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Os jogos teatrais no ensino de português para estrangeiros

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Nota-se que A1 e A2 são espanhóis pelas marcas do idioma. O som do “v” que é<br />

trocado pelo “β”, algumas palavras espanholas como “queda” (<strong>no</strong> segmento 81), entre<br />

outras marcas registradas na transcrição. Esses dois jogadores, por terem uma língua<br />

semelhante à <strong>no</strong>ssa, <strong>de</strong>senvolveram melhor a narrativa, tendo mais fluência. Porém, A3<br />

não compreen<strong>de</strong>u o foco do jogo e quebrou a narrativa que estava sendo <strong>de</strong>sconstruída.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer que ele infringiu a máxima <strong>de</strong> relevância, pois ele não falou o que era<br />

importante <strong>para</strong> aquele momento da narrativa. O título recebido pelo grupo provoca um<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> falar <strong>de</strong> si mesmo, principalmente com os alu<strong>no</strong>s congoleses. Observando a<br />

sala <strong>de</strong> aula, <strong>no</strong>tamos que os congoleses possuem um <strong>de</strong>sejo muito forte <strong>de</strong> falar <strong>de</strong>les<br />

mesmos. E foi o que aconteceu com A3, pois ele <strong>de</strong>sconstruiu a história <strong>para</strong> falar do<br />

seu próprio sonho. Percebe-se aí um <strong>de</strong>slocamento. Por um lado, o alu<strong>no</strong> foge do jogo,<br />

não cumprindo a tarefa proposta, que é a sequência da narrativa previamente posta. Por<br />

outro lado, surge a fala espontânea, a fala <strong>de</strong> si mesmo, a fala real e não simulada,<br />

provocada pela temática em jogo.<br />

O segundo grupo foi contemplado com um título fantasioso que incita a<br />

narrativa fictícia: “A flor mágica”.<br />

90.A1: Era uma vez... na foresta... na floresta... uma criança...que estava... fazendo ((é<br />

atrapalhado por um alu<strong>no</strong>)) shiu... que estava... fazendo... e encontro::::u uma flo::::r... tão<br />

bonIta... que ela queria... ficar com Ela... e então... ela pegou água ((mostra o papel))... e...<br />

((olha pra um alu<strong>no</strong> e faz um gesto <strong>de</strong> regar plantas)) shiii... AM?<br />

91.A2: regar<br />

92.A1: regar... a flor... pra que ela fica bem bonita e pra sempre... essa menina... tinha... uma<br />

gata ((mostra o papel))... e essa gata... era tão inteligente... ela queria ficar com tudo... com a<br />

gata e com a flor...<br />

93.A2: mas... aquela menina que queria ficar com a flor mágica... não estava compreen<strong>de</strong>ndo o<br />

meu sotaque ((mostra o papel))... porque eu era estrangeiro... então não dava pra me enten<strong>de</strong>r<br />

((risos da turma)) quase estava per<strong>de</strong>ndo a minha flor mágica... que eu tinha <strong>de</strong>scoberto... mas<br />

caminhei com aquela menina ((mostra o papel))... segurava a flor mágica até a praia...<br />

aproveitarmos um por do sol mágico... ((risos da turma))... e todo mundo ficou feliz...<br />

No segmento 90, A1 inicia a narrativa com uma marca “era uma vez” que propõe uma<br />

narrativa fantasiosa. No discurso <strong>de</strong> A1 há <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s que não impe<strong>de</strong>m o entendimento<br />

da mensagem. No mesmo segmento, o jogador faz um reparo na própria fala e pe<strong>de</strong> ajuda a<br />

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