A Delegacia de Defesa da Mulher de São José do Rio Pardo
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Patrícia Oliveira<br />
assumi<strong>do</strong>s pela DDM em uma pequena ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> interior<br />
são muito diversas <strong>da</strong> maneira como as DDMs foram<br />
concebi<strong>da</strong>s pelo movimento feminista, quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> criação<br />
<strong>de</strong>ssa instituição.<br />
Para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> rio-par<strong>de</strong>nse a DDM é uma<br />
instituição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, ponto <strong>de</strong> vista<br />
compartilha<strong>do</strong> pelas mulheres que a utilizam e que,<br />
invariavelmente, afirmam terem si<strong>do</strong> bem atendi<strong>da</strong>s e<br />
efetivamente ouvi<strong>da</strong>s. Essa satisfação <strong>da</strong>s mulheres<br />
atendi<strong>da</strong>s contrasta com afirmações <strong>de</strong> que seus problemas<br />
foram muito pouco ou em na<strong>da</strong> ameniza<strong>do</strong>s pela<br />
intervenção <strong>da</strong> DDM. Essas mulheres parecem i<strong>de</strong>ntificar a<br />
DDM como um lugar privilegia<strong>do</strong> para <strong>de</strong>sabafo e<br />
aconselhamento, e não um local on<strong>de</strong> esses conflitos<br />
<strong>do</strong>mésticos tenham uma solução <strong>de</strong>finitiva. Apesar disso,<br />
quan<strong>do</strong> a ocorrência se refere a outros tipos <strong>de</strong> problemas,<br />
como agressões por parte <strong>de</strong> um estranho, essas mulheres<br />
esperam <strong>da</strong> DDM uma atuação propriamente policial, sem<br />
pie<strong>da</strong><strong>de</strong> para com os indicia<strong>do</strong>s.<br />
Assim, há um sentimento <strong>de</strong> aceitação <strong>da</strong> DDM em<br />
<strong>São</strong> <strong>José</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Par<strong>do</strong>, mas raramente há expectativa <strong>de</strong> que<br />
essa instituição efetivamente resolva problemas <strong>do</strong>mésticos.<br />
Isso foi constata<strong>do</strong> através <strong>de</strong> entrevistas com mulheres, em<br />
suas casas, que tinham feito ocorrências na DDM nos anos<br />
anteriores. A maioria afirmava que os problemas<br />
<strong>do</strong>mésticos permaneciam, mas não culpavam a bran<strong>da</strong><br />
intervenção <strong>da</strong> DDM por isso. Algumas, porém,<br />
manifestavam insatisfação por seus processos não terem<br />
si<strong>do</strong> leva<strong>do</strong>s adiante, mesmo quan<strong>do</strong> teriam si<strong>do</strong> favoráveis<br />
à continuação <strong>do</strong> processo.<br />
É importante notar que 66% <strong>do</strong>s indicia<strong>do</strong>s são<br />
homens e aproxima<strong>da</strong>mente 55% <strong>da</strong>s queixas com<br />
indicia<strong>do</strong>s homens se referem a problemas <strong>do</strong>mésticos. 22<br />
Assim, os problemas conjugais correspon<strong>de</strong>m a 36% <strong>do</strong> total<br />
<strong>da</strong>s ocorrências e aqueles com vítimas menores <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />
20%. Dessa maneira, se o público que recorre à DDM não<br />
22 Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s meses <strong>de</strong> Agosto, Setembro e Outubro <strong>de</strong> 2001.