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II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

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de autorealização, inteiramente dependente da vontade ou da mediação do homem (pai,<br />

marido ou filho)”. 16 Contudo, enfrentou problemas. O romance Rebeca, da escritora inglesa<br />

Daphe du Maurier, editado em 1940, e de enredo muito semelhante A sucessora, foi<br />

comprovado como plágio da obra de Carolina Nabuco. O best-seller inglês também foi um<br />

êxito de vendas, fazendo sucesso por longos anos.<br />

Se “não é possível definir como os leitores assimilavam seus livros”, por ser a<br />

leitura um grande mistério, ela, contudo, tem uma história, 17 e sobre a de Carolina Nabuco,<br />

informações apontam que lia poesias, contos, romances, destacando os já mencionados da<br />

Condessa de Ségur; a Bíblia e alguns poemas religiosos; os dramaturgos franceses Racine,<br />

Corneille e Molière, utilizados nas escolas; pequenas histórias de Flaubert; na literatura<br />

portuguesa, Júlio Dantas e Eça de Queiroz, com A ceia dos cardeais do primeiro, Os contos<br />

e A cidade e as serras do segundo; os periódicos Fon-Fon!, Jornal do Brasil e O Jornal; os<br />

semanários de humor Punch, Le rire e A careta, inglês, francês e brasileiro,<br />

respectivamente; livros de catecismo religioso; os romances de Afrânio Peixoto; livros de<br />

ficção; além dos autores clássicos, como Shakespeare, Voltaire, Victor Hugo, Goethe,<br />

Fénelon entre outros.<br />

As leituras ainda proporcionaram as mulheres novas maneiras de socialização, em<br />

situações até então vedadas ao feminino, como os saraus, salões, serões etc. Carolina<br />

Nabuco nos relata que “eu e uma amiguinha chilena [...] líamos em voz alta, ou<br />

recitávamos versos desses poetas [Lamartine e Musset], enquanto nossas mãos (delas ou<br />

minhas) corriam muito de leve sobre o piano à guisa de um acompanhamento distante”.<br />

Eram também recorrentes os saraus organizados por Narcisa Amália, onde jovens poetas,<br />

como Luís Murat e Raimundo Correia, e algumas amigas faziam versos improvisados e<br />

declamava-os, no que chamavam de bate-papo literário, com músicas tocadas ao piano,<br />

muitas vezes executadas pela própria Narcisa. Michelle Perrot afirma que “a irrupção de<br />

uma presença e de uma fala feminina em locais que lhe eram até então proibidos, ou pouco<br />

familiares, é uma inovação do século XIX”. 18<br />

16 COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.<br />

p. 109-110.<br />

17 DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 1990.<br />

18 PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. São Paulo: Contexto, 2007. p. 9.<br />

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