II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
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jornais, na literatura e, juntamente com eles, principalmente, um espaço de liberdade dentro<br />
da sociedade brasileira. A discreta Carolina Nabuco não questionou, criticou, ou se<br />
posicionou claramente sobre a situação feminina em seus escritos, porém, em sua<br />
autobiografia está clara a dificuldade que teve em se adequar aos modelos de feminilidade<br />
impostos às mulheres de sua época, e que foram a princípio recusados, e apenas adquiridos<br />
aos poucos, por força dos processos de socialização, fundamentais à formação feminina.<br />
Contudo, não se tem notícias que tenha casado ou tido filho, atitude inesperada para uma<br />
mulher, o que demonstra a possibilidade de escolha dos próprios caminhos.<br />
Narcisa Amália, por outro lado, na sua trajetória literária e jornalística, foi uma<br />
incansável defensora da Abolição, da República e da emancipação feminina, conquistando<br />
inimigos e o horror de grande parte da sociedade patriarcal em que vivia. Contudo, casou-se<br />
duas vezes, e separou-se em ambos os casos, algo também nada bem visto pelos<br />
conservadores, uma mulher que abandonava a família, ainda que também não tivesse tido<br />
filhos. Aos poucos, todos os preconceitos que a envolveram por ser mulher, escritora,<br />
militante e as calúnias sobre seu trabalho foram enfraquecendo-a, a ponto de deixar para<br />
trás a sua vida de lutas e sucesso literário. Assim, cada uma à sua maneira, essas escritoras<br />
abriram caminhos para as outras mulheres, não somente no mundo literário, mas também<br />
nos direitos conquistados, deixando-lhes uma sociedade menos incompreensível às<br />
necessidades das mulheres, quebrando o silêncio que por muito tempo a cercearam,<br />
podendo enfim lutarem por suas liberdades.<br />
Referências bibliográficas:<br />
Fontes Impressas<br />
NABUCO, Carolina. Oito Décadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.<br />
A República, de 11 de maio de 1873. Consultado na Biblioteca Nacional.<br />
Bibliografia<br />
AMÁLIA, Narcisa. Nebulosas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1872.<br />
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os<br />
séculos XIV e XV<strong>II</strong>. Brasília: Editora UnB, 1994.<br />
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