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Grãos de Mostarda - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Da cintura para baixo, principalmente, a sua elegância era irrepreensível. O<br />

seu andar, sem exagero, sem requebros, fazia lembrar entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outras épocas,<br />

tipos clássicos <strong>de</strong> formosura feminina, criaturas que fizeram, <strong>de</strong> passagem, a glória<br />

fugitiva do planeta. E Dona Anália sabia tanto o que valia, e on<strong>de</strong> estavam os seus<br />

encantos, que, quando queria impressionar alguém, começava, logo, por dar-lhe as<br />

costas.<br />

Não obstante isso, a inveja teimava em afirmar:<br />

— É o dinheiro! Aqueles rapazes todos que a cortejam são arrastados pelo<br />

dinheiro <strong>de</strong>la!<br />

Certo dia, em uma festa no palacete dos Men<strong>de</strong>s Barros, estava a moça num<br />

banco <strong>de</strong> jardim, sentada, quando <strong>de</strong>la se aproximou, bonito e grosseiro, na sua<br />

estupi<strong>de</strong>z dourada, o Flávio Loureiro, curioso tipo <strong>de</strong> conquistador sem educação, e<br />

foi, logo, dizendo:<br />

— É verda<strong>de</strong>, dona Anália: é certo, mesmo, que a senhora tem fortuna?<br />

— Eu? Tenho alguma... — explicou a viúva, resolvida a divertir-se com aquele<br />

cavalo <strong>de</strong> pau.<br />

— E está em prédios, em apólices, em empresas comerciais... em suma; em<br />

que está empregada? — insistiu o bruto.<br />

— Minha fortuna? — tornou a moça.<br />

E olhando, <strong>de</strong> esguelha, para as tábuas em que se sentava:<br />

— Está no Banco...<br />

CAPÍTULO XLIX<br />

A Promissória<br />

(Adaptação De Paul Perret)<br />

No Leblon-Palace, o "cabaret" da moda, João Polydoro, — o pintor a quem a<br />

fortuna ainda não havia sorrido, mas que ganhava largamente com os seus<br />

pequenos quadros galantes, — não cessava <strong>de</strong> fazer a corte à famosa mundana<br />

Etelvina Bournet.<br />

Etelvina era uma rapariga <strong>de</strong> amor, a quem vinte anos <strong>de</strong> exercício contínuo<br />

da profissão tinham dado o tato exato do negócio. Por isso, quando João Polydoro<br />

lhe falou em passarem juntos uma tar<strong>de</strong>, estipulou, logo:<br />

— Quinhentos mil réis!<br />

— Quinhentos mil réis!... Seria com prazer, — replicou o rapaz. — Falta-me,<br />

porém, no momento, uma cousa: o dinheiro... Eu terei crédito?<br />

— Eu simpatizo com você, filho, — concordou a rapariga. — Você assina uma<br />

promissória, e está tudo arranjado.<br />

João tirou do bolso uma caneta, e, sobre a mesa em que conversavam,<br />

escreveu:<br />

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