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SOS<br />
Comportamento<br />
jornal verde<br />
ECOLOGIA LEVADA A SERIO<br />
_# AE(<br />
SOS<br />
Comunicação<br />
Número 15 Solidariedade a jovens, pais e mestres Edição: 110.000 exemplares<br />
<strong>Jacarés</strong>: <strong>crueldade</strong> e <strong>bom</strong> <strong>senso</strong><br />
Estão na ordem do dia<br />
as cenas chocantes apre-<br />
sentadas pela televisão na<br />
cidade amazonense de Nha-<br />
mundá. Sob a alegação de<br />
que os jacarés se reproduzi-<br />
ram muito nos rios e lagos<br />
da região e representavam<br />
uma ameaça para a popula-<br />
ção, os pescadores passa-<br />
ram a trucidá-los, com re-<br />
quintes de <strong>crueldade</strong>. As<br />
opiniões se dividiram: de<br />
um lado os defensores da<br />
matança e do comércio dos<br />
couros; de outro, os que de-<br />
fendem uma espécie amea-<br />
çada e aconselham o estudo<br />
do assunto por cientistas e<br />
veterinários. Algumas au-<br />
EDITORIAL:<br />
Proálcool, um<br />
exemplo para<br />
o mundo<br />
Controlar a<br />
qualidade ou morrer<br />
Até algum tempo atrás, a grande<br />
preocupação de nossos engenheiros<br />
era controlar a qualidade dos mate-<br />
riais, entre estes o concreto usado na<br />
construção civil. Para que a obra do<br />
homem não ruísse. A obra aí está, fir-<br />
me, formando megalópoles onde as<br />
condições de vida do ser humano se<br />
degradam rapidamente. Mas, for-<br />
mou-se uma consciência ecológica,<br />
em favor do meio ambiente, contra o<br />
uso de drogas, fumo e álcool. Os labo-<br />
ratórios de controle de qualidade, que<br />
antes eram solicitados a realizar en-<br />
saios de materiais, passaram a se pre-<br />
parar para atender os que desejam<br />
avaliar a qualidade do ar, das águas,<br />
dos afluentes industriais. Controlar a<br />
qualidade ou morrer, é a alternativa<br />
que o Engenheiro L. A. Falcão,Bauer<br />
nos apresenta.<br />
Página 5<br />
toridades defenderam os<br />
pescadores e procuraram<br />
justificar seus atos, outras<br />
assumiram firme posição<br />
em defesa de práticas con-<br />
servacionistas. O assunto<br />
ainda não foi decidido defi-<br />
nitivamente. O Ibama en-<br />
viou observadores para a<br />
região e ordenou que o pro-<br />
blema da superpopulação<br />
dos jacarés de Nhamundá<br />
seja avaliado com critério e<br />
muita cautela. Proibiu a<br />
caça indiscriminada que<br />
ameaçava se alastrar pela<br />
Amazônia e pelo Pantanal.<br />
Página 4<br />
A sexualidade<br />
do adolescente<br />
O Professor José Aristodemo Pi-<br />
notti. Professor Titular da Universi-<br />
dade de São Paulo, discorre sobre es-<br />
se tema de grande importância para<br />
jovens, pais e mestres. E diz quando a<br />
ignorância se torna perigosa. Exorta<br />
ao diálogo permanente e aponta ca-<br />
minhos para que não ocorra a gravi-<br />
dez não desejada. O amor é o mais no-<br />
bre dos sentimentos, mais é preciso<br />
conduzi-lo bem. Essa matéria é uma<br />
das ofertas do suplemento Saúde Jo-<br />
vem, que o Jornal Verde distribui nesta<br />
edição.<br />
Página 1 A<br />
Florestas como fonte<br />
de medicamentos<br />
O Professor Michel Jamra, da<br />
Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, dis-<br />
corre sobre a biodiversidade das flo-<br />
restas tropicais e faz um alerta: des-<br />
truíndo-as, poderemos estar elimi-<br />
nando fontes de medicamentos de al-<br />
to valor para a Humanidade. Exem-<br />
plifica com o taxol, extraído da casca<br />
de uma árvore, que se tem revelado<br />
ativo e benéfico no combate ao cân-<br />
cer do OVário. Suplemento Saúde Jo-<br />
vem, nesta edição.<br />
Página 3A<br />
Drogas: saiba como enfrentá-las<br />
Os eventuais erros dos filhos<br />
são decorrentes dos desacertos<br />
paterno ou materno, ou de am-<br />
bos. Vocês, pais, precisam estar<br />
informados de que o uso de dro-<br />
gas, por um jovem, não o catolo-<br />
ga como um meliante. Seu filho<br />
consome drogas? Saiba como ob-<br />
servá-lo. Um único sintoma não<br />
pode confirmar a suspeita. Tais<br />
são alguns dos trechos do artigo<br />
de autoria do Professor Fernando<br />
Varela de Carvalho, da Faculda-<br />
de de Ciências Médicas da Santa<br />
Casa de São Paulo. Suplemento<br />
Saúde Jovem, nesta edição do Jornal<br />
Verde.<br />
Página 4 A<br />
Você é um alcoólatra?<br />
O Dr. Marco Aurélio Dias da Silva, do<br />
Instituto Dante Pazzanese de Car-<br />
diologia, escreve sobre os danos pro-<br />
vocados pela bebida alcoólica e ofe-<br />
rece indicações para que o consumi-<br />
dor avalie o seu grau de dependência.<br />
Beber socialmente é o principio.<br />
Vem depois a compulsão. Em horá-<br />
rios certos a vontade incontida de in-<br />
gerir uma bebida alcoólica. A situa-<br />
ção é crítica quando o indivíduo sen-<br />
te necessidade de beber logo pela ma-<br />
nhã, ao se levantar. É um engano<br />
imaginar que o álcool prejudica so-<br />
mente o fígado. Ele atua nefasta-<br />
mente também sobre o coração, so-<br />
bre a virilidade, sobre o sistema ner-<br />
voso.E liquida a vontade de se diver-<br />
tir e de trabalhar. O fim se aproxima<br />
quando ocorre a obcessão: tudo vale,<br />
desde que seja possível beber. Leia no<br />
suplemento Saúde Jovem.<br />
Educação é prioridade<br />
O Professor Moacyr Expedi-<br />
to Vaz Guimarães alerta as auto-<br />
ridades: a educação no Brasil ain-<br />
da não é, de fato, prioridade. A-<br />
costumaram-se a fazer política na<br />
educação e não a política da edu-<br />
cação. A escola, quando cumpre<br />
Página 2 A<br />
isua destinação, é o instrumento<br />
maravilhoso a abrir, continua-<br />
mente, mundos novos, a nos for-<br />
necer armas para conquistas que<br />
não têm fim. O professor é o no-<br />
bre conquistador do infinito.<br />
Página IA
INDECÊNCIA E VIOLÊNCIA;<br />
PROF. SAMUEL PFROMM NETTO<br />
A televisão no Brasil tinha pouco<br />
mais de dez anos de vida quando as<br />
primeiras referências à "escola para-<br />
lela" e ao "currículo oculto" da tevê<br />
surgiram no exterior, para realçar<br />
certos efeitos indesejáveis produzi-<br />
dos por ela nas pessoas, notadamente<br />
nas crianças e nos adolescentes. Des-<br />
de os tempos de Platão e Aristóteles<br />
existem registros a propósito de in-<br />
fluência prejudicial de certas formas<br />
de espetáculos e divertimentos adul-<br />
tos na mente e na conduta dos meno-<br />
res, particularmente quando se trata<br />
de exibições ou descrições cujas tôni-<br />
cas são a crueza, a obscenidade, a ab-<br />
jeção e a brutalidade. Tanto nos tex-<br />
tos dos filósofos gregos aqui mencio-<br />
nados como em numerosos outros es-<br />
critos antigos, encontram-se obser-<br />
vações e advertências a este respeito:<br />
os pais e a sociedade em geral não de-<br />
verde Número 15<br />
0 currículo oculto da televisão e do vídeo<br />
vem permitir que as crianças, suges-<br />
tionáveis e vulneráveis que são nos<br />
anos de infância e juvenis, presen-<br />
ciem, ouçam ou leiam o que quer que<br />
possa ter conseqüências adversas pa-<br />
ra a sua formação.<br />
O extraordinário desenvolvimen-<br />
to dos meios de comunicação de mas-<br />
sa, no século atual — impressos, ci-<br />
nema, rádio, gravações e, mais re-<br />
centemente, televisão e video —<br />
constitui, sob numerosos aspectos,<br />
um prodígio, gerador de inegáveis<br />
benefícios para todos. Sob a forma de<br />
diversão, notícia, cultura, arte, pu-<br />
blicidade, música, drama, comédia<br />
etc, a mídia permite a compartilha<br />
democrática de fontes de lazer e in-<br />
formação que eram, no passado, pri-<br />
vilégios de umas poucas famílias<br />
mais afortunadas. Por outro lado, é<br />
generalizada a aceitação de que um<br />
alto <strong>senso</strong> de responsabilidade social<br />
deve orientar as decisões dos respon-<br />
Rádio Nova Eldorado AM<br />
Campanha de Mobilização<br />
Permanente pela<br />
Recuperação<br />
e Preservação do Rio Tietê<br />
PARTICIPE DA SALVAÇÃO DO RIO TIETÊ COLHENDO<br />
ASSINATURAS NESTE ABAIXO ASSINADO QUE<br />
SERÁ ENVIADO ÀS AUTORIDADES<br />
NOME ASSINATURA N°RG<br />
RECORTE, COLHA ASSINATURAS, ENVIE-NOS<br />
Rua Manoel da Nóbrega, 456 - CEP: 04001<br />
São Paulo-SP Tel: 887-4511<br />
sáveis pelos veículos de comunicação<br />
de massa, a fim de que seus rumos se-<br />
jam os da inteligência, do conheci-<br />
mento, do <strong>bom</strong> gosto, do respeito e da<br />
objetividade, e seus efeitos não se-<br />
jam indesejáveis e destrutivos.<br />
Quando essa consciência de respon-<br />
sabilidade social fraqueja ou cede à<br />
sedução do lucro originado da explo-<br />
ração do que é vil, torpe, cruel ou<br />
afrontoso, sociedade e governo têm o<br />
direito de coibir os abusos, de defen-<br />
der os menores e a população em ge-<br />
ral, de recorrer a mecanismos legais<br />
existentes — ou que precisam ser<br />
criados, revistos, cumpridos.<br />
Ao contrário do que ocorre com<br />
os meios impressos (que, de modo ge-<br />
ral, assumem a forma de exemplares<br />
que precisam ser comprados e de-<br />
mandam domínio da habilidade de<br />
ler) e com o cinema e outros espetá-<br />
culos pagos, em recintos fechados<br />
(em relação aos quais é possível a es-<br />
trita observância de restrições ao in-<br />
gresso de menores de determinada<br />
idade), a televisão, tal como o rádio,<br />
está ao alcance de quem quer que se-<br />
ja, praticamente ao longo de todas as<br />
horas que vão do amanhecer á noite<br />
avançada. Não requer alfabetização.<br />
A liberdade de expressão<br />
e o regime democrático<br />
são invocados como<br />
justificativas para os<br />
abusos, a canalhice<br />
e a <strong>crueldade</strong><br />
Pode ser ligada e sintonizada neste<br />
ou naquele canal por uma crianci-<br />
nha. E a despeito da existência, nesta<br />
ou naquela emissora, de normas e re-<br />
gulamentos para a programação, as-<br />
sim como de uma Comissão e de um<br />
Código de Ética na ABERT (Associa-<br />
ção Brasileira de Emissoras de Rádio<br />
e Televisão), surgidos em fevereiro<br />
do ano em curso, o día-a-dia da tele-<br />
visão brasileira aí está, carregado de<br />
violência, indecência, vulgaridade,<br />
chulíce, achincalhe e torpeza, confir-<br />
mando, em nossos pagos, a previsão<br />
sombria de Boorstin nos anos sessen-<br />
ta: "a televisão acabará trazendo o<br />
botequim reles e o bordel para dentro<br />
dos nossos lares, se não tomarmos<br />
cuidado".<br />
A liberdade de expressão e o regi-<br />
me democrático são habitualmente<br />
invocados como justificativas para<br />
os abusos, a canalhice e a <strong>crueldade</strong><br />
sob a forma de imagens e falas. A ver-<br />
dade, no entanto, é que países alta-<br />
mente democráticos e tradicional-<br />
mente empenhados na defesa da li-<br />
berdade de pensamento, criação e<br />
manifestação de idéias e notícias, re-<br />
correm a mecanismos e recursos pa-<br />
ra fins de controle e coibição de abu-<br />
sos praticados pela televisão, que in-<br />
cluem desde as advertências, as mul-<br />
tas elevadíssimas (da ordem de mi-<br />
lhares de dólares),oveto ou a suspen-<br />
são de programas e publicidade até a<br />
cassação da concessão de canal. Nos<br />
Estados Unidos, um papel Importan-<br />
te é desempenhado por numerosas<br />
"A televisão acabará<br />
trazendo o<br />
botequim reles e o<br />
bordel para dentro<br />
dos nossos lares"<br />
entidades organizadas pelos cida-<br />
dãos, que pressionam emissoras de<br />
televisão, anunciantes e autoridades<br />
governamentais em relação a aspec-<br />
tos objetáveis da programação e da<br />
publicidade na tevê. A recente desig-<br />
nação de Ervin Duggan para o posto<br />
de primeiro comissário da FCC ("Fe-<br />
deral Communications Commis-<br />
síon"), nos EUA, foi interpretada co-<br />
mo uma demonstração clara de um<br />
controle mais rigoroso da televisão,<br />
no que respeita à indecência, à vio-<br />
lência e à proteção do menor. Ao<br />
aceitar o posto, perante o Senado<br />
americano, Duggan fez a promessa<br />
solene de devotar todos os seus esfor-<br />
ços á promoção de "valores familia-<br />
res decentes".<br />
Se as advertências e as medidas<br />
coibitivas, no passado, se justifica-<br />
vam com base no <strong>senso</strong> comum e no<br />
julgamento dos cidadãos mais escla-<br />
recidos a respeito dos possíveis efei-<br />
tos lesivos da tevê à personalidade<br />
em formação dos menores, presente-<br />
mente a carga maior de argumenta-<br />
ção decorre dos resultados de pesqui-<br />
sas científicas rigorosas, realizadas<br />
nos últimos 25 anos. Ao contrário do<br />
que acontecia com os estudos feitos<br />
há mais tempo, caracterizados por<br />
Cabe também ao anunciante<br />
preservar as crianças<br />
e os jovens da<br />
violência e da<br />
licenciosidade, hoje<br />
impostas pela televisão.<br />
pouco rigor metodológico e não raro<br />
"encomendados" pelas próprias<br />
emissoras de televisão em defesa dos<br />
seus interesses comerciais, a esma-<br />
gadora maioria das investigações da-<br />
tadas dos anos 70 e 80 exibe resulta-<br />
dos e conclusões que pendem mais<br />
para o lado dos que encaram a televi-
Número 15 jornal ^t^ verde<br />
são como um problema social e uma<br />
ameaça para o desenvolvimento sa-<br />
dio das crianças. Aos resultados<br />
preocupantes das muitas dezenas de<br />
pesquisas relatadas por autores de<br />
renome como Liebert, Winn, Eron,<br />
Huesmann, Eysenck, Belson e ou-<br />
tros, somaram-se os relatórios divul-<br />
gados pelo Instituto Nacional de<br />
Saúde Mental dos EUA e, mais recen-<br />
temente, o volume-relatório de pes-<br />
quisas assinado por um grupo de es-<br />
pecialistas universitários coordena-<br />
do pela canadense T.M. Williams, The<br />
impact of televigion. A impressão geral<br />
que essa literatura causa no leitor<br />
pode ser avaliada na frase com que S.<br />
M. Hoover sintetiza suas conclusões:<br />
como nos anúncios dos cigarros, é<br />
chegada a hora de obrigarmos a tele-<br />
visão a exibir reiteradamente a ad-<br />
vertência "a tevê pode ser prejudi-<br />
cial à sua saúde".<br />
Os donos de televisões<br />
são chefes de família,<br />
têm filhos e netos. Eles<br />
saberão, certamente,<br />
coibir os exageros de<br />
algumas programações.<br />
Tudo indica que, independente-<br />
mente de outros efeitos prejudiciais<br />
de natureza cognitiva, social, emo-<br />
cional e moral, os piores componen-<br />
tes destrutivos da televisão são a<br />
violência e a indecência — e pior ain-<br />
da, quando ambos se unem segundo a<br />
fórmula conhecida como "pornovio-<br />
lência". Não há exagero na afirma-<br />
ção de que a pornoviolência gera a<br />
tevê pestilenta: corrompe, deprava,<br />
desmoraliza, atira lixo na intimida-<br />
de do lar. contamina as crianças com<br />
os germes da brutalidade, do sadis-<br />
mo, da dessensibilização. Em casos<br />
extremos, a pornoviolência explode<br />
de forma crua, ostensiva, direta; em<br />
outros, disfarça-se sob as vestes de<br />
"humorismo", de "terror" e até<br />
mesmo de pseudo-jornalismo, segun-<br />
do o triste modelo mondo cane explora-<br />
Todos os venenos, de todos os tapes, para todas as idades.<br />
do primeiramente pelo cinema sen-<br />
sacionalista.<br />
Pesquisas feitas no Brasil têm<br />
passado em revista a literatura cien-<br />
tifica recente sobre o assunto e mos-<br />
trado que há razões de sobra para nos<br />
preocuparmos. Uma tese recente de<br />
mestrado, defendia no Instituto de<br />
Psicologia da USP por Silvia CS.<br />
Grunauer, SOb O título A Criança pré-es-<br />
colar e a televisão (1991), reúne dados<br />
contristadores a esse respeito, rela-<br />
tivos a crianças com seis ou menos<br />
anos de idade. Nestes tempos de bra-<br />
dos sobre violência contra o menor,<br />
poucos se preocupam com a defesa<br />
deste, frente a uma tevê hiperviolen-<br />
ta, traiçoeira e nociva. Poucos se<br />
preocupam com os resultados de pes-<br />
quisas segundo as quais a tevê — ago-<br />
ra com a ajuda das fitas em vídeo e<br />
dos videogames — está diariamente<br />
"fazendo a cabeça" do menor, ensi-<br />
nando-o a destruir, a ferir, a matar<br />
friamente seus semelhantes, ao in-<br />
vés de orientá-lo no sentido de resol-<br />
ver seus problemas com sagacidade,<br />
competência — e respeito humano.<br />
Professor Samuel Pfromm Netto<br />
pertence ao Corpo Docente<br />
da Universidade de Sáo Paulo<br />
e da Pontifícia Universidade<br />
Católica de Campinas.<br />
EDITORIAL:<br />
Proálcool, um<br />
exemplo para<br />
o mundo<br />
Ê justo reconhecer : o Brasil pode<br />
não ser um exemplo para o mundo na<br />
condução de sua economia, mas cer-<br />
tamente é um exemplo na condução<br />
de sua política energética. É o único<br />
país que aproveita a energia solar, à<br />
custa da fotossintese, para produzir<br />
combustível : o álcool. Cerca de 10°,,<br />
de sua matriz energética corresponde<br />
a esse produto da cana-de-açúcar,<br />
não poluente e renovávelf.<br />
O Proálcool brasileiro merece ser<br />
apresentado com destaque na<br />
ECO-92, pois não há outro programa<br />
que proporcione tantos benefícios ao<br />
meio ambiente. Enquanto utilizamos,<br />
indiretamente, a energia solar, o que<br />
ocorre nos países industrializados, de<br />
economia mais sólida ?<br />
Cerca de 500 milhões de veículos<br />
automotores, movidos a derivados de<br />
combustíveis fósseis (gasolina e die-<br />
sel), somados a quatro mil usinas ter-<br />
melétricas, que funcionam também á<br />
custa de combustíveis fósseis (óleo<br />
combustível), são os maiores respon-<br />
sáveis pela poluição da atmosfera<br />
terrestre.<br />
As usinas nucleares são hoje cer-<br />
ca de 400 no mundo, praticamente to-<br />
das elas situadas no Hemisfério Nor-<br />
te, a maioria na Europa, nos Estados<br />
Unidos e na União Soviética. A fissão<br />
do Urânio 235, usado como combustí-<br />
vel, produz plutônio e outros elemen-<br />
tos, mortalmente radioativos, que re-<br />
querem difícil armazenamento por<br />
centenas de anos, em minas abando-<br />
nadas de sal ou nas regiões mais pro-<br />
fundas do mar, sabe-se lá em que con-<br />
dições de segurança. A essa carga po-<br />
luidora latente é preciso acrescentar<br />
o perigo de acidentes graves, como o<br />
de Chernobyl e de Three Milles Is-<br />
land. Vale a pena anotar essa situa-<br />
ção de risco para o Planeta Terra.<br />
Comparando-a com o Proálcool e com<br />
os 50 mil megawatts de energia hídri-<br />
ca que temos instalados, teremos as-<br />
segurado um escudo protetor nos de-<br />
bates da ECO-92.<br />
m DEIXE 0 VERDE FICAR NO VERMELHO.<br />
BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO: SEMEANDO RESPEITO À NATUREZA.<br />
BANCO MERCAM ri. m. SAo FVm<br />
lüdo o que um banco tem que ser.
jornal ^r** verde Núm<br />
Reflexões sobre os jacarés de Nhamundá<br />
Os meios de comunicação apresentaram, re-<br />
centemente, cenas chocantes de matança de jaca-<br />
rés, na cidade amazonense de Nhamundá. De acor-<br />
do com depoimentos de seus moradores, a popula-<br />
ção desses animais teria aumentado tanto a ponto<br />
de representar uma ameaça para a vida humana.<br />
Justificava-se, por essa razão, a cruel matança,<br />
exibida na televisão com dolorosos pormenores.<br />
Certamente as cenas foram gravadas e hoje fazem<br />
parte do acervo a ser utilizado durante a ECO-92,<br />
no Rio de Janeiro, para comprovar que o Brasil é o<br />
grande defraudador do Planeta Terra, particular-<br />
mente da flora e da fauna da Amazônia.<br />
O assunto merece estudo cuidadoso, feito por<br />
biólogos e veterinários de nossas instituições cien-<br />
tificas.<br />
Há casos de súbitos desequilíbrios no meio am-<br />
biente, que provocam a predominância ou a dimi-<br />
nuição de determinadas espécies. Uma extraordi-<br />
nária abundância de peixes nos rios e lagos da re-<br />
gião poderia, realmente, provocar a proliferação<br />
incomum de seus predadores naturais, entre eles os<br />
jacarés. Mas, tudo indica que isso não ocorreu. Não<br />
há noticia de que os pescadores de Nhamundá te-<br />
nham obtido em anos recentes safras extraordiná-<br />
rias de pescado.<br />
Outra hipótese aponta para uma dolosa tenta-<br />
tiva de justificar a matança de jacarés em larga<br />
escala, com o objetivo de vender suas valorizadas<br />
peles. O Ibama já estuda o problema, mas precavi-<br />
damente proibiu a caça desses animais.<br />
O assunto nos convida a refletir, mais uma vez,<br />
sobre o equilíbrio das espécies animais e vegetais<br />
nos ecossistemas onde elas convivem. Se aumenta<br />
a oferta de alimentos há tendência para a multipli-<br />
cação dos que dele dependem para viver e procriar.<br />
Se a oferta se reduz, diminuem proporcionalmente<br />
os estoques. Se o alimento vem a faltar completa-<br />
mente, a espécie pode até desaparecer. Há milhões<br />
de anos, os dinossauros chegaram a ser a espécie<br />
animal mais numerosa do Planeta Terra, mas algo<br />
aconteceu que os privou da imensa quantidade de<br />
vegetais necessários para mantê-los. Talvez tives-<br />
se ocorrido uma oclusão dos raios solares e o con-<br />
seqüente impedimento da fotossintese, como de-<br />
corrência de uma grande quantidade de cinzas lan-<br />
çadas na atmosfera por erupções vulcânicas.<br />
Recentemente, a ameaça se fez sentir, mas em<br />
proporções bem menores, quando vulcões do Ja-<br />
pão, das Filipinas e dos Andes lançaram grande<br />
quantidade de cinzas no espaço, ao mesmo tempo<br />
em que os incêndios nos poços petrolíferos do Ku-<br />
wait lançaram para a estratosfera negra fumaça,<br />
carregada de partículas. Pairando no espaço, nu-<br />
vens escuras toldaram o sol e chegaram a ameaçar<br />
as colheitas na índia.<br />
Esses acontecimentos nos mostram, mais uma<br />
vez, como a vida dos quase 5 bilhões de indivíduos<br />
que habitam a Terra pode ser afetada por fenôme-<br />
nos naturais e por atentados cometidos contra a<br />
Natureza.<br />
Dos jacarés de Nhamundá regredimos aos di-<br />
nossauros extintos há milhões de anos, para depois<br />
voltar aos irresponsáveis dos nossos tempos, que<br />
não titubeiam em pôr fogo nas reservas de combus-<br />
tíveis fósseis sem as quais a sociedade humana não<br />
poderá sobreviver. Combustíveis fósseis que se es-<br />
gotarão nos próximos 200 anos, se for mantido o<br />
atual índice de consumo.<br />
Mais uma vez fica patente a nossa insignifícân-<br />
cia e a nossa transitoriedade.<br />
^ ^jg^^^iy^^p^<br />
m^<br />
■<br />
r r t<br />
_JA Nwin» M»^ Wr^m; j00P<br />
^S^^^f^' .'JÉÊ<br />
W^B^^^^jj^jÃ<br />
1W ^ ^ M0^ ^ _í.~V zj^áflSi ijjr jÊm*<br />
«^V -«**-.*"<br />
—mÊÊÊÊÊÊÊÊ<br />
«IB^SSS '—<br />
Deixe seu filho no banco de trás.<br />
Ele tem uma longa vida pela frente.<br />
Sentar no banco da frente significa muito<br />
para uma criança. Ela se sente realizada fazendo<br />
a mesma coisa que seus pais. Mas você sabe<br />
dos pengos que uma criança corre ao sentar na<br />
frente. E isso não é brincadeira.<br />
Quando você menos espera, o pior pode<br />
acontecer Numa freada brusca, por exemplo, a<br />
criança que estiver sentada no banco da frente<br />
estará seriamente arriscada a ser a principal<br />
vitima. Ftiis, no carro, a criança nunca está preo-<br />
cupada com o trânsito a seu redor Ela está<br />
sempre mais interessada em brincar com os<br />
botões do rádio, em abnr e fechar as janelas<br />
ou em mexer nos espelhos retrovisores.<br />
Portanto, não se deixe levar pelos caprichos<br />
do seu filho: deixe-o no banco de trás.<br />
Amanhã, ele vai agradecer por ter tido a chan-<br />
ce de crescer sem riscos e, mais que isso, vai<br />
lembrar da sua atitude quando os filhos dele<br />
quiserem sentar-se no banco da frente.<br />
Dirija comatençãoecuidado. A Volkswagen<br />
quer o melhor para você.<br />
ilij'! -IBIID U JUDUJ ii >jmejijd^ Ml, J MU.<br />
VOLKSWAGEN<br />
Você conhece, você confia.<br />
Cobiçados do<br />
Pantanal<br />
á Amazônia,<br />
pelo valor<br />
do seu couro.<br />
. 'M^.i.
írolS<br />
DENUNCIE A<br />
ESTAS ENTIDADES<br />
QUEM AGRIDE<br />
A NATUREZA<br />
Fundação SOS Mata Atlântica - Rua Ma-<br />
noel da Nobrega, 456, CEP 04001,<br />
tel. 887-1195.<br />
Assoc. Brás. Ecologia e P. a Polui-<br />
ção-ABEPPOLAR - Rua Itápolis,<br />
1.651, CEP 01245, tel. 259-8253 (24h).<br />
Caixa Postal 64.586, CEP 05497/SP.<br />
Fax 65-0930.<br />
Associação de Defesa da Juréia - Rua<br />
Cardoso de Almeida, 1.479, casa 2,<br />
CEP 05013, tel. 864-2787.<br />
Associação Canoar - Rua Caetés,<br />
410, CEP 05016, tel. 871-2282.<br />
Movimento Arte e Pensamento Ecoló-<br />
gico - Praça da República, 419, 3' an-<br />
dar, CEP 01045, tel. 223-3533.<br />
Oikos- União em Defesa da Terra -<br />
Avenida Brigadeiro Luiz Antônio,<br />
4.442, CEP 01402, tel: 887.8228.<br />
Sociedade Brasileira de Defesa da Flora<br />
e Fauna - Rua Mario Pinto Serva, 90,<br />
CEP 02555, tel. 858.5700.<br />
Movimento Social Pró-Verde - Rua<br />
Mello Palheta, 148, CEP 05002, tel.<br />
37.3231.<br />
LTPA - União Internacional Protetora<br />
dos Animais - Rua Álvaro de Carva-<br />
lho, 238, CEP, tel. 259-0448.<br />
Tucuxi - Grupo de Proteção ao Boto -<br />
Avenida Pedro Severino, 13, CEP<br />
04399, Contatos pela Caixa Postal<br />
68.044.<br />
Entidades Governamentais Telefone<br />
Verde (Prefeitura Municipal de<br />
São Paulo) - 257-1846, Ibama - Ala-<br />
medaTietê, 637, tel. 883-1300.<br />
Polícia Florestal - Avenida Rio<br />
Branco, 1.312, tels. 221-8074 e<br />
221-8699.<br />
AGENCIA<br />
ESTADO<br />
jornal ^t^ verde<br />
Controlar a qualidade ou morrer<br />
ENG" L.A. FALCÃO BAUER<br />
Durante os últimos dez anos<br />
falamos, ouvimos e escrevemos<br />
muito sobre um assunto de gran-<br />
de interesse geral, que antiga-<br />
mente era sempre relegado a se-<br />
gundo plano. De um momento pa-<br />
ra o outro, todos despertam para<br />
a realidade: sem controle da qualidade<br />
ambiental o inundo pode acabar.<br />
Porque se deu esse súbito des-<br />
pertar, no mundo e no Brasil? Por<br />
que todos lamentam não se terem<br />
debruçado há mais tempo e com<br />
mais atenção sobre o assunto que<br />
hoje - descobriram - interfere di-<br />
retamente na qualidade de vida e<br />
na condição econômica de todos<br />
os segmentos da sociedade? Sem<br />
controle da qualidade material e<br />
ambiental não há segurança,<br />
ocorrem desperdícios, os preços<br />
se elevam, a qualidade de vida se<br />
deteriora. Enfim, usando uma ex-<br />
pressão corriqueira, "a casa cai".<br />
Cai mesmo: a vida se desor-<br />
ganiza, pois o ar se torna poluí-<br />
do, as águas não se prestam para<br />
o abastecimento, o solo se dete-<br />
riora, isto é, o Planeta caminha<br />
para o fim. E com ele as nossas<br />
obras e todos nós, aventureiros<br />
habitantes de uma espaçonave<br />
planetária.<br />
Se não defendermos o sério<br />
controle de qualidade - não aque-<br />
le cantado pelo mundo e pelos<br />
Stings e Raonis da vida - mas<br />
aquele controle a que nos habi-<br />
tuamos, fundamentado na ciên-<br />
cia e na tecnologia, a Humani-<br />
dade oferecerá.<br />
Mas, afinal, o que vem a ser<br />
qualidade do meio ambiente e<br />
qual a sua importância para a vi-<br />
da e para a economia?<br />
Em 1960, o engenheiro Juran<br />
escreveu que é adequabilidade ao uso.<br />
Os japoneses preferem defini-la<br />
como satisfação de todos, que lhes<br />
permitiu vender, em 1990, cerca<br />
de 8 milhões de automóveis fabri-<br />
cados no Japão, enquanto os nor-<br />
te-americanos forneciam ao seu<br />
próprio mercado apenas 7 mi-<br />
lhões.<br />
E O que vem a ser garantia total<br />
da qualidade do meio ambiente? E a sa-<br />
tisfação e a segurança de todos<br />
os habitantes do Planeta Terra,<br />
ao longo da linha de interesses<br />
que vai do indivíduo que respira<br />
ar (que não deve estar poluído)<br />
até o produtor e comprador de<br />
bens e serviços, que devem usu-<br />
fruir adequadamente do meio<br />
ambiente, sem comprometê-lo.<br />
Somente é possível alcançar<br />
a garantia total da qualidade no inundo<br />
se todos os indivíduos responsá-<br />
veis pelas várias fases do proces-<br />
so de produção estiverem imbuí-<br />
dos da certeza de que ela deve ser<br />
alcançada a qualquer custo. Pro-<br />
duzir aço, mas investindo no con-<br />
trole e na preservação do ar e das<br />
águas. Produzir eletricidade,<br />
mas com ênfase na geração hídri-<br />
ca de energia limpa. Produzir au-<br />
tomóveis, mas com dispositivos<br />
redutores do teor de dióxido de<br />
carbono e outros gases nocivos.<br />
Enfim, Chegamos á qualidade to-<br />
tal do meio ambiente: a Somatória de<br />
todas as medidas que nos assegu-<br />
rem o desenvolvimento auto-sus-<br />
tentado, com permanente con-<br />
trole de qualidade de bens e servi-<br />
ços produzidos pela sociedade dos<br />
homens.<br />
Eng' L.A. Falcão Bauer<br />
Bauer é Presidente do<br />
Centro Tecnológico de<br />
Controle da Qualidade<br />
Tamanduá será preservado<br />
O tamanduá-bandei-<br />
ra é uma das 208 espécies<br />
animais brasileiras amea-<br />
çadas de extinção. Vive<br />
no Brasil Central, na re-<br />
gião dos cerrados, onde se<br />
expandem as lavouras de<br />
soja. Alguns agricultores<br />
que se beneficiam com o<br />
plantio em larga escala<br />
dessa leguminosa cogi-<br />
tam, altruisticamente,<br />
manter ampla reserva, na<br />
qual esse animal e outros<br />
da região possam ser pre-<br />
servados. Será uma de-<br />
monstração de amadure-<br />
cimento da iniciativa pri-<br />
vada brasileira. Que a<br />
idéia frutifique.<br />
PICIS<br />
INFORMAÇÕES AMBIENTAIS<br />
NOTICIÁRIO COMPLETO SOBRE A ECO-92<br />
Ex Tropicis é um serviço de notícias e informações, da Agência Estado (AE), que fornece a mais completa cobertura<br />
de meio ambiente da América do Sul. A Agência Estado pertence ao Grupo S.A. O Estado de S. Paulo,<br />
uma empresa com experiência centenária na área de informação. Sua infraestrutura de 530 jornalistas cobre todo o Brasil,<br />
com correspondentes nas principais capitais do país, incluindo os sete estados amazônicos. Este catálogo<br />
contém exemplos dos serviços em Ex Tropicis: matérias especiais, editoriais; fotografia, resumo semanal, coluna da natureza e queimadas<br />
Maiores informações e compras: tel. (011) 832 7163 / 265 4396 - fax (011) 265 2297 / 265 6203.
m<br />
ECO-92:<br />
jornal ^f^ verde Número 15<br />
Vieira Souto e Rocinha representam o mundo<br />
Nada menos de 70 mil toneladas<br />
de peixes, crustáceos e quelônios são<br />
apanhados anualmente no mundo. Os<br />
pescadores atendem, assim, a uma<br />
demanda crescente, que acompanha<br />
o aumento absurdo da população do<br />
Planeta Terra: no final deste século<br />
estaremos alcançando a marca dos 6<br />
bilhões de habitantes. Espécies como<br />
o bacalhau e o salmão escasseiam e<br />
seu preço sobe no mercado. Frotas<br />
pesqueiras com equipamento sofisti-<br />
cado, que inclui o sonar para desco-<br />
brir cardumes e iscas sonoras para a-<br />
traí-los, percorrem os mares em bus-<br />
ca de todo e qualquer organismo vi-<br />
vo. Os peixes de melhor qualidade<br />
vão para os mercados europeus, nor-<br />
te-americanos e japoneses, onde al-<br />
cançam preços mais elevados. As so-<br />
bras são transformadas em farinha<br />
de peixe, usada na alimentação das<br />
classes de baixa renda ou na prepara-<br />
ção de adubos orgânicos. As águas<br />
territoriais não são respeitadas e le-<br />
vam a melhor as frotas pesqueiras<br />
bem aparelhadas: para pescar e para<br />
burlar a fiscalização. Um exemplo<br />
bastante significativo pode ser ob-<br />
servado no litoral brasileiro. A pesca<br />
da lagosta é predatória e o estoque se<br />
reduz de ano para ano. Também os<br />
cardumes de sardinha diminuem,<br />
pois a malha das redes é fina e colhe<br />
os filhotes. Na foz do rio Amazonas,<br />
freqüentemente, são identificados<br />
barcos pesqueiros piratas, sem que a<br />
nossa marinha possa interceptá-los.<br />
Ao longo de todo o litoral brasileiro,<br />
fora das águas territoriais, barcos de<br />
várias nacionalidades matam ba-<br />
leias. Pesca-se e ao mesmo tempo se<br />
destroem os viveiros naturais, onde<br />
as espécies asseguram a reprodução.<br />
Aterram-se mangues e se poluem os<br />
rios, que acabam por contaminar as<br />
águas marinhas. Regiões propícias à<br />
reprodução das espécies pesqueiras,<br />
como a região lagunar que se estende<br />
de Cananéia a Paranaguá, sofrem<br />
com o despejo de esgotos e com alte-<br />
rações de salinidade, provocadas por<br />
obras danosas ao meio ambiente, co-<br />
mo é o caso do chamado Valo Grande,<br />
que tantos males já acarretou para a<br />
fauna marinha do Atlântico Sul. En-<br />
fim, o problema dos estoques pes-<br />
queiros deve ser um dos temas a dis-<br />
cutir na ECO-92, que se realizará no<br />
mês de junho do próximo ano, no Rio<br />
de Janeiro. Justamente na cidade<br />
que tanto polui a Baia da Guanabara,<br />
repositório de esgotos, efluentes de<br />
indústrias químicas e de muitas to-<br />
neladas diárias de lixo. Obras apres-<br />
sadas são feitas hoje no Rio de Janei-<br />
ro para reduzir esses danos. Cons-<br />
troe-se a via expressa chamada Li-<br />
nha Vermelha, para que os represen-<br />
tantes de 170 países, que virão para o<br />
evento, possam transitar rapida-<br />
mente do aeroporto para os hotéis de<br />
luxo nos quais se hospedarão, situa-<br />
dos na Zona Sul. Mas, não haverá<br />
tempo nem condições econômicas e<br />
políticas para ocultar dos visitantes<br />
a mais trágica das poluições, aquela<br />
que se evidencia pelo contraste entre<br />
os edifícios da avenida Vieira Souto e<br />
a favela da Rocinha. Resta-nos argu-<br />
mentar que a poluição provocada pe-<br />
la miséria não é um problema locali-<br />
zado no Rio de Janeiro. Trata-se de<br />
problema mundial. A Vieira Souto<br />
do mundo passa pelos países indus-<br />
trializados e ricos, com índices co-<br />
medidos de crescimento populacio-<br />
nal, ao passo que a Rocinha do Plane-<br />
ta se identifica com os países do cha-<br />
mado Terceiro Mundo, onde popula-<br />
ções miseráveis se multiplicam irra-<br />
cionalmente. Eis a questão maior a<br />
ser debatida pelos participantes da<br />
ECO-92.<br />
Os mais ameaçados em águas brasileiras<br />
Das cinco espécies de peixe-boi<br />
que existiam no mundo, uma já está<br />
extinta e as outras seriamente amea-<br />
çadas. No Brasil ocorrem duas espé-<br />
cies, sendo uma de água doce - Tri-<br />
chechus inunguis - restrita à Bacia<br />
Amazônica e uma marinha - Triche-<br />
chus manatus. A espécie marítima<br />
vem sendo protegida através de pro-<br />
jeto especial integrado pelo IBAMA,<br />
pela Fundação Brasileira para Con-<br />
servação da Natureza, o Núcleo de<br />
Educação e Monitoramento Ambien-<br />
tal e World Wildlife Fund e já apre-<br />
senta seus primeiros resultados.<br />
O peixe-boi marinho brasileiro é<br />
um mamífero aquático, inofensivo,<br />
pode atingir quatro metros de com-<br />
primento e pesar até 600 quilos. Sua<br />
taxa de natalidade é baixa. Uma fê-<br />
mea gera somente um filhote a cada<br />
três anos. Foi a dizimação de parte<br />
da espécie que levou á criação do pro-<br />
jeto, instalando-se a primeira base<br />
na Paraíba, em 1985.<br />
As cinco espécies de tartarugas<br />
marinhas existentes no Brasil estão<br />
ameaçadas de extinção e são protegi-<br />
das por lei. Até poucas décadas, elas<br />
eram abundantes e alimentaram vá-<br />
rias gerações. No entanto, devido ao<br />
hábito de abater as fêmeas matrizes<br />
e colher as desovas, foram pratica-<br />
mente dizimadas. Para protegê-las e<br />
reverter essa situação o governo bra-<br />
sileiro criou o Projeto TAMAR, em<br />
1982, nas principais áreas de desova,<br />
reiniciando o ciclo reprodutivo das<br />
tartarugas marinhas.<br />
$n<br />
MÍ||<br />
%&<br />
^^&^<br />
,.<br />
Tartaruga é muito consumida em Belém<br />
Já o Projeto Quelônios da Ama-<br />
zônia tem por objetivo proteger e<br />
manejar as populações de tartaruga<br />
verdadeira - Podocnemis expansa - e<br />
outras espécies localizadas nos mais<br />
importantes rios da região Amazôni-<br />
ca. A iniciativa também apresenta<br />
resultados positivos. Depois de dez<br />
anos de trabalhos, cerca de 10 mi-<br />
lhões de filhotes foram devolvidos ao<br />
seu habitat natural.<br />
Três espécies de baleia, todas<br />
protegidas por lei a Eubalena austra-<br />
lis, a Megaptera novaeanglie e a Pon-<br />
toporia blainvillei correm o mesmo<br />
perigo no Brasil. A primeira delas,<br />
conhecida como baleia-franca ou ba-<br />
leia-franca-austral, é uma das espé-<br />
cies mais ameaçadas de extinção. Di-<br />
zimada pela caça predatória, esta es-<br />
pécie não tem mais do que 4.000 indi-<br />
víduos em todo o planeta. Raro e ino-<br />
fensivo, o animal atinge até 15 me-<br />
tros de comprimento e pode ser ob-<br />
servado no litoral sul e sudeste do<br />
Brasil, principalmente em Santa Ca-<br />
tarina.<br />
LIVROS<br />
Atlas da Aterosclerose, Professor Irany Novah<br />
Moraes, Câmara Brasileira do Livro, SP.<br />
Apresenta conjunto de mapas da dis-<br />
tribuição dos ateromas indicando<br />
freqüência, localização, tamanho e<br />
grau de estenose, dá ao leitor o poder<br />
de imaginar, a partir da idade, sexo e<br />
grupo étnico, as condições da atero-<br />
matose em cinco pontos críticos: 1-<br />
croça da aorta e ramos até as caróti-<br />
das, 2- aorta tóraco-abdominal; 3- bí-<br />
furcação e ramos, incluindo as ilía-<br />
cas; 4- e 5- artéria femoral direita e<br />
esquerda, respectivamente, até a<br />
transição para a poplítea, bem como<br />
a artéria femoral profunda. Trata-se<br />
de obra especializada mas de ex-<br />
traordinária importância para o es-<br />
tudo das lesões degenerativas das ar-<br />
térias. Informações no LIM-63, Labo-<br />
ratório de Investigação Médica em<br />
Cirurgia Vascular do Hospital das<br />
Clínicas da Universidade de São Pau-<br />
lo, Caixa Postal 64629, CEP 05497, São<br />
Paulo, SP.<br />
Papel<br />
também polui<br />
Em países nos quais os jornais<br />
têm grandes tiragens — Estados Uni-<br />
dos, Europa, Japão — não se sabe o<br />
que fazer com o grande volume de<br />
jornais velhos: o do dia anterior já<br />
era. O entulho é tão grande que as in-<br />
dústrias de reprocessamento não<br />
conseguem dar conta da tarefa e<br />
muitas toneladas de jornais vão pa-<br />
rar nos aterros sanitários, onde a<br />
tinta com a qual são impressos enve-<br />
nena o solo. sugestão do JORNAL<br />
VERDE: ciência e tecnologia devem<br />
ser acionadas para produzir tinta<br />
não poluente e papel alcalíno, com li-<br />
geiro teor de NPK. Imagine-se rece-<br />
ber diariamente em casa uma boa do-<br />
se de fertilizante para os vasos, jar-<br />
dins e gramados. Com um excedente<br />
a ser enviado para as lavouras.
Número 15 jornal ^¥^ verde<br />
GESTOS ^P VERDES<br />
Gabriel protege mico-leão<br />
O paisagista Gabriel Rodri-<br />
gues dos Santos foi o primeiro ca-<br />
cauicultor da região de Ilhéus, no<br />
Sul da Bahia, a iniciar entendi-<br />
mentos com autoridades do Iba-<br />
ma para desenvolver um progra-<br />
ma visando preservar a popula-<br />
ção do mico-leão-preto-de-ca-<br />
ra-dourada (Leontopithecus<br />
Chrysomelas) existente em sua<br />
fazenda de 400 hectares. Contou<br />
com a colaboração da bióloga<br />
Maria Cristina Alves para os es-<br />
tudos relacionados com esse pri-<br />
mata, ameaçado de extinção no<br />
que resta da Mata Atlântica no<br />
Sul da Bahia.<br />
Juiz protege aves<br />
O juiz da Comarca de Santa<br />
Lúcia, na Paraíba, Fernando<br />
Brasileiro Leite, proibiu ontem,<br />
através de uma portaria, a caça e<br />
comércio de arribaçã, uma espé-<br />
cie de ave migratória nordestina,<br />
nos bares e restaurantes da cida-<br />
de, a 255 quilômetros de João Pes-<br />
soa. A arribaçã se reproduz du-<br />
rante a época das chuvas, na re-<br />
gião da caatinga paraibana.<br />
A portaria desagradou donos<br />
de restaurantes. Durante as fes-<br />
tas juninas, o consumo da carne<br />
da ave triplica. De acordo com o<br />
Centro de Migrações de Aves (Ce-<br />
mave), a arribaçã está ameaçada<br />
de extinção.<br />
Fiscais do Ibama estão aten-<br />
tos para prevenir e reprimir a ca-<br />
ça, que há décadas integra a ali-<br />
mentação da população de baixa<br />
renda no interior nordestino. Es-<br />
te ano, já foram apreendidas pela<br />
fiscalização 20 mil aves e captu-<br />
radas 230 armas.<br />
Uma vida dedicada às aves<br />
Emilie Snethlage foi a pri-<br />
meira mulher cientista do Brasil.<br />
DIRETOR RESPONSÁVEL<br />
Rubens Rodrigues dos Santos<br />
DIRETORA DE REDAÇÃO<br />
Regina Pessoa<br />
PRODUÇÃO GRAFICA E DIAGRAMAÇÃO<br />
Miguel de Blassi Filho<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Gabriel R. Santos<br />
Geraldo Bailes Colonese<br />
Hélo M.Magalhães<br />
Irany Novah Moraes<br />
jornal ^t** verde<br />
Em 1905 ela veio da Alemanha pa-<br />
ra trabalhar no museu paraense<br />
Emilio Goeldi. Durante 8 anos ela<br />
preparou o primeiro catálogo<br />
brasileiro de aves. Com isso tor-<br />
nou-se a primeira mulher a assu-<br />
mir a direção de uma instituição<br />
científica na América Latina, o<br />
Museu Emilio Goeldi, em 1914.<br />
Durante a primeira guerra mun-<br />
dial foi afastada da direção do<br />
museu, por causa de sua naciona-<br />
lidade. Morreu aos 62 anos em<br />
Rondônia. Sua obra será reedita-<br />
da para homenageá-la.<br />
Anna: protetora dos seres vivos<br />
Anna Guttemberg, advogada<br />
e professora, diretora da União<br />
Internacional Protetora dos Ani-<br />
mais (UIPA), dedica sua vida ao<br />
trabalho de construção de mode-<br />
los de coexistência pacífica entre<br />
os seres vivos e o ambiente que<br />
habitam. Ela escreve, ilustra e<br />
reproduz cartilhas de educação<br />
ambiental, sem qualquer patro-<br />
cínio, que ela mesma distribue<br />
em escolas, clubes e igrejas. Há<br />
vinte anos associada à UIPA, foi<br />
uma das iniciadoras do movi-<br />
mento que culminou com a proi-<br />
bição da caça à baleia no Brasil,<br />
decretada em 1985.<br />
Estão tirando o verde da nossa terra.<br />
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma entidade privada, sem vínculos partidá-<br />
rios ou religiosos e sem fins lucrativos. Seu objetivo prioritário é defender os<br />
5% restantes da Mata Atlântica e ambientes associados, tais como manguezais<br />
e restingas, valorizar a Identidade física e cultural das comunidades humanas<br />
que habitam as áreas remanescentes destes ecossistemas e preservar o riquís-<br />
simo patrimônio natural, histórico e cultural existente nessas regiões.<br />
Participe da nossa luta pelo verde, escreva para rua Manoel da Nóbrega, 456<br />
— São Paulo — CEP 04001. Telefones: 885.6224 — 887.0559 — 887.1195.<br />
CARTAS m VERDES<br />
Um arquiteto para a Amazônia Macaco Gerobrás chegará ao ano 2.000<br />
O pesquisador Luiz Fleury<br />
de Oliveira, da Faculdade de Ar-<br />
quitetura e Urbanismo a Univer-<br />
sidade de São Paulo (FAU-USP),<br />
elaborou um modelo para a ocu-<br />
pação urbana ideal na região<br />
amazônica. Esse plano foi sua te-<br />
se de doutoramento. Ele recebeu<br />
um convite da Associação dos<br />
Municípios Amazônicos para vi-<br />
sitar a região e expor seu projeto,<br />
que ele resume explicando: "o ho-<br />
mem amazônico vivendo com, na<br />
e da floresta". '<br />
COLABORAÇÃO<br />
Amigos da Beleza Natural, da Boa Saúde<br />
e da Preservação do Meio Ambiente<br />
Publicação da JORNAL VERDE COMUNICAÇÃO<br />
ECOLÓGICA LTDA<br />
Rua Manuel Maria Tourinho, 880 - CEP 01236<br />
São Paulo - SP<br />
O Jornal Verde recebeu da<br />
fábrica de macacos mecânicos<br />
GEROBRÁS a seguinte carta:<br />
"como fabricantes do macaco<br />
mecânico Gerobrás, os maiores do<br />
Brasil, fica fácil para nós afir-<br />
ma rmos que o nosso macaco, com<br />
certeza, chegará vivo ao ano<br />
2.000. Referimo-nos à pergunta<br />
estampada na primeira página do<br />
Jornal Verde n ? 14. Infelizmente,<br />
não se pode dizer o mesmo do Mo-<br />
no Carvoeiro, pois falta ao ser<br />
humano a consciência da preser-<br />
vação até de sua própria espécie,<br />
quanto mais de pequenos seres<br />
que não têm como se defender".<br />
Mário S. Monteiro, sub-gerente de vendas<br />
da Gerobrás, rua Ptolomeu n 9 344, Socor-<br />
ro, CEP 04762 Santo Amaro, São Paulo,<br />
SP.<br />
Nota da Redação: O Jornal Verde<br />
congratula-se com a qualidade<br />
dos macacos mecânicos Gerobrás<br />
e espera da empresa um gesto em<br />
favor do homônimo Mono Car-<br />
voeiro, ameaçado de extinção.<br />
Nas vésperas da ECO-92, é fácil<br />
avaliar a eficiência de uma cam-<br />
panha de marketing nesta linha:<br />
macaco Gerobrás solidariza-se<br />
com o macaco Mono Carvoeiro.<br />
Aliás, os empresários, a iniciati-<br />
va privada, precisa contribuir pa-<br />
ra preservar o meio ambiente.<br />
Sugerimos um entendimento da<br />
Gerobrás com uma entidade con-<br />
servacionista, especialmente<br />
com a SOS MATA ATLÂNTICA,<br />
que luta pela preservação do ha-<br />
bitat do Mono Carvoeiro. Endere-<br />
ço e telefone nesta página.<br />
Mono Carvoeiro<br />
poderá sobreviver<br />
A indústria, que já destruiu<br />
grande parte do nosso meio am-<br />
biente, cada vez faz mais pro-<br />
gressos e o macaco industrial sobre-<br />
viverá cada vez mais aperfei-<br />
çoado. Mas você, Mono Carvoei-<br />
ro, poderá sobreviver caso o<br />
nosso meio ambiente venha a<br />
ser mais respeitado, inclusive<br />
pela redução do dióxido de car-<br />
bono, tão difundido pelos donos<br />
dos macacos industriais. Marista de Ta-<br />
guatinga. Grupo Ecológico Irmão Afon-<br />
so Haus, Centro Educacional Champag-<br />
nat. Caixa Postal 40033, CEP 72020, Ta-<br />
guatinga, DF.
8 fcynal 1 ^ verde<br />
EXEMPLOS A SEGUIR:<br />
Número 15<br />
Empresas colaboram com a preservação ambiental<br />
Nesta página assinalamos iniciativas tomadas por empresários e por cidadãos em geral em<br />
favor do meio ambiente e na defesa da fauna e da flora ameaçadas. Também divulgaremos<br />
medidas tomadas pelos que se preocupam em defender o maravilhoso ecossistema que o ser<br />
humano tem dentro de si, contra os tóxicos, o álcool e o fumo. É justo reconhecer o valor destes<br />
atos, como faz há mais de quatro anos, desde o n' 1 do JORNAL VERDE, o Banco Mercantil de São Paulo.<br />
A Rhodía ajuda a<br />
preservar a fauna<br />
Tecido acamurçado, composto de fios<br />
100% sintéticos, é a solução já ao alcance das<br />
indústrias têxteis para imitar perfeitamente<br />
peles e pêlos de animais sem agredir a Nature-<br />
za. Os engenheiros Fernando de Barros Vas-<br />
concelos e Jean Eisenzimmer, responsáveis<br />
pelo novo processo, desenvolveram uma téc-<br />
nica que cria efeitos de relevo em uma das fa-<br />
ces da malha. Ao ser felpada ou lixada essa<br />
superfície, os filamentos rompem-se e os pê-<br />
los levantam-se, criando o aspecto camurça.<br />
Reprodução em cativeiro<br />
Pela primeira vez o minizoológico Luiz<br />
Gonzaga de Amoedo Campos, em Mogi-Mirim,<br />
conseguiu manter vivos 4 filhotes de lo-<br />
ho-guará, nascidos em cativeiro. Trata-se de<br />
uma das 208 espécies animais ameaçadas de<br />
extinção no Brasil. Esse minizoológico man-<br />
tém convênio com a Secretaria Estadual do<br />
Meio Ambiente.<br />
Salvemos o Pantanal<br />
enquanto é tempo<br />
O diretor de meio ambiente do escritório<br />
executivo do governo da Flórida, Estus D.<br />
Whitfield, veio ao Brasil trazer um alerta. O<br />
pantanal norte-americano Everglades — um<br />
ecossistema úmido localizado nas costas da<br />
Flórida — tornou-se um desastre ecológico.<br />
Desde 1983 foram gastos 300 milhões de dólares<br />
na sua recuperação. O que nos mostra que<br />
consertar o desastre ecológico depois de con-<br />
sumado é quase impossível. Apesar de alguns<br />
especialistas terem feito ressalvas à troca de<br />
informações científicas dos dois casos — Pan-<br />
tanal brasileiro e Everglades — pois são siste-<br />
mas completamente diversos, é válida a pala-<br />
vra do norte-americano que veio trazer o<br />
exemplo dos seus erros.<br />
Burle Marx<br />
trabalha em Camaçari<br />
O governo baiano, interessado em "hu-<br />
manizar" o complexo industrial de Camaçari,<br />
convidou o paisagista Roberto Burle Marx pa-<br />
ra visitar o pólo petroquímico. A intenção é<br />
elaborar um plano diretor e só ent ão começar<br />
a realizar as intervenções, trabalho que de-<br />
verá contar com a participação da iniciativa<br />
privada. Burle Marx acredita ser possível<br />
"humanizar" o complexo petroquímico baia-<br />
no, tido como a maior área industrial plane-<br />
jada no país". "A planta deve entrar na paisa-<br />
gem onde o homem vive e trabalha", racioci-<br />
na o paisagista.<br />
Mac DonalcTs trabalhando<br />
contra a poluição<br />
A rede Mac Donald's no Brasil vai mudar<br />
a embalagem dos seus lanches. A substituição<br />
total se concluirá ainda este ano. A matéria<br />
prima das atuais embalagens, que tem origem<br />
química, será substituída por papel, que é bio-<br />
degradável.<br />
Feliz entendimento<br />
«BANCO MERCANTIL DE SAO PAULO:<br />
SEMEANDO<br />
RESPEÍFO A NATUREZA. BANCO<br />
O Haras São Bernardo, localizado em<br />
Santo André, será finalmente transformado<br />
em Parque Ecológico. Para isso foi preciso um<br />
acordo entre o INOCOOP, CONDEPHAAT,<br />
Prefeitura de Santo André e São Bernardo.<br />
Assim, a área de 350 mil metros quadrados,<br />
que pertencia á baronesa Maria Von Branco<br />
Leittner, terá 315 mil metros quadrados<br />
transformados em parque e 10% da área desti-<br />
nada à construção de 3 mil apartamentos. O<br />
haras fora adquirido pelo antigo BNH repas-<br />
sado ao INOCOOP e tombado pelo Patrimônio<br />
Histórico do Estado.<br />
Lobo-guará é protegido<br />
pela Mannesman<br />
A Mannesmann Florestal (Mafla) criou<br />
áreas de refúgio para uma espécie animal bas-<br />
tante ameaçada, o lobo-guará. Em suas 70 fa-<br />
zendas espalhadas pelas regiões Centro, Norte<br />
e Noroeste de Minas Gerais, intercalou faixas<br />
de vegetação natural com plantio de eucalip-<br />
tos. "Já confirmamos a presença do lobo-gua-<br />
rá em todas as nossas 70 fazendas", diz o bió-<br />
logo Guilherme Dias de Freitas, do Departa-<br />
mento de Pesquisa da Mafla.<br />
MERCANTIL DF SMí PM U)<br />
Tudo o que um banco tem que ser