Educação musical e psicomotricidade
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não, e interpretadas como sendo música, podendo estar também incluída nesta percepção:<br />
gestos, movimentos, expressões, emoções, sentimentos, dor, calor, prazer, enfim, uma série<br />
de sensações que serão captadas pela mente junto com o som. Damásio também explica que<br />
“nem todas as imagens que o cérebro constrói se tornam conscientes”. Para ele “há imagens<br />
demais sendo geradas e competição demais para a janela da mente, relativamente pequena,<br />
na qual as imagens podem ser tornar conscientes” (Damásio, 2000, p. 404). É como se não<br />
pudéssemos acompanhar tudo o que estamos percebendo em um ambiente, em um<br />
determinado momento. Mas o fato de não estarmos conscientes na hora não quer dizer que<br />
o cérebro não tenha apreendido tal imagem. Um bom exemplo desse fenômeno está na<br />
própria aula de música. É comum que um aluno de piano, por exemplo, que tem aulas<br />
regulares com um mesmo professor, acabe reproduzindo na sua performance <strong>musical</strong> gestos<br />
muito parecidos com o do professor sem que este tenha jamais chamado a atenção para isto<br />
e mesmo o aluno esteja consciente de estar imitando o gestual do professor.<br />
O entendimento e a percepção que a criança tem da música pode não ser consciente<br />
num primeiro momento, mas está registrado de alguma forma no cérebro da criança pronto<br />
para ser resgatado enquanto conhecimento a qualquer momento. Quero dizer que o<br />
aprendizado de música acontece de forma dinâmica e não sistemática. Conceitos e efeitos<br />
vão sendo percebidos pela criança, que aos poucos vai fazendo as conexões necessárias<br />
para a formação do seu conhecimento <strong>musical</strong>. Os instrumentos necessários para a criança<br />
se expressar <strong>musical</strong>mente, ou seja, expressar a sua percepção e entendimento da música,<br />
vão sendo adquiridos aos poucos da mesma forma como a criança desenvolve a linguagem.<br />
Como Vigotski demonstra em uma pesquisa realizada por ele mesmo a partir da análise de<br />
Stern sobre experimentos de Binet, a criança com dois anos de idade ao descrever com<br />
palavras um conjunto de figuras atenta apenas para objetos isolados, já as crianças maiores<br />
são capazes de descrever “ações e indicam relações complexas entra as figuras” (Vigotski,<br />
1998, p. 42). Entretanto, se é pedido à criança que descreva utilizando mímica, “a criança<br />
com dois anos de idade, que, de acordo com o esquema de Stern, ainda está na fase do<br />
desenvolvimento da percepção de “objetos” isolados, percebe os aspectos dinâmicos da<br />
figura e os reproduz com facilidade por mímica” (Vigotski, 1998, p. 42). Vigotski conclui<br />
que “o que Stern entendeu ser uma característica das habilidades perceptuais da criança<br />
provou ser, na verdade, um produto das limitações do desenvolvimento de sua linguagem<br />
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