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Apostila 2 o passo História de Quem Conta - Portal SME

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Ruth Rocha<br />

Ruth por ela mesma – Entrevista com Ruth Rocha<br />

Equipe <strong>de</strong> Leitura – <strong>SME</strong>/ D.C.<br />

Junho <strong>de</strong> 2012<br />

Como o Marcelo, a senhora também criava palavras quando<br />

era criança?<br />

RUTH ROCHA: Na minha família, a gente brincava muito com<br />

palavras. Meu pai dava corda. Sempre contava as histórias do<br />

poeta Emílio <strong>de</strong> Menezes, um trocadilhista. Uma atriz sentava na<br />

frente <strong>de</strong>le no teatro, aí o Emílio levantava e apontava as ca<strong>de</strong>iras<br />

vazias: “Atrás há três, atriz atroz!” Mas era meu avô o contador <strong>de</strong><br />

histórias da família. Analisando hoje, sei que ele contava An<strong>de</strong>rsen,<br />

Perrault, Grimm, As Mil e Uma Noites, histórias folclóricas. Essa<br />

fabulação toda ficou em mim. Ele era primo <strong>de</strong> 2º ou 3º grau do<br />

Castro Alves, e <strong>de</strong>clamava a obra inteira <strong>de</strong>le. Meu pai, minha mãe<br />

e avó gostavam <strong>de</strong> cantar versos. Era uma família muito fala<strong>de</strong>ira.<br />

Todo mundo diz que meu estilo é oral. Deve ser por ter ouvido<br />

muitas histórias.<br />

Qual é o segredo, afinal, do sucesso do “Marcelo, Marmelo,<br />

Martelo”?<br />

RUTH ROCHA: Se eu soubesse, faria todos como ele! O que sei é<br />

que um bom livro precisa ter verda<strong>de</strong>, propor novas questões e<br />

fazer o leitor pensar. Nunca escrevo porque tal assunto po<strong>de</strong><br />

agradar ao público infantil, mas sempre preocupada em contar<br />

uma boa história e ser fiel aos meus valores.<br />

Como foi seu primeiro contato com a literatura, Ruth? Como a senhora <strong>de</strong>cidiu ser escritora?<br />

RUTH ROCHA: Meu contato com a literatura se <strong>de</strong>u através <strong>de</strong> Monteiro Lobato, sem dúvida. Mas <strong>de</strong>pois, quando eu<br />

tinha uns 13 anos e andava lendo uma porção <strong>de</strong> livros medíocres, um professor, A<strong>de</strong>raldo Castelo, pediu na escola que<br />

fizéssemos um trabalho sobre “A cida<strong>de</strong> e as serras”, <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queirós. Esse livro foi para mim, não um encontro com a<br />

literatura, mas uma verda<strong>de</strong>ira trombada! Até hoje eu ainda leio esse livro <strong>de</strong> vez em quando. A minha <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> ser<br />

escritora se <strong>de</strong>u quando comecei a escrever para a revista Recreio. Depois <strong>de</strong> vinte ou trinta histórias percebi que era o<br />

que eu queria realmente fazer.<br />

Como a senhora avalia os livros infantis produzidos atualmente, por autores novos?<br />

RUTH ROCHA: Leio pouco. Mas os que li têm problemas éticos, estéticos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento da criança. <strong>História</strong>s<br />

indicadas para criança muito pequena, mas que parecem escritas para criança gran<strong>de</strong>. Com referência a problemas que<br />

não são <strong>de</strong> criança. Por exemplo, história <strong>de</strong> amor entre crianças. Bobagem. Os adultos é que inventam isso. A criança<br />

até a puberda<strong>de</strong> não pensa nisso. A Luluzinha é perfeita, o<strong>de</strong>ia meninos, tem o clube do Bolinha. Há também muita<br />

história com bom-mocismo e moral no final. Ou melhor, as histórias sempre terminam com um “então, você não <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer à mamãe, nem ao papai, pois Deus castiga.”<br />

Seria possível dizer se os jovens <strong>de</strong> hoje gostam <strong>de</strong> ler?<br />

RUTH ROCHA: Em todos os tempos houve jovens que gostavam <strong>de</strong> ler e outros que não tinham gran<strong>de</strong> interesse. O<br />

escritor sempre espera conquistar esse grupo.<br />

Já aconteceu à senhora <strong>de</strong> jogar fora um livro que escreveu por não consi<strong>de</strong>rar que ele estivesse satisfatório?<br />

RUTH ROCHA: Já aconteceu, sim. Segundo Ana Maria Machado, um escritor <strong>de</strong>ve ter uma gaveta pequena, para guardar<br />

originais, e uma cesta <strong>de</strong> lixo gran<strong>de</strong>, para jogar fora o que não fica bom.<br />

Fontes <strong>de</strong> pesquisa:<br />

* http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/leitura-nao-po<strong>de</strong>-ser-so-folia-423575.shtml<br />

* Revista Língua Portuguesa, Ano III, Nº 32, junho <strong>de</strong> 2008.<br />

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