tipologias textuais e a produção de textos na escola - PUC Minas

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Este autor, para estabelecer uma classificação dos tipos de texto, segundo ISENBERG (1987:113) parte do seguinte pressuposto: “os textos estão sempre de uma maneira específica em correlação com determinados fatores contextuais em uma situação de comunicação”. WERLICH considera que o falante (ou escritor), na produção do texto, dirige a atenção do ouvinte (ou leitor) de modo regulado, em função de fatores e circunstâncias muito peculiares ao conjunto de condições que cercam a situação comunicativa. Esses fatores podem-se classificar de uma forma que tem a ver com determinados processos cognitivos de categorização textual, a saber: percepção do espaço; percepção no continuum do tempo; a compreensão de idéias e conceitos, mediante os processos de análise e síntese; juízos e projetos de comportamentos futuros (ISENBERG,1987:113). A partir desses critérios - que atuam como ponto de partida para a caracterização dos tipos de textos - o autor estrutura uma tipologia composta de cinco tipos, cada um deles relacionando-se com um dos processos cognitivos acima citados: 1) o tipo descritivo, ligado à percepção no espaço; 2) o tipo narrativo, ligado à percepção no tempo; 3) o tipo expositvo, ligado à análise ou síntese de idéias conceituais; 4) o tipo argumentativo, associado a opiniões, juízos, tomada de posição do locutor; 5) o tipo instrutivo, relacionado com previsão de comportamentos vindouros. Considerando o conjunto de critérios que definem o princípio classificatório das tipologias enunciativas, acima exemplificadas, poderiam ser incluídas entre elas as tipologias abordadas no item 3.1, visto que estas, na tipificação dos discursos, adotam critérios que se relacionam com fatores de natureza enunciativa: atitude do locutor no processo interlocutivo, o modo enunciativo (tipo de discurso) produzido de acordo com as condições enunciativas, a postura do interlocutor frente ao que está sendo enunciado,etc. 3.2.2 - Tipologias comunicacionais ou funcionais 62
Nas propostas de PETITJEAN (1989) as tipologias comunicacionais são tipologias cujos princípios classificatórios fundam-se sobre os componentes do processo de comunicação. PETITJEAN, para definir a matriz teórica dessa família. utiliza-se de uma reflexão desenvolvida por J.L.SCHAEFFER(1989):“(...) todo ato discursivo faz ao menos cinco coisas diferentes, que os teóricos da informação expressam sob a forma de uma pergunta que se tornou célebre: “Quem diz o quê, através de que canal, a quem e com que objetivo?”(...) Olhando mais de perto a formulação da pergunta, percebe-se que três subperguntas são concernentes às condições do ato de comunicação ou a seu quadro de comunicativo ( quem fala, a quem e com que objetivo), enquanto as duas outras dizem respeito à mensagem realizada, isto é, ao texto no sentido estrito do termo (o que é dito e como é dito)”. Na origem das tipologias comunicativas ou funcionais, além de K.BÜHLER 35 e outros, encontra-se, especialmente, o trabalho de R. JAKOBSON (1960). A proposta de R.JAKOBSON consiste em reduzir a diversidade das trocas sociais de linguagem a um modelo de comunicação construído a partir de elementos presentes no processo de comunicação: o emissor, o destinatário, o contexto, o código, o canal de transmissão da mensagem e a própria mensagem. Segundo esse autor, a transmissão de uma mensagem pressupõe um emissor (locutor) e um destinatário (alocutor). A mensagem requer um contexto a que se refira e que seja apreensível pelo destinatário; ela é expressa num certo código e para sua transmissão é necessário um canal ou contato entre o emissor e o destinatário. A esses seis componentes do ato de comunicação JAKOBSON associa seis principais funções da linguagem, cada uma delas se distinguindo pela finalidade de cada ato de fala ou pelo conteúdo que cada um transmite: 1) função referencial (denotativa ou cognitiva) - centra-se no contexto; o emissor procura transmitir uma dada informação de modo objetivo; 2) função expressiva (emotiva) - centra-se no emissor; este deixa revelar as suas reações (sentimentos e emoções) diante do que enuncia; 3) função conativa (apelativa) - centra-se no destinatário; o emissor procura influenciar o destinatário, a fim de que este aceite ou faça o que está sendo enunciado; 35 K Bühler (1934), analisando as atividades da linguagem, como ato de comunicação, distingue três funções que a linguagem pode desempenhar em relação a: 1- o conteúdo comunicado, Representação; 2- o destinatário, Apelação; 3- o locutor, Expressiva. O esquema de BÜHLER foi completado por JAKOBSON com mais três funções, mas sem alterar o seus pressupostos. As três funções apontadas por BÜHLER foram rebatizadas como Referencial, Expressiva e Conativa. 63
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