16.04.2013 Views

A Delegacia de Defesa da Mulher de São José do Rio Pardo

A Delegacia de Defesa da Mulher de São José do Rio Pardo

A Delegacia de Defesa da Mulher de São José do Rio Pardo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

265<br />

Patrícia Oliveira<br />

Há uma forte ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> no texto, uma vez que os<br />

“aspirantes a bandi<strong>do</strong>s” também fazem parte <strong>de</strong>ssa<br />

população rio-par<strong>de</strong>nse, representa<strong>da</strong>, to<strong>da</strong> ela, como<br />

vítima inocente. 5<br />

Essa representação <strong>da</strong> violência criminosa po<strong>de</strong> ser<br />

percebi<strong>da</strong> também no discurso <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais. Ao ser<br />

in<strong>da</strong>ga<strong>do</strong> sobre a dimensão <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>São</strong> <strong>José</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Par<strong>do</strong>, o Secretário <strong>de</strong> Segurança e Trânsito <strong>do</strong><br />

município relutou em dimensionar o problema, alegan<strong>do</strong> ter<br />

me<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a divulgação pela a imprensa <strong>do</strong> baixo índice <strong>de</strong><br />

criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como uma afirmação sua, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>spertar<br />

o interesse <strong>de</strong> criminosos <strong>de</strong> outros lugares, que escolheriam<br />

<strong>São</strong> <strong>José</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Par<strong>do</strong> como um novo alvo, o que causaria,<br />

nas palavras <strong>do</strong> secretário, “um aumento <strong>da</strong> incidência<br />

criminal”.<br />

Cleusa, investiga<strong>do</strong>ra aposenta<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Delegacia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Defesa</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> (DDM), que trabalhou durante 15 anos na<br />

<strong>de</strong>legacia convencional local e seis anos na DDM, expõe<br />

uma posição mais complexa:<br />

O município hoje cresceu e com o crescimento <strong>da</strong><br />

periferia a violência também cresceu, porque vem<br />

gente <strong>de</strong> fora, gente problemática que se aloja em casa<br />

<strong>de</strong> parentes, em bairro <strong>de</strong> periferia isso é comum. Por<br />

exemplo, um fulano que nunca trabalha vem morar<br />

com a avó em uma <strong>de</strong>ssas casinhas, e aí passa a<br />

enguiçar com a avó, com o avô, com o vizinho, passa a<br />

beber geralmente, a ficar ocioso em casa, e aí causa<br />

confusão.<br />

Nesse discurso, o suposto aumento <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

estaria relaciona<strong>do</strong> com o crescimento <strong>da</strong> periferia, mesmo<br />

que permaneça o aspecto fun<strong>da</strong>mental presente em outros<br />

discursos que vincula a violência às pessoas “<strong>de</strong> fora”.<br />

5 A idéia <strong>de</strong> um crescimento assusta<strong>do</strong>r <strong>da</strong> violência criminosa <strong>de</strong>ve ser<br />

entendi<strong>da</strong> aqui como relaciona<strong>da</strong> prioritariamente à concepção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como essencialmente pacífica, em um passa<strong>do</strong> i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>, o passa<strong>do</strong><br />

habita<strong>do</strong> por Eucli<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Cunha.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!