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Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr

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ealidade, a presença <strong>do</strong> <strong>ecletismo</strong> <strong>no</strong> pensamento educacional de João Tole<strong>do</strong> cria<br />

obstáculos para a definição exata de sua filiação teórica.<br />

João Tole<strong>do</strong> utiliza, na formulação <strong>do</strong> seu pensamento, modelos cujas<br />

decorrências teóricas eram originalmente divergentes. Nota-se, com efeito, a articulação<br />

da importância da experiência e <strong>do</strong> contato direto com os fenôme<strong>no</strong>s como princípios<br />

essenciais da aprendizagem, fundamenta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> manual america<strong>no</strong> Primeiras Lições de<br />

Coisas, de Norman Allison Calkins (1822-1895); e, ao mesmo tempo, a aceitação das<br />

idéias de que as diferenças humanas são inatas e transmissíveis hereditariamente, com<br />

base na produção teórico <strong>do</strong> psicólogo francês Théodule Ribot (1839-1916). João<br />

Tole<strong>do</strong> reproduz, assim, fenôme<strong>no</strong> aponta<strong>do</strong> por Schwarcz (1995) em sua análise <strong>do</strong><br />

evolucionismo social: o <strong>ecletismo</strong>. “Buscavam-se, portanto, em teorias formalmente<br />

excludentes, usos e decorrências inusita<strong>do</strong>s e paralelos, transforman<strong>do</strong> modelos de<br />

difícil aceitação local em teorias de sucesso” (SCHWARCZ, 1995, p. 18).<br />

12<br />

A experiencia é a melhor das mestras; os mo<strong>do</strong>s de acquisição de cada<br />

uma, precisos e invariaveis, ajustam a mente á acção, associan<strong>do</strong> de<br />

tal fórma a idéa, o sentimento e a vontade ás attitudes<br />

correspondentes, que alma e conducta se confundem sempre, onde ella<br />

se realizou a preceito. Só de um mo<strong>do</strong>, uma mesma experiência é<br />

directamente adquirida. Pelos ouvi<strong>do</strong>s não penetram as côres e as<br />

fórmas <strong>do</strong>s objectos. Palpan<strong>do</strong> e ven<strong>do</strong> um pêcego, uma rosa, uma<br />

luneta, as linhas de seus contor<strong>no</strong>s, os tons reaes de sua coloração,<br />

impressionam os centros cerebraes respectivos, onde as imagens, que<br />

essas cousas projectam, exactas e fieis, têm seu verdadeiro registro.<br />

Assim se realizam experiências. Descrever um pêcego a quem não o<br />

conhece, contan<strong>do</strong>-lhe a côr que tem, a fórma, o avelluda<strong>do</strong> da pelle, o<br />

cheiro, o sabor, é dar-lhe palavras em vez de imagens, palavras que<br />

não espelham seus attributos e que, por isso, não o fazem conheci<strong>do</strong>.<br />

Tal processo não implica experiencias, que só a criança realiza ven<strong>do</strong><br />

o que pode ser visto, ouvin<strong>do</strong>, palpan<strong>do</strong>, cheiran<strong>do</strong>, saborean<strong>do</strong> o que<br />

pode ser ouvi<strong>do</strong>, palpa<strong>do</strong>, cheira<strong>do</strong> ou prova<strong>do</strong>. Fora destes meios de<br />

penetração, as <strong>no</strong>ções falseiam as vias naturaes e perdem a nitidez e a<br />

certeza que as fazem valiosas (TOLEDO,1932, p. 209).<br />

João Tole<strong>do</strong> cita os Pareceres de Ruy Barbosa como baliza<strong>do</strong>r de suas<br />

idéias educacionais e recomenda o uso das Lições de Coisas <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> de geografia.<br />

E´ evidente que estas cousas não podem ser entendidas por crianças,<br />

pois ellas não apparecem aos poucos, aqui e ali, em momento<br />

oportu<strong>no</strong>, para completar uma <strong>no</strong>ção, quan<strong>do</strong> o espírito está<br />

prepara<strong>do</strong> para recebê-las; vêm logo de cambulhada e supetão, todas<br />

de uma só vez, como propedêutica para estu<strong>do</strong> ulterior. Ruy Barbosa,<br />

<strong>no</strong> célebre Parecer, cujas luzes tantas vezes temos busca<strong>do</strong>, rebella-se

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