15.04.2013 Views

Apostila 2 o passo História de Quem Conta - Portal SME

Apostila 2 o passo História de Quem Conta - Portal SME

Apostila 2 o passo História de Quem Conta - Portal SME

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Professora concursada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985, Bia dava aulas <strong>de</strong><br />

musicalização para as crianças do<br />

CAP (Colégio <strong>de</strong> Aplicação) da Uerj<br />

(Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro). No início, ela só ensinava<br />

música. Com o tempo, o hábito <strong>de</strong><br />

ler e contar estórias invadiu suas<br />

aulas. Foi então que <strong>de</strong>scobriu que<br />

bom mesmo era cantar e contar ao<br />

mesmo tempo. “São quase 25 anos<br />

como professora na Uerj. No<br />

<strong>de</strong>correr do tempo, eu já era<br />

contadora <strong>de</strong> estórias na vida<br />

artística e fui incorporando a coisa<br />

do ensinar música para as<br />

crianças, mas ensinar também o fazer, o<br />

contar, música <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estória, estória com<br />

canções e fui mudando a minha metodologia que<br />

era só <strong>de</strong> ensino musical, para fazer estórias junto<br />

com canções”, explica.<br />

Nessa época, Bia Bedran foi chamada para<br />

dar aulas em uma oficina chamada A Arte <strong>de</strong><br />

Cantar e <strong>Conta</strong>r Estórias,<br />

para professores e<br />

educadores. Seu <strong>de</strong>sejo é<br />

passar para outros essa<br />

nobre arte. “De lá para cá já<br />

se passaram 14 anos, sempre<br />

às segundas e quartas à<br />

noite. Essa oficina eu<br />

trabalho com educadores,<br />

não mais crianças, e ensino<br />

esse ‘making-off’ <strong>de</strong> como é<br />

contar estórias e como<br />

construir pequenos<br />

a<strong>de</strong>reços, entre outras<br />

coisas”, revela.<br />

Segundo Bia, o contar estórias revela uma<br />

troca <strong>de</strong> experiências muito interessante. Naquele<br />

curto espaço <strong>de</strong> tempo, que po<strong>de</strong> durar <strong>de</strong>z, 20<br />

minutos ou até meia hora, o intérprete só tem ali a<br />

sua palavra, a sua voz, a sua mão, os seus olhos, e,<br />

principalmente, a sua expressão. Todo o resto é<br />

imaginado por quem ouve. “Ensinar a contar<br />

estória nem é tanto a coisa do ator, não é ensinar a<br />

interpretar, mas ensinar a amar esse fazer tão<br />

atávico ao homem, que é esse momento que você<br />

senta, conta coisas reais e imaginárias. Às vezes<br />

você conta um fato que realmente aconteceu”.<br />

A educadora se mostra preocupada com a<br />

perda do hábito <strong>de</strong> conversar e acredita que o<br />

Seminário Direitos Humanos<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias - 2011<br />

Equipe <strong>de</strong> Leitura – <strong>SME</strong>/ D.C.<br />

Junho <strong>de</strong> 2012<br />

mundo hoje precisa pisar no<br />

freio. “As pessoas<br />

hoje, nessa vida muito corrida,<br />

têm pouco tempo<br />

para contar suas histórias<br />

pessoais. Em um tempo mais<br />

antigo, as pessoas tinham esse<br />

hábito naturalmente, não existia<br />

aulas <strong>de</strong> contar estória. Não tinha<br />

televisão, as pessoas faziam uma<br />

roda e o que existia era a troca <strong>de</strong><br />

experiências, o ato <strong>de</strong> contar para<br />

o outro o que você viveu”,<br />

relembra.<br />

Essa falta <strong>de</strong> tempo<br />

também tem prejudicado a<br />

formação das crianças. Bia comenta<br />

que elas precisam ler mais e não somente assistir<br />

televisão ou navegar pela internet. “A criança<br />

também entra num frisson <strong>de</strong> cada vez mais<br />

apren<strong>de</strong>r conteúdo e mais conteúdo. Esse é o<br />

momento em que o professor para e conta uma<br />

estória. É o momento do sonho. A criança viaja<br />

como se fosse uma<br />

parada no tempo, não<br />

uma parada on<strong>de</strong> ela fica<br />

vazia, uma parada ativa.<br />

A alma está em repouso,<br />

mas ela está atenta, está<br />

sentindo”, ensina.<br />

A professora<br />

revela, ainda, dicas para<br />

quem também quer<br />

viver essa experiência.<br />

Seminário O DIA da Educação em<br />

Movimento/Duque <strong>de</strong> Caxias 2012<br />

“<strong>Quem</strong> quer contar e<br />

viver <strong>de</strong> estórias tem<br />

que <strong>de</strong>scobrir o que<br />

quer ser. Quer ser um educador ou contar<br />

profissionalmente em eventos <strong>de</strong> literatura? É<br />

preciso <strong>de</strong>scobrir que sente prazer com isso e<br />

<strong>de</strong>pois focar. Trabalho em hospitais e,<br />

diferentemente <strong>de</strong> atuar em um palco, em todas<br />

essas modalida<strong>de</strong>s tem que amar contar estórias,<br />

tem que gostar da literatura, <strong>de</strong> transformar o<br />

texto lido em um texto coloquialmente falado.<br />

Treinar em casa, montar um repertório e fazer<br />

cursos”, explica mais uma vez a professora que<br />

sabe que, no final <strong>de</strong> toda estória tem que ter um<br />

“e viveram felizes para sempre”. E quem quiser<br />

que conte outra.<br />

Artigo <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

Disponível em: http://www.jornal<strong>de</strong>teatro.com.br<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!