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O Eu e o Outro na Escola - Ministério do Esporte

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A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO INDÍGENA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E<br />

A ESCOLA INDÍGENA<br />

Alceu Zoia<br />

A implantação de projetos escolares para populações indíge<strong>na</strong>s é quase tão antiga<br />

quanto o estabelecimento <strong>do</strong>s primeiros agentes coloniais no Brasil. A submissão<br />

das populações <strong>na</strong>tivas, a invasão de suas áreas tradicio<strong>na</strong>is, a pilhagem e destruição<br />

de suas riquezas, etc, têm si<strong>do</strong>, desde o século XVI, o resulta<strong>do</strong> de práticas que sempre<br />

souberam aliar méto<strong>do</strong>s de controle político a algum tipo de atividade escolar<br />

civilizatória. (SILVA; AZEVEDO, 2004, p. 149).<br />

Apesar de a diversidade cultural fazer parte da história da humanidade desde<br />

os seus primórdios, não são poucos os exemplos de genocídios e etnocídios pratica<strong>do</strong>s<br />

contra os povos considera<strong>do</strong>s “culturalmente” inferiores. Os povos indíge<strong>na</strong>s, a<br />

exemplo disso, desde o primeiro momento <strong>do</strong>s seus contatos com a população não<br />

índia passaram por inúmeros processos de desestruturação étnica, como resulta<strong>do</strong> da<br />

<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção socioeconômica e cultural que lhes foram impostas pelos países coloniza<strong>do</strong>res.<br />

A história ofi cial impôs a estes povos um sistema de homogeneização de suas<br />

línguas e culturas, propagan<strong>do</strong> a existência de uma língua e de uma cultura ofi cial,<br />

qual seja, a que é falada pela classe <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte e que foi imposta pelos conquista<strong>do</strong>res<br />

portugueses e espanhóis aos povos in<strong>do</strong>-americanos. Destruíram as manifestações<br />

culturais das populações <strong>na</strong>tivas em nome de uma suposta integração e assimilação<br />

destes aos costumes e culturas da sociedade que os <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>va sob a justifi cativa de<br />

formar uma pátria única.<br />

A consequente dizimação de diversos povos e línguas indíge<strong>na</strong>s pode ser creditada<br />

a este processo de exploração econômica e cultural pelo qual estas sociedades<br />

foram submetidas durante séculos e que conduziu necessariamente a uma perda de<br />

identidade para os povos que sobreviveram.<br />

Diversos povos indíge<strong>na</strong>s começaram a se organizar <strong>na</strong> tentativa de reverter<br />

esse processo de dizimação cultural e umas das ferramentas para atingir esse objetivo<br />

passou a ser a escola. Neste contexto, a educação passa a ser vista como uma das<br />

formas de manter a alteridade <strong>do</strong> povo, manten<strong>do</strong> acesa a vivência socioeconômica<br />

e cultural de cada grupo. Sen<strong>do</strong> assim, os materiais didáticos em língua indíge<strong>na</strong><br />

e a própria escrita destas línguas, além da contratação de professores indíge<strong>na</strong>s, se<br />

constituem em conquistas importantes para a divulgação <strong>do</strong>s saberes historicamente<br />

acumula<strong>do</strong>s.<br />

No entanto, desde a colonização <strong>do</strong> Brasil, a educação escolar foi usada como<br />

um instrumento a serviço da destruição cultural <strong>do</strong>s povos indíge<strong>na</strong>s. O Esta<strong>do</strong> usava<br />

a escola como uma ferramenta voltada à <strong>do</strong>mesticação destes para torná-los força<br />

de trabalho para as diversas atividades que se desenvolviam <strong>na</strong> colônia. As relações<br />

que se estabeleciam eram de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção e homogeneização cultural. Dentro desta<br />

O EU E O OUTRO NA ESCOLA: Contribuições para incluir a história e a cultura <strong>do</strong>s povos indíge<strong>na</strong>s <strong>na</strong> escola 69

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