</strong> veemente apelo ao Exmo.<br />

Sr. Governa<strong>do</strong>r Moura Cavalcanti, no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que <strong>de</strong>termine à CEPE a<br />

isenção <strong>do</strong> pagamento da publicação <strong>do</strong>s<br />

estatutos <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s filantrópicas.<br />

Justificativa<br />

Criadas e mantidas com a finalida<strong>de</strong><br />

precípua da beneficência, essas<br />

socieda<strong>de</strong>s têm direito ao favor solicita<strong>do</strong><br />

através da presente Indicação,<br />

consi<strong>de</strong>rada a precarieda<strong>de</strong> com que<br />

funcionam, sujeitas, ainda ao atraso no<br />

pagamento das subvenções que lhes são<br />

concedidas pelo Governo.<br />

Nada mais justo, pois, que seja minorada<br />

sua eterna crise financeira com a<br />

gratuida<strong>de</strong> da publicação compulsória <strong>de</strong><br />

seus estatutos, no ato da constituição,<br />

feita no “Diário Oficial”.<br />

Daí a justeza <strong>de</strong> nossa proposição, para a<br />

qual esperamos contar com a aprovação<br />

unânime <strong>do</strong> Plenário, bem como com a


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

boa vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sr. Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Paulo Men<strong>do</strong>nça<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Indicação Nº 490<br />

Indicamos à Mesa, ouvi<strong>do</strong> o Plenário, seja<br />

dirigida mensagem em nome <strong>de</strong>ste Po<strong>de</strong>r<br />

Legislativo, ao Exmo. Sr. Ministro das<br />

Minas e Energia, Shigeaki Ueki,<br />

objetivan<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminar à ELETROBRÁS,<br />

o reexame <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> construção da<br />

Barragem <strong>de</strong> Itaparica, que ameaça<br />

<strong>de</strong>struir vasta área <strong>do</strong>s territórios <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> e da Bahia.<br />

Justificativa<br />

Não somos o reflexo <strong>do</strong> <strong>de</strong>sespero e da<br />

aflição, mas trazemos um sentimento <strong>de</strong><br />

amor e <strong>de</strong> angústia, traduzi<strong>do</strong> na<br />

apreensão <strong>do</strong>s milhares <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stinos<br />

que habitam aquela área, marcada para<br />

<strong>de</strong>saparecer com a edificação da<br />

Barragem <strong>de</strong> Itaparica.<br />

Reconhecemos, que o Brasil exige o<br />

sacrifício <strong>do</strong>s seus filhos, em nome <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, mas sejamos<br />

mais humanos e justos, salvan<strong>do</strong> os<br />

sertanejos, que construíram com suor e<br />

lágrimas a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> uma terra<br />

esquecida, agora lembrada para ser<br />

<strong>de</strong>struída.<br />

Não tentaremos impedir a sua construção,<br />

mas merecemos a revisão <strong>do</strong> projeto,<br />

como forma capaz <strong>de</strong> salvar os<br />

pernambucanos e baianos; que vivem nas<br />

terras <strong>do</strong> submédio São Francisco, pobres<br />

<strong>de</strong> esperança e ricos <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão,<br />

aspiran<strong>do</strong> apenas, serem sepulta<strong>do</strong>s nos<br />

sete palmos <strong>do</strong> chão on<strong>de</strong> seus<br />

antepassa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scansam em paz e<br />

nunca sob as águas da Barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica.<br />

Para ilustrar a nossa proposição,<br />

anexamos como justificativa, o discurso<br />

<strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Manuel Novaes,<br />

representante da Bahia na Câmara<br />

Fe<strong>de</strong>ral, pronuncia<strong>do</strong> na reunião <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>75.<br />

O que preten<strong>de</strong>mos realmente, com<br />

absoluto equilíbrio, é compatibilizar os<br />

interesses econômicos e sociais <strong>de</strong>sta<br />

grandiosa obra, que se propõe a<br />

assegurar o consumo <strong>de</strong> energia a to<strong>do</strong> o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, além da navegabilida<strong>de</strong> e<br />

irrigação <strong>de</strong> novas áreas que serão<br />

inundadas pelo São Francisco.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Vital Novaes<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

(A transcrição, ora pedida, tem o seguinte<br />

teor):<br />

“O Sr. MANOEL NOVAES - (Como Lí<strong>de</strong>r.<br />

Pronuncia o seguinte discurso.) Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, em <strong>19</strong>67, a<br />

ELETROBRÁS e a CHESF, com o apoio<br />

da SUDENE, pressionadas pela crescente<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia no Nor<strong>de</strong>ste, e com<br />

o objetivo <strong>de</strong> criar novas fontes gera<strong>do</strong>ras<br />

na Região, resolveram construir uma<br />

barragem sobre o rio São Francisco, na<br />

Cachoeira <strong>de</strong> Itaparica, para ali instalar<br />

uma usina hidroelétrica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.<br />

A <strong>de</strong>finição da obra tinha tais implicações,<br />

que o Presi<strong>de</strong>nte Costa e Silva,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que ela não po<strong>de</strong>ria excluirse<br />

<strong>do</strong> contexto da problemática <strong>do</strong> São<br />

Francisco, baixou o Decreto Nº 61.076, <strong>de</strong><br />

26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> <strong>19</strong>67, crian<strong>do</strong> uma<br />

Comissão Interministerial <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s para<br />

utilização múltipla <strong>do</strong> rio São Francisco.<br />

Informa<strong>do</strong> pelo então Ministro das Minas e<br />

Energia, Costa Cavalcanti, eminente e<br />

capaz representante <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, <strong>do</strong> andamento <strong>do</strong> projete e<br />

<strong>de</strong> suas graves repercussões sociais e<br />

econômicas no Vale, pronunciei <strong>de</strong>sta<br />

mesma Tribuna discurso, no dia 10 <strong>de</strong><br />

outubro, para <strong>de</strong>bate <strong>do</strong> problema. Se<br />

razões me assistiam para combater, em<br />

<strong>19</strong>67, a construção da barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica no gabarito previsto pela<br />

CHESF, muito mais argumentos<br />

alinharemos hoje, que voltamos a falar,<br />

diante <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>ntes e válidas notícias<br />

<strong>de</strong> que a ELETROBRÁS preten<strong>de</strong><br />

novamente construí-la.<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong>, em <strong>19</strong>67,<br />

combatemos a construção da barragem<br />

<strong>de</strong> Itaparica, oferecemos à CHESF a<br />

opção a<strong>de</strong>quada, isto é, a construção da<br />

549


550<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

barragem <strong>de</strong> Sobradinho. Não precisamos<br />

relembrar aqui a importância <strong>de</strong>sta obra,<br />

há <strong>do</strong>is anos em execução pelo Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral. Usaremos, para justificar<br />

Sobradinho, apenas os argumentos que a<br />

própria CHESF e a ELETROBRÁS nos<br />

forneceram.<br />

Em <strong>do</strong>cumentos daquele tempo a CHESF<br />

analisava a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia elétrica<br />

<strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste até <strong>19</strong>90 para indicar que em<br />

<strong>19</strong>80 necessitaria <strong>de</strong> 3.69 megawatts, ou<br />

seja, 3.600.000 quilowatts.<br />

Ora, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, era penoso para nós,<br />

naquela ocasião, advogar a construção <strong>de</strong><br />

Sobradinho, já que implicaria sacrifício<br />

imenso para a Bahia, pois que várias<br />

cida<strong>de</strong>s tradicionais seriam inundadas e<br />

<strong>de</strong>sapareceriam <strong>do</strong> mapa <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

Entretanto, estávamos diante <strong>de</strong> uma<br />

alternativa: ou se construiria Sobradinho<br />

ou se construiria Itaparica. O estu<strong>do</strong> da<br />

matéria, feito pela CHESF e pela<br />

ELETROBRÁS, concluiu pela construção<br />

<strong>de</strong> Sobradinho.<br />

Dizia a ELETROBRAS:<br />

“Sob o aspecto energético, Sobradinho<br />

po<strong>de</strong>rá ter uma usina <strong>de</strong> base <strong>de</strong> 1 milhão<br />

<strong>de</strong> Kw e permitirá a regularização da<br />

<strong>de</strong>scarga <strong>do</strong> rio São Francisco, tornan<strong>do</strong><br />

viável a construção <strong>de</strong> Paulo Afonso IV (1<br />

milhão e 860 mil Kw) e Xangô (4 milhões<br />

e 200 mil Kw), além <strong>de</strong> melhorar as<br />

condições <strong>de</strong> operação da hidrelétrica <strong>de</strong><br />

Moxotó (400 mil Kw), cujas obras foram<br />

iniciadas, e <strong>de</strong> Paulo Afonso III (824 mil<br />

Kw), em fase final <strong>de</strong> construção. A estes<br />

projetos, po<strong>de</strong>rão ser acrescenta<strong>do</strong>s, na<br />

medida das necessida<strong>de</strong>s, vários outros<br />

aproveitamentos hidrelétricos.<br />

Outros aspectos econômicos e sociais<br />

virão se juntar aos que naturalmente são<br />

gera<strong>do</strong>s pelos projetos hidrelétricos. O<br />

fortalecimento da economia regional. pela<br />

oferta da energia indispensável ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento industrial, é, certamente,<br />

um <strong>do</strong>s mais importantes. Mas tão<br />

significativo como ele é o aumento da<br />

oferta <strong>de</strong> empregos e a <strong>de</strong>mocratização<br />

<strong>do</strong> conforto, com a chegada da energia a<br />

milhares <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, benefician<strong>do</strong> um<br />

número cada vez maior <strong>de</strong> pessoas.<br />

No caso <strong>de</strong> Sobradinho, os reflexos <strong>do</strong><br />

projeto não se esgotam aí. A<br />

regularização <strong>de</strong> vasto trecho <strong>do</strong> São<br />

Francisco, após a construção da<br />

barragem, permitirá maior navegabilida<strong>de</strong><br />

ao rio que um dia foi chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “rio da<br />

Integração Nacional”. E que, certamente,<br />

assim continuará a ser chama<strong>do</strong> com<br />

muito mais razão.”<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, à primeira vista, os<br />

argumentos apresenta<strong>do</strong>s pela<br />

ELETROBRÁS em favor <strong>de</strong> Sobradinho,<br />

no setor energético, não invalidariam<br />

Itaparica. Qualquer das duas barragens<br />

asseguraria à CHESF, consoante o texto,<br />

a exploração da capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />

Paulo Afonso. Sem Sobradinho e sem<br />

Itaparica, mesmo com Três Marias, o São<br />

Francisco não teria condições <strong>de</strong> gerar<br />

nas usinas I, II e II <strong>de</strong> Paulo Afonso mais<br />

<strong>de</strong> 1.200 mil Kw. Entretanto, com<br />

Sobradinho ou Itaparica, elevaria sua<br />

produção a 3,5 milhões <strong>de</strong> Kw.<br />

Mas a opção Sobradinho prevaleceu<br />

porque, justamente, Itaparica só atendia<br />

ao setor energético, e nada mais, com a<br />

inundação <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o território<br />

pernambucano da margem <strong>do</strong> São<br />

Francisco e parte <strong>do</strong> baiano. As águas <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> Itaparica, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

projeto cujas características técnicas<br />

constam <strong>do</strong> meu discurso <strong>de</strong> <strong>19</strong>67 -<br />

atingiriam Cabrobó, 'que representa a<br />

meia distância <strong>do</strong>s 400 km que separam<br />

Petrolândia <strong>de</strong> Petrolina. A opção era<br />

justa. Sobradinho, além <strong>de</strong>, propiciar a<br />

elevação da quota máxima <strong>de</strong> geração <strong>de</strong><br />

energia <strong>de</strong> Paulo Afonso, eliminaria o<br />

maior obstáculo à navegação <strong>do</strong> São<br />

Francisco, justamente as corre<strong>de</strong>iras <strong>de</strong><br />

Sobradinho, responsáveis por 80% <strong>do</strong>s<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> barcos no rio. Além disso,<br />

acumularia água, necessária à irrigação<br />

<strong>de</strong> todas as terras marginais <strong>do</strong> sub-médio<br />

São Francisco.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, enquanto Itaparica<br />

<strong>de</strong>struiria terras e proprieda<strong>de</strong>s nas quais<br />

vive e trabalha nossa gente, Sobradinho<br />

fornece água à SUDENE e à CODEVASF,<br />

para execução <strong>de</strong> seus projetos <strong>de</strong><br />

irrigação, abrangen<strong>do</strong> área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

500 mil hectares das duas margens <strong>do</strong> rio<br />

São Francisco.<br />

O Sr. Henrique Brito - Quero, neste


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

instante, Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes,<br />

congratular-me com V. Exa. pelo brilhante<br />

discurso que está proferin<strong>do</strong> nesta tar<strong>de</strong>,<br />

e dizer também que, profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s problemas <strong>do</strong> São Francisco, há mais<br />

<strong>de</strong> 30 anos, mais <strong>do</strong> que qualquer <strong>de</strong> nós<br />

tem V. Exa. condições sobejas <strong>de</strong> trazer<br />

ao conhecimento <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo<br />

aquilo que efetivamente possa minorar os<br />

problemas daquela gran<strong>de</strong> e rica região.<br />

O Sr. MANOEL NOVAES - Agra<strong>de</strong>ço, meu<br />

caro colega e amigo Henrique Brito, a<br />

colaboração que traz ao meu discurso,<br />

enriquecen<strong>do</strong>-o sobremaneira. V. Exa.<br />

traduz o sentimento da Bahia,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente o da representação<br />

baiana, renovan<strong>do</strong> aqui aquela atitu<strong>de</strong> que<br />

assumiu em <strong>19</strong>67, em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s<br />

interesses da nossa região. Se fosse<br />

possível, àquela época, solução que não<br />

impusesse maiores danos à Bahia,<br />

teríamos parti<strong>do</strong> para ela. Mas, ou<br />

faríamos Sobradinho, ou fari mos<br />

Itaparica. Sobradinho era o remédio.<br />

Embora custasse ã Bahia a perda <strong>de</strong><br />

quatro cida<strong>de</strong>s - Casa Nova, Remanso.<br />

Sento Sé e Pilão Arca<strong>do</strong> - outras<br />

vantagens. a compensariam no futuro.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, pelo exposto, não<br />

enten<strong>de</strong>mos por que a ELETROBRÁS<br />

reabre agora o problema, insistin<strong>do</strong> na<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica <strong>de</strong><br />

que abdicou, em <strong>19</strong>67, em favor da<br />

barragem <strong>de</strong> Moxotó e, logo <strong>de</strong>pois,<br />

confessadamente, pela <strong>de</strong> Sobradinho.<br />

A própria ELETROBRÁS, na sua<br />

publicação <strong>de</strong> <strong>19</strong>72 “Expansão da<br />

Capacida<strong>de</strong> Gera<strong>do</strong>ra no Nor<strong>de</strong>ste”,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que, em <strong>19</strong>85, a sua<br />

<strong>de</strong>manda energética atingirá 6.500 Mw,<br />

indicou a construção da usina <strong>do</strong> Canyon,<br />

em Xingó, como a solução mais a<strong>de</strong>quada<br />

após Sobradinho.<br />

Assim se -manifestou:<br />

“Com a vazão regularizada para cerca <strong>de</strong><br />

2.100 metros cúbicos por segun<strong>do</strong>,<br />

resultante <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> Sobradinho,<br />

torna-se extremamente interessante a<br />

construção <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> central no<br />

Cariyon a jusante <strong>de</strong> Paulo Afonso, com<br />

uma altura <strong>de</strong> queda da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 100<br />

metros, e on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão ser instala<strong>do</strong>s<br />

cerca <strong>de</strong> 4 mil Mw, os quais aten<strong>de</strong>riam as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> até mea<strong>do</strong>s da<br />

próxima década.”<br />

Esta a razão, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s, pela qual, no dia <strong>de</strong> hoje,<br />

voltamos a con<strong>de</strong>nar a construção da<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica, pois enten<strong>de</strong>mos<br />

estar <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a terra e o povo <strong>do</strong> Vale<br />

<strong>do</strong> São Francisco.<br />

O Sr. Monsenhor Ferreira Lima -<br />

Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes, V. Exa.<br />

representante da Bahia, apesar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

pernambucano, faz a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> São<br />

Francisco, objetivan<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong><br />

uma civilização ali, porque é o São<br />

Francisco a maior realida<strong>de</strong> econômica e<br />

social que po<strong>de</strong> o Nor<strong>de</strong>ste divisar. A<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Sobradinho<br />

era um sonho para ampliar Paulo Afonso.<br />

Ao local <strong>de</strong> sua execução tivemos<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar quase toda a<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

mais <strong>de</strong> 70 jornalistas <strong>do</strong>s mais<br />

importantes órgãos <strong>de</strong> imprensa <strong>de</strong><br />

Recife, São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, para<br />

que vissem, com seus próprios olhos, o<br />

que se está fazen<strong>do</strong> no Vale <strong>do</strong> São<br />

Francisco. Sabemos, porém, que a<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica - gran<strong>de</strong><br />

conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong> problema, ninguém mais<br />

<strong>do</strong> que V. Exa. neste País, po<strong>de</strong> falar com<br />

autorida<strong>de</strong> sobre o Vale <strong>do</strong> São Francisco<br />

- não tem razão <strong>de</strong> ser, em função da<br />

construção da gran<strong>de</strong> barragem <strong>de</strong><br />

Sobradinho. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste pressuposto, a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica não<br />

aten<strong>de</strong>ria aquilo que to<strong>do</strong>s nós,<br />

nor<strong>de</strong>stinos, queremos, a recuperação <strong>de</strong><br />

uma área imensa <strong>de</strong> terras pela Irrigação.<br />

Ao contrário, Itaparica cobrirá uma das<br />

mais férteis regiões <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São<br />

Francisco, inclusive mais <strong>de</strong> 5 cida<strong>de</strong>s<br />

prósperas, celeiros da região. Ora,<br />

sabemos que Xingó será muito mais<br />

importante <strong>do</strong> que Itaparica para suprir as<br />

<strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. A<br />

<strong>de</strong>manda é realmente gran<strong>de</strong>, pois o<br />

Nor<strong>de</strong>ste cresce. Temos <strong>de</strong> levar mais<br />

energia para a Região, mas uma das<br />

coisas mais importantes, mais<br />

fundamentais e mais imperiosas para o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, neste instante, é recuperar<br />

todas as áreas que possam ser irrigadas<br />

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552<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

com a água <strong>do</strong> São Francisco, o gran<strong>de</strong><br />

rio <strong>de</strong> integração nacional, o rio <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>nção <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. O que estamos<br />

ven<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> irrigação<br />

<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco, é qualquer<br />

coisa <strong>de</strong> fenomenal. Assim, nobre<br />

Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes, V. Exa. figura<br />

das mais representativas <strong>de</strong>sta Casa,<br />

Constituinte <strong>de</strong> <strong>19</strong>46 e gran<strong>de</strong> paladino <strong>do</strong><br />

São Francisco, tem a máxima autorida<strong>de</strong><br />

para falar, e nós to<strong>do</strong>s, nor<strong>de</strong>stinos -<br />

pernambucanos, cearenses, alagoanos,<br />

paraibanos e aqueles que vêem em Paulo<br />

Afonso fonte <strong>de</strong> riqueza e energia -<br />

estamos aqui, aos pés <strong>do</strong> Parlamento<br />

Nacional, claman<strong>do</strong> para que o Vale <strong>do</strong><br />

São Francisco, dádiva <strong>de</strong> Deus ao Brasil e<br />

ao Nor<strong>de</strong>ste, seja trata<strong>do</strong> como merece a<br />

fim <strong>de</strong> se tornar amanhã o gran<strong>de</strong> celeiro<br />

da Região e também a gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong><br />

riqueza e <strong>de</strong> energia para a<br />

industrialização. V. Exa. está <strong>de</strong> parabéns.<br />

<strong>Pernambuco</strong> e Bahia se irmanam nesta<br />

gran<strong>de</strong> batalha para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua<br />

população laboriosa. Os sertanejos, já<br />

cansa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esperar, agora, com os olhos<br />

não mais da esperança, vêem que se<br />

tornará realida<strong>de</strong> aquilo que lhes pertence<br />

pelo sangue, pela alma e pela vida.<br />

O Sr. MANOEL NOVAES - Nobre<br />

Deputa<strong>do</strong>, estou feliz como seu aparte.<br />

Recor<strong>do</strong>- me <strong>de</strong> que, há pouco mais <strong>de</strong><br />

um ano, V. Exa. um <strong>do</strong>s mais atuantes<br />

Deputa<strong>do</strong>s da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, propôs àquela histórica<br />

Casa <strong>de</strong> Joaquim Nabuco; convidar-me<br />

para uma conferência sobre o rio São<br />

Francisco e os problemas <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>. Infelizmente, não pu<strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r ao convite. Mas, hoje, tivemos a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste encontro. Agra<strong>de</strong>ço a<br />

V. Exa. as generosas palavras a respeito<br />

da minha atuação em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> rio São<br />

Francisco, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representante.<br />

da Bahia e na <strong>de</strong> filho <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> que<br />

fez da valorização <strong>do</strong> São Francisco sua<br />

maior ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> luta no Parlamento.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica, tal<br />

qual o Projeto frustra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>19</strong>67 e<br />

<strong>de</strong>stinada apenas à geração <strong>de</strong> energia,<br />

será uma <strong>de</strong>sgraça maior para os<br />

pernambucanos e baianos que habitam o<br />

sub-médio São Francisco que a causada<br />

pelas secas que <strong>de</strong> séculos aos nossos<br />

dias assolaram nossa região.<br />

A nossa gente, com a fortaleza moral,<br />

resistência física e acendra<strong>do</strong> amor à terra<br />

natal que Deus lhe <strong>de</strong>u, estoicamente<br />

sempre enfrentou as inclemências da<br />

natureza, o infortúnio da pobreza e - por<br />

que não registrar - o aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s<br />

Governos até <strong>19</strong>45.<br />

Mas a seca e a chuva, embora sem prazo<br />

marca<strong>do</strong>, sempre se suce<strong>de</strong>m no<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Quan<strong>do</strong> a chuva cai, tu<strong>do</strong> se<br />

transmuda. Volta impressionantemente o<br />

ver<strong>de</strong> das caatingas, das pastagens e<br />

plantações, retempera-se o ânimo <strong>do</strong><br />

sertanejo e renasce em to<strong>do</strong>s a esperança<br />

<strong>de</strong> vida menos aflita, com resulta<strong>do</strong> mais<br />

seguro para seu trabalho. Estas imagens<br />

encoraja<strong>do</strong>ras substituem o espectro<br />

apavorante da seca, com seu cortejo <strong>de</strong><br />

miséria, fome, se<strong>de</strong> e <strong>de</strong>semprego<br />

<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a cena, impon<strong>do</strong> a migração<br />

<strong>de</strong> famílias inteiras e, como conseqüência<br />

ruinosa, o <strong>de</strong>spovoamento regional.<br />

Ainda assim, a seca, que é um cataclismo<br />

cíclico, nem tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>struiu e nem esgotou<br />

as reservas humanas <strong>do</strong>s municípios<br />

<strong>de</strong>ssa faixa <strong>do</strong> São Francisco, que, digase,<br />

é a <strong>de</strong> mais baixa pluviosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

o Polígono das Secas.<br />

Salvos das secas, esses municípios não<br />

serão poupa<strong>do</strong>s pela barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica, que inundará e <strong>de</strong>struirá<br />

totalmente - notem bem, Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

inundará e <strong>de</strong>struirá totalmente as cida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Floresta, Belém <strong>do</strong> São Francisco,<br />

Petrolândia e Itacuruba, em <strong>Pernambuco</strong>;<br />

Ro<strong>de</strong>las, Chorrochó e Abaré, na Bahia;<br />

além das vilas Tarrachil, Juazeiro,<br />

Araticum, Vargem Gran<strong>de</strong>, Alagadiço e<br />

Volta, citada pelo Deputa<strong>do</strong> Ferreira Lima<br />

em seu discurso sobre Itaparica,<br />

possivelmente Ibó, Roças, fazendas, as<br />

várzeas <strong>do</strong> Pajeú, e ainda cerca <strong>de</strong> 400<br />

ilhas cultivadas e muitas eletrificadas, <strong>de</strong><br />

Belém, Itacuruba e Floresta, inclusive as<br />

duas maiores <strong>do</strong> rio São Francisco, as<br />

ilhas Gran<strong>de</strong>s e Assunção, verda<strong>de</strong>iros<br />

celeiros da região.<br />

Destruirá também o gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong><br />

plantação <strong>de</strong> uva da Cinzano, em<br />

Floresta, <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> pés, já<br />

produzin<strong>do</strong> para mais <strong>de</strong> 600 mil, e


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

afogará 80% <strong>de</strong> toda a área, produtora <strong>de</strong><br />

cebola <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e Bahia, cuja safra<br />

este ano, conforme telegrama <strong>do</strong> Recife,<br />

que tenho em mãos, divulga<strong>do</strong> pelo “O<br />

Globo” <strong>do</strong> Rio, <strong>do</strong> dia 2 <strong>do</strong> corrente, está<br />

estimada em 65 mil toneladas.<br />

Portanto, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, suor, vida,<br />

estabilida<strong>de</strong> econômica da gente sãofranciscana.<br />

E, mais chocante e grave,<br />

porque to<strong>do</strong>s ali vivem exclusivamente da<br />

lavoura, da criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e caprinos.<br />

Des<strong>de</strong> a introdução <strong>do</strong>s motores-bomba,<br />

em <strong>19</strong>48, e <strong>de</strong> bombas elétricas, após a<br />

CHESF, repito, a ativida<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minante<br />

nesta área é a irrigação das excelentes<br />

terras marginais <strong>do</strong> rio São Francisco e<br />

suas ilhas.<br />

Mais ainda: em verda<strong>de</strong>, nos municípios<br />

menciona<strong>do</strong>s, soman<strong>do</strong> o <strong>de</strong> Paulo<br />

Afonso. on<strong>de</strong> está sediada a famosa usina<br />

que energiza to<strong>do</strong> o Nor<strong>de</strong>ste, não existe<br />

uma única indústria. Prova provada <strong>do</strong><br />

acerto <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> PROVALE pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte Médici, em <strong>19</strong>72, “instituí<strong>do</strong><br />

para a valorização econômica e social <strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong> vale brasileiro e para valorizar,<br />

pela melhoria <strong>do</strong> seu nível <strong>de</strong> vida, as<br />

populações que nele habitam e que<br />

constituem, pela sua eminente dignida<strong>de</strong>,<br />

o mais precioso <strong>do</strong>s bens <strong>de</strong> que dispõe<br />

o, Vale <strong>do</strong> São Francisco”.<br />

Em <strong>19</strong>74, o Presi<strong>de</strong>nte Geisel, ao justificar<br />

a inspirada criação da CODEVASF -<br />

companhia <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Vale<br />

<strong>do</strong> São Francisco - <strong>de</strong>clarou que a<br />

entida<strong>de</strong> teria a “finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar a<br />

implantação <strong>de</strong> amplo programa <strong>de</strong><br />

valorização <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong> água e solo<br />

<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco, como précondição<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s<br />

gran<strong>de</strong>s projetos agropecuários e<br />

agroindustriais visualiza<strong>do</strong>s”.<br />

Portanto, muito claro, meridianamente<br />

claro, o seu propósito <strong>de</strong> dar oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho ao homem <strong>do</strong> São Francisco.<br />

E nunca o exemplar e <strong>de</strong>mocrata<br />

Presi<strong>de</strong>nte Geisel <strong>de</strong>u <strong>de</strong>monstrações<br />

mais viva <strong>de</strong> sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> à meta<br />

governamental, que <strong>de</strong>terminadamente<br />

colina, <strong>de</strong> continuar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico <strong>do</strong> Brasil, tão bem realiza<strong>do</strong><br />

pelos Governos Revolucionários,<br />

concretizan<strong>do</strong>, simultânea e<br />

inseparavelmente, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e a efetiva participação <strong>do</strong> nosso<br />

povo nas benesses antes distribuídas sem<br />

eqüida<strong>de</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

pensamento, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, indago: em<br />

nome <strong>de</strong> que princípios, sentimentos ou<br />

estilo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento temos o direito<br />

<strong>de</strong> sacrificar mais <strong>de</strong> 100.000<br />

pernambucanos e baianos que nasceram<br />

e vivem nas terras <strong>do</strong> submedio São<br />

Francisco e que aspiram a ser sepulta<strong>do</strong>s<br />

nos sete palmos <strong>de</strong> chão on<strong>de</strong> seus<br />

antepassa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scansam em paz e<br />

nunca sob a águas da barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica?<br />

E assim pensam to<strong>do</strong>s os homens,<br />

mulheres e crianças <strong>de</strong> Floresta, Belém<br />

<strong>do</strong> São Francisco, Ro<strong>de</strong>las, Chorrochó,<br />

Abaré, Petrolândia e Itacuruba. O Instituto<br />

<strong>de</strong> conservação fala <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um,<br />

pois, sabem os pernambucanos que não<br />

têm para on<strong>de</strong> ir.<br />

Preten<strong>de</strong>m a ELETROBRÁS e a CHESF<br />

localizá-los no Agreste e na Zona da<br />

Mata? Nos tabuleiros <strong>do</strong> Sertão?<br />

Impossível. On<strong>de</strong>, afinal, não sabemos.<br />

<strong>Pernambuco</strong> não terá condições <strong>de</strong><br />

relocar e alojar cerca <strong>de</strong> 70.000 pessoas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> seu território, e muito menos <strong>de</strong><br />

dar-lhes trabalho. Os baianos, mais<br />

felizes, porque a Bahia, com seus 548.000<br />

km² <strong>de</strong> área tem muita terra a colonizar,<br />

também para on<strong>de</strong> irão? Rio Corrente. Rio<br />

Gran<strong>de</strong>? Ou reeditarão a odisséia for<br />

vivida pelos 50.000 ribeirinhos<br />

<strong>de</strong>saloja<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Sobradinho? Não. Os<br />

baianos, como os pernambucanos, amam<br />

sua terra e nela querem permanecer.<br />

Portanto, não é Lógico nem sensato, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, invoquemos a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste, tão favoravelmente concebi<strong>do</strong> e<br />

dirigi<strong>do</strong> pela SUDENE, como razão para<br />

construir <strong>de</strong> logo a barragem <strong>de</strong> Itaparica<br />

e instalar uma usina a fim <strong>de</strong> socorrer a<br />

crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia que<br />

alimenta o parque industrial da região.<br />

O Sr. Monsenhor Ferreira Lima - O<br />

pronunciamento que V. Exa. está fazen<strong>do</strong><br />

esta tar<strong>de</strong>, com a autorida<strong>de</strong> que lhe<br />

assiste, como gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

São Francisco - e to<strong>do</strong>s nós,<br />

pernambucanos e baianos, perseguimos o<br />

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554<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ver aquele vale transforma<strong>do</strong> num<br />

novo Tennessee - por certo haverá <strong>de</strong><br />

modificar a orientação que está sen<strong>do</strong><br />

dada à matéria, que é uma orientação<br />

unilateral. Está-se olhan<strong>do</strong> apenas o<br />

problema energético, quan<strong>do</strong> há, na<br />

verda<strong>de</strong>, solução talvez maior na<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Xingó, para<br />

respon<strong>de</strong>r a essa indagação da <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong> energia <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. O que estamos<br />

receben<strong>do</strong>, nós, Deputa<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> - eu, pelo menos - é o<br />

clamor, é o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> angústia psicológica<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os habitantes <strong>de</strong> Florestas, <strong>de</strong><br />

Itacuruba, <strong>de</strong> Belém <strong>de</strong> São Francisco, <strong>de</strong><br />

Petrolândia, cida<strong>de</strong>s próximas <strong>do</strong> sertão<br />

pernambucano, e as áreas mais<br />

agricultáveis da região, este ano, como V.<br />

Exa. sabe, têm uma produção <strong>de</strong> quase<br />

64 mil toneladas só <strong>de</strong> cebola, afora ainda<br />

a gran<strong>de</strong> agricultura <strong>de</strong> subsistência, <strong>de</strong><br />

milho, feijão e algodão, e a pecuária<br />

daquela região. Não é possível que a<br />

visão <strong>do</strong>s homens da ELETROBRÁS não<br />

se modifique diante da exposição <strong>de</strong><br />

motivos que vai acompanhar uma<br />

representação <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m, para alterar<br />

um sistema <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> barragens.<br />

Ninguém mais <strong>do</strong> que nós, nor<strong>de</strong>stinos,<br />

somos partidários da construção <strong>de</strong><br />

barragens para o Nor<strong>de</strong>ste. Estamos até<br />

com uma tese para Indicação da<br />

perenízação <strong>do</strong>s rios, <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, como<br />

solução para mudar sua ecologia; e<br />

construir Itaparica seria sepultar gran<strong>de</strong><br />

parte <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, talvez a parte mais<br />

fértil <strong>do</strong> sertão, sem nenhuma razão <strong>de</strong><br />

ser, quan<strong>do</strong> a barragem <strong>de</strong> Xingó<br />

respon<strong>de</strong>rá muito mais <strong>do</strong> que Itaparica.<br />

O Sr. MANOEL. NOVAES - Agra<strong>de</strong>ço a V.<br />

Exa., Deputa<strong>do</strong> Monsenhor Ferreira Lima,<br />

os argumentos que apresenta, que vêm<br />

juntar-se àqueles que estou trazen<strong>do</strong> a<br />

esta Casa, para que, solidária conosco,<br />

faça chegar nosso pensamento e nossos<br />

apelos ao Sr. Presi<strong>de</strong>nte da República,<br />

em nome <strong>do</strong> São Francisco, a fim <strong>de</strong> nos<br />

livrarmos <strong>de</strong>ssa calamida<strong>de</strong> que mais uma<br />

vez nos ameaça.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, se a Revolução promove<br />

os meios para a Integração <strong>de</strong> todas as<br />

regiões brasileiras no processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, ten<strong>do</strong> em vista<br />

a diminuição ou correção possível das<br />

diferenças <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r econômico entre o<br />

Centro-Sul, Norte e Nor<strong>de</strong>ste, não há por<br />

on<strong>de</strong> consentir em que diferenças ainda<br />

mais odiosas incompatibilizem<br />

futuramente os nor<strong>de</strong>stinos <strong>do</strong> litoral com<br />

os nor<strong>de</strong>stinos <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> São<br />

Francisco, porque trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sigualmente.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, cabe, pois, à<br />

ELETROBRÁS e a CHESF, com sua<br />

capacida<strong>de</strong> técnica e competência legal, e<br />

como instrumentos principais que são <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento integra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, a<br />

cargo da SUDENE, reexaminar o assunto,<br />

repon<strong>do</strong> as coisas nos lugares certos.<br />

Nada <strong>de</strong> novos danos materiais e fatores<br />

outros que venham ferir tão fun<strong>do</strong> os<br />

sentimentos e os interesses <strong>do</strong> São<br />

Francisco e criar nova crise social para o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, carente, sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />

empregos para o homem, <strong>de</strong> paz e<br />

harmonia social, que o Presi<strong>de</strong>nte Geisel<br />

está diligencian<strong>do</strong> assegurar.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, não me atribuo a<br />

onisciência <strong>do</strong> técnico nem as magias <strong>do</strong><br />

feiticeiro.<br />

Retrato, neste Instante, realismo muito<br />

sofri<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem, <strong>de</strong> sua gente e <strong>de</strong> sua<br />

terra, à qual <strong>de</strong>dicou sua vida pública e<br />

por cuja felicida<strong>de</strong> sempre batalhou.<br />

Sinceramente, volto a afirmar que a<br />

CHESF, após a instalação as usinas <strong>de</strong><br />

Sobradinho e Paulo Afonso, que terão<br />

respectivamente, 1.<strong>06</strong>0.000 e 1.860.000<br />

kw - cobrirá amplamente a <strong>de</strong>manda<br />

prevista para to<strong>do</strong> o Nor<strong>de</strong>ste, até <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> <strong>19</strong>80. Para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda<br />

prevista pela ELETROBRÁS para <strong>19</strong>85, a<br />

CHESF tem como opção não a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica, mas<br />

a construção da usina <strong>do</strong> Canyon, em<br />

Xingó, com 4 milhões <strong>de</strong> kw, que seria a<br />

maior usina <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste e a segunda <strong>do</strong><br />

Brasil, que não criará problemas para<br />

ninguém. Depois <strong>de</strong> Xingó e para a frente,<br />

admita-se à revisão <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> Itaparica<br />

em níveis que não comprometam o atual<br />

status econômico e social das populações<br />

da área <strong>de</strong> Petrolândia a Cabrobó, pelos<br />

<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, isto é, sem risco <strong>de</strong><br />

inundações das terras marginais.<br />

Por fim, se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste o exigir - e exigirá por certo - a<br />

partir <strong>de</strong> <strong>19</strong>90 <strong>de</strong>veremos virar a página e


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

dar por cumprida a contribuição <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

Já então, e ninguém tem dúvida - a não<br />

ser os que não acreditam no Brasil gran<strong>de</strong><br />

potência até o fim <strong>de</strong>ste século - usinas<br />

termo-nucleares estarão montadas nos<br />

principais pólos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

industrial <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, capazes <strong>de</strong><br />

suplementar as usinas <strong>do</strong> São Francisco e<br />

ampliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção<br />

energética <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. Essas usinas<br />

nucleares - a Câmara sabe - são objeto <strong>de</strong><br />

cogitação <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral. Anunciase<br />

para breve a celebração <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

entre os Governos brasileiro e alemão<br />

oci<strong>de</strong>ntal para instalação <strong>de</strong> reatores<br />

nucleares no País.<br />

Informa-se que o Brasil oferecerá à<br />

Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal urânio natural em<br />

troca da instalação <strong>de</strong> oito usinas termonucleares<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>. Muito<br />

natural que, <strong>de</strong> agora, pleiteemos uma<br />

para Salva<strong>do</strong>r e outra para Recife, os<br />

maiores pólos industriais <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, até<br />

hoje alimenta<strong>do</strong>s com a energia <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

Se assim é, não há por que a<br />

preocupação <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste possa parar, exigin<strong>do</strong>, nesta<br />

hora, tamanho sacrifício <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e<br />

da Bahia.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, à guisa <strong>de</strong> sugestão - e<br />

muito importante o Governo Fe<strong>de</strong>ral ainda<br />

conta, na Bahia, com as reservas <strong>de</strong><br />

energia <strong>do</strong> rio Jequitinhonha, cuja<br />

exploração, há tanto esquecida, urge ser<br />

realizada.<br />

Em Salto da Divisa, fronteira da Bahia e<br />

Minas Gerais, há uma usina hidroelétrica<br />

estudada pela CEMIG, em <strong>19</strong>61, <strong>de</strong><br />

300.000 kw; em Cachoeirinha - Itapebi -<br />

na Bahia, também estudada, existe um<br />

aproveitamento <strong>de</strong> 900.000 kw. Até hoje<br />

não enten<strong>de</strong>mos a eletrificação <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

sul baiano e <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> Vaie <strong>do</strong><br />

Jequitinhonha mineiro com a energia <strong>de</strong><br />

Paulo Afonso.<br />

Encerro estas consi<strong>de</strong>rações, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, registran<strong>do</strong> conversa recente<br />

que tive com o eminente Ministro Shigeaki<br />

Ueki, das Minas e Energia, sobre a<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica. Confirmou-me S.<br />

Exa. a existência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> projeto,<br />

que o impressionou pelo volume <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 100.000 pessoas que teriam <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>slocadas, crian<strong>do</strong> sério problema social<br />

na região, que ele sobrevoou e verificou<br />

ser toda cultivada. Por isso, com a<br />

preocupação <strong>de</strong> evitar a inundação das<br />

terras marginais <strong>do</strong> rio São Francisco,<br />

havia recomenda<strong>do</strong> outras opções para o<br />

caso, quais sejam um projeto médio e<br />

outro, mais baixo, para o aproveitamento<br />

<strong>do</strong> simples <strong>de</strong>clive da cachoeira <strong>de</strong><br />

Itaparica e melhor a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong><br />

problema.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, têm V.<br />

Exa., pelo exposto, a justa medida e as<br />

razões porque ora me encontro nesta<br />

Tribuna. Obe<strong>de</strong>ço a uma linha <strong>de</strong><br />

coerência com minha atuação no passa<strong>do</strong><br />

em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> São Francisco.<br />

Concluin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vo dizer que o <strong>de</strong>stino e a<br />

salvação <strong>do</strong>s nossos conterrâneos estão<br />

nas mãos firmes, espírito patriótico e<br />

coração humano e cristão <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

Geisel, a quem confiamos a <strong>de</strong>cisão final,<br />

que afaste, para sempre, o perigo da<br />

construção da gran<strong>de</strong> barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica no rio São Francisco. Que Deus<br />

o ilumine.”<br />

(Palmas.)<br />

Requerimento Nº 460<br />

Requeremos à Mesa, ouvi<strong>do</strong> o Plenário,<br />

seja dirigida Mensagem em nome <strong>de</strong>ste<br />

Po<strong>de</strong>r Legislativo, ao Exmo. Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Manoel Novaes, representante da<br />

Bahia na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, convidan<strong>do</strong>-o a<br />

expor e <strong>de</strong>bater na Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>, o Projeto <strong>de</strong> construção da<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica.<br />

Justificativa<br />

Itaparica é obra <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição, <strong>de</strong><br />

sofrimento e <strong>de</strong> angústia.<br />

Vamos salvar o Sertão!<br />

Os nossos irmãos clamam por justiça,<br />

pe<strong>de</strong>m revisão <strong>do</strong> Projeto, exigem a ação<br />

<strong>do</strong>s Parlamentares, <strong>de</strong>sejam o <strong>de</strong>bate, o<br />

esclarecimento e a <strong>de</strong>finição.<br />

Para on<strong>de</strong> irão os <strong>de</strong>sabriga<strong>do</strong>s?<br />

Os Senhores são sertanejos? Não<br />

importa, são representantes <strong>do</strong> povo.<br />

Unam-se à nossa campanha, mostran<strong>do</strong><br />

que o Projeto é inviável e <strong>de</strong>sumano.<br />

Temos outras soluções. Por que sacrificar<br />

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556<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

mais <strong>de</strong> 70.000 pernambucanos?<br />

Esta Casa era silêncio, mas ouviremos as<br />

vozes <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> Petrolândia,<br />

Floresta, Itacuruba e Belém <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

É a hora da solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Você ama a sua terra? O Sertão também<br />

é <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Confiamos na sensibilida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Eminente Presi<strong>de</strong>nte Geisel -<br />

construiremos a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong>ste País,<br />

sem <strong>de</strong>struir as nossas tradições.<br />

Será que o sertanejo não tem direito a<br />

viver e morrer no seu torrão?<br />

Este momento é <strong>de</strong>cisivo - é uma luta <strong>de</strong><br />

irmãos, por isso enten<strong>de</strong>mos, que<br />

respeita<strong>do</strong>s os valores e as figuras <strong>de</strong><br />

projeção nacional, como Pernambucano e<br />

Deputa<strong>do</strong>, será oportuna a presença no<br />

Plenário <strong>de</strong>sta Casa, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Manuel<br />

Novaes, filho <strong>de</strong> Floresta, autorida<strong>de</strong> que<br />

conhece os problemas <strong>do</strong> São Francisco,<br />

afirman<strong>do</strong> as razões da sua luta, em<br />

<strong>de</strong>fesa da nossa gente e da sua fortaleza<br />

moral.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Vital Novaes<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Requerimento Nº 454<br />

Requeremos à Mesa, na forma<br />

regimental, seja consigna<strong>do</strong> na Ata <strong>de</strong><br />

nossos trabalhos legislativos <strong>de</strong> hoje um<br />

voto <strong>de</strong> congratulações com o Exmo. Sr.<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Dr. José Francisco<br />

<strong>de</strong> Moura Cavalcanti, pelo fato <strong>de</strong> haver<br />

restaura<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> três meses, to<strong>do</strong> o<br />

acervo <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Campo das<br />

Princesas, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, apelo<br />

formula<strong>do</strong> pelo nobre Deputa<strong>do</strong> José<br />

Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Da <strong>de</strong>cisão seja cientifica<strong>do</strong> o<br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Edmir Régis<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Requerimento Nº 457<br />

Requeremos à Mesa Diretora da<br />

Assembléia, nos termos regimentais,<br />

ouvi<strong>do</strong> o Plenário e satisfeitas <strong>de</strong>mais<br />

formalida<strong>de</strong>s, se aprove um voto <strong>de</strong><br />

congratulações aos Exmos. Srs. Ministro<br />

da Agricultura, Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

Secretário da Agricultura, e o Sr. Diretor<br />

da Carteira <strong>de</strong> Crédito Agrícola <strong>do</strong><br />

BANDEPE, pela justa providência,<br />

finalmente a<strong>do</strong>tada, proibin<strong>do</strong> importação<br />

da cebola estrangeira que vinha<br />

anualmente abarrotar o nosso merca<strong>do</strong><br />

interno em <strong>de</strong>trimento da produção<br />

nor<strong>de</strong>stina, capaz <strong>de</strong> abastecer ao País.<br />

Justificativa<br />

Tentaram-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>19</strong>56, to<strong>do</strong>s os<br />

meios, para que a cebola estrangeira não<br />

invadisse o nosso merca<strong>do</strong>, causan<strong>do</strong><br />

sérios danos aos produtores<br />

sanfrancisquenses.<br />

Buscaram estes na cebola a cultura mais<br />

favorita, justamente por ser esta a que,<br />

em área menor, oferece maior índice <strong>de</strong><br />

rentabilida<strong>de</strong>.<br />

Para isso recorrem ao financiamento <strong>do</strong>s<br />

Bancos, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao tamanho da terra,<br />

aquisição <strong>de</strong> sementes, adubo, fungicida,<br />

inseticida, plantio, colheita, trançamento e<br />

energia elétrica, <strong>de</strong> valor e consumo cada<br />

vez mais eleva<strong>do</strong>s.<br />

To<strong>do</strong>s os anos, precisamente no auge da<br />

safra, é o merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r super<br />

lota<strong>do</strong> pelo Artigo estrangeiro, com<br />

injustificável concorrência e aviltamento<br />

<strong>de</strong> preço, redundan<strong>do</strong> em perda total <strong>do</strong><br />

nosso produto que não raro se acaba nas<br />

roças, alimentan<strong>do</strong> animais ou, se já<br />

colhi<strong>do</strong>, é lança<strong>do</strong> a correnteza das águas<br />

para assim se evitarem moléstias<br />

disseminadas pelo mosque<strong>do</strong> da<br />

putrefação.<br />

Enquanto isso, acumulam-se nos Bancos,<br />

repeti<strong>do</strong>s débitos <strong>de</strong> refinanciamentos que<br />

mais oneram e empobrecem os<br />

agricultores, quase sempre compeli<strong>do</strong>s à<br />

perda <strong>de</strong> rebanhos, terras e <strong>de</strong>mais<br />

haveres, objetos <strong>de</strong> sucessivas execuções<br />

judiciais.<br />

Inútil continuou, durante duas décadas, o<br />

clamor <strong>do</strong>s ceboleiros co-estaduanos,<br />

falta <strong>de</strong> ressonância nos escalões<br />

maiores, malgra<strong>do</strong> inúmeras promessas


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

<strong>de</strong> atendimento.<br />

Forças ocultas, <strong>de</strong> prestígio incontrolável,<br />

pareciam revelar-se num po<strong>de</strong>r<br />

competitivo ilimita<strong>do</strong>.<br />

Agora, o atual Governa<strong>do</strong>r, integra<strong>do</strong> na<br />

problemática ceboleira e sentin<strong>do</strong> a<br />

influência <strong>de</strong>sta na economia e finanças<br />

estaduais, numa atitu<strong>de</strong> relâmpago, aceita<br />

e soluciona em um só dia, o consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

insolúvel problema.<br />

Sintoniza<strong>do</strong> com o Sr. Secretário da<br />

Agricultura Dr. João Falcão Ferraz, manda<br />

à Capital da República o ilustre Diretor da<br />

Carteira <strong>de</strong> Crédito Agrícola <strong>do</strong> BANDEPE<br />

- Dr. Cláudio Ribeiro - e <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s<br />

cebolelros <strong>do</strong> São Francisco - José Roriz<br />

Lustosa Cantarelli e Aníbal Lustosa<br />

Sobrinho - que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze horas vão<br />

e retornam <strong>de</strong> Brasília, trazen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Ministro Paulinelli a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong><br />

não importar cebola estrangeira<br />

consoante divulgação oficial na imprensa,<br />

para felicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>safogo <strong>do</strong>s<br />

agricultores nor<strong>de</strong>stinos que, em<br />

<strong>de</strong>spacho telegráfico já manifestaram ao<br />

Chefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sua euforia e gratidão<br />

por haver posto em equilíbrio o “ovo <strong>de</strong><br />

Colombo”, quan<strong>do</strong> outros governantes<br />

com sóbrios motivos e integração no<br />

assunto, a ele po<strong>de</strong>riam ter se antecipa<strong>do</strong>.<br />

Mais valiosas por isso as congratulações<br />

que pedimos aprovadas, inteiran<strong>do</strong>-se,<br />

inclusive o Sindicato Rural, na pessoa <strong>do</strong><br />

seu Presi<strong>de</strong>nte - José Roriz Lustosa<br />

Cantarelli - em Belém <strong>do</strong> São Francisco,<br />

Município que li<strong>de</strong>ra por mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos<br />

a produção <strong>de</strong> cebola em nosso Esta<strong>do</strong>,<br />

estimada em cinqüenta mil toneladas no<br />

corrente ano, apesar <strong>do</strong> estrago e<br />

<strong>do</strong>enças já ocasionadas pelas chuvas.<br />

Plante que o Governo garante.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Edson Cantarelli<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Requerimento Nº 459<br />

Requeremos à Mesa, na forma<br />

regimental, seja consigna<strong>do</strong> na Ata <strong>de</strong><br />

nossos trabalhos legislativos um voto <strong>de</strong><br />

congratulações com o Exmo. Sr.<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Exmo. Sr.<br />

Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, pelo eficiente<br />

atendimento à população <strong>de</strong> Caruaru e<br />

outros municípios da região, com relação<br />

à vacinação contra a meningite, efetuada<br />

no <strong>do</strong>mingo próximo passa<strong>do</strong>, oferecen<strong>do</strong><br />

a maior tranqüilida<strong>de</strong> a to<strong>do</strong>s os<br />

habitantes, em vista <strong>do</strong>s casos fatais<br />

ocorri<strong>do</strong>s anteriormente.<br />

Da <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Plenário, dê-se<br />

conhecimento às autorida<strong>de</strong>s no princípio<br />

referidas.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

José Liberato<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

Requerimento Nº 458<br />

Requeremos à Mesa, obe<strong>de</strong>cidas as<br />

formalida<strong>de</strong>s regimentais, seja inserto nos<br />

Anais <strong>de</strong>sta Assembléia <strong>Legislativa</strong>, o<br />

Artigo <strong>do</strong> Acadêmico Mauro Mota,<br />

publica<strong>do</strong> no “Diário <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>” <strong>de</strong><br />

hoje, on<strong>de</strong> o ilustre jornalista traça o perfil<br />

<strong>do</strong> escritor e acadêmico Ivan Lins,<br />

recentemente faleci<strong>do</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio.<br />

Da <strong>de</strong>cisão dê-se conhecimento ao<br />

articulista.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Antônio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

(A transcrição, ora pedida, tem o seguinte<br />

teor):<br />

“AGENDA<br />

Ivan Lins - Com Ivan Lins, acabou-se -<br />

per<strong>do</strong>em o lugar comum - um <strong>do</strong>s poucos<br />

e <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iros representantes <strong>de</strong> uma<br />

geração. Jamais pelos 70 anos<br />

(vivacissimos) mas pelo tempo que<br />

transportavam inacessível a mudanças: o<br />

tempo mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong> simples<br />

positivismo, <strong>de</strong> todas as normas <strong>de</strong><br />

conduta pelo positivismo indicadas; <strong>de</strong><br />

apego sem abertura, para usar uma<br />

palavra <strong>de</strong> hoje, à filosofia <strong>de</strong> Augusto<br />

557


558<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Cocote; <strong>de</strong> amor sem transigência aos<br />

clássicos nas preferências <strong>de</strong> leituras e<br />

influências literárias; até na sua bela figura<br />

física Ivan Lins parecia um remanescente<br />

<strong>do</strong> classicismo.<br />

Lembro a primeira visita, que lhe fiz, em<br />

sua casa <strong>do</strong> Leblon, em companhia <strong>do</strong><br />

queri<strong>do</strong> Luiz Luna. Das claras horas da<br />

noite em sua rica biblioteca; das rarida<strong>de</strong>s<br />

bibliográficas, seculares edições príncipes<br />

<strong>de</strong> ciências, inclusive médicas - ele era<br />

médico - <strong>de</strong> lingüística - era latinista - <strong>de</strong><br />

poesia (vários Camões) <strong>de</strong> religião,<br />

apesar <strong>de</strong> tantas enca<strong>de</strong>rnações <strong>de</strong><br />

encher a vista, os livros nada<br />

ornamentais. Com notas apenas, com<br />

trechos marca<strong>do</strong>s, com os vestígios <strong>do</strong><br />

manuseio.<br />

A rica biblioteca constituía um acervo <strong>de</strong><br />

cultura e estava a serviço da cultura;<br />

constituía um laboratório <strong>de</strong> análises<br />

literárias e filosóficas, o núcleo da<br />

construção da obra pessoal <strong>do</strong> escritor,<br />

que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, se fizera intiano <strong>do</strong>s<br />

autores que a formavam. Obra constante<br />

suficiente para manter Ivan Lins vivo<br />

diante das atuais e das futuras gerações.<br />

Outro aspecto, além <strong>do</strong> cultural, a<br />

salientar-se nele: o da sua gran<strong>de</strong>za<br />

humana. Ninguém mais digno, mais leal,<br />

mais firme nas amiza<strong>de</strong>s; ninguém que<br />

mais as fizesse in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da satisfação<br />

<strong>de</strong> interesses. Ficou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro<br />

instante, <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> ao meu la<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> fui<br />

candidato à Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />

Letras, on<strong>de</strong> a sua convivência valia um<br />

encanto, e não só quan<strong>do</strong> falava nas<br />

sessões das quintas feiras: quase todas<br />

as tar<strong>de</strong>s no gabinete <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

Athay<strong>de</strong>. Estou a ouvi-lo e a revê-lo nesta<br />

manhã <strong>de</strong> sua aporte. O branco era a sua<br />

cor: estava na cabeleira, na roupa, na<br />

pureza da vida e <strong>do</strong> espírito.”<br />

Requerimento Nº 456<br />

Requeremos à Mesa, atendidas as<br />

formalida<strong>de</strong>s regimentais seja consigna<strong>do</strong><br />

na Ata <strong>de</strong> nossos trabalhos, um voto <strong>de</strong><br />

profun<strong>do</strong> pesar, pelo falecimento, ocorri<strong>do</strong><br />

nesta Capital, <strong>do</strong> Sr. Antônio Tavares <strong>de</strong><br />

Melo, comerciante, Senhor <strong>de</strong> engenho <strong>de</strong><br />

Maré e fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cana da usina<br />

Aliança, neste Esta<strong>do</strong>.<br />

Da <strong>de</strong>cisão da Casa comunique-se aos<br />

Srs. Fernanda Palha, Romeu e Augusto<br />

Tavares <strong>de</strong> Melo viúva e irmãos <strong>do</strong><br />

extinto.<br />

Oral.<br />

Justificativa<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Antônio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

(Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s Mário<br />

Monteiro e Moacyr André Gomes.)<br />

O Sr. PRESIDENTE - Passa-se ao<br />

Gran<strong>de</strong> Expediente. Tem a palavra o<br />

Deputa<strong>do</strong> Vital Novaes.<br />

O Sr. VITAL NOVAES - Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s, refleti bastante para<br />

trazer um assunto que comecei a abordar<br />

esta tar<strong>de</strong> na Tribuna, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong>s<br />

trabalhos legislativos. Havia anota<strong>do</strong> na<br />

minha agenda fazer um pronunciamento<br />

nesta Assembléia sobre a situação aflitiva<br />

em que se encontrem milhares <strong>de</strong><br />

pernambucanos que habitem o sertão <strong>do</strong><br />

São Francisco. E é chegada a hora Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, estou me pronuncian<strong>do</strong><br />

principalmente porque no último fim <strong>de</strong><br />

semana, visitan<strong>do</strong> os municípios <strong>do</strong><br />

Interior estava a perguntar sobre a ação<br />

<strong>do</strong>s Parlamentares estaduais e qual o<br />

pronunciamento <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais<br />

sabre a <strong>de</strong>fesa da sobrevivência <strong>de</strong> região<br />

<strong>do</strong> São Francisco marcada para<br />

<strong>de</strong>saparecer com a construção <strong>de</strong><br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica e por esta razão,<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, é que <strong>do</strong>u<br />

hoje o primeiro passo <strong>de</strong>ste campanha<br />

que tenho certeza, merecerá a apoio <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os Deputa<strong>do</strong>s, porque inclusive já<br />

foi focaliza<strong>do</strong> na Câmara Fe<strong>de</strong>ral. Passo a<br />

ler a Indicação:<br />

(Lê):<br />

INDICAÇÃO Nº 490<br />

Indicamos à Mesa, ouvi<strong>do</strong> o Plenário, seja<br />

dirigida mensagem em nome <strong>de</strong>ste Po<strong>de</strong>r<br />

Legislativo, ao Exmo. Sr. Ministro das<br />

Minas e Energia, Shigeaki Ueki,<br />

objetivan<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminar à ELETROBRÁS,


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

o reexame <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> construção da<br />

Barragem <strong>de</strong> Itaparica, que ameaça<br />

<strong>de</strong>struir vasta área <strong>do</strong>s territórios <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> e da Bahia.<br />

Justificativa<br />

Não somos o reflexo <strong>do</strong> <strong>de</strong>sespero e da<br />

aflição, mas trazemos um sentimento <strong>de</strong><br />

amor e <strong>de</strong> angústia, traduzi<strong>do</strong> na<br />

apreensão <strong>do</strong>s milhares <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stinos<br />

que habitam aquela área, marcada para<br />

<strong>de</strong>saparecer com a edificação da<br />

Barragem <strong>de</strong> Itaparica.<br />

Reconhecemos, que o Brasil exige o<br />

sacrifício <strong>do</strong>s seus filhos, em nome <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, mas sejamos<br />

mais humanos e justos, salvan<strong>do</strong> os<br />

sertanejos, que construíram com suor e<br />

lágrimas a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> uma terra<br />

esquecida, agora lembrada para ser<br />

<strong>de</strong>struída.<br />

Não tentaremos impedir a sua construção,<br />

mas merecemos a revisão <strong>do</strong> projeto,<br />

como forma capaz <strong>de</strong> salvar os<br />

pernambucanos e baianos; que vivem nas<br />

terras <strong>do</strong> submédio São Francisco, pobres<br />

<strong>de</strong> esperança e ricos <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão,<br />

aspiran<strong>do</strong> apenas, serem sepulta<strong>do</strong>s nos<br />

sete palmos <strong>do</strong> chão on<strong>de</strong> seus<br />

antepassa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scansam em paz e<br />

nunca sob as águas da Barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica.<br />

Para ilustrar a nossa proposição,<br />

anexamos como justificativa, o discurso<br />

<strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Manuel Novaes,<br />

representante da Bahia na Câmara<br />

Fe<strong>de</strong>ral, pronuncia<strong>do</strong> na reunião <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>75.<br />

O que preten<strong>de</strong>mos realmente, com<br />

absoluto equilíbrio, é compatibilizar os<br />

interesses econômicos e sociais <strong>de</strong>sta<br />

grandiosa obra, que se propõe a<br />

assegurar o consumo <strong>de</strong> energia a to<strong>do</strong> o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, além da navegabilida<strong>de</strong> e<br />

irrigação <strong>de</strong> novas áreas que serão<br />

inundadas pelo São Francisco.<br />

Sala das Reuniões, em <strong>19</strong> <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>75.<br />

Vital Novaes<br />

Deputa<strong>do</strong><br />

O Sr. Felipe Coelho - Deputa<strong>do</strong> Vital<br />

Novaes, V. Exa. aborda um tema <strong>de</strong> muito<br />

interesse da região que V. Exa.<br />

representa com tanta disposição nesta<br />

Casa. A semana passada recebi o<br />

discurso pronuncia<strong>do</strong> na Câmara Fe<strong>de</strong>ral<br />

e o trabalho que vem realizan<strong>do</strong> na<br />

Comissão <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco pelo<br />

Monsenhor Ferreira Lima. No discurso<br />

que S. Exa. me man<strong>do</strong>u para mostrar o<br />

interesse <strong>de</strong>le, contra, vamos dizer assim,<br />

aquilo que ele disse que representa o<br />

<strong>de</strong>sinteresse da região. São Franciscana,<br />

S. Exa. solicitava o pronunciamento <strong>de</strong>sta<br />

Casa. Mas como sei das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> V.<br />

Exa. que são maiores com o São<br />

Francisco, me limitei a mostrar a V. Exa. e<br />

dizer que me proponho estar a seu la<strong>do</strong> e<br />

solicitar <strong>do</strong> Governo providência que não<br />

a construção <strong>de</strong> Itaparica, mas que<br />

também não prejudicar a potencialida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que se faz necessária a instalação da<br />

CHESF em Paulo Afonso. Daí porque<br />

acho interessante é pronunciamento, o<br />

convite que V. Exa. faz ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Comissão <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco, o<br />

eminente pernambucano Manoel Novaes<br />

que vin<strong>do</strong> a esta Casa por certo <strong>de</strong>baterá<br />

conosco as medidas que por ventura nós<br />

<strong>de</strong>veremos solicitar ao Governo no<br />

interesse <strong>de</strong> salvaguardar as proprieda<strong>de</strong>s<br />

e as casas daqueles que habitam há<br />

longo tempo à margem <strong>do</strong> São Francisco.<br />

Eu me solidarizo com V. Exa. dizen<strong>do</strong> ao<br />

povo <strong>do</strong> São Francisco, hoje já po<strong>de</strong>mos<br />

dizer, que o Monsenhor Ferreira Lima e V.<br />

Exa. estão atentos para não <strong>de</strong>ixar<br />

soterrar aquela gente que trabalha com<br />

tanto amor a <strong>Pernambuco</strong> e ao Brasil.<br />

O Sr. VITAL NOVAES - Deputa<strong>do</strong> Felipe<br />

Coelho, já esperava o seu aparte e a<br />

solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> V. Exa. porque, como<br />

homem que representa <strong>Pernambuco</strong><br />

nesta Casa há 25 anos, tenho a certeza<br />

que assuntos <strong>de</strong>sta natureza tão<br />

importantes não somente para os homens<br />

que fazem o São Francisco, mas para<br />

<strong>Pernambuco</strong> inteiro; eu sabia que V. Exa.<br />

iria apartear aprovan<strong>do</strong> a nossa iniciativa,<br />

dizen<strong>do</strong> que este é o pensamento <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os representantes <strong>de</strong>sta Casa e<br />

levaremos, com certeza, a nossa palavra<br />

ao Presi<strong>de</strong>nte da república, ao Ministro <strong>de</strong><br />

Minas e Energia, ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

CHESF, da ELETROBRÁS, para que essa<br />

559


560<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

obra não seja construída, porque, na<br />

verda<strong>de</strong>, existem outras opções viáveis<br />

que po<strong>de</strong>m aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s da<br />

produção <strong>de</strong> energia no Nor<strong>de</strong>ste,<br />

fazen<strong>do</strong> com que continuemos com esse<br />

ritmo acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

E vou muito além, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, dizen<strong>do</strong>:<br />

(Lê):<br />

“É a hora da solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Você ama a sua terra? O Sertão também<br />

é <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Confiamos na sensibilida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Eminente Presi<strong>de</strong>nte Geisel -<br />

construiremos a gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong>ste País,<br />

sem <strong>de</strong>struir as nossas tradições.<br />

Será que o sertanejo não tem direito a<br />

viver e morrer no seu torrão?<br />

Este momento é <strong>de</strong>cisivo - é uma luta <strong>de</strong><br />

irmãos, por isso enten<strong>de</strong>mos, que<br />

respeita<strong>do</strong>s os valores e as figuras <strong>de</strong><br />

projeção nacional, como Pernambucano e<br />

Deputa<strong>do</strong>, será oportuna a presença no<br />

Plenário <strong>de</strong>sta Casa, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Manuel<br />

Novaes, filho <strong>de</strong> Floresta, autorida<strong>de</strong> que<br />

conhece os problemas <strong>do</strong> São Francisco,<br />

afirman<strong>do</strong> as razões da sua luta, em<br />

<strong>de</strong>fesa da nossa gente e da sua fortaleza<br />

moral.”<br />

Convidarei, através <strong>de</strong>sta Casa, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, o Presi<strong>de</strong>nte da Companhia<br />

Hidroelétrica <strong>do</strong> São Francisco que,<br />

acredito, será um <strong>de</strong>bate interessante<br />

porque aqui não somente estarão os Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s mas, também, os técnicos<br />

interessa<strong>do</strong>s no problema. O Governo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> através <strong>de</strong> sua representação,<br />

também se fará presente e <strong>de</strong>baterá com<br />

autorida<strong>de</strong>s maiores, porque nós não<br />

po<strong>de</strong>mos aceitar, sem uma <strong>de</strong>finição, e<br />

sem uma satisfação, to<strong>do</strong>s aqueles que<br />

habitam a região <strong>do</strong> São Francisco, que<br />

tem também nesta Casa outros<br />

representantes como o Deputa<strong>do</strong> Edson<br />

Cantarelli, o Deputa<strong>do</strong> Honório Rocha, o<br />

Deputa<strong>do</strong> Au<strong>do</strong>mar Ferraz, o atual<br />

Secretário da Agricultura Sr. João Falcão<br />

Ferraz e tantos outros eminentes<br />

companheiros batalha<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>fensores<br />

<strong>do</strong>s interesses da comunida<strong>de</strong><br />

pernambucana. Eu não posso aceitar,<br />

como sertanejo sempre fiel às minhas<br />

origens, ouvi pelo Sertão dizer: nós<br />

seremos transporta<strong>do</strong>s para on<strong>de</strong>?<br />

Quan<strong>do</strong> a barragem for construída, nós<br />

não teremos sequer, o direito <strong>de</strong> dizer,<br />

on<strong>de</strong> nascemos! Tu<strong>do</strong> isso é triste, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, não é lacônico, mas merece<br />

também, que eu traga ao conhecimento<br />

<strong>do</strong>s Srs. Deputa<strong>do</strong>s, alguns tópicos <strong>de</strong><br />

discurso pronuncia<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong><br />

Manoel Novaes, na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, que<br />

recebeu inclusive apartes <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong><br />

Ferreira Lima, quan<strong>do</strong> apóia aquela<br />

iniciativa. Porque, nós não po<strong>de</strong>mos<br />

aceitar, que homens que representam<br />

<strong>Pernambuco</strong> nas Assembléias<br />

<strong>Legislativa</strong>s e no Congresso Nacional,<br />

silenciem, fiquem apenas aguardan<strong>do</strong><br />

pronunciamento <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, sem<br />

motivar os Organismos Oficiais a dar uma<br />

<strong>de</strong>finição, fazen<strong>do</strong> com que seda<br />

construiria uma nova infra-estrutura, para<br />

que toda essa população seja transferida.<br />

Mas, dada a importância <strong>de</strong>ssa matéria,<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, eu passarei a ler agora,<br />

alguns tópicos <strong>do</strong> discurso pronuncia<strong>do</strong><br />

pelo Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes.<br />

Disse ele:<br />

(Lê):<br />

“Srs. Deputa<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong>, em <strong>19</strong>67,<br />

combatemos a construção da barragem<br />

<strong>de</strong> Itaparica, oferecemos à CHESF a<br />

opção a<strong>de</strong>quada, isto é, a construção da<br />

barragem <strong>de</strong> Sobradinho. Não precisamos<br />

relembrar aqui a importância <strong>de</strong>sta obra,<br />

há <strong>do</strong>is anos em execução pelo Governo<br />

fe<strong>de</strong>ral. Usaremos, para justificar<br />

Sobradinho, apenas os argumentos que a<br />

própria CHESF e a ELETROBRÁS nos<br />

forneceram.<br />

Em <strong>do</strong>cumentos daquele tempo a CHESF<br />

analisava a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia elétrica<br />

<strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste até <strong>19</strong>90 para indicar que em<br />

<strong>19</strong>80 necessitaria <strong>de</strong> 3.69 megawatts, ou<br />

seja, 3.600.000 quilowatts.<br />

Ora, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, era penoso para nós,<br />

naquela ocasião, advogar a construção <strong>de</strong><br />

Sobradinho, já que implicaria sacrifício<br />

imenso para a Bahia, pois que várias<br />

cida<strong>de</strong>s tradicionais seriam inundadas e<br />

<strong>de</strong>sapareceriam <strong>do</strong> mapa <strong>do</strong> São<br />

Francisco. Entretanto, estávamos diante<br />

<strong>de</strong> uma alternativa: ou se construiria


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Sobradinho ou se construiria Itaparica. O<br />

estu<strong>do</strong> da matéria, feito pela CHESF e<br />

pela ELETROBRÁS, concluiu pela<br />

construção <strong>de</strong> Sobradinho.<br />

A própria ELETROBRÁS, na sua<br />

publicação <strong>de</strong> <strong>19</strong>72 “Expansão da<br />

Capacida<strong>de</strong> Gera<strong>do</strong>ra no Nor<strong>de</strong>ste”,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que, em <strong>19</strong>85, a sua<br />

<strong>de</strong>manda energética atingirá 6.500 Mw,<br />

indicou a construção da usina <strong>do</strong> Canyon<br />

em Xingó, como a solução mais a<strong>de</strong>quada<br />

após Sobradinho.”<br />

Porque agora, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, construída<br />

a barragem <strong>de</strong> Sobradinho, vamos partir<br />

para Itaparica, <strong>de</strong>struir centenas <strong>de</strong><br />

plantações, <strong>de</strong>struir o futuro <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> habitantes e fazer com que toda aquela<br />

região fique sacrificada em nome <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Noroeste.<br />

E eu passo a ler, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, inclusive<br />

um aperte <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Monsenhor<br />

Ferreira Lima, que nesta Casa, também<br />

batalhou pelos problemas <strong>do</strong> São<br />

Francisco, dignifican<strong>do</strong> e mandato que foi<br />

conferi<strong>do</strong> pelo povo <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, foi<br />

até promovi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong> Estadual para<br />

ocupar uma ca<strong>de</strong>ira na Câmara Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Dizia o Deputa<strong>do</strong> Monsenhor Ferreira<br />

Lima, no seu aparte:<br />

(Lê):<br />

“O Sr. Monsenhor Ferreira Lima -<br />

Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes, V. Exa.<br />

representante da Bahia, apesar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

pernambucano, faz a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> São<br />

Francisco, objetivan<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong><br />

uma civilização ali, porque é o São<br />

Francisco a maior realida<strong>de</strong> econômica e<br />

social que po<strong>de</strong> o Nor<strong>de</strong>ste divisar. A<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Sobradinho<br />

era um sonho para ampliar Paulo Afonso.<br />

Ao local <strong>de</strong> sua execução tivemos<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar quase toda a<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

mais <strong>de</strong> 70 jornalistas <strong>do</strong>s mais<br />

importantes órgãos <strong>de</strong> imprensa <strong>de</strong><br />

Recife, São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, para<br />

que vissem, com seus próprios olhos, o<br />

que se está fazen<strong>do</strong> no Vale <strong>do</strong> São<br />

Francisco. Sabemos, porém, que a<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica - gran<strong>de</strong><br />

conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong> problema, ninguém mais<br />

<strong>do</strong> que V. Exa. neste País, po<strong>de</strong> falar com<br />

autorida<strong>de</strong> sobre o Vale <strong>do</strong> São Francisco<br />

- não tem razão <strong>de</strong> ser, em função da<br />

construção da gran<strong>de</strong> barragem <strong>de</strong><br />

Sobradinho. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste pressuposto, a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica não<br />

aten<strong>de</strong>ria aquilo que to<strong>do</strong>s nós,<br />

nor<strong>de</strong>stinos, queremos, a recuperação <strong>de</strong><br />

uma área imensa <strong>de</strong> terras pela Irrigação.<br />

Ao contrário, Itaparica cobrirá uma das<br />

mais férteis regiões <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São<br />

Francisco, inclusive mais <strong>de</strong> 5 cida<strong>de</strong>s<br />

prósperas, celeiros da região. Ora,<br />

sabemos que Xingó será muito mais<br />

importante <strong>do</strong> que Itaparica para suprir as<br />

<strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. A<br />

<strong>de</strong>manda é realmente gran<strong>de</strong>, pois o<br />

Nor<strong>de</strong>ste cresce. Temos <strong>de</strong> levar mais<br />

energia para a Região, mas uma das<br />

coisas mais importantes, mais<br />

fundamentais e mais imperiosas para o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, neste instante, é recuperar<br />

todas as áreas que possam ser irrigadas<br />

com a água <strong>do</strong> São Francisco, o gran<strong>de</strong><br />

rio <strong>de</strong> integração nacional, o rio <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>nção <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. O que estamos<br />

ven<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> irrigação<br />

<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco, é qualquer<br />

coisa <strong>de</strong> fenomenal. Assim, nobre<br />

Deputa<strong>do</strong> Manoel Novaes, V. Exa. figura<br />

das mais representativas <strong>de</strong>sta Casa,<br />

Constituinte <strong>de</strong> <strong>19</strong>46 e gran<strong>de</strong> paladino <strong>do</strong><br />

São Francisco, tem a máxima autorida<strong>de</strong><br />

para falar, e nós to<strong>do</strong>s, nor<strong>de</strong>stinos -<br />

pernambucanos, cearenses, alagoanos,<br />

paraibanos e aqueles que vêem em Paulo<br />

Afonso fonte <strong>de</strong> riqueza e energia -<br />

estamos aqui, aos pés <strong>do</strong> Parlamento<br />

Nacional, claman<strong>do</strong> para que o Vale <strong>do</strong><br />

São Francisco, dádiva <strong>de</strong> Deus ao Brasil e<br />

ao Nor<strong>de</strong>ste, seja trata<strong>do</strong> como merece a<br />

fim <strong>de</strong> se tornar amanhã o gran<strong>de</strong> celeiro<br />

da Região e também a gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong><br />

riqueza e <strong>de</strong> energia para a<br />

industrialização. V. Exa. está <strong>de</strong> parabéns.<br />

<strong>Pernambuco</strong> e Bahia se irmanam nesta<br />

gran<strong>de</strong> batalha para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua<br />

população laboriosa. Os sertanejos, já<br />

cansa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esperar, agora, com os olhos<br />

não mais da esperança, vêem que se<br />

tornará realida<strong>de</strong> aquilo que lhes pertence<br />

pelo sangue, pela alma e pela vida.”<br />

Mas, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

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562<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

permita-me alongar-me mais um instante,<br />

para que leia alguns tópicos <strong>do</strong> discurso<br />

pronuncia<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Manoel<br />

Novaes, não somente como representante<br />

da Baía, mas como pernambucano liga<strong>do</strong><br />

às suas origens. E saben<strong>do</strong> que, a região<br />

que o viu nascer, município <strong>de</strong> Floresta e<br />

o vizinho município <strong>de</strong> Petrolândia, Belém<br />

<strong>de</strong> São Francisco e Itaparica, serão<br />

<strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s, inunda<strong>do</strong>s pelas águas <strong>de</strong>ssa<br />

Barragem que se anuncia; que será<br />

construída, para o bem <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste e<br />

para infelicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sertanejo que habita<br />

aquela região.<br />

(Lê):<br />

“O Sr. MANOEL NOVAES - Nobre<br />

Deputa<strong>do</strong>, estou feliz como seu aparte.<br />

Recor<strong>do</strong>-me <strong>de</strong> que, há pouco mais <strong>de</strong> um<br />

ano, V. Exa. um <strong>do</strong>s mais atuantes<br />

Deputa<strong>do</strong>s da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, propôs àquela histórica<br />

Casa <strong>de</strong> Joaquim Nabuco; convidar-me<br />

para uma conferência sobre o rio São<br />

Francisco e os problemas <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>. Infelizmente, não pu<strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r ao convite. Mas, hoje, tivemos a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste encontro. Agra<strong>de</strong>ço a<br />

V. Exa. as generosas palavras a respeito<br />

da minha atuação em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> rio São<br />

Francisco, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representante.<br />

da Bahia e na <strong>de</strong> filho <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> que<br />

fez da valorização <strong>do</strong> São Francisco sua<br />

maior ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> luta no Parlamento.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica, tal<br />

qual o projeto frustra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>19</strong>67 e<br />

<strong>de</strong>stinada apenas à geração <strong>de</strong> energia,<br />

será uma <strong>de</strong>sgraça maior para os<br />

pernambucanos e baianos que habitam o<br />

sub-médio São Francisco que a causada<br />

pelas secas que <strong>de</strong> séculos aos nossos<br />

dias assolaram nossa região.<br />

A nossa gente, com a fortaleza moral,<br />

resistência física e acendra<strong>do</strong> amor à terra<br />

natal que Deus lhe <strong>de</strong>u, estoicamente<br />

sempre enfrentou as inclemências da<br />

natureza, o infortúnio da pobreza e - por<br />

que não registrar - o aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s<br />

Governos até <strong>19</strong>45.<br />

Mas a seca e a chuva, embora sem prazo<br />

marca<strong>do</strong>, sempre se suce<strong>de</strong>m no<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Quan<strong>do</strong> a chuva cai, tu<strong>do</strong> se<br />

transmuda. Volta impressionantemente o<br />

ver<strong>de</strong> das caatingas, das pastagens e<br />

plantações, retempera-se o ânimo <strong>do</strong><br />

sertanejo e renasce em to<strong>do</strong>s a esperança<br />

<strong>de</strong> vida menos aflita, com resulta<strong>do</strong> mais<br />

seguro para seu trabalho. Estas imagens<br />

encoraja<strong>do</strong>ras substituem o espectro<br />

apavorante da seca, com seu cortejo <strong>de</strong><br />

miséria, fome, se<strong>de</strong> e <strong>de</strong>semprego<br />

<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a cena, impon<strong>do</strong> a migração<br />

<strong>de</strong> famílias inteiras e, como conseqüência<br />

ruinosa, o <strong>de</strong>spovoamento regional.<br />

Ainda assim, a seca, que é um cataclismo<br />

cíclico, nem tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>struiu e nem esgotou<br />

as reservas humanas <strong>do</strong>s municípios<br />

<strong>de</strong>ssa faixa <strong>do</strong> São Francisco, que, digase,<br />

é a <strong>de</strong> mais baixa pluviosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

o Polígono das Secas.<br />

Salvos das secas, esses municípios não<br />

serão poupa<strong>do</strong>s pela barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica, que inundará e <strong>de</strong>struirá<br />

totalmente - notem bem, Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

inundará e <strong>de</strong>struirá totalmente as cida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Floresta, Belém <strong>do</strong> São Francisco,<br />

Petrolândia e Itacuruba, em <strong>Pernambuco</strong>;<br />

Ro<strong>de</strong>las, Chorrochó e Abaré, na Bahia;<br />

além das vilas Tarrachil, Juazeiro,<br />

Araticum, Vargem Gran<strong>de</strong>, Alagadiço e<br />

Volta, citada pelo Deputa<strong>do</strong> Ferreira Lima<br />

em seu discurso sobre Itaparica,<br />

possivelmente Ibó, Roças, fazendas, as<br />

várzeas <strong>do</strong> Pajeú, e ainda cerca <strong>de</strong> 400<br />

ilhas cultivadas e muitas eletrificadas, <strong>de</strong><br />

Belém, Itacuruba e Floresta, inclusive as<br />

duas maiores <strong>do</strong> rio São Francisco, as<br />

ilhas Gran<strong>de</strong>s e Assunção, verda<strong>de</strong>iros<br />

celeiros da região.<br />

Destruirá também o gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong><br />

plantação <strong>de</strong> uva da Cinzano, em<br />

Floresta, <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> pés, já<br />

produzin<strong>do</strong> para mais <strong>de</strong> 600 mil, e<br />

afogará 80% <strong>de</strong> toda a área, produtora <strong>de</strong><br />

cebola <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e Bahia, cuja safra<br />

este ano, conforme telegrama <strong>do</strong> Recife,<br />

que tenho em mãos, divulga<strong>do</strong> pelo “O<br />

Globo” <strong>do</strong> Rio, <strong>do</strong> dia 2 <strong>do</strong> corrente, está<br />

estimada em 65 mil toneladas.<br />

Portanto, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, suor, vida,<br />

estabilida<strong>de</strong> econômica da gente sãofranciscana.<br />

E, mais chocante e grave,<br />

porque to<strong>do</strong>s ali vivem exclusivamente da<br />

lavoura, da criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e caprinos.<br />

Des<strong>de</strong> a introdução <strong>do</strong>s motores-bomba,<br />

em <strong>19</strong>48, e <strong>de</strong> bombas elétricas, após a


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

CHESF, repito, a ativida<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minante<br />

nesta área é a irrigação das excelentes<br />

terras marginais <strong>do</strong> rio São Francisco e<br />

suas ilhas.<br />

Mais ainda: em verda<strong>de</strong>, nos municípios<br />

menciona<strong>do</strong>s, soman<strong>do</strong> o <strong>de</strong> Paulo<br />

Afonso. on<strong>de</strong> está sediada a famosa usina<br />

que energiza to<strong>do</strong> o Nor<strong>de</strong>ste, não existe<br />

uma única indústria. Prova provada <strong>do</strong><br />

acerto <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> PROVALE pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte Médici, em <strong>19</strong>72, “instituí<strong>do</strong><br />

para a valorização econômica e social <strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong> vale brasileiro e para valorizar,<br />

pela melhoria <strong>do</strong> seu nível <strong>de</strong> vida, as<br />

populações que nele habitam e que<br />

constituem, pela sua eminente dignida<strong>de</strong>,<br />

o mais precioso <strong>do</strong>s bens <strong>de</strong> que dispõe o<br />

Vale <strong>do</strong> São Francisco”.<br />

Em <strong>19</strong>74, o Presi<strong>de</strong>nte Geisel, ao justificar<br />

a inspirada criação da CODEVASF -<br />

companhia <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Vale<br />

<strong>do</strong> São Francisco - <strong>de</strong>clarou que a<br />

entida<strong>de</strong> teria a “finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar a<br />

implantação <strong>de</strong> amplo programa <strong>de</strong><br />

valorização <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong> água e solo<br />

<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco, como précondição<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s<br />

gran<strong>de</strong>s projetos agropecuários e<br />

agroindustriais visualiza<strong>do</strong>s”.<br />

Portanto, muito claro, meridianamente<br />

claro, o seu propósito <strong>de</strong> dar oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho ao homem <strong>do</strong> São Francisco.<br />

E nunca o exemplar e <strong>de</strong>mocrata<br />

Presi<strong>de</strong>nte Geisel <strong>de</strong>u <strong>de</strong>monstrações<br />

mais viva <strong>de</strong> sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> à meta<br />

governamental, que <strong>de</strong>terminadamente<br />

colina, <strong>de</strong> continuar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico <strong>do</strong> Brasil, tão bem realiza<strong>do</strong><br />

pelos Governos Revolucionários,<br />

concretizan<strong>do</strong>, simultânea e<br />

inseparavelmente, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e a efetiva participação <strong>do</strong> nosso<br />

povo nas benesses antes distribuídas sem<br />

eqüida<strong>de</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

pensamento, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, indago: em<br />

nome <strong>de</strong> que princípios, sentimentos ou<br />

estilo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento temos o direito<br />

<strong>de</strong> sacrificar mais <strong>de</strong> 100.000<br />

pernambucanos e baianos que nasceram<br />

e vivem nas terras <strong>do</strong> sub-médio São<br />

Francisco e que aspiram a ser sepulta<strong>do</strong>s<br />

nos sete palmos <strong>de</strong> chão on<strong>de</strong> seus<br />

antepassa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scansam em paz e<br />

nunca sob a águas da barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica?<br />

E assim pensam to<strong>do</strong>s os homens,<br />

mulheres e crianças <strong>de</strong> Floresta, Belém<br />

<strong>do</strong> São Francisco, Ro<strong>de</strong>las, Chorrochó,<br />

Abaré, Petrolândia e Itacuruba. O Instituto<br />

<strong>de</strong> conservação fala <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um,<br />

pois, sabem os pernambucanos que não<br />

têm para on<strong>de</strong> ir.<br />

Preten<strong>de</strong>m a ELETROBRÁS e a CHESF<br />

localizá-los no Agreste e na Zona da<br />

Mata? Nos tabuleiros <strong>do</strong> Sertão?<br />

Impossível. On<strong>de</strong>, afinal, não sabemos.<br />

<strong>Pernambuco</strong> não terá condições <strong>de</strong><br />

relocar e alojar cerca <strong>de</strong> 70.000 pessoas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> seu território, e muito menos <strong>de</strong><br />

dar-lhes trabalho. Os baianos, mais<br />

felizes, porque a Bahia, com seus 548.000<br />

km² <strong>de</strong> área tem muita terra a colonizar,<br />

também para on<strong>de</strong> irão? Rio Corrente. Rio<br />

Gran<strong>de</strong>? Ou reeditarão a odisséia for<br />

vivida pelos 50.000 ribeirinhos<br />

<strong>de</strong>saloja<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Sobradinho? Não. Os<br />

baianos, como os pernambucanos, amam<br />

sua terra e nela querem permanecer.<br />

Portanto, não é Lógico nem sensato, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, invoquemos a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste, tão favoravelmente concebi<strong>do</strong> e<br />

dirigi<strong>do</strong> pela SUDENE, como razão para<br />

construir <strong>de</strong> logo a barragem <strong>de</strong> Itaparica<br />

e instalar uma usina a fim <strong>de</strong> socorrer a<br />

crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia que<br />

alimenta o parque industrial da região.<br />

O Sr. Monsenhor Ferreira Lima - O<br />

pronunciamento que V. Exa. está fazen<strong>do</strong><br />

esta tar<strong>de</strong>, com a autorida<strong>de</strong> que lhe<br />

assiste, como gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

São Francisco - e to<strong>do</strong>s nós,<br />

pernambucanos e baianos, perseguimos o<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ver aquele vale transforma<strong>do</strong> num<br />

novo Tennessee - por certo haverá <strong>de</strong><br />

modificar a orientação que está sen<strong>do</strong><br />

dada à matéria, que é uma orientação<br />

unilateral. Está-se olhan<strong>do</strong> apenas o<br />

problema energético, quan<strong>do</strong> há, na<br />

verda<strong>de</strong>, solução talvez maior na<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Xingó, para<br />

respon<strong>de</strong>r a essa indagação da <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong> energia <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. O que estamos<br />

receben<strong>do</strong>, nós, Deputa<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> - eu, pelo menos - é o<br />

clamor, é o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> angústia psicológica<br />

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ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os habitantes <strong>de</strong> Florestas, <strong>de</strong><br />

Itacuruba, <strong>de</strong> Belém <strong>de</strong> São Francisco, <strong>de</strong><br />

Petrolândia, cida<strong>de</strong>s próximas <strong>do</strong> sertão<br />

pernambucano, e as áreas mais<br />

agricultáveis da região, este ano, como V.<br />

Exa. sabe, têm uma produção <strong>de</strong> quase<br />

64 mil toneladas só <strong>de</strong> cebola, afora ainda<br />

a gran<strong>de</strong> agricultura <strong>de</strong> subsistência, <strong>de</strong><br />

milho, feijão e algodão, e a pecuária<br />

daquela região. Não é possível que a<br />

visão <strong>do</strong>s homens da ELETROBRÁS não<br />

se modifique diante da exposição <strong>de</strong><br />

motivos que vai acompanhar uma<br />

representação <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m, para alterar<br />

um sistema <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> barragens.<br />

Ninguém mais <strong>do</strong> que nós, nor<strong>de</strong>stinos,<br />

somos partidários da construção <strong>de</strong><br />

barragens para o Nor<strong>de</strong>ste. Estamos até<br />

com uma tese para Indicação da<br />

perenização <strong>do</strong>s rios, <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, como<br />

solução para mudar sua ecologia; e<br />

construir Itaparica seria sepultar gran<strong>de</strong><br />

parte <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, talvez a parte mais<br />

fértil <strong>do</strong> sertão, sem nenhuma razão <strong>de</strong><br />

ser, quan<strong>do</strong> a barragem <strong>de</strong> Xingó<br />

respon<strong>de</strong>rá muito mais <strong>do</strong> que Itaparica.<br />

O Sr. MANOEL NOVAES - Agra<strong>de</strong>ço a V.<br />

Exa., Deputa<strong>do</strong> MonSenhor Ferreira Lima,<br />

os argumentos que apresenta, que vêm<br />

juntar-se àqueles que estou trazen<strong>do</strong> a<br />

esta Casa, para que, solidária conosco,<br />

faça chegar nosso pensamento e nossos<br />

apelos ao Sr. Presi<strong>de</strong>nte da República,<br />

em nome <strong>do</strong> São Francisco, a fim <strong>de</strong> nos<br />

livrarmos <strong>de</strong>ssa calamida<strong>de</strong> que mais uma<br />

vez nos ameaça.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, se a Revolução promove<br />

os meios para a Integração <strong>de</strong> todas as<br />

regiões brasileiras no processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, ten<strong>do</strong> em vista<br />

a diminuição ou correção possível das<br />

diferenças <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r econômico entre o<br />

Centro-Sul, Norte e Nor<strong>de</strong>ste, não há por<br />

on<strong>de</strong> consentir em que diferenças ainda<br />

mais odiosas incompatibilizem<br />

futuramente os nor<strong>de</strong>stinos <strong>do</strong> litoral com<br />

os nor<strong>de</strong>stinos <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> São<br />

Francisco, porque trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sigualmente.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, cabe, pois, à<br />

ELETROBRÁS e a CHESF, com sua<br />

capacida<strong>de</strong> técnica e competência legal, e<br />

como instrumentos principais que são <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento integra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, a<br />

cargo da SUDENE, reexaminar o assunto,<br />

repon<strong>do</strong> as coisas nos lugares certos.<br />

Nada <strong>de</strong> novos danos materiais e fatores<br />

outros que venham ferir tão fun<strong>do</strong> os<br />

sentimentos e os interesses <strong>do</strong> São<br />

Francisco e criar nova crise social para o<br />

Nor<strong>de</strong>ste, carente, sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />

empregos para o homem, <strong>de</strong> paz e<br />

harmonia social, que o Presi<strong>de</strong>nte Geisel<br />

está diligencian<strong>do</strong> assegurar.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, não me atribuo a<br />

onisciência <strong>do</strong> técnico nem as magias <strong>do</strong><br />

feiticeiro.<br />

Retrato, neste Instante, realismo muito<br />

sofri<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem, <strong>de</strong> sua gente e <strong>de</strong> sua<br />

terra, à qual <strong>de</strong>dicou sua vida pública e<br />

por cuja felicida<strong>de</strong> sempre batalhou.<br />

Sinceramente, volto a afirmar que a<br />

CHESF, após a instalação as usinas <strong>de</strong><br />

Sobradinho e Paulo Afonso, que terão<br />

respectivamente, 1.<strong>06</strong>0.000 e 1.860.000<br />

kw - cobrirá amplamente a <strong>de</strong>manda<br />

prevista para to<strong>do</strong> o Nor<strong>de</strong>ste, até <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> <strong>19</strong>80. Para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda<br />

prevista pela ELETROBRÁS para <strong>19</strong>85, a<br />

CHESF tem como opção não a<br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica, mas<br />

a construção da usina <strong>do</strong> Canyon, em<br />

Xingó, com 4 milhões <strong>de</strong> kw, que seria a<br />

maior usina <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste e a segunda <strong>do</strong><br />

Brasil, que não criará problemas para<br />

ninguém. Depois <strong>de</strong> Xingó e para a frente,<br />

admita-se à revisão <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> Itaparica<br />

em níveis que não comprometam o atual<br />

status econômico e social das populações<br />

da área <strong>de</strong> Petrolândia a Cabrobó, pelos<br />

<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, isto é, sem risco <strong>de</strong><br />

inundações das terras marginais.<br />

Por fim, se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste o exigir - e exigirá por certo - a<br />

partir <strong>de</strong> <strong>19</strong>90 <strong>de</strong>veremos virar a página e<br />

dar por cumprida a contribuição <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

Já então, e ninguém tem dúvida - a não<br />

ser os que não acreditam no Brasil gran<strong>de</strong><br />

potência até o fim <strong>de</strong>ste século - usinas<br />

termo-nucleares estarão montadas nos<br />

principais pólos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

industrial <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, capazes <strong>de</strong><br />

suplementar as usinas <strong>do</strong> São Francisco e<br />

ampliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção<br />

energética <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. Essas usinas<br />

nucleares - a Câmara sabe - são objeto <strong>de</strong><br />

cogitação <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral. Anuncia-


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

se para breve a celebração <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

entre os Governos brasileiro e alemão<br />

oci<strong>de</strong>ntal para instalação <strong>de</strong> reatores<br />

nucleares no País.<br />

Informa-se que o Brasil oferecerá à<br />

Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal urânio natural em<br />

troca da instalação <strong>de</strong> oito usinas termonucleares<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>. Muito<br />

natural que, <strong>de</strong> agora, pleiteemos uma<br />

para Salva<strong>do</strong>r e outra para Recife, os<br />

maiores pólos industriais <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, até<br />

hoje alimenta<strong>do</strong>s com a energia <strong>do</strong> São<br />

Francisco.<br />

Se assim é, não há por que a<br />

preocupação <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste possa parar, exigin<strong>do</strong>, nesta<br />

hora, tamanho sacrifício <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e<br />

da Bahia.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, à guisa <strong>de</strong> sugestão - e<br />

muito importante o Governo Fe<strong>de</strong>ral ainda<br />

conta, na Bahia, com as reservas <strong>de</strong><br />

energia <strong>do</strong> rio Jequitinhonha, cuja<br />

exploração, há tanto esquecida, urge ser<br />

realizada.<br />

Em Salto da Divisa, fronteira da Bahia e<br />

Minas Gerais, há uma usina hidroelétrica<br />

estudada pela CEMIG, em <strong>19</strong>61, <strong>de</strong><br />

300.000 kw; em Cachoeirinha - Itapebi -<br />

na Bahia, também estudada, existe um<br />

aproveitamento <strong>de</strong> 900.000 kw. Até hoje<br />

não enten<strong>de</strong>mos a eletrificação <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

sul baiano e <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> Vaie <strong>do</strong><br />

Jequitinhonha mineiro com a energia <strong>de</strong><br />

Paulo Afonso.<br />

Encerro estas consi<strong>de</strong>rações, Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, registran<strong>do</strong> conversa recente<br />

que tive com o eminente Ministro Shigeaki<br />

Ueki, das Minas e Energia, sobre a<br />

barragem <strong>de</strong> Itaparica. Confirmou-me S.<br />

Exa. a existência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> projeto,<br />

que o impressionou pelo volume <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 100.000 pessoas que teriam <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>slocadas, crian<strong>do</strong> sério problema social<br />

na região, que ele sobrevoou e verificou<br />

ser toda cultivada. Por isso, com a<br />

preocupação <strong>de</strong> evitar a inundação das<br />

terras marginais <strong>do</strong> rio São Francisco,<br />

havia recomenda<strong>do</strong> outras opções para o<br />

caso, quais sejam um projeto médio e<br />

outro, mais baixo, para o aproveitamento<br />

<strong>do</strong> simples <strong>de</strong>clive da cachoeira <strong>de</strong><br />

Itaparica e melhor a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong><br />

problema.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, têm V.<br />

Exa., pelo exposto, a justa medida e as<br />

razões porque ora me encontro nesta<br />

Tribuna. Obe<strong>de</strong>ço a uma linha <strong>de</strong><br />

coerência com minha atuação no passa<strong>do</strong><br />

em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> São Francisco.<br />

Concluin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vo dizer que o <strong>de</strong>stino e a<br />

salvação <strong>do</strong>s nossos conterrâneos estão<br />

nas mãos firmes, espírito patriótico e<br />

coração humano e cristão <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

Geisel, a quem confiamos a <strong>de</strong>cisão final,<br />

que afaste, para sempre, o perigo da<br />

construção da gran<strong>de</strong> barragem <strong>de</strong><br />

Itaparica no rio São Francisco. Que Deus<br />

o ilumine.”<br />

(Palmas.)<br />

Este pronunciamento Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s, esperamos que alcance um<br />

objetivo maior, que é <strong>de</strong>spertar Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral, o Ministro das minas e Energia, a<br />

Eletrobrás e a Companhia Hidroelétrica <strong>do</strong><br />

São Francisco, para que não sã critiquem<br />

em nome <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste, mais <strong>de</strong> setenta mil<br />

pernambucanos e mais <strong>de</strong> cem mil<br />

pernambucanos e baianos, que aguardam<br />

com ansieda<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral, porque nós, não po<strong>de</strong>mos aceitar<br />

que tu<strong>do</strong> isso seja construí<strong>do</strong>, seja <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>,<br />

sem que os representantes <strong>do</strong> povo, se<br />

façam ouvir nesta Casa.<br />

Ouço neste instante, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s, parece que até o ressoar <strong>do</strong>s<br />

queixumes <strong>do</strong>s sertanejos <strong>do</strong> São<br />

Francisco, e olho para a figura <strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong> Edson Cantarelli que parece ser<br />

o Deputa<strong>do</strong> mais triste <strong>de</strong>sta Casa,<br />

porque a sua querida Belém <strong>do</strong> São<br />

Francisco, também será <strong>de</strong>struída pelas<br />

águas da barragem <strong>de</strong> Itaparica que se<br />

propõe a abastecer to<strong>do</strong> o Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong><br />

energia, para que as indústrias sejam<br />

montadas. Mas, não pu<strong>de</strong>mos aceitar que<br />

tu<strong>do</strong> isso, seja feito trazen<strong>do</strong> como<br />

sacrifício, o <strong>de</strong>sabrigo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os irmãos<br />

sertanejos que aguardam uma palavra<br />

<strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da República e <strong>do</strong><br />

Ministro das Minas e Energias.<br />

Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. PRESIDENTE - Com a palavra o<br />

Deputa<strong>do</strong> Maviael Cavalcanti.<br />

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O Sr. MAVIAEL CAVALCANTI - Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, o que me traz<br />

à Tribuna, é com relação ao<br />

Requerimento <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Ivo Queiroz,<br />

que diz respeito a Usina Nossa Senhora<br />

<strong>do</strong> Carmo.<br />

Antes, <strong>de</strong>sejo dizer que, se por ventura,<br />

as acusações <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Ivo Queiroz<br />

fossem legitimas com relação aquela<br />

usina, eu aqui não estaria a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e<br />

não estaria discordar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> aquilo que<br />

venha oprimir os menos favoreci<strong>do</strong>s. No<br />

entanto, quan<strong>do</strong> se diz respeito a uma<br />

questão, necessário se faz uma análise<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para que se possa chegar a<br />

uma conclusão ou para que se possa<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ou acusar.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, sobre a<br />

noticiário divulga<strong>do</strong> ontem pela imprensa<br />

local, retratan<strong>do</strong> o pronunciamento feito<br />

nesta Casa pelo meu ilustre colega <strong>de</strong><br />

Bancada, Deputa<strong>do</strong> Ivo Queiroz, com<br />

relação à sorte <strong>de</strong> duzentos e sessenta e<br />

<strong>do</strong>is pobres agricultores que teriam si<strong>do</strong><br />

força<strong>do</strong>s a aban<strong>do</strong>nar suas glebas pela<br />

ação <strong>do</strong>s tratores da Usina Nossa<br />

Senhora <strong>do</strong> Carmo, quero pelo respeito<br />

que a opinião pública merece, daqui <strong>de</strong>sta<br />

Tribuna, que a sua forma mais<br />

representativa <strong>de</strong> expressão, é<br />

estabelecer a verda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos. Em<br />

primeiro lugar, seria para<strong>do</strong>xal uma<br />

empresa que livremente, antes <strong>de</strong><br />

qualquer dispositivo governamental,<br />

obrigue as empresas açucareiras a este<br />

procedimento: redistribuir 72% <strong>de</strong> sua<br />

área total, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> nove<br />

mil hectares, entre seus antigos<br />

emprega<strong>do</strong>s rurais e lavra<strong>do</strong>res vir agora,<br />

apenas <strong>de</strong>zoito meses <strong>de</strong>pois, expulsar<br />

pequenos lavra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> seus restantes,<br />

<strong>do</strong>is mil e quinhentos hectares, quan<strong>do</strong><br />

exatamente, pelo êxito espetacular<br />

alcança<strong>do</strong> por este plano fundiário, sua<br />

moagem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente da<br />

cana produzida pelos pequenos e médios<br />

agricultores <strong>do</strong>s Municípios <strong>de</strong> Pombos,<br />

Chã Gran<strong>de</strong>, Amaraji e Vitória, que<br />

receberam com plena eficiência e justa<br />

assistência técnica e financeira da usina.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, não existe qualquer<br />

ação contra a Usina Nossa Senhora <strong>do</strong><br />

Carmo, e isto eu chamo a atenção <strong>do</strong>s<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s, não (...).<br />

(...). indústria açucareira <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Então, Sr. Presi<strong>de</strong>nte e Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

essa referência ao Requerimento tem a<br />

única finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrar, através <strong>de</strong><br />

fatos, que não existia esta expulsão que o<br />

Deputa<strong>do</strong> Ivo Queiroz referia mas sim,<br />

apenas um direto direito <strong>de</strong> preferência<br />

que foi, inclusive, inicia<strong>do</strong> na Justiça, um<br />

ano após a compra da terra. Que nós nos<br />

<strong>de</strong>smentimos, muito pelo contrário. A<br />

Usina aguarda com respeito, a <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong><br />

juízo e cumprirá esta <strong>de</strong>cisão, porque<br />

assim será <strong>de</strong> direito - se o Juiz lhe <strong>de</strong>r o<br />

direito!<br />

Solicitamos apenas aos Senhores<br />

Deputa<strong>do</strong>s que, como membros <strong>de</strong>sta<br />

Casa, e <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> respeito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, façam<br />

crer aquelas que aqui vem, e aqueles que<br />

aqui comparecem a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos<br />

para que não possam ser distorci<strong>do</strong>s e<br />

para que a comunida<strong>de</strong> pernambucana<br />

tenha realmente conhecimento <strong>do</strong>s fatos<br />

existentes naquela cida<strong>de</strong>.<br />

O Sr. PRESIDENTE - Com a palavra o<br />

Deputa<strong>do</strong> Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>.<br />

O Sr. NIVALDO MACHADO - Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte e Srs. Deputa<strong>do</strong>s, assunto da<br />

maior atualida<strong>de</strong> e da censura não<br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>, nesta Casa, encontrar<br />

também ressonância. Objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate no<br />

Congresso Nacional, a Imprensa vem se<br />

ocupan<strong>do</strong> <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a dar<br />

lugar a publicação <strong>de</strong> editoriais como este,<br />

a cuja leitura vou proce<strong>de</strong>r, <strong>do</strong> “Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio”, sob o título: “Censura<br />

Teatral”.<br />

(Lê):<br />

“Convenhamos, <strong>de</strong> início...”<br />

Portanto, aqui trago a palavra <strong>de</strong> um<br />

jornalista, a palavra <strong>de</strong> um jornal <strong>de</strong><br />

categoria e <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Jornal<br />

<strong>do</strong> Commercio que num bra<strong>do</strong> <strong>de</strong> alerta<br />

chama a atenção pra esta onda <strong>de</strong><br />

licenciosida<strong>de</strong> que se quer estimular no<br />

país a título e a pretexto <strong>de</strong> se combater a<br />

censura. Mas, as autorida<strong>de</strong>s estão<br />

alertas; o Governo está consciente <strong>de</strong> que<br />

precisa formar a juventu<strong>de</strong> num país como<br />

este, num país em que a gran<strong>de</strong> maioria


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

<strong>de</strong> jovens, o Governo há <strong>de</strong> pensar e está<br />

pensan<strong>do</strong> seriamente no exame <strong>de</strong> toda<br />

divulgação para impedir que se leve às<br />

casas, que se leve aos recintos <strong>do</strong>s lares<br />

que se leve aquilo que atenta contra o<br />

pu<strong>do</strong>r, contra a moral, contra a formação<br />

da juventu<strong>de</strong> brasileira.<br />

É a palavra não <strong>de</strong> um político, é a<br />

palavra não <strong>de</strong> um homem <strong>de</strong> Governo, é<br />

a palavra sensata, equilibrada e justa <strong>do</strong><br />

Jornal <strong>do</strong> Commercio através <strong>do</strong> seu<br />

editorialista que hoje <strong>de</strong>bate o problema<br />

através <strong>de</strong> uma análise justa, lúcida e<br />

equilibrada, não me canso <strong>de</strong> repeti-lo.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, é<br />

exatamente a conclusão a que chega o<br />

editorialista, é a mesma a que chegou<br />

ontem talvez o mesmo responsável pelo<br />

editorial <strong>de</strong> ontem, sob o título: “A melhor<br />

homenagem”, quan<strong>do</strong> mostrava a<br />

receptivida<strong>de</strong> da juventu<strong>de</strong>. Eu ouvi a<br />

palavra <strong>do</strong> Frei Romeu Perea, eu ouvi a<br />

sua pregação <strong>de</strong> ensino religioso, eu ouvi<br />

enfim, uma palavra <strong>de</strong> orientação a<br />

mocida<strong>de</strong> que muitas vezes a falta <strong>de</strong><br />

uma melhor orientação, se transvia para<br />

gáudio <strong>de</strong> certos pesca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> águas<br />

turvas.<br />

Por isso, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

quero nesta hora aqui aplaudir e faze-lo<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> restrito, ao editorial <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio, quan<strong>do</strong> analisa um problema<br />

evi<strong>de</strong>ntemente polêmico, problema que no<br />

Sena<strong>do</strong> provocou agitação natural,<br />

agitação que não po<strong>de</strong> espantar ninguém,<br />

agitação própria <strong>do</strong> regime <strong>de</strong>mocrático.<br />

Nós estamos queren<strong>do</strong> este <strong>de</strong>bate livre,<br />

queremos que a mocida<strong>de</strong> se<br />

conscientize, e ela lúcida como é, haverá<br />

<strong>de</strong> se conscientizar <strong>de</strong> que o melhor<br />

caminho é este que o Governo esta<br />

traçan<strong>do</strong> <strong>de</strong> levar a todas as camadas da<br />

população, levar a cultura, mas a cultura<br />

que implique em formação, que implique<br />

enfim, na <strong>de</strong>fesa da arte, na <strong>de</strong>fesa da<br />

cultura para cada vez mais valorizar esse<br />

país diante <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais, países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

país é hoje uma potência emergente, país<br />

que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong>mocrática, país que po<strong>de</strong> oferecer ao<br />

mun<strong>do</strong> um exemplo <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>, um<br />

exemplo <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> pluralista,<br />

justa, humana e cristã, diante <strong>de</strong> um<br />

mun<strong>do</strong> dividi<strong>do</strong> por antagonismo, diante<br />

<strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> dilacera<strong>do</strong> por ódios <strong>de</strong><br />

raça, diante <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> sem bússola para<br />

guiá-lo para os melhores caminhos <strong>de</strong><br />

uma paz universal.<br />

Eram essas palavras, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, que<br />

<strong>de</strong>sejava pronunciar a guiza <strong>de</strong><br />

justificação a Requerimento que<br />

encaminho a asa, solicitan<strong>do</strong> inserção nos<br />

Anais <strong>do</strong> ditatorial <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio <strong>de</strong> hoje sobre o título<br />

“Censura teatral”.<br />

O Sr. PRESIDENTE - Não haven<strong>do</strong> mais<br />

Ora<strong>do</strong>res Inscritos, passa-se à Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong><br />

Dia.<br />

(Submeti<strong>do</strong>s ao Plenário, são aprova<strong>do</strong>s,<br />

em Segun<strong>do</strong> Turno, os Projetos Nºs 127,<br />

131, 133 e 123.)<br />

(Em votação, são aprovadas as<br />

Indicações Nºs 478 à 486.)<br />

(Submeti<strong>do</strong>s ao Plenário, são aprova<strong>do</strong>s<br />

os Requerimentos Nºs 448, 449 (este<br />

contra os votos <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Edgar<br />

Lins, Felipe Coelho e Manoel Gilberto) e<br />

450.)<br />

O Sr. PRESIDENTE - Encerrada a pauta,<br />

a Mesa passa a <strong>de</strong>spachar a matéria que<br />

<strong>de</strong>u entrada no Expediente.<br />

(Vão às 1ª, 2ª e 4ª Comissões, os Projetos<br />

Nºs 138 à 143, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s<br />

Osval<strong>do</strong> Rabelo, Maviael Cavalcanti e<br />

Ênio Guerra.)<br />

(In<strong>do</strong> à publicação as Indicações Nºs 487<br />

à 490, <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s<br />

Roberval Lins Pinto, Paulo Men<strong>do</strong>nça,<br />

Assis Pedrosa e Vital Novaes; o mesmo<br />

ocorren<strong>do</strong> com os Requerimentos Nºs 453<br />

à 461, propostos pelos Deputa<strong>do</strong>s Nival<strong>do</strong><br />

Macha<strong>do</strong>, Edmir Régis, Osval<strong>do</strong> Rabelo,<br />

Antônio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira, Edson<br />

Cantarelli, José Liberato e Vital Novaes.)<br />

O Sr. PRESIDENTE - Nada mais haven<strong>do</strong><br />

a tratar, encerro a presente Reunião,<br />

convocan<strong>do</strong> outra para amanhã, à hora<br />

regimental, com a seguinte Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Dia:<br />

Segunda Discussão <strong>do</strong> Projeto Nº 20.<br />

567


568<br />

ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Autor: Dep. José Fernan<strong>de</strong>s<br />

Reconhece <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Cruzada<br />

Feminina <strong>de</strong> Pesqueira pela Democracia.<br />

Parecer favorável da 1ª Comissão.<br />

Discussão Única da Indicação Nº 487.<br />

Autor: Dep. Roberval Lins<br />

Apelo ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar o alargamento e<br />

<strong>de</strong>sobstrução da estrada São Lourenço da<br />

Mata Recife - PE-5.<br />

Discussão Única da Indicação Nº 488.<br />

Autor: Dep. Paulo Men<strong>do</strong>nça<br />

Apelo ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar à CEPE a isentar<br />

<strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong> publicação <strong>do</strong>s<br />

estatutos as socieda<strong>de</strong>s filantrópicas.<br />

Discussão Única da Indicação Nº 489.<br />

Autor: Dep. Assis Pedrosa<br />

Apelo ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> liberar o pagamento <strong>do</strong> 13º salário ao<br />

funcionalismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> pelo<br />

regime da CLT.<br />

Discussão Única da Indicação Nº 490.<br />

Autor: Dep. Vital Novaes<br />

Apelo ao Ministro das Minas e Energia,<br />

objetivan<strong>do</strong> um reexame <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong><br />

construção da Barragem <strong>de</strong> Itaparica.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 451.<br />

Autor: Dep. José Fernan<strong>de</strong>s<br />

Voto <strong>de</strong> congratulações com o Grupo<br />

Arman<strong>do</strong> Monteiro, por haver associan<strong>do</strong>se<br />

à Fives Lille <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste S/A.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 453.<br />

Autor: Dep. Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Voto <strong>de</strong> congratulações com o<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, extensivo ao<br />

Secretário da Fazenda, pela <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

antecipar o pagamento aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, como por haver autoriza<strong>do</strong> o<br />

pagamento <strong>do</strong> 13º mês e <strong>de</strong> atrasa<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rável parcela <strong>do</strong> funcionalismo<br />

público.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 454.<br />

Autor: Dep. Edmir Régis<br />

Voto <strong>de</strong> congratulações com o<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, por haver<br />

restaura<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o acervo <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong><br />

Campo das Princesas.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 455.<br />

Autor: Dep. Osval<strong>do</strong> Rabelo<br />

Voto <strong>de</strong> pesar pelo falecimento <strong>do</strong> Sr.<br />

Eduar<strong>do</strong> Moraes Filho, ocorri<strong>do</strong> no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 456.<br />

Autor: Dep. Antônio Corrêa<br />

Voto <strong>de</strong> Pesar pelo falecimento <strong>do</strong> Sr.<br />

Antônio Tavares <strong>de</strong> Melo, ocorri<strong>do</strong> nesta<br />

capital.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 457.<br />

Autor: Dep. Edson Cantarelli<br />

Voto <strong>de</strong> congratulações aos Ministros da<br />

Agricultura, Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

Secretário da Agricultura e Diretor da<br />

Carteira <strong>de</strong> Crédito Agrícola <strong>do</strong><br />

BANDEPE, por terem proibi<strong>do</strong> a<br />

importação da cebola.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 458.<br />

Autor: Dep. Antônio Corrêa<br />

Solicita a transcrição nos Anais da Casa,<br />

<strong>do</strong> Artigo <strong>do</strong> Acadêmico Mauro Mota,<br />

publica<strong>do</strong> no Diário <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>,<br />

edição <strong>de</strong> <strong>19</strong> <strong>do</strong> corrente, on<strong>de</strong> o jornalista<br />

traça o perfil <strong>do</strong> escritor Ivan Lins.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 459.<br />

Autor: Dep. José Liberato<br />

Voto <strong>de</strong> congratulações com o<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Secretário da<br />

Saú<strong>de</strong>, pelo eficiente atendimento à<br />

população <strong>de</strong> Caruaru, com relação a<br />

vacinação contra a meningite.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 460.<br />

Autor: Dep. Vital Novaes<br />

Solicitan<strong>do</strong> seja convida<strong>do</strong> o Deputa<strong>do</strong><br />

Manoel Novaes, para expor e <strong>de</strong>bater<br />

nesta Assembléia, o Projeto <strong>de</strong><br />

construção da barragem <strong>de</strong> Itaparica.<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 452.<br />

Autor: Dep. Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Voto <strong>de</strong> aplausos ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

República, por encaminhar ao Congresso<br />

Nacional, Projeto <strong>de</strong> Lei Complementar,<br />

alteran<strong>do</strong> dispositivos das Leis<br />

Complementares Nº 7 e 8 <strong>de</strong> <strong>19</strong>70.


ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

Discussão Única <strong>do</strong> Requerimento Nº 461.<br />

Autor: Dep. Nival<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Solicitan<strong>do</strong> a transcrição nos Anais, <strong>do</strong><br />

editorial <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio, edição<br />

<strong>de</strong> <strong>19</strong> <strong>do</strong> corrente, sob o título “Censura<br />

Teatral”.<br />

569

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