15.04.2013 Views

Grãos de Mostarda - Unama

Grãos de Mostarda - Unama

Grãos de Mostarda - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

E, tomando da cabeça da moça a grinalda singela, começou a <strong>de</strong>spojá-la, um<br />

por um, dos botões <strong>de</strong> laranjeira.<br />

Impiedoso, como quem cata jasmins num jasmineiro, ia o bárbaro pelando a<br />

grinalda, a começar pelos maiores, da frente.<br />

— Ah, Hil<strong>de</strong>brando! Assim, não — exclamou a rapariga, <strong>de</strong> repente, em certo<br />

momento, os olhos úmidos, juntando as mãos ainda sem luvas. E arrancando a<br />

grinalda, com violência, aos <strong>de</strong>dos grossos do miserável:<br />

— Deixa as <strong>de</strong> trás; sim?<br />

CAPÍTULO LX<br />

Modéstia<br />

Não obstante a sua origem, e os seus meios <strong>de</strong> fortuna, o Rafael Benevi<strong>de</strong>s<br />

era, positivamente, um rapaz que não levava muito alto as suas ambições. A mãe, a<br />

aristocrática Dona Tereza Benevi<strong>de</strong>s, censurou-o, por mais <strong>de</strong> uma vez:<br />

— És um toleirão! Então um rapaz como tu, bonito, rico, educado, vai olhar<br />

para uma burguesa como a Lili Monteiro, quando tens no alcance da tua mão<br />

criaturas como a Edith Soutello, como a Iaiá Thompson, e outras meninas <strong>de</strong><br />

educação e <strong>de</strong> fortuna?<br />

Essa observação materna acordou no Rafael o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer um<br />

casamento vantajoso. E, como, dos melhores, preferia o melhor, moveu os olhos,<br />

logo, para a Julieta Faria gama, orgulhosíssima filha do viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Faria Gama,<br />

que era, além <strong>de</strong> uma das maiores her<strong>de</strong>iras do Rio, uma das mais formosas<br />

criaturas da cida<strong>de</strong>.<br />

Resolvido a possuir aquele magnífico pedaço <strong>de</strong> mulher, Rafael aproveitou<br />

uma ocasião em que a moça se encontrava só, na sala <strong>de</strong> música dos Moura Baima,<br />

e caiu-lhe aos pés, ajoelhado no tapete:<br />

— Julieta, amo-te!<br />

A essas palavras, que eram mais um grito, a moça ergueu a cabeça, soberba:<br />

— Que faz o senhor para chegar ao meu coração?<br />

Ante essa resposta, que era um insulto, Rafael sentiu a necessida<strong>de</strong> da<br />

vindita.<br />

— Eu não quero chegar ao teu coração, Julieta! — gemeu.<br />

E, <strong>de</strong> joelhos, com os olhos no tornozelo da moça:<br />

— Eu não quero chegar tão alto...<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!