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Apostila 2 o passo História de Quem Conta - Portal SME

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Elias por ele mesmo (1936-2008)<br />

Elias José<br />

Equipe <strong>de</strong> Leitura – <strong>SME</strong>/ D.C.<br />

Junho <strong>de</strong> 2012<br />

Sempre gostei <strong>de</strong> ler e escrever, sem <strong>de</strong>sejar ser um escritor.<br />

Comecei fazendo jornal <strong>de</strong> escola. Com as primeiras namoradas (reais<br />

ou i<strong>de</strong>alizadas), nasceram os primeiros poemas <strong>de</strong> amor. Depois, foi a<br />

fase <strong>de</strong> escrever crônicas para jornais do interior. Um dia, li que a<br />

revista Vida Doméstica estava patrocinando um concurso <strong>de</strong> contos<br />

sobre o tema “mar”. Escrevi e reescrevi o meu primeiro conto e ganhei<br />

o prêmio, todo feliz com a “grana” e com a publicação bem-cuidada,<br />

com ilustrações e papel <strong>de</strong> primeira. Aí não parei mais <strong>de</strong> escrever<br />

contos, publicando-os nos suplementos literários <strong>de</strong> Minas, São Paulo e<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro. Fui ganhando concursos e acumulando mais <strong>de</strong><br />

cinquenta histórias, até que pu<strong>de</strong>, em 1970, reuni-las no livro <strong>de</strong><br />

estreia: a mal-amada.<br />

Hoje, tenho mais <strong>de</strong> quarenta livros publicados, para crianças,<br />

jovens e adultos. Muitos <strong>de</strong>les ganharam prêmios importantes nacionalmente, como: “Jabuti”, “Governador do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral” e “Governo do Paraná”, para contos; dois do APCA (1982 e 1987); o “Odylo Costa, filho” e<br />

“Altamente Recomendado para Crianças”, da FNLIJ, para poesia infantil; e outros. Vários contos foram<br />

traduzidos e publicados no México, Argentina, Polônia, Estados Unidos e Nicarágua.<br />

Como vou muito às escolas para conversar com meus leitores, sempre me perguntam se é mais prazeroso<br />

escrever para crianças, para jovens e adultos. Confesso que me sinto outra pessoa, mais livre, mais feliz e meio<br />

menino quando escrevo poesias para crianças e jovens. A poesia<br />

nos dá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogar com as palavras <strong>de</strong> forma mais<br />

criativa e musical. É um prazer buscar uma imagem poética,<br />

explorando o que as palavras têm <strong>de</strong> essencial e <strong>de</strong> sugestivo.<br />

Saber que tenho que contar uma história, ou explorar um instante<br />

<strong>de</strong> emoção, em um mínimo <strong>de</strong> palavras, é um <strong>de</strong>safio. É gostoso<br />

buscar palavras <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma palavra, arrumar e <strong>de</strong>sarrumar a<br />

distribuição em versos e estrofes, <strong>de</strong>slocar ou cortar o que não<br />

está bem. Acho que foi o poeta Décio Pignatari quem disse,<br />

acertadamente, que o poema “é uma aventura planificada”. E essa<br />

aventura não vale só para poeta, o criador do jogo. Se o leitor é<br />

sensível, se aceita a aventura, se resolve cantar junto, vibrar junto,<br />

haverá na leitura uma viagem gostosa ao país da fantasia. Mesmo<br />

que o leitor não se interesse pela planificação (é preferível que nem perceba as dificulda<strong>de</strong>s que apareceram na<br />

construção), ele tem que viver a aventura. Cada poema é uma <strong>de</strong>scoberta, uma novida<strong>de</strong> e, ao mesmo tempo, um<br />

diálogo com outros poemas que já foram feitos. Gosto <strong>de</strong> dialogar com os poemas folclóricos, <strong>de</strong> recriar cantigas<br />

para que elas voltem a ser cantadas. Além do prazer <strong>de</strong> criar, gosto <strong>de</strong> apresentar meus poemas em escolas. Leio<br />

em coro ou individualmente com os estudantes, fazemos variações temáticas, buscamos novas entonações,<br />

novos ritmos e sentidos. Muitas vezes, na hora, “pinta” um novo poema, feito por muitas vozes. Não é isso uma<br />

viagem, uma festa, uma aventura no mundo das palavras? Experimente, caro leitor, transformar meus poemas,<br />

musicá-los. Eles não são mais meus; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> publicados, são <strong>de</strong> todos. Antes <strong>de</strong> entrar no jogo, porém, crie<br />

asas, solte as emoções, ligue seus sentidos – poesia é isso!<br />

JOSÉ, ELIAS. Segredinhos <strong>de</strong> amor. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 1991.<br />

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